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As novas
tecnologias,
o indivíduo
ea
sociedade
Sociologia da Comunicação



Cláudia Amaral nº7784
Guilherme Marques nº7594
João Correia nº7443
Nuno Granada nº7584



Instituto Superior Miguel Torga

Licenciatura Comunicação
Empresarial
 Os trunfos das novas tecnologias de comunicação



        Desde logo o autor dá-nos uma ideia de oferta e de procura existentes nos meios de
comunicação. Ele diferencia os novos meios de comunicação como a internet dos “antigos”
(Televisão, rádio, jornal, etc.). Para cada um deles existe uma lógica, os meios antigos têm uma
lógica de oferta, os novos meios têm uma lógica de procura. Porém existe uma
complementaridade entre ambos os meios.

        Assumindo que os meios são complementares, úteis e necessários não se pode falar de
progresso nos meios de comunicação. Existe sim uma variedade maior de escolha, fazendo
com que haja uma adaptação consumidor ↔ meio, ou seja, cada consumidor tem o seu meio
preferido. Não existindo assim hierarquias no que diz respeito à escolha do mesmo,
exemplificando: não e mais inteligente aquele individuo que tem como meio preferido a
internet, bem como não é menos adaptado aquele individuo que prefere a televisão ou jornal.

        A necessidade de modernização escapa ao autor, pois para ele não e por detrás de um
teclado que se vai erguer uma sociedade “os vários discursos fazem apelo à “revolução de
Internet” e afirmam doutamente que a sociedade de amanhã se erguerá dos teclados dos
computadores. Na realidade, tudo se passa de forma mais matizada, pois, por muito felizes
que estejamos com o milionésimo internauta francês, o número destes continua a ser muito
inferior em relação aos catorze milhões de utilizadores do MinitelTM1” (D. Wolton “E depois
da internet?” p.76), não percebendo assim como as novas tecnologias beneficiam de uma
publicidade gratuita por parte de toda a gente e ninguém ousa em criticar. As expectativas dos
utilizadores vão sendo sanadas com a contínua utilização e constatação que as novas
tecnologias são fantasiosas e utópicas. Fruto de discursos políticos apelatórios que induzem o
publico em geral para um entusiasmo ingénuo face as novas tecnologias.




1
  Minitel é uma rede nacional de recuperação de informações, existentes na França, que fornece
serviços de dados a milhões de lares. O serviço de Videotexto on-line, Minitel, foi lançado na França em
1982 pelo PTT (Poste, Téléphone et Télécomunications, tradução para o português: Correio, Telefone e
Telecomunicações). Desde 1991 que o serviço está dividido entre a França Telecom e a [La Poste].
Quando foi criado, os usuários faziam compras on-line, reservas de comboio, consulta de preços e
contactos telefónicos, e, ainda possibilitava Chats semelhantes com aqueles que existem hoje em dia na
Internet.
Mas então porque será que as novas tecnologias têm tanto sucesso?

       O autor frisa aqui cinco aspectos fundamentais para esse tal sucesso. Sendo eles,
primeiro a importância para os jovens da ideia de abertura, a recusa da omnipresença dos
meios de comunicação de massas, o desejo de responder à inegável angustia antropológica,
a atracção pela modernidade, e por ultimo a procura de novas solidariedades com os países
mais pobres.

       Por outro lado as novas tecnologias são atractivas pois ostentam um símbolo de
liberdade e da capacidade para dominar o tempo e o espaço, existem aqui três conceitos
fundamentais para compreendermos o sucesso das novas tecnologias: autonomia, domínio e
rapidez cada pessoa pode agir, sem intermediário, quando quiser, como quiser, sem filtro ou
hierarquia, em tempo real. “Não se tem que esperar, age-se e o resultado e imediato. Isto
confere um sentimento de liberdade absoluta, e mesmo de poder, que se manifesta na
expressão “surfar na Net”. Este tempo real que desarruma as escalas habituais do tempo e
da comunicação e provavelmente um factor de sedução essencial. A prova do tempo foi
vencida, sem necessidade da presença de mais ninguém. E podemos assim navegar até ao
infinito, com uma mobilidade extrema” (D. Wolton “E depois da internet?” p.77)

       Outro dos factores de atracção pelas novas tecnologias nomeadamente a internet é
que elas possibilitam que os indivíduos que falharam na sua vida actual tenham uma segunda
oportunidade para fazerem melhor, sem itinerários profissionais ou diplomas escolares.
Porque na rede ninguém está acima de ninguém, todos os utilizadores estão em pé de
igualdade, oportunidade prefeita para alguém conseguir ser o que sempre quis ser. Logo por
aqui observamos que a internet tem uma realidade social paralela.




    O conteúdo da Web.



       A Internet agrega um certo número de serviços que estão ligados a protocolos de
comunicação, sendo a Web o mais conhecido pelo «grande público».

       A tipologia da informação, no que respeita à «oferta organizada por instituições»,
resume-se a quatro categorias: «aplicações do tipo serviços para informações de qualquer
tipo» (desde horários de voos, comboios e autocarros, passando pela meteorologia, e
chegando aos motores de busca), «aplicações do tipo lazer» (jogos interactivos), «aplicações
ligadas à informação-acontecimento» (informações gerais fornecidas por agências noticiosas
ou especializadas, disponibilizadas por meios socioprofissionais ou socioculturais), e
«informações disponibilizadas em bases de dado usualmente em regime de livre acesso».

       O aparecimento do novo tipo de informação relacionado com o «aumento e a
especialização dos conhecimentos em todos os domínios» surge através de uma «mudança
sociocultural» que levou a uma «mudança na representação da realidade». O tipo de
informação que está a surgir «alarga-se cada vez mais, diversificando-se e integrando novas
dimensões».

       Os fornecedores desta informação são os próprios utilizadores usuais da Internet, que
geram mais informação e conhecimentos, obtidos através de informações especializadas e
bases de dados, e também as imprensas escrita e televisiva, e as casas de edição.

       «O verdadeiro problema não é a satisfação de necessidades de informação pré-
existentes, mas o do alargamento considerável do campo de informação», ou seja, não existe
qualquer problema em relação à falta de informação disponível na Internet, mas sim em
acompanhar e organizar a quantidade de informação que é adicionada a esta. A Web tende a
satisfazer as necessidades de informação do público, de forma célere.

       Oferta e procura de informação.

       Uma das características da informação disponível na Web é esta preceder a procura do
grande público. O novo mercado é legitimado pela crescente necessidade de informação e
comunicação.

       A Internet oferece aplicações que permitem operar a uma escala de massas, no espaço
da vida privada, o que leva a uma sociedade da «comunicação relativamente integrada», onde
não existem conflitos, e da qual surge a procura de serviços de informação, que se encontram
disponibilizados na Web, onde todos conseguem encontrar a resposta que necessitam.

A dificuldade em compreender as necessidades do público prendem-se ao «choque entre duas
escalas temporais»: a da mudança tecnológica e a dos comportamentos sociais.

       A informação-imprensa, que se encontra em crescimento na Web, adopta a filosofia
do século XVIII, que introduziu no nosso sistema de valores a liberdade e a igualdade dos
indivíduos, e que concede o direito à informação. A informação democratizada é o resultado
de uma luta de dois séculos.
Neste momento (em que o livro foi publicado) não é possível ligar o desenvolvimento
multimédia a uma “teoria das necessidades”, pois a Web encontra-se numa fase de
maturação.

       Um dos estigmas das novas tecnologias, que sem dúvida acompanhou o
desenvolvimento da Web, é a redução da culturalização e hábitos sociais. Tendo em conta o
exemplo das deslocações, que com o aparecer da Web foram reduzidas ao mínimo, pois é
possível aceder a vários tipos de serviços e informação por ela, fez com que certos hábitos
fossem forçosamente enraizados nos hábitos de certas comunidades dentro da sociedade, o
que nem sempre é benéfico para o bem-estar social das mesmas.

       Renascimento das desigualdades.

       A cultura do Ocidente defende que toda a informação deve estar acessível a qualquer
cidadão, «enquanto forma de conhecer a realidade e de instrumento para a acção». A
informação está permanentemente conectada à concepção da ideia de igualdade e
universalidade.

       No entanto, corre-se o risco da informação começar a estar cada vez mais restrita
devido ao nível de conhecimento e capacidade aquisitiva, ou seja, existe uma selecção que é
operada por dinheiro e pelo nível cultura dos indivíduos.

       As desigualdades socioculturais ocorrem aquando a utilização de quatro serviços:
informação, lazer, serviços e conhecimento.

       O verdadeiro problema da informação não é a problemática do acesso, mas sim qual é
o nível da procura, pois este está ligado à posição social de cada indivíduo. Por exemplo: um
indivíduo com um alto nível cultural não irá pesquisar o mesmo género de informação que um
indivíduo que tenha tido uma educação menos complexa e um grau cultural mais baixo.

       É neste ponto que se pode distinguir a informação da Web, e a que nos chega por via
dos media “tradicionais”. Enquanto que por via dos jornais e da televisão o discurso que é
utilizado alcança todos os níveis socioculturais, na Web existe uma especificação da
informação e uma maior complexidade em determinados domínios do conhecimento.
 Informação, Expressão, Comunicação.



        O capítulo “Informação, expressão, comunicação” remete-nos para uma diferente
abordagem aos métodos de comunicação. Antes, era diferente, objectos como o telefone, a
rádio e a televisão eram independentes entre si, não havia uma interligação. Terminais de
comunicação diferentes estavam disponíveis para usos, pessoas e culturas diferentes. No
futuro, tudo isso será diferente, existirá uma mudança técnica e cultural e todos esses objectos
estarão disponíveis num mesmo terminal, não será possível detectar diferenças entre as
diferentes actividades.

        Ainda assim, há algumas diferenças que dificilmente vão ser dissipadas, no texto são
explicitadas três, a primeira diz respeito às funções, que são muito mais diversas na Net. Aqui,
a informação não tem fim, esta está disponível a todo o momento e não existem limites no
que toca à sua procura, não há comparação com o que os meios de comunicação social
clássicos podem oferecer, sendo a oferta destes muito mais limitada. A falta de
regulamentação é também um benefício para a Net.

        Outra diferença que está bem presente no texto é a inserção social das novas
tecnologias. Os meios de comunicação clássicos gozam de grande estabilidade, tudo neles se
passa de forma mais calma, ao contrário da Net, que é mais instável e mais elevada do ponto
de vista técnico. É por estes factores que os meios de comunicação social clássicos já
realizaram a sua inserção social, enquanto a Net ainda não.

        A terceira diferença é relativa ao diferente posicionamento que os meios de
comunicação social clássicos e a Net assumiram deste início. A Televisão e a Rádio não
tardaram em assumir-se de imediato como meios ligados à cultura e à política, enquanto que a
Net, e o mundo da informática, associou-se a um lado de produção e rentabilidade, mais
comercial, o que não é benéfico no ganho de legitimidade.

        Apesar de tudo isto, não podemos considerar a Internet como um meio de
comunicação social na verdadeira acepção do termo, visto não haver um público-alvo definido,
não existe uma visão da relação entre a escala individual e a escala colectiva.

        Resumidamente, a diferença entre os meios de comunicação social clássicos (Rádio e
Televisão) e a Net, é que a Rádio e a TV foram pensados desde início como meios de
comunicação social, dirigidos a um público específico, já a Net não tinha esse sentido, tinha
usos específicos (inicialmente pelos Militares, e depois por Universitários). Mesmo a Net
sendo, na maioria das vezes, um sistema de informação mais eficaz do que a Rádio e a TV, não
pode ser considerado um meio de comunicação social genuíno.




    O indivíduo face aos novos meios de comunicação social



       Com o desenvolvimento das novas tecnologias, nomeadamente a internet, o individuo
como ser activo da sociedade adaptou-se a esse novo meio. A internet destruiu uma enorme
barreira, a Geográfica, deste modo, da liberdade de comunicação passamos para a
dependência de comunicação.

       Como o autor refere, entrámos na “Era das Solidões Interactivas”. Isto é, pode se ser
um fantástico cibernauta, mas o constrangimento e a enorme dificuldade de falar com a
pessoa que está ao nosso lado, pode ser ainda maior. Isto revela que os indivíduos com
dificuldades de relacionamento social encontram na internet uma oportunidade de
construírem uma outra persona. Em frente a um computador todos estão em pé de igualdade,
pois é a partir de um ecrã que se constrói um novo self. Logo se desenvolveram expressões,
destas criaram-se novos códigos linguísticos, dominados por aqueles que fazem parte da
comunidade virtual.

       Pela facilidade de entrar em contacto com várias pessoas, simultaneamente, quase em
tempo real e sem se sentirem evadidos do seu espaço pessoal, a internet criou uma nova
necessidade: a de comunicação sem barreiras. A interacção dos indivíduos em rede optimiza a
comunicação, torna-a rápida e faz-se em maior volume, assim a comunicação humana é
facilmente distinta da comunicação técnica.

       A experiência do tempo

       O factor tempo na comunicação é algo que lhe é intrínseco. A chamada experiencia
tempo é definida como sendo o tempo que levamos a captar a mensagem, a produzir um
efeito até à resposta a esse estimulo, logo se afirma que existe sempre uma dureé.

       Quando apareceu a televisão a comunicação era sem barreiras mas unilateral, fazendo
dos consumidores seres estáticos sem poder de interacção. A necessidade do público que
daqui advém, foi a de interagir com o meio de comunicação social. Assim deu-se o salto para o
desenvolvimento dos meios de comunicação social, tendo em vista o público como factor
principal das emissões. A internet trouxe o poder de dar a escolher o tipo de informação, mas
também veio diminuir os constrangimentos temporais através do rápido acesso a conteúdos
da Web, logo podemos dizer que o espaço temporal entre o orgânico e o técnico acontece em
escalas temporais diferentes.

       Daqui advém um problema antropológico: a temporalidade das tecnologias é
caracterizada como homogénea, racional e plana. O tempo humano é descontínuo e
diferenciado. Isto é, o ser Humano possui o factor idade, é através das várias fases da vida que
ele adapta a postura, tendo sempre em vista o bem-estar e conforto. É na fase mais jovem que
se procura aderir ao tempo curto homogéneo e comprimido. Com a maturidade esse prazer,
necessidade ou dependência, é suprimido em função de factores externos da sociedade:
crescimento, desemprego, crise, paz, factores que também fazem com que a sua atenção se
dissipe dos novos meios de comunicação.

       A internet tem um espaço-tempo que não é igual ao da comunicação humana. Na
internet a comunicação dá-se em simultâneo (com várias pessoas) num curto espaço de
tempo, enquanto que a comunicação humana não se verifica a simultaneidade e a igual
rapidez com os mesmos resultados. É este desfasamento que faz com que se introduza uma
maior racionalidade nas comunicações Humanas.

       A impossível transparência

       O Aparecimento da máquina simplificou as relações humanas, a comunicação e o
acesso a informação. Mas não quebram o tempo, a burocracia. Na passagem da burocracia
existente nos serviços, para a técnica onde as máquinas desenvolvem sistemas de computação
de modo a substituir todo o processo físico, existe um intermédio: a aprendizagem e a
adaptação. Segundo o autor houve uma passagem da burocracia humana para a técnica. Estes
processos burocráticos são desenvolvidos porque a transparência da vida social é impossível.
Na técnica existe o processo de aprendizagem do manuseamento, da linguagem, regras, sinais
e modos para se proteger do da invasão da privacidade. Logo “as relações simplificam-se aqui
para se obscurecerem ali” (D. Wolton “E depois da internet?” p.96). Isto é o que o ecrã vai
simplificar, obedece a regras, códigos e linguagem próprios que tem de ser dominados para
que se consiga a paridade social entre os dois mundos, o Técnico e o Humano.
Sociólogos afirmam:

       “Quanto maior a transparência, maior a existência de segredos e de rumores, muito
simplesmente porque nunca existem relações sociais transparentes” (D. Wolton “E depois da
internet?” p.96)

       O mesmo se sucede com os dois tipos de usuários: o utilizador e o programador e a
diferença racional entre estes os dois não é significativa, isto é, são os dois Humanos dotados
da capacidade de errar, logo se é o Homem que cria a máquina, a máquina vai comportar a
falta de perfeição do Homem. Existe sempre um lado não tão bem definido na técnica
(computação) que não a torna 100% sem falhas, o exemplo que o autor nos dá é o “BUG do
ano 2000”. Pode se afirmar que os desvios da comunicação levam a que a burocracia Humana
e Técnica cada vez se desenvolva mais.

       “Quanto maior é a liberdade com que o Homem pode circular na Web, mais se
encontra aprisionado no dia-a-dia” (D. Wolton “E depois da internet?” p.96)

       Esta é uma das consequências do desenvolvimento tecnológico, a insegurança. Se a
computação se desenvolveu para a internet, ao mesmo tempo teve em vista também o
externo (o mundo físico). A insegurança que a internet trouxe em relação ao fornecimento de
dados pessoais, no fundo a invasão do espaço privado, privacidade e identidade do indivíduo,
foi de certa forma tão interiorizada pelos cidadãos, que até mesmo os que não usavam
internet passaram a precaver esse perigo no dia-a-dia. A necessidade de se sentir segurança
em instituições públicas, foi acrescida de sistemas tecnológicos que tem em vista, para além da
questão de transmitir segurança, dar credibilidade às novas tecnologias para sua aceitação. Se
o indivíduo conviver com as novas tecnologias é mais rápido o processo de aprendizagem,
aceitação e domínio do novo paradigma das tecnologias, estando aqui implícito a passagem da
burocracia Humana para a burocracia Técnica.

       As distâncias intransponíveis

       Com o aparecimento das novas tecnologias, acompanha o deu desenvolvimento uma
Utopia: cada nova Tecnologia irá suprimir a descontinuidade do esquema de comunicação.
Esta ideia é sustentada pela base de que a máquina melhora a comunicação Humana porque a
torna possível sem barreiras geográficas, em simultâneo com vários indivíduos, 24h por dia,
acessível a todos, onde se constrói uma outra identidade. Nestes termos a comunicação de
facto foi bastante melhorada e graças ao desenvolvimento tecnológico forma criadas novos
códigos, linguagens, identidades numa realidade virtual. Os Homens tem em vista o
melhoramento e a simplificação com a evolução tecnológica, mas vê-se impune quando tenta
suprimir o intervalo da descontinuidade entre o Emissor, o Receptor e a Mensagem. O ruído é
inerente ao esquema de comunicação visto que a comunicação raramente é totalitária, visto
que é o ruído que reduz a eficácia de toda a comunicação.

       “A Tirania começaria no dia em que os Homens acreditassem que a racionalidade dos
sistemas técnicos aniquilaria o “ruído” inerente a qualquer situação de comunicação” (D.
Wolton “E depois da internet?” p.97)




    Os novos meios de comunicação social entre o comércio e
       a Democracia

       O grande fluxo de indivíduos que acedem à internet faz dela uma ferramenta
indispensável no dia-a-dia. O que se põem em causa é de onde vem o que é caracterizado
como o grande público. De facto não é o número de utilizadores que faz o Grande público. Nos
meios de comunicação em massa é através da audiência que se verifica o que o público mais
gosta, assim se produzem conteúdos. É o público que define o que quer ver através dos “mais
vistos” e assim se define a orientação para o público-alvo. Na internet a disposição de
conteúdos não obedece as estas regras parametrizadas em estudos, “o mais visto dá-se a
todos”. Aqui cada um tem a liberdade de escolher o que consumir e publicar. Daí o acesso se
fazer por um crescente número de utilizadores. De facto é através dos conteúdos acedidos em
multimédia que o Grande público se forma, não é pelo número de utilizadores.

       Nos primórdios da televisão a credibilidade no meio era bastante grande. Assim se
transformou a televisão num grande formador de opiniões do público, o mesmo se sucede
com o aparecimento da internet. Com a exploração deste meio e com a liberdade de
publicação, a credibilidade é algo susceptível de ser relativo. Logo o técnico não faz a
veracidade do assunto.

       A exploração teve consequências negativas: o acesso a dados privados, a desigualdade
no meio técnico, a especulação e a manipulação de informação, atentados a vida privada,
mentiras, a separação entre o público e o privado. Criou-se a necessidade de distinção entre
ser cidadão e consumidor, para navegar no mundo cibernético é preciso ser dotado de outra
identidade para sua própria protecção. O autor defende que para por travão a toda a liberdade
exercida neste meio, que criou a delinquência informacional, há que dotar a rede de poderes
que punam as práticas ilícitas na internet. Já a U.N.E.S.C.O. em 1998 alertou os estados para a
“necessidade de proteger a vida privada e de impedir a circulação indiscriminada de
informação”. (D. Wolton “E depois da internet?” p.100)

        Quanto ao uso indevido da internet, o livre e directo acesso à informação, há ainda
que realçar que o fornecimento ou a utilização de informações sem o devido controlo e
intermediários, não constitui um progresso para a Democracia. A Democracia está pelo
contrário ligada à existência de intermediários de qualidade.

        A realidade que hoje existe é uma desmedida necessidade de informação e a
actualidade faz com que se distinga o primeiro lugar do segundo. O livre acesso à internet e a
tudo o que ela comporta veio retirar tempo à rotina que a burocracia nos habituava, daí a
supressão dos intermediários. Uma colocação de intermediários na comunicação que se faz
hoje em dia iria ser uma censura desacreditada e revoltosa a toda a simplicidade e facilidades
que a internet nos trouxe. Para o autor, esta ausência do intermediário (do controle de
informação) primeiramente era um objectivo democrático que posterior se tornou numa das
principais ameaças, visto que a lógica da sociedade se alterou.

        A ideologia de que o progresso se traduz forçosamente na liberdade individual, é posto
por terra visto que os novos meios de comunicação social promovem a individualidade do ser
Humano enquanto elemento activo na sociedade, levando-o à solidão, bem como estes
“reforçam a hierarquia social e geram prejuízos para as liberdades fundamentais tal como
elas são entendidas nos países democráticos”. (D. Wolton “E depois da internet?” p.101)

        A liberdade individual foi posta em causa quando, na comunicação de massas, se
produzia a mesma mensagem para todos os públicos, desta forma deixa-se de pensar no
individual para olhar para os consumidores como algo estandardizado e controlo das
liberdades individuais. Não foi comprovada como tal visto que são os meios de comunicação
de massas que procuram transpor o ideal de liberdade individual para um contexto de
Democracia de massas, para o contexto onde o indivíduo passa a ser um número.

        O sucesso dos novos meios de comunicação veio colocá-los numa posição em que o
autor os aponta como responsáveis para responder a uma questão fulcral:

        “Como preservar a liberdade individual ao mesmo tempo que um certo ideal de
emancipação colectiva, num contexto de Democracia de massas, contexto esse que não
mantém qualquer relação com a realidade na qual e Democracia foi pensada à dois séculos
atrás?” (D. Wolton “E depois da internet?” p.101)

       Deste ponto de vista da Teoria da Comunicação, autor conclui que se encontram mais
semelhanças que diferenças entre televisão e internet.

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As Novas Tecnologias O Individuo E A Sociedade

  • 1. As novas tecnologias, o indivíduo ea sociedade Sociologia da Comunicação Cláudia Amaral nº7784 Guilherme Marques nº7594 João Correia nº7443 Nuno Granada nº7584 Instituto Superior Miguel Torga Licenciatura Comunicação Empresarial
  • 2.  Os trunfos das novas tecnologias de comunicação Desde logo o autor dá-nos uma ideia de oferta e de procura existentes nos meios de comunicação. Ele diferencia os novos meios de comunicação como a internet dos “antigos” (Televisão, rádio, jornal, etc.). Para cada um deles existe uma lógica, os meios antigos têm uma lógica de oferta, os novos meios têm uma lógica de procura. Porém existe uma complementaridade entre ambos os meios. Assumindo que os meios são complementares, úteis e necessários não se pode falar de progresso nos meios de comunicação. Existe sim uma variedade maior de escolha, fazendo com que haja uma adaptação consumidor ↔ meio, ou seja, cada consumidor tem o seu meio preferido. Não existindo assim hierarquias no que diz respeito à escolha do mesmo, exemplificando: não e mais inteligente aquele individuo que tem como meio preferido a internet, bem como não é menos adaptado aquele individuo que prefere a televisão ou jornal. A necessidade de modernização escapa ao autor, pois para ele não e por detrás de um teclado que se vai erguer uma sociedade “os vários discursos fazem apelo à “revolução de Internet” e afirmam doutamente que a sociedade de amanhã se erguerá dos teclados dos computadores. Na realidade, tudo se passa de forma mais matizada, pois, por muito felizes que estejamos com o milionésimo internauta francês, o número destes continua a ser muito inferior em relação aos catorze milhões de utilizadores do MinitelTM1” (D. Wolton “E depois da internet?” p.76), não percebendo assim como as novas tecnologias beneficiam de uma publicidade gratuita por parte de toda a gente e ninguém ousa em criticar. As expectativas dos utilizadores vão sendo sanadas com a contínua utilização e constatação que as novas tecnologias são fantasiosas e utópicas. Fruto de discursos políticos apelatórios que induzem o publico em geral para um entusiasmo ingénuo face as novas tecnologias. 1 Minitel é uma rede nacional de recuperação de informações, existentes na França, que fornece serviços de dados a milhões de lares. O serviço de Videotexto on-line, Minitel, foi lançado na França em 1982 pelo PTT (Poste, Téléphone et Télécomunications, tradução para o português: Correio, Telefone e Telecomunicações). Desde 1991 que o serviço está dividido entre a França Telecom e a [La Poste]. Quando foi criado, os usuários faziam compras on-line, reservas de comboio, consulta de preços e contactos telefónicos, e, ainda possibilitava Chats semelhantes com aqueles que existem hoje em dia na Internet.
  • 3. Mas então porque será que as novas tecnologias têm tanto sucesso? O autor frisa aqui cinco aspectos fundamentais para esse tal sucesso. Sendo eles, primeiro a importância para os jovens da ideia de abertura, a recusa da omnipresença dos meios de comunicação de massas, o desejo de responder à inegável angustia antropológica, a atracção pela modernidade, e por ultimo a procura de novas solidariedades com os países mais pobres. Por outro lado as novas tecnologias são atractivas pois ostentam um símbolo de liberdade e da capacidade para dominar o tempo e o espaço, existem aqui três conceitos fundamentais para compreendermos o sucesso das novas tecnologias: autonomia, domínio e rapidez cada pessoa pode agir, sem intermediário, quando quiser, como quiser, sem filtro ou hierarquia, em tempo real. “Não se tem que esperar, age-se e o resultado e imediato. Isto confere um sentimento de liberdade absoluta, e mesmo de poder, que se manifesta na expressão “surfar na Net”. Este tempo real que desarruma as escalas habituais do tempo e da comunicação e provavelmente um factor de sedução essencial. A prova do tempo foi vencida, sem necessidade da presença de mais ninguém. E podemos assim navegar até ao infinito, com uma mobilidade extrema” (D. Wolton “E depois da internet?” p.77) Outro dos factores de atracção pelas novas tecnologias nomeadamente a internet é que elas possibilitam que os indivíduos que falharam na sua vida actual tenham uma segunda oportunidade para fazerem melhor, sem itinerários profissionais ou diplomas escolares. Porque na rede ninguém está acima de ninguém, todos os utilizadores estão em pé de igualdade, oportunidade prefeita para alguém conseguir ser o que sempre quis ser. Logo por aqui observamos que a internet tem uma realidade social paralela.  O conteúdo da Web. A Internet agrega um certo número de serviços que estão ligados a protocolos de comunicação, sendo a Web o mais conhecido pelo «grande público». A tipologia da informação, no que respeita à «oferta organizada por instituições», resume-se a quatro categorias: «aplicações do tipo serviços para informações de qualquer tipo» (desde horários de voos, comboios e autocarros, passando pela meteorologia, e
  • 4. chegando aos motores de busca), «aplicações do tipo lazer» (jogos interactivos), «aplicações ligadas à informação-acontecimento» (informações gerais fornecidas por agências noticiosas ou especializadas, disponibilizadas por meios socioprofissionais ou socioculturais), e «informações disponibilizadas em bases de dado usualmente em regime de livre acesso». O aparecimento do novo tipo de informação relacionado com o «aumento e a especialização dos conhecimentos em todos os domínios» surge através de uma «mudança sociocultural» que levou a uma «mudança na representação da realidade». O tipo de informação que está a surgir «alarga-se cada vez mais, diversificando-se e integrando novas dimensões». Os fornecedores desta informação são os próprios utilizadores usuais da Internet, que geram mais informação e conhecimentos, obtidos através de informações especializadas e bases de dados, e também as imprensas escrita e televisiva, e as casas de edição. «O verdadeiro problema não é a satisfação de necessidades de informação pré- existentes, mas o do alargamento considerável do campo de informação», ou seja, não existe qualquer problema em relação à falta de informação disponível na Internet, mas sim em acompanhar e organizar a quantidade de informação que é adicionada a esta. A Web tende a satisfazer as necessidades de informação do público, de forma célere. Oferta e procura de informação. Uma das características da informação disponível na Web é esta preceder a procura do grande público. O novo mercado é legitimado pela crescente necessidade de informação e comunicação. A Internet oferece aplicações que permitem operar a uma escala de massas, no espaço da vida privada, o que leva a uma sociedade da «comunicação relativamente integrada», onde não existem conflitos, e da qual surge a procura de serviços de informação, que se encontram disponibilizados na Web, onde todos conseguem encontrar a resposta que necessitam. A dificuldade em compreender as necessidades do público prendem-se ao «choque entre duas escalas temporais»: a da mudança tecnológica e a dos comportamentos sociais. A informação-imprensa, que se encontra em crescimento na Web, adopta a filosofia do século XVIII, que introduziu no nosso sistema de valores a liberdade e a igualdade dos indivíduos, e que concede o direito à informação. A informação democratizada é o resultado de uma luta de dois séculos.
  • 5. Neste momento (em que o livro foi publicado) não é possível ligar o desenvolvimento multimédia a uma “teoria das necessidades”, pois a Web encontra-se numa fase de maturação. Um dos estigmas das novas tecnologias, que sem dúvida acompanhou o desenvolvimento da Web, é a redução da culturalização e hábitos sociais. Tendo em conta o exemplo das deslocações, que com o aparecer da Web foram reduzidas ao mínimo, pois é possível aceder a vários tipos de serviços e informação por ela, fez com que certos hábitos fossem forçosamente enraizados nos hábitos de certas comunidades dentro da sociedade, o que nem sempre é benéfico para o bem-estar social das mesmas. Renascimento das desigualdades. A cultura do Ocidente defende que toda a informação deve estar acessível a qualquer cidadão, «enquanto forma de conhecer a realidade e de instrumento para a acção». A informação está permanentemente conectada à concepção da ideia de igualdade e universalidade. No entanto, corre-se o risco da informação começar a estar cada vez mais restrita devido ao nível de conhecimento e capacidade aquisitiva, ou seja, existe uma selecção que é operada por dinheiro e pelo nível cultura dos indivíduos. As desigualdades socioculturais ocorrem aquando a utilização de quatro serviços: informação, lazer, serviços e conhecimento. O verdadeiro problema da informação não é a problemática do acesso, mas sim qual é o nível da procura, pois este está ligado à posição social de cada indivíduo. Por exemplo: um indivíduo com um alto nível cultural não irá pesquisar o mesmo género de informação que um indivíduo que tenha tido uma educação menos complexa e um grau cultural mais baixo. É neste ponto que se pode distinguir a informação da Web, e a que nos chega por via dos media “tradicionais”. Enquanto que por via dos jornais e da televisão o discurso que é utilizado alcança todos os níveis socioculturais, na Web existe uma especificação da informação e uma maior complexidade em determinados domínios do conhecimento.
  • 6.  Informação, Expressão, Comunicação. O capítulo “Informação, expressão, comunicação” remete-nos para uma diferente abordagem aos métodos de comunicação. Antes, era diferente, objectos como o telefone, a rádio e a televisão eram independentes entre si, não havia uma interligação. Terminais de comunicação diferentes estavam disponíveis para usos, pessoas e culturas diferentes. No futuro, tudo isso será diferente, existirá uma mudança técnica e cultural e todos esses objectos estarão disponíveis num mesmo terminal, não será possível detectar diferenças entre as diferentes actividades. Ainda assim, há algumas diferenças que dificilmente vão ser dissipadas, no texto são explicitadas três, a primeira diz respeito às funções, que são muito mais diversas na Net. Aqui, a informação não tem fim, esta está disponível a todo o momento e não existem limites no que toca à sua procura, não há comparação com o que os meios de comunicação social clássicos podem oferecer, sendo a oferta destes muito mais limitada. A falta de regulamentação é também um benefício para a Net. Outra diferença que está bem presente no texto é a inserção social das novas tecnologias. Os meios de comunicação clássicos gozam de grande estabilidade, tudo neles se passa de forma mais calma, ao contrário da Net, que é mais instável e mais elevada do ponto de vista técnico. É por estes factores que os meios de comunicação social clássicos já realizaram a sua inserção social, enquanto a Net ainda não. A terceira diferença é relativa ao diferente posicionamento que os meios de comunicação social clássicos e a Net assumiram deste início. A Televisão e a Rádio não tardaram em assumir-se de imediato como meios ligados à cultura e à política, enquanto que a Net, e o mundo da informática, associou-se a um lado de produção e rentabilidade, mais comercial, o que não é benéfico no ganho de legitimidade. Apesar de tudo isto, não podemos considerar a Internet como um meio de comunicação social na verdadeira acepção do termo, visto não haver um público-alvo definido, não existe uma visão da relação entre a escala individual e a escala colectiva. Resumidamente, a diferença entre os meios de comunicação social clássicos (Rádio e Televisão) e a Net, é que a Rádio e a TV foram pensados desde início como meios de comunicação social, dirigidos a um público específico, já a Net não tinha esse sentido, tinha
  • 7. usos específicos (inicialmente pelos Militares, e depois por Universitários). Mesmo a Net sendo, na maioria das vezes, um sistema de informação mais eficaz do que a Rádio e a TV, não pode ser considerado um meio de comunicação social genuíno.  O indivíduo face aos novos meios de comunicação social Com o desenvolvimento das novas tecnologias, nomeadamente a internet, o individuo como ser activo da sociedade adaptou-se a esse novo meio. A internet destruiu uma enorme barreira, a Geográfica, deste modo, da liberdade de comunicação passamos para a dependência de comunicação. Como o autor refere, entrámos na “Era das Solidões Interactivas”. Isto é, pode se ser um fantástico cibernauta, mas o constrangimento e a enorme dificuldade de falar com a pessoa que está ao nosso lado, pode ser ainda maior. Isto revela que os indivíduos com dificuldades de relacionamento social encontram na internet uma oportunidade de construírem uma outra persona. Em frente a um computador todos estão em pé de igualdade, pois é a partir de um ecrã que se constrói um novo self. Logo se desenvolveram expressões, destas criaram-se novos códigos linguísticos, dominados por aqueles que fazem parte da comunidade virtual. Pela facilidade de entrar em contacto com várias pessoas, simultaneamente, quase em tempo real e sem se sentirem evadidos do seu espaço pessoal, a internet criou uma nova necessidade: a de comunicação sem barreiras. A interacção dos indivíduos em rede optimiza a comunicação, torna-a rápida e faz-se em maior volume, assim a comunicação humana é facilmente distinta da comunicação técnica. A experiência do tempo O factor tempo na comunicação é algo que lhe é intrínseco. A chamada experiencia tempo é definida como sendo o tempo que levamos a captar a mensagem, a produzir um efeito até à resposta a esse estimulo, logo se afirma que existe sempre uma dureé. Quando apareceu a televisão a comunicação era sem barreiras mas unilateral, fazendo dos consumidores seres estáticos sem poder de interacção. A necessidade do público que daqui advém, foi a de interagir com o meio de comunicação social. Assim deu-se o salto para o
  • 8. desenvolvimento dos meios de comunicação social, tendo em vista o público como factor principal das emissões. A internet trouxe o poder de dar a escolher o tipo de informação, mas também veio diminuir os constrangimentos temporais através do rápido acesso a conteúdos da Web, logo podemos dizer que o espaço temporal entre o orgânico e o técnico acontece em escalas temporais diferentes. Daqui advém um problema antropológico: a temporalidade das tecnologias é caracterizada como homogénea, racional e plana. O tempo humano é descontínuo e diferenciado. Isto é, o ser Humano possui o factor idade, é através das várias fases da vida que ele adapta a postura, tendo sempre em vista o bem-estar e conforto. É na fase mais jovem que se procura aderir ao tempo curto homogéneo e comprimido. Com a maturidade esse prazer, necessidade ou dependência, é suprimido em função de factores externos da sociedade: crescimento, desemprego, crise, paz, factores que também fazem com que a sua atenção se dissipe dos novos meios de comunicação. A internet tem um espaço-tempo que não é igual ao da comunicação humana. Na internet a comunicação dá-se em simultâneo (com várias pessoas) num curto espaço de tempo, enquanto que a comunicação humana não se verifica a simultaneidade e a igual rapidez com os mesmos resultados. É este desfasamento que faz com que se introduza uma maior racionalidade nas comunicações Humanas. A impossível transparência O Aparecimento da máquina simplificou as relações humanas, a comunicação e o acesso a informação. Mas não quebram o tempo, a burocracia. Na passagem da burocracia existente nos serviços, para a técnica onde as máquinas desenvolvem sistemas de computação de modo a substituir todo o processo físico, existe um intermédio: a aprendizagem e a adaptação. Segundo o autor houve uma passagem da burocracia humana para a técnica. Estes processos burocráticos são desenvolvidos porque a transparência da vida social é impossível. Na técnica existe o processo de aprendizagem do manuseamento, da linguagem, regras, sinais e modos para se proteger do da invasão da privacidade. Logo “as relações simplificam-se aqui para se obscurecerem ali” (D. Wolton “E depois da internet?” p.96). Isto é o que o ecrã vai simplificar, obedece a regras, códigos e linguagem próprios que tem de ser dominados para que se consiga a paridade social entre os dois mundos, o Técnico e o Humano.
  • 9. Sociólogos afirmam: “Quanto maior a transparência, maior a existência de segredos e de rumores, muito simplesmente porque nunca existem relações sociais transparentes” (D. Wolton “E depois da internet?” p.96) O mesmo se sucede com os dois tipos de usuários: o utilizador e o programador e a diferença racional entre estes os dois não é significativa, isto é, são os dois Humanos dotados da capacidade de errar, logo se é o Homem que cria a máquina, a máquina vai comportar a falta de perfeição do Homem. Existe sempre um lado não tão bem definido na técnica (computação) que não a torna 100% sem falhas, o exemplo que o autor nos dá é o “BUG do ano 2000”. Pode se afirmar que os desvios da comunicação levam a que a burocracia Humana e Técnica cada vez se desenvolva mais. “Quanto maior é a liberdade com que o Homem pode circular na Web, mais se encontra aprisionado no dia-a-dia” (D. Wolton “E depois da internet?” p.96) Esta é uma das consequências do desenvolvimento tecnológico, a insegurança. Se a computação se desenvolveu para a internet, ao mesmo tempo teve em vista também o externo (o mundo físico). A insegurança que a internet trouxe em relação ao fornecimento de dados pessoais, no fundo a invasão do espaço privado, privacidade e identidade do indivíduo, foi de certa forma tão interiorizada pelos cidadãos, que até mesmo os que não usavam internet passaram a precaver esse perigo no dia-a-dia. A necessidade de se sentir segurança em instituições públicas, foi acrescida de sistemas tecnológicos que tem em vista, para além da questão de transmitir segurança, dar credibilidade às novas tecnologias para sua aceitação. Se o indivíduo conviver com as novas tecnologias é mais rápido o processo de aprendizagem, aceitação e domínio do novo paradigma das tecnologias, estando aqui implícito a passagem da burocracia Humana para a burocracia Técnica. As distâncias intransponíveis Com o aparecimento das novas tecnologias, acompanha o deu desenvolvimento uma Utopia: cada nova Tecnologia irá suprimir a descontinuidade do esquema de comunicação. Esta ideia é sustentada pela base de que a máquina melhora a comunicação Humana porque a torna possível sem barreiras geográficas, em simultâneo com vários indivíduos, 24h por dia, acessível a todos, onde se constrói uma outra identidade. Nestes termos a comunicação de facto foi bastante melhorada e graças ao desenvolvimento tecnológico forma criadas novos códigos, linguagens, identidades numa realidade virtual. Os Homens tem em vista o
  • 10. melhoramento e a simplificação com a evolução tecnológica, mas vê-se impune quando tenta suprimir o intervalo da descontinuidade entre o Emissor, o Receptor e a Mensagem. O ruído é inerente ao esquema de comunicação visto que a comunicação raramente é totalitária, visto que é o ruído que reduz a eficácia de toda a comunicação. “A Tirania começaria no dia em que os Homens acreditassem que a racionalidade dos sistemas técnicos aniquilaria o “ruído” inerente a qualquer situação de comunicação” (D. Wolton “E depois da internet?” p.97)  Os novos meios de comunicação social entre o comércio e a Democracia O grande fluxo de indivíduos que acedem à internet faz dela uma ferramenta indispensável no dia-a-dia. O que se põem em causa é de onde vem o que é caracterizado como o grande público. De facto não é o número de utilizadores que faz o Grande público. Nos meios de comunicação em massa é através da audiência que se verifica o que o público mais gosta, assim se produzem conteúdos. É o público que define o que quer ver através dos “mais vistos” e assim se define a orientação para o público-alvo. Na internet a disposição de conteúdos não obedece as estas regras parametrizadas em estudos, “o mais visto dá-se a todos”. Aqui cada um tem a liberdade de escolher o que consumir e publicar. Daí o acesso se fazer por um crescente número de utilizadores. De facto é através dos conteúdos acedidos em multimédia que o Grande público se forma, não é pelo número de utilizadores. Nos primórdios da televisão a credibilidade no meio era bastante grande. Assim se transformou a televisão num grande formador de opiniões do público, o mesmo se sucede com o aparecimento da internet. Com a exploração deste meio e com a liberdade de publicação, a credibilidade é algo susceptível de ser relativo. Logo o técnico não faz a veracidade do assunto. A exploração teve consequências negativas: o acesso a dados privados, a desigualdade no meio técnico, a especulação e a manipulação de informação, atentados a vida privada, mentiras, a separação entre o público e o privado. Criou-se a necessidade de distinção entre ser cidadão e consumidor, para navegar no mundo cibernético é preciso ser dotado de outra
  • 11. identidade para sua própria protecção. O autor defende que para por travão a toda a liberdade exercida neste meio, que criou a delinquência informacional, há que dotar a rede de poderes que punam as práticas ilícitas na internet. Já a U.N.E.S.C.O. em 1998 alertou os estados para a “necessidade de proteger a vida privada e de impedir a circulação indiscriminada de informação”. (D. Wolton “E depois da internet?” p.100) Quanto ao uso indevido da internet, o livre e directo acesso à informação, há ainda que realçar que o fornecimento ou a utilização de informações sem o devido controlo e intermediários, não constitui um progresso para a Democracia. A Democracia está pelo contrário ligada à existência de intermediários de qualidade. A realidade que hoje existe é uma desmedida necessidade de informação e a actualidade faz com que se distinga o primeiro lugar do segundo. O livre acesso à internet e a tudo o que ela comporta veio retirar tempo à rotina que a burocracia nos habituava, daí a supressão dos intermediários. Uma colocação de intermediários na comunicação que se faz hoje em dia iria ser uma censura desacreditada e revoltosa a toda a simplicidade e facilidades que a internet nos trouxe. Para o autor, esta ausência do intermediário (do controle de informação) primeiramente era um objectivo democrático que posterior se tornou numa das principais ameaças, visto que a lógica da sociedade se alterou. A ideologia de que o progresso se traduz forçosamente na liberdade individual, é posto por terra visto que os novos meios de comunicação social promovem a individualidade do ser Humano enquanto elemento activo na sociedade, levando-o à solidão, bem como estes “reforçam a hierarquia social e geram prejuízos para as liberdades fundamentais tal como elas são entendidas nos países democráticos”. (D. Wolton “E depois da internet?” p.101) A liberdade individual foi posta em causa quando, na comunicação de massas, se produzia a mesma mensagem para todos os públicos, desta forma deixa-se de pensar no individual para olhar para os consumidores como algo estandardizado e controlo das liberdades individuais. Não foi comprovada como tal visto que são os meios de comunicação de massas que procuram transpor o ideal de liberdade individual para um contexto de Democracia de massas, para o contexto onde o indivíduo passa a ser um número. O sucesso dos novos meios de comunicação veio colocá-los numa posição em que o autor os aponta como responsáveis para responder a uma questão fulcral: “Como preservar a liberdade individual ao mesmo tempo que um certo ideal de emancipação colectiva, num contexto de Democracia de massas, contexto esse que não
  • 12. mantém qualquer relação com a realidade na qual e Democracia foi pensada à dois séculos atrás?” (D. Wolton “E depois da internet?” p.101) Deste ponto de vista da Teoria da Comunicação, autor conclui que se encontram mais semelhanças que diferenças entre televisão e internet.