2. Origem etimológica
• A origem etimológica de “trabalho” deriva da palavra latina tripalus (três paus).
• No latim popular, era um instrumento feito de três paus aguçados e com pontas de ferro, utilizado
como forma de ferrar os animais de grande porte físico ou para debulhar os cereais e o linho.
• Além disso, era visto também como um instrumento para torturar, e daí ter surgido a palavra
“tripaliare”, torturar, que mais tarde veio a ser associada a algo penoso, a sofrimento, a fadiga e a
trabalho.
• Durante bastante tempo, o trabalho foi mesmo considerado algo penoso ou um castigo. Este era
praticado pelos escravos (esclavagismo) ou pelas classes socias mais baixas como os servos da
gleba (servilismo).
• Os homens livres, que se dedicavam ao lazer, à contemplação, à reflexão e ao ócio, eram
naquele tempo considerados homens pouco dignos de praticar este “castigo”.
• Agora, este “castigo”, passa a ser encarado como uma visão otimista para o trabalhador, onde o
trabalho é fonte de libertação, de progresso e de auto-realização, assim:
D i g n i f i c a o s e r H u m a n o !
3. Evolução Histórica
• No ínicio, o homem primitivo vivia principalmente da recolha de
alimentos, da caça e da pesca.
• Estas atividades eram feitas coletivamente utilizando instrumentos
muito rudimentares.
• É aqui que o homem era um recoletor, ou seja, dependendo
apenas do que a natureza lhe oferecia, onde o trabalho era
particularmente cooperativo, isto porque o homem tinha de lutar
pela sua sobrevivência, enfrentando as contrariedades da
natureza e os animais.
• As tarefas eram repartidas por sexo ou idade, onde os homens se
limitavam à caça e as mulheres à recolha de vegetais e de frutos.
• Surgia assim, uma primeira divisão do trabalho, uma divisão
natural.
4. • Porém, com o decorrer do tempo, o homem começa a criar e a
aperfeiçoar os utensílios de trabalho, como as lanças ou os
machados, primeiro em pedra e mais tarde em bronze ou ferro.
• O homem começa a dominar a natureza com a descoberta da
agricultura e da pecuária.
• Com isto, os frutos e os cereais nascem onde o homem quer e os
animais vivem junto às suas habitações, não tendo agora que se
deslocar à procura de alimentos, tornando-se assim, sedentário
e produtor.
• Após novas especializações, ou seja, indivíduos dentro de uma
comunidade ou até mesmo comunidades que se dedicam só à
pecuária ou só à agricultura, iniciando-se assim uma segunda
divisão do trabalho, uma divisão social.
• A terceira divisão do trabalho, uma nova divisão social, viria
a surgir com o aperfeiçoamento do trabalho dos metais que
fizeram emergir ofícios especializados e outros ofícios como o de
tecelão ou o de oleiro, cada vez mais especializados; onde os
ofícios se separaram da agricultura e da pecuária.
5. A Antiguidade
• Na Antiguidade, isto é, desde a invenção da escrita (séc. II a.c) até ao séc. V, a sociedade dividia-
se em homens livres e escravos, sendo estes que asseguraram a realização de todas as tarefas
necessárias ao funcionamento da sociedade e da economia.
• Os escravos, realizavam os trabalhos manuais, os trabalhos “maus”, aqueles mais pesados e
exaustivos, vivendo assim para servir os homens livres que por outro lado se dedicavam ao ócio,
ao lazer e à contemplação, nada faziam.
• Com isto, o conceito de trabalho passa a ser associado a algo duro, penoso e a atividades
subalternas.
• As más condições de vida, as más condições de trabalho, fizeram com que os escravos
começassem a produzir pouco, começassem a existir revoltas e até mesmo fugas por parte dos
mesmos.
6. Feudalismo
• Feudalismo (séc. XI ; XII ; XII), época onde os escravos ganham a sua liberdade, a dignidade de se
tornarem cidadãos livres, como servos da gleba.
• Os servos da gleba pagavam pesados tributos para trabalhar nas terras dos grandes proprietários, ficando
com o restante, o que era pouco, pois não chegava para a sua própria sobrevivência, tão-pouco para a
sua família.
• De certa forma, o estatuto de escravo pode ter mudado, mas a sua condição de servir não; Dito isto,
passam da escravidão para o servilismo, algo caraterístico das sociedades feudais.
• Servilismo é de igual forma, sinónimo de escravidão, mas agora, uma escravidão mais branda, onde o
servo da gleba não exercia quaisquer direitos, viviam dependentes do seu “dono”, dos grandes
proprietários, do senhor feudal e das suas terras.
• Trabalhavam longa e arduamente, dois ou três dias, nessas mesmas terras e sem qualquer pagamento
em troca.
7. • No regime feudal, o trabalho continuou a ser visto como um castigo e algo de degradante, próprio dos
estratos mais baixos, uma vez que os nobres não trabalhavam.
• Contudo, o servilismo começou a desaparecer no final da Idade Média, devido : às epidemias, que
afetaram grande parte da população; tais epidemias, fizeram com que o trabalhador se tivesse
tornado mais raro, mas também, mais valorizado. Devido ao crescimento do comércio, que fez
surgir a burguesia, uma nova classe social; Devido ao crescimento das cidades, que atraiu as
populações dos campos, a população rural; Devido também, ao surgimento de atividades ligadas à
pequena indústria.
• A fuga do campo para as cidades e o aparecimento de novas atividades e ofícios fazem “nascer” as
corporações, uma organização de produtores, reunidos por ofícios e de forma mais ou menos rígida,
com o objetivo de garantir os privilégios dos mestres e de controlar o mercado e a concorrência.
• Estas corporações regulavam toda a atividade produtiva e as técnicas de produção e estabeleciam as
suas próprias leis profissionais. Um trabalhador que não fizesse parte do “grupo” não poderia exercer
a sua atividade livremente.
• Contudo, com a Revolução Francesa, as corporações de ofícios acabam por ser suprimidas,
isto porque eram consideradas incompatíveis com os ideias da liberdade.
• Outro motivo que “ganhou força” para esta supressão, foi o grande impulso sentido pelo comércio,
mais propriamente no intercontinental.
8. Revolução Industrial
• A Revolução Industrial , iniciou-se em meados do séc. XVIII na Inglaterra e prolongou-se até ao início
do século XIX.
• Com o seu aparecimento, o artesão foi sendo substituído pelo operário e a oficina pela fábrica,
surgindo a manufatura, o trabalho manual feito pelo operário. Surgia assim, a 1ª forma que o
capitalismo assumiu na indústria.
• O capitalismo, sistema econômico caracterizado pela propriedade privada dos meios de produção, e
pela existência de mercados livres em que prevalecem as relações de trabalho assalariado.
• O capitalismo caraterizava-se por:
Existência da propriedade privada dos meios de produção;
O lucro ser a grande finalidade;
Oposição entre assalariado e o capitalista;
Apropriação privada dos meios de produção;
9. • A Revolução Industrial, traduziu-se na mecanização dos meios de produção.
• Esta revolução, operou uma verdadeira mudança económica, social, política e cultural,
marcando a passagem de um novo regime, o capitalismo.
• O que era anteriormente produzido em pequenas quantidades, passara a ser produzido em massa,
uma vez que o trabalho artesanal foi substituído pelas máquinas.
• O, até agora, trabalho escravo, servil e corporativo foi substituído pelo trabalho assalariado em
grande escala.
• A manufatura dá lugar à fábrica, onde se
concentravam um grande número de trabalhadores
assalariados, operários, que trabalhavam durante
muitas horas em condições desonrosas e de sobre-
exploração, não podendo usufruir de qualquer direito.
• Este trabalho era duro, sem condições de higiene
e segurança, exigindo um enorme esforço físico e
mental por parte do operário.
10. • Essas mesmas condições desonrosas/miseráveis, de trabalho e de vida das classes
trabalhadoras fez “despertar” os operários, que fizeram revoltas e greves para lutarem pelos
seus direitos de trabalho.
• Os trabalhadores passaram a ser representados pelos sindicatos, que lutam pelos direitos dos
trabalhadores.
11. Séc. XX e XXI
• Sucede-se a Segunda Revolução Industrial, com a descoberta da eletricidade, do motor de
explosão (petróleo) e da invenção do telefone.
• O mercado de trabalho era dominado pelo trabalho manual, desenvolvido por operários
especializados e semiespecializados das grandes fábricas de produção em massa.
• A partir dos anos 70, nos países mais desenvolvidos, assistiu-se a uma crescente automação da
produção.
• Em algumas fábricas, os robôs chegaram mesmo a substituir o homem nas tarefas repetitivas,
pesadas ou perigosas, com o objetivo de aumentar a produtividade do trabalho, que viria a dar
resultado, e assim, foi posto em prática noutros sectores.
• Apesar do crescimento económico, o desemprego aumentou, até porque o que 2 ou 3 homens
faziam, apenas 1 robô era capaz de fazer o mesmo, e em menos tempo.
Estudos publicados pela OCDE, entre 1973 e 1991, provam que o número de desempregados, no
conjunto de países da OCDE, passou de 11,3 milhões para 30 milhões.
• Este estudo ilustra bem o quão devastador foi, em termos de empregabilidade, a
implementação dos robôs ao invés do homem!