O documento discute a importância da educação financeira pessoal para os cidadãos enfrentarem crises econômicas e riscos do mercado. Defende que a escola deve ensinar conceitos financeiros básicos como poupar, investir e gerir orçamento para preparar os estudantes para a sociedade. Apresenta algumas estratégias para desenvolver essas competências financeiras nas crianças desde tenra idade.
1. Ana Cristina Carvalhal – anaccarvalhal@ua.pt
Abril de 2011 Sandra Sequeira – sandrasequeira@ua.pt
2. “Educação Financeira pessoal
é saber como
ganhar,
gastar,
poupar
e investir
o seu dinheiro para ter melhor
qualidade de vida.”
In “Cartilha de Finanças” - Unisinos e Acis
3. Quando se vivem crises económicas, são os cidadãos
desprovidos dos conceitos financeiros básicos que estão em maior
desvantagem e vulneráveis aos riscos do mercado.
Neste sentido, a introdução e o desenvolvimento de conteúdos
relacionados com a Educação Financeira no Sistema Educativo
torna-se, cada vez mais, uma necessidade à qual a escola deve
responder.
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4. Gerir um orçamento, saber como gastar o dinheiro, poupar, investir,
desenvolver espírito de iniciativa, ser-se pago por aquilo que se vale,
gerir o crédito ou como doar são algumas das competências com que
pode brindar o seu rebento.
Para desenvolver estas competências, deve conhecer-se os
instrumentos e as técnicas associadas às mesmas e isso “ensina-se e
aprende-se, não é de todo inato”.
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5. A escola actual deverá ter por base uma formação integral do
cidadão, fornecendo-lhe uma preparação para uma intervenção
activa e responsável na sociedade pluralista.
A globalização proporciona um aumento do nível de vida, contudo,
será que esta realidade é acessível a toda a população?
Na era da globalização, a educação tem que ser vista como uma
preocupação presente e de continuidade, perspectivando e
preparando o futuro, na medida em que forma a mentalidade das
pessoas, estreita laços que forjam a unidade, o progresso e a
identificação cultural.
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6. A escola deve proporcionar acções, num apelo ao concreto e à
experiência, através das quais as crianças possam vivenciar
criações que movem o espírito para a iniciativa e para o progresso.
é imperioso induzir estratégias nos seus alunos no sentido de
activar potencialidades e desenvolver competências, de modo a que
construam um conhecimento básico e uma estrutura cognitiva,
que lhes permita abarcar, enfrentar e acompanhar o ritmo
impressionante a que novos conhecimentos e novas técnicas vão
chegando.
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7. Poupar
Seguir o dinheiro
Ser pago de acordo com o seu valor
Como gastar de forma sensata
Como falar sobre dinheiro
Como Gerir um Orçamento
Como investir
Desenvolver espírito de iniciativa e empresarial
Gerir o crédito
Doar ou Como usar o dinheiro para ajudar a mudar o mundo!
ASFAC (Associação de Instituições de Crédito Especializado)
8. Três conteúdos essenciais
Distinção A
Noção de
entre importância
caro e de
vontade e do controlo
barato
necessidade dos gastos
9. ETAPA I
– COMPREENSÃO DAS FINANÇAS –
1.º Passo
O que é o Dinheiro e para que serve:
História sobre a origem do dinheiro e sua utilidade de troca;
Identificação das moedas e notas que usamos no nosso país;
Formas de troca que podem ser utilizadas na economia moderna
para a troca (cheques, cartões bancários, transferências
bancárias).
10. ETAPA I
– COMPREENSÃO DAS FINANÇAS –
2.º Passo
De onde vem o dinheiro:
Formas de se obter o dinheiro (ordenado, lucros, prestação de
serviços);
Necessidade de se ter dinheiro.
11. ETAPA I
– COMPREENSÃO DAS FINANÇAS –
3.º Passo
Como cuidar do dinheiro:
Formas de se manter o dinheiro em segurança;
Importância de se manter registos financeiros;
Importância de se ter um fundo de poupança e outro para se
gastar.
12. ETAPA II
– CONSCIENCIALIZAÇÃO DAS FINANÇAS –
4.º Passo
Para onde vai o dinheiro:
Porque tem de se pagar o que se adquire;
Gastos dos adultos com o agregado familiar;
Como fazer melhores escolhas para os gastos diminuírem.
13. ETAPA II
– CONSCIENCIALIZAÇÃO DAS FINANÇAS –
5.º Passo
A importância de se guardar dinheiro:
Como juntar reservas financeiras;
Importância das reservas financeiras para os gastos em
situações de emergência e para a realização de planos de
futuro;
Como aumentar as reservas financeiras no mercado
financeiro.
14. ETAPA II
– CONSCIENCIALIZAÇÃO DAS FINANÇAS –
6.º Passo
Como lidar com as dívidas:
Diferenças entre dívidas “boas” (planeadas e administradas) e
dívidas “más” (imprevistas e incontroláveis).
15. ETAPA III
– RESPONSABILIZAÇÃO FINANCEIRA –
7.º Passo
Conceitos de Ética Social:
Diferenças de vencimentos entre os diversos grupos sociais e as
dimensões éticas das decisões financeiras;
Solidariedade;
Cidadania responsável e participativa.
16. Matemática
CALCULAR COM DINHEIRO
Quem tem mais dinheiro?
Quanto a mais?
17. Matemática
CALCULAR COM DINHEIRO (Cont.)
Quanto dinheiro é preciso juntar a 15 € Quanto dinheiro restará no mealheiro
para a menina poder comprar o livro? depois do menino retirar 9 € para comprar
o livro?
18. Matemática
COMPRAR CARTEIRAS DE CROMOS
O Presidente da Junta quer oferecer uma carteira de cromos a cada um dos
alunos do 1.º ano da escola da Raquel. Que dinheiro gastará?
O Presidente da Junta quer oferecer uma carteira de cromos a cada um dos
alunos dos 1.º e 2.º anos da escola da Raquel. Que dinheiro gastará?
O Presidente da Junta quer oferecer uma carteira de cromos a cada um dos
alunos da escola da Raquel. Que dinheiro gastará?
19. Matemática
QUEM ESTÁ A PENSAR BEM?
Quatro amigos – Raquel, Mário, Ana e Luís – não estão de acordo relativamente ao
dinheiro que cada um tem.
Quem está a pensar bem?
Determina, aproximadamente, o total de dinheiro que têm os quatro amigos.
Qual a diferença entre o dinheiro de Mário e o de Ana? E entre o de Mário e o de
Raquel?
20. Português/Expressão Musical
OU ISTO OU AQUILO
Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa estar
ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo, ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Letra: Cecília Meirelles
Música: Luís Pedro Fonseca e Lena d'Água
21. Matemática/Estudo do Meio
PODER DE COMPRA
As crianças analisam algumas profissões e os salários usualmente
associados às mesmas.
Com base em salários mensais, os alunos avaliam os custos de
oportunidade para decisões de elaboração de orçamentos.
Reconhecer que um orçamento equilibrado é importante para trabalhadores com
todos os tipos de rendimentos.
Distinguir rendimento bruto de rendimento líquido.
Identificar modos de equilibrar um orçamento.
22. Matemática/Expressão Plástica
ORGANIZAR AS COMPRAS
As crianças elaboram uma lista de compras e comparam preços pela internet entre
várias superfícies comerciais.
Constroem um cartaz que represente quanto se pouparia ao optar pelos produtos
mais baratos.
Analisam o modo como os consumidores pagam pelos bens e serviços; discutem as
vantagens e desvantagens de usar pagamento a pronto e a crédito e participam numa
actividade que reforça a sua compreensão do custo do crédito.
Identificar os custos de oportunidade
associados ao pagamento a pronto e a crédito.
Explicar as vantagens e desvantagens do
crédito.
Identificar situações adequadas ao pagamento
a pronto ou a crédito.
23. Português/Matemática/TIC
O QUE É POUPAR?
Faz-se um levantamento das concepções das crianças sobre “o que é poupar”.
Em conjunto com as crianças, analisam-se as respostas e constrói-se um gráfico com
os dados obtidos.
Juntar/Guardar
(Banco/
Não com prar Mealheiro)
coisas 4% Guardar coisas
desnecessárias 6%
23% Além da noção de que poupar
é “não gastar muito”, há
noções mais concretas e
específicas: por um lado
Poupar água/luz temos referências à poupança
29%
de dinheiro/coisas e por
Guardar dinheiro outro, às necessidades
para com prar
coisas para m im
ecológica de poupanças.
19%
Juntar dinheiro
para com prar
coisas caras
19%
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24. Expressão Plástica/Português
DIFERENÇAS ECONÓMICAS
Dialoga-se com as crianças sobre as diferenças sociais e económicas.
Em conjunto com as crianças, elabora-se um cartaz ou folheto que represente
situações onde as diferenças sociais são profundas e nítidas.
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26. Ensinar a distinguir as coisas que se compram porque se “quer” daquelas que se
compram por “necessidade”.
Fazer compreender o quão importante é não desperdiçar dinheiro. Apresentar moedas e
notas verdadeiras, explorando diferenças de tamanho e cor.
As compras devem respeitar uma lista elaborada previamente com a contribuição da
criança.
Ensinar a controlar o consumo por impulso, mostrando como elaborar uma lista de
compras e segui-la no supermercado.
Mostrar as diferenças entre coisas “caras” e “baratas” em diferentes ambientes (padaria,
farmácia, papelaria, etc.), durante uma ida (real ou simulada) às compras.
Debater sobre assuntos económicos abertamente, como o estado do país, uma decisão
governamental, a compra de um material para a escola.
Explicar que nem tudo o que é demonstrado em publicidade tem um valor real.
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27. Promover a comparação de preços, ensinar a contar o troco e como funcionam os
descontos.
Fazer entender a importância de não desperdiçar e de gerir o seu dinheiro. Por volta dos
5/6 anos dar-lhe a responsabilidade de ter dinheiro.
Explicar como funcionam os cartões de crédito.
Dar semanada ou mesada à criança (conforme a idade). Isso irá ajudá-la a tomar
decisões e fazer escolhas, mesmo que em pequena escala.
Incentivar a juntar dinheiro num mealheiro.
Conhecer alguns desejos da criança para demonstrar quanto terá de guardar para chegar
ao valor do que pretende.
Desenvolver jogos e brincadeiras que estimulem as crianças a pensar em como utilizar
dinheiro e como é importante poupar.
Permitir o uso da semanada ou mesada como um instrumento de amadurecimento
financeiro da criança e não uma fonte de conflitos.
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28. Fixar um dia para o pagamento da semanada ou mesada, cumprindo-o rigorosamente.
Ajudar a estabelecer relação entre ganho de dinheiro e o trabalho, explicando o tipo de
trabalho que pais, professores, avós, têm para ganhar um ordenado.
Estimular a criança a participar no orçamento familiar, incentivando-a a dar sugestões
sobre formas de reduzir despesas.
Reforçar a ideia de que a responsabilidade social e a ética devem estar sempre presentes
no ganho e no uso do dinheiro.
Procurar envolver toda a família no processo de Educação Financeira da criança,
explicando as razões de se imporem limites e pedindo que colaborem.
Ensinar a importância de investir, propondo, por exemplo, uma meta de investimento e
incentivar a criança a alcançá-la.
Ensinar a visualizar alternativas – assim, ela começará a saber o que fazer com o dinheiro
e não ficará pela primeira opção que lhe surgir.
Ensinar a criança a dividir a mesada em duas partes: uma para gastar e outra para
poupar.
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