Este documento discute a gravidez na adolescência. Resume que a gravidez pode interromper o processo de desenvolvimento próprio da adolescência, fazendo com que assumam responsabilidades de adultas antes da hora. Além disso, a utilização de métodos contraceptivos não é eficaz na adolescência devido a fatores psicológicos inerentes a essa fase. O documento também analisa que as adolescentes grávidas tendem a ter piores indicadores sociais e de saúde.
2. O que é ?
A gravidez na adolescência , como o
próprio termo já define, consiste na
gravidez de uma mulher que esteja na
adolescência. Apesar de que a
Organização Mundial de Saúde
considere a adolescência como o período
de dez a vinte anos na vida de um
indivíduo, cada país especifica a idade em
que seus cidadãos passam a ser
considerados adultos (a chamada
maioridade legal) ainda podendo ser
influenciado localmente por factores
culturais.
3. A Adolescência
A adolescência caracteriza-se por ser um período
de descoberta do mundo, dos grupos de amigos,
de uma vida social mais ampla. Assim, a gravidez
pode vir a interromper, na adolescente, esse
processo de desenvolvimento próprio da idade,
fazendo-a assumir responsabilidades e papéis de
adulta antes da hora.
O prejuízo é duplo: nem adolescente plena, nem
adulta inteiramente capaz. A adolescência é
também uma fase em que a personalidade da
jovem está se formando e, por isso mesmo, é
naturalmente instável. Hoje, os meninos e
meninas entram na adolescência cada vez mais
cedo.
4. Factores Psicológicos e Contracepção
A utilização de métodos contraceptivos não
ocorre de modo eficaz na adolescência, e
isso está vinculado inclusive aos factores
psicológicos inerentes ao período pois a
adolescente nega a possibilidade de
engravidar e essa negação é tanto maior
quanto menor a faixa etária; o encontro
sexual é mantido de forma eventual, não
justificando, conforme acreditam, o uso
rotineiro da contracepção; não assumem
perante a família a sua sexualidade e a
posse do contraceptivo seria a prova formal
de vida sexual activa . A gravidez e o risco
de engravidar podem estar associados a uma
menor auto-estima, ao funcionamento intra
familiar inadequado ou à menor qualidade de
actividades do seu tempo livre.
5. A falta de apoio e afecto da família, em uma
adolescente cuja auto-estima é baixa, com
mau rendimento escolar, grande
permissividade familiar e disponibilidade
inadequada do seu tempo livre, poderiam
induzi-la a buscar na maternidade precoce o
meio para conseguir um afecto
incondicional, talvez uma família própria,
reafirmando assim o seu papel de mulher, ou
sentir-se ainda indispensável a alguém.
6. Discussão
A condição de vida das puérperas incluídas neste estrato,
composto por maternidades públicas, caracteriza esta
população como de baixa renda, baixa escolaridade e
pouca actividade remunerada exercida pelas mulheres.
Ao criar a variável "grupos maternos" foi possível
identificar que mães da mesma faixa etária, 20 a 34
anos, pertencentes a grupos sociais semelhantes, se
distinguem quanto ao estilo de vida e outros factores de
acordo com a experiência de terem sido ou não
gestantes na adolescência. Os achados deste trabalho
indicam que as puérperas de 20-34 anos com
experiência de gestação na adolescência apresentam os
piores indicadores de condições de vida. Camarano
(1998) encontrou em seu estudo que as baixas
condições de instrução e renda estão directamente
relacionadas com o maior risco de engravidar na
adolescência.
7. Em relação aos indicadores de estilo de vida, o
grupo de puérperas de 20-34 com experiência
de gestação na adolescência foi também o que
apresentou os piores resultados, com maior
prevalência de abortos anteriores, consumo de
cigarros e de drogas ilícitas na gestação,
confirmando a hipótese de se tratar de um
grupo mais vulnerável no que tange ao aspecto
do cuidado com sua própria saúde e do seu
bebé.
No estrato da pesquisa sob consideração, a
maioria das mulheres entrevistadas não
desejava ter engravidado, sendo a proporção
ainda maior nos grupos de adolescentes e de
20-34 que engravidou na adolescência.
Resultados concordantes foram encontrados
em estudos com gestantes adolescentes por
Monteiro .
8. Os resultados obtidos mostraram que além de
maior exposição a abortos, pior nível de
escolaridade e ausência de emprego remunerado,
as mulheres de 20-34 anos que foram gestantes na
adolescência apresentam maior percentual de
proles numerosas. Pode-se considerar que a
cobertura do pré-natal foi relativamente satisfatória
para o conjunto das puérperas, uma vez que
apenas 6% das mulheres não foram assistidas e
mais de 80% delas tiveram quatro ou mais
consultas.
Chama a atenção que no grupo de pior cobertura
do atendimento pré-natal (0-3 consultas), as
adolescentes se mostraram como o grupo de maior
sensibilidade em relação ao baixo peso ao nascer e
prematuridade, evidenciando um papel
diferenciado do pré-natal nestas mulheres. Esse
efeito desaparece quando cresce a frequência ao
pré-natal.
9. Índice
O que é? - Pag. 1
A Adolescência – Pag. 2
Factores psicológicos e contracepção – Pag.
3e4
Discussão – Pag. 5, 6 e 7