2. INVARIANTES ESTRUTURAIS DO JOGO
O Jogo de Futebol é constituído por uma
estrutura que possui um conjunto de
invariantes. Estas invariantes apresentam uma
relação interna e externa, ou seja, quando uma
é modificada altera todas as outras e
consequentemente altera a estrutura do jogo.
As Invariantes estruturais do Jogo são :
O Número
O Espaço
O Tempo
3. O NÚMERO
Para lá dos sistemas de jogo, existe uma invariante dinâmica
que orienta a evolução táctica dos desportos colectivos, é a lei
do número;
Representa estar em superioridade numérica;
Factor numérico como elemento indispensável para a vitória;
Torna-se importante assegurar supremacia numérica nas
situações decisivas do jogo;
4. O NÚMERO
Que se consegue através de uma judiciosa e sistemática
utilização dos jogadores;
Esta superioridade numérica terá que ser observada nas
zonas centrais do jogo (onde está a bola, ou para onde será
dirigida);
Estabelecem os princípios gerais do jogo;
Teodorescu (1984), diz que esta superioridade numérica, é
consubstanciada por combinações tácticas que procuram
criar condições mais favoráveis para finalização e para
manter a posse de bola;
5. O NÚMERO
Este elemento é um entre outros na criação das condições mais
favoráveis à resolução das situações tácticas do jogo;
O número consubstancia o aumento da iniciativa – surpresa do
ataque, ou a diminuição de parte desta iniciativa pela defesa;
Possibilidade de haver sempre disponibilidade de um ou vários
elementos facilitarem a resposta táctica adaptada à situação;
O futebol actual procura constantemente a superioridade
numérica, mas a sua importância depende também do contexto
de espaço e de tempo;
6. O ESPAÇO
Qualquer prova desportiva evolui no interior de um campo
fechado;
As combinações espaciais implicam um número infinito de
possibilidades;
Teissie (1970) sublinha “zonas de terreno significativas e
interligadas” em função da utilização da dimensão
regulamentar do espaço de jogo que estabelece a forma, as
dimensões e igualmente as limitações do seu uso;
7. O ESPAÇO
A distribuição do espaço por jogador, varia entre 300 a 340
metros quadrados. Isto determina a compreensão clara e
objectiva da importância dos comportamentos técnico-
tácticos a empreender nos diferentes espaços vitais do
jogo.
Cada jogador encontra-se confrontado com espaços dinâmicos
que se modificam pelo deslocamento dos jogadores em função
do desenvolvimento do jogo, indo condicionar o seu
posicionamento e a sua situação para poder actuar. Podemos
distinguir numa primeira análise 4 sectores do terreno de jogo :
espaços de grande segurança e de responsabilidade
individual e colectiva, procurando não criar situações
perigosas para a sua baliza;
8. O ESPAÇO
espaços onde subsiste um certo equilíbrio entre a
segurança e o risco, onde se procura manter a
estabilidade e a organização da sua própria equipa, não se
descurando a possibilidade de desequilibrar a organização da
equipa adversária;
espaços onde subsiste um certo equilíbrio entre o risco
e a segurança, onde se procura desequilibrar a
organização da equipa adversária, sem descurar a
estabilidade da sua organização;
um espaço de risco onde se culminam as grandes
combinações tácticas visando a concretização eficaz da
acção ofensiva;
9. O ESPAÇO
Kacani (1981) para além de sublinhar que a universalidade é
uma exigência do futebol actual, procura estabelecer uma
preparação técnico-táctica dos jogadores segundo a sua
posição no terreno de jogo;
Refere então a necessidade de potencializar as
capacidades individuais, através do ponto referencial – o
espaço de jogo;
Posteriormente estabelece:
várias zonas de jogo :
zona defensiva (ZD)
zona preparatória (ZP)
zona ofensiva (ZO)
10. O ESPAÇO
três corredores de jogo :
corredor esquerdo (A)
corredor central (B)
corredor direito (C)
evidencia espaços :
para preparar ataque;
para preparar defesa;
o espaço perigoso para a própria baliza;
o espaço favorável para rematar à baliza adversária; e
os espaços favoráveis para centrar.
11. O ESPAÇO
O cumprimento integral dos objectivos do ataque só poderão
ser objectivados pela criação e exploração dos espaços de
jogo. Poderão ser criados sobre a seguinte forma:
individualmente com acções 1x1;
colectivamente através da coordenação e coerência dos
movimentos da equipa;
por erros defensivos.
A eficiência das acções ofensivas e defensivas
(individuais e colectivas), depende largamente da
selecção e deslocamento dos jogadores para os espaços
de jogo correctos;
12. O ESPAÇO
No futebol actual o problema do espaço é fundamental na
resposta à variabilidade das situações momentâneas de jogo
(em ataque e defesa);
Com a posse de bola , a eficiência das acções para prosseguir o
objectivo ofensivo passa pela criação e exploração dos
espaços livres;
Sem posse de bola, a eficiência das acções para prosseguir o
objectivo defensivo passa por restringir e vigiar os espaços
vitais de jogo.
13. O TEMPO
Todas as situações de jogo (construídas através das acções
técnico-tácticas), desenvolvem-se numa estrutura temporal
que consubstanciam, um ritmo, um tempo, uma orientação,
que por si estabelece um sentido;
A acção técnica está inteiramente imergida no tempo, dado que
estrategicamente utiliza variações de velocidade de
execução em função do contexto;
A resolução eficaz tem a ver com dois parâmetros (Mahlo,
1966):
– a velocidade com que se encontra a solução do problema;
– a adequação dessa solução a essa mesma situação;
14. O TEMPO
A rapidez e a adequação interagem em sentidos
diversos, assim a solução é tanto mais adequada, quanto mais
tempo se poder reflectir sobre ela;
Considerando o tempo que o jogador tem para resolver, logo se
conclui não poder a solução ser correcta em absoluto;
É o grau de adequação de cada uma das acções que
caracteriza o nível táctico da equipa e do jogador;
Quanto mais tempo tem o jogador para percepcionar,
analisar e executar a acção, mais será adequada e adaptada
a solução;
15. O TEMPO
Noutra dimensão verificamos que o tempo e o espaço são
interdependentes. Quanto mais temos de um, mais temos do
outro;
Ficar livre para jogar é uma tarefa organizada de todos os
jogadores e não uma tarefa puramente individual;
A situação mais favorável para o ataque é aquela em
que a bola e o jogador chegam simultaneamente a um
espaço livre, para se poder tirar vantagem da criação e
exploração do espaço de jogo;
16. O TEMPO
Queiroz (1983) refere que o rendimento do jogador está
directamente relacionado pelo factor tempo e pelo espaço,
ou seja a sua eficácia técnica depende de um complexo de
variáveis técnico-tácticas desenvolvidas em jogo que possam ou
não perturbar o jogador quando se o pressiona de tempo e
se o priva de espaço;
Surge a noção de ritmo, que consiste no maior ou menor
número de acções individuais e colectivas, na velocidade
de execução destas, e nas zonas do terreno de jogo em que
estas se desenvolvem na unidade de tempo;
17. NÚMERO / ESPAÇO / TEMPO
Em qualquer situação de jogo observa-se a conjugação
constante do número, do espaço e do tempo, que
reflectem intrinsecamente uma certa complexidade;
Esta complexidade da situação de jogo representa
assim, as condições de execução técnico-táctica com e
sem bola (no ataque e na defesa);
As condições de execução encerram um conjunto de
condicionantes que irão fundamentar as razões da
opção (mais adaptada à situação);
18. NÚMERO / ESPAÇO / TEMPO
Embora estabelecendo, pragmatizando e distribuindo as
tarefas tácticas entre os vários jogadores, uma equipa
de futebol deverá exprimir a existência de um
compromisso implícito e explícito entre os jogadores de
forma a pré-estabelecer e a concretizar um mesmo
objectivo.