Com a edição, direção e redação das acadêmicas do curso de jornalismo da FACITEC Daniele Ribeiro e Cesma Alves, nossa escola - CED 07 de Taguatinga - fez parte de um trabalho belíssimo de conclusão de curso. Ficamos gratos e desejamos sucesso às profissionais.
2. Índice
Capa
Com a combinação de teatro e educação, o coletivo 36Barra38 prepara jovens para o universo da atuação.
Editorial
Música
Crônica
Ilustração
Literatura
CAPA
Rayssa Carvalho, aluna do curso de teatro / Fotografia por Adriane Ribeiro
Estamos aqui na redação refletindo sobre o que é arte. Quer saber a conclusão? Espie só.
Confira entrevista com a banda Victor Não Gosta e veja o porquê você pode gostar deles.
A estudante Thayná Barbosa narra o conto de uma menina e de um cachorrinho que têm histórias bem parecidas.
Com apenas 15 anos, Lola está escrevendo
um livro. Saiba como ela começou esta empreitada e qual é a história que ela quer contar.
Veja desenhos produzidos por ex-aluno do 7 com a ajuda da computação gráfica.
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3. Coluna
Listas
Fotografia
Confira o trabalho fotográfico do estudante Emanoell Porto Nobre e conheça suas táticas para tirar fotos artísticas usando apenas o celular.
A aluna Karina Albuquerque opina sobre a “moda” do funk Ostentação.
Dez frases que expressam a opinião de
artistas sobre seu ofício.
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4. Editora e diretora responsável: Daniele Ribeiro
Redação: Daniele Ribeiro e Cesma Alves
Revisão: Eveline de Assis
Editor de arte: Daniel Rodrigues
Diagramação: Daniel Rodrigues
Fotografia: Adriane Ribeiro
Produção: Cesma Alves
Supervisão: Rodrigo Lins
Distribuição digital gratuita
artno7 — REVISTA CULTURAL DE TAGUATINGA
é uma publicação única feita exclusivamente para o Centro Educacional nº 7, Área Especial — Setor M Norte EQNM 36/38 Conjunto B — Taguatinga Norte, Brasília/DF, 72145-617
(61) 3901-8206
http://ced07taguatinga.blogspot.com.br/
5. editorial
Se Expresse!
O que é arte? O que é arte se não a materialização das expressões humanas?
Sim, arte, esta palavra usada de forma tão refinada tem um significado mui-to
simples: expressão. E quem de nós não se expressa? Todos nós exalamos
emoções o tempo todo. Exteriorizamos os nossos pensamentos e sentimen-tos,
defendemos nossas opiniões, enfatizamos o nosso ponto de vista...
Arte nada mais é que dizer a sua verdade. E a sua verdade pode ser a verdade
de outra pessoa, de um grupo de pessoas, de uma comunidade, de um país.
Por isso, se expresse! Cante, toque, pinte, escreva, atue, grave, desenhe,
fotografe. Arte é felicidade e é tristeza. Arte é o que te toca e conversa com
sua alma. Isso é arte: uma conversa de almas.
Nesta edição única de Artno7, vamos dar espaço para os artistas do Centro
Educacional nº 7 de Taguatinga Norte mostrarem seus trabalhos e vamos in-centivar
você, que quer ser um artista, mas pensa que isso é impossível, a
começar a expressar a sua verdade. Afinal, o próximo sucesso mundial pode
estar aí, na sua escola, e pode ser você.
Daniele Ribeiro
Editora e Diretora Responsável
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6. música
Do que o Victor Gosta?
A banda formada pelos amigos músicos e que começou
na escola só tem certeza de uma coisa: música é o
que eles gostam
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7. Os três amigos John Rocha (18), Victor Hugo Gomez Melo (18), e Victor Silva (19), formaram a banda Victor Não Gosta, há 10 meses.
O grupo surgiu para atender aos espetáculos do grupo de teatro da escola e, durante os intervalos dos ensaios teatrais, faziam sessões musicais misturando suas músicas preferidas. Quando se deram conta, já eram uma banda com nome, rotinas de ensaios e estilo musical definido... quer dizer, nem tanto.
Confira uma entrevista com os integrantes Victor Hugo, baterista e estudante do terceiro ano do ensino médio do 7, e Victor Silva, ex-aluno e guitarrista do trio, na qual eles falam sobre a cultura nas escolas, juventude, futuro musical e a mistura de estilos da banda.
•
Como vocês se conheceram?
Victor Silva: Eu e o Victor Hugo nos conhecemos há quatro anos, quando fazíamos o ensino fundamental, mas formamos essa banda quando entramos para a seleção do grupo de teatro da escola. Já o nosso baixista, John, caiu de paraquedas na banda. Ele não estudava na escola, mas veio para o mesmo processo de seleção do grupo de teatro. Como ele não pôde se manter no grupo, devido a sua agenda pessoal, um tempo depois chamamos ele para participar da banda.
Victor Silva (Guitarrista)
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8. •
Qual o estilo musical da banda? Quais são as suas influências?
Victor Silva: Somos influenciados por vários estilos musicais, Victor Hugo, o nosso baterista, traz referencias do heavy metal. O John, é influenciado pelo rock nacional dos anos 70. Já eu gosto dessa coisa mais jazz e MPB, mas podemos dizer que o que deu dessa mistura foi rock, um rock sem definição certa, mas é rock.
Nós trazemos influências de tudo na verdade, de blues ao funk, de bossa nova ao samba, nos ensaios, às vezes a gente começa uma música no samba e terminamos no heavy metal, nos divertimos muito.
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Como os alunos e os professores enxergam o fato de vocês terem uma banda que foi formada na escola?
Victor Hugo: Meus amigos da escola acham sensacional eu ter uma banda, eles também gostam de rock então eles acham divertido, eu sempre chamo eles para os ensaios da banda e para os shows. Os professores também acham interessante e gostam muito, na escola eu sou o único que vai fazer faculdade de música.
Victor Silva: A direção da escola é muito aberta para os projetos sociais e não é só focado para os alunos daqui, é aberto a comunidade, e agradecemos muito por ter esse espaço aqui.
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E você sentiu algum diferença nas suas atividades escolares depois que começou a ensaiar com a banda?
Victor Hugo: Senti muito efeito com relação à minha disciplina, na bateria você tem que ter muita disciplina com o instrumento, músico indisciplinado não vai pra frente, então eu apliquei essa disciplina também nos deveres de casa. A música facilita muito o entendimento das coisas, hoje eu vejo tudo com mais simplicidade. Na música, você entende todo o processo, tudo que está acontecendo e é mais fácil trazer isso pra sua vida de uma forma geral.
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Vocês acreditam que as escolas deveriam investir mais em atividades culturais como a música?
Victor Silva: Sim, com certeza. A mídia mostra assuntos que estão em evidência. As rádios tocam apenas um ou dois estilos de música, os estilos que estão mais estourados no momento, a TV também é limitada, então a escola tem esse espaço para educar os jovens e deve investir nisto sim.
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E como vocês se veem no futuro? Pretendem continuar a carreira musical?
Victor Hugo: Da forma que estou tocando agora, eu me tornei um músico de sessão. Eu me vejo gravando em estúdio, sendo um músico contratado por outros músicos para participar da
9. Victor Hugo (Baterista)
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gravação de um disco, fazer shows, etc. E eu já estou sendo chamado para fazer esses trabalhos.
Victor Silva: Minha profissão original é programador, mas nestes anos todos trabalhando com música, eu percebi que posso trabalhar com algo voltado pra produção ou até mesmo trabalhar com outras mídias como o rádio, podcasts e produções teatrais. O que tiver envolvimento com produção musical, eu quero fazer.
10. crônica
Maria Inês mora em um bairro pobre
e distante, sua vida não é fácil. A me-nina
vive em uma casa de dois cômo-dos,
com a mãe e os quatro irmãos,
sendo dois irmãos mais velhos do que
ela, e dois irmãos mais novos.
Um certo dia, andando pelas ruas de
seu bairro, ela achou um cachorro
abandonado. O bichinho estava feri-do
e faminto. Maria Inês ficou mui-to
triste, pois não poderia pegá-lo.
Por mais que quisesse, ela não teria
condições de cuidar do animal. A ga-rota
também não tinha mesa cheia
em casa, e nem uma cama quentinha
para dormir. Dividia um colchão com
seus dois irmão mais novos, enquanto
sua mãe e os outros irmãos dormiam
onde dava.
Ela, então, teve uma grande ideia.
Tirar várias fotos do cachorrinho e
dar informações sobre ele no Face-book,
com a esperança de alguém
querer adotá-lo. A menina recebeu
muitas curtidas, comentários e com-partilhamentos
na rede social, toda
a comoção foi bem além do que ela
esperava.
Foi aí que apareceu Cristina, sua ami-ga
de escola desde a primeira série.
A amiga tinha uma condição de vida
melhor e ficou muito impressionada
com a história do animal abandonado
e doente. Cristina resolveu adotá-lo.
Hoje, meses depois do acontecido, o
animal está saudável, feliz e com as
vacinas todas em dia. Tem todo o ca-rinho
e o amor de sua dona.
Maria Inês continua na mesma situ-ação
em que estava. Nada mudou
em sua casa. Ela ainda não tem uma
mesa farta, e ainda divide o colchão
com os irmãos mais novos na hora de
dormir. Sua mãe agora tem dois em-pregos,
para tentar melhorar a vida
da família, mas ela e os dois irmãos
mais velhos ainda dormem onde dá.
Mas tudo bem, o Facebook como uma
rede social que muitas vezes parece
não ter utilidade, pode despertar so-lidariedade
nas pessoas. Ajudou o ca-chorrinho
a ter casa e comida.
Quem sabe um dia não ajude a famí-lia
da Maria Inês também.
O cão e o Facebook
Por Thayná Barbosa
17 anos, aluna do primeiro ano
do ensino médio
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12. De
Viúva
a Russo
Aberto aos estudantes e jovens da comunidade, o Núcleo Permanente de Teatro,
36Barra38 é a “menina dos olhos” dos alunos e professores do 7. Saiba como surgiu
o grupo e conheça as estrelas do projeto
Há exatos três anos o professor e en-tusiasta
cultural Adalto Serra rece-beu
o convite dos gestores do 7 para
montar um grupo teatral na escola
que ensinasse aos alunos a arte da in-terpretação.
A atividade, que deveria
ser em horário contrário ao das aulas,
não estaria na grade curricular dos
estudantes, ou seja, não seria obri-gatória
e nem valeria nota. Se inscre-veriam
apenas os alunos interessados
em aprender e a montar peças. Sur-gia
assim o 36Barra38, coletivo ar-tístico
que é o maior orgulho do 7.
Desde que iniciou as atividades em
um teatro improvisado na escola, o
grupo já produziu três espetáculos:
Os Sete Gatinhos e Viúva, Porém
Honesta, obras do escritor e drama-turgo
Nelson Rodrigues — adaptadas
pelo diretor e professor Adalto — e
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13. Russo, drama musical baseado na
vida e obra do líder da banda Legião
Urbana, Renato Russo, escrito e diri-gido
pelo próprio educador.
E a intenção é continuar a todo o va-por.
O coletivo pretende melhorar a
estrutura do teatro para expandir as
apresentações ao maior número de
espectadores possíveis e investir em
divulgação dos espetáculos produ-zidos
por eles. Atualmente, o grupo
composto por 12 pessoas, entre alu-nos,
ex-alunos e jovens da comuni-dade,
abre inscrições para seleção
de novos integrantes todos os anos.
Então fique ligado no mural da esco-la
para saber quando será a próxima
seleção.
Futuros Astros
Estudante do segundo ano do ensino
médio, Matheus Melarva, 16 anos,
começou a se interessar por atuação
desde muito cedo. Influenciado pelos
artistas da TV, fez curso para repre-sentação
circense ainda na infância,
mas foi somente no ano passado que
o adolescente encontrou a oportu-nidade
que esperava. “Quando vi o
anúncio no mural da escola, chamei
todos os meus amigos para participa-rem.
Apesar da desistência deles, eu
fiquei porque gosto muito das aulas
e deste mundo do teatro”, comenta.
Tendo atuado em duas peças produ-zidas
pelo coletivo — Viúva, Porém
Honesta e Russo, o ator já consegue
se ver nos grandes palcos e até sabe
o gênero de atuação que quer seguir.
“Me identifiquei muito com a comé-dia,
o drama me deixa deprimido. Se
eu me dedicar ao teatro profissional,
pretendo ir para o rumo da comédia.
Me faz bem”, afirma.
De acordo com o jovem, é impor-tante
ter esse espaço para manifes-tações
artísticas nas escolas. “Assim
como os esportes são incentivados
nas escolas, o teatro também deve-ria
ser. Teatro e esporte deveriam ter
o mesmo espaço e o aluno ter a op-ção
de escolher qual atividade quer
fazer”, explica.
Além de atuar, o adolescente preten-de
fazer faculdade de Psicologia. A
certeza de que o teatro sempre esta-rá
presente em sua vida, é concreta.
“Eu nunca vou abandonar o teatro,
sempre irei assistir e fazer peças.
Quando for psicólogo, vou recomen-dar
para os meus pacientes que fa-çam
teatro. Se me ajudou, pode aju-dar
a qualquer pessoa”, finaliza.
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Matheus Melarva (Aluno) Acervo
pessoal
14. Um líder com visão
Companheira de palco de Matheus,
a adolescente Rayssa Carvalho, 16
anos, aluna do 7 e uma das estrelas
do espetáculo Russo, ingressou no
36Barra38 no começo de 2013. Para
a jovem, o curso só trouxe benefícios
para a vida pessoal e escolar. “Antes
de fazer teatro, eu era muito fecha-da.
Hoje sou muito mais espontânea.
Até para apresentar trabalhos na
sala, já não tenho mais aquela timi-dez.
Aprendi a me comunicar com as
pessoas”, conta.
A estudante acredita que este espaço
para as artes nas escolas é incenti-vador
e que pode mudar realidades.
“Muitos alunos procuram uma opor-tunidade
de fazer algo diferente,
além de ficarem em casa só fazendo
o dever de casa. Estudar é importan-te
mas as atividades culturais acres-centam
cultura à vida”, explica.
Aliás, a moça já tem planos para o
futuro profissional. “Eu pretendo
levar o teatro como profissão. Que-ro
fazer faculdade de artes cênicas.
Mas tenho consciência de que preciso
lutar muito para ter reconhecimento
como atriz”, destaca.
Em relação à importância dos jovens
terem proximidade com a arte, a
atriz é enfática: “Hoje em dia, os jo-vens
só gostam de festas e baladas.
Em uma peça de teatro, você tem
contato com suas emoções mais pro-fundas.
Isso não acontece em uma
festa. Por isso recomendo a todos
que venham ao teatro”, completa.
Formado em artes plásticas e artes
cênicas pela Universidade de Brasí-lia,
o ator, diretor e professor Adalto
Serra, 37 anos, está à frente do pro-jeto
de levar arte para escolas públi-cas
do Distrito Federal há seis anos.
Adepto do modelo de educação hori-zontal
— ensino em que o professor e
os alunos estejam no mesmo nível de
participação nas aulas, ele acredita
que essa é a forma de ensino do fu-turo.
“É assim que você conquista as
pessoas, você as faz se sentirem par-te
do processo. É muito chato para o
aluno que não sabe nem para que ele
está aqui”, ressalta.
Segundo o professor, as aulas de
teatro no coletivo são conduzidas
14
Rayssa Carvalho (Aluna)
15. 15
na maior parte do tempo na prática,
inserindo os princípios teóricos jun-tamente
com a elaboração das ati-vidades.
“Estudar teatro é produzir
teatro. Peça é para ser vista e para
ser feita. Não acho legal eu chegar
para eles e dar aulas sobre teorias do
teatro. A prática é muito melhor”,
acrescenta.
O líder do grupo também defende
um encaminhamento mais sensível
em relação ao ensino nas escolas.
“Depois de um tempo, você compre-ende
que o papel da escola é este,
formar um cidadão crítico, sensível e
que consiga dialogar com o mundo de
uma maneira mais humana. O teatro
é uma ferramenta muito poderosa
para não transformar a educação em
uma educação vazia”, complementa.
Acervo de figurino do grupo
Abertura da peça Russo
Ensaio da peça Russo
Adalto Serra (Professor) Acervo pes-soal
16. ilustração
Computação gráfica
também é arte
O ex-aluno do 7, César Fernandes
Azenha, desde pequeno adora de-senhar.
O estudante sempre utilizou
papel e lápis de cor como ferramen-tas
para expressar suas ideias.
Em 2009, mesmo ano em que se for-mou,
iniciou seus estudos nas dispi-clina
de computação gráfica. A partir
daí, o fascínio pelo desenho tomou
novas formas. Agora, ele desenha uti-lizando
o Adobe Illustrator, programa
de computador usado para desenhos
digitais.
Confira abaixo, os trabalhos produzi-dos
por meio dessa ferramenta mo-derna.
Holden Efijy (2011)
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18. literatura
A Menina que
Escreve Livros
A adolescente Lola encantou-se pelo mundo dos livros aos 8 anos. Aos 14
começou a escrever. Agora, ela se prepara para o maior desafio de sua vida
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19. Aos 15 anos de idade e com uma extensa lista de escritores preferidos — de Machado de Assis a Caio Fernando Abreu — a estudante Lorrayne Damasio, do segundo ano do ensino médio, decidiu colocar no papel toda sua inspiração literária e escrever o seu próprio romance.
Mas, não se engane. Lola, como é conhecida entre os amigos, não é uma novata na arte da escrita. A moça já produziu 25 trabalhos entre poemas, sonetos e contos. Para o seu primeiro livro, ela se inspira no escritor norte- americano de livros juvenis John Green — autor de títulos como A Culpa é das Estrelas e Cidades de Papel — e nos ensinamentos dele para jovens escritores por meio das redes sociais.
Com o título provisório de A Maldição das Famílias, a história tem tudo a ver com o universo em que a estudante vive: adolescência, escola, paixão, romance e rejeição. “A personagem principal chama-se Gabrielle, ela é descendente de nativos americanos, tem 17 anos e é bem popular na escola”, explica.
Mas, como toda boa trama, esta também é cheia de reviravoltas e mistérios. “Um dia, aparece um garoto britânico na escola, bem misterioso. Gabrielle tenta se aproximar, mas ele se afasta. Tem uma maldição envolvendo a família dos dois, só que ela não sabe ainda”, revela.
Na escola, a escritora encontra todo o apoio dos amigos e professores para aprimorar seu talento. “Quando estão apaixonadas, as minhas amigas logo me pedem para escrever poemas ou sonetos para os amados. Os professores também ajudam muito, revisando meus textos e dando toques”, acrescenta.
Fora da sala de aula, uma outra parte do colégio também tem sido fundamental para a garota desenvolver o livro. “A biblioteca é meu lugar preferido, é muito calma e tem um espaço ótimo. Sempre tem livros novos e eu já encontrei vários que serviram para minhas pesquisas e estudos”, comenta.
Para aqueles que querem começar a criar histórias, a escritora dá a dica: “Escrever é como abrir uma realidade fora a sua. Eu indico a todos, mesmo que não saibam escrever ou que não sejam fanáticos por livros como eu, que peguem uma folha e deixe fluir. Alguma coisa boa vai sair”, finaliza.
O livro A Maldição das Famílias, terá em torno de 450 páginas e está previsto para sair no final do ano que vem.
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20. fotografia
O click perfeito
É possível tirar fotos artísticas usando apenas o celular? Jovem
fotógrafo, aluno aqui do 7, prova que sim. E ele está no caminho certo
para se tornar um profissional de sucesso
O estudante do segundo ano do ensi-no
médio, Emanoell Porto Nobre, de
16 anos, começou a se interessar por
fotografia desde que viu uma câme-ra
digital jogada em casa e decidiu
fotografar tudo o que chamava aten-ção
em seu cotidiano, desde flores
que decoravam seu jardim a pessoas
caminhando nas ruas. Este interesse
em “congelar” a imagem foi crescen-do
a cada click e com a evolução da
qualidade das câmeras dos celulares,
levar um dispositivo fotográfico para
onde quer que fosse se tornou muito
mais prático e aprimorou o olhar do
jovem para a captura do momento
perfeito. Hoje, matriculado em um
curso de fotografia e com o olhar
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21. bem treinado, ele garante: não é preciso ter um equipamento profissional para conseguir um bom resultado nas fotos. Leia a entrevista com o estudante e confira alguns de seus trabalhos fotográficos.
•
O que você mais gosta de fotografar?
Gosto de fotografar tudo o que me chama atenção: pessoas, paisagens, flores e situações que somente eu mesmo irei entender.
•
Como você sabe que o momento que você está vivenciando é um momento perfeito para uma foto?
Eu sempre componho minhas fotos antes de tirá-las, na minha cabeça eu já imagino como a foto ficará, crio uma história, coloco as situações em um contexto que vá funcionar para ela, e geralmente dá certo. Às vezes o cenário já está feito pela própria natureza e eu só registro a imagem.
•
Você acredita que um equipamento profissional influência na qualidade da foto ou o olhar do fotografo é mais importante no trabalho de composição das imagens?
Entendo que a qualidade de uma câmera profissional é superior e às vezes isso é cobrado de mim no meu curso de fotografia, mas entre uma câmera profissional e um celular,
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22. eu ainda prefiro o celular por ser mais prático e mais leve. Por exemplo, se eu precisar subir em uma árvore para registrar uma situação de um outro ângulo, com a câmera profissional seria muito mais difícil, pois não é uma câmera prática. Com o celular, eu registro tudo rapidamente e a qualidade também é muito boa.
•
Lembra de algum momento que rendeu uma foto que mais lhe marcou?
Uma das minhas preferidas é uma foto que eu tirei de uma idosa, ela estava querendo sorrir mas não conseguia, me dava a impressão de que ela queria ser feliz mas não podia, pois esta senhora já passou por tanta dor que estava imersa em muitas mágoas. Eu consegui transmitir tudo isso pela fotografia, a imagem ficou muito sensível e forte.
•
Você se inspira em algum fotógrafo famoso, músicas ou filmes para fotografar?
Fotógrafo famoso, não. Eu evito procurar o trabalho de fotógrafos famosos, pois se eu ver uma coisa, vou querer fazer igual. Mas, em música sim, eu me espelho muito em música e o que ela me passa. Fui fazer um ensaio de uma amiga e me inspirei em uma música da Ana Larousse chamada Vai, Menina, e eu consegui transmitir o olhar que tenho desta música através desse ensaio. Faço muito isso.
•
Quais as suas aspirações para o futuro? Você acredita que ainda estará nesta área artística?
Sim, com certeza pois a fotografia me faz muito bem. O trabalho é cansativo pois, depois de tirar as fotos
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23. eu tenho que escolher as melhores, observar a qualidade delas e editar. Mas, depois do trabalho concluído eu tenho uma sensação tão boa que todo o cansaço e o estresse não são nada perto do resultado final. Meu plano para o futuro é fazer um curso de Artes Cênicas na UnB, ou Publicidade e Propaganda, mas eu sempre estarei de alguma forma ligado a este mundo artístico e fotográfico.
•
Qual dica você dá para alguém que está querendo fotografar, mas se sente desanimado por não ter um bom equipamento?
Desânimo é normal no começo, mas se a pessoa realmente quiser fazer isso mesmo, ela deve persistir e seguir os seus sonhos. O equipamento é o de menos quando a pessoa tem a vontade.
Emanoell Porto Nobre (Fotógrafo)
Contato para trabalho:
emanoelpn@gmail.com
23
24. coluna
Os apelos do funk ostentação
Hoje em dia, os estilos musicais es-tão
cada vez mais amplos, pois a cada
dia se renovam ideias, pensamentos
e gostos, principalmente quando se
trata do público teen.
O público adolescente gosta de letras
que retratam seu cotidiano, ou me-lhor,
o jeito que queriam que fosse o
seu cotidiano. E é o que acontece no
funk ostentação.
O chamado funk de ostentação faz
cada vez mais sucesso entre as crian-ças
e os adolescentes. Suas músicas
falam sobre o poder que os funkeiros
ganham em suas comunidades e fa-zem
apologia aos hábitos de consumo
de produtos e marcas.
Particulamente, não gosto da mensa-gem
que as letras deste tipo de funk
passa aos jovens, pois atiça o consu-mismo
exagerado dos ouvintes e pas-sa
a eles a idea de que o legal é usar
roupas caras e ter carros de luxo.
Não acredito que consumismo seja
algo positivo. Com ele se consegue
uma felicidade postiça, um bem es-tar
momentâneo, mas nunca algo du-radouro.
A “modinha” do funk osten-tação
será tão duradoura quanto a
suposta felicidade que eles vendem.
Penso que o funk ostentação tem um
espaço muito maior do que deveria
ter nas rádios e na televisão. Estas
mídias poderiam dar mais espaço aos
outros estilos musicais. Músicas que
possam proporcionar aos ouvintes
uma visão mais ampla sobre outras
culturas e outros prazeres que não
somente o consumo de bens mate-riais.
Por Karina Albuquerque
16 anos, aluna do primeiro ano
do ensino médio
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25. listas
10frases que
expressam a
opinião de
artistas sobre
arte
1 — A arte existe porque a vida não
basta. (Ferreira Gullar)
2 — Cinema é a fraude mais bonita
do mundo. (Jean-Luc Godard)
3 — A plateia só é respeitosa quando
não está a entender nada.
(Nelson Rodrigues)
4 — Imitação é uma forma de elogio.
(Madonna)
5 — Na minha opinião, a literatura
— e a arte de modo geral — é uma
forma precária, mas ainda sim pode-rosa
de afirmar a imortalidade.
(Ariano Suassuna)
6 — Creio no riso e nas lágrimas como
antídotos contra o ódio e o terror.
(Charles Chaplin)
7 — Todo mundo é uma estrela e me-rece
o direito ao brilho.
(Marilyn Monroe)
8 — A vida não imita a arte, imita a
má televisão. (Woody Allen)
9 — A forma de governo mais adequa-da
ao artista é a ausência de gover-no.
Autoridade sobre ele e a sua arte
é algo de ridículo. (Oscar Wilde)
10 — A arte diz o indizível; exprime o
inexprimível, traduz o intraduzível.
(Leonardo da Vinci)
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