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Breves comentários críticos sobre cultura em tempos de
Pós-Modernismo
Vítor Vieira Ferreira (UFRJ)
Marx e o Marxismo 2015: Insurreições, passado e presente (UFF)
Por um debate sobre o PM
(...) o ponto de partida para a reflexão aqui desenvolvida diz respeito a
uma inquietação diante de uma aceitação tácita – seja ela
deliberadamente fundamentada ou tão somente o resultado de uma
ausência de contraposições previamente apresentadas – de um
conjunto de ideias que na contemporaneidade é assimilado quase que
de modo automático nas áreas das humanidades. Ideias estas que, por
sua vez, não somente influenciam em grande medida a produção
intelectual desenvolvida nestas áreas, como também acabam
reverberando de modo igualmente expressivo nas práticas políticas.
01
Por um debate sobre o PM
• Falar de PM é situar-se na contemporaneidade.
• “(...) [s]e há um ‘zeitgeist’ moderno – um espírito da época que
penetra a cultura, o pensamento acadêmico e a política – ele pode
ser encontrado nas ideias agrupadas sob a bandeira do pós-
modernismo [tradução própria] (Marxism, 2013)”.
02
Sobre a modernidade
• Projeto civilizatório: universalidade, individualidade, autonomia
(Rouanet, 1993).
• Crença na ciência e no progresso.
• Noção de futuro como produto da modernidade (Koselleck, 2006).
• Ilustração  projeto Iluminista
03
Sobre a modernidade
“A Ilustração foi, apesar de tudo, a proposta mais generosa de
emancipação jamais oferecida ao gênero humano. Ela acenou ao
homem com a possibilidade de construir racionalmente o seu destino,
livre da tirania e da superstição. Propôs ideais de paz e tolerância, que
até hoje não se realizaram. Mostrou o caminho para que nos
libertássemos do reino da necessidade, através do desenvolvimento
das forças produtivas. Seu ideal de ciência era o de um saber posto a
serviço do homem, e não o de um saber cego, seguindo uma lógica
desvinculada de fins humanos (Rouanet, 1987:27)”.
04
Sobre o PM
• PM como sintomaefeitocrítica da modernidade.
• Pós-Modernismo versus pós-modernidade – caberia falar nesta?
• PM como um corpo heterogêneo de ideias.
05
Sobre o PM em suas diversas esferas
• Artes: perda da negatividade crítica da obra de arte (Hollanda, 1992), de seu caráter
autônomo diante da onipresença da forma de mercadoria (Jameson, 1980).
• Política: desapontamento político e esgotamento de conceitos e ideologias que
anteriormente apresentavam algum norte político; atomização das lutas políticas
(Delanty, 2000; Wolkmer, 2003; Santos, 2008).
• Ciências: rejeição da ideia de uma razão uniforme e universal (Castoriadis, 2006); rejeição
da tradição racionalista do Iluminismo, ciência como uma construção social ou uma
narrativa tão válida quanto qualquer outra (Sokal & Bricmont, 1998).
• Filosofia: incredulidade quanto às grandes narrativas (Lyotard, 1979), intelectualidade
francesa pós-estruturalismo, virada linguística.
06
Sobre cultura em tempos de PM
“Mais do que nunca, o campo da consciência cotidiana vai-se
transformando num campo cujas significações são indistinguíveis das
imagens, espetáculos e mensagens que circulam pelos meios de
comunicação e pela cultura de massa. Só nos é possível desenvolver
uma teoria e uma prática da materialidade de nosso mundo se
examinarmos detidamente os modos como o capital cultural torna-se
uma parte central dessa materialidade (Polan, 1998:64)”.
07
Sobre cultura em tempos de PM
A cultura não mais é um componente indispensável à vida social, mas a
vida social é ela mesma indissociável de sua instância cultural
(Eickelpasch, 1997). O que se verifica, e em intensidade crescente
desde o começo da segunda metade do século XX, é o processo de
hipersemiotização da realidade, estando a vida social cada vez mais
perpetrada por produtos simbólicos, através dos quais se estabelece a
relação entre sujeito e objeto. Neste sentido, não se trata mais de uma
experienciação real e concreta dos fatos, mas de um consumo de uma
determinada produção simbólica que se proponha a representá-los.
08
Sobre cultura em tempos de PM
• Legado crítico da Escola de Frankfurt:
• Distinção entre alta cultura e cultura de massa (Adorno).
• Cultura como espaço da transgressão, não submetida ao reino da necessidade
(Marcuse).
• Crítica da crítica: alta cultura associada a elitismo, possível caráter
emancipatório mesmo na cultura de massa, recusa da distinção entre
alta cultura e cultura de massa.
09
Sobre cultura em tempos de PM
“(...) a ênfase na linguagemdiscursosignificação frequentemente se
esquecem das bases sociais subjacentes, dos propósitos que os
motivam e de práticas discursivas modeladoras em dadas sociedades
em momentos específicos (Dunn, 1998:224)[tradução própria]”.
• Perspectiva crítica com vistas a uma mudança social (id., ibid.).
• Posição axiológica claramente expressa quando diante de um produto
cultural simbólico para um tratamento devidamente crítico,
possibilitado especialmente por uma perspectiva materialista.
10
Sobre cultura em tempos de PM
• Postura crítica diante do relativismo cultural:
“Transformadas em "culturas", as sociedades não podem mais ser avaliadas.
Elas são um conjunto de fatos, que podem ser descritos mas não julgados.
(...) Com a guinada culturalista, não há mais lugar para o eurocentrismo, e
abre-se um espaço para o grande igualitarismo dos antropólogos relativistas
e funcionalistas — todas as culturas são válidas, todas elas são
funcionalmente equivalentes —, mas o preço é o hiperempirismo, a adesão
maníaca ao mundo dos fatos, o grande interdito positivista com relação aos
juízos de valor (Rouanet, 1993:44)”.
• Se tudo é cultura, é preciso retomarmos outros conceitos (Eickelpasch, op.
cit.).
11
Sobre cultura em tempos de PM
• Relativismo cultural e a tradição marxista:
“A cultura pós-moderna avança resolutamente na via antiontológica e
resolve a irredutibilidade da vida social no plano simbólico – daí, por
exemplo, a negação da efetividade do trabalho e da realidade das
classes sociais, deslocadas para o espectro da comunicação e das
representações e identidades culturais (Netto, 2008:130)”.
12
Por uma perspectiva materialista
• Tradição marxista
• Teoria crítica
• Enfoque tripartido de Thompson (2002): produção e transmissão,
construção e recepção.
• Estudos do Discurso, especialmente a Análise Crítica do Discurso.
13
Comentários finais
“(...) enquanto não houver uma consciência, mesmo vaga, da
omnipresença da cultura na nossa sociedade, dificilmente se poderão
elaborar concepções realistas da natureza e da função da praxis política
nos nossos dias (Jameson, 1980:33)”.
14
Comentários finais 15
Referências Bibliográficas
• CASTORIADIS, Cornelius. As encruzilhadas do labirinto, III: o mundo fragmentado. Tradução de Rosa Maria Boaventura. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2006.
• DELANTY, G. Modernity and postmodernity: knowledge, power and the self. London ; Thousand Oaks: SAGE Publications, 2000.
• DUNN, R. G. Identity crises: a social critique of postmodernity. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1998.
• EICKELPASCH, Rolf. “Kultur” statt “Gesellschaft”?. In: RADEMACHER, Claudia & SCHWEPENHÄUSER, Gerhard. Postmoderne kultur? soziologische
und philosophische perspektiven. Wiesbaden: VS Verlag für Sozialwissenschaften, 1997.
• HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Pós-modernismo e política. Rio de Janeiro: Rocco, 1992.
• MARXISM vs Post-Modernism. Publicado em http://www.workerspower.net/marxism-vs-post-modernism. Acesso em 13 de julho de 2015.
• NETTO, José Paulo. Universidade, caldo de cultura pós-moderno e a categoria de hegemonia. In: COUTINHO, Eduardo Granja (org.). Comunicação e
contra-hegemonia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008.
• POLAN, Dana. O pós-modernismo e a análise cultural na atualidade. In: KAPLAN, E. A. O mal-estar no pos-modernismo teorias e praticas. Rio de
Janeiro: J. Zahar, 1993.
• ROUANET, Sergio Paulo. As razões do iluminismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
• __________________. Mal estar na modernidade. Ensaios. Companhia das Letras, 1993.
• SANTOS, Jair Ferreira dos. O que é pós-moderno. São Paulo (SP): Brasiliense, 2008.
• SOKAL, Alan & BRICMONT, Jean. Fashionable nonsense: postmodern intellectuals’ abuse of science. New York: Picador USA, 1998.
• THOMPSON, John Brookshire. Ideología y cultura moderna – teoría crítica social en la era de la comunicación de masas. México, D.F: Universidad
Autónoma Metropolitana, Unidad Xochimilco, División de Ciencias Sociales y Humanidades, 2006.
Obrigado!
Marx e o Marxismo 2015: Insurreições, passado e presente (UFF)

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Breves comentários críticos sobre o conceito de cultura em tempos de Pós-Modernismo

  • 1. Breves comentários críticos sobre cultura em tempos de Pós-Modernismo Vítor Vieira Ferreira (UFRJ) Marx e o Marxismo 2015: Insurreições, passado e presente (UFF)
  • 2. Por um debate sobre o PM (...) o ponto de partida para a reflexão aqui desenvolvida diz respeito a uma inquietação diante de uma aceitação tácita – seja ela deliberadamente fundamentada ou tão somente o resultado de uma ausência de contraposições previamente apresentadas – de um conjunto de ideias que na contemporaneidade é assimilado quase que de modo automático nas áreas das humanidades. Ideias estas que, por sua vez, não somente influenciam em grande medida a produção intelectual desenvolvida nestas áreas, como também acabam reverberando de modo igualmente expressivo nas práticas políticas. 01
  • 3. Por um debate sobre o PM • Falar de PM é situar-se na contemporaneidade. • “(...) [s]e há um ‘zeitgeist’ moderno – um espírito da época que penetra a cultura, o pensamento acadêmico e a política – ele pode ser encontrado nas ideias agrupadas sob a bandeira do pós- modernismo [tradução própria] (Marxism, 2013)”. 02
  • 4. Sobre a modernidade • Projeto civilizatório: universalidade, individualidade, autonomia (Rouanet, 1993). • Crença na ciência e no progresso. • Noção de futuro como produto da modernidade (Koselleck, 2006). • Ilustração projeto Iluminista 03
  • 5. Sobre a modernidade “A Ilustração foi, apesar de tudo, a proposta mais generosa de emancipação jamais oferecida ao gênero humano. Ela acenou ao homem com a possibilidade de construir racionalmente o seu destino, livre da tirania e da superstição. Propôs ideais de paz e tolerância, que até hoje não se realizaram. Mostrou o caminho para que nos libertássemos do reino da necessidade, através do desenvolvimento das forças produtivas. Seu ideal de ciência era o de um saber posto a serviço do homem, e não o de um saber cego, seguindo uma lógica desvinculada de fins humanos (Rouanet, 1987:27)”. 04
  • 6. Sobre o PM • PM como sintomaefeitocrítica da modernidade. • Pós-Modernismo versus pós-modernidade – caberia falar nesta? • PM como um corpo heterogêneo de ideias. 05
  • 7. Sobre o PM em suas diversas esferas • Artes: perda da negatividade crítica da obra de arte (Hollanda, 1992), de seu caráter autônomo diante da onipresença da forma de mercadoria (Jameson, 1980). • Política: desapontamento político e esgotamento de conceitos e ideologias que anteriormente apresentavam algum norte político; atomização das lutas políticas (Delanty, 2000; Wolkmer, 2003; Santos, 2008). • Ciências: rejeição da ideia de uma razão uniforme e universal (Castoriadis, 2006); rejeição da tradição racionalista do Iluminismo, ciência como uma construção social ou uma narrativa tão válida quanto qualquer outra (Sokal & Bricmont, 1998). • Filosofia: incredulidade quanto às grandes narrativas (Lyotard, 1979), intelectualidade francesa pós-estruturalismo, virada linguística. 06
  • 8. Sobre cultura em tempos de PM “Mais do que nunca, o campo da consciência cotidiana vai-se transformando num campo cujas significações são indistinguíveis das imagens, espetáculos e mensagens que circulam pelos meios de comunicação e pela cultura de massa. Só nos é possível desenvolver uma teoria e uma prática da materialidade de nosso mundo se examinarmos detidamente os modos como o capital cultural torna-se uma parte central dessa materialidade (Polan, 1998:64)”. 07
  • 9. Sobre cultura em tempos de PM A cultura não mais é um componente indispensável à vida social, mas a vida social é ela mesma indissociável de sua instância cultural (Eickelpasch, 1997). O que se verifica, e em intensidade crescente desde o começo da segunda metade do século XX, é o processo de hipersemiotização da realidade, estando a vida social cada vez mais perpetrada por produtos simbólicos, através dos quais se estabelece a relação entre sujeito e objeto. Neste sentido, não se trata mais de uma experienciação real e concreta dos fatos, mas de um consumo de uma determinada produção simbólica que se proponha a representá-los. 08
  • 10. Sobre cultura em tempos de PM • Legado crítico da Escola de Frankfurt: • Distinção entre alta cultura e cultura de massa (Adorno). • Cultura como espaço da transgressão, não submetida ao reino da necessidade (Marcuse). • Crítica da crítica: alta cultura associada a elitismo, possível caráter emancipatório mesmo na cultura de massa, recusa da distinção entre alta cultura e cultura de massa. 09
  • 11. Sobre cultura em tempos de PM “(...) a ênfase na linguagemdiscursosignificação frequentemente se esquecem das bases sociais subjacentes, dos propósitos que os motivam e de práticas discursivas modeladoras em dadas sociedades em momentos específicos (Dunn, 1998:224)[tradução própria]”. • Perspectiva crítica com vistas a uma mudança social (id., ibid.). • Posição axiológica claramente expressa quando diante de um produto cultural simbólico para um tratamento devidamente crítico, possibilitado especialmente por uma perspectiva materialista. 10
  • 12. Sobre cultura em tempos de PM • Postura crítica diante do relativismo cultural: “Transformadas em "culturas", as sociedades não podem mais ser avaliadas. Elas são um conjunto de fatos, que podem ser descritos mas não julgados. (...) Com a guinada culturalista, não há mais lugar para o eurocentrismo, e abre-se um espaço para o grande igualitarismo dos antropólogos relativistas e funcionalistas — todas as culturas são válidas, todas elas são funcionalmente equivalentes —, mas o preço é o hiperempirismo, a adesão maníaca ao mundo dos fatos, o grande interdito positivista com relação aos juízos de valor (Rouanet, 1993:44)”. • Se tudo é cultura, é preciso retomarmos outros conceitos (Eickelpasch, op. cit.). 11
  • 13. Sobre cultura em tempos de PM • Relativismo cultural e a tradição marxista: “A cultura pós-moderna avança resolutamente na via antiontológica e resolve a irredutibilidade da vida social no plano simbólico – daí, por exemplo, a negação da efetividade do trabalho e da realidade das classes sociais, deslocadas para o espectro da comunicação e das representações e identidades culturais (Netto, 2008:130)”. 12
  • 14. Por uma perspectiva materialista • Tradição marxista • Teoria crítica • Enfoque tripartido de Thompson (2002): produção e transmissão, construção e recepção. • Estudos do Discurso, especialmente a Análise Crítica do Discurso. 13
  • 15. Comentários finais “(...) enquanto não houver uma consciência, mesmo vaga, da omnipresença da cultura na nossa sociedade, dificilmente se poderão elaborar concepções realistas da natureza e da função da praxis política nos nossos dias (Jameson, 1980:33)”. 14
  • 17. Referências Bibliográficas • CASTORIADIS, Cornelius. As encruzilhadas do labirinto, III: o mundo fragmentado. Tradução de Rosa Maria Boaventura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006. • DELANTY, G. Modernity and postmodernity: knowledge, power and the self. London ; Thousand Oaks: SAGE Publications, 2000. • DUNN, R. G. Identity crises: a social critique of postmodernity. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1998. • EICKELPASCH, Rolf. “Kultur” statt “Gesellschaft”?. In: RADEMACHER, Claudia & SCHWEPENHÄUSER, Gerhard. Postmoderne kultur? soziologische und philosophische perspektiven. Wiesbaden: VS Verlag für Sozialwissenschaften, 1997. • HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Pós-modernismo e política. Rio de Janeiro: Rocco, 1992. • MARXISM vs Post-Modernism. Publicado em http://www.workerspower.net/marxism-vs-post-modernism. Acesso em 13 de julho de 2015. • NETTO, José Paulo. Universidade, caldo de cultura pós-moderno e a categoria de hegemonia. In: COUTINHO, Eduardo Granja (org.). Comunicação e contra-hegemonia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008. • POLAN, Dana. O pós-modernismo e a análise cultural na atualidade. In: KAPLAN, E. A. O mal-estar no pos-modernismo teorias e praticas. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1993. • ROUANET, Sergio Paulo. As razões do iluminismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. • __________________. Mal estar na modernidade. Ensaios. Companhia das Letras, 1993. • SANTOS, Jair Ferreira dos. O que é pós-moderno. São Paulo (SP): Brasiliense, 2008. • SOKAL, Alan & BRICMONT, Jean. Fashionable nonsense: postmodern intellectuals’ abuse of science. New York: Picador USA, 1998. • THOMPSON, John Brookshire. Ideología y cultura moderna – teoría crítica social en la era de la comunicación de masas. México, D.F: Universidad Autónoma Metropolitana, Unidad Xochimilco, División de Ciencias Sociales y Humanidades, 2006.
  • 18. Obrigado! Marx e o Marxismo 2015: Insurreições, passado e presente (UFF)