O documento descreve o processo de autoavaliação de uma biblioteca escolar utilizando o Modelo de Autoavaliação de Bibliotecas Escolares. A biblioteca realizou uma autoavaliação no domínio B e identificou que os professores tinham baixa adesão. No ano seguinte, preparou-se para avaliar o domínio A e os professores mostraram mais vontade de colaborar com a biblioteca. A aplicação do modelo ajudou a melhorar a participação da escola e dos professores na biblioteca.
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Tarefa:
Biblioteca Escolar/Escola
Para muitos, o Modelo e a sua aplicação é mais um processo burocrático que retira tempo
de trabalho ao professor/ bibliotecário/ equipa.
Para outros, pensar a biblioteca escolar perspectivando-a no contexto do trabalho da
escola, dos seus projectos e objectivos educativo e curricular é ainda um cenário de difícil
concretização.
No entanto, se nos centrarmos nesta transcrição de um relato de um professor
bibliotecário que transcrevemos abaixo, verificamos que o tempo gasto na implementação
do processo de auto-avaliação serviu, neste caso, para consciencializar a escola e os
professores de que as coisas não estavam bem ao nível da sua participação e atitude em
relação à BE e contribuiu para a mudança...
No ano lectivo de 2009-2010 aplicámos pela primeira vez o modelo de auto-avaliação e
escolhemos o domínio B. Sentindo que esse era o nosso ponto forte, queríamos saber até
que ponto o era.
O resultado não nos surpreendeu: tínhamos nível 4 em todos os itens, com níveis de
adesão superiores a 80% em tudo excepto no item que diz respeito aos professores, onde
o índice de adesão destes se encontrava ligeiramente abaixo dos 50%, correspondentes a
um nível 2.
Neste ano lectivo preparamo-nos para avaliar precisamente o domínio A e muitos
professores “despertaram” perante os resultados do ano passado e mostram vontade de
articular a sua prática lectiva com a BE.
Recorra ao Modelo e ao texto da sessão e elenque os factores implicados no sucesso da
BE na sua relação com a escola em cada um dos níveis elencados abaixo:
Níveis de articulação da BE com a Escola:
Papel do
órgão
directivo e
dos órgãos
de gestão e
planificação
intermédios
da escola.
Acompanhar a implementação do Modelo de auto-avaliação das BE,
envolvendo os diferentes intervenientes no processo.
Mobilizar a Escola para as mais-valias e para o impacto da BE na
formação dos alunos e nas práticas de ensino/ aprendizagem.
Apoiar e valorizar o trabalho do PB.
Promover a valorização e a integração da BE nos objectivos estratégicos
e de aprendizagem da Escola.
Reunir com o PB para discutir e definir os objectivos e a missão da BE.
Promover a integração da BE nos documentos orientadores e
reguladores da vida na Escola e nos projectos e planos operacionais do
seu funcionamento.
Sensibilizar os docentes para a participação em acções de formação
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sobre a BE.
Garantir a existência de equipamento em condições e a adequação dos
fundos documentais de cada biblioteca às necessidades dos utilizadores.
Integrar o PB na Equipa PTE, de acordo com a legislação em vigor.
Garantir a afectação de recursos humanos que trabalhem em equipa
com o PB: ouvir o PB na constituição da Equipa da BE de forma que esta
seja coesa e motivada; incluir na Equipa da BE elementos provenientes
de áreas disciplinares variadas ou com formações diferenciadas e a
presença de um elemento da área das TIC; aumentar a carga horária da
Equipa da BE de forma a permitir a abertura da BE durante todo o
horário lectivo.
Distribuir o horário da Equipa da BE de modo a assegurar o mais
possível a presença permanente de um elemento da Equipa na BE.
Não permitir que o espaço BE seja utilizado indevidamente,
nomeadamente com reuniões de EE, sala de castigo para alunos
expulsos das aulas e aulas de substituição sem qualquer plano de aula.
Reconhecer a BE como um espaço de aprendizagem por excelência.
Implementar junto dos Departamentos Curriculares a ideia da
importância de cada docente conhecer o fundo documental existente na
sua área para poder sugerir novas aquisições.
Promover a ligação entre a “oferta de serviços” da BE e os objectivos
programáticos e curriculares.
Envolverem-se desde o primeiro momento no processo e aglutinarem
vontades e acções, de acordo com o poder que a suas posições lhes
conferem.
Trabalho da
biblioteca
escolar
dirigido à
escola e aos
utilizadores
(professores,
alunos, pais)
Apresentar e explicitar o MAABE: consciencializar sobre a sua utilidade
para a melhoria contínua e para a consecução dos objectivos da Escola;
consciencializar para a necessidade da envolvência de todos: órgãos de
gestão e decisão pedagógica, professores, alunos e pais; apresentar a
metodologia a seguir; informar sobre a estrutura do modelo; aplicar os
instrumentos de recolha de evidências; informar sobre a prática diária da
BE.
Apresentar aos docentes sugestões de trabalho conjunto em torno do
tratamento de diferentes unidades de ensino ou temas.
Envolver os alunos na vida da BE, criando um grupo de monitores ou
“amigos” da biblioteca.
Produzir instrumentos de apoio para docentes e alunos.
Utilizar a Web e outras fontes de informação na prospecção e
identificação de materiais do interesse dos jovens e dos adultos.
Alargar o horário de abertura da BE fazendo-o coincidir com a
permanência dos alunos na Escola.
Direccionar projectos e actividades a novos públicos que emergem da
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reestruturação curricular ou de mudanças no sistema educativo (CEF,
EFA, CNO, outros).
Promover o trabalho articulado e uma colaboração activa com
departamentos e docentes através da concepção/participação em
programas/projectos relacionados com a leitura.
Desenvolver uma acção sistemática na promoção de obras literárias ou
de divulgação, na realização de exposições, de debates, na criação de
grupos de leitura, colóquios/ seminários sobre a leitura, a literacia e o
papel da BE.
Promover o diálogo com os docentes no sentido de garantir um esforço
conjunto para que o desenvolvimento de competências de estudo e
investigação seja adequadamente inserido nos diferentes currículos e
actividades.
Dialogar com os alunos com vista à identificação de interesses e
necessidades no campo da leitura e da literacia.
Encorajar a participação dos alunos em actividades livres no âmbito da
leitura: clubes de leitura, fóruns de discussão, jornais, blogues, outros.
Aproveitar ocasiões como o Natal e feiras do livro para trazer os pais e
EE à BE.
Elaborar com os pais e EE um programa de promoção da leitura
envolvendo as famílias.
Criar com a ajuda dos pais e EE, dos docentes e não docentes da
Escola uma comunidade de leitores que aproxime os pais e a Escola e
promova a troca de experiências de leitura.
Organizar cursos/workshops para os pais e alargar as potencialidades de
uso da BE como centros de recursos da localidade, visto não existir uma
BM.
Introduzir uma política orientada para o ensino sistemático e em contexto
curricular de competências de informação.
Planear antecipadamente com os docentes o trabalho de pesquisa a
realizar na BE.
Organizar com os directores de turma e os docentes titulares das turmas
um calendário de sessões de formação de utilizadores com as
respectivas turmas.
Melhorar a difusão das actividades e iniciativas da BE: criação de acções
de marketing.
Divulgar os recursos e serviços da BE nas reuniões dos diferentes
Departamentos.
Atrair novos utilizadores através das ferramentas WEB 2.0.
Construir documentos digitais com vista à criação de um banco de dados
digitais.
Promover a recolha de evidências no que diz respeito à utilização da BE
e sua importância na construção dos saberes e competências dos alunos
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e divulgá-las junto da comunidade escolar.
Promover exposições e encontros, divulgar trabalhos, envolver os pais e
EE.
Melhorar a comunicação entre a BE e os docentes das ACND no sentido
de facilitar a actualização e adequação dos recursos às suas
necessidades.
Apresentar aos docentes das ACND propostas e sugestões de trabalho.
Organizar acções informais de formação sobre a BE junto dos docentes
das ACND.
Motivar os Professores para utilizarem mais os recursos da BE.
Fidelizar a utilização da BE junto da comunidade escolar e educativa.
Demonstrar a imprescindibilidade da BE.
Integração da
BE nos
Planos e
projectos em
desenvolvim
ento na
escola
Incluir a BE no Regulamento Interno, Projecto Educativo, Projecto
Curricular da Escola e de Turmas.
Promover a articulação das actividades da biblioteca com os objectivos
do projecto educativo, do projecto curricular de Escola e dos projectos
curriculares de turma.
Trabalhar com alunos, professores, comunidade educativa e parceiros
externos na implementação de projectos e no desenvolvimento de
actividades culturais que apoiem a Escola e as literacias dos alunos nos
diferentes domínios.
Apoiar actividades livres, extracurriculares e de enriquecimento curricular
incluídas no plano de actividades ou projecto educativo da Escola.
Colaborar com os departamentos curriculares para conhecer os
diferentes currículos, programas e orientações curriculares, visando
integrar-se nas suas planificações.
Estabelecer uma relação directa com a missão da Escola e um trabalho
contínuo com professores e alunos, adequando o trabalho da BE aos
objectivos educativos e ao sucesso dos alunos.
Promover reuniões com os responsáveis pelos diferentes programas e
projectos e estudar formas de colaboração.
Articular, colaborar e comunicar em permanência na Escola e com outros
stakeholders.
Promover uma cultura de avaliação: inquirição constante acerca das
práticas que desenvolve e do impacto que essas práticas têm na Escola
e no sucesso educativo dos alunos.
Participação sistemática em concursos de leitura na escola e externos à
mesma. A BE tem que trabalhar em conjunto com a Escola e não apenas
disponibilizar serviços.
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Liderança do
professor
bibliotecário
Ter atitude e capacidade de intervenção face aos problemas
identificados.
Reconhecer a oportunidade e ter sentido de agenda na abordagem dos
problemas e na apresentação de propostas e estratégias junto da
Direcção.
Desenvolver estratégias de gestão e de integração da BE na Escola e no
desenvolvimento curricular.
Desenvolver estratégias de gestão baseadas na recolha sistemática de
evidências – evidence based practice
Estabelecer redes de trabalho cooperativo, desenvolvendo projectos de
parceria com entidades locais.
Representar a BE no CP, nos termos do regulamento interno.
Promover o diálogo informal com os utilizadores da BE, incentivando-os
à leitura.
Manter um diálogo constante com a Direcção, partilhando dificuldades e
sucessos.
Ser proactivo e sugerir projectos e actividades junto do conselho
pedagógico, dos departamentos curriculares e docentes.
Elaborar um plano de marketing que acentue e reforce o valor da BE e
as possibilidades e as mais-valias que faculta.
Atribuir funções aos membros da Equipa.
Recorrer a diferentes meios e ambientes incluindo aqueles que faculta a
Web 2.0 para promover os recursos da BE e as actividades que realiza
(fóruns de discussão, newsletter, blogue, wiki colaborativo, outros).
Aprofundar a articulação com a equipa PTE para rentabilizar
equipamentos e possibilidades de trabalho.
Garantir a organização do espaço e assegurar a gestão funcional e
pedagógica dos recursos materiais afectos à biblioteca.
Inventariar as necessidades em termos de livros e outros recursos.
Fazer consultas aos departamentos curriculares e a docentes acerca dos
fundos documentais a adquirir.
Sugerir fontes de financiamento ao órgão de administração e gestão e
solicitar uma verba anual que reforce as áreas da colecção que
apresentem maiores carências.
Agir e ser líder, demonstrando o valor da BE através da demonstração
de evidências e da comunicação contínua com os diferentes actores e
stakeholders na escola.
Promover a recolha de evidências no que diz respeito à utilização da BE
e sua importância na construção dos saberes e competências dos alunos
e divulgá-las junto da comunidade escolar.
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Resultados
esperados
com a
aplicação do
Modelo.
Utilizar e divulgar, junto dos órgãos gestão, os resultados da auto-
avaliação como registos justificativos do investimento na melhoria das
condições da BE.
Aferir se a missão e os objectivos estabelecidos para a BE estão a ser
alcançados.
Identificar o impacto da BE aprendizagem dos alunos.
Aferir a eficácia dos serviços prestados, identificando sucessos e
insucessos.
Identificar práticas que têm sucesso.
Gerir as evidências recolhidas de forma a comunicar o valor da BE e
melhorar os pontos fracos identificados.
Integrar a aplicação do MAABE no processo de gestão. A avaliação da
BE deve estabelecer ligações com a avaliação da Escola. Do relatório de
avaliação da BE deve transitar uma síntese que venha a integrar o
relatório da mesma. A avaliação externa da escola pela Inspecção
poderá, assim, avaliar o impacto da BE, mencionando-a no relatório final.
Redefinir estratégias e planificações, a partir dos resultados da
avaliação.
Planificar e implementar as acções para a melhoria.
Apresentar informação acerca do perfil de desempenho da BE nos
domínios que, não sendo objecto de avaliação nesse ano lectivo,
testemunham o seu desempenho nas diferentes áreas de funcionamento
da BE.
Monitorizar o processo de implementação das acções para a melhoria.
Tomar decisões sobre práticas futuras.
Resultados
esperados
em termos do
processo de
planeamento.
Aumentar o conhecimento da estrutura do MAABE.
Solicitar junto dos órgãos de gestão a realização das intervenções
necessárias.
Discutir com os órgãos directivos o domínio a avaliar em cada ano
lectivo.
Conseguir o apoio da Direcção e de outros elementos para ampliar as
possibilidades existentes de difusão da informação.
Elaborar instrumentos de recolha de evidências, de acordo com essas
questões (questionários, grelhas de registo, grelhas de observação).
Preparar e implementar um plano de acção.
Identificar objectivos e metas a atingir.
Divulgar as evidências resultantes do processo de auto-avaliação da BE.
Comunicar os pontos fortes e fracos.
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Bibliografia
Modelo de Auto-Avaliação
Texto da sessão 3.
Scott, Elspeth (2002) “How good is your school library resource centre? An introduction to
performance measurement”. 68th IFLA Council and General Conference August.
<http://www.ifla.org/IV/ifla68/papers/028-097e.pdf> [14/10/2009]
McNicol, Sarah (2004) Incorporating library provision in school self-evaluation. Educational
Review, 56 (3), 287-296.
Johnson, Doug (2005) “Getting the Most from Your School Library Media Program”,
Principal. Jan/Feb 2005 <http://www.doug-johnson.com/dougwri/getting-the-most-from-
your-school-library-media-program-1.html> [14/10/2009]
A formanda: Virgínia Sousa