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OBSERVATÓRIO CONTRA A FRAUDE
Fraude na Saúde
A Fraude na Saúde é um tema que
muito tem vindo à discussão na
praça pública nos últimos tempos,
sempre foi tema mas hoje através
dos inúmeros estudos e quantifi-
cações apresentados assumiu uma
maior base sustentada de discussão.
Assim sendo, ainda este mês soube-
mos que no Serviço Nacional de Sa-
úde (SNS), através da Unidade de
Exploração de Informação (UEI), a
equipa ao Serviço do Ministério da
Saúde especializada na deteção de
atos fraudulentos nos últimos 4 anos
procedeu ao envio de 573 processos
para investigação, envolvendo 432
médicos, 189 prestadores de servi-
ços e seis utentes, estimando que o
Estado em igual período tenha sido
lesado em 943 milhões de euros.
Dos casos detetados destacam-se o
roubo de receitas e de vinhetas mé-
dicas, a prescrição abusiva de me-
dicamentos com níveis elevados de
comparticipação do Estado e a fal-
sificação de receitas sem conheci-
mento dos médicos, para compra de
medicamentos em várias farmácias
de uma determinada região. Dest-
acam-se ainda as vendas fictícias
de medicamentos (a prescrição pelo
médico em nome de vários utentes
com registo da dispensa dos medi-
camentos nas farmácias, sem que a
venda tenha sido feita de facto aos
doentes) e uma grande percentagem
de receitas, emitidas por um só mé-
dico, dispensadas numa farmácia
muito mais distante do que as exis-
tentes perto do consultório desse
Filipe Pontes
clínico.
Para além desta unidade, existe o
centro de controlo e monitorização
do SNS (ex-centro de conferência
de faturas) a funcionar desde 2010.
Aqui cerca de uma centena de fun-
cionários já viram passar 536 mi-
lhões de documentos em seis anos.
Sendo que a totalidade das faturas
conferidas somam 10,7 mil milhões
de euros. Esta base de dados resul-
tante da conferência de faturas em
cinco áreas (receitas médicas, meios
complementares de diagnóstico e
terapêutico e serviços de diálise, de
cuidados respiratórios domiciliários
e de cuidados continuados inte-
grados), é sem dúvidas a principal
ferramenta ao dispor da UEI para o
combate à fraude. Permitindo nos
últimos 4 anos a poupança de 172,8
milhões de Euros para o Estados:
111,9 resultantes de irregularidades
descobertas em faturas de medica-
mentos e 60,9 milhões nas restantes
quatro áreas. As principais falhas
são a falta de assinatura do médico,
do utente e do farmacêutico e erros
de cálculo do valor da compartici-
pação dos medicamentos pelas far-
mácias.
Neste histórico de processo destaca-
se, pela notoriedade atingida, o pro-
cesso “remédio Santo” em que 16
dos 18 arguidos foram condenados.
Esperando-se deste processo e de
outros idênticos o efeito dissuasor
da velha máxima que o crime com-
pensa e que de uma vez por todas se
criminalize as fraudes, responsabili-
zando os seus autores e melhorando
os controlos.
Publicado no Jornal i Online no dia
27/07/2016
A equipa ao Serviço do Ministério da Saúde especializada na deteção de atos fraudu-
lentos nos últimos 4 anos procedeu ao envio de 573 processos para investigação,
envolvendo 432 médicos, 189 prestadores de serviços e seis utentes, estimando que o
Estado em igual período tenha sido lesado em 943 milhões de euros

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  • 1. OBSERVATÓRIO CONTRA A FRAUDE Fraude na Saúde A Fraude na Saúde é um tema que muito tem vindo à discussão na praça pública nos últimos tempos, sempre foi tema mas hoje através dos inúmeros estudos e quantifi- cações apresentados assumiu uma maior base sustentada de discussão. Assim sendo, ainda este mês soube- mos que no Serviço Nacional de Sa- úde (SNS), através da Unidade de Exploração de Informação (UEI), a equipa ao Serviço do Ministério da Saúde especializada na deteção de atos fraudulentos nos últimos 4 anos procedeu ao envio de 573 processos para investigação, envolvendo 432 médicos, 189 prestadores de servi- ços e seis utentes, estimando que o Estado em igual período tenha sido lesado em 943 milhões de euros. Dos casos detetados destacam-se o roubo de receitas e de vinhetas mé- dicas, a prescrição abusiva de me- dicamentos com níveis elevados de comparticipação do Estado e a fal- sificação de receitas sem conheci- mento dos médicos, para compra de medicamentos em várias farmácias de uma determinada região. Dest- acam-se ainda as vendas fictícias de medicamentos (a prescrição pelo médico em nome de vários utentes com registo da dispensa dos medi- camentos nas farmácias, sem que a venda tenha sido feita de facto aos doentes) e uma grande percentagem de receitas, emitidas por um só mé- dico, dispensadas numa farmácia muito mais distante do que as exis- tentes perto do consultório desse Filipe Pontes clínico. Para além desta unidade, existe o centro de controlo e monitorização do SNS (ex-centro de conferência de faturas) a funcionar desde 2010. Aqui cerca de uma centena de fun- cionários já viram passar 536 mi- lhões de documentos em seis anos. Sendo que a totalidade das faturas conferidas somam 10,7 mil milhões de euros. Esta base de dados resul- tante da conferência de faturas em cinco áreas (receitas médicas, meios complementares de diagnóstico e terapêutico e serviços de diálise, de cuidados respiratórios domiciliários e de cuidados continuados inte- grados), é sem dúvidas a principal ferramenta ao dispor da UEI para o combate à fraude. Permitindo nos últimos 4 anos a poupança de 172,8 milhões de Euros para o Estados: 111,9 resultantes de irregularidades descobertas em faturas de medica- mentos e 60,9 milhões nas restantes quatro áreas. As principais falhas são a falta de assinatura do médico, do utente e do farmacêutico e erros de cálculo do valor da compartici- pação dos medicamentos pelas far- mácias. Neste histórico de processo destaca- se, pela notoriedade atingida, o pro- cesso “remédio Santo” em que 16 dos 18 arguidos foram condenados. Esperando-se deste processo e de outros idênticos o efeito dissuasor da velha máxima que o crime com- pensa e que de uma vez por todas se criminalize as fraudes, responsabili- zando os seus autores e melhorando os controlos. Publicado no Jornal i Online no dia 27/07/2016 A equipa ao Serviço do Ministério da Saúde especializada na deteção de atos fraudu- lentos nos últimos 4 anos procedeu ao envio de 573 processos para investigação, envolvendo 432 médicos, 189 prestadores de serviços e seis utentes, estimando que o Estado em igual período tenha sido lesado em 943 milhões de euros