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Espumas flutuantes

6. Sep 2012
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Terceira geração da poesia românticaTerceira geração da poesia romântica
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  1. Espumas Flutuantes, de Castro Alves Publicado em 1870, Espumas Flutuantes é a única obra de Castro Alves que teve a edição revisada pelo autor. O título sugere transitoriedade, pois o poeta sente que seu fim estápróximo. O volume contém 53 poemas lírico-amorosos e poemas de caráter épico-social. Ao tratar do amor, Castro Alves refere-se não só à mulher de forma idealizada, mantendo as tradições do Romantismo, mas distoa do movimento ao buscar o amor carnal, real e tingido com as cores do erotismo - "Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde... / Não me apertes assim contra teu seio." (in "Boa-noite"). Em Espumas Flutuantes, Castro Alves retoma o tema do amor em sua sensualidade e em sua realização. Transformando o sentimento amoroso em pleno sentido de prazer e sofrimento, descreve cenas oportunas da paixão humana. Em O adeus de Teresa, em Onde estás? e em É tarde!, por exemplo, percebemos a plenitude do lirismo de Castro Alves. Ainda dentro das produções líricas, o poeta refere-se à natureza que, em seus versos, se torna vibrante e concreta, emoldurada por um sistema dinâmico de imagens que geralmente são tomadas de aspectos grandiosos do universo - o mar, os astros, a imensidão ou o infinito. Devem ser destacados os seus versos de cunho existencial que ganham plenitude quando apregoam o gozo e os prazeres da vida - "Oh! eu quero viver, beber perfumes / Na flor silvestre que embalsama os ares (...) Morrer... quando este mundo é um paraíso, / E a alma um cisne de douradas plumas" (in "Mocidade e Morte") -, marcando novo momento da literatura romântica no Brasil que, até então, embebia-se no pessimismo da geração do "mal do século". Estilo Grandiloqüente, linguagem ornamental, pontuação abundante, escolha vocabular cuidada. Utiliza quase todas as figuras de linguagem, como: metáfora, comparações, hipérboles, assonâncias, apóstrofes. Busca a grandiosidade poética, chegando aos exageros e ao mau gosto. Um traço marcante é a oralidade e a visível intenção de dizê-la para grandes platéias. Poesias de destaque: 1. O Gondoleiro do Amor / Laço de Fita / Sub FegmineFagi - Tom platônico e contemplativo 2. Adeus de Teresa / Adormecida / Boa Noite - Lírico-amorosas, tom erótico e sensual. 3. Ode ao Dous de Julho - Poesia social e crença na liberdade. 4. Jesuítas - Poesia doutrinária. 5. Mocidade e Morte / Ahasverus e o Gênio / O Hóspede / A Boa Vista - Poesias de reflexão existencial. 6. O Livro e a América - Louvor ao progresso da América Não há métrica definida, mas prefere os versos decassílabos. As estrofes são bem livres. Suas poesias têm um lírico ascendente, cujo final é uma apoteose ou uma explosão de seus sentimentos. Temas e formas 1. O amor e a mulher Contrapondo-se ao amor irrealizado e não-correspondido que vogava até então, Castro Alves acrescenta- lhe a realização plena. Pelas páginas de Espumas Flutuantes, vemos passar indícios de paixão integral, como a sensualidade de Adormecida, o ciúme de O Adeus de Teresa, e um emaranhado de seios, colos, cabelos e perfumes,
  2. que sensualizam os perfis femininos de Castro Alves. Uma noite, eu me lembro... Ela dormia Numa rede encostada molemente... Quase aberto o roupão... solto o cabelo E o pé descalço do tapete rente. (Adormecida) Quando voltei.., era o palácio em festa!... E a voz d‟Ela e de um homem lá na orquestra Preenchiam de amor o azul dos céus. Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa! E ela arquejando murmurou-me. “Adeus!” (O Adeus de Teresa) Caminham juntas a mulher-anjo, a amante e a prostituta, imagem assumida pela amada que lhe causa decepções. Eras a estrela transformada em virgem! Era um anjo, que se fez menina! Era a estrela transformada em virgem. (Murmúrios da Tarde) Mulheres que eu amei! Anjos louros do céu! virgens serenas! Madonas, Querubins ou Madalenas! Surgi! Aparecei! (Fantasmas da Meia-Noite) Curiosamente, chega a comparar espécies de amor em Os Três Amores, no qual aparecem o amor espiritual e místico de Tasso (que ele retoma em Dulce), o autor voluntarioso de Romeu (que ele volta a abordar em Marieta) e o amor não-convencional e vaidoso de D. Juan (que também aparece em Bárbora). Certo... serias tu, donzela casta, Quem me tomasse em meio do Calvário A cruz de angústia, que o meu ser arrasta!... (Dulce)
  3. Afoga-me os suspiros, Marieta! Ó surpresa! ó palor! ó pranto! ó medo! Ai! noites de Romeu e Julieta!... (Marieta) Garganta de um palor alabastrino, Que harmonias e músicas respira... No lábio — um beijo... — no beijar — um hino; (Bárbora) 2. A morte Atingido desde cedo pela moléstia que lhe acabaria com a vida, Castro Alves nos mostra uma grande preocupação com a morte, encarada como amargurada expectativa face à sua pouca idade e um empecilho às grandes realizações de que se julga capaz. Oh! eu quero viver; beber perfumes Na flor silvestre, que embalsama os ares; Ver minh „alma adejar pelo infinito, Qual branca vela n „amplidão dos mares. No seio de mulher há tanto aroma... Nos seus beijos de fogo há tanta vida... - Árabe errante, vou dormir à tarde À sombra fresca da palmeira erguida Mas uma voz responde-me sombria: Terás o sono sob a lájea fria. Morrer... quando este mundo é um paraíso, E a alma um cisne de douradas plumas: E eu sei que vou morrer.. dentro em meu peito Um mal terrível me devora a vida: Triste Ahasverus, que no fim da estrada, Só tem por braços uma cruz erguida. Sou o cipreste, qu „inda mesmo flórido, Sombra de morte no ramal encerra!
  4. Vivo - que vaga sobre o chão de morte, Morto - entre os vivos a vagar na terra. (Mocidade e Morte, anteriormente O Tísico) Um dos autógrafos traz à margem: “No sótão, ao toque da meia-noite, quando o peito me doía e um pressentimento me pesava n’alma”. A data é “Recife, 7 de outubro de 1864”. Castro Alves tinha então 17 anos. Observe que, apesar da presença da morte, este poema é um hino de amor à vida, aos prazeres. 3. A Natureza Castro Alves fundamenta suas imagens e metáforas nos aspectos grandiosos da natureza (infinito, oceano, deserto etc.) e é freqüente a alusão às aves de grande porte (o condor, a águia, o albatroz). Ao país do ideal, terra das flores, Onde a brisa do céu tem mais amores E a fantasia - lagos mais azuis... E fui... e fui... ergui-me no infinito, Lá onde o vôo d‟águia não se eleva... Abaixo - via a terra - abismo em treva! Acima - o firmamento - abismo em luz! (O Vôo do Gênio) 4. A consciência da própria grandeza É freqüente a alusão ao papel do poeta, à predestinação para as grandes causas, à missão de reformar a sociedade pela palavra poética. Eu sinto em mim o borbulhar do gênio, Vejo além um futuro radiante: Avante! - brada-me o talento n „alma E o eco ao longe me repete - avante! - O futuro... o futuro... no seu seio... Entre louros e bênçãos dorme a Glória! Após - um nome do universo n‟alma, Um nome escrito no Panteon da História. (Mocidade e Morte) 5. A liberdade Não! Não eram dois povos que abalavam
  5. Naquele instante o solo ensangüentado... Era o porvir - em frente do passado, A Liberdade - em frente à Escravidão, Era a luta das águias - e do abutre, A revolta do pulso - contra os ferros. O pugilato da razão - contra os erros O duelo da treva - e do clarão!... (Ode ao Dous de Julho) Observe a freqüência das antíteses. 6. A crença no progresso Ao contrário da tendência regressiva, ressentida e passadista das gerações anteriores, que viam com desconfiança o progresso, Castro Alves, típico representante da burguesia liberal progressista, vê com entusiasmo a chegada da locomotiva, da instrução, do livro. Oh! Bendito o que semeia Livros, livros à mão-cheia... E manda o povo pensar! O livro caindo n „alma É germe - que faz a palma. É chuva -que faz o mar Agora que o trem de ferro Acorda o tigre no cerro E espanta os caboclos nus, Fazei desse rei dos ventos Ginete dos pensamentos Arauto da grande luz!... (O Livro e a América) 7. A poesia participante Aqui, o ideal republicano: República!... Vôo ousado Do homem feito condor!
  6. Raio de aurora inda oculta Que beija a fronte ao Tabor! Deus! Por qu„enquanto que o monte Bebe a luz desse horizonte, Deixas vagar tanta fronte, No vale envolto em negror?! (Pedro Ivo) (Pedro Ivo foi herói da Revolução Praieira, e símbolo do ímpeto revolucionário para os jovens de seu tempo.) Aqui, o “povo no poder”: A praça! A praça é do povo Como o céu é do condor; É o antro onde a liberdade Cria águias em seu calor Senhor!... pois quereis a praça? Desgraçada a populaça Só tem a rua de seu... Ninguém vos rouba os castelos, Tendes palácios tão belos... Deixai a terra ao Anteu. (O Povo no Poder) Observe neste texto, e no anterior, as alusões ao condor. Este último poema é dos mais típicos de Castro Alves e inspirou música de carnaval de Caetano Veloso e uma paródia irônica de Carlos Drummond de Andrade: “A PRAÇA! A PRAÇA É DO POVO!” Não, meu valente Castro Alves, engano seu. A praça é dos automóveis. Com parquímetro. (Carlos Drummond de Andrade)
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