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XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006



  Valor da Informação em Projetos de Desenvolvimento da Produção
   Marítima de Petróleo: Um Estudo de Caso Considerando Duas
                Formas de Aquisição de Informações

                 Bruno Nogueira Silva (FCAA) bruno.nog.fcaa@petrobras.com.br
                         Gesiane Silveira Pereira (UVV) gesiane@uvv.br
                 Iubatan Antonino Pinto (FCAA) iubatan.fcaa@petrobras.com.br
                 Robson Soares da Costa (Petrobras) robsonsc@petrobras.com.br


Resumo
Para a realização de projetos de desenvolvimento da produção marítima de campos de
petróleo é necessário um alto investimento e existe nestes um alto grau de incerteza. Uma das
principais incertezas é referente ao reservatório de petróleo e, uma das formas de reduzir tal
incerteza, é adquir informações antes do desenvolvimento definitivo da produção do campo.
Para avaliar os benefícios da aquisição de informações pode-se utilizar a metodologia
denominada Valor da Informação que está sendo bastante utilizada na indústria do petróleo.
Este trabalho tem como principal objetivo determinar, por meio de um estudo de caso, o
valor da informação da realização de um projeto de desenvolvimento inicial da produção de
um campo de petróleo e da aquisição de uma sísmica na área do campo de petróleo.
Palavras-chave: Valor da Informação, Campos Marítimos de Petróleo, Reservatório.


1. Introdução
Tomar uma decisão de investimento quando não existe incerteza é relativamente simples.
Basta utilizar uma das técnicas para avaliação de projetos, como o cálculo do Valor Presente
Líquido (VPL) e escolher aquele que apresenta maior retorno. Entretanto, na prática, as
decisões são quase sempre cercadas de incertezas. O sucesso econômico das empresas
depende, dentre outros aspectos, dos estudos de viabilidade econômica dos seus projetos que
antecedem à tomada de decisão. A análise de investimento deve, portanto, considerar os
riscos e incertezas presentes nos projetos.
No caso de projetos de exploração e produção de petróleo, as decisões de investimentos são
afetadas pelos componentes técnico e econômico das incertezas. Segundo Dias (1996), as
incertezas técnicas são um tipo de incerteza que não são correlacionadas aos movimentos
macroeconômicos, ou seja, as possibilidades de desvio da variável em relação ao que se
espera (incerteza) não mudam se, por exemplo, a economia sai de uma recessão e entra em
fase de crescimento. Uma característica fundamental da incerteza técnica é que a realização
de investimentos pode reduzir esse tipo de incerteza.
Ainda segundo Dias (1996), a incerteza econômica (ou de mercado) é correlacionada aos
movimentos gerais da economia, que são sujeitos a acontecimentos aleatórios, tais como
recessão/aquecimento da economia, guerra/paz, perdas de safra por razões climáticas/safra
recorde, descoberta de novas tecnologias, etc. Uma característica importante da incerteza de
mercado é que a aquisição de informações, por si só, não reduz e nem aumenta esse tipo de
incerteza.
Uma alternativa bastante utilizada para a redução da incerteza técnica é o Projeto de
Aquisição de Informações que está diretamente ligado ao Valor da Informação (VDI). O VDI
tem como principal objetivo quantificar as informações que podem ser obtidas para a redução


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da incerteza de um projeto posterior e a quantificação do VDI é decisiva para a implantação
do Projeto de Aquisição de Informações.
Uma das principais incertezas existentes no desenvolvimento da produção marítima de
campos de petróleo são aquelas referentes ao reservatório de petróleo, variável de suma
importância para o resultado econômico do projeto. Reservatórios de petróleo são estruturas
geológicas localizadas em subsuperfícies onde estão presentes os hidrocarbonetos que serão
produzidos em um campo. A produção ocorre através de poços produtores e sistemas de
elevação que transportam o petróleo do reservatório até uma Unidade de Estacionária de
Produção (UEP), no caso de campos marítimos. A previsão de produção do campo é produto
do estudo de características do reservatório e da mecânica dos fluidos no processo de
elevação, sendo que pequenas alterações nas mesmas ocasionam reduções ou ganhos
significativos no VPL do projeto, principalmente quando os preços do petróleo negociados no
mercado estão em alta.
Conforme Ligero et all (2003), as principais incertezas de reservatório são relacionadas a
variáveis estáticas (modelo geológico) e dinâmicas (parâmetros de fluxo) e se refletem
diretamente na curva de produção do campo. De acordo com Demirmen (1996), as incertezas
de reservatório podem estar relacionadas ao volume original e qualidade do petróleo do
campo, bem como à produtividade do mesmo. Dentre as incertezas principais, destacam-se as
seguintes: configuração estrutural e heterogeneidades do reservatório e atuação de aqüífero.
Um dos investimentos mais utilizados para obtenção de informações em um campo de
petróleo é a realização de um levantamento sísmico. O objetivo principal do levantamento
sísmico é imagear o reservatório, definir sua geometria/estrutura e, a partir destes dados,
conceber opções para o desenvolvimento da produção do campo de petróleo.
Outro investimento em informação bastante utilizado é a perfuração de um poço para coletar
dados e realizar testes, como por exemplo, de produtividade do reservatório.
A realização de um Teste de Longa Duração (TLD) é outro método de se obter informações.
O TLD, normalmente, é realizado com a produção do campo utilizando-se poucos poços
ligados a uma UEP de pequeno porte, com o objetivo de testar o reservatório, o sistema de
elevação o comportamento da planta de processo da UEP ou obter outras informações
relevantes para o desenvolvimento do campo de petróleo.
O uso de sistemas antecipados de produção de um campo de petróleo também é um método
de investimento em informação. Nele a produção do campo é iniciada, da mesma forma que
no TLD, mas com um número maior de poços e uma UEP de maior porte. O objetivo é
similar ao do TLD, sendo possível estimar com mais precisão o comportamento do campo de
petróleo nas fases seguintes de desenvolvimento da produção.
2. Valor da Informação
Existem projetos que tem como principal objetivo gerar informações para projetos posteriores
e são denominados Projetos de Aquisição de Informações. Estes podem se apresentar pouco
atraentes ou mesmo inviáveis do ponto de vista econômico se for utilizada para análise a
teoria tradicional de fluxo de caixa descontado (VPL). Entretanto, os mesmos possuem o
ganho de gerar informações para otimização de projetos posteriores mediante a redução de
incerteza das variáveis analisadas. Então, para quantificar este ganho, uma metodologia
bastante utilizada é a denominada Valor da Informação (VDI).
Conforme Coopersmith et all (2002), VDI é o aumento ou decréscimo do valor de um ativo
depois de adquirir a informação, como apresentado na equação [1].



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Valor da Informação = (Valor do AtivoCom Informação) – (Valor do AtivoSem Informação)           [1]
Ainda segundo Coopersmith et all (2002), o VDI é função de três fatores:
1. A magnitude da incerteza das variáveis que estão sendo consideradas para aquisição da
informação;
2. A magnitude da decisão de impacto monetário futuro que pode mudar (dado que a
informação é conhecida sobre a incerteza da variável estudada);
3. A confiabilidade da informação.
Segundo Dias (2005), problemas de VDI são de grande importância não só em aplicações
econômicas, mas também em várias outras áreas tão distintas como Medicina, P&D (pesquisa
e desenvolvimento) em geral, e até no dia a dia das decisões individuais.
O VDI é sempre avaliado ex-ante uma vez que o mesmo deve ser calculado antes de se
decidir sobre o investimento ou não em informação. Ou seja, é necessário avaliar o VDI a fim
de decidir se o benefício da informação supera o custo de adquiri-la.
Xavier et all (2005) afirmam que uma informação pode ser completa e perfeita quando
elimina toda a dúvida sobre um determinado atributo. Uma informação pode também ser
imperfeita quando não há confiabilidade total no valor medido e pode ser incompleta se não
for suficiente para reduzir totalmente a incerteza sobre o atributo. O valor de uma informação
imperfeita é sempre menor que o valor de uma informação perfeita, que representa o máximo
que a informação pode valer.
Brealey & Myers (2001) desenvolveram um exemplo muito simples de VDI que avalia se
vale a pena investir em um teste de uma máquina para saber se a mesma funciona
adequadamente aos seus propósitos. Com isso foi possível reduzir a possibilidade de se ter um
custo adicional por ter que utilizar outros métodos de produção caso a máquina não
funcionasse como esperado.
A estimativa do VDI também tem sido largamente utilizada na indústria do petróleo.
Demirmen (1996) utilizou o conceito de VDI para justificar a avaliação prévia de um
reservatório e também para fazer uma classificação das variáveis consideradas. Portela et all
(2003) aplicou a análise de VDI, em condições de incerteza, para otimizar a explotação de um
novo bloco em um campo em águas profundas na Bacia de Campos. Galli et all (2004)
propõem uma metodologia na qual se aplicam atualizações bayesianas e a teoria das opções
reais para um modelo de reservatório probabilístico com objetivo de calcular o valor
econômico da nova informação.
Aylor (1999), com o apoio da metodologia de VDI, mostrou a importância da aquisição de
uma sísmica 3D com objetivo principal de aumentar a taxa de sucesso na exploração (etapa de
descoberta do campo de petróleo), afetando positivamente a revisão das estimativas de
volumes de petróleo recuperáveis.
Ballin et all (2005) desenvolveram um estudo robusto e sistemático de VDI em um projeto de
múltiplos reservatórios de gás em Trinidad e Tobago para dar suporte a decisão de adquirir
uma sísmica 4D. Esta pode ser definida como uma sísmica de imageamento 3D acrescida da
variável tempo, ou seja, as aquisições 3D são repetidas ao longo da vida produtiva do campo.
O objetivo principal da sísmica 4D é obter novos dados para elaboração de novos projetos de
produção do campo. Steagall et all (2005) também utilizaram a metodologia de VDI para
justificar a aquisição de uma sísmica 4D no Campo de Marlim na Bacia de Campos.




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2.1 Projetos de Aquisição de Informações
Existem diversos tipos de investimento em informação sendo que a seleção depende de qual
informação é mais importante para o projeto em estudo.
O investimento em um levantamento sísmico na área do reservatório é uma das formas
utilizadas para redução de incerteza no que diz respeito à localização, dimensões, geometria e
heterogeneidades internas do reservatório e, conseqüentemente, do volume de óleo que poderá
ser explotado. Conforme Thomas (2001), o levantamento sísmico inicia-se com a geração de
ondas elásticas, através de fontes artificiais, que se propagam pelo interior da Terra, onde são
refletidas e refratadas nas interfaces que separam rochas de diferentes constituições
petrofísicas, e retornam a superfície, onde são captadas por sofisticados equipamentos de
registro. Na sísmica 3D, os dados são adquiridos de forma a se ter uma distribuição uniforme
sobre uma área gerando um volume sísmico que será interpretado, fornecendo, finalmente, um
modelo tridimensional do reservatório.
Ainda segundo Thomas (2001), existe a sísmica 4D que na realidade é a repetição de um
levantamento 3D, em intervalos grandes de tempo, mantendo-se as mesmas condições de
aquisição e processamento. Nestas condições, os levantamentos repetidos apresentarão os
mesmos resultados. Entretanto, se no intervalo entre um levantamento e outro houver
alteração das características petrofísicas dos reservatórios, devido à extração de fluidos, ou
injeção de água para manutenção de pressão ou de outra atividade qualquer, os resultados
serão diferentes e a análise destas diferenças poderá fornecer informações importantes para o
desenvolvimento da produção do campo de petróleo.
Um outro projeto de aquisição de informações utilizado na indústria do petróleo é o Teste de
Longa Duração (TLD). Conforme a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), TLD é definido como testes de poços, realizados durante a Fase de
Exploração, com a finalidade exclusiva de obtenção de dados e informações para
conhecimento dos reservatórios, com tempo total de fluxo superior a 72 horas. O TLD é
bastante utilizado em projetos que não possuem similares em outras regiões.
Lach (1997) apresentou a realização de um TLD no Campo de Captain em 1993 para reduzir
algumas incertezas relacionas às características do reservatório, performance da produção de
um poço horizontal, método de elevação de petróleo e processamento da planta da UEP.
Bezerra et all (2004) também apresentou um TLD realizado no Campo de Jubarte na Bacia de
Campos para obter informações relacionadas à performance do reservatório e ao processo de
produção da plataforma devido ao petróleo do Campo de Jubarte ser bastante pesado (17 API)
e produzido em águas profundas (lâmina d’água entre 1000 e 1500 metros).
Outro projeto de aquisição de informações muito utilizado é o de Sistema Antecipado de
Produção. Através deste tipo de projeto, pode-se obter, principalmente, informações das
variáveis dinâmicas do reservatório devido ao campo estar com sua produção iniciada. Em
Bezerra et all (2004) foi apresentado que o plano de desenvolvimento do Campo de Jubarte
será em três fases, sendo a segunda fase um projeto de desenvolvimento inicial da produção
para adquirir informações para o projeto definitivo.
3. Metodologia
3.1 Definições das principais incertezas
A primeira etapa de um estudo de VDI é identificar as principais incertezas do projeto, ou
seja, as incertezas que geram maior impacto no resultado econômico do projeto.



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Definidas as principais incertezas, deve-se verificar se as mesmas podem ser mitigadas com a
aquisição de informações antes da realização do projeto de desenvolvimento definitivo do
campo de petróleo. Em caso afirmativo, deve-se identificar quais os cenários possíveis para as
variáveis consideradas no estudo, como, por exemplo, um cenário otimista, outro pessimista e
outro esperado.
3.2 Definições dos projetos para cada cenário
Após a identificação dos cenários possíveis para as variáveis consideradas no estudo, deve-se
definir qual a concepção de projeto mais apropriada para o caso de acontecer qualquer um dos
cenários considerados. Ou seja, caso aconteça um cenário diferente do esperado (cenários
pessimista ou otimista) até o presente momento, deve-se definir o escopo do projeto mais
otimizado para este cenário, definindo, por exemplo, o número de poços e a capacidade da
UEP ótimos.
Portanto, caso se obtenha a informação antes do início da concepção do projeto definitivo,
pode-se otimizar o projeto para não ocasionar perdas futuras tanto por um projeto
superdimensionado (caso aconteça um cenário pessimista) como por um projeto
subdimensionado (caso aconteça um cenário otimista).
3.3 Definições das probalidades de ocorrência para cada cenário
O outro passo para a determinação do VDI é definir a probabilidade de ocorrência de cada
cenário definido. Esta etapa é uma das mais complexas, pois depende de um alto grau de
experiência e especialização da equipe responsável pela realização da análise, pois é de difícil
quantificação por ser de caráter subjetivo. Deve-se então comprometer boa parte do tempo da
análise nesta etapa, pois uma determinação equivocada das probabilidades de ocorrêcia dos
cenários compromete todo o resultado da análise.
3.4 Modelo de Valor da Informação
A primeira etapa para o cálculo do VDI é obter o Valor da Informação perfeita, ou seja,
considerando que toda a incerteza é eliminada com a aquisição da informação. Depois, deve-
se aplicar a este valor um fator de desconto devido ao fato da informação ser imperfeita,
obtendo-se então o Valor da Informação Bruto. Descontando o custo da aquisição da
informação, obtém-se o Valor da Informação Líquido, que caso seja positivo recomenda-se
investir na aquisição da informação.
Um resumo do estudo de Valor da Informação Perfeita é apresentado na Tabela 1.

                                                 VPL Com              VPL Sem
     Cenários         Probabilidade (%)                                                        ∆VPL
                                               Informação *         Informação **
A                             PA                  VPLCIA                VPLSIA                ∆VPLA
B                             PB                  VPLCIB                VPLSIB                ∆VPLB
Esperado                      PE                   VPLE                 VPLE                    0
C                             PC                  VPLCIC                VPLSIC                ∆VPLC
D                             PD                  VPLCID                VPLSID                ∆VPLD
                       Tabela 1 – Concepção do estudo de Valor da Informação Perfeita

* VPL otimizado com a informação sendo que cada cenário possui sua alternativa ótima de desenvolvimento.
   Caso o VPL seja negativo em algum dos cenários, deve-se adotar o valor zero no respectivo cenário, pois o
   projeto não será levado adiante caso isto aconteça.
** VPL não otimizado, pois não se tem a informação para realizar a otimização. O escopo do projeto
   considerado para todos os cenários é o do cenário esperado. Caso o valor esperado (média) destes VPLs seja
   menor que zero, deve-se adotar o valor zero para todos os cenários, pois caso isto aconteça, o projeto não




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   será levado adiante.

Pode-se perceber pela Tabela 1 que o VPL do cenário esperado é o mesmo, obtendo ou não a
informação. Isto ocorre devido ao projeto estar otimizado para este cenário sem ter a
informação antecipadamente, ou seja, ao se obter a informação, neste caso, somente
comprova o cenário esperado. Obtém-se o Valor da Informação Perfeita multiplicando-se os
∆VPLs pela probabilidade de cada cenário respectivo.
4. Estudo de Caso
Utilizando-se a metodologia de VDI apresentada neste trabalho, realizou-se um estudo de
caso para um campo marítimo de petróleo em águas profundas com óleo do tipo pesado, ou
seja, com grau API entre 11 e 22.
Considerou-se como as principais incertezas referentes ao reservatório as seguintes:
    •   Manutenção da pressão do reservatório: refere-se à capacidade do reservatório de
        manter a pressão necessária à elevação dos fluidos (petróleo) até a superfície (UEP);
    •   Estrutura do reservatório: a configuração estrutural impacta diretamente a
        comunicação dos diversos compartimentos do reservatório, influenciando diretamente
        a produção do campo;
    •   Heterogeneidades do reservatório: refere-se às barreiras internas do reservatório que
        impactam na migração interna dos fluidos e conseqüente produção para a superfície.
Para as incertezas referentes à manutenção da pressão e à estrutura, avaliou-se que a melhor
forma de aquisição da informação seria a realização de um projeto de Desenvolvimento
Inicial da Produção.
A concepção do projeto adotada foi a produção do campo utilizando-se uma UEP com cerca
de 1/3 de capacidade da unidade definida para o projeto definitivo, assim como 1/3 do número
de poços produtores. Outro aspecto testado seria o método de elevação artificial de fluidos,
escolha decisiva para o projeto definitivo.
Considerou-se neste estudo que a informação é perfeita, ou seja, o valor obtido é o VDI
máximo, mas sabe-se que dificilmente se consegue eliminar toda a incerteza.
Foram avaliados quatro cenários prováveis para o campo e considerou-se que todos os
cenários têm a mesma probabilidade de ocorrência devido ao fato de não se ter muitas
informações do campo. A Tabela 2 apresenta os resultados do estudo de VDI para as duas
incertezas acima descritas.

                                          VPL Com                   VPL Sem                 VPL Sem
                  Probabilidade
   Cenários                              Informação               Informação          Informação Ajustado
                      (%)
                                          (MM US$)                 (MM US$)                (MM US$)
 A                     25                    80                         76                     0
 Esperado              25                    44                         44                     0
 B                     25                    96                        -72                     0
 C                     25                    57                       -141                     0
     Valor Esperado (Média)                  69                        -23                     0
    Tabela 2 – Valor da Informação para as incertezas de manutenção da pressão e estrutura do reservatório

Como o valor esperado dos VPLs sem informação é menor do que zero, significando que, a
princípio, o projeto não é atrativo, adota-se o valor zero em todos os cenários, conforme
mostrado na coluna 5 da Tabela 2. O Valor da Informação é então a diferença entre o VPL


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Com informação (US$ 69 milhões) e o VPL Sem Informação (0), que é igual a US$ 69
milhões.
Para a incerteza referente às heterogeneidades do reservatório, constatou-se que a melhor
alternativa de redução de incerteza é a aquisição de uma sísmica 3D. Gerou-se três cenários
de resultados prováveis para o campo e considerou-se que os cenários são equiprováveis. Os
resultados estão apresentados na Tabela 3.


                                                  VPL Com Informação             VPL Sem Informação
       Cenários          Probabilidade (%)
                                                      (MM US$)                       (MM US$)
   A                           33,3                       30                            -35
   Esperado                    33,3                       30                            30
   B                           33,3                      120                            74
              Valor Esperado (Média)                     60                             23
              Tabela 3 – Valor da Informação para a incerteza de heterogeneidade do reservatório

O Valor da Informação é então US$ 60 milhões menos US$ 23 milhões que é igual a US$ 37
milhões.
Logo, poder-se-ia concluir que o Valor da Informação Global, ou seja, considerando todas as
três incertezas, é a soma dos dois valores de VDI mostrados acima que é portanto US$ 106
milhões (69 + 37).
Com isso, para se confirmar ou não o Valor da Informação Global obtido acima, realizou-se
uma análise de VDI considerando as três incertezas simultaneamente. O resultado é
apresentado na Tabela 4.

                                         VPL Com                                      VPL Sem Informação
                  Probabilidade                             VPL Sem Informação
   Cenários                             Informação                                         Ajustado
                      (%)                                       (MM US$)
                                         (MM US$)                                         (MM US$)
 A                  16,67                   80                          40                    0
 Esperado           16,67                   44                          44                    0
 B                  16,67                   44                         -35                    0
 C                  16,67                   96                         -99                    0
 D                  16,67                   57                        -160                    0
 E                  16,67                   57                        -178                    0
    Valor Esperado (Média)                  63                         -65                    0
                Tabela 4 – Valor da Informação considerando as três incertezas do reservatório

Como o valor esperado dos VPLs sem informação é menor do que zero, não sendo então
viável economicamente, adota-se o valor zero em todos os cenários, conforme apresentado na
coluna 5 da Tabela 4. O Valor da Informação Global considerando as três incertezas
simultaneamente é então de US$ 63 milhões. Este resultado não confirma o valor de US$ 106
milhões obtido do VDI Global considerando a incerteza quanto às heterogeneidades do
reservatório separadamente.
Portanto, deve-se analisar cuidadosamente o cálculo de VDI quando um campo possui muita
incerteza que pode ser reduzida com formas diferentes de aquisição de informações. Não se
deve somar valores de informação obtidos separadamente, pois um projeto de aquisição de
informação pode influenciar no resultado de outro projeto de aquisição de informação, a não
ser que as informações a serem obtidas sejam indepedentes umas das outras.



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XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006



Um outro ponto a ser considerado na análise é com relação às premissas econômicas adotadas
e também no valor obtido para as probabilidades de ocorrência de cada cenário simulado.
Dependendo do preço do petróleo ou da taxa mínima de atratividade (TMA) ou mesmo da
probabilidade de cada cenário, o Valor Esperado do VPL pode ser positivo para o cenário sem
informação ou o VPL de determinado cenário com informação ser negativo, alterando então o
valor final do VDI.
5. Conclusão
Em projetos de desenvolvimento da produção marítima de petróleo existem diversas
incertezas que podem ser mitigadas a partir da aquisição de informações. As principais
incertezas em um campo são referentes ao reservatório de petróleo e os principais projetos de
aquisição de informações são: sistema antecipado de produção de um campo de petróleo,
levantamento sísmico, perfuração de um poço de aquisição de informações e teste de longa
duração.
Uma metodologia bastante utilizada para quantificar os ganhos obtidos em um projeto de
aquisição de informações é o Valor da Informação (VDI).
Para quantificar o VDI de um campo de petróleo, deve-se considerar todas as incertezas que
podem ser mitigadas a partir de projetos de aquisição de informações conjuntamente, pois a
aquisição de informações a partir de um projeto pode interferir no resultado de outro projeto
de aquisição de informações causando um erro no cálculo do VDI.
Um dos itens de grande importância no cálculo de VDI são as premissas econômicas
consideradas, principalmente a TMA, o preço do petróleo e também as probabilidades de
ocorrência de cada cenário simulado. Portanto, deve-se atentar para a determinação destes
parâmetros, para que o resultado do cálculo do VDI seja confiável.
6. Referências
AYLOR, W. K. J. (1999) - Measurig the impact of 3-D Seismic on Business Performance. SPE 52970. Dallas,
Texas.
BREALEY, A R. & MYERS, C. S. (1998) - Princípios de Finanças Empresariais. 5ª Ed. Mcgraw-hill. Portugal.
DIAS, M. A. G. (1996) - Investimento Sob Incerteza em Exploração e Produção de Petróleo. Dissertação de
Mestrado. PUC-Rio. Rio de Janeiro.
DIAS, M. A. G. (2005) - Opções Reais Híbridas com Aplicações em Petróleo. Tese de Doutorado. PUC-RIO.
Rio de Janeiro.
LIGERO, L. E, COSTA, A.P.A & SCHIOZER, D.J. (2003) - Reservoir Simulation Symposium. SPE 81162.
Port-of-Spain. Trinidad. West Indies.
THOMAS, J. E. (2001) - Fundamentos de Engenharia de Petróleo. 2ª Edição. Ed. Interciência. Rio de Janeiro.
MACHADO, M. C. (2000) - Segmentação de Dados Sísmicos via Hyperstack para Visualização. Dissertação de
Mestrado. PUC-Rio. Rio de Janeiro
LACH, J. R. (1997) - Captain Field Reservoir Development Planning and Horizontal Well Performance. OTC
8508. Houston. Texas.
BEZERRA, M. F. C., JUNIOR, C. P. & BRUHN, C. H. L. (2004) - The Appraisal and Development Plan for the
Heavy Oil Jubarte Field, Deepwater Campos Basin Brazil. OTC 16301. Houston. Texas.
XAVIER, A. M., LIGERO, E. L. & SCHIOZER, D. J. (2005) - O Valor da Informação Durante as Fases de
Avaliação e Desenvolvimento de Campos de Petróleo. 3° Congresso Brasileiro de P&D em Petróleo e Gás.
Salvador. Bahia.
DEMIRMEN, F. (1996) - Use of “Value of Information” Concept in Justification and Ranking of Subsurface
Appraisal. SPE 36631. Denver, Colorado.




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XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006


COOPERSMITH, E. M., CUNNINGHAM, P. C. & PENA, C. A. (2003) - Decision Mapping – A Practical
Decision Analysis Approach to Appraisal & Development Strategy Evaluations. SPE 82033. Dallas. Texas.
PORTELLA, R. C. M., SALOMÃO, M. C., BLAUTH, M. & DUARTE, R. L. B. (2003) - Uncertainty
Quantification to Evaluate the Value of information in Deepwater Reservoir. SPE 79707. Houston. Texas.
GALLI, A., ARMSTRONG, M. & DIAS, M. A. G. (2004) - The Value of Information: A Bayesian Real Option
Approach. SPE 90418. Houston, Texas.
BALLIN, P. R., WARD, G. S., WHORLOW, C. V. & KHAN, T. (2005) Value of Information for a 4D-Seismic
Acquisition Project. SPE 94918. Rio de Janeiro.
STEAGALL, D. S., GOMES, J. A. T., OLIVEIRA, R. M., RIBEIRO, N. M. S. J., QUEIROZ, R. Q.,
CARVALHO, M. R. J. & SOUZA, C. Z. (2005) - How to Estimate the Value of Information (VOI) of a 4D
Seismic Survey in One Offshore Giant Field. SPE 95876. Dallas. Texas.




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  • 1. XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 Valor da Informação em Projetos de Desenvolvimento da Produção Marítima de Petróleo: Um Estudo de Caso Considerando Duas Formas de Aquisição de Informações Bruno Nogueira Silva (FCAA) bruno.nog.fcaa@petrobras.com.br Gesiane Silveira Pereira (UVV) gesiane@uvv.br Iubatan Antonino Pinto (FCAA) iubatan.fcaa@petrobras.com.br Robson Soares da Costa (Petrobras) robsonsc@petrobras.com.br Resumo Para a realização de projetos de desenvolvimento da produção marítima de campos de petróleo é necessário um alto investimento e existe nestes um alto grau de incerteza. Uma das principais incertezas é referente ao reservatório de petróleo e, uma das formas de reduzir tal incerteza, é adquir informações antes do desenvolvimento definitivo da produção do campo. Para avaliar os benefícios da aquisição de informações pode-se utilizar a metodologia denominada Valor da Informação que está sendo bastante utilizada na indústria do petróleo. Este trabalho tem como principal objetivo determinar, por meio de um estudo de caso, o valor da informação da realização de um projeto de desenvolvimento inicial da produção de um campo de petróleo e da aquisição de uma sísmica na área do campo de petróleo. Palavras-chave: Valor da Informação, Campos Marítimos de Petróleo, Reservatório. 1. Introdução Tomar uma decisão de investimento quando não existe incerteza é relativamente simples. Basta utilizar uma das técnicas para avaliação de projetos, como o cálculo do Valor Presente Líquido (VPL) e escolher aquele que apresenta maior retorno. Entretanto, na prática, as decisões são quase sempre cercadas de incertezas. O sucesso econômico das empresas depende, dentre outros aspectos, dos estudos de viabilidade econômica dos seus projetos que antecedem à tomada de decisão. A análise de investimento deve, portanto, considerar os riscos e incertezas presentes nos projetos. No caso de projetos de exploração e produção de petróleo, as decisões de investimentos são afetadas pelos componentes técnico e econômico das incertezas. Segundo Dias (1996), as incertezas técnicas são um tipo de incerteza que não são correlacionadas aos movimentos macroeconômicos, ou seja, as possibilidades de desvio da variável em relação ao que se espera (incerteza) não mudam se, por exemplo, a economia sai de uma recessão e entra em fase de crescimento. Uma característica fundamental da incerteza técnica é que a realização de investimentos pode reduzir esse tipo de incerteza. Ainda segundo Dias (1996), a incerteza econômica (ou de mercado) é correlacionada aos movimentos gerais da economia, que são sujeitos a acontecimentos aleatórios, tais como recessão/aquecimento da economia, guerra/paz, perdas de safra por razões climáticas/safra recorde, descoberta de novas tecnologias, etc. Uma característica importante da incerteza de mercado é que a aquisição de informações, por si só, não reduz e nem aumenta esse tipo de incerteza. Uma alternativa bastante utilizada para a redução da incerteza técnica é o Projeto de Aquisição de Informações que está diretamente ligado ao Valor da Informação (VDI). O VDI tem como principal objetivo quantificar as informações que podem ser obtidas para a redução ENEGEP 2006 ABEPRO 1
  • 2. XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 da incerteza de um projeto posterior e a quantificação do VDI é decisiva para a implantação do Projeto de Aquisição de Informações. Uma das principais incertezas existentes no desenvolvimento da produção marítima de campos de petróleo são aquelas referentes ao reservatório de petróleo, variável de suma importância para o resultado econômico do projeto. Reservatórios de petróleo são estruturas geológicas localizadas em subsuperfícies onde estão presentes os hidrocarbonetos que serão produzidos em um campo. A produção ocorre através de poços produtores e sistemas de elevação que transportam o petróleo do reservatório até uma Unidade de Estacionária de Produção (UEP), no caso de campos marítimos. A previsão de produção do campo é produto do estudo de características do reservatório e da mecânica dos fluidos no processo de elevação, sendo que pequenas alterações nas mesmas ocasionam reduções ou ganhos significativos no VPL do projeto, principalmente quando os preços do petróleo negociados no mercado estão em alta. Conforme Ligero et all (2003), as principais incertezas de reservatório são relacionadas a variáveis estáticas (modelo geológico) e dinâmicas (parâmetros de fluxo) e se refletem diretamente na curva de produção do campo. De acordo com Demirmen (1996), as incertezas de reservatório podem estar relacionadas ao volume original e qualidade do petróleo do campo, bem como à produtividade do mesmo. Dentre as incertezas principais, destacam-se as seguintes: configuração estrutural e heterogeneidades do reservatório e atuação de aqüífero. Um dos investimentos mais utilizados para obtenção de informações em um campo de petróleo é a realização de um levantamento sísmico. O objetivo principal do levantamento sísmico é imagear o reservatório, definir sua geometria/estrutura e, a partir destes dados, conceber opções para o desenvolvimento da produção do campo de petróleo. Outro investimento em informação bastante utilizado é a perfuração de um poço para coletar dados e realizar testes, como por exemplo, de produtividade do reservatório. A realização de um Teste de Longa Duração (TLD) é outro método de se obter informações. O TLD, normalmente, é realizado com a produção do campo utilizando-se poucos poços ligados a uma UEP de pequeno porte, com o objetivo de testar o reservatório, o sistema de elevação o comportamento da planta de processo da UEP ou obter outras informações relevantes para o desenvolvimento do campo de petróleo. O uso de sistemas antecipados de produção de um campo de petróleo também é um método de investimento em informação. Nele a produção do campo é iniciada, da mesma forma que no TLD, mas com um número maior de poços e uma UEP de maior porte. O objetivo é similar ao do TLD, sendo possível estimar com mais precisão o comportamento do campo de petróleo nas fases seguintes de desenvolvimento da produção. 2. Valor da Informação Existem projetos que tem como principal objetivo gerar informações para projetos posteriores e são denominados Projetos de Aquisição de Informações. Estes podem se apresentar pouco atraentes ou mesmo inviáveis do ponto de vista econômico se for utilizada para análise a teoria tradicional de fluxo de caixa descontado (VPL). Entretanto, os mesmos possuem o ganho de gerar informações para otimização de projetos posteriores mediante a redução de incerteza das variáveis analisadas. Então, para quantificar este ganho, uma metodologia bastante utilizada é a denominada Valor da Informação (VDI). Conforme Coopersmith et all (2002), VDI é o aumento ou decréscimo do valor de um ativo depois de adquirir a informação, como apresentado na equação [1]. ENEGEP 2006 ABEPRO 2
  • 3. XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 Valor da Informação = (Valor do AtivoCom Informação) – (Valor do AtivoSem Informação) [1] Ainda segundo Coopersmith et all (2002), o VDI é função de três fatores: 1. A magnitude da incerteza das variáveis que estão sendo consideradas para aquisição da informação; 2. A magnitude da decisão de impacto monetário futuro que pode mudar (dado que a informação é conhecida sobre a incerteza da variável estudada); 3. A confiabilidade da informação. Segundo Dias (2005), problemas de VDI são de grande importância não só em aplicações econômicas, mas também em várias outras áreas tão distintas como Medicina, P&D (pesquisa e desenvolvimento) em geral, e até no dia a dia das decisões individuais. O VDI é sempre avaliado ex-ante uma vez que o mesmo deve ser calculado antes de se decidir sobre o investimento ou não em informação. Ou seja, é necessário avaliar o VDI a fim de decidir se o benefício da informação supera o custo de adquiri-la. Xavier et all (2005) afirmam que uma informação pode ser completa e perfeita quando elimina toda a dúvida sobre um determinado atributo. Uma informação pode também ser imperfeita quando não há confiabilidade total no valor medido e pode ser incompleta se não for suficiente para reduzir totalmente a incerteza sobre o atributo. O valor de uma informação imperfeita é sempre menor que o valor de uma informação perfeita, que representa o máximo que a informação pode valer. Brealey & Myers (2001) desenvolveram um exemplo muito simples de VDI que avalia se vale a pena investir em um teste de uma máquina para saber se a mesma funciona adequadamente aos seus propósitos. Com isso foi possível reduzir a possibilidade de se ter um custo adicional por ter que utilizar outros métodos de produção caso a máquina não funcionasse como esperado. A estimativa do VDI também tem sido largamente utilizada na indústria do petróleo. Demirmen (1996) utilizou o conceito de VDI para justificar a avaliação prévia de um reservatório e também para fazer uma classificação das variáveis consideradas. Portela et all (2003) aplicou a análise de VDI, em condições de incerteza, para otimizar a explotação de um novo bloco em um campo em águas profundas na Bacia de Campos. Galli et all (2004) propõem uma metodologia na qual se aplicam atualizações bayesianas e a teoria das opções reais para um modelo de reservatório probabilístico com objetivo de calcular o valor econômico da nova informação. Aylor (1999), com o apoio da metodologia de VDI, mostrou a importância da aquisição de uma sísmica 3D com objetivo principal de aumentar a taxa de sucesso na exploração (etapa de descoberta do campo de petróleo), afetando positivamente a revisão das estimativas de volumes de petróleo recuperáveis. Ballin et all (2005) desenvolveram um estudo robusto e sistemático de VDI em um projeto de múltiplos reservatórios de gás em Trinidad e Tobago para dar suporte a decisão de adquirir uma sísmica 4D. Esta pode ser definida como uma sísmica de imageamento 3D acrescida da variável tempo, ou seja, as aquisições 3D são repetidas ao longo da vida produtiva do campo. O objetivo principal da sísmica 4D é obter novos dados para elaboração de novos projetos de produção do campo. Steagall et all (2005) também utilizaram a metodologia de VDI para justificar a aquisição de uma sísmica 4D no Campo de Marlim na Bacia de Campos. ENEGEP 2006 ABEPRO 3
  • 4. XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 2.1 Projetos de Aquisição de Informações Existem diversos tipos de investimento em informação sendo que a seleção depende de qual informação é mais importante para o projeto em estudo. O investimento em um levantamento sísmico na área do reservatório é uma das formas utilizadas para redução de incerteza no que diz respeito à localização, dimensões, geometria e heterogeneidades internas do reservatório e, conseqüentemente, do volume de óleo que poderá ser explotado. Conforme Thomas (2001), o levantamento sísmico inicia-se com a geração de ondas elásticas, através de fontes artificiais, que se propagam pelo interior da Terra, onde são refletidas e refratadas nas interfaces que separam rochas de diferentes constituições petrofísicas, e retornam a superfície, onde são captadas por sofisticados equipamentos de registro. Na sísmica 3D, os dados são adquiridos de forma a se ter uma distribuição uniforme sobre uma área gerando um volume sísmico que será interpretado, fornecendo, finalmente, um modelo tridimensional do reservatório. Ainda segundo Thomas (2001), existe a sísmica 4D que na realidade é a repetição de um levantamento 3D, em intervalos grandes de tempo, mantendo-se as mesmas condições de aquisição e processamento. Nestas condições, os levantamentos repetidos apresentarão os mesmos resultados. Entretanto, se no intervalo entre um levantamento e outro houver alteração das características petrofísicas dos reservatórios, devido à extração de fluidos, ou injeção de água para manutenção de pressão ou de outra atividade qualquer, os resultados serão diferentes e a análise destas diferenças poderá fornecer informações importantes para o desenvolvimento da produção do campo de petróleo. Um outro projeto de aquisição de informações utilizado na indústria do petróleo é o Teste de Longa Duração (TLD). Conforme a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), TLD é definido como testes de poços, realizados durante a Fase de Exploração, com a finalidade exclusiva de obtenção de dados e informações para conhecimento dos reservatórios, com tempo total de fluxo superior a 72 horas. O TLD é bastante utilizado em projetos que não possuem similares em outras regiões. Lach (1997) apresentou a realização de um TLD no Campo de Captain em 1993 para reduzir algumas incertezas relacionas às características do reservatório, performance da produção de um poço horizontal, método de elevação de petróleo e processamento da planta da UEP. Bezerra et all (2004) também apresentou um TLD realizado no Campo de Jubarte na Bacia de Campos para obter informações relacionadas à performance do reservatório e ao processo de produção da plataforma devido ao petróleo do Campo de Jubarte ser bastante pesado (17 API) e produzido em águas profundas (lâmina d’água entre 1000 e 1500 metros). Outro projeto de aquisição de informações muito utilizado é o de Sistema Antecipado de Produção. Através deste tipo de projeto, pode-se obter, principalmente, informações das variáveis dinâmicas do reservatório devido ao campo estar com sua produção iniciada. Em Bezerra et all (2004) foi apresentado que o plano de desenvolvimento do Campo de Jubarte será em três fases, sendo a segunda fase um projeto de desenvolvimento inicial da produção para adquirir informações para o projeto definitivo. 3. Metodologia 3.1 Definições das principais incertezas A primeira etapa de um estudo de VDI é identificar as principais incertezas do projeto, ou seja, as incertezas que geram maior impacto no resultado econômico do projeto. ENEGEP 2006 ABEPRO 4
  • 5. XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 Definidas as principais incertezas, deve-se verificar se as mesmas podem ser mitigadas com a aquisição de informações antes da realização do projeto de desenvolvimento definitivo do campo de petróleo. Em caso afirmativo, deve-se identificar quais os cenários possíveis para as variáveis consideradas no estudo, como, por exemplo, um cenário otimista, outro pessimista e outro esperado. 3.2 Definições dos projetos para cada cenário Após a identificação dos cenários possíveis para as variáveis consideradas no estudo, deve-se definir qual a concepção de projeto mais apropriada para o caso de acontecer qualquer um dos cenários considerados. Ou seja, caso aconteça um cenário diferente do esperado (cenários pessimista ou otimista) até o presente momento, deve-se definir o escopo do projeto mais otimizado para este cenário, definindo, por exemplo, o número de poços e a capacidade da UEP ótimos. Portanto, caso se obtenha a informação antes do início da concepção do projeto definitivo, pode-se otimizar o projeto para não ocasionar perdas futuras tanto por um projeto superdimensionado (caso aconteça um cenário pessimista) como por um projeto subdimensionado (caso aconteça um cenário otimista). 3.3 Definições das probalidades de ocorrência para cada cenário O outro passo para a determinação do VDI é definir a probabilidade de ocorrência de cada cenário definido. Esta etapa é uma das mais complexas, pois depende de um alto grau de experiência e especialização da equipe responsável pela realização da análise, pois é de difícil quantificação por ser de caráter subjetivo. Deve-se então comprometer boa parte do tempo da análise nesta etapa, pois uma determinação equivocada das probabilidades de ocorrêcia dos cenários compromete todo o resultado da análise. 3.4 Modelo de Valor da Informação A primeira etapa para o cálculo do VDI é obter o Valor da Informação perfeita, ou seja, considerando que toda a incerteza é eliminada com a aquisição da informação. Depois, deve- se aplicar a este valor um fator de desconto devido ao fato da informação ser imperfeita, obtendo-se então o Valor da Informação Bruto. Descontando o custo da aquisição da informação, obtém-se o Valor da Informação Líquido, que caso seja positivo recomenda-se investir na aquisição da informação. Um resumo do estudo de Valor da Informação Perfeita é apresentado na Tabela 1. VPL Com VPL Sem Cenários Probabilidade (%) ∆VPL Informação * Informação ** A PA VPLCIA VPLSIA ∆VPLA B PB VPLCIB VPLSIB ∆VPLB Esperado PE VPLE VPLE 0 C PC VPLCIC VPLSIC ∆VPLC D PD VPLCID VPLSID ∆VPLD Tabela 1 – Concepção do estudo de Valor da Informação Perfeita * VPL otimizado com a informação sendo que cada cenário possui sua alternativa ótima de desenvolvimento. Caso o VPL seja negativo em algum dos cenários, deve-se adotar o valor zero no respectivo cenário, pois o projeto não será levado adiante caso isto aconteça. ** VPL não otimizado, pois não se tem a informação para realizar a otimização. O escopo do projeto considerado para todos os cenários é o do cenário esperado. Caso o valor esperado (média) destes VPLs seja menor que zero, deve-se adotar o valor zero para todos os cenários, pois caso isto aconteça, o projeto não ENEGEP 2006 ABEPRO 5
  • 6. XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 será levado adiante. Pode-se perceber pela Tabela 1 que o VPL do cenário esperado é o mesmo, obtendo ou não a informação. Isto ocorre devido ao projeto estar otimizado para este cenário sem ter a informação antecipadamente, ou seja, ao se obter a informação, neste caso, somente comprova o cenário esperado. Obtém-se o Valor da Informação Perfeita multiplicando-se os ∆VPLs pela probabilidade de cada cenário respectivo. 4. Estudo de Caso Utilizando-se a metodologia de VDI apresentada neste trabalho, realizou-se um estudo de caso para um campo marítimo de petróleo em águas profundas com óleo do tipo pesado, ou seja, com grau API entre 11 e 22. Considerou-se como as principais incertezas referentes ao reservatório as seguintes: • Manutenção da pressão do reservatório: refere-se à capacidade do reservatório de manter a pressão necessária à elevação dos fluidos (petróleo) até a superfície (UEP); • Estrutura do reservatório: a configuração estrutural impacta diretamente a comunicação dos diversos compartimentos do reservatório, influenciando diretamente a produção do campo; • Heterogeneidades do reservatório: refere-se às barreiras internas do reservatório que impactam na migração interna dos fluidos e conseqüente produção para a superfície. Para as incertezas referentes à manutenção da pressão e à estrutura, avaliou-se que a melhor forma de aquisição da informação seria a realização de um projeto de Desenvolvimento Inicial da Produção. A concepção do projeto adotada foi a produção do campo utilizando-se uma UEP com cerca de 1/3 de capacidade da unidade definida para o projeto definitivo, assim como 1/3 do número de poços produtores. Outro aspecto testado seria o método de elevação artificial de fluidos, escolha decisiva para o projeto definitivo. Considerou-se neste estudo que a informação é perfeita, ou seja, o valor obtido é o VDI máximo, mas sabe-se que dificilmente se consegue eliminar toda a incerteza. Foram avaliados quatro cenários prováveis para o campo e considerou-se que todos os cenários têm a mesma probabilidade de ocorrência devido ao fato de não se ter muitas informações do campo. A Tabela 2 apresenta os resultados do estudo de VDI para as duas incertezas acima descritas. VPL Com VPL Sem VPL Sem Probabilidade Cenários Informação Informação Informação Ajustado (%) (MM US$) (MM US$) (MM US$) A 25 80 76 0 Esperado 25 44 44 0 B 25 96 -72 0 C 25 57 -141 0 Valor Esperado (Média) 69 -23 0 Tabela 2 – Valor da Informação para as incertezas de manutenção da pressão e estrutura do reservatório Como o valor esperado dos VPLs sem informação é menor do que zero, significando que, a princípio, o projeto não é atrativo, adota-se o valor zero em todos os cenários, conforme mostrado na coluna 5 da Tabela 2. O Valor da Informação é então a diferença entre o VPL ENEGEP 2006 ABEPRO 6
  • 7. XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 Com informação (US$ 69 milhões) e o VPL Sem Informação (0), que é igual a US$ 69 milhões. Para a incerteza referente às heterogeneidades do reservatório, constatou-se que a melhor alternativa de redução de incerteza é a aquisição de uma sísmica 3D. Gerou-se três cenários de resultados prováveis para o campo e considerou-se que os cenários são equiprováveis. Os resultados estão apresentados na Tabela 3. VPL Com Informação VPL Sem Informação Cenários Probabilidade (%) (MM US$) (MM US$) A 33,3 30 -35 Esperado 33,3 30 30 B 33,3 120 74 Valor Esperado (Média) 60 23 Tabela 3 – Valor da Informação para a incerteza de heterogeneidade do reservatório O Valor da Informação é então US$ 60 milhões menos US$ 23 milhões que é igual a US$ 37 milhões. Logo, poder-se-ia concluir que o Valor da Informação Global, ou seja, considerando todas as três incertezas, é a soma dos dois valores de VDI mostrados acima que é portanto US$ 106 milhões (69 + 37). Com isso, para se confirmar ou não o Valor da Informação Global obtido acima, realizou-se uma análise de VDI considerando as três incertezas simultaneamente. O resultado é apresentado na Tabela 4. VPL Com VPL Sem Informação Probabilidade VPL Sem Informação Cenários Informação Ajustado (%) (MM US$) (MM US$) (MM US$) A 16,67 80 40 0 Esperado 16,67 44 44 0 B 16,67 44 -35 0 C 16,67 96 -99 0 D 16,67 57 -160 0 E 16,67 57 -178 0 Valor Esperado (Média) 63 -65 0 Tabela 4 – Valor da Informação considerando as três incertezas do reservatório Como o valor esperado dos VPLs sem informação é menor do que zero, não sendo então viável economicamente, adota-se o valor zero em todos os cenários, conforme apresentado na coluna 5 da Tabela 4. O Valor da Informação Global considerando as três incertezas simultaneamente é então de US$ 63 milhões. Este resultado não confirma o valor de US$ 106 milhões obtido do VDI Global considerando a incerteza quanto às heterogeneidades do reservatório separadamente. Portanto, deve-se analisar cuidadosamente o cálculo de VDI quando um campo possui muita incerteza que pode ser reduzida com formas diferentes de aquisição de informações. Não se deve somar valores de informação obtidos separadamente, pois um projeto de aquisição de informação pode influenciar no resultado de outro projeto de aquisição de informação, a não ser que as informações a serem obtidas sejam indepedentes umas das outras. ENEGEP 2006 ABEPRO 7
  • 8. XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 Um outro ponto a ser considerado na análise é com relação às premissas econômicas adotadas e também no valor obtido para as probabilidades de ocorrência de cada cenário simulado. Dependendo do preço do petróleo ou da taxa mínima de atratividade (TMA) ou mesmo da probabilidade de cada cenário, o Valor Esperado do VPL pode ser positivo para o cenário sem informação ou o VPL de determinado cenário com informação ser negativo, alterando então o valor final do VDI. 5. Conclusão Em projetos de desenvolvimento da produção marítima de petróleo existem diversas incertezas que podem ser mitigadas a partir da aquisição de informações. As principais incertezas em um campo são referentes ao reservatório de petróleo e os principais projetos de aquisição de informações são: sistema antecipado de produção de um campo de petróleo, levantamento sísmico, perfuração de um poço de aquisição de informações e teste de longa duração. Uma metodologia bastante utilizada para quantificar os ganhos obtidos em um projeto de aquisição de informações é o Valor da Informação (VDI). Para quantificar o VDI de um campo de petróleo, deve-se considerar todas as incertezas que podem ser mitigadas a partir de projetos de aquisição de informações conjuntamente, pois a aquisição de informações a partir de um projeto pode interferir no resultado de outro projeto de aquisição de informações causando um erro no cálculo do VDI. Um dos itens de grande importância no cálculo de VDI são as premissas econômicas consideradas, principalmente a TMA, o preço do petróleo e também as probabilidades de ocorrência de cada cenário simulado. Portanto, deve-se atentar para a determinação destes parâmetros, para que o resultado do cálculo do VDI seja confiável. 6. Referências AYLOR, W. K. J. (1999) - Measurig the impact of 3-D Seismic on Business Performance. SPE 52970. Dallas, Texas. BREALEY, A R. & MYERS, C. S. (1998) - Princípios de Finanças Empresariais. 5ª Ed. Mcgraw-hill. Portugal. DIAS, M. A. G. (1996) - Investimento Sob Incerteza em Exploração e Produção de Petróleo. Dissertação de Mestrado. PUC-Rio. Rio de Janeiro. DIAS, M. A. G. (2005) - Opções Reais Híbridas com Aplicações em Petróleo. Tese de Doutorado. PUC-RIO. Rio de Janeiro. LIGERO, L. E, COSTA, A.P.A & SCHIOZER, D.J. (2003) - Reservoir Simulation Symposium. SPE 81162. Port-of-Spain. Trinidad. West Indies. THOMAS, J. E. (2001) - Fundamentos de Engenharia de Petróleo. 2ª Edição. Ed. Interciência. Rio de Janeiro. MACHADO, M. C. (2000) - Segmentação de Dados Sísmicos via Hyperstack para Visualização. Dissertação de Mestrado. PUC-Rio. Rio de Janeiro LACH, J. R. (1997) - Captain Field Reservoir Development Planning and Horizontal Well Performance. OTC 8508. Houston. Texas. BEZERRA, M. F. C., JUNIOR, C. P. & BRUHN, C. H. L. (2004) - The Appraisal and Development Plan for the Heavy Oil Jubarte Field, Deepwater Campos Basin Brazil. OTC 16301. Houston. Texas. XAVIER, A. M., LIGERO, E. L. & SCHIOZER, D. J. (2005) - O Valor da Informação Durante as Fases de Avaliação e Desenvolvimento de Campos de Petróleo. 3° Congresso Brasileiro de P&D em Petróleo e Gás. Salvador. Bahia. DEMIRMEN, F. (1996) - Use of “Value of Information” Concept in Justification and Ranking of Subsurface Appraisal. SPE 36631. Denver, Colorado. ENEGEP 2006 ABEPRO 8
  • 9. XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 COOPERSMITH, E. M., CUNNINGHAM, P. C. & PENA, C. A. (2003) - Decision Mapping – A Practical Decision Analysis Approach to Appraisal & Development Strategy Evaluations. SPE 82033. Dallas. Texas. PORTELLA, R. C. M., SALOMÃO, M. C., BLAUTH, M. & DUARTE, R. L. B. (2003) - Uncertainty Quantification to Evaluate the Value of information in Deepwater Reservoir. SPE 79707. Houston. Texas. GALLI, A., ARMSTRONG, M. & DIAS, M. A. G. (2004) - The Value of Information: A Bayesian Real Option Approach. SPE 90418. Houston, Texas. BALLIN, P. R., WARD, G. S., WHORLOW, C. V. & KHAN, T. (2005) Value of Information for a 4D-Seismic Acquisition Project. SPE 94918. Rio de Janeiro. STEAGALL, D. S., GOMES, J. A. T., OLIVEIRA, R. M., RIBEIRO, N. M. S. J., QUEIROZ, R. Q., CARVALHO, M. R. J. & SOUZA, C. Z. (2005) - How to Estimate the Value of Information (VOI) of a 4D Seismic Survey in One Offshore Giant Field. SPE 95876. Dallas. Texas. ENEGEP 2006 ABEPRO 9