O documento discute diferentes perspectivas filosóficas sobre o conceito de felicidade. Ele explora as visões de felicidade em Platão, Nietzsche, Buda, Descartes, Espinosa e Freud, além de abordar temas como os tipos de amor, individualismo e a interpretação do corpo na filosofia.
1. Material de Revisão
1 º Filosofia
Tema: Em Busca da Felicidade
Prof. Felipe Serra
2. EM BUSCA DA FELICIDADE
O que é felicidade? Grande parte da humanidade já se fez esta
pergunta. Para alguns os problemas do cotidiano, os
sofrimentos físicos e morais, a fome, a pobreza, a violência e a
morte, ou simplesmente o tédio de não se saber o que fazer da
vida, são empecilhos severos para se ter felicidade. Mas será
mesmo que devemos esperar que todos os problemas se
resolvam para só então encontrarmos a felicidade? Pelo que
parece a felicidade sempre esta do lado de fora da nossa cerca.
Sempre parece vindoura, mas nunca chega. A definição de
felicidade é complexa porque se confunde muitas vezes com
alegrias momentâneas.
Por exemplo, para grande parte da população o dinheiro, o
consumo desenfreado de bens matérias se traduz em felicidade.
Por essa razão tantos esperam as férias perfeitas, o par perfeito,
o lugar inesquecível, a aposentadoria dos sonhos, mas não
vivem o presente como ele realmente é, com todos os seus
espinhos e suas glórias. Há pessoas que criam, fantasiam uma
vida ilusória, por meio da fama, da mídia e glamour (estando ela
no meio da fama, ou simplesmente dentro de sua casa
fantasiando idéias ao ser hipnotizado por novela, por exemplo.).
Ao contrário disso tudo a felicidade encontra-se mais no que o ser
humano faz de si próprio e menos no que consegue alcançar
com bens materiais e sucessos.
3. I – EXPERIÊNCIA DE SER
Para que possamos conseguir um
sentimento de satisfação, que
em geral a felicidade comporta
é necessário que reflitamos
sobre nós mesmos para que
possamos saber o que
realmente queremos, o que nos
influência e quais são os nossos
verdadeiros objetivos. Ou seja,
projetos que darão sentido as
nossas decisões. Caso o
contrário poderemos ficar como
“baratas tontas”, perdidos, ou
como “Maria vai com as outras”
fazendo o que os outros acham
melhor para nossa vida.
4. II - NARCISO E O INDIVIDUALISMO
Existem varias versos sobre o mito de
narciso, em geral a maioria conta
sobre um jovem tão belo que
despertava o amor das pessoas, e
mesmo com sua beleza encantadora
lhe possibilitando amar varias, não
amava ninguém. Até que um dia viu
sua imagem refletida em um lago e
se apaixonou, e isso o levou a morte.
Em algumas versões eles se suicida
por não poder viver aquela paixão,
em outras, definha contemplando a
própria beleza, em fim, são muitas
variantes. Do sangue dele na terra
nasce a flor branca que recebe teu
nome, Narciso.
5. O mito é usado no mundo todo
para refletir sobre uma
forma de individualismo na
qual a pessoa se perde num
exacerbado amor próprio,
que a priva num sentimento
egoísta pelo qual os outros
não importam, e assim,
centrada em si mesma e
desconsiderando o coletivo,
fere, magoa, “atropela e
passa por cima”, pois perdida
em si não consegue ver os
outro, passando a moral
inescrupulosa, isolando-se e
criando inimigos. É o que
chamamos de
INDIVIDUALISMO EGOÍSTA.
6. Mas existe outro tipo, o
INDIVIDUALISMO RESPONSÁVEL.
Nesse a pessoa se respeita, tem
amor próprio e colocando-se em
primeiro lugar, mas não
desconsidera os outros, e nem sua
responsabilidade para com eles. E
por meio da auto-reflexão busca se
conhecer, saber o que quer para
construir um projeto de vida, dessa
forma exercendo autonomia de
decisão. Pois só estando bem
consigo, ciente de suas qualidades
e defeitos, como de suas
expectativas e possibilidades, e
que é possível estar em equilíbrio
para lidar bem com os outros. E
assim desenvolver uma relação
interpessoal de sucesso, capaz de
colaborar com seu projeto pessoal
e com o projeto do grupo.
7. III – TIPOS DE AMOR
Existem vários tipos de amor, mas para evitar
confusão trabalharemos com a divisão em três
tipos: Filía, Ágape e Eros.
Filía: é o amor entre familiares, amigos, e membros
de uma comunidade, etc.
Ágape: é o amor da caridade, das ações sociais, das
lutas pelos direitos dos semelhantes...
Eros: é o amor carnal entre pessoas. OBS: no tópico
de Freud veremos uma divergência desse
conceito e como isso levou a incompreensão de
muitos sobre o pensamento deste autor.
Vale ressaltar que o amor Filía estabelece
generosidade, reciprocidade e desprendimento
mútuos. Enquanto o Ágape não pré-supõe
reciprocidade, muito menos mutualidade no
desprendimento e na generosidade. Já o Eros
não só exige mutualidade como, quase sempre,
exclusividade.
8. O CONCEITO DE FELICIDADE NAS DIFERENTES
VERTENTES DA HUMANIDADE
9. IV- SIDDHARTHA GAUTAMA
Considerava que para conseguir o estágio de paz interior
(felicidade), ou seja, atingir o “Bodhi” (a iluminação) quando a
pessoa consegue compreender as “quatro nobres verdades”: 1º
reconhecer o sofrimento, 2º buscar a origem do sofrimento, 3º
decretar do sofrimento, 4º passar pelo “caminho” para cessar o
sofrimento. Este último considera a superação do ego, ou seja, a
superação do “eu”, isso quer dizer que na interpretação dele
devemos deixar de desejar, abandonar o “eu quero” e “eu não
quero” e viver o agora. Segundo essa lógica de pensamento
seria a busca por essa felicidade (realização dos desejos,
objetivos) a origem do sofrimento, porque após a realização de
determinado objetivo (desejo) a felicidade que o originou se
torna vazia passando a outro querer num ciclo sem fim. É como
uma droga que cada vez que é consumida leva a necessidade de
mais e mais, e nunca há satisfação durável só aumenta o vazio.
Assim para Gautama não existe a concepção de felicidade e sim
a paz interior que seria a negação aos desejos (eu quero ou eu
não quero), e a valorização do agora.
10. V- NIETZSCHE
Para Nietzsche a sociedade ocidental se baseia em duas
morais referentes a sua origem no escravismo da Roma
antiga: a moral do escravo X a moral do aristocrata. O
escravo para agüentar sua realidade horrível inventa uma
moral na qual todo o sofrimento que ele é obrigado a
passar será recompensado em um mundo imaginário que
ele mesmo criou e que ninguém nunca viu mas que existe
para ele após a vida. Nessa moral o escravo apresenta um
grande ressentimento para com o aristocrata sendo que
todo o seu sofrimento será beneficiado e todos os
benefícios do aristocrata serão punidos. Já na moral do
aristocrata ele faz tudo que deseja pois ele pode e na
realização dos seus desejos ele encontra sentimento de
satisfação e assim não vive uma vida de ressentimentos e
amarguras, mais sim de plenitude. Logo para Nietzsche a
felicidade é a plena realização dos seus desejos individuais.
Restando para o escravo a felicidade de rebanho, que
consiste em abrir mão da individualidade para atender os
desejos da coletividade ou às regras da sociedade.
11. V- IDEALISTAS X MATERIALISTAS:
A INTRETAÇÃO DO CORPO
Idealistas: acreditam que a realidade é
construída por meio das idéias.
Materialistas: acreditam que o social
(a realidade) determina a consciência.
12. PLATÃO
Defendia a existência de dois mundos o mundo
sensível e o mundo inteligível o mundo sensível é
aquele que podemos conhecer por meio das
nossas sensibilidades corporais (visão, olfato...),
juntamente com o senso comum. O mundo
inteligível é perceptível por meio do estudo, da
busca por conhecimento e por novas formas de
entendimento do mundo. Nessa mesma lógica ele
entendia o ser humano como que divido em duas
partes (dualismo platônico), o corpo (matéria) e a
alma (espírito e consciência) sendo está ultima
dividida em: Alma superior = Logus = Razão e Alma
inferior = Eros = (coragem “irascível” + desejo
“concupiscível”). Assim a alma inferior e o corpo
são passiveis de corrupção, decadência moral e
erro. Por isso a alma superior (logos = razão) tem
que controlar as paixões e os desejos. Portanto,
todo esforço humano consiste no domínio da alma
superior sobre a inferior.
13. DESCARTES
Defendia a idéia do “corpo-
máquina”, segundo a qual a alma é
a razão e o corpo, inferior, concede
a ela os sentimentos. Cabe a alma
controlar as paixões que
prejudicam a atividade intelectual
e provocam a tristeza. Assim a
maior felicidade do homem é o uso
adequado da razão adquirido pelo
estudo a mais útil das ocupações, a
mais agradável e mais doce.
14. ESPINOSA
Rompe com esse dualismo (corpo e alma), a suateoria do
paralelismo, segundo esta quando passivos somos de corpo e
alma, e do contrario, quando ativos também somos de corpo
e alma. Ele ainda concebe a paixão alegre e a triste. Sendo
que a primeira ocorre quando nossa força interna aumenta e,
por conseguinte, nosso ser e capacidade de agir. A paixão
triste é quando uma causa externa é mais forte que nossa
força interna assim afasta nossa potência de agir, por ser
geradora de ódio, indagação, inveja, crueldade,
ressentimento, melancolia, remorso, vingança, etc,
sentimentos que tomam tempo, tornam nebulosa a visão,
cegam o caminho da felicidade. Por isso só uma paixão alegre
pode destruir uma paixão triste.
15. FREUD
Para ele a consciência humana não é o centro das decisões e do
controle dos desejos. Pois diante das forças conflitantes internas
no individuo, ele reage mais desconhece os determinantes, que
estariam no inconsciente, escondida na memória pela repressão
dos desejos. Vale lembre que diferente de outros autores Freud
interpreta Eros como desejo no sentido amplo, e não só o desejo
pela pessoa amada (o amor carnal), mas de varias ordens. Ele diz
que essa força que impulsiona o ser a agir para realizar seus
desejos (necessidades), a qual chama de Libido, está presente em
todas os atos psíquicos o que nos permite encontrar prazer em
varias atividades, não só a sexual, como jogos, investigação
intelectual, trabalho, produção artística,etc. O mal estar humano
está no não equilíbrio do inconsciente pelo EGO, das
determinações do ID e do SUPEREGO. Mas o que vem a ser EGO,
ID e SUPEREGO? Vejamos:
16. ID, EGO e SUPEREGO
• ID: Constitui o reservatório de energia psíquica,
das características atribuídas ao sistema
inconsciente, e é regido pelo princípio do prazer
(Psiquê que visa apenas o prazer do indivíduo).
• SUPEREGO: Origina-se da internalização das
proibições, dos limites e da autoridade. (É algo
além do ego que fica sempre te censurando e
dizendo: Isso não está certo, não faça aquilo,
não faça isso, ou seja, aquela que dói quando
prejudicamos alguém, é o nosso "freio".)
• EGO: É o sistema que estabelece o equilíbrio
entre as exigências do id, as exigências da
realidade e as ordens do superego. A verdadeira
personalidade, que decide se acata as decisões
do (Id) ou do (Superego).
17. Acontece que às vezes o EGO de uma pessoa só
dá ouvidos ao ID, e assim ele age unicamente
por prazer, sendo inconseqüente e
irresponsável. Ou escuta apenas o SUPEREGO
se reprimindo e se culpando excessivamente, o
que pode levá-la a depressão. Mas é
perfeitamente possível que o individuo
estabeleça o equilíbrio sobre o EGO, às vezes
com ajuda outras sozinho, porém é algo que só
ele pode fazer.
18. FOUCAULT
No livro “microfisica do poder” ele argumente
que o poder não é exercido somente através das
grandes estruturas como o estado, mas também
das pequenas relações, pelas quais os indivíduos,
alienados por nascer sobre a lógica das ideologias
dominantes, vigiam e punem uns aos outros para
garantir o cumprimento das regras estabelecidas.
Nesse sentido existem relações de poder
(determinar o que dever ser feito e punir no
descumprimento) na família, nos casais, entre os
amigos, nas escolas, nas igrejas, nos locais de
trabalho, etc
19. VEJA UM RESUMO DO MITO DAS
CAVERNAS
• Link:
http://www.brasilescola.com/filosofia/mito
-caverna-platao.htm