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Leandro Zago
Básica 2 – Princípios Operacionais de Transição
1. Transitando ou Transicionando entre o Ataque e a Defesa ?
“Temos ainda que caminhar bastante no entendimento, na
sistematização dessas coisas, no sentido de perceber as suas
conexões e de entender o Jogo como um fluxo
contínuo.” (Júlio Garganta)
Pertencente ao grupo dos Jogos Desportivos Coletivos (JDC), o futebol tem na sua
essência quatro momentos que estão presentes em qualquer partida que seja
disputada e que independem do nível, local ou idade dos praticantes (desde níveis
de formação até jogadores profissionais) envolvidos: defesa, transição defesa -
ataque, ataque e transição ataque – defesa. A natureza complexa e não linear do
jogo não permite que seja prevista a ordem em que esses quatro momentos irão
ocorrer, fazendo com que cada partida possua uma linha de progressão única que
vai se desenhando de acordo com as respostas coletivas das equipes e individuais
dos jogadores aos estímulos do jogo. Essa afirmação vem ao encontro do que
escreveu o professor Vítor Frade (2002), “não há nada mais construído que o jogar.
O jogar não é um fenômeno natural, mas construído”.
Ou seja, se o jogo vai sendo construído, e os dois momentos de transição são
inerentes a ele, temos a possibilidade de preparar nossa equipe durante o processo
de treinamento para realizá-las da forma como considerarmos mais adequado. Para
Amieiro (2005) “treinar é fabricar o jogar que se pretende”. Fica também
caracterizado que independente do nível de organização e se há realmente uma
organização a transição ocorrerá de forma mais ou menos elaborada.
Leandro Zago
2. Princípios Operacionais de Transição Defensiva
No momento da perda da posse de bola, a equipe já deve apresentar respostas
individuais e coletivas que estejam conjecturadas com seu modelo de jogo
independentemente do que este propõe. A ação pode variar, mas este alinhamento
com o modelo é fundamental para o êxito ao longo do decorrer da partida. A
resposta que todos os jogadores irão apresentar podem ser diferentes, mas
também devem respeitar princípios comuns a todos.
Ainda antes de organizar-se defensivamente, a transição ataque-defesa já deve
apresentar características dessa defesa e agir de modo a potencializar os efeitos da
mesma (Organização Defensiva).
Figura 1 – Princípios Operacionais de Transição Ataque – Defesa
As opções apresentadas na figura 1 surgirão primeiramente em conseqüência dos
comportamentos adquiridos (treinos e jogos) ou como resposta da equipe à
situação do jogo que ela está confrontando (necessidade de uma compreensão boa
do jogo).
Leandro Zago
3. Princípios Operacionais de Transição Ofensiva
Esses Princípios serão as referências que guiarão a equipe quando esta recupera a
posse de bola. Assim como os Princípios de Transição Defensiva, devem manter
relação indivisível com o modelo de jogo para que sua eficácia não seja
comprometida.
Figura 2 – Princípios Operacionais de Transição Defesa - Ataque
É importante que os dois momentos (1º e 2º momentos da figura acima)
mantenham uma relação também entre si, pois podem aumentar a chance de êxito
da equipe no jogo. Além disso, devem contribuir com a Organização Ofensiva
proporcionando ações em direção à ela, e nunca em contraposição.
Ressalta-se que mesmo com ações diferentes, os jogadores da mesma equipe
devem estar balizados pelos Princípios da equipe que regem a Transição Ofensiva
para que consigam cumprir a tarefa de forma coletiva.
Leandro Zago
4. Organizando os Princípios Operacionais de Transição
E para se treinar as transições defensivas e ofensivas são necessários princípios de
jogo bem estabelecidos. Quando recupera a bola, a equipe deve saber se é o
momento de contra atacar, tirar simplesmente a bola da zona de pressão ou
alternar entre ambos de acordo com o comportamento do adversário. Ao perder a
bola, deve-se definir referências para pressionar o portador da bola rapidamente,
reorganizar-se em linhas mais recuadas ou coordenar as duas respostas numa
análise rápida da situação que o jogo está propondo.
Essa coordenação tem que estar muito bem construída, porque a transição tem
como uma de suas características um pequeno tempo para a sua ocorrência não
permitindo na maioria das vezes que as dúvidas sejam solucionadas em tempo
hábil (veremos a variável tempo mais à frente) de resolver o problema.
Essa construção passa pela vivência em treino desses princípios desde os mais
básicos até os mais elaborados até que se atinjam modelos hierarquizados para
apresentar tais respostas dentro do jogo.
5. Os Princípios de Transição e a variável Tempo
Treinadores portugueses como José Mourinho e Jesualdo Ferreira concebem os
momentos de transição como fundamentais dentro do jogo de futebol. Jesualdo
considera que “as equipas terríveis (utiliza terrível para caracterizar equipes difíceis
de se enfrentar) são aquelas que diminuem o tempo entre o ganhar a bola e atacar
e entre o perder a bola e defender”. Vítor Frade (2002) afirma que para uma equipe
atacar com muitos jogadores sem tornar-se desequilibrada deve “dar particular
atenção aos timings de transição”. Nota-se nas falas de Jesualdo e Vítor Frade uma
preocupação com o tempo no sentido de duração do momento transitório. Assim,
na tarefa transição, observa-se o como fazer nos princípios anteriormente citados e
Leandro Zago
o quando fazer (entre o atacar e o defender e vice-versa) da forma mais rápida (e
para isso faz-se necessário coordenação coletiva) possível.
Construir uma forma de jogar que seja condizente com as necessidades de se
ganhar um jogo atuando de uma forma atrativa – porque para ser eficiente uma
equipe não precisa abrir mão de jogar bonito, muito pelo contrário – passa pela
sistematização de um processo de treinamento que contemple os quatro momentos
do jogo de forma integrada. O modelo de jogo adotado deve racionalizar que as
zonas em que busco recuperar a bola com maior freqüência devem estar
relacionadas com o tipo de organização ofensiva que pretendo utilizar e que a
forma como se realizam as transições defensivas e ofensivas permitem o melhor ou
pior funcionamento desse sistema integrado de ações que se sucedem sem uma
ordem definida. Por não possuir um comportamento linear, o jogador deve ser
capaz de interpretar os acontecimentos do jogo e aplicar uma resposta que esteja
baseada nos mesmos referenciais que o restante da sua equipe e isso só
acontecerá se durante o processo de treinamento os exercícios pelo grupo
vivenciados potencializarem esse sentido coletivo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Amieiro, N. (2005) Defesa à Zona no Futebol: Um pretexto para refletir sobre o
jogar ... bem, ganhando! Edição do Autor. 2005.
Frade, V. (2002) Apontamentos das aulas de Metodologia Aplicada II, Opção de
Futebol. FCDEF-UP. Porto. Não publicado.
Leitão, R. A. A. (2009) Futebol: um jogo também de ocupação de espaço.
Universidade do Futebol.
Zago, L. C. (2008) O Sistema de transições no futebol. Universidade do Futebol.
Leandro Zago
Leitão, R. A. A. (2008) Mourinho e as transições ofensivas. Universidade do
Futebol.

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Princípios Operacionais de Transição

  • 1. Leandro Zago Básica 2 – Princípios Operacionais de Transição 1. Transitando ou Transicionando entre o Ataque e a Defesa ? “Temos ainda que caminhar bastante no entendimento, na sistematização dessas coisas, no sentido de perceber as suas conexões e de entender o Jogo como um fluxo contínuo.” (Júlio Garganta) Pertencente ao grupo dos Jogos Desportivos Coletivos (JDC), o futebol tem na sua essência quatro momentos que estão presentes em qualquer partida que seja disputada e que independem do nível, local ou idade dos praticantes (desde níveis de formação até jogadores profissionais) envolvidos: defesa, transição defesa - ataque, ataque e transição ataque – defesa. A natureza complexa e não linear do jogo não permite que seja prevista a ordem em que esses quatro momentos irão ocorrer, fazendo com que cada partida possua uma linha de progressão única que vai se desenhando de acordo com as respostas coletivas das equipes e individuais dos jogadores aos estímulos do jogo. Essa afirmação vem ao encontro do que escreveu o professor Vítor Frade (2002), “não há nada mais construído que o jogar. O jogar não é um fenômeno natural, mas construído”. Ou seja, se o jogo vai sendo construído, e os dois momentos de transição são inerentes a ele, temos a possibilidade de preparar nossa equipe durante o processo de treinamento para realizá-las da forma como considerarmos mais adequado. Para Amieiro (2005) “treinar é fabricar o jogar que se pretende”. Fica também caracterizado que independente do nível de organização e se há realmente uma organização a transição ocorrerá de forma mais ou menos elaborada.
  • 2. Leandro Zago 2. Princípios Operacionais de Transição Defensiva No momento da perda da posse de bola, a equipe já deve apresentar respostas individuais e coletivas que estejam conjecturadas com seu modelo de jogo independentemente do que este propõe. A ação pode variar, mas este alinhamento com o modelo é fundamental para o êxito ao longo do decorrer da partida. A resposta que todos os jogadores irão apresentar podem ser diferentes, mas também devem respeitar princípios comuns a todos. Ainda antes de organizar-se defensivamente, a transição ataque-defesa já deve apresentar características dessa defesa e agir de modo a potencializar os efeitos da mesma (Organização Defensiva). Figura 1 – Princípios Operacionais de Transição Ataque – Defesa As opções apresentadas na figura 1 surgirão primeiramente em conseqüência dos comportamentos adquiridos (treinos e jogos) ou como resposta da equipe à situação do jogo que ela está confrontando (necessidade de uma compreensão boa do jogo).
  • 3. Leandro Zago 3. Princípios Operacionais de Transição Ofensiva Esses Princípios serão as referências que guiarão a equipe quando esta recupera a posse de bola. Assim como os Princípios de Transição Defensiva, devem manter relação indivisível com o modelo de jogo para que sua eficácia não seja comprometida. Figura 2 – Princípios Operacionais de Transição Defesa - Ataque É importante que os dois momentos (1º e 2º momentos da figura acima) mantenham uma relação também entre si, pois podem aumentar a chance de êxito da equipe no jogo. Além disso, devem contribuir com a Organização Ofensiva proporcionando ações em direção à ela, e nunca em contraposição. Ressalta-se que mesmo com ações diferentes, os jogadores da mesma equipe devem estar balizados pelos Princípios da equipe que regem a Transição Ofensiva para que consigam cumprir a tarefa de forma coletiva.
  • 4. Leandro Zago 4. Organizando os Princípios Operacionais de Transição E para se treinar as transições defensivas e ofensivas são necessários princípios de jogo bem estabelecidos. Quando recupera a bola, a equipe deve saber se é o momento de contra atacar, tirar simplesmente a bola da zona de pressão ou alternar entre ambos de acordo com o comportamento do adversário. Ao perder a bola, deve-se definir referências para pressionar o portador da bola rapidamente, reorganizar-se em linhas mais recuadas ou coordenar as duas respostas numa análise rápida da situação que o jogo está propondo. Essa coordenação tem que estar muito bem construída, porque a transição tem como uma de suas características um pequeno tempo para a sua ocorrência não permitindo na maioria das vezes que as dúvidas sejam solucionadas em tempo hábil (veremos a variável tempo mais à frente) de resolver o problema. Essa construção passa pela vivência em treino desses princípios desde os mais básicos até os mais elaborados até que se atinjam modelos hierarquizados para apresentar tais respostas dentro do jogo. 5. Os Princípios de Transição e a variável Tempo Treinadores portugueses como José Mourinho e Jesualdo Ferreira concebem os momentos de transição como fundamentais dentro do jogo de futebol. Jesualdo considera que “as equipas terríveis (utiliza terrível para caracterizar equipes difíceis de se enfrentar) são aquelas que diminuem o tempo entre o ganhar a bola e atacar e entre o perder a bola e defender”. Vítor Frade (2002) afirma que para uma equipe atacar com muitos jogadores sem tornar-se desequilibrada deve “dar particular atenção aos timings de transição”. Nota-se nas falas de Jesualdo e Vítor Frade uma preocupação com o tempo no sentido de duração do momento transitório. Assim, na tarefa transição, observa-se o como fazer nos princípios anteriormente citados e
  • 5. Leandro Zago o quando fazer (entre o atacar e o defender e vice-versa) da forma mais rápida (e para isso faz-se necessário coordenação coletiva) possível. Construir uma forma de jogar que seja condizente com as necessidades de se ganhar um jogo atuando de uma forma atrativa – porque para ser eficiente uma equipe não precisa abrir mão de jogar bonito, muito pelo contrário – passa pela sistematização de um processo de treinamento que contemple os quatro momentos do jogo de forma integrada. O modelo de jogo adotado deve racionalizar que as zonas em que busco recuperar a bola com maior freqüência devem estar relacionadas com o tipo de organização ofensiva que pretendo utilizar e que a forma como se realizam as transições defensivas e ofensivas permitem o melhor ou pior funcionamento desse sistema integrado de ações que se sucedem sem uma ordem definida. Por não possuir um comportamento linear, o jogador deve ser capaz de interpretar os acontecimentos do jogo e aplicar uma resposta que esteja baseada nos mesmos referenciais que o restante da sua equipe e isso só acontecerá se durante o processo de treinamento os exercícios pelo grupo vivenciados potencializarem esse sentido coletivo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Amieiro, N. (2005) Defesa à Zona no Futebol: Um pretexto para refletir sobre o jogar ... bem, ganhando! Edição do Autor. 2005. Frade, V. (2002) Apontamentos das aulas de Metodologia Aplicada II, Opção de Futebol. FCDEF-UP. Porto. Não publicado. Leitão, R. A. A. (2009) Futebol: um jogo também de ocupação de espaço. Universidade do Futebol. Zago, L. C. (2008) O Sistema de transições no futebol. Universidade do Futebol.
  • 6. Leandro Zago Leitão, R. A. A. (2008) Mourinho e as transições ofensivas. Universidade do Futebol.