Brasil aprova dois novos medicamentos, telaprevir e boceprevir, para tratamento da hepatite C. Estes medicamentos aumentam a taxa de cura para 75-88% e estão disponíveis na Europa e EUA. Eles serão disponibilizados no Brasil em 2012 pelo SUS, mas requerem uso conjunto com medicamentos antigos que causam mais efeitos colaterais. Um terceiro medicamento, alispolivir, mostra resultados promissores contra três principais genótipos do vírus.
Brasil aprova novos remédios antivirais para tratar hepatite
1. Saúde na mídia Brasília, 06 de novembro de 2011
Folha de S. Paulo/BR
Ministério da Saúde | Órgãos Vinculados | Anvisa
Brasil aprova novos remédios antivirais para tratar
hepatite
SAÚDE
Alessandro Shinoda/Folhapress
Drogas vão aumentar a chance de cura para por-
tadores do tipo C da doença, que atinge 3 milhões
de brasileiros
Medicamentos são mais eficientes, mas são usa-
dos com as drogas antigas, causando mais efeitos
colaterais
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO
O médico Roberto Focaccia com Dante Caddeo e Josefa de Sousa, curados
da hepatite A entrada no Brasil de duas novas drogas contra a he-
patite C -doença sem vacina e cujos tratamentos
atuais são de baixo sucesso- pode representar uma
mudança na vida das 3 milhões de pessoas infectadas
no país.
Já usados na Europa e nos EUA, o telaprevir e o bo-
ceprevir foram aprovados pela Anvisa (Agência Na-
cional de Vigilância Sanitária). O telaprevir, mais
recente, recebeu o aval da agência neste mês, e o bo-
ceprevir, em julho.
A expectativa é que as drogas estejam disponíveis na
rede pública em 2012.
A terapia usada hoje, a combinação das substâncias
interferon e ribavirina, alcança uma média de cura de
50%. Entre os contaminados com o genótipo 1 do ví-
rus, o mais presente no Brasil e também mais re-
sistente, a expectativa de cura cai para 40%.
Os novos medicamentos são chamados de inibidores
de protease. Eles impedem a replicação do vírus.
FIM DA RECAÍDA
Com as drogas, a taxa de cura sobe para 75% em pa-
cientes não tratados e 88% nos que tiveram recaídas
Saúde na mídia pg.1
2. Saúde na mídia Brasília, 06 de novembro de 2011
Folha de S. Paulo/BR
Ministério da Saúde | Órgãos Vinculados | Anvisa
Continuação: Brasil aprova novos remédios antivirais para tratar hepatite
irritabilidade.
"A adição de um novo medicamento traz mais efeitos
colaterais, mas eles são contornáveis. Não se deve
achar que a cura é pior do que a doença", diz Roberto
Focaccia, infectologista responsável pelo estudo no
Emílio Ribas.
Segundo ele, estamos diante de uma "revolução" no
tratamento da hepatite C. "Daqui a dez anos, já te-
remos 100% de cura."
Para o presidente da Sociedade Brasileira de He-
após a terapia tradicional.
patologia, Raymundo Paraná, a situação está longe
do ideal.
O empresário Dante Caddeo, 57, faz parte do grupo
de beneficiados. Desde 1998, quando recebeu o diag-
"Não estamos diante de uma revolução, pois ainda
nóstico de hepatite C, enfrentou vários ciclos de tra-
não poderemos prescindir do interferon e da ri-
tamento. A infecção sempre voltava.
bavirina com seus efeitos adversos."
As recaídas só pararam depois que ele participou de
Um terceiro remédio tem tido resultados pro-
uma pesquisa sobre o novo tratamento, feito pelo Ins-
missores. Aprovado nos EUA, o alispolivir tem uma
tituto de Infectologia Emílio Ribas em parceria com a
vantagem importante sobre as drogas que vão entrar
FDA (agência americana que regula medicamentos).
no mercado brasileiro: funciona contra o três prin-
cipais genótipos do vírus da hepatite C, não só contra
"Levo uma vida normal. Estou curado", diz o em-
o tipo 1. O remédio aguarda liberação da Anvisa para
presário. Embora Caddeo afirme que quase não sen-
ser testado no Brasil.
tiu efeitos colaterais durante o tratamento, que durou
um ano, seu caso é uma exceção.
A dona de casa Josefa Pereira da Silva, 61, que tam-
bém participou do estudo, conta que sofreu muitos in-
convenientes. "Sentia muitas dores. Em alguns dias,
não dava para levantar da cama."
COQUETEL
O medicamento usado na pesquisa, o telaprevir, é mi-
nistrado em conjunto com a terapia convencional (in-
terferon e ribavirina).
A literatura médica mostra que essa dupla causa cen-
tenas de efeitos colaterais, como febre, dor de ca-
beça, depressão, tosse, cansaço, convulsão e
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