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Fundamentos epistemológicos
da Pesquisa em Design
Frederick van Amstel @usabilidoido


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DADIN - UTFPR
Epistemologia
•Estudo do próprio conhecimento científico


•Conjunto de definições e debates sobre o que
vale como conhecimento em uma determinada
disciplina ou ciência


•Revela as premissas fundamentais, os pontos de
partida para fazer pesquisas
Vieira Pinto (1969)
O que é considerado como
conhecimento válido em design?
Teoria do conhecimento
Como se sabe o que (ainda não)
se sabe em design?
Teoria da consciência
Usuário não é
cliente, logo
não preciso
considerar
Usuário é um
fator de projeto
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(Van Amstel, 2015)
Produtor Consumidor
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design contribui para a
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Pesquisa


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do design
Pesquisa


para
design
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Pesquisa
através
do uso
Pesquisa
para uso
Pesquisa
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design
Pesquisa
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uso
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TCC de Design na UTFPR?
João Tarran e Conrado Dembinski expandiram seu conhecimento
pesquisando SOBRE design de móveis modulares (Pelegrini, 2005).
João Tarran e Conrado Dembinski expandiram sua consciência
pesquisando pensamento ameríndio PARA projetar o móvel.
João Tarran e Conrado Dembinski expandiram seu trabalho
pesquisando sobre máquinas PARA melhorar seu uso.
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Metadesigner
Metadesigner
Usigner
Usigners
Como a pesquisa de design
contribui para a produção
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A pesquisa ATRAVÉS do design não busca resolver problemas
específicos de projetos, mas sim produzir conhecimentos universais
para outras situações, inlcuindo aquelas estudadas por outras
áreas do conhecimento (Stappers e Giaccardi, 2017).
Pesquisa
SOBRE
Design
Pesquisa
PARA
Design
Pesquisa
ATRAVÉS
do design
O experimento de design está no centro da Pesquisa Através do
Design (Bang et al., 2012).
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programa de pesquisa (Brandt and Binder, 2007).
A sucessão de diversos programas de pesquisa pode dar origem a
escolas de pensamento (baseado em Dalsgaard, 2010).
Experimentos
Programas Escola de pensamento
Escola de Pensamento
Escola de Pensamento
Escola de Pensamento
Método
Método
Método
Método
Método
Método
Método Método
Método
Método
Método
Teoria
Teoria
Teoria
Teoria
Teoria
Teoria
A acumulação de conhecimento
cada vez mais universal cria
condições para saltos
qualitativos nos níveis de
consciência sobre design.
Experimento


Método


Projeto


Programa


Escolas


Paradigmas


Ciências
Dias
Décadas
Nível
de
consciência
Baseado em
Redström (2017)
Existiria então uma
ciência do design?
Já em 1969, Herbert Simon sugeriu a divisão entre ciências sobre
fenômenos naturais e ciências sobre fenômenos artificiais.
Simon fez parte de um movimento que justificou a produção
científica em universidades de base tecnológica.
Rittel e Weber criticaram a visão
de Simon, pois perceberam que
tratar design como uma ciência
não ajudava a resolver os
problemas capciosos da prática.
(Rittel e Webber, 1973)
Até agora as ciências do artificial não conseguiram, por exemplo,
resolver o problema capcioso do tráfego urbano em Beijing.
Segundo Álvaro Vieira Pinto, o
problema da ciência de Simon é que
ela só considerava como
conhecimento heurísticas, algoritmos
e códigos abstratos, ignorando o
conhecimento concreto do fazer.
(Vieira Pinto, [1973]2005)
Vieira Pinto demonstrou que o conhecimento concreto do fazer é
capaz de transformar a realidade, ao contrário do conhecimento
abstrato do pensar, que tende a conservar a realidade como está.
Será que não é melhor falar de
disciplina ao invés de ciência?
(Archer, 1979)
Bruce Archer (1979) propôs um continuum entre
Ciência, Humanidades e Design.
A questão que interessa a partir daí não é se Design é Ciência
ou Arte, mas quando se torna próximo de um ou de outro.
Depois de Archer, Donald Schön percebeu que, na prática de
design, era inevitável conviver com essa ambiguidade entrer ver as
coisas como elas são (ciências) e ver como elas poderiam ser
(artes) (Schön  Wiggins, 1992).
Como designers aprendem a
conviver com essa ambiguidade?
(Schön, 1983)
Por milhares de anos, artistas e arquitetos aprenderam através do
modelo mestre-aprendiz, baseado no ateliê.
A partir do século XIX e XX, a aprendizagem passou a ser
institucionalizada através de escolas como a Bauhaus.
O ateliê foi fundamental para consolidar as disciplinas de design.
Na ESDI, se dizia que “Design se faz fazendo” (Coelho, 2005).
A vivência do ateliê de projetos continuava depois da escola em
escritórios especializados.
O sucesso dos ateliês (também chamado de escritórios) no
mercado de trabalho gerou demanda por formação na disciplina e
pesquisa sobre as particularidades da cognição de designers.
Precisamos observar como
designers pensam na prática
para ter metodologias de design
mais realistas.
(Lawson, 1980; 2012)
A pesquisa sobre cognição no design descobriu várias coisas sobre
as particularidades do pensamento projetual (design thinking).
O pensamento projetual não tem um ponto de partida ou ponto de
chegada pré-definidos.
O pensamento projetual não é linear. O caminho mais curto entre
dois pontos não é necessariamente o melhor.
Para o pensamento projetual, a crítica é tão importante quanto a
criatividade.
A crítica exige que se considere a situação particular de cada
projeto, preenchendo a incerteza do pensamento caso a caso.
Será que existe, então, uma
maneira particularmente
projetual (designerly) de
conhecer o mundo?
(Cross, 2006)
Todo objeto de design é, por um lado, conhecimento sobre o
mundo embutido no próprio mundo.
Porém, para que o conhecimento seja embutido em um objeto, ele
precisa primeiro existir entre as pessoas.
Este conhecimento intermediário é um tanto contraditório pois
trata primariamente de algo que ainda não existe. Esboços, rafis,
croquis e modelos são propositadamente vagos, pois se tratam de
pontes conceituais entre o conhecido e o desconhecido.
Ao buscar conhecer algo que
ainda não existe, designers estão
expandindo os limites do que é
conhecido como possível e,
eventualmente transformando o
impossível em possível.
Este é um dos pontos principais da tese do Design Expansivo de
Van Amstel (2015).
A expansão do conhecimento no design passa necessariamente por
confusão, conflito, diálogo e fazer coisas junto.
Desalinhamentos entre conhecimento e consciência impulsionam o
pesquisador a transformar suas condições de trabalho.
O foco na transformação das
condições de trabalho faz da
pesquisa em design uma praxis,
ou seja, simultaneamente teoria
na prática e prática na teoria.
O trabalho pode ser em si mesmo,
nas condições culturais e materiais em
que é executado, objeto de investigação
e interpretação. Contudo, o verdadeiro
objetivo desta análise está em revelar o
alcance do trabalho científico como
fator transformador das condições da
existência humana.”
Vieira Pinto (1969)
Vieira Pinto elaborou uma teoria de projeto que leva a fazer as
seguintes perguntas: quais condições de existências estão sendo
melhoradas com este projeto? Do designer ou do usuário? Do povo
ou da elite? Do brasileiro ou do estrangeiro?
Todo o esforço da epistemologia crítica
deverá concentrar-se na preparação do
pesquisador para que, cada vez mais
lucidamente, compreenda o significado
das finalidades na ação humana, e
particularmente na execução do
trabalho científico.”
Vieira Pinto (1969)
Referências
PINTO, Álvaro Vieira. Ciência e existência problemas filosóficos da pesquisa científica. Editora Paz e Terra, 1969.


PELEGRINI, Alexandre Vieira. O processo de modularização em embalagens orientado para a customização em massa:
uma contribuição para a gestão do design. 2005. Dissertação de mestrado). Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.


STAPPERS, Pieter Jan; GIACCARDI, Elisa. Research through design. In: The encyclopedia of human-computer
interaction. The Interaction Design Foundation, 2017. p. 1-94.


BANG, Anne Louise et al. The role of hypothesis in constructive design research. In: Proceedings of the Art of
Research IV. 2012.


BRANDT, Eva; BINDER, Thomas. Experimental design research: genealogy, intervention, argument. International
Association of Societies of Design Research, Hong Kong, v. 10, p. 2007, 2007.


DALSGAARD, Peter. Research in and through design: an interaction design research approach. In: Proceedings of the
22nd conference of the computer-human interaction special interest group of Australia on computer-human interaction.
2010. p. 200-203.


REDSTROM, Johan. Making design theory. MIT Press, 2017.


SIMON, Herbert. The Sciences of the Artificial. Herbert A. Simon. MIT Press, Cambridge, Mass., 1969.


RITTEL, Horst WJ; WEBBER, Melvin M. Dilemmas in a general theory of planning. Policy sciences, v. 4, n. 2, p.
155-169, 1973.


ARCHER, Bruce. Design as a discipline. Design studies, v. 1, n. 1, p. 17-20, 1979.


SCHÖN, Donald A.; WIGGINS, Glenn. Kinds of seeing and their functions in designing. Design studies, v. 13, n. 2, p.
135-156, 1992.


SCHÖN, Donald A. The Reflective Practitioner: How Professionals Think in Action, New York: Basic Books, 1983.


COELHO, Luiz Antonio Luzio. Mudando de patamar: a pesquisa no design. InfoDesign: Revista Brasileira de Design da
Informação, v. 2, n. 1, 2005.


LAWSON, Bryan. How designers think. Routledge, 1980.


LAWSON, Bryan. What designers know. Routledge, 2012.


CROSS, Nigel. Designerly ways of knowing. Springer, 2006.


VAN AMSTEL, Frederick Marinus Constant. Expansive design: Designing with contradictions. Tese de Doutorado.
Universidade de Twente, 2015.


PINTO, Álvaro Vieira. O conceito de tecnologia. Editora Contraponto. 2005.
Obrigado!
Frederick van Amstel @usabilidoido


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Fundamentos epistemológicos da Pesquisa em Design

  • 1. Fundamentos epistemológicos da Pesquisa em Design Frederick van Amstel @usabilidoido www.usabilidoido.com.br DADIN - UTFPR
  • 2. Epistemologia •Estudo do próprio conhecimento científico •Conjunto de definições e debates sobre o que vale como conhecimento em uma determinada disciplina ou ciência •Revela as premissas fundamentais, os pontos de partida para fazer pesquisas Vieira Pinto (1969)
  • 3. O que é considerado como conhecimento válido em design?
  • 5. Como se sabe o que (ainda não) se sabe em design?
  • 6. Teoria da consciência Usuário não é cliente, logo não preciso considerar Usuário é um fator de projeto importante Usuário é uma pessoa diferente de mim Eu também sou usuário para outros designers
  • 7. Como a produção de consciência afeta o trabalho de design?
  • 9. Como a pesquisa aumenta o valor do trabalho de design?
  • 10. Cocriação de valor nas fronteiras entre organizações (Van Amstel, 2015) Produtor Consumidor Cocriação de valor Design Pesquisa
  • 11. Como a pesquisa de design contribui para a cocriação de valor?
  • 12. Designers Metadesigners Pesquisa através do design Pesquisa para design Usuários Usigners Pesquisa através do uso Pesquisa para uso Pesquisa sobre design Pesquisa sobre uso
  • 13. Como isso se aplica a um TCC de Design na UTFPR?
  • 14. João Tarran e Conrado Dembinski expandiram seu conhecimento pesquisando SOBRE design de móveis modulares (Pelegrini, 2005).
  • 15. João Tarran e Conrado Dembinski expandiram sua consciência pesquisando pensamento ameríndio PARA projetar o móvel.
  • 16. João Tarran e Conrado Dembinski expandiram seu trabalho pesquisando sobre máquinas PARA melhorar seu uso.
  • 17. João Tarran e Conrado Denbinski pesquisaram SOBRE o uso de móveis modulares no festival Burning Man.
  • 18. João Tarran e Conrado Dembinski pesquisaram design de serviços ATRAVÉS do design de um sistema-produto serviço.
  • 19. João Tarran e Conrado Dembinski pesquisaram improvisação teatral ATRAVÉS do uso do móvel modular Suru. Metadesigner Metadesigner Usigner Usigners
  • 20. Como a pesquisa de design contribui para a produção social de conhecimento?
  • 21. A pesquisa ATRAVÉS do design não busca resolver problemas específicos de projetos, mas sim produzir conhecimentos universais para outras situações, inlcuindo aquelas estudadas por outras áreas do conhecimento (Stappers e Giaccardi, 2017). Pesquisa SOBRE Design Pesquisa PARA Design Pesquisa ATRAVÉS do design
  • 22. O experimento de design está no centro da Pesquisa Através do Design (Bang et al., 2012).
  • 23. Os experimentos visam responder as perguntas norteadoras do programa de pesquisa (Brandt and Binder, 2007).
  • 24. A sucessão de diversos programas de pesquisa pode dar origem a escolas de pensamento (baseado em Dalsgaard, 2010). Experimentos Programas Escola de pensamento
  • 25. Escola de Pensamento Escola de Pensamento Escola de Pensamento Método Método Método Método Método Método Método Método Método Método Método Teoria Teoria Teoria Teoria Teoria Teoria
  • 26. A acumulação de conhecimento cada vez mais universal cria condições para saltos qualitativos nos níveis de consciência sobre design.
  • 29. Já em 1969, Herbert Simon sugeriu a divisão entre ciências sobre fenômenos naturais e ciências sobre fenômenos artificiais.
  • 30. Simon fez parte de um movimento que justificou a produção científica em universidades de base tecnológica.
  • 31. Rittel e Weber criticaram a visão de Simon, pois perceberam que tratar design como uma ciência não ajudava a resolver os problemas capciosos da prática. (Rittel e Webber, 1973)
  • 32. Até agora as ciências do artificial não conseguiram, por exemplo, resolver o problema capcioso do tráfego urbano em Beijing.
  • 33. Segundo Álvaro Vieira Pinto, o problema da ciência de Simon é que ela só considerava como conhecimento heurísticas, algoritmos e códigos abstratos, ignorando o conhecimento concreto do fazer. (Vieira Pinto, [1973]2005)
  • 34. Vieira Pinto demonstrou que o conhecimento concreto do fazer é capaz de transformar a realidade, ao contrário do conhecimento abstrato do pensar, que tende a conservar a realidade como está.
  • 35. Será que não é melhor falar de disciplina ao invés de ciência? (Archer, 1979)
  • 36. Bruce Archer (1979) propôs um continuum entre Ciência, Humanidades e Design. A questão que interessa a partir daí não é se Design é Ciência ou Arte, mas quando se torna próximo de um ou de outro.
  • 37. Depois de Archer, Donald Schön percebeu que, na prática de design, era inevitável conviver com essa ambiguidade entrer ver as coisas como elas são (ciências) e ver como elas poderiam ser (artes) (Schön Wiggins, 1992).
  • 38. Como designers aprendem a conviver com essa ambiguidade? (Schön, 1983)
  • 39. Por milhares de anos, artistas e arquitetos aprenderam através do modelo mestre-aprendiz, baseado no ateliê.
  • 40. A partir do século XIX e XX, a aprendizagem passou a ser institucionalizada através de escolas como a Bauhaus.
  • 41. O ateliê foi fundamental para consolidar as disciplinas de design. Na ESDI, se dizia que “Design se faz fazendo” (Coelho, 2005).
  • 42. A vivência do ateliê de projetos continuava depois da escola em escritórios especializados.
  • 43. O sucesso dos ateliês (também chamado de escritórios) no mercado de trabalho gerou demanda por formação na disciplina e pesquisa sobre as particularidades da cognição de designers.
  • 44. Precisamos observar como designers pensam na prática para ter metodologias de design mais realistas. (Lawson, 1980; 2012)
  • 45. A pesquisa sobre cognição no design descobriu várias coisas sobre as particularidades do pensamento projetual (design thinking).
  • 46. O pensamento projetual não tem um ponto de partida ou ponto de chegada pré-definidos.
  • 47. O pensamento projetual não é linear. O caminho mais curto entre dois pontos não é necessariamente o melhor.
  • 48. Para o pensamento projetual, a crítica é tão importante quanto a criatividade.
  • 49. A crítica exige que se considere a situação particular de cada projeto, preenchendo a incerteza do pensamento caso a caso.
  • 50. Será que existe, então, uma maneira particularmente projetual (designerly) de conhecer o mundo? (Cross, 2006)
  • 51. Todo objeto de design é, por um lado, conhecimento sobre o mundo embutido no próprio mundo.
  • 52. Porém, para que o conhecimento seja embutido em um objeto, ele precisa primeiro existir entre as pessoas.
  • 53. Este conhecimento intermediário é um tanto contraditório pois trata primariamente de algo que ainda não existe. Esboços, rafis, croquis e modelos são propositadamente vagos, pois se tratam de pontes conceituais entre o conhecido e o desconhecido.
  • 54. Ao buscar conhecer algo que ainda não existe, designers estão expandindo os limites do que é conhecido como possível e, eventualmente transformando o impossível em possível.
  • 55. Este é um dos pontos principais da tese do Design Expansivo de Van Amstel (2015).
  • 56. A expansão do conhecimento no design passa necessariamente por confusão, conflito, diálogo e fazer coisas junto.
  • 57. Desalinhamentos entre conhecimento e consciência impulsionam o pesquisador a transformar suas condições de trabalho.
  • 58. O foco na transformação das condições de trabalho faz da pesquisa em design uma praxis, ou seja, simultaneamente teoria na prática e prática na teoria.
  • 59. O trabalho pode ser em si mesmo, nas condições culturais e materiais em que é executado, objeto de investigação e interpretação. Contudo, o verdadeiro objetivo desta análise está em revelar o alcance do trabalho científico como fator transformador das condições da existência humana.” Vieira Pinto (1969)
  • 60. Vieira Pinto elaborou uma teoria de projeto que leva a fazer as seguintes perguntas: quais condições de existências estão sendo melhoradas com este projeto? Do designer ou do usuário? Do povo ou da elite? Do brasileiro ou do estrangeiro?
  • 61. Todo o esforço da epistemologia crítica deverá concentrar-se na preparação do pesquisador para que, cada vez mais lucidamente, compreenda o significado das finalidades na ação humana, e particularmente na execução do trabalho científico.” Vieira Pinto (1969)
  • 62. Referências PINTO, Álvaro Vieira. Ciência e existência problemas filosóficos da pesquisa científica. Editora Paz e Terra, 1969. PELEGRINI, Alexandre Vieira. O processo de modularização em embalagens orientado para a customização em massa: uma contribuição para a gestão do design. 2005. Dissertação de mestrado). Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Paraná, Curitiba. STAPPERS, Pieter Jan; GIACCARDI, Elisa. Research through design. In: The encyclopedia of human-computer interaction. The Interaction Design Foundation, 2017. p. 1-94. BANG, Anne Louise et al. The role of hypothesis in constructive design research. In: Proceedings of the Art of Research IV. 2012. BRANDT, Eva; BINDER, Thomas. Experimental design research: genealogy, intervention, argument. International Association of Societies of Design Research, Hong Kong, v. 10, p. 2007, 2007. DALSGAARD, Peter. Research in and through design: an interaction design research approach. In: Proceedings of the 22nd conference of the computer-human interaction special interest group of Australia on computer-human interaction. 2010. p. 200-203. REDSTROM, Johan. Making design theory. MIT Press, 2017. SIMON, Herbert. The Sciences of the Artificial. Herbert A. Simon. MIT Press, Cambridge, Mass., 1969. RITTEL, Horst WJ; WEBBER, Melvin M. Dilemmas in a general theory of planning. Policy sciences, v. 4, n. 2, p. 155-169, 1973. ARCHER, Bruce. Design as a discipline. Design studies, v. 1, n. 1, p. 17-20, 1979. SCHÖN, Donald A.; WIGGINS, Glenn. Kinds of seeing and their functions in designing. Design studies, v. 13, n. 2, p. 135-156, 1992. SCHÖN, Donald A. The Reflective Practitioner: How Professionals Think in Action, New York: Basic Books, 1983. COELHO, Luiz Antonio Luzio. Mudando de patamar: a pesquisa no design. InfoDesign: Revista Brasileira de Design da Informação, v. 2, n. 1, 2005. LAWSON, Bryan. How designers think. Routledge, 1980. LAWSON, Bryan. What designers know. Routledge, 2012. CROSS, Nigel. Designerly ways of knowing. Springer, 2006. VAN AMSTEL, Frederick Marinus Constant. Expansive design: Designing with contradictions. Tese de Doutorado. Universidade de Twente, 2015. PINTO, Álvaro Vieira. O conceito de tecnologia. Editora Contraponto. 2005.
  • 63. Obrigado! Frederick van Amstel @usabilidoido www.usabilidoido.com.br DADIN - UTFPR