Este documento descreve a cidade de Lagos em Portugal e sua ligação com o mar, bem como a vida e obra da poeta Sophia de Mello Breyner Andresen, que passava férias em Lagos e foi inspirada pelo mar e pela cidade em sua poesia.
2. Este trabalho foi realizado, tendo por base o tema aglutinador proposto pelo Plano
Nacional de Leitura para este ano: o Mar.
Por sugestão da nossa diretora de turma e, depois de um mar de ideias que foram
surgindo, fizemos o trabalho que a seguir se apresenta.
As fontes de pesquisa para a realização do nosso trabalho fomos buscá-las ao CR/BE,
utilizando os livros e a internet que esse espaço nos põe à disposição.
E porque Portugal continental tem mais de 900 km de costa e sempre foi um país
voltado para o mar, resolvemos partir de Lagos, de onde “Portugal deu novos mundos
ao mundo”, e iniciar a nossa epopeia!
Assim, estudámos a cidade de Lagos e a sua História e ficámos a conhecer a escritora que
ficará para sempre ligada ao mar e a Lagos - Sophia de Mello Breyner Andresen.
4. Lagos é uma cidade litoral portuguesa do distrito de Faro,
situada no barlavento algarvio.
A história da cidade de Lagos é a história da sua ligação
com mar, a história de uma cidade marítima.
Mapa de Portugal-Lagos
5. O seu nome de origem celta, provém do
nome primitivo Lacobriga.
Esta cidade sempre teve uma grande
proximidade com o mar. Desde tempos
muito distantes, a pesca foi a atividade mais
importante e uma das únicas fontes de
rendimento da população. Em meados do
Século XIX, a cidade tornou-se num centro
de indústria conserveira, tornando-se o seu
principal meio de sustentabilidade. A partir
da década de 60, a principal atividade
económica passou a ser o turismo. Com
uma costa única (denominada como costa
D'Oiro, devido à cor quase dourada das
rochas), a sua gastronomia e o seu
património histórico, Lagos é hoje uma
cidade visitada por inúmeros turistas.
Costa D’Oiro
6. Lagos, encerra em si um passado todo ele
sustentado pelo mar. Durante séculos a sua baía
viu chegar civilizações ancestrais e mais tarde viu
partir as caravelas que o Infante D. Henrique
levou a conquistar o Novo Mundo. "Aqui armou D.
Henrique as caravelas que abriram caminho às
grandes navegações dos Descobrimentos.“,
Foi em Lagos que o Infante vem encontrar “as
melhores embarcações para as suas empresas
marítimas – as caravelas, as mais diferenciadas e
veleiras de toda a costa lusitana”
Conhecida como Cidade dos Descobrimentos,
apresenta inúmeros vestígios físicos e culturais,
que recordam várias épocas da sua história e os
acontecimentos mais marcantes. Entre estes
vestígios, podem ser identificados alguns
monumentos importantes, que presenciaram ou
foram mesmo palco destes acontecimentos.
7. Lacobrigense, Gil Eanes foi o
primeiro a navegador a navegar para
além do Cabo Bojador, em 1434
partindo do cais da Solaria, em Lagos.
8. Ancorada na marina de Lagos desde
junho de 2001 existe uma replica exata
da caravela Boa Esperança, com as
suas velas latinas, em que Gil Eanes
dobrou o Cabo Bojador.
No mastro principal, a “ Boa
Esperança” levará sempre as armas do
Infante D. Henrique.
Caravela Boa Esperança
9. O prestígio conquistado pelo papel
determinante que desempenhou na
"descoberta de novos mundos"
perdurou através dos tempos, e fez
com que D. Sebastião elevasse Lagos à
categoria de cidade em 1573, passando
a ser a capital do “Reino do Algarve”,
até ao domínio espanhol.
Lagos recebeu D. Sebastião pela última
vez em 1578, a caminho da fatídica
Batalha de Alcácer-Quibir.
10. Alvo de cataclismos humanos e naturais
como o terramoto de 1755, a cidade volta a
nascer das ruínas. Um renascimento sujeito
à lentidão da História, apoiado no comércio,
pesca, agricultura e numa indústria ainda
incipiente, mas uma cidade sempre voltada
para o mar.
Foram precisos séculos, mas a cidade aí
está em toda a sua grandeza. Impulsionada
pelo mar, Lagos continua a ser admirada
pelas águas límpidas, pelas praias de areias
douradas, pela sua baía e por uma história
que apetece descobrir em cada monumento
da cidade.
Baía de Lagos
11. A marina de Lagos , localizada na sua
baía, onde se situam as melhores
praias do Algarve, tem o privilégio de
estar situada junto ao centro histórico
da cidade berço dos Descobrimentos
Portugueses, acolhe tripulações de
diversas nacionalidades e que são os
melhores embaixadores desta cidade.
Marina de Lagos
12. Sophia de Mello Breyner Andresen
passava férias em Lagos.
Gostava das sua gente, das suas ruas,
das suas praias, do seu peixe.
É na lota de Lagos que os pescadores
entregam o peixe, que vai ser vendido
no “Mercado da Avenida” , onde
Sophia gostava de ir.
Lota de Lagos
13. “Mas o Algarve tem para mim a grande
vantagem do calor, dos dias quentes, de que
gosto muito. E ainda me lembro das grutas da
Praia de D. Ana onde se ia de barquinho a
remos, sem barulho, sem cheiro a gasolina,
chegava-se lá e estavam desertas, («o esplendor
pairava solene sobre o mar»), das cidades
calmas e maravilhosas. Lagos era uma cidade
meticulosamente limpa, cheia de gente
honesta.
(…)
Muitas vezes eu ia a Lagos a pé, às compras.
Outras vezes ia a empregada. Um dia ensinei-lhe
o caminho e o que havia de comprar, etc., para
ela fazer o que eu tinha feito sozinha na
véspera. Depois de lhe dizer tudo isso apercebi-
me que aquilo era uma espécie de poema e
escrevi mais ou menos o que lhe tinha dito.
Chamei-lhe «Caminho da Manhã».”
Sophia na praia D. Ana, em Lagos
14. "Vais pela estrada que é de terra amarela e quase sem nenhuma sombra.
(… )
Depois encontrarás as figueiras transparentes e enroladas; (…)E assim irás sempre em
frente com a pesada mão do Sol pousada nos teus ombros, mas conduzida por uma luz
levíssima e fresca. Até chegares às muralhas antigas da cidade que estão em ruínas.
Passa debaixo da porta e vai pelas pequenas ruas estreitas, direitas e brancas,(…) Segue
entre as casas e o mar até ao mercado que fica depois de uma alta parede amarela. Aí
deves parar e olhar um instante para o largo pois ali o visível se vê até ao fim. E olha bem
o branco, o puro branco, o branco de cal onde a luz cai a direito.
( … )
Entra no mercado e vira à tua direita e ao terceiro homem que encontrares em frente da
terceira banca de pedra compra peixes. Os peixes são azuis e brilhantes e escuros com
malhas pretas. E o homem há-de pedir-te que vejas como as suas guelras são encarnadas
e que vejas bem como o seu azul é profundo e como eles cheiram realmente, realmente a
mar. … “
…
15. Lagos
Lagos onde reinventei o mundo num verão ido,
Lagos onde encontrei,
Uma nova forma do visível sem memória,
Clara como a cal concreta como a cal,
Lagos onde aprendi a viver rente,
Ao instante mais nítido e recente.
Lagos que digo como passado agora
Como verão ido absurdamente ausente
Quase estranho a mim e nunca tido
Foi um país que encontrei de frente
Desde sempre esperado e prometido
O puro dom de ter nascido
E o sol reinava em Lagos transparente”
Lagos lição de lucidez e liso
Onde estar vivo se torna mais completo
– Como pode meu ser distraído
De sua luz de prumo e de projecto?”
(…)
Excerto do poema Lagos,
16. Mar
Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.
In, Poesia I
17. E Sophia continuou a cantar Lagos e o mar …
“Em Lagos em Agosto o sol cai a direito e há sítios onde até o chão é caiado. O sol
é pesado e a luz leve. Caminho no passeio rente ao muro mas não caibo na sombra.
A sombra é uma fita estreita.
Mergulho a mão na sombra como se a mergulhasse na água.”
18. Quando eu morrer voltarei para buscar
os instantes que não vivi junto do mar
Sophia de Mello Breyner Andresen
Quando eu morrer voltarei para buscar
os instantes que não vivi junto do mar
19. Queremos agradecer à nossa diretora de turma, professora Maria Naïr
Fontes, toda a disponibilidade e ajuda que nos deu, para que este trabalho
fosse possível.