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Para citar esse documento:
COSTA, Alexandra Martins. A dança grotesca de Terra Fértil: encruzilhadas com
estudos de gênero e feminismo. Anais do VI Congresso Nacional de Pesquisadores
em Dança. Salvador: ANDA, 2019. p. 329-836.
www.portalanda.org.br
829
A DANÇA GROTESCA DE TERRA FÉRTIL:
ENCRUZILHADAS COM ESTUDOS DE GÊNERO E FEMINISMO
Alexandra Martins Costa (UFBA) i
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo analisar a obra autoral Terra Fértil a
partir das reflexões dos Estudos em Dança Contemporânea e dos Estudos de
Gênero e Feminismo na medida que são campos do conhecimento que partilham de
processos políticos de criação. Na obra aproximo de um corpo que caminha com
quatro patas (pés e mãos no chão) e assim evoco uma corporalidade que está fora
dos padrões de humanidade. Acredita-se que a criação de conceitos nasce a partir
da dor do corpo e, portanto, trago o conceito de Grotesca como uma proposição
poética que denota um gesto decolonial na transformação de um “corpo-humano”
para “corpo-natureza”.
PALAVRAS-CHAVE: Terra Fértil. Estudos em Dança Contemporânea. Estudos de
Gênero e Feminismo
ABSTRACT: The objective of this article is to analyze the authorial work Terra Fértil
(Fertile Land) from the reflections of Studies in Contemporary Dance and of Gender
and Feminist Studies in so far that they are fields of knowledge that share political
processes of creation. In the work I approach a body that walks with four legs (feet
and hands on the ground) and thus I evoke a corporality that is outside the standards
of humanity. It is believed that the creation of concepts arises from the pain of the
body and therefore I bring the concept of Grotesca (Grotesque, in feminine) as a
poetic proposition that denotes a decolonial gesture in the transformation of a "body-
human" to "body-nature."
KEYWORDS: Fertile Land. Studies in Contemporary Dance. Gender and Feminist
Studies
Regras para leitura deste texto em espaços acadêmicos:
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2) imprima o texto e esteja com ele em mãos;
3) coloque velas brancas em cima da mesa, no chão ou de algum local que seja
confortável para você;
4) acenda a vela;
5) a cada termino de leitura do texto, queime a página no fogo das velas;
6) misture desejo com fúria;
7) inicie a leitura:
830
O presente artigo tem como objetivo articular as reflexões dos Estudos de
Gênero e Feminismo com Estudos em Dança e Performance para construção teórica
da obra autoral Terra Fértil. Utiliza-se esses campos do conhecimento por acreditar
que partilham de processos políticos de criação, cuja provocação me trazem
respostas às inquietações que levanto com a obra desde sua realização, em 2016.
Há um caráter espiritual na composição dessa obra sobre a vida, mas também sobre
a morte. Portanto, Terra Fértil é também uma obra sobre memórias e o (re)encontro
dessas memórias.
A possível interlocução com os diversos saberes me convoca a pensar que as
práticas artísticas sejam "maneiras de fazer" que intervêm na distribuição geral das
maneiras de fazer e nas suas relações com maneiras de ser e formas de visibilidade
(RANCIERE, 2009, p 16). Percebe-se que se trata de áreas cujos paradigmas
científicos tradicionais são colocados em xeque. Logo, a reflexão sobre o trabalho
necessitará do compartilhamento das outras áreas do conhecimento para melhor
compreensão de sua poética.
Esse atravessamento que possibilita diálogos com outros campos - inclusive
fora do acadêmico - é consequência de uma série de subversões que tem surgido
quando se questiona as formas tradicionais de se pensar e fazer Ciência. Tomo
como exemplo, a prática de uma Ciência Feminista que permite alargar as
831
dimensões de produção intelectual, possibilitando que uma escrita de si possa ser
possível de ter legitimidade no campo acadêmico.
A produção de uma Ciência Feminista é um fenômeno que vem acontecendo
desde metade do século XX, quando se inicia o questionamento sobre as premissas
de “verdade” calcadas no método científico tradicional, pois “chegou-se à conclusão
de que não há verdades absolutas a serem buscadas e o conhecimento passou a
ser visto como plural e contextual” (ROCHA-COUTINHO, 2006, p. 66), possibilitando
a construção de novas abordagens e que diversas vozes possam aparecer no
processo de elaboração do conhecimento. Assim como questionar a própria autoria,
desmistificando o mito da neutralidade e imparcialidade no fazer científico.
Sobre isso, a feminista Margareth Rago (1998), em seu texto Epistemologia
Feminista, Gênero e História, questiona sobre a existência de uma forma de
fazer/escrever a história das mulheres que não repita as mesmas formulações da
masculina. A autora busca como chegar numa memória especificamente feminina,
dentro da história desse grupo. Para ela, a epistemologia define o campo e a
maneira como esse conhecimento será digerido na produção intelectual, assim
como a forma como nos relacionamos com objeto do conhecimento e apresentamos
ele ao mundo. Não como fonte de verdade absoluta, mas operando a partir da
constituição de várias de pesquisadoras feministas na elaboração de um projeto
feminista de ciência.
Sobre as desestabilizações e as rupturas teóricas e práticas em curso, a
autora defende que:
O feminismo não apenas tem produzido uma crítica contundente ao modo
dominante de produção do conhecimento científico, como também propõe
um modo alternativo de operação e articulação nesta esfera. Além disso, se
consideramos que as mulheres trazem uma experiência histórica e cultural
diferenciada da masculina, ao menos até o presente, uma experiência que
várias já classificaram como das margens, da construção miúda, da gestão
do detalhe, que se expressa na busca de uma nova linguagem, ou na
produção de um contradiscurso, é inegável que uma profunda mutação
vem-se processando também na produção do conhecimento científico.
(RAGO, 1998, p 3).
Pode-se refletir que a possibilidade de uma escrita de si como metodologia
possível de análise e produção acadêmica é uma resistência necessária ao recente
832
aumento da onda conservadora1
que tem se alastrado nesses últimos anos nos
países latino-americanos, causando a perda de direitos e políticas públicas voltadas
para áreas sociais.
Nesse contexto, torna-se cada vez mais urgente falar dos rearranjos internos
que os movimentos feministas tem feito como respostas às formas tradicionais de
fazer política, seja na produção de conhecimento científico, seja na produção
artística.
Descolonizando o gesto a partir da Grotesca
O conceito de Grotesca surge como uma poética importante que me convida
a refletir proposições poéticas e políticas fora das normas de feminilidade que essa
obra pode trazer para a cena. Me coloco num local diferente daquele que
comumente querem que as mulheres estejam: dentro do padrão pré-estabelecido de
feminilidade. Busco a escuridão interna porque olhar para si também é um ato
político. São formas de acordar corpos brincantes, ativos, medonhos e grotescos.
Aproximo de um corpo animal/corpo com curvas que caminha com quatro patas (pé
e mão no chão) e no decorrer da performance vai subindo até chegar num corpo
humano/corpo ereto/corpo hétero2
.
E assim evoco uma mulher que está fora dos padrões de humanidade ao
soltar grunhidos, balbuciar e babar no chão até “tornar-me” monstro que come
nuvens e faz rodopios no ar. Ao propor outras corporalidades de ser mulher, também
evoco um gesto decolonial na transformação de um “corpo-humano” para “corpo-
natureza”. É importante observar como em alguns rituais religiosos, em especial os
politeístas, para se chegar até a divindade, há que sair de um corpo civil e rígido
para conseguir falar com o não-humano. Quer dizer, é apenas quando encontramos
1
Em outubro de 2018, o capitão reformado do Exército, Jair Bolsonaro (Partido Social Liberal) ganha
a disputa de eleição para presidente do Brasil. O parlamentar é conhecido pela sua postura agressiva
de ataques às minorias sociais, assim como a defesa da volta da Ditadura Militar. Pesquisas alertam
para um retorno do conservadorismo em toda latina américa.
2
A ligação do corpo hétero com corpo ereto tem como contraposição os corpos marcados pela
dissidência. Compreende-se corpos dissidentes como sujeitos que criam círculos, saem do eixo e
possibilitam criar linhas circulares nos seus trejeitos. São alguns deles: os corpos das bichas, a dança
vogue, os passos de frevo, os brincantes, os sambas de roda e de capoeira. Compreende-se como
combinações de gestos que vão ser contrários ao corpo rígido e bélico do militar.
833
esses “monstros internos” e que dançamos com eles, é que também nos tornamos
entidades.
Sobre isso, Donini (2015) sugere que a descolonização traz um intenso
desejo de instauração de mundos, em especial quando convocado por danças
ancestrais (afro, indígena e butoh) que dialogam com um além do humano, pois
corpo e voz podem ser portais de inscrição de saberes de várias ordens, como
afirma Leda Martins (2003) no conceito de encruzilhada.
Como um logos em movimento do ancestral ao performer e deste ao
ancestre e ao infans, cada performance ritual recria, resistiu e revisa um
círculo fenomenológico no qual pulsa, na mesma contemporaneidade, a
ação de um pretérito continuo, sincronizada em uma temporalidade
presente que atrai para si o passado e o futuro. (MARTINS, 2003, p 76)
A teórica feminista, Maria Lugones (2014) desmembra a noção de
Colonialidade a partir de uma perspectiva crítica de gênero como uma das formas de
opressão colonial. No entanto, sem abandonar raça como produto de dominação.
Sugere então a Colonialidade do Gênero como forma de interseccionar raça e
gênero por meio de um método que visibiliza as lutas das mulheres de cor3
, assim
como a necessidade de construir um feminismo que questiona os padrões
eurocêntricos:
Eu compreendo a hierarquia dicotômica entre o humano e o não humano
como a dicotomia central da modernidade colonial. Começando com a
colonização das Américas e do Caribe, uma distinção dicotômica,
hierárquica entre humano e não humano foi imposta sobre os/as
colonizados/as a serviço do homem ocidental. Ela veio acompanhada por
outras distinções hierárquicas dicotômicas, incluindo aquela entre homens e
mulheres. Essa distinção tornou-se a marca do humano e a marca da
civilização. Só os civilizados são homens ou mulheres. Os povos indígenas
das Américas e os/as africanos/as escravizados/as eram classificados/as
como espécies não humanas – como animais, incontrolavelmente sexuais e
selvagens. (LUGONES, 2014, p 936).
Para Lugones (2014), as estruturas binárias de gênero, como mulher/homem,
e os papéis estabelecidos dentro desse processo são resultado de um sistema
colonial moderno. Neste sentido, amplia-se os processos de significação para
pensar que tanto “gênero” quanto “raça”, são fruto de construções coloniais que
racializam e engendram as sociedades subalternas ao submeter o sexo a uma
3
Termo usado nos Estados Unidos para se referir às mulheres afro-americanas. Estas designações
começam a ser utilizadas nos anos 80, a partir de um movimento da consciência negra que passou a
adotar uma política de união de toda a diáspora africana.
834
concepção heterossexual/patriarcal para explicar a forma pela qual o gênero figura
nas disputas de poder. Revelando, assim, como a heteronormatividade está
entrelaçada com as estruturas do racismo e da colonização.
Como pode-se perceber a construção de raça e de gênero, a partir de um
sistema de poder binário, tem sido muito importante para elaboração e manutenção
da dominação colonial e no que atualmente tem se percebido dentro do padrão de
poder eurocêntrico.
Em paralelo, trago o conceito de “Performance de Gênero” de Judith Butler ao
afirmar que é a repetição dos gestos que vai legitimar o entendimento de gênero que
temos na sociedade. A autora aponta que os conceitos de "sexo” e de "gênero”
pressupõem, por antecipação, as possibilidades das configurações de gênero e
sexualidade na Cultura.
Esses limites também são constituídos diante de um discurso cultural
hegemônico, condicionado por estruturas binárias que se implementam de acordo
como um modelo imposto. Quer dizer, ao nascermos temos um gênero atribuído a
partir do biológico e retificado pelos atos performativos que vão construir
arbitrariamente os lugares sociais dos sujeitos a partir da formulação binária de:
homem ou mulher, pois
Quem tem gênero seria aquela pessoa cujo gênero é compatível com a
materialidade do seu corpo (genitália). De forma mais direta: teria gênero o
homem que tem pênis e a mulher que possui uma vagina desde o dia do
nascimento. Se o órgão sexual foi construído em cirurgia, essa pessoa não
teria gênero. As pessoas que possuem identidade de gênero seriam
aquelas que possuem determinado corpo que, pela lógica da
heteronormatividade, não segue a linha coerente entre o órgão sexual (aqui
entendido como pênis ou vagina) e o gênero (masculino ou feminino,
homem ou mulher). COLLING (2013, p. 414)
Nesse processo, a construção dos gêneros e das sexualidades são
construídas dentro de uma perspectiva binária e através de diferentes experiências e
processos de aprendizado. É importante levar em consideração que essas
construções agem de diferentes maneiras a depender do contexto histórico da
sociedade. Isso tem acontecido pois as instituições como escola e a família, campos
que exercem relações de poder sobre a constituição da identidade, são elementos
importantes na incidência de exclusão ou aceitação das identidades de gênero.
835
Se o gênero são os significados culturais assumidos pelo corpo sexuado, não se
pode dizer que ele decorra, de um sexo desta ou daquela maneira. Levada a seu
limite lógico, a distinção sexo/gênero sugere uma descontinuidade radical entre
corpos sexuados e gêneros culturalmente construídos. Supondo por um momento
a estabilidade do sexo binário, não decorre daí que a construção de “homens” se
aplique exclusivamente a corpos masculinos, ou que o termo “mulheres” interprete
somente corpos femininos. Além disso, mesmo que os sexos pareçam não
problematicamente binários em sua morfologia e constituição (ao que será
questionado), não há razão para supor que os gêneros também devam
permanecer cm número de dois. A hipótese de um sistema binário dos gêneros
encerra implicitamente a crença numa relação mimética entre gênero e sexo, na
qual o gênero reflete o sexo ou é por ele restrito. Quando o síatus construído do
gênero é teorizado como radicalmente independente do sexo, o próprio gênero se
torna um artifício flutuante, com a consequência de que homem e masculino
podem, com igual facilidade, significar tanto um corpo feminino como um
masculino, e mulher com feminino tanto um corpo masculino como um feminino.
BUTHLER (2003, p. 24/25)
Ao afirmar que “é o gesto que faz a dança, o tão famoso „corpo‟ não tem tanta
importância”, Christine Roquet nos convida a pensar como a carcaça do corpo
enquanto modelo estético é limitante para se pensar as obras de dança e chama
atenção para a leitura do gesto como elemento importante para compreender esse
campo. Assim, “apenas a passagem pela experiência nos permite captar a sutileza
de conceitos que emergiram a partir da prática do gesto e de sua percepção”
(ROQUET, 2017, pg 16) que pode ser pensado para além da dança. Mas também a
partir do rearranjo sob os marcadores sociais do qual estamos sendo cotidianamente
construídos.
Conclusão
Ao dialogar com um além do humano, dentro da obra Terra Fértil, sou
convocada a refletir sobre a produção artística enquanto possibilidade de
experimentação contra hegemônica, na qual as partilhas das experiências afetivas
alcançam uma expressão política de possibilidades de futuro.
Por isso o conceito de Grotesca tem sido pensando a partir de uma prática
decolonial, que implica em formas de atuar e ser no mundo afim de construir práticas
sociais e pensamentos através de experiências concretas. Acredita-se que a criação
de conceitos nasce a partir da dor do corpo e isso evoca proposição poética que
denota um gesto decolonial na evocação de outros corpos que surgem no ritual da
obra.
836
Referenciais teóricos
BUTLER, Judith. Problemas de gênero. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
[1990] 2003.
COLLING, Leonardo. A igualdade não faz o meu gênero – em defesa das
políticas das diferenças para o respeito à diversidade sexual e de gênero no
Brasil. Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar, v. 3 n. 2, p. 405-427,
2013.
DONINI, Angela. Abrir o corpo ao animal, ao mineral, às plantas, ao cosmos. In:
IV Seminário Enlaçando Sexualidades, 2015, Salvador. Caderno de Resumos IV
Seminário Enlaçando Sexualidades. Salvador: Uneb, 2015. v. 1. -urbanas: novas
políticas dos feminismos latino-americanos. In: Fazendo Gênero 10 - Desafios atuais
dos Feminismos, 2013, Florianópolis. Anais… Fazendo Gênero. Florianópolis 10,
2013.
LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Revista Estudos
Feministas, Santa Catarina, 2014, vol.22, n.3, p.935-952.
MARTINS, Leda. Performances da oralitura: corpo, lugar da memória. Letras
(Santa Maria), Santa Maria, v, 25, p. 55-71, 2003.
RAGO, Margareth. Epistemologia Feminista, Gênero e História. In: Pedro, Joana;
Grossi, Miriam (orgs.). Masculino, Feminino, Plural. Florianópolis: Ed.Mulheres,1998.
RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. Tradução de
Mônica Costa Netto. São Paulo: EXO Experimental org; Editora 34, 2005.
ROCHA-COUTINHO, Maria Lúcia. A narrativa oral, a análise de discurso e os
estudos de gênero. Estud. psicol., Natal, 2006, vol.11, n.1, pp.65-69.
ROQUET, Christine. Ler o gesto: uma ferramenta para a pesquisa e dança. Cena
Periódico do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas. Instituto de Artes.
Departamento de Arte Dramática – UFRGS, 2017.
i
Artista do corpo; Performer; Mestra em Estudos de Gênero e Feminismo pelo PPG-NEIM da
Universidade Federal da Bahia. Formada em Comunicação com habilitação em Jornalismo.
Atualmente está na Especialização em Estudos Contemporâneos em Dança da UFBA. Contato:
issonaoeumcachimbo@gmail.com

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A DANÇA GROTESCA DE TERRA FÉRTIL: ENCRUZILHADAS COM ESTUDOS DE GÊNERO E FEMINISMO

  • 1. 828 Para citar esse documento: COSTA, Alexandra Martins. A dança grotesca de Terra Fértil: encruzilhadas com estudos de gênero e feminismo. Anais do VI Congresso Nacional de Pesquisadores em Dança. Salvador: ANDA, 2019. p. 329-836. www.portalanda.org.br
  • 2. 829 A DANÇA GROTESCA DE TERRA FÉRTIL: ENCRUZILHADAS COM ESTUDOS DE GÊNERO E FEMINISMO Alexandra Martins Costa (UFBA) i RESUMO: O presente artigo tem como objetivo analisar a obra autoral Terra Fértil a partir das reflexões dos Estudos em Dança Contemporânea e dos Estudos de Gênero e Feminismo na medida que são campos do conhecimento que partilham de processos políticos de criação. Na obra aproximo de um corpo que caminha com quatro patas (pés e mãos no chão) e assim evoco uma corporalidade que está fora dos padrões de humanidade. Acredita-se que a criação de conceitos nasce a partir da dor do corpo e, portanto, trago o conceito de Grotesca como uma proposição poética que denota um gesto decolonial na transformação de um “corpo-humano” para “corpo-natureza”. PALAVRAS-CHAVE: Terra Fértil. Estudos em Dança Contemporânea. Estudos de Gênero e Feminismo ABSTRACT: The objective of this article is to analyze the authorial work Terra Fértil (Fertile Land) from the reflections of Studies in Contemporary Dance and of Gender and Feminist Studies in so far that they are fields of knowledge that share political processes of creation. In the work I approach a body that walks with four legs (feet and hands on the ground) and thus I evoke a corporality that is outside the standards of humanity. It is believed that the creation of concepts arises from the pain of the body and therefore I bring the concept of Grotesca (Grotesque, in feminine) as a poetic proposition that denotes a decolonial gesture in the transformation of a "body- human" to "body-nature." KEYWORDS: Fertile Land. Studies in Contemporary Dance. Gender and Feminist Studies Regras para leitura deste texto em espaços acadêmicos: 1) Leia nua. Se mostre crua; 2) imprima o texto e esteja com ele em mãos; 3) coloque velas brancas em cima da mesa, no chão ou de algum local que seja confortável para você; 4) acenda a vela; 5) a cada termino de leitura do texto, queime a página no fogo das velas; 6) misture desejo com fúria; 7) inicie a leitura:
  • 3. 830 O presente artigo tem como objetivo articular as reflexões dos Estudos de Gênero e Feminismo com Estudos em Dança e Performance para construção teórica da obra autoral Terra Fértil. Utiliza-se esses campos do conhecimento por acreditar que partilham de processos políticos de criação, cuja provocação me trazem respostas às inquietações que levanto com a obra desde sua realização, em 2016. Há um caráter espiritual na composição dessa obra sobre a vida, mas também sobre a morte. Portanto, Terra Fértil é também uma obra sobre memórias e o (re)encontro dessas memórias. A possível interlocução com os diversos saberes me convoca a pensar que as práticas artísticas sejam "maneiras de fazer" que intervêm na distribuição geral das maneiras de fazer e nas suas relações com maneiras de ser e formas de visibilidade (RANCIERE, 2009, p 16). Percebe-se que se trata de áreas cujos paradigmas científicos tradicionais são colocados em xeque. Logo, a reflexão sobre o trabalho necessitará do compartilhamento das outras áreas do conhecimento para melhor compreensão de sua poética. Esse atravessamento que possibilita diálogos com outros campos - inclusive fora do acadêmico - é consequência de uma série de subversões que tem surgido quando se questiona as formas tradicionais de se pensar e fazer Ciência. Tomo como exemplo, a prática de uma Ciência Feminista que permite alargar as
  • 4. 831 dimensões de produção intelectual, possibilitando que uma escrita de si possa ser possível de ter legitimidade no campo acadêmico. A produção de uma Ciência Feminista é um fenômeno que vem acontecendo desde metade do século XX, quando se inicia o questionamento sobre as premissas de “verdade” calcadas no método científico tradicional, pois “chegou-se à conclusão de que não há verdades absolutas a serem buscadas e o conhecimento passou a ser visto como plural e contextual” (ROCHA-COUTINHO, 2006, p. 66), possibilitando a construção de novas abordagens e que diversas vozes possam aparecer no processo de elaboração do conhecimento. Assim como questionar a própria autoria, desmistificando o mito da neutralidade e imparcialidade no fazer científico. Sobre isso, a feminista Margareth Rago (1998), em seu texto Epistemologia Feminista, Gênero e História, questiona sobre a existência de uma forma de fazer/escrever a história das mulheres que não repita as mesmas formulações da masculina. A autora busca como chegar numa memória especificamente feminina, dentro da história desse grupo. Para ela, a epistemologia define o campo e a maneira como esse conhecimento será digerido na produção intelectual, assim como a forma como nos relacionamos com objeto do conhecimento e apresentamos ele ao mundo. Não como fonte de verdade absoluta, mas operando a partir da constituição de várias de pesquisadoras feministas na elaboração de um projeto feminista de ciência. Sobre as desestabilizações e as rupturas teóricas e práticas em curso, a autora defende que: O feminismo não apenas tem produzido uma crítica contundente ao modo dominante de produção do conhecimento científico, como também propõe um modo alternativo de operação e articulação nesta esfera. Além disso, se consideramos que as mulheres trazem uma experiência histórica e cultural diferenciada da masculina, ao menos até o presente, uma experiência que várias já classificaram como das margens, da construção miúda, da gestão do detalhe, que se expressa na busca de uma nova linguagem, ou na produção de um contradiscurso, é inegável que uma profunda mutação vem-se processando também na produção do conhecimento científico. (RAGO, 1998, p 3). Pode-se refletir que a possibilidade de uma escrita de si como metodologia possível de análise e produção acadêmica é uma resistência necessária ao recente
  • 5. 832 aumento da onda conservadora1 que tem se alastrado nesses últimos anos nos países latino-americanos, causando a perda de direitos e políticas públicas voltadas para áreas sociais. Nesse contexto, torna-se cada vez mais urgente falar dos rearranjos internos que os movimentos feministas tem feito como respostas às formas tradicionais de fazer política, seja na produção de conhecimento científico, seja na produção artística. Descolonizando o gesto a partir da Grotesca O conceito de Grotesca surge como uma poética importante que me convida a refletir proposições poéticas e políticas fora das normas de feminilidade que essa obra pode trazer para a cena. Me coloco num local diferente daquele que comumente querem que as mulheres estejam: dentro do padrão pré-estabelecido de feminilidade. Busco a escuridão interna porque olhar para si também é um ato político. São formas de acordar corpos brincantes, ativos, medonhos e grotescos. Aproximo de um corpo animal/corpo com curvas que caminha com quatro patas (pé e mão no chão) e no decorrer da performance vai subindo até chegar num corpo humano/corpo ereto/corpo hétero2 . E assim evoco uma mulher que está fora dos padrões de humanidade ao soltar grunhidos, balbuciar e babar no chão até “tornar-me” monstro que come nuvens e faz rodopios no ar. Ao propor outras corporalidades de ser mulher, também evoco um gesto decolonial na transformação de um “corpo-humano” para “corpo- natureza”. É importante observar como em alguns rituais religiosos, em especial os politeístas, para se chegar até a divindade, há que sair de um corpo civil e rígido para conseguir falar com o não-humano. Quer dizer, é apenas quando encontramos 1 Em outubro de 2018, o capitão reformado do Exército, Jair Bolsonaro (Partido Social Liberal) ganha a disputa de eleição para presidente do Brasil. O parlamentar é conhecido pela sua postura agressiva de ataques às minorias sociais, assim como a defesa da volta da Ditadura Militar. Pesquisas alertam para um retorno do conservadorismo em toda latina américa. 2 A ligação do corpo hétero com corpo ereto tem como contraposição os corpos marcados pela dissidência. Compreende-se corpos dissidentes como sujeitos que criam círculos, saem do eixo e possibilitam criar linhas circulares nos seus trejeitos. São alguns deles: os corpos das bichas, a dança vogue, os passos de frevo, os brincantes, os sambas de roda e de capoeira. Compreende-se como combinações de gestos que vão ser contrários ao corpo rígido e bélico do militar.
  • 6. 833 esses “monstros internos” e que dançamos com eles, é que também nos tornamos entidades. Sobre isso, Donini (2015) sugere que a descolonização traz um intenso desejo de instauração de mundos, em especial quando convocado por danças ancestrais (afro, indígena e butoh) que dialogam com um além do humano, pois corpo e voz podem ser portais de inscrição de saberes de várias ordens, como afirma Leda Martins (2003) no conceito de encruzilhada. Como um logos em movimento do ancestral ao performer e deste ao ancestre e ao infans, cada performance ritual recria, resistiu e revisa um círculo fenomenológico no qual pulsa, na mesma contemporaneidade, a ação de um pretérito continuo, sincronizada em uma temporalidade presente que atrai para si o passado e o futuro. (MARTINS, 2003, p 76) A teórica feminista, Maria Lugones (2014) desmembra a noção de Colonialidade a partir de uma perspectiva crítica de gênero como uma das formas de opressão colonial. No entanto, sem abandonar raça como produto de dominação. Sugere então a Colonialidade do Gênero como forma de interseccionar raça e gênero por meio de um método que visibiliza as lutas das mulheres de cor3 , assim como a necessidade de construir um feminismo que questiona os padrões eurocêntricos: Eu compreendo a hierarquia dicotômica entre o humano e o não humano como a dicotomia central da modernidade colonial. Começando com a colonização das Américas e do Caribe, uma distinção dicotômica, hierárquica entre humano e não humano foi imposta sobre os/as colonizados/as a serviço do homem ocidental. Ela veio acompanhada por outras distinções hierárquicas dicotômicas, incluindo aquela entre homens e mulheres. Essa distinção tornou-se a marca do humano e a marca da civilização. Só os civilizados são homens ou mulheres. Os povos indígenas das Américas e os/as africanos/as escravizados/as eram classificados/as como espécies não humanas – como animais, incontrolavelmente sexuais e selvagens. (LUGONES, 2014, p 936). Para Lugones (2014), as estruturas binárias de gênero, como mulher/homem, e os papéis estabelecidos dentro desse processo são resultado de um sistema colonial moderno. Neste sentido, amplia-se os processos de significação para pensar que tanto “gênero” quanto “raça”, são fruto de construções coloniais que racializam e engendram as sociedades subalternas ao submeter o sexo a uma 3 Termo usado nos Estados Unidos para se referir às mulheres afro-americanas. Estas designações começam a ser utilizadas nos anos 80, a partir de um movimento da consciência negra que passou a adotar uma política de união de toda a diáspora africana.
  • 7. 834 concepção heterossexual/patriarcal para explicar a forma pela qual o gênero figura nas disputas de poder. Revelando, assim, como a heteronormatividade está entrelaçada com as estruturas do racismo e da colonização. Como pode-se perceber a construção de raça e de gênero, a partir de um sistema de poder binário, tem sido muito importante para elaboração e manutenção da dominação colonial e no que atualmente tem se percebido dentro do padrão de poder eurocêntrico. Em paralelo, trago o conceito de “Performance de Gênero” de Judith Butler ao afirmar que é a repetição dos gestos que vai legitimar o entendimento de gênero que temos na sociedade. A autora aponta que os conceitos de "sexo” e de "gênero” pressupõem, por antecipação, as possibilidades das configurações de gênero e sexualidade na Cultura. Esses limites também são constituídos diante de um discurso cultural hegemônico, condicionado por estruturas binárias que se implementam de acordo como um modelo imposto. Quer dizer, ao nascermos temos um gênero atribuído a partir do biológico e retificado pelos atos performativos que vão construir arbitrariamente os lugares sociais dos sujeitos a partir da formulação binária de: homem ou mulher, pois Quem tem gênero seria aquela pessoa cujo gênero é compatível com a materialidade do seu corpo (genitália). De forma mais direta: teria gênero o homem que tem pênis e a mulher que possui uma vagina desde o dia do nascimento. Se o órgão sexual foi construído em cirurgia, essa pessoa não teria gênero. As pessoas que possuem identidade de gênero seriam aquelas que possuem determinado corpo que, pela lógica da heteronormatividade, não segue a linha coerente entre o órgão sexual (aqui entendido como pênis ou vagina) e o gênero (masculino ou feminino, homem ou mulher). COLLING (2013, p. 414) Nesse processo, a construção dos gêneros e das sexualidades são construídas dentro de uma perspectiva binária e através de diferentes experiências e processos de aprendizado. É importante levar em consideração que essas construções agem de diferentes maneiras a depender do contexto histórico da sociedade. Isso tem acontecido pois as instituições como escola e a família, campos que exercem relações de poder sobre a constituição da identidade, são elementos importantes na incidência de exclusão ou aceitação das identidades de gênero.
  • 8. 835 Se o gênero são os significados culturais assumidos pelo corpo sexuado, não se pode dizer que ele decorra, de um sexo desta ou daquela maneira. Levada a seu limite lógico, a distinção sexo/gênero sugere uma descontinuidade radical entre corpos sexuados e gêneros culturalmente construídos. Supondo por um momento a estabilidade do sexo binário, não decorre daí que a construção de “homens” se aplique exclusivamente a corpos masculinos, ou que o termo “mulheres” interprete somente corpos femininos. Além disso, mesmo que os sexos pareçam não problematicamente binários em sua morfologia e constituição (ao que será questionado), não há razão para supor que os gêneros também devam permanecer cm número de dois. A hipótese de um sistema binário dos gêneros encerra implicitamente a crença numa relação mimética entre gênero e sexo, na qual o gênero reflete o sexo ou é por ele restrito. Quando o síatus construído do gênero é teorizado como radicalmente independente do sexo, o próprio gênero se torna um artifício flutuante, com a consequência de que homem e masculino podem, com igual facilidade, significar tanto um corpo feminino como um masculino, e mulher com feminino tanto um corpo masculino como um feminino. BUTHLER (2003, p. 24/25) Ao afirmar que “é o gesto que faz a dança, o tão famoso „corpo‟ não tem tanta importância”, Christine Roquet nos convida a pensar como a carcaça do corpo enquanto modelo estético é limitante para se pensar as obras de dança e chama atenção para a leitura do gesto como elemento importante para compreender esse campo. Assim, “apenas a passagem pela experiência nos permite captar a sutileza de conceitos que emergiram a partir da prática do gesto e de sua percepção” (ROQUET, 2017, pg 16) que pode ser pensado para além da dança. Mas também a partir do rearranjo sob os marcadores sociais do qual estamos sendo cotidianamente construídos. Conclusão Ao dialogar com um além do humano, dentro da obra Terra Fértil, sou convocada a refletir sobre a produção artística enquanto possibilidade de experimentação contra hegemônica, na qual as partilhas das experiências afetivas alcançam uma expressão política de possibilidades de futuro. Por isso o conceito de Grotesca tem sido pensando a partir de uma prática decolonial, que implica em formas de atuar e ser no mundo afim de construir práticas sociais e pensamentos através de experiências concretas. Acredita-se que a criação de conceitos nasce a partir da dor do corpo e isso evoca proposição poética que denota um gesto decolonial na evocação de outros corpos que surgem no ritual da obra.
  • 9. 836 Referenciais teóricos BUTLER, Judith. Problemas de gênero. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, [1990] 2003. COLLING, Leonardo. A igualdade não faz o meu gênero – em defesa das políticas das diferenças para o respeito à diversidade sexual e de gênero no Brasil. Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar, v. 3 n. 2, p. 405-427, 2013. DONINI, Angela. Abrir o corpo ao animal, ao mineral, às plantas, ao cosmos. In: IV Seminário Enlaçando Sexualidades, 2015, Salvador. Caderno de Resumos IV Seminário Enlaçando Sexualidades. Salvador: Uneb, 2015. v. 1. -urbanas: novas políticas dos feminismos latino-americanos. In: Fazendo Gênero 10 - Desafios atuais dos Feminismos, 2013, Florianópolis. Anais… Fazendo Gênero. Florianópolis 10, 2013. LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Revista Estudos Feministas, Santa Catarina, 2014, vol.22, n.3, p.935-952. MARTINS, Leda. Performances da oralitura: corpo, lugar da memória. Letras (Santa Maria), Santa Maria, v, 25, p. 55-71, 2003. RAGO, Margareth. Epistemologia Feminista, Gênero e História. In: Pedro, Joana; Grossi, Miriam (orgs.). Masculino, Feminino, Plural. Florianópolis: Ed.Mulheres,1998. RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. Tradução de Mônica Costa Netto. São Paulo: EXO Experimental org; Editora 34, 2005. ROCHA-COUTINHO, Maria Lúcia. A narrativa oral, a análise de discurso e os estudos de gênero. Estud. psicol., Natal, 2006, vol.11, n.1, pp.65-69. ROQUET, Christine. Ler o gesto: uma ferramenta para a pesquisa e dança. Cena Periódico do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas. Instituto de Artes. Departamento de Arte Dramática – UFRGS, 2017. i Artista do corpo; Performer; Mestra em Estudos de Gênero e Feminismo pelo PPG-NEIM da Universidade Federal da Bahia. Formada em Comunicação com habilitação em Jornalismo. Atualmente está na Especialização em Estudos Contemporâneos em Dança da UFBA. Contato: issonaoeumcachimbo@gmail.com