Este documento discute a "possibilidade" e como ela pode nos levar a sonhar com coisas maiores do que imaginamos. O autor descreve várias ocasiões em sua vida em que a possibilidade acenou para ele, como quando quase trouxe uma barata morta de volta à vida ou quando acreditou que poderia voltar no tempo. Embora a possibilidade às vezes pareça brincar com nossas esperanças, o autor acredita que, se algo pode ser imaginado, a possibilidade pode se tornar realidade. Ele vê a possibilidade de grandes coisas
2. E essas pequenas contradições para o ministério?
Já imaginou uma escolha errada, dessas que leva a nossa vida
num caminho, aparentemente, sem retorno? Um casamento
malfadado, uma carreira mal escolhida. Conhecer alguém que
talvez fosse melhor que não tivéssemos encontrado. A vida é
extensa e complexa. É complicado viver. Não é difícil
corromper os ideais de fé e de autoridade com que um dia nos
comprometemos no início da carreira, aquele ajoelhar diante
de Deus que foi o início de tudo.
Aquela pregação que nos fez sonhar em realizar grandes
coisas, que nos motivou a seguir em frente, a tomar um rumo e
continuar nele. E se tivermos rejeitado parte desses ideais e
inconscientemente, sufocados pelas grandes tribulações da
vida, pelas decepções imensas e dolorosas, substituímos o
sonho, por uma anuência assim como a dádiva por uma
sombra? Você sonhou com rios de fogo e só viu fósforos. Você
confiou em profecias que jamais vieram a se cumprir. Você
deixou de lado a possibilidade de algo excepcional em troca
de um certo conforto espiritual. Eu gosto de brincar com o
termo "possibilidade", assim, sozinho, sem adjetivos ou
complementos que completem o raciocínio, simplesmente
3. "possibilidade". Quando eu
era pequeno me lembro de ter visto uma barata morta e me
peguei olhando em direção a uma tomada da parede. Tal
como num doutor Frankstein alucinado, meus olhos se
acenderam. Tinha tido uma idéia. E se ela pudesse voltar a
viver? Não foi preciso dizer que quase torrei a instalação elétrica
lá de casa. Era ela. A possibilidade. Quando me falavam que
era possível voltar no tempo, um colega meu de curso técnico
falou que estava construindo um equipamento com emissões
de ondas que poderia realizar o feito. Eu não sabia se ria ou se
chorava. Mas, outra vez a bandida estava lá. Tanto que ela, a
possibilidade, acenou para mim. E de novo meus olhos se
acenderam. Foi assim quando a minha professora do ginásio,
professora de francês sorriu para mim, por um motivo qualquer.
Eu, franzino, de óculos e cheio de espinha, reinterpretando
aquele sorriso a luz de remotas esperanças, vislumbrei de novo
a bandida. A tal da possibilidade. Quando eu tirei zero na prova
de máquinas elétricas, aquela matéria horripilante da
dependência do curso de eletrotécnica, e soube que o
professor daria uma última prova, anulando todas as outras; e
quem tirasse acima de 6,0 estaria aprovado, eu que nunca tirei
nota acima de 3,0 naquela disciplina senti de novo o toque
suave da dita cuja. Essa meliante. Essa obstinada. Essa louca
que aponta para lugares nunca vistos, para patamares jamais
alcançados.
Aqui neste lugar, novamente após tantos anos, me deparo com
esta velha conhecida.
4. A possibilidade disse quando eu ainda procurava um emprego,
que um dia eu teria filhas.
A possibilidade disse para mim que eu ia passar naquela
maldita prova de máquinas elétricas.
Porém, as vezes parece que ela brinca. Mente, engana,
destrata. Ela fala de coisas absurdas. Coisas que parecem que
nunca irão se realizar.
Mas, entendi que ela é imparcial. Ela é como uma lei, se algo
pode ser imaginado pelo homem, ela virá ao encontro deste
homem.
Eu vejo a possibilidade diante de mim. De irmos além do véu e
conhecermos o poder, a unção e a autoridade, do modo
como homem algum jamais concebeu.
Eu vejo a possibilidade de toda uma congregação ter os olhos
abertos e de uma feita perceber os anjos e os céus queimando
sobre suas cabeças. Eu vejo uma Igreja, um reino, um povo que
deixando de lado o medo se atira na aventura dos dons do
Espírito Santo, e se deixa consumir pelo fogo que queima do
altar.
5. E vejo a possibilidade de transformar meus erros em acertos,
meu medo em triunfo e meu desespero em nada mais que uma
coceira incomoda no nariz. Eu vejo além do que me envolve e
do que eu possuo. Ainda que eu possua muito pouco. Porque
quem me acena para seguir em frente tinha uma cruz para
ultrapassar e como se não fosse o suficiente contornar,
atravessou a bandida e pulou de volta do túmulo ao qual por
sinal, não tinha condições de possuir. Era muito caro aquele
jazigo perpétuo. Então não há um final divisável apesar da
tormenta, e os prognósticos dos especialistas não levam em
conta o absurdo da fé manifesta. E a desgraça de hoje se
curvará de joelhos diante das ordens daquele que sempre será
o dono do amanhã.