2. Mariza Corrêa é antropóloga, foi professora do Departamento de
Antropologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
•Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (1969) ,
•Defendeu a dissertação de mestrado em Ciências Sociais ("Os atos
e os autos: representações jurídicas de papéis sexuais") pela
Universidade Estadual de Campinas (1975).
•Tese de doutorado em Ciência Política ("As ilusões da liberdade - a
Escola Nina Rodrigues e a antropologia no Brasil") pela
Universidade de São Paulo (1982). Orientada por Ruth Cardoso.
•Entre 1996 e 1998 foi presidente da ABA (Associação Brasileira de
Antropologia).
•Atualmente é pesquisadora do Pagu/Núcleo de Estudos de Gênero
da UNICAMP, no qual coordena um Projeto Temático da FAPESP
sobre gênero e corporalidade.
•Integra o corpo docente da Área de Gênero no Programa de
Doutorado em Ciências Sociais da Unicamp. Bolsista do CNPq.
3. Antropologia e medicina legal
variações em torno de um mito
Mariza Corrêa.
A escola Raimundo Nina Rodriguez e constituição da medicina legal e da
antropologia no inicio do século 20 é o tema abordado pela autora
A ‘escola’ era uma espécie de mito de origem para os que se dedicaram a
institucionalização da Medicina Legal, quanto para os que vindo dela, se
dedicaram a constituir uma área definida pela sua pertinência a Antropologia.
IML: - Felix Pacheco e Afrânio Peixoto, no RJ
- Oscar Freire em SP
- Nina Rodriguez, na BA
Todos os discípulos da escola compartilhavam da convicção de que o
conhecimento do corpo humano e das determinações, que o sujeitavam era
fundamental para a compreensão das relações sociais.
A questão mais debatida no cenário intelectual brasileiro na década de 30 era a
chamada ‘questão racial’
4. Arthur Ramos x Gilberto Freyre
Num primeiro momento os debates se detiveram no
aspecto exterior do corpo humano ex. racismo e
machismo cientifico. E com a aplicação prática de novas
disciplinas como a Psicologia e a Eugenia esse debate
deslocou para o interior do corpo.
Nos dois momentos a Medicina Legal e a Antropologia
tiveram relações muito estreitas, pois elas estavam
concentradas em torno da noção de raça e em torno da
noção de cultura.
Os seres humanos antes considerados inferiores porque
tinham um cérebro algumas gramas mais leve do que o
cérebro do homem branco ocidental agora passaram a se
tornarem inferiores, pois tinham uma mentalidade pré-
lógica
5. Com a morte de Arthur Ramos em 1949 a Antropologia começaria a afastar-se da área de
influência da Medicina Legal
Antropologia – questão da identidade social.
Medicina Legal – questão da identificação.
O trabalho dos Médicos Legistas da escola nos atingem até hoje. Dois exemplos da atuação
dos Médicos Legistas podem ser citados:
- Identificação civil obrigatória
- Transformação de crianças em menores, criação de uma categoria, subproduto de sua
preocupação com a identificação.
6. Fatos Históricos:
· 1938: A identidade é obrigatória e imprescindível para qualquer prática
cotidiana.
· Identidade (RG): Controle legitimado dos cidadãos.
· Anos 1920: Tratados em prol da garantia dos Direitos da Criança →
restrição do acesso ao mundo de trabalho → formação de um contingente de
"crianças abandonadas".
A "pedagogia terapêutica" e a "medicina pedagógica":
· A transformação da “criança abandonada” em “futuros delinquentes”.
· Da criança ao menor: a formação de instituições de enquadramento/
formação de infratores
Consideração Final:
Ao deixarmos de lado o que pelo menos implicitamente consideramos ciências
menores (...) deixamos também de prestar atenção a toda uma área do saber
científico que tem acabado sempre por ter consequências muito concretas sobre a
vida cotidiana.” (CORRÊA, 1982)