O documento analisa as principais tendências e direcionadores do agronegócio mundial, como o crescimento populacional e da urbanização, a melhoria na distribuição de renda e mudanças no padrão de consumo. Discutem-se também temas como bioenergia, sustentabilidade dos alimentos e volatilidade de preços. Há análises sobre a cadeia produtiva da carne bovina no Brasil e os principais sistemas de produção pecuária.
A evolução do açougue - Feed&Food jun/13 - Pag 3/3
II Beef Meeting: cadeia produtiva da carne bovina, por Dra. Maria Stella Saab
1.
2. Análise do macroambiente
Direcionadores do agronegócio mundial
2
AGRIBUSINESS
Crescimento da
população
Crescimento da
urbanização
Crescimento e
melhoria da
distribuição da
renda
Mudanças no
padrão de
consumo
Bioenergia
Sustentabilidade e
segurança dos
alimentos
Biotecnologia Volatilidade dos
preços
3. Crescimento populacional e urbanização
3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
2.5
3
3.6
4.4
5.3
6.1
6.8
9.3
Fonte: PNUD (2011) e ONU (2011).
Evolução do crescimento populacional
Em bilhões de pessoas
• Segundo as estimativas da ONU, no dia
31/10/2011 a população mundial chegou a
7 bilhões de pessoas.
32,8
36 39.1
43
46.7
51
0
10
20
30
40
50
60
1960 1970 1980 1990 2000 2010
Evolução da % da população mundial que
vive em áreas urbanas
Estados Unidos 82% Chile 89%
Nova Zelândia 87% Uruguai 87%
Argentina 92% China 45%
Brasil 87% Índia 30%
% da população que vive em áreas
urbanas:
*estimativa
4. Crescimento e melhoria
na distribuição da renda
4
8.2
6.2
6.66.6
4.9
4.1
3.7 3.9 4
3.3
1.8 22.2
2
1.5
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
2010 2011 2012
Ásia América do Sul
América Central América do Norte
Europa
Fonte: FMI (2011).
Países 1995 2009
Argentina 34,3% 33,7%
Brasil 47,1% 42,5%
Chile 44,8% 42,5%
China 46,8% 42,5%
Rússia 38,2% 33,5%
Uruguai 32% 32,9%
Evolução da porcentagem da renda
destinada aos 10% mais ricos de cada país
• Em média, 35% da renda do mundo fica concentrada
nas mãos de apenas 10% da população.
Perspectivas de crescimento do PIB mundial
por região
(em %)
5. 5 Fonte: FAO, How to Feed the World in 2050 (Relatório)
Progresso do Consumo Global de Alimentos
Outros
Raízes e
Tubérculos
Carnes
Açúcar
Oleaginosas
Outros Cereais
Trigo
Arroz
Legume
s
Ano
Kcal/pessoa/an
o
6. Fonte: Elaborado por
Markestrat a partir de FAO
6
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Cereais Raízes e
tubérculos
Feijões,
ervilhas,
lentilhas
Açúcar Oleaginosas e
derivados
Carnes Leite e
derivados
Kg/ano
1969/71 1979/81 1989/91 1999/01 2030 2050
9%
-10%
21% 150%
99%
33%
-21%
%representaocrescimentoestimado
entre 1969 a 2050
Estimativa do aumento do consumo de alimentos,
de acordo com categorias
8. Renda e consumo
Até uma renda de US$ 7/dia, qualquer aumento nos
vencimentos é despendido em produtos alimentícios;
De modo geral, quanto maior a renda, maior o
consumo de carnes. Mas o tipo de carne ingerida
varia. O aumento de rendimentos leva ao maior
consumo de produtos mais caros, como presunto e
cortes in natura, sobretudo a carne bovina de primeira.
Na mesma situação, a compra de linguiças e
mortadela diminui, da mesma forma que os cortes
bovinos de segunda e a carne de aves.
10. Mudanças no padrão de consumo
10Fonte: FAO (2011).
Renda
Alimentos
Grãos, raízes,
arroz, feijão
Carnes, lácteos,
açúcar, frutas,
vegetais
Sobrevivência
Suplementos,
alimentos
funcionais e
conveniência
Produtos
básicos
Qualidade,
variedade, alta
tecnologia
11. Evolução da ingestão de alimentos em
calorias
Fonte: Elaborado por Markestrat, a partir de OD Consulting,
2011.
1.928
2.093
2.296 2.269 2.239 2.242
2.432 2.418
287
319
406 454 577 643
650 695
2.215
2.412
2.702 2.723
2.816 2.885
3.082 3.113
-
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
1961 1970 1980 1990 1995 2000 2005 2007
Kcal/pessoa/dia
Prod.Or. Animal
Prod.Or. Vegetal
Total
78%
13%
87%
22%
12. Ambiente institucional: aparato legal, normas e regulamentos, selos e
certificados, aspectos culturais tradições, costumes.
Organização
Industrial
(Concorrência)
O conceito de sistemas agroindustriais
12Fonte: Zylbersztajn e Neves (2000) – PENSA/USP.
Agricultura Indústria AtacadoInsumos
T-1 T-2 T-3 T-4 T-5
Consumidor
Economia dos
Custos de Transação
(Transação)
Varejo
Ambiente organizacional: organizações públicas e privadas, universidades e
institutos de pesquisa, instituições financeiras, ONG’s, consultorias,
certificadoras e auditorias, sindicatos e associações setoriais.
13. Suplementos Minerais
US$ 1.307,3
Genética
US$ 1.313,9
Defensivos Agrícolas
US$ 1.084,2
Suplementos
Alimentares
US$ 553,3
Animais Totais Para
Abate
US$ 30.770,4 milhões
Animais Vivos
Exportados
US$ 658,7 milhões
Sanidade Animal
US$ 496,1
Vitaminas e Aditivos
US$ 23,1
Fertilizantes
US$ 332,4
Sementes Forrageiras
US$ 203,0
Calcário Agrícola
(Corretivo)
US$ 108,0
Óleo Diesel
US$ 3.757,2
INDÚSTRIA FRIGORÍFICA
US$ 42,0 bilhões
Curtume
C
O
N
S
U
M
I
D
O
R
F
I
N
A
L
Agentes Facilitadores (não compram e vendem, apenas prestam serviços) – US$ milhões
Indústria de
Alimentos e
Food Service
Arames e Mourões
US$ 1.684,2
Agentes Facilitadores
US$ 23,4 bilhões
Mercado Interno: 37,2
Mercado Externo: 4,8
US$ bilhões
Carne In Natura
US$ 35,8 bilhões
Mercado Interno: 31,9
Mercado Externo: 3,9
Outros Produtos
US$ 6,2 bilhões
Mercado Interno: 5,2
Mercado Externo: 0,9
Fonte: Elaborado por Markestrat e Scot Consultoria, 2011.
Tratores e
Implementos
US$ 527,9
Brincos
US$ 3,4
Filtros de Água
US$ 37,1
Gases Refrigerantes
US$ 41,4
Embalagens
US$ 804,3
Energia Elétrica
US$ 496,0
Peças e Equipamentos
Manutenção
US$ 151,1
Óleo Combustível
para Caldeira
US$ 83,2
Produtos Químicos
para Limpeza
US$ 41,9
EPIs
US$ 27,4
Óleos/Graxas
Lubrificantes
US$ 8,9
Couro
US$ 1.147,6
Miúdos e Glândulas
US$ 1.110,2
Carne Industrial
US$ 887,9
Mocotó, Bucho, Outros
US$ 741,5
Sebo
US$ 722,3
Preparações Alimentícias
US$ 498,2
Tripas
US$ 437,6
Subprodutos para
Industrialização
US$ 322,8
Farinha de Carne e Ossos
US$ 194,6
Bexiga
US$ 75,5
Farinha de Sangue
US$ 31,3
Trading
US$ 246,8 milhões
Carne: 163,2
Sub Produtos: 83,6
Varejo
US$ 42.883,3 milhões
Carne: 25.060,7
Sub Produtos: 1.601,5
Distribuidor/Atacado
US$ 14.493,8 milhões
Carne: 13.976,1
Sub Produtos: 517,8
Cosmético
Alimentícia
Rações
Farmacêutica
Outras Indústrias
Carne: 15.119,0
Sub Produtos: 928,8
Carne: 163,8
Sub Produtos: 9,5
Pequenos e Médios
Varejistas
Lojas Próprias dos
Frigoríficos
Grandes Redes
Varejistas
ANTES DAS FAZENDAS
US$ 11,4 bilhões
NAS FAZENDAS
US$ 31,4 bilhões
INSUMOS INDUSTRIAIS
US$ 1,7 bilhões
DISTRIBUIÇÃO
US$ 57,6 bilhões
US$ milhões
Boi Gordo
US$ 19.646,0
Vaca
US$ 7.162,3
Novilho (a)
US$ 3.953,5
Vitelo (a)
US$ 8,6
Distribuidor/Atacado/Trading Varejo
US$ 14.740,6 US$ 42.883,3US$ milhões
US$ milhões
US$ bilhões
US$ bilhões
US$ milhões
US$ milhões
US$ milhões
US$ milhões
Mercado externo
US$ 1.729,2 milhões
US$ milhões
Frete e Diesel Interno: 2.252,2 Crédito Rural: 17.100,6 Massa Salarial: 3.913,3 Rastreabilidade: 23,0
Transporte Exportação: 59,5 Impostos Agregados: 16.531,6 P&D: 23,1 Registro de Raça: 10,0
Rebanho Nacional (milhões de cabeças): 209,5 Capacidade de Abate (cabeças/dia): 198.731 Animais Abatidos (milhões de cabeças): 42,8
CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA
US$ 167,5 bilhões movimentados em 2010
14. Porcentagem de arrobas comercializadas no ano de 2010 divididas por categoria
animal
655 mil cabeças de bovinos vivos exportados
Vitelo
0,02% Novilho
12,92%
Boi Gordo
62,47%
Vaca
24,59%
BOVINOS VIVOS EXPORTADOS
Faturamento estimado em US$ 658,7 milhões
VENDAS DE ANIMAIS PARA ABATE
Fonte: Elaborado por
Markestrat a partir de Scot
Consultoria.
681 milhões de arrobas
Faturamento estimado em US$ 30,8 bilhões
15. Pastagens no Brasil
Boas práticas agrícolas
Fonte: PwC Agribusiness Research & Knowledge Center com base
nas entrevistas com especialistas do setor. 15
70%
30%
Total de pastagens no Brasil:
170 a 200 milhões de
hectares
Pastagens
cultivadas:
119 a 140
milhões ha
Pastagens
nativas:
51 a 60
milhões ha
A estimativa é de que 70% das
pastagens brasileiras estão
degradadas, sendo que 35%
apresentam um alto grau de
degradação.
A taxa de renovação anual gira em
torno de 5%. Em anos bons, esse
valor pode chegar a 10%.
16. Sistemas de produção
16
Existem basicamente 3 tipos de Sistema
de Produção possíveis na atividade de
pecuária bovina brasileira:
Fonte: Associação Brasileira de Criadores de Gado Pardo-Suíço (2011)
• Extensivo: criação a pasto à base de
capim
• Intensivo/ Confinamento: criação à
base de ração em pequenos espaços
• Semi-intensivo: criação a pasto com
alimentação complementar à base de
volumoso
18. Modelos de negócio
18
4 grandes grupos de produtores:
1. Pecuaristas de subsistência: processos
primitivos, operando com técnicas
tradicionais e em grande parte extrativistas
2. Pecuaristas de porte médio: semi-
tecnificados, são profissionais ou
empreendedores de outras áreas que
moram nas capitais. Não possuem nem
conhecimento, nem tempo para dar a
devida atenção à atividade
3. Pecuária empresarial de grande porte:
alto nível tecnológico, gerencial e comercial
4. Agricultores novos entrantes na
pecuária: procuram incorporar a engorda
de bovinos como estratégia de
diversificação e racionalização de suas
estruturas
Fonte: PwC Agribusiness Research and Knowledge Center.
1 milhão de pecuaristas,
50 cabeças, 25% do rebanho
brasileiro. Baixo preço e pouca
preocupação com qualidade.
200 mil pecuaristas altamente
diversificados
10 mil unidades, 3 mil cabeças
em média, 20% do rebanho
nacional
19. Consumo de carne – consumidores
diferentes
Grupo 1 - consumidores que querem simplesmente em
comer carne, seja qual for. Trata-se de um item que mal
começa a fazer parte de sua cesta de alimentos.
Grupo 2 - já ingerem a porção máxima diária de proteína
animal e se tornam mais exigentes em qualidade, maciez,
praticidade e outros atributos.
Grupo 3, 4, 5,... – Grupos interessados em produtos
orgânicos, com certificações tipo fair trade, sem trabalho
escravo, respeito ao meio ambiente, bem estar animal, etc,
etc, etc...
20. Falando de carnes: consequências
para os pecuaristas
Passam a ter mais opções, pois têm diferentes mercados
para atender:
Nelore/cruzados, em grandes quantidades, carne commodity,
pra mercados que pagam pouco e exigem pouco;
Produtos especiais que demandam idades ou raças
específicas, como novilhos precoces, raças europeias, etc.
As diferenças são muitas, não só no manejo, mas também
em genética, alimentação, custos de produção, preços de
venda, etc.
21. Consumo mundial de carne
bovina
Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de UNITED STATES (2011).
22. Percentual de participação dos países no
consumo mundial
Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de UNITED STATES
(2011).
Estados Unidos
21%
União Europeia
14%
Brasil
14%
China
10%
Argentina
4%
Rússia
4%
Índia
4%
México
3%
Paquistão
3%
Japão
2%
Canadá
2%
Outros
19%
23. Divisão em quantidades – países
desenvolvidos e em desenvolvimento
Países em desenvolvimento, que consumiam pouca carne, devem aumentar o volume
ingerido. Ao mesmo tempo, nos países desenvolvidos, a ingestão média já se aproxima do
limite. Nesse caso, o comprador paga mais pelo produto, e escolhe somente o que atende a
seus desejos.
Fonte: FAO, 2011.
*Estimativas.
24. Evolução da renda per capita e consumo de carnes
no Brasil
Fonte: Elaborado por Markestrat, a partir de OD Consulting, 2011.
US$ 441,00
US$ 1.931,00
US$ 3.087,00
US$ 3.696,00
US$ 4.743,00
US$ 7.197,00
US$ 8.628,00
US$ 8.251,00
US$ 10.710,00
30,49
41,05
49,44
79,13
87,5
91,42 93,17 93,4
100,9
0
20
40
60
80
100
120
US$ 0,00
US$ 2.000,00
US$ 4.000,00
US$ 6.000,00
US$ 8.000,00
US$ 10.000,00
US$ 12.000,00
1970 1980 1990 2000 2005 2007 2008 2009 2010
Kg/pessoa/ano
US$
Rendaper capita US$ CarnesTotal (Kg/pessoa/ano)
25. Consumo per capita de carnes no Brasil
(total de 100 kg/ano-2010)
Fonte: Elaborado por Markestrat, a partir de OD Consulting,
2011.
Frango 44,53Kg
44%
Suína 14,28Kg
14%
Bovina 39,3Kg
39%
Outras aves
2,0Kg
2%
Outras carnes
0,8Kg
1%
26. Substituição entre carnes
Até 2007, a carne bovina era a mais consumida no Brasil. Naquele ano,
foi ultrapassada pela de frango, e a situação persiste até hoje.
Motivos - diferenças nos preços e adaptação aos desejos dos
consumidores, sobretudo em termos de diversidade e conveniência.
A cadeia da carne de frango transferiu para o comprador final, sob a
forma de redução do preço, os ganhos obtidos em genética e tecnologia.
Ao mesmo tempo, cuidou de adaptar o produto final aos desejos do
consumidor, oferecendo produtos prontos, semielaborados,
diversificados, e de preparo mais fácil e rápido. Só recentemente tais
mudanças vem sendo promovidas pelas cadeias das carnes suína e
bovina.
Pressão sobre a produção de grãos - para produzir 1 kg de carne de
frango, são necessários 2 kg de ração. Os suínos consomem 4 kg de
ração por kg de carne produzida, e os bovinos, 8 kg. O consumo de
água também importa!
27. Na pecuária
Perceber-se que todos (indústria de ração/saúde animal,
pecuaristas, frigoríficos, varejistas) estão envolvidos em
uma cadeia/sistema agroindustrial, cujo elo principal é o
consumidor final, que faz toda a cadeia funcionar;
Esse consumidor é diferente e quer produtos cada vez mais
diferentes - deve ser atendido com sustentabilidade pra
que TODOS ganhem.
28. Em resumo:
Existem mercados diferentes, querendo produtos
diferentes, exigindo estratégias diferentes – o pecuarista
tem que fazer sua escolha;
Em qualquer mercado o termo sustentabilidade torna-se
cada vez mais importante para garantir mais que a
competitividade, a durabilidade do negócio.