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Ventilação
Mecânica
Dos fundamentos à prática
Yuri Assis – Médico Intensivista HSD
1000 Anos de História
• ‘The lungs are the center of the
universe and the seat of the soul’ -
Unknown philosopher - Kotur :
Editorial : Mech. Vent. Past, Present And
Future
• Egípcios, gregos, chineses – todos
tinham suas teorias sobre a
respiração
1000 Anos de História
• Bíblia, Reis 4:34-35 – o Profeta Eliseu
“Depois, deitou-se sobre o corpo do menino,
pondo a boca na dele, encostando os olhos
mesmo aos dele e colando as mãos às da
criança. O corpo da criança começou a
aquecer de novo. Então desceu, e andou
pela casa, de um lado para o outro, algum
tempo; tornando a subir, estendeu-se
novamente sobre a criança. Desta vez ela
espirrou sete vezes e abriu os olhos.”
Ventilação boca a boca
1000 Anos de História
• Hipócrates (460-375 AC) – Tratado do Ar
“Pode-se introduzir uma cânula na traqueia
através da mandíbula para que o ar seja
levado aos pulmões.”
Primeira referencia a intubação traqueal
• Galeno (130-217 DC) – “Com a perfuração
da pleura todo o processo da respiração é
destruído”
Anatomia torácica, disseção e vivissecção
1000 Anos de História
• Vesalius (1514-1564) – descobriu uma
maneira efetiva de manter um animal
experimental vivo com tórax aberto –
“uma abertura na traqueia deve ser feita,
onde um tubo de junco ou cana deve ser
posto; deve-se então soprar o ar. De fato,
com uma ventilação suave o pulmão irá
abrir completamente, e o coração exibirá
movimento. Fazendo isso em intervalos
regulares o coração não parará”
Traqueostomia e ventilação controlada
1000 Anos de História
• Johm Hunter (1728-1793) – tratamento de
afogados com “duas bolsas” através de
uma traqueostomia
Manejo de via aérea e ventilação com bolsa
valvulada
• Drager Pulmotor (1911) – equipamento de
ventilação usado por bombeiros e policiais
Ventilador artificial com fonte de oxigênio
1000 Anos de História
• 1800 a 1900 – ventilação com pressão
negativa – utilizando diversos sistemas
em volta do tórax ou todo o corpo para
simular a ventilação natural – com todos
os inconvenientes desta técnica...
• Dois modelos ficaram famosos:
 Pulmão de aço
 Cinta torácica – pacientes com doenças
neuromusculares crônicas chegaram a ser
ventilados assim por 30 anos!!!
1000 Anos de História
• Epidemia escandinava de poliomielite – 1952
– 2722 pacientes com pólio tratados, dos quais
315 demandavam ventilação mecânica:
 Muitos princípios da VMI foram
desenvolvidos, como uso de tubos com cuff,
desmame progressivo por redução de
assistência, etc
 Primeiros ventiladores de pressão positiva
com uso clínico foram desenvolvidos!
1000 Anos de História
• Forrest Bird (1921-2015) – piloto de caça e
médico americano, aplicou os princípios dos
ventiladores de voo em alta velocidade com
pressão positiva e criou o BIRD MARK 7
Ventilação Mecânica
Ventilação Mecânica
• Manutenção da oxigenação e da ventilação em
pacientes portadores de insuficiência
respiratória aguda, de maneira artificial até
que seja possível autonomia ventilatória
• Ventilação mecânica (VM) ou suporte
ventilatório, é um método de suporte para o
tratamento de pacientes com insuficiência
respiratória aguda ou crônica agudizada
• A IRPA é a principal causa de internação em
UTI, e as causas mais frequentes são
pneumonia, ICC, DPOC, SDRA, coma ou
doenças neuromusculares
Objetivos
• Reduzir o trabalho da musculatura
respiratória
• Reverter ou evitar a fadiga da musculatura
respiratória
• Diminuir o consumo de oxigênio e reduzir o
desconforto respiratório
• Manutenção das trocas gasosas – correção da
hipoxemia e da acidose respiratória associada
à hipercapnia
• Permitir a aplicação de terapêuticas
específicas
Indicações
• Na insuficiência respiratória aguda ou crônica
agudizada para:
 Melhora das trocas gasosas
 Redução do trabalho respiratório
• Pode ser utilizada de forma não-invasiva
(máscara facial) ou invasiva (tubo
endotraqueal ou cânula de traqueostomia)
• Incapacidade de ventilar espontaneamente
definida por:
 Volume minuto < 4 lpm
 PaCO2 > 50 mmHg ou PaO2 < 60 mmHg
 pH < 7,25
Espaço morto X Shunt
Fisiologia Ventilatória
• Frequência respiratória
• Volume corrente
• Capacidade vital, capacidade vital funcional
• Volume minuto
• Pressão inspiratória – pico x platô
• PEEP
• Tempo inspiratório e tempo expiratório
• Complacência (estática e dinâmica), resistência e
elastância pulmonar
• Sensibilidade
• Fração inspirada de O2
Lei de
Poiseuille
Modos Ventilatórios
Convencionais
•VCV – ventilação controlada
a volume
•PCV – ventilação controlada
a pressão
•PSV – ventilação por
pressão de suporte
Modos Ventilatórios
Convencionais
• VCV – assisto controlado limitado a volume
 Mantém volume minuto mais estável
 Pressões de pico e platô variáveis e
dependentes da mecânica pulmonar do
paciente
 Pode ser disparado a tempo, pressão e fluxo
e limita-se ao volume pré-determinado
 Demanda monitorização das pressões e
regulagem dos alarmes
 Permite o cálculo das pressões (Ppico, Pplat,
complacência pulmonar (Cdyn e Cstat) e
resistência das vias aéreas (Raw)
Modos Ventilatórios
Convencionais
• PCV – assisto controlado limitado a pressão
 Permite melhor controle das pressões (Ppico)
 Pressão limitada durante toda a fase
inspiratória
 Ciclado a tempo, fixado em segundos, fluxo
livre e desacelerado
 VC variável, depende do delta de pressão /
pressão diferencial (Pd) e da mecânica
ventilatória
 Monitorizar volume expirado e regular
alarme de volume minuto
 Pode-se modificar o fluxo inspiratório
(rampa) para ajustar melhor VC. Cuidado
com overshoot (pico de fluxo excessivo)
Modos Ventilatórios
Convencionais
• PSV – ventilação a pressão de suporte
 Modo assistido ou espontâneo
 Disparado exclusivamente pelo paciente –
pressão ou fluxo
 Pressão limitada durante toda a fase
inspiratória, ciclado quando o fluxo cai a
25% do pico de fluxo inspiratório. Este
critério de ciclagem (% do fluxo) pode ser
modificado para reduzir o tempo inspiratório
 O rise time (rampa) também pode ser
ajustado para reduzir o Tins e aumento do
VC
Modos Ventilatórios
Convencionais
• Observações:
 O uso de ventiladores ciclados a pressão pode
ser feito quando não houver outros disponíveis.
Pode ser disparado a pressão ou tempo, com
fluxo fixo, com VC não conhecido. Recomenda-
se nesse caso o uso de ventilômetro de Wright
para avaliar VC. Avaliar com gasometria após
20 min para checar PCO2 – BIRD MARK 7
 SIMV – modo sincronizado intermitente
mandatório. Associado a maior tempo de
ventilação mecânica.
A recomendação forte é NÃO
USAR SIMV
Regulagem Inicial do
Ventilador
• Parâmetros ajustáveis:
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 Volume corrente – VC
 Modo – assisto-controlado, assistida, volume,
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 Frequência respiratória – FR, e relação I:E
 Tipo de disparo – tempo, fluxo, estimulo neural
 Sensibilidade
 Pressão positiva ao final da expiração – PEEP
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volume (VCV) ou tempo (PCV)
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cmH2O, ajustar conforme a
patologia
FiO2: suficiente
para SpO2 entre
93 e 97%
Monitorização da VMI
• Monitorização da troca gasosa:
 Gasometria arterial: o mais rápido possível antes
de iniciar VMI para estabelecer raciocínio clínico.
Repetir após 20 min de VMI para reajustar os
parâmetros e diariamente enquanto durar a fase
aguda, e a cada mudança no quadro clínico
 Registrar na coleta FIO2, VC, FR, PEEP, SpO2 e
PETCO2 (se em capnografia), se em posição
prona, se recrutamento alveolar e modo
ventilatório
 Oximetria de pulso: utilizar em todo paciente que
recebe suplementação de O2, VMI, VNI e IRPA
 Capnografia: usar em pacientes neurológicos sob
VMI, para confirmação de posição de TOT e em
todas as situações de retenção de CO2
Monitorização da VMI
• Efeitos da PEEP
 Mecanismos de melhora da oxigenação:
  Capacidade residual funcional (CRF)
 Redistribuição da água intralveolar para o
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 Mecanismos de melhora da CRF:
 Distensão dos alvéolos normais
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 Recrutamento ou reabertura dos alvéolos
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• Monitorização da hemodinâmica
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 PVC
 Variação da pressão de pulso
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Complicações e Problemas
Associados a VMI
• Trauma – intubação, tempo de permanência
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VENTILAÇÃO MECÂNICA DOS FUNDAMENTOS A PRÁTICA

  • 1. Ventilação Mecânica Dos fundamentos à prática Yuri Assis – Médico Intensivista HSD
  • 2. 1000 Anos de História • ‘The lungs are the center of the universe and the seat of the soul’ - Unknown philosopher - Kotur : Editorial : Mech. Vent. Past, Present And Future • Egípcios, gregos, chineses – todos tinham suas teorias sobre a respiração
  • 3. 1000 Anos de História • Bíblia, Reis 4:34-35 – o Profeta Eliseu “Depois, deitou-se sobre o corpo do menino, pondo a boca na dele, encostando os olhos mesmo aos dele e colando as mãos às da criança. O corpo da criança começou a aquecer de novo. Então desceu, e andou pela casa, de um lado para o outro, algum tempo; tornando a subir, estendeu-se novamente sobre a criança. Desta vez ela espirrou sete vezes e abriu os olhos.” Ventilação boca a boca
  • 4. 1000 Anos de História • Hipócrates (460-375 AC) – Tratado do Ar “Pode-se introduzir uma cânula na traqueia através da mandíbula para que o ar seja levado aos pulmões.” Primeira referencia a intubação traqueal • Galeno (130-217 DC) – “Com a perfuração da pleura todo o processo da respiração é destruído” Anatomia torácica, disseção e vivissecção
  • 5.
  • 6. 1000 Anos de História • Vesalius (1514-1564) – descobriu uma maneira efetiva de manter um animal experimental vivo com tórax aberto – “uma abertura na traqueia deve ser feita, onde um tubo de junco ou cana deve ser posto; deve-se então soprar o ar. De fato, com uma ventilação suave o pulmão irá abrir completamente, e o coração exibirá movimento. Fazendo isso em intervalos regulares o coração não parará” Traqueostomia e ventilação controlada
  • 7.
  • 8. 1000 Anos de História • Johm Hunter (1728-1793) – tratamento de afogados com “duas bolsas” através de uma traqueostomia Manejo de via aérea e ventilação com bolsa valvulada • Drager Pulmotor (1911) – equipamento de ventilação usado por bombeiros e policiais Ventilador artificial com fonte de oxigênio
  • 9.
  • 10.
  • 11. 1000 Anos de História • 1800 a 1900 – ventilação com pressão negativa – utilizando diversos sistemas em volta do tórax ou todo o corpo para simular a ventilação natural – com todos os inconvenientes desta técnica... • Dois modelos ficaram famosos:  Pulmão de aço  Cinta torácica – pacientes com doenças neuromusculares crônicas chegaram a ser ventilados assim por 30 anos!!!
  • 12.
  • 13.
  • 14. 1000 Anos de História • Epidemia escandinava de poliomielite – 1952 – 2722 pacientes com pólio tratados, dos quais 315 demandavam ventilação mecânica:  Muitos princípios da VMI foram desenvolvidos, como uso de tubos com cuff, desmame progressivo por redução de assistência, etc  Primeiros ventiladores de pressão positiva com uso clínico foram desenvolvidos!
  • 15.
  • 16. 1000 Anos de História • Forrest Bird (1921-2015) – piloto de caça e médico americano, aplicou os princípios dos ventiladores de voo em alta velocidade com pressão positiva e criou o BIRD MARK 7
  • 17.
  • 18.
  • 19.
  • 20.
  • 21.
  • 22.
  • 23.
  • 24.
  • 25.
  • 26.
  • 28. Ventilação Mecânica • Manutenção da oxigenação e da ventilação em pacientes portadores de insuficiência respiratória aguda, de maneira artificial até que seja possível autonomia ventilatória • Ventilação mecânica (VM) ou suporte ventilatório, é um método de suporte para o tratamento de pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada • A IRPA é a principal causa de internação em UTI, e as causas mais frequentes são pneumonia, ICC, DPOC, SDRA, coma ou doenças neuromusculares
  • 29. Objetivos • Reduzir o trabalho da musculatura respiratória • Reverter ou evitar a fadiga da musculatura respiratória • Diminuir o consumo de oxigênio e reduzir o desconforto respiratório • Manutenção das trocas gasosas – correção da hipoxemia e da acidose respiratória associada à hipercapnia • Permitir a aplicação de terapêuticas específicas
  • 30. Indicações • Na insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada para:  Melhora das trocas gasosas  Redução do trabalho respiratório • Pode ser utilizada de forma não-invasiva (máscara facial) ou invasiva (tubo endotraqueal ou cânula de traqueostomia) • Incapacidade de ventilar espontaneamente definida por:  Volume minuto < 4 lpm  PaCO2 > 50 mmHg ou PaO2 < 60 mmHg  pH < 7,25
  • 32. Fisiologia Ventilatória • Frequência respiratória • Volume corrente • Capacidade vital, capacidade vital funcional • Volume minuto • Pressão inspiratória – pico x platô • PEEP • Tempo inspiratório e tempo expiratório • Complacência (estática e dinâmica), resistência e elastância pulmonar • Sensibilidade • Fração inspirada de O2
  • 33.
  • 35.
  • 36.
  • 37. Modos Ventilatórios Convencionais •VCV – ventilação controlada a volume •PCV – ventilação controlada a pressão •PSV – ventilação por pressão de suporte
  • 38. Modos Ventilatórios Convencionais • VCV – assisto controlado limitado a volume  Mantém volume minuto mais estável  Pressões de pico e platô variáveis e dependentes da mecânica pulmonar do paciente  Pode ser disparado a tempo, pressão e fluxo e limita-se ao volume pré-determinado  Demanda monitorização das pressões e regulagem dos alarmes  Permite o cálculo das pressões (Ppico, Pplat, complacência pulmonar (Cdyn e Cstat) e resistência das vias aéreas (Raw)
  • 39.
  • 40. Modos Ventilatórios Convencionais • PCV – assisto controlado limitado a pressão  Permite melhor controle das pressões (Ppico)  Pressão limitada durante toda a fase inspiratória  Ciclado a tempo, fixado em segundos, fluxo livre e desacelerado  VC variável, depende do delta de pressão / pressão diferencial (Pd) e da mecânica ventilatória  Monitorizar volume expirado e regular alarme de volume minuto  Pode-se modificar o fluxo inspiratório (rampa) para ajustar melhor VC. Cuidado com overshoot (pico de fluxo excessivo)
  • 41.
  • 42. Modos Ventilatórios Convencionais • PSV – ventilação a pressão de suporte  Modo assistido ou espontâneo  Disparado exclusivamente pelo paciente – pressão ou fluxo  Pressão limitada durante toda a fase inspiratória, ciclado quando o fluxo cai a 25% do pico de fluxo inspiratório. Este critério de ciclagem (% do fluxo) pode ser modificado para reduzir o tempo inspiratório  O rise time (rampa) também pode ser ajustado para reduzir o Tins e aumento do VC
  • 43.
  • 44. Modos Ventilatórios Convencionais • Observações:  O uso de ventiladores ciclados a pressão pode ser feito quando não houver outros disponíveis. Pode ser disparado a pressão ou tempo, com fluxo fixo, com VC não conhecido. Recomenda- se nesse caso o uso de ventilômetro de Wright para avaliar VC. Avaliar com gasometria após 20 min para checar PCO2 – BIRD MARK 7  SIMV – modo sincronizado intermitente mandatório. Associado a maior tempo de ventilação mecânica. A recomendação forte é NÃO USAR SIMV
  • 45. Regulagem Inicial do Ventilador • Parâmetros ajustáveis:  Fração inspirada de O2 – FiO2  Volume corrente – VC  Modo – assisto-controlado, assistida, volume, pressão  Frequência respiratória – FR, e relação I:E  Tipo de disparo – tempo, fluxo, estimulo neural  Sensibilidade  Pressão positiva ao final da expiração – PEEP  Alarmes do aparelho  Fluxo
  • 46. Recomendaçõespara ajustedoventilador Modo assisto-controlado, ciclado a volume (VCV) ou tempo (PCV) Iniciar com PEEP 3 a 5 cmH2O, ajustar conforme a patologia FiO2: suficiente para SpO2 entre 93 e 97%
  • 47. Monitorização da VMI • Monitorização da troca gasosa:  Gasometria arterial: o mais rápido possível antes de iniciar VMI para estabelecer raciocínio clínico. Repetir após 20 min de VMI para reajustar os parâmetros e diariamente enquanto durar a fase aguda, e a cada mudança no quadro clínico  Registrar na coleta FIO2, VC, FR, PEEP, SpO2 e PETCO2 (se em capnografia), se em posição prona, se recrutamento alveolar e modo ventilatório  Oximetria de pulso: utilizar em todo paciente que recebe suplementação de O2, VMI, VNI e IRPA  Capnografia: usar em pacientes neurológicos sob VMI, para confirmação de posição de TOT e em todas as situações de retenção de CO2
  • 48. Monitorização da VMI • Efeitos da PEEP  Mecanismos de melhora da oxigenação:   Capacidade residual funcional (CRF)  Redistribuição da água intralveolar para o espaço intersticial  Melhora da complacência pulmonar  Redução do Shunt pulmonar  Mecanismos de melhora da CRF:  Distensão dos alvéolos normais  Prevenção do colapso alveolar  Recrutamento ou reabertura dos alvéolos colapsados
  • 49.
  • 50. Monitorização da VMI • Monitorização da hemodinâmica  Pressão arterial invasiva  PVC  Variação da pressão de pulso  Pletismografia da onda da oximetria de pulso
  • 51.
  • 52.
  • 53. Complicações e Problemas Associados a VMI • Trauma – intubação, tempo de permanência • Aspiração • Infecções – PAV, sinusites • Barotrauma e volutrauma • Assincronias – disparo, fluxo e ciclagem • Fome de ar • Auto PEEP • Vazamento e escape