2. O Barroco -----predominou no século XVII –
momento de crise espiritual
na cultura ocidental.
duas mentalidades,
duas formas distintas de ver o mundo:
de um lado de outro
o paganismo e o a forte onda de
sensualismo do religiosidade
Renascimento, lembra
(em declínio)
teocentrismo medieval
3. Século XVI
RENASCIMENTO
o retorno à cultura
clássica grecolatina
a vitória do antropocentrismo
BARROCO
• vínculos com a cultura clássica
caminhos próprios
necessidades de expressão
daquele momento
4. Outros nomes do Barroco
• Marinismo: (Itália), Giambattista Marini.
• Gongorismo: (Espanha) Luís de Gôngora y
Argote
Barroco e gongorismo = sinônimos.
• Preciosismo: (França), em razão do requinte
formal dos poemas
• Eufuísmo: (Inglaterra) criado a partir do título
do romance Euphues , or the anatomy
of wit, de John Lyly.
5. A SOCIEDADE
EUROPEIA
Século XVII
TERCEIRO
O CLERO A NOBREZA
ESTADO
•Artesãos
•Camponeses
•Burguesia
Poder econộmico
Pressão
6. CONTRADIÇÕES
DO BARROCO
Contrarreforma
Econômico Político Espiritual
*Influência
Restauração
do paganismo
da fe
Livre Oprimido renascentista
Medieval.
•Prazeres
l
materiais
Homem:
Enriquecer
Ser contraditório
7. Características da linguagem
Forma Conteúdo
• Vocabulário selecionado • Conflito espiritual.
• Gosto pelas inversões
• Bemmal.
sintáticas.
• Figuração excessiva; ênfase • Consciencia da
em certas figuras da efemeridade do tempo.
linguagens:metáfora, • Carpe diem
antítese e hipérbole.
• Morbidez.
• Sugestões sonoras e
cromâticas. • Gosto por raciocínios
• Gosto por construções complexos e intrincados.
complexas e raras.
8. Um “BARROCO” Brasil
A cada canto um gram conselheiro, A
Que nos quer governar na cabana, e vinha, B
Não sabem governar sua cozinha, B
E podem governar o mundo inteiro .A
Em cada porta um frequentado olheiro, A
Que a vida do vizinho, e da vizinha, B
Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,B
Para levar à Praça, e ao Terreiro. A
Muitos mulatos desavergonhados, C
Trazidos pelos pés os homens nobres, D
Postas nas palmas toda a picardia. E
Estupendas usuras nos mercados, C
Todos, os que não furtam, muito pobres, D
Eis aqui a cidade da Bahia.E
9. Os escritores barrocos brasileiros
que mais se destacaram são:
• na poesia:
Gregório de Matos,
Bento Teixeira,
Botelho de Oliveira
Frei Itaparica;
• na prosa:
Pe. Antônio Vieira,
Sebastião da Rocha Pita
Nuno Marques Pereira.
10. GREGÓRIO DE MATOS
BAHIA (1633)
1° poeta brasileiro
- estudou no Colégio Jesuíta.
- em Coimbra se formou em Direito.
- ficou ali uns anos exercendo a sua
profissão, mas por suas sátiras retornou
obrigado ao Brasil onde foi convidado a trabalhar
com os Jesuítas no cargo de tesoureiro-mor da Companhia de
Jesus.
-Ainda por suas sátiras abandonou os Padres e foi degredado
para Angola.
- Retornou ao Brasil muito doente sob duas condições:
1.- não pisar terras baianas.
2.-não apresentar as suas sátiras.
11. É conhecido pela sua:
Poesia lírica
Poesia religiosa ou sacra
Poesia satírica-valeu-lhe o apelido de
“Boca de inferno”
Cultivou----------- cultismo /conceptismo
• Poesia sacra
• poesia lírica
• poesia graciosa inédita até o S:XX
• poesia satírica.
• Últimas
12. POESIA LÍRICA
• A lírica amorosa de Matos celebra a tensão entre:
A imagem a tentação da carne
feminina angelical que atormenta o espírito
- define-se pelo erotismo
- revela uma sensualidade ora
grosseira/ora de rara fineza
- glorifica e admira à mulata (1° poeta)
““Minha rica mulatinha
Desvelo e cuidado meu”
13. Observe este soneto:
Sonetos a D. Ângela de Sousa Paredes
Não vira em minha vida a formosura,
Ouvia falar nela cada dia,
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura: Matem-me, disse eu, vendo abrasar-me,
Ontem a vi por minha desventura Se esta a cousa não é, que encarecer-me
Na cara, no bom ar, na galhardia Sabia o mundo, e tanto exagerar-me:
De uma mulher, que em Anjo se mentia; Olhos meus, disse então por defender-me,
De um Sol, que se trajava em criatura Se a beleza heis de ver para matar-me,
Antes olhos cegueis, do que eu perder-me.
(In: Antonio Candido e J. A. Castello, op. cit., p.
61).
14. a mulher figura de pureza angelical contida
um “anjo” no próprio nome
uma grandeza
maior, o Sol
um ser superior, dotado de
grandezas absolutas e
inacessíveis
15. POESIA SACRA
- Gregório diante de Deus pede
perdão por seus erros.
- Sobressai o senso do pecado, mostra
a fragilidade humana e o temor diante da
morte e a condenação eterna.
- A faceta de pecador arrependido emerge na fase final
da sua vida (em sua mocidade fez composições
claramente desafiadoras do poder divino).
16. A Jesus Cristo Nosso Señor
Pequei, Senhor, mas nâo porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um sóp gemido:
Que a mesma culpa ,que a vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado
17. Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória
Gregório de Mattos
Guerra
18. A sátira
Age :deformação caricatural daquilo que se pretende atacar
ou desmoralizar.
Contém: -uma intenção reformadora,
- ligada ao sentimento de indignação
- à vontade de moralizar os costumes.
Elemento motivador :
- distingue-se o senso do ridículo, (a percepção
do lado cômico de personagens, situações e idéias.)
• Gregório de Matos pretendia, manifestar explicitamente o
funcionamento dos discursos do poder.
• Utiliza :"malandragem", "plágio", " inveja",
"imoralidade", "adultério", "racismo", “"furto",
"repúdio", "libertinagem" "promiscuidade".
19. POESIA SATÍRICA
A sátira de Matos tem muito de crônica social.
- foge dos padrões do Barroco
- se volta para a realidade social baiana século XVII.
- pode ser chamada de REALISTA ou BRASILEIRA.
- critica os letrados, os políticos, à corrupção, o relaxamento dos costumes, a
cidade de Bahia.
-língua diversificada (indígena e africana) palavrões, gírias, expressões locais
“Que os brasileiros são Bestas
E estão sempre a trabalhar
Toda a vida, por manter
Maganos de Portugal”
Maganos: engraçados.
20. A CIDADE DA BAHIA
A Cidade da Bahia! Ó quão dessemelhante Deste em dar tanto açúcar excelente
Estás e estou do nosso antigo estado, Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Pobre te vê a ti, tu a mi empenhado, Simples aceitas do sagaz Brichote.
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
Oh! se quisera Deus que de repente
A ti trocou-te a máquina mercante,
que em tua larga barra tem entrado,
Um dia amanheceras tão sisuda
A mim foi-me trocando e tem trocado, que fora de algodão o teu capote!
Tanto negócio e tanto negociante
21. A BAHIA
Levou-me o dinheiro, a má fortuna,
Ficamos sem tostão, real nem branca,
Tristes sucessos, casos lastimosos, macutas, correão, nevelão, molhos:
Desgraças nunca vistas, nem faladas.
São, ó Bahia, vésperas choradas Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna,
De outros que estão por vir estranhos E é que quem o dinheiro nos arranca,
Nos arrancam as mãos, a língua, os olhos
Sentimo-nos confusos e teimosos
Pois não damos remédios as já passadas,
Nem prevemos tampouco as esperadas
Como que estamos delas desejosos
22. Eis outro exemplo:
exemplo
Se Pica-flor me chamais,
Pica-flor aceito ser,
mas resta agora saber,
se no nome que me dais,
meteis a flor, que guardais
no passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o Pica,
e o mais vosso, claro fica,
que fica então Pica-flor.
23. Ocupou-se de atacar viperinamente o baixo clero baiano, após ter sido destituído do
cargo eclesiástico de Tesoureiro-mor da Sé por recusar-se a receber “ordens sacras” e
a usar batina.
Voltou sua veia satírica contra vários religiosos, padres, frades, freiras, cujo
comportamento sexual foi alvo de vários de seus poemas.
...
E nos Frades há manqueiras? - Freiras.
Em que ocupam os serões? -Sermões.
Não se ocupam em disputas? - Putas.
Com palavras dissolutas
Me concluís, na verdade,
Que as lidas todas de um Frade
São freiras, sermões, e putas. (recolha)
...
24. • A poesia gregoriana recorre ao jogo entre o
sagrado e o profano num processo de
“dessacralização” e popularização, o que se
verifica pelo uso que faz, repetidas vezes, da
rima Jesu/cu:
• Passou o surucucu
e como andava no cio,
com um e outro assobio,
pediu a Luisa o cu:
Jesu nome de Jesu,
disse a Mulata assustada,
25. ENTRE O CONCEITO E A FORMA
CULTISMO ou GONGORISMO: CONCEPTISMO:
GONGORISMO CONCEPTISMO
• linguagem rebuscada, culta, marcado pelo
extravagante. - jogo de idéias, de conceitos,
• Valorização do pormenor seguindo um raciocínio
mediante jogos de palavras lógico.
• Influência do poeta espanhol - É usual a presença de
Luis de Gôngora. elementos da lógica forma
• Valorização do “como dizer”
Nada impede que o mesmo texto tenha aspectos cultistas e
conceptistas.
conceptistas
Didaticamente se fala de que:
* o Cultismo é predominante na poesia e
* o Conceptismo é predominante na prosa
26. Cultismo ou Gongorismo é o abuso no emprego de figuras
de linguagem como as metáforas, antítese, hipérboles,
hipérbatos, anáforas, paronomásias, etc...
"O todo sem a parte não é o todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo.
Em todo o Sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica todo.”
(Gregorio de Matos)
27. Conceptismo
• utiliza uma retórica aprimorada
(arte de bem falar, ou escrever, com o propósito de
convencer; oratória).
Um dos principais cultores do Conceptismo
o espanhol Quevedo,
Quevedismo.
• Valoriza-se "o que dizer".
28. Conceptismo: é marcado pelo jogo de idéias, de conceitos, seguindo um
Conceptismo
raciocínio lógico
A – O SILOGISMO: Dedução formal tal que, postas duas proposições,
chamadas premissas, delas se tira uma terceira, nelas logicamente
implicada, chamada conclusão. Assim, temos como exemplo: Todo homem
é mortal (premissa maior); ora, eu sou homem (premissa menor); logo, eu
sou mortal (conclusão).
"Mui grande é o vosso amor e o meu delito;
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor, que é infinito.
Essa razão me obriga a confiar
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar."
Premissa maior: O amor infinito de Cristo salva o pecador.
Premissa menor: Eu sou um pecador.
Conclusão: Logo, eu espero salvar-me.
29. B – O SOFISMA: É o argumento que parte de premissas
verdadeiras e que chega a uma conclusão inadmissível, que
não pode enganar ninguém, mas que se apresenta como
resultante de regras formais do raciocínio, não pode ser
refutado. É um raciocínio falso, elaborado com a função de
enganar.
• Ex.:
Muitas nações são capazes de governarem-se por si mesmas;
as nações capazes de governarem-se por si mesma não devem
submeter-se às leis de um governo despótico.
Logo,
nenhuma nação deve submeter-se às leis de um governo
despótico
30. Pe. ANTÔNIO VIEIRA
• Lisboa
• 7 anos chega a Bahia.
• 1623: entra na Companhia de Jesus.
• Quando Portugal se liberta de Espanha, volta para o
seu país e se torna confessor de D. João IV.
• Políticamente tinha em contra de si:
_ a pequena burguesia cristã
o capital judaico e os cristão-novos.
_ os pequenos comerciantes
um monopólio comercial
_os administradores colonos
os índios.
31. OBRAS
Profecias três obras Esperanças de Portugal
Clavis Prophetarum
História do futuro
Cartas umas 500
Sermões quase 200
- estilo barroco conceptista
Sermão da Sexagésima
Sermão pelo bom sucesso das armas....”
Sermão de Santo Antônio
Sermões e cartas revelam a maestria com que Vieira usava a língua para
cativar sua audiência através de:
- o uso de metáforas e analogias- passagens ilustrativas do Antigo e Novo Testamento-
de uma crítica ao estilo cultista dos padres dominicanos
32. Assim há de ser um sermão:
“-Há-de ter raízes fortes e sólidas, por que há-de ser
fundado no Evangelho;
- há-de ser um tronco, porque há-de ter um só assunto
e tratar uma só matéria;
- Deste tronco hão-de nascer diversos ramos, que são
novos discursos, mas nascidos da mesma matéria e
continuados nela; estes ramos nã hão-de ser secos,
sinão cobertos de folhas, porque os discursos hão-de
ser vestidos e ornados de palavras”
- Sermão da Sexagéssima
33. O método utilizado por Vieira nos seus sermões:
1. Definir a matéria
2. Reparti-la.
3. Confirmá-la com a Escritura.
4. Confirmá-la com a razão.
5. Amplificá-la, dando exemplos e respondendo às
objeções, aos “argumentos contrários”
6. Tirar uma conclusão, exortar.
34. Soneto
Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua a nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por Tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra, o que mais chupa.
35. Para a tropa do trapo vazo a tripa
e mais não digo, porque a Musa topa.
Em apa, epa , ipa, opa, upa
........
E nos Frades há manqueiras? - Freiras
Em que ocupam os serões? - Sermões
Não se ocupam em disputas - Putas
Com palavras disolutas
Me concluís, na verdade,
Que as lidas todas de um Frade
São freiras, sermões, e putas
........
Atacóu viperinamente o baixo clero baiano após de ser destituído do cargo Tesoureiro-Mor da Sé por recusar-se
a receber “ordens sacras ” e usar batina.
36. Sermão da sexagéssima:
“Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias
três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é
cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem
espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por
falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e
há mister olhos. Que coisa é a conversão de uma
alma, senão entrar um homem dentro em si e ver-se a
si mesmo?
Para esta vista são necessários olhos, e necessária luz
e é necessário espelho. O pregador concorre com o
espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz,
que é a graça; o homem concorre com os olhos, que
é o conhecimento.”
Hinweis der Redaktion
necessidades de expressão daquele momento. necessidades de expressão daquele momento. necessidades de expressão daquele momento.