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Cálculo Diferencial em R
 Séries Numéricas e de Potências
                  — Caderno 1 —




––––––––––––––––––––––––––––––––-
  2011-2012 / 1o Semestre
  EI / ETI / ETI-PL
––––––––––––––––––––––––––––––––-



             Rosário Laureano
  Elaborado por
  DMQ — Dpto de Métodos Quantitativos

                        1
1       Cálculo Diferencial em R
1.1     Limites e continuidade
    Sejam f : Df ⊆ R → R uma função real (escalar) de variável real e
a ∈ R um ponto de acumulação1 de Df .

Definição 1 O número real L é o limite de f no ponto a, e escreve-se
f (x) −→ L quando x −→ a ou L = limx→a f (x), se

∀δ > 0 ∃ε = ε (δ) > 0 | ∀x ∈ Df ∧ 0 < |x − a| < ε =⇒ |f(x) − L| < δ

(para todo o δ > 0 existe ε > 0, dependente do δ tomado, tal que a distância
de f (x) a L é inferior a δ sempre que a distância de x a a é inferior a ε,
para x ∈ Df  {a}).

    A condição 0 < |x − a| < ε significa que x ∈ ]a − ε, a + ε[ e x = a. A
existência de limite traduz-se intuitivamente por "os valores f (x) e L serão
arbitrariamente próximos (ou seja, a distância |f(x) − L| será tão pequena
quanto se queira) sempre que nos limitemos a considerar valores de x su-
ficientemente próximos de a (isto é, desde que |x − a| seja suficientemente
pequeno)". Contudo, a existência do limite de f no ponto a nada informa2
acerca do valor da função f no ponto a. O limite de f no ponto a, quando
existe, é único.

    A definição de limite exige que existam e tenham o mesmo valor os
limites da função f restringida a qualquer subconjunto do seu domínio, ou
    1
   Considerando definida em R a distância euclidiana, um ponto a ∈ R é um ponto de
acumulação de D ⊆ R se a todo o intervalo aberto centrado em a pertence pelo menos
um ponto de D distinto de a, ou seja,

                        ∀ε > 0 ∃x ∈ D  {a} | x ∈ ]a − ε, a + ε[ .

Na verdade, tal implica que em qualquer vizinhança de a existem infinitos pontos de D,
ou seja,
                   ∀ε > 0, ]a − ε, a + ε[ ∩ D é um conjunto infinito.
O intervalo ]a − ε, a + ε[ pode designar-se por bola aberta de centro em a e raio ε. Um
ponto que não é de acumulação de D diz-se um ponto isolado. O conjunto de todos os
pontos de acumulação do conjunto D designa-se por derivado de D e denota-se por D .
   2
     Tal valor f (a) pode nem existir e, mesmo no caso em que a ∈ D, podemos ter

                                 lim f (x) = L = f (a).
                                 x→a




                                            2
seja, que sejam iguais todos os limites relativos da função f. Na recta real, a
aproximação a um ponto a faz-se através de uma única direcção. No entanto,
podemos considerar nessa direcção a aproximação pela esquerda, x → a− ,
ou pela direita, x → a+ , sempre que tal faça sentido face ao domínio da
função f. Trata-se de considerar os limites relativos
     lim f (x) =      lim      f (x)      e          lim f (x) =     lim       f (x) ,
    x→a−           x→a ∧ x<a                      x→a+             x→a ∧ x>a

que se designam por limites laterais de f no ponto a. Sendo estes os
únicos limites relativos possíveis, é condição necessária para que exista o
limite de f no ponto a que eles existam e tenham o mesmo valor,
                   lim f (x) = lim f (x) = L = lim f (x) .
                 x→a−              x→a+                   x→a

Como tal, a não-existência de limite no ponto a decorre simplesmente da
detecção de valores diferentes nos dois limites laterais,
                            lim f (x) = lim f (x) .
                            x→a−               x→a+

Quando, face ao domínio da função f , apenas faz sentido uma das aproxi-
mações laterais, o valor do limite corresponde a esse limite lateral.

Proposition 2 Sejam f : Df ⊆ R → R e g : Dg ⊆ R → R funções reais de
variável real e a ∈ R um ponto de acumulação de Df e de Dg . Se existirem
os limites limx→a f (x) e limx→a g (x) então também existem nesse ponto a
os limites

P1. da soma e da diferença das funções
                      lim (f ± g) (x) = lim f (x) ± lim g (x) ,
                      x→a                      x→a           x→a

P2. do produto das funções
                      lim (f × g) (x) = lim f (x) × lim g (x) ,
                      x→a                      x→a           x→a

P3. do produto da função por uma constante c ∈ R
                            lim (c × f ) (x) = c × lim f (x) ,
                            x→a                        x→a

P4. e, sempre que limx→a g (x) = 0, do quociente das funções
                                    f             limx→a f (x)
                             lim          (x) =                .
                            x→a     g             limx→a g (x)

                                           3
A função f tende para +∞ quando x −→ a (escreve-se limx→a f (x) =
+∞) se3
 ∀K > 0 ∃ε = ε (K) > 0 | ∀x ∈ Df ∧ 0 < |x − a| < ε =⇒ f(x) > K.
A função f tende para −∞ quando x −→ a (escreve-se limx→a f (x) =
−∞) se a função (−f ) tende para +∞ quando x −→ a.

   Seja Df um subconjunto não majorado de R. O número real L é o limite
de f quando x −→ +∞ (escreve-se L = limx→+∞ f (x)) se4
  ∀δ > 0 ∃x0 = x0 (δ) ∈ R | ∀x ∈ Df ∧ x > x0 =⇒ |f(x) − L| < δ.
   Se L = limx→+∞ f (x) ou L = limx→−∞ f (x) então o gráfico de f tem
y = L como assimptota horizontal. A função f tende para +∞ quando
x −→ +∞ (escreve-se limx→+∞ f (x) = +∞) se5
          ∀K > 0 ∃x0 = x0 (K) ∈ R | ∀x ∈ Df ∧ x > x0 =⇒ f (x) > K.

       São válidas as seguintes operações, no sentido de limite (L ∈ R),
                 (+∞) + (+∞) = +∞ ,                  (+∞) + L = +∞

                 (−∞) + (−∞) = −∞ ,                  (−∞) + L = −∞


            (±∞) · (±∞) = +∞ ,                  (±∞) · (L positivo) = ±∞

            (±∞) · ( ∞) = −∞ ,                  (±∞) · (L negativo) =       ∞


    (±∞)                     L positivo               (±∞)                  0±
             = ±∞ ,                     = 0± ,             = +∞ ,               = 0+
  L positivo                   (±∞)                    0±                  (±∞)

    (±∞)                     L negativo               (±∞)                  0
             =       ∞,                 =0 ,               = −∞,                = 0−
  L negativo                   (±∞)                    0                   (±∞)
   3
      para todo K > 0 existe ε > 0, dependente do K tomado, tal que as imagens f (x)
superam o valor de K sempre que a distância de x a a é inferior a ε, para x ∈ Df  {a} .
    4
      para todo δ > 0 existe x0 , dependente do δ tomado, tal que a distância de f (x) a L
é inferior a δ sempre que x é maior do que x0 , para x ∈ Df .
    5
      para todo K > 0 existe x0 , dependente do K tomado, tal que as imagens f (x) superam
o valor de K sempre que os objectos x superam o valor de x0 , para x ∈ Df .


                                            4
enquanto
                                                       0                  (±∞)
            (±∞) − (±∞) =? ,      0 · (±∞) =? ,          =?           e        =?
                                                       0                  (±∞)
são indeterminações.

      Consideremos que f (x) > 0 para todo x ∈ Df . Temos
                                                        limx→a g(x)
                       lim f (x)g(x) = lim f (x)
                       x→a                 x→a

sempre que não ocorra uma das indeterminações

                         00 =? , 1(±∞) =? e (+∞)0 =? .
No entanto, dada a igualdade
                          f (x)g(x) = exp [g (x) · ln f (x)] ,
(exp denota a exponencial de Neper e ln o logarítmo respectivo) estas inde-
terminações podem ser resolvidas através da indeterminação 0 · (±∞).

      Limites de referência:
              sin x              tan x                       ln (x + 1)
          lim       = 1,     lim       = 1,                 lim         =1
          x→0 x              x→0 x                       x→0      x

       ax                                              loga x
      lim = +∞ (a > 1, p ∈ R),                   lim          = 0 (a > 1, p ∈ R+ )
  x→+∞ xp                                       x→+∞     xp
                                                                  x
                    exp x − 1                               k
                 lim          = 1,             lim     1+             = exp k
                x→0     x                  x→+∞             x
Definição 3 Seja f : Df ⊆ R → R uma função real de variável real e
a ∈ R. A função f diz-se contínua no ponto a se e só se são verificadas
as três condições seguintes: (i) existe a imagem f (a), ou seja, a ∈ Df ; (ii)
existe o limite limx→a f (x); (iii) são iguais os elementos garantidos em (i)
e (ii), ou seja6 ,
                               lim f (x) = f (a) .
                                 x→a
A função f diz-se contínua se for contínua em todos os pontos do seu
domínio.
  6
      Temos então
      ∀δ > 0 ∃ε = ε (δ) > 0 | ∀x ∈ Df ∧ 0 < |x − a| < ε =⇒ |f (x) − f (a)| < δ.




                                           5
A continuidade de f no ponto a traduz-se intuitivamente por "os valores
f (x) e f (a) serão arbitrariamente próximos (isto é, a distância |f(x) − f(a)|
será tão pequena quanto se queira) sempre que limitemos a considerar valores
de x suficientemente próximos de a (isto é, desde que |x − a| seja suficien-
temente pequeno)".

1.2   Funções trigonométricas
     Sabemos que as funções trigonométricas seno, coseno e tangente são
periódicas, não sendo portanto injectivas nos domínios Dsin = Dcos = R
e Dtan = R  {kπ/2}k∈Z . No entanto, podemos considerar as restrições
principais:
                                                π π
                  para y = sin x apenas x ∈ − ,
                                                2 2
                  para y = cos x apenas x ∈ [0, π]
                                                π π
                  para y = tan x apenas x ∈ − ,
                                                2 2
dessas funções, as restrições que permitem garantir a injectividade (cada
imagem ser "exclusiva" de um objecto) e manter todos os valores dos res-
pectivos contradomínios. Para estes domínios mais restrictos, existem as
funções inversas:

            x = arcsin y (arco-seno de y) com y ∈ [−1, 1]
            x = arccos y (arco-coseno de y) com y ∈ [−1, 1]
            x = arctan y (arco-tangente de y) com y ∈ R.

Por exemplo, sabendo que cos (π/3) = 1/2, podemos escrever que

                              π          1
                                = arccos        .
                              3          2

Trata-se de inverter os papeis das variáveis x e y, não os seus valores. Por-
tanto, arccos (1/2) designa o ângulo (em radianos) cujo coseno é 1/2, ou
seja, o ângulo π/3. Por outro lado, o valor inverso de cos (π/3), que é 2, é
designado por secante de π/3,
                             π       1           1
                       sec     =       π    =       = 2.
                             3   cos            1/2
                                       3



                                      6
√                                     √
Sabendo que sin (π/3) = 3/2, podemos escrever que π/3 = arcsin 3/2
e obter também a cosecante de π/3,
                       π        1        1       2
                    csc
                       3
                         =        π = √3/2 = √3 .
                            sin
                                  3
                       √                                    √
Sabendo que tan (π/3) = 3, podemos escrever que π/3 = arctan 3 e obter
também a cotangente de π/3,
                                 π            1        1
                          cot        =       π        =√ .
                                 3       tan            3
                                             3
 função trigonom.         função trigonom. inversa            valor inverso
                                                                   1
       y = sin x                     x = arcsin y            w=        = csc x
                                                                 sin x

                                                                    1
       y = cos x                     x = arccos y            w=         = sec x
                                                                  cos x

                sin x                                               1
  y = tan x =                        x = arctan y            w=         = cot x
                cos x                                             tan x


Também se designa por arco-cotangente de y o valor do ângulo (medido em
radianos) cuja cotangente é y.
   Da fórmula fundamental da trigonometria (f.f.t),

                                sin2 x + cos2 x = 1

obtemos (dividindo por cos2 x = 0)
                                                    1
                                tan2 x + 1 =             ,
                                                  cos2 x
assim como (dividindo por sin2 x = 0)
                                                    1
                                1 + cot2 x =             .
                                                  sin2 x
   Da fórmula de duplicação de ângulo para o coseno

                           cos (2x) = cos2 x − sin2 x

                                          7
obtemos (usando cos2 x = 1 − sin2 x)

                                        1 − cos(2x)
                             sin2 x =               ,
                                             2

assim como (usando sin2 x = 1 − cos2 x)

                                        1 + cos(2x)
                             cos2 x =               .
                                             2

   A fórmula de duplicação de ângulo para o seno é

                           sin (2x) = 2 sin (x) cos (x) .

1.3   Derivação e Fórmula de Taylor
   Derivada (de ordem 1) de uma função f num ponto a do seu
domínio:
                         f (x) − f (a)       f (a + h) − f (a)
             f (a) = lim               = lim
                     x→a     x−a         h→0         h
O número real f (a) é o declive da recta tangente ao gráfico de f no ponto
(a, f(a)), cuja equação é

                           y − f(a) = f (a) (x − a) .
                                                                        1
A recta normal ao gráfico de f no ponto (a, f (a)) tem por declive −         e
                                                                      f (a)
a sua equação é
                                           1
                        y − f(a) = −           (x − a) .
                                         f (a)
    Uma função é crescente nos pontos em que a derivada é positiva e de-
crescente nos pontos em que a derivada é negativa. Os valores de x nos
quais a derivada é nula, designados por pontos críticos, são os "candidatos"
a extremos (máximos ou mínimos) relativos da função.
    Se a função f define a trajectória de uma partícula em movimento no
decurso do tempo, a derivada f (a) é a velocidade instantânea da partícula
no instante de tempo t = a.
    Definem-se as derivadas de ordem superior a 1:




                                         8
de ordem 2 :        f (x) = f f (x) , também denotada por f (2) (x)
   de ordem 3 :   f (x) = f f (x) , também denotada por f (3) (x)
                ···
   de ordem n :   f (n) (x) = f f (n−1) (x) .

Também se pode escrever f (1) (x) em vez de f (x) e f (0) (x) em vez de f (x).

   Regra de derivação da função composta:
                          (f ◦ u) (x) = f (u(x)) · u (x).                              (1)
   Regra de derivação da função inversa:
                                       1
                    f −1 (y) =                      em que y = f(x).                   (2)
                                     f (x)
    Consideremos u = u(x) e v = v(x). Em consequência de (1), são válidas
as regras operacionais de derivação

          (u ± v) = u ± v             e        (k · u) = k · u     (para k ∈ R)

                                                        u        u ·v−u·v
            (u · v) = u · v + u · v             e           =
                                                        v            v2

                      (up ) = p · up−1 · u           (para p ∈ Q),
a regra de derivação da exponencial (para a > 0, a = 1)

        (au ) = u · au · ln a        (em particular (exp u) = u · exp u ),

e as regras de derivação das funções trigonométricas

              (sin u) = u · cos u          e         (cos u) = −u · sin u

               u                                                     u
 (tan u) =          = u · sec2 u           e         (cot u) = −          = −u · csc2 u .
             cos2 u                                                sin2 u
   Usando (1) e (2), obtemos as regras de derivação para as funções inversas
(para a > 0, a = 1)

                             u                                            u
             (loga u) =                   (em particular, (ln u) =          )
                          u · ln a                                        u

                                               9
u                                    u
           (arctan u) =               e       (arccot u) = −
                          1 + u2                               1 + u2

                        u                                     u
         (arcsin u) = √               e      (arccos u) = − √       .
                       1 − u2                                1 − u2
Por exemplo, de y = arcsin x obtem-se x = sin y e, por (2),
                                         1        1
                       (arcsin x) =           =       .
                                      (sin y)   cos y
                               √
Como cos y =    1 − sin2 y =    1 − x2 , temos
                                           1
                           (arcsin x) = √       .
                                         1 − x2
Por (1) concluímos então que

                                  1          u
                   (arcsin u) = √     ·u = √       .
                                 1−u2       1 − u2
Analogamente, de y = arctan x obtem-se x = tan y e, por (2),
                                          1            1
                       (arctan x) =            =     1
                                       (tan y)     cos2 y

         1
Como          = 1 + tan2 y = 1 + x2 , temos
       cos2 y
                                               1
                            (arctan x) =           .
                                            1 + x2
Por (1) concluímos então que

                                       1          u
                    (arctan u) =           ·u =        .
                                    1 + u2      1 + u2
Definição 4 Sejam f : Df ⊆ R → R uma função real de variável real e
a ∈ Df um ponto interior a Df . Se existem com valor real as derivadas de
todas as ordens da função f no ponto a define-se o desenvolvimento (ou
série) de Taylor de f no ponto x = a como sendo

                                   f (a)              f (3) (a)
 f(x) = f(a) + f (a) · (x − a) +         · (x − a)2 +           · (x − a)3 + · · ·
                                     2                   3!

                                       10
ou seja,
                                      f (n−1) (a)
                       f(x) =                     · (x − a)n−1 .
                                       (n − 1)!
                                n≥1

Quando a = 0, o desenvolvimento

                              f (a) 2 f (3) (a) 3                        f (n−1) (0) n−1
f (x) = f (0) + f (0) · x +        ·x +        ·x +··· =                            ·x
                                2        3!                               (n − 1)!
                                                                   n≥1

diz-se o desenvolvimento (ou série) de MacLaurin de f .

    Assume-se que f (0) (a) = f (a). O factorial de n ≥ 1, que é denotado por
n!, é definido como

                     n! = n · (n − 1) · (n − 2) · · · · · 3 · 2 · 1.

Por convenção, o factorial de 0 é 1, 0! = 1.
   O desenvolvimento de Taylor (e de MacLaurin) é válido no domínio de
convergências da série de Taylor (e de MacLaurin) que lhe corresponde. A
determinação do domínio de convergência é tratado no âmbito das séries de
potências.
   Sempre que consideramos apenas um número finito n de termos no de-
senvolvimento de Taylor (ou de MacLaurin), obtemos uma aproximação
(polinomial) de Taylor (ou de MacLaurin) da função com erro de
ordem n + 1.

1.4    Exercícios propostos
   1. Represente graficamente as funções:

       (a) f(x) = −x2 , g(x) = x2 − 3 e h(x) = (x − 3)2
                    √         √              √
       (b) f(x) =    x, g(x) = 1 + x e h(x) = 1 − x
                                                           √
       (c) f(x) = 1/x, g(x) = 1/x2              e h(x) = 1/ x

       (d) f(x) = 1/ (x − 2), g(x) = 1/x − 2 e h(x) = 1/ |x − 2|

       (e) f(x) = exp x, g(x) = 1/ exp x e h(x) = ln x.

   2. Mostre que a parábola de equação y = x2 + x + 1 tem vértice no ponto
      (−1/2, 3/4) .

                                           11
3. Considere a função
                                             x3 − 1
                               f(x) =               .
                                             x−1

   (a) Mostre que f(x) = x2 + x + 1 para x = 1.
   (b) Esboce o gráfico da função f.
   (c) Mostre que

                    lim f(x) = 3         e          lim f (x) = +∞.
                    x→1                           x→−∞

4. Considere a função
                                    x
                        f (x) = √         .
                                 x+1−1
                        √
   (a) Mostre que f(x) = x + 1 + 1 para x ≥ −1 ∧ x = 0.
   (b) Esboce o gráfico da função f.
   (c) Mostre que

                    lim f(x) = 2         e           lim f(x) = +∞
                    x→0                            x→+∞

5. Considere a função
                                    
                                     1 se x = 3
                          f (x) =                             .
                                    
                                         0 se x = 3

   (a) Esboce o gráfico da função f.
   (b) Mostre que

                        lim f(x) = 1         e           lim f (x) = 1.
                        x→3                         x→+∞

   (c) Justifique que a função f não é contínua.

6. Considere a função
                                                 |x|
                                 f (x) =             .
                                                  x
   (a) Esboce o gráfico da função f.
   (b) Mostre que não existe limx→0 f (x) e que limx→−∞ f(x) = −1.
   (c) Mostre que a função f é contínua.

                                    12
7. Mostre que não existe o limite
                                      x+5
                                  lim       .
                                  x→5 x − 5


 8. Resolva as seguintes indeterminações

    (a) limx→−1 (x + 1) /f (x), limx→−∞ f(x) e limx→+∞ 1/f(x) com

                                  f(x) = x3 + x2 .

    (b) limx→−1 g(x) e limx→−∞ g(x) com

                                            x2 + 1
                                   g(x) =          .
                                            x+1

 9. Considere a função f (x) = 1/x. Resolva as seguintes indeterminações:
                                                           √
    (a) limx→+∞ x3 · f(x) , limx→+∞ [x · f (x)] e limx→+∞ [ x · f(x)]
                                                         √
    (b) limx→0 x3 · f(x) , limx→0 [x · f (x)] e limx→0+ [ x · f (x)] .

10. Escreva a expressão da primeira derivada de cada uma das seguintes
    funções:
                             1   √
    (a) f(x) = 4x3 + 3x +      +5 x
                             x

                                 3 x
    (b) f(x) = 2 5 + exp x2       +
                                 x 3

     (c) f(x) = (2x − 3)4 − ln 2x3 + cos x

    (d) f(x) = cos3 x − 6 cos x3 − tan(4x) + 5 sin (3x)

                  3x + x2
     (e) f(x) =           + 4 arcsin (2x) − cot x2
                     5

     (f) f(x) = sec (−3x) + csc (5x) − 4 arctan x3 .

11. Considere a função f(x) = 4x2 + 2x.

                                     13
(a) Determine a equação da recta tangente ao gráfico de f no ponto
          de abcissa 1.
      (b) Obtenha a equação da recta normal ao gráfico de f no ponto de
          ordenada 12 e abcissa negativa.
      (c) Determine as equações das rectas tangente e normal no vértice
          da parábola de equação y = f (x).

 12. Considere f(x) = (x + 3)2 . Utilize o desenvolvimento de MacLaurin
     para escrever a função f como potências de x,

                              f (x) = x2 + 6x + 9.

 13. Utilize o desenvolvimento de MacLaurin para obter um polinómio de
     ordem 3 que aproxime a função y = exp x.

 14. Utilize o desenvolvimento de MacLaurin para obter um polinómio

      (a) de ordem 5 que aproxime a função y = sin x
      (b) de ordem 4 que aproxime a função y = cos x.

1.5   Soluções
5. (c) f não é contínua em x = 3.
                 x+1                                    1
8. (a) limx→−1         = 1, limx→−∞ f(x) = −∞, limx→+∞      =0
                 f (x)                                 f(x)
8. (b) limx→−1 g(x) não existe,
                                             2
       limx→−∞ g(x) = limx→−∞ x − 1 +                = −∞
                                            x+1

9. (a) limx→+∞ x3 · f(x) = +∞, limx→+∞ [x · f(x)] = 1,
                √
       limx→+∞ [ x · f(x)] = 0

9. (b) limx→0 x3 · f(x) = 0, limx→0 [x · f (x)] = 1,
                √
       limx→0+ [ x · f(x)] = +∞
                             1    5
10. (a) f (x) = 12x2 + 3 −    2
                                + √
                             x   2 x



                                    14
3 x                              3    1
10. (b) f (x) = 2      2x exp x2       +        + 5 + exp x2       −    2
                                                                          +
                                      x 3                              x    3
                                   3
10. (c) f (x) = 8 (2x − 3)3 −        − sin x
                                   x
                                                               4
10. (d) f (x) = −3 cos2 (x) sin (x) + 18x2 sin x3 −                     + 15 cos (3x)
                                                          cos2 (4x)
                  3 + 2x     8          2x
10. (e) f (x) =          +√        +
                     5     1 − 4x2   sin2 (x2 )
                     3 sin (−3x) 5 cos (5x)    12x2
10. (f ) f (x) = −              −           −
                     cos2 (−3x)   sin2 (5x)   1 + x6
11. (a) y − 6 = 10 (x − 1)
                     1
11. (b) y − 12 =        (x + 2)
                     14
11. (c) A parábola tem por zeros 0 e −1/2 logo a abcissa do vértice é
     −1/4. A ordenada do vértice é f (−1/4) = −1/4. A recta tangente é
     y = −1/4 e a recta normal é x = −1/4.
12. f (x) = 2 (x + 3) , f (x) = 2 e f (n) (x) = 0 para n ≥ 3. Temos então
                                               f (0) 2 f (3) (0) 3
           f(x) = f(0) + f (0) · x +                ·x +        · x + ···
                                                 2        3!
                                     2 2    0
                   = 9+6·x+            · x + · x3 + · · · = 9 + 6x + x2 .
                                     2      3!

13. Dado que (exp x) = exp x, temos
                                              1    1
                            exp x      1 + x + x2 + x3 .
                                              2    6

14. (a) Temos f (x) = f (5) (x) = cos x, f (x) = − sin x, f (x) = − cos x,
     e f (4) (x) = sin x. O polinómio pedido é
                                      1      1 5
                                   x − x3 +     x .
                                      6     120

14. (b) Dado que cos x = (sin x) obtemos da alínea anterior que
                                           1     1
                              cos x     1 − x2 + x4 .
                                           2    24


                                        15
2        Séries numéricas e séries funcionais
        Dada uma sucessão (un )n∈N de números reais,

                             (un ) : u1 , u2 , u3 , · · · un , un+1 , · · · ,

(a cada número natural n está associado o termo un de ordem n) podemos
considerar a adição de todos os seus termos, uma infinidade de parcelas. É
o que se pretende com o conceito de série numérica.

Definição 5 A série numérica de termo geral un , que se denota por
               ∞
        un (       un ,         un ou simplesmente          un ), é a soma infinita dos termos
n≥1        n=1            n∈N                           n
da sucessão real (un )n∈N ,

                      un = u1 + u2 + u3 + · · · + un−1 + un + un+1 + · · · .
               n≥1

    Embora o termo geral da série seja o termo geral da sucessão (un )n∈N , a
série  un é distinta da sucessão (un )n∈N que lhe está associada. Enquanto
         n≥1
na primeira os termos estão adicionados entre si, na segunda estão "soltos"
como sequência ordenada7 .

2.1       Convergência e soma de uma série
        Dada uma série numérica                   un , pode acontecer que o limite
                                            n≥1

                                lim (u1 + u2 + u3 + · · · + un−1 + un )
                                 n

exista como número real (i.e., seja finito). Neste caso a série diz-se conver-
gente e o valor S desse limite diz-se a soma da série. No caso contrário,
se não existe esse limite ou se é +∞ ou −∞, a série numérica diz-se di-
vergente. Classificar uma série numérica como convergente ou divergente
é identificar a sua natureza. Temos a seguinte definição rigorosa.
    7
    Uma série numérica pode estar definida apenas para valores de n a partir de uma
certa ordem k. Nesse caso, escreve-se

                          un = uk + uk+1 + uk+2 + · · · + uk + uk+1 + uk+2 + · · · .
                   n≥k

Também se podem considerar séries numéricas com início em n = 0,                      un .
                                                                                n≥0



                                                   16
Definição 6 Dada uma série numérica                          un , define-se a sua sucessão
                                                      n≥1
                                          n
das somas parciais por Sn =                     ui , ou seja,
                                          i=1

                  (Sn )n∈N : u1 , u1 + u2 , u1 + u2 + u3 ,             ...

se a sucessão das somas parciais (Sn )n∈N for convergente com limite S,

             lim Sn = lim (u1 + u2 + u3 + · · · + un−1 + un ) = S,
              n            n

a série diz-se convergente e o valor S diz-se a soma da série; se a
sucessão das somas parciais (Sn )n∈N for divergente (caso em que tende para
+∞, tende para −∞ ou não tem limite), a série diz-se divergente.

    Deste modo, a sucessão das somas parciais (Sn )n∈N determina a natureza
da série numérica. Note que a sucessão (Sn )n∈N de somas parciais é distinta
da sucessão (un )n∈N que define a série. À primeira corresponde a sequência

S1 = u1 , S2 = u1 +u2 , S3 = u1 +u2 +u3 , . . . Sn = u1 +u2 +· · ·+un , . . .

enquanto à segunda corresponde a sequência

                               u1 , u2 , u3 , . . . un , . . . .

A convergência de uma série traduz-se no essencial por: "a soma de todos
(portanto, em número infinito) os termos da série acumula/não-excede um
determinado valor; esse valor, conforme é intuitivo, é a soma da série".
Podemos dizer que a série converge para essa soma.

    Existem séries numéricas que têm designações bem especificas dada a
estrutura do seu termo geral. A série numérica
                          1      1 1 1        1
                            = 1 + + + + ··· +    + ··· ,
                          n      2 3 4        10
                    n≥1

é designada por série harmónica. Relativamente à sucessão (Sn )n∈N das
somas parciais, prova-se que
                                                  1
                                     S2n ≥ 1 + n · .
                                                  2
Temos
                                      1                         1
        lim S2n ≥ lim 1 + n ·              = 1 + +∞ ·               = 1 + ∞ = +∞,
         n           n                2                         2

                                                 17
o que mostra que a sucessão das somas parciais, da qual os termos S2n
constituem uma subsucessão, não converge para um valor finito. Concluímos
então que a série é divergente. Uma série numérica com a forma geral
                                                               1
                                                 un =            ,
                                                              nα
                                           n≥1          n≥1

para certo α ∈ R, é designada por série de Dirichlet. São convergentes
se α > 1 e divergentes se α ≤ 1. Note que a série harmónica é um caso
particular de série de Dirichlet (com α = 1).
    Uma série numérica que tem como termo geral uma progressão ge-
ométrica (significa que cada termo resulta da multiplicação do termo an-
terior por um valor constante) é designada por série geométrica. As
séries geométricas têm a forma geral

      un =              a · rn−1 = a + a · r + a · r2 + a · r3 + · · · + a · rn−1 + a · rn + · · ·
n≥1           n≥1

com a, r ∈ R e a = 0. O número real r é a razão da série numérica e a é o
valor do seu primeiro termo. O termo geral da sucessão de somas parciais é
dado por
                              Sn = (n + 1) a
quando r = 1 (trata-se da série de termo geral constante igual a a), e é dado
por
                                     a (1 − rn )
                              Sn =
                                        1−r
quando r = 1. Concluímos então que a série é convergente se |r| < 1 (ou
seja, se −1 < r < 1) com soma S igual a
                         a (1 − rn )    a                a    1o termo
         S = lim                     =     1 − lim rn =     =
                    n       1−r        1−r       n      1−r   1 − razão
(note que se −1 < r < 1 então rn → 0), e é divergente se |r| ≥ 1 (ou seja, se
r ≤ −1 ∨ r ≥ 1) (note que se r = 1 temos Sn = (n + 1) a → +∞ · a = +∞,
se r > 1 temos rn → +∞, e se r ≤ −1 não existe8 o limite de rn ). Portanto,
se −1 < r < 1 podemos escrever
                                                                     a
          un =     a · rn−1 = a + a · r + a · r2 + a · r3 + · · · =     .
                                                                    1−r
        n≥1              n≥1
  8
      Se r = −1 temos
                                     a · (−1)n−1 = a − a + a − a + a − · · ·
                               n≥1



                                                    18
Proposição 7 Se as séries numéricas                          un e         vn são convergentes e
                                                       n≥1          n≥1
têm somas S e S , respectivamente, então a série numérica                            (un + vn )
                                                                                  n≥1
também é convergente e tem soma S + S .

Proposição 8 Se a série numérica                        un é convergente e tem soma S
                                                  n≥1
então a série numérica          (α · un ), com α ∈ R, também é convergente e tem
                            n≥1
soma α · S.

      Resulta das proposições anteriores que se duas séries numéricas                         un e
                                                                                        n≥1
      vn são convergentes e têm somas S e S , respectivamente, então a série
n≥1
numérica        (α · un + β · vn ), com α, β ∈ R, também é convergente e tem
            n≥1
soma α · S + β · S .

Proposição 9 Se a série numérica                       un é convergente e tem soma S e a
                                                 n≥1
série numérica          vn é convergente e tem soma S então
                  n≥1


                                    (un ∗ vn ) ≤ S ∗ S .
                                  n≥1


2.2     Alguns critérios de convergência para séries de
        termos não-negativos
     A determinação de uma expressão analítica do termo geral Sn = u1 +
u2 + · · · + un da sucessão de somas parciais é uma situação pouco frequente.
Ao contrário do que sucede com as séries geométricas, para a maioria das
séries numéricas        un não é possível estabelecer uma tal expressão. Tal
                    n≥1
impede o cálculo do limite de Sn e a obtenção do valor da soma S da série.
No entanto, é usual fazer um estudo da série numérica por meios indirectos,
através de critérios que permitem identificar a sua natureza.
mas a sucessão das somas parciais
                                         
                                          a      se n ímpar
                                  Sn =
                                         
                                             0    se n par

não tem limite (note que a = 0), logo a série é divergente.


                                                 19
Proposição 10 (Critério do Termo Geral, Critério Geral de Con-
vergência ou Condição Necessária de Convergência) Se a série numérica
   un é convergente então
n≥1
                                        lim un = 0.
                                         n

Proof. Temos Sn = u1 + u2 + · · · + un e Sn−1 = u1 + u2 + · · · + un−1 (para
n > 1). Assim, para n > 1, temos
        Sn − Sn−1 = u1 + u2 + · · · + un − (u1 + u2 + · · · + un−1 ) = un .
Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn . Suponhamos que
limn Sn = l. Também limn Sn−1 = l, donde
                      lim un = lim (Sn − Sn−1 ) = l − l = 0
                       n            n

conforme se pretende demonstrar
   Em consequência (por contra-recíproco) deste resultado, se limn un = 0
então a série numérica   un é divergente,
                           n≥1

                    limn un = 0 =⇒                 un série divergente .
                                             n≥1


      De salientar: para uma série numérica                   un ser convergente, NÃO
                                                        n≥1
BASTA (não é suficiente) que o seu termo geral un convirja para 0 (como
mostra o exemplo da série harmónica  (1/n)), no entanto, tal é necessário
                                              n≥1
(como afirma a Proposição anterior).

Proposição 11 (Critério Geral da Comparação ou Critério da Com-
paração - formulação 1) Sejam     un e   vn duas séries numéricas
                                             n≥1            n≥1
tais que, a partir de certa ordem, se tem un , vn ≥ 0 e vn ≤ un . Então, a
convergência da série      un implica a convergência da série    vn ,
                           n≥1                                             n≥1

                 un série convergente =⇒                   vn série convergente ,
           n≥1                                       n≥1

e a divergência da série           vn implica a divergência da série               un ,
                             n≥1                                            n≥1

                  vn série divergente =⇒                   un série divergente .
            n≥1                                     n≥1



                                             20
Proposição 12 (Critério da Comparação - formulação 2) Sejam
   un e   vn duas séries numéricas tais que un ≥ 0 e vn > 0 para todo o
n≥1        n≥1
n. Se existe o limite
                                       un
                                     L = lim
                                       vn    n

e tem valor finito não-nulo (portanto L = 0 e L = +∞, ou ainda, 0 < L <
+∞) então as duas séries têm a mesma natureza.

      É frequente o uso de uma série de Dirichlet
                                              1
                                             nα
                                       n≥1

como série         vn . O valor conveniente para α ∈ Q é escolhido com base no
             n≥1
termo geral un da série         un de que se quer identificar a natureza. Também
                          n≥1
as séries geométricas são usadas com frequência para comparação.

Proposição 13 (Critério da Raíz de Cauchy) Dada uma série numérica
   un tal que un ≥ 0 para todo o n, suponha que o limite
n≥1
                                                 √
                                    L = lim      n
                                                   un
                                         n

é finito ou +∞. Então a série é convergente se L < 1 e é divergente se L > 1
                                        √
ou L = 1+ (L = 1+ significa L = 1 e n un > 1). Quando L = 1− (que
                  √                                               √
significa L = 1 e n un < 1) ou L = 1± (que significa L = 1 mas n un > 1
                           √
para alguns valores de n e n un < 1 para outros valores de n intercalados
com os anteriores) nada se pode concluir sobre a natureza da série.

Proposição 14 (Critério da Razão de D’ Alemberg) Dada uma série
numérica   un tal que un > 0, para todo o n, suponha que o limite
            n≥1

                                                 un+1
                                    L = lim
                                         n        un
é finito ou +∞. Então série é convergente se L < 1 e é divergente se L > 1
ou L = 1+ (L = 1+ significa L = 1 e un+1 /un > 1). Quando L = 1−
(que significa L = 1 e un+1 /un < 1) ou L = 1± (que significa L = 1 mas
un+1 /un > 1 para alguns valores de n e un+1 /un < 1 para outros valores de
n intercalados com os anteriores) nada se pode concluir sobre a natureza da
série.

                                         21
2.3   Convergência simples e absoluta de uma série
      numérica
Definição 15 Dada uma série numérica                              un , a série de termos não-
                                                           n≥1
negativos         |un | diz-se a sua série modular.
            n≥1

Definição 16 Uma série numérica                        un diz-se absolutamente conver-
                                                n≥1
gente quando a série modular                  |un | é convergente.
                                        n≥1

   A relação entre estes dois tipos de convergência é (dada pela seguinte
proposição) é consequência do critério da comparação - formulação 1.

Proposição 17 Uma série                      un é convergente sempre que a sua série
                                       n≥1
modular          |un | o for,
           n≥1

                |un | série convergente =⇒                     un série convergente .
          n≥1                                            n≥1

Além disso, tem-se

                                         |un | ≥           un .                             (3)
                                   n≥1               n≥1

Proof. Dadas as desigualdades
                          0 ≤ un + |un | ≤ |un | + |un | = 2|un |
e o facto de ser convergente a série                     |un |, concluímos pelo critério da
                                                   n≥1
comparação - formulação 1 que a série numérica                            (un + |un |) também é
                                                                   n≥1
convergente. Sendo

                                un =         (un + |un |) −            |un |,
                          n≥1          n≥1                       n≥1

a série         un é convergente. A desigualdade (3) resulta da desigualdade
          n≥1
triangular (|a + b| ≤ |a| + |b|, para todo a, b ∈ R)
    Dada a definição de série absolutamente convergente, podemos concluir
da proposição anterior que toda a série absolutamente convergente é con-
vergente.

                                                22
Definição 18 Uma série numérica                     un diz-se simplesmente conver-
                                             n≥1
gente.quando é convergente mas não absolutamente convergente, ou seja,
a série numérica   un é convergente mas a sua série modular     |un | é
                       n≥1                                                             n≥1
divergente.

   Dada a proposição anterior, concluímos que se uma série numérica é
absolutamente convergente então também é simplesmente convergente,
                Convergência absoluta =⇒ Convergência simples .

Em consequência deste resultado (por contra-recíproco), se                             un não é
                                                                                 n≥1
simplesmente convergente então também não é absolutamente convergente,
          Não-convergência simples =⇒ Não-convergência absoluta .

   De salientar: para que uma série numérica                            un seja absolutamente
                                                                  n≥1
convergente, NÃO BASTA (não é suficiente) que seja simplesmente con-
vergente (é necessário que também convirja a sua série modular |un |),
                                                                                   n≥1

                 Convergência simples             Convergência absoluta ,
no entanto, tal é necessário.

2.4    Critérios de convergência para séries de termos
       negativos e séries alternadas
      Quando uma série             un é de termos negativos consideramos
                             n≥1

                                     un = −            (−un ) .
                               n≥1               n≥1

A série         un tem a mesma natureza que a série de termos positivos                      (−un )
          n≥1                                                                          n≥1
e, caso seja convergente, tem soma de valor simétrico.

Definição 19 Uma série diz-se alternada se os seus termos alternam de
sinal, ou seja, se o seu termo geral un é produto do factor (−1)n por um
factor an não-nulo de sinal constante,

                                    un =         [(−1)n · an ] .
                              n≥1          n≥1



                                            23
O Critério do Termo Geral e o critério apresentado na seguinte proposição
são os mais utilizados no estuda da natureza de séries alternadas.

Proposição 20 (Critério de Leibnitz) Se (an )n∈N é uma sucessão de-
crescente de termos positivos e tem limite 0, então a série numérica alter-
nada
                             un =     [(−1)n · an ]
                            n≥1         n≥1
é convergente.

Remark 21 Quando se prova que uma série numérica alternada é con-
vergente não podemos concluir que ela é absolutamente convergente. É
necessário identificar a natureza da sua série modular. Se esta for conver-
gente então a série alternada é absolutamente convergente. No entanto, se a
série modular for divergente então a série alternada é apenas simplesmente
convergente. É o caso da série alternada       [(−1)n /n] cuja série modular
                                                 n≥1
é a série harmónica         (1/n). Este é o exemplo de uma série convergente
                      n≥1
(simplesmente convergente) que não é absolutamente convergente, ou seja,

              Convergência simples             Convergência absoluta .

Remark 22 Por vezes é vantajoso começar por identificar a natureza da
série modular. Caso esta seja convergente fica provada a convergência ab-
soluta da série alternada. É o caso da série
                                          (−1)n
                                           n2
                                    n≥1

ou da série
                                          sin n
                                                .
                                           2n
                                    n≥1

No entanto, se a série modular for divergente apenas ficamos a saber que
a série alternada não é absolutamente convergente. Ela pode ser divergente
como é o caso da série
                                 [n · (−1)n ] ,
                                  n≥1

ou simplesmente convergente como é o caso da série
                                          (−1)n
                                           √ .
                                            n
                                   n≥1



                                          24
2.5     Séries de potências
    Quando o termo geral de uma série não depende apenas de n mas tam-
bém de uma variável x, a série diz-se uma série funcional (ou série de
funções). Consideremos o seguinte caso de série funcional, que é particular-
mente importante por constituir uma generalização da noção de polinómio.

Definição 23 Chama-se série de potências de x a toda a série da forma

             un (x) =          vn · xn−1 = v1 + v2 · x + v3 · x2 + v4 · x3 + · · · .
       n≥1               n≥1


      Para cada valor fixo de x, a série de potências                 vn · xn−1 dá lugar a
                                                               n≥1
uma série numérica. Em geral, existem valores de x que conduzem a séries
numéricas convergentes (absolutamente ou simplesmente) e valores de x que
conduzem a séries numéricas divergentes. Como exemplo, consideremos a
série de potências de x

                        un (x) =         xn−1 = 1 + x + x2 + x3 + x4 + · · ·
                 n≥1               n≥1

em que vn = 1 para todo o n. Para x = 2 temos a série numérica

                         un (2) =         2n−1 = 1 + 2 + 4 + 8 + 16 + · · ·
                   n≥1              n≥1

que é divergente (o termo geral não tende para 0), enquanto para x = 1/2
temos a série numérica
                                              n−1
                          1               1               1 1 1  1
                   un          =                    =1+    + + +   + ···
                          2               2               2 4 8 16
             n≥1                   n≥1

que é absolutamente convergente (é uma série geométrica de razão 1/2 ∈
]−1, 1[, tal como a sua série modular).

Definição 24 O conjunto de valores de x para os quais a série de potências
                 ∞
      un (x) =          vn · xn−1 é convergente diz-se o domínio de convergên-
n≥1              n=1
cia pontual (ou apenas domínio de convergência) da série. Quando o
domínio de convergência é um intervalo, a metade do comprimento desse
intervalo diz-se o raio de convergência da série.


                                                25
Em consequência dos critérios da raíz de Cauchy e da razão de D’ Alem-
berg, é válido o seguinte resultado para determinação do domínio de con-
vergência.
Proposição 25 A cada série de potências de x,                            un (x) =         vn · xn−1 ,
                                                                   n≥1              n≥1
está associado um número real R ≥ 0 ou R = +∞ tal que se x ∈ ]−R, R[
(ou seja, se |x| < R) então a série numérica correspondente é absoluta-
mente convergente e se x ∈ ]−∞, −R[ ∪ ]R, +∞[ (ou seja, se |x| > R)
a série numérica correspondente é divergente. O valor de R é dado pelo
quociente
                                      1
                                 R=
                                      L
em que L é o valor do limite superior
                                      L = lim n |vn |.
                                             n

Quando existe, o limite limn |vn+1 /vn | tem o mesmo valor que limn                           n
                                                                                                  |vn |.
Neste caso, também podemos obter L pelo limite
                                                  vn+1
                                  L = lim              .
                                             n     vn
    Este resultado não permite concluir a natureza da série de potências
para x = R e x = −R (ou seja, para |x| = R). Para estes valores de x é
necessário um estudo particular, ou seja, substituir na série de potências a
variável x por R e por −R e estudar as séries numéricas

         un (R) =         vn · Rn−1      e             un (−R) =               vn · (−R)n−1 .
   n≥1              n≥1                          n≥1                     n≥1

Após o estudo destas séries numéricas, os valores R e −R são ou não incluídos
no domínio de convergência, mesmo que nestas séries a convergência seja
apenas simples.
    Se R = 0 (caso em que L = +∞) então o domínio de convergência da
série de potências é D = {0}. Se R = +∞ (caso em que L = 0+ ) então o
domínio de convergência da série de potências é D = R.
    Quando R é um número real (portanto, quando R é finito) então R
corresponde ao raio de convergência da série de potências. Dado o exposto,
                                                               ∞
o raio de convergência da série de potências                        vn · xn−1 corresponde ao
                                                           n=1
limite
                                                  1
                                  R=              n
                                          limn         |vn |

                                             26
e, caso exista, ao limite

                   1            1              |vn |         vn
        R=               =              = lim         = lim      .
                    vn+1        |vn+1 |     n |vn+1 |     n vn+1
              limn         limn
                     vn           |vn |


   Consideremos agora o caso mais geral de séries de potências de x − a.

Definição 26 Chama-se série de potências de x − a a toda a série da
forma
                 un (x − a) =    vn · (x − a)n−1 .
                    n≥1            n≥1


Proposição 27 A série de potências             vn · (x − a)n−1     é convergente
                                         n≥1
para os valores de x que verifiquem x ∈ ]a − R, a + R[ (ou seja, |x − a| < R)
e divergente para x ∈ ]−∞, a − R[ ∪ ]a + R, +∞[ (ou seja, |x − a| > R) em
que R é dado por
                                       1
                                  R=
                                       L
com
                             vn+1
                    L = lim          ou L = lim n |vn |.
                          n   vn                n

Se |x − a| > R então a série de potências é divergente.

   Para x = a−R e x = a+R (ou seja, |x − a| = R) é necessário um estudo
particular.
   O desenvolvimento de Taylor é uma série de potências de x − a e o
desenvolvimento de MacLaurin é uma série de potências de x.

2.6   Exercícios propostos
                                          1
  1. Justifique que a série numérica      √ é divergente.
                                      n≥1 n

                                        3
  2. Mostre que a série numérica         n
                                           é convergente e tem soma S = 3.
                                   n≥1 2

  3. Estude a natureza da série numérica             3−n . Caso seja convergente,
                                               n≥1
      determine a sua soma.


                                    27
4. Proceda como no exercício anterior relativamente às séries numéricas
       5 (−3)−n ,   [3 (−1)n ] e    3.
  n≥1                  n≥1                      n≥1

5. Mostre que são divergentes as séries numéricas

                                  2n ,          (−2)n ,             (−1)n ,
                            n≥1           n≥1              n≥1

  e
                                                           2n
                                1                    n+2                   n+1
                            −     ,                             ,              .
                                3                    n+5                    n
                     n≥1                  n≥1                        n≥1

                                                       3    1
6. Mostre que a série numérica                          n
                                                          + 2         é convergente.
                                           n≥1        2    4n

7. Por comparação, mostre que as séries numéricas                             vn de termo geral
                                                                        n≥1

                     n             1            3n − 1          1
        vn =            , vn =           , vn =        e vn = n
                n3   +1        n (n + 1)          n3         2 +n
  são convergentes enquanto que as séries numéricas                                  vn de termo
                                                                               n≥1
  geral
                             1                         1
                     vn =       (para n ≥ 2) e vn = √
                            n−1                      n cos2 n
  são divergentes.

8. Usando um critério da comparação, mostre que as séries numéricas
      un de termo geral
  n≥1

                              2                 n−3                            1
                      un =      ,        un =              e        un = sin
                              n                  n2                            n
  são divergentes enquanto que são convergentes as séries numéricas
     un de termo geral
  n≥1

                   n                        1                                       n    n+2
   un =                      , un = n sin 3                         e un =            ln     .
          (n2   + 1) (n + 5)             n +1                                  n2   +1 n+5

9. Mostre que a série                (−1)n + (−1)n+1 é convergente e tem soma
                             n≥1
  S = 0.

                                                28
(−1)n
10. Mostre que a série alternada                é simplesmente convergente.
                                      n≥1   n

                                         (−1)n
11. Mostre que a série alternada           2
                                               é absolutamente convergente.
                                      n≥1 n

12. Mostre que a série alternada            [n(−1)n ] é divergente.
                                      n≥1

                                         (−1)n+2
13. Mostre que a série alternada           √     é simplesmente convergente.
                                     n≥1     n

                                                        3
14. Mostre que a série alternada              (−1)n+1        é absolutamente con-
                                      n≥1               n!
    vergente.

15. Mostre que são absolutamente convergentes as séries numéricas                un
                                                                           n≥1
    de termo geral

                         n (−1)n                                     1
            un =                      ,      un = (−1)n+1 n sin
                     (n2 + 1) (n + 5)                             n3 + 1
    e
                                     n (−1)n+1 n + 2
                              un =            ln     .
                                       n2 + 1    n+5
                                                       n
16. Mostre que a série alternada            (−1)n+1       é simplesmente con-
                                     n≥1              n+1
    vergente.

17. Considere a série de potências

                     ´     xn−1 = 1 + x + x2 + x3 + x4 + · · · .
                     n≥1

     (a) Mostre que o domínio de convergência da série de potências é o
         intervalo ]−1, 1[.
    (b) Dado que, para cada x ∈ ]−1, 1[, a série de potências de x dá
        lugar a uma série geométrica, mostre que
                                                     1
                                           xn−1 =
                                                    1−x
                                     n≥1




                                       29
18. Mostre que série de potências de x
                                                         xn
                                    un (x) =                      ,
                              n≥1              n≥1
                                                   [3 + (−1)n ]2n

    tem o intervalo ]−4, 4[ como domínio de convergência.

19. Determine o domínio de convergência das seguintes séries de potências
    de x :
                                xn
     (a)         un (x) =
           n≥1              n≥1 n!


     (b)         un (x) =         (n!xn )
           n≥1              n≥1


                               (−1)n xn
     (c)         un (x) =            n
           n≥1              n≥1 n · 2


                                x2n−1
     (d)         un (x) =
           n≥1              n≥1 2n − 1


                                xn
     (e)         un (x) =      √
                                  n
           n≥1              n≥1 n

20. Determine o domínio de convergência das seguintes séries de potências
    de x − 2 :

     (a)         un (x − 2) =           n(x − 2)n−1
           n≥1                    n≥1


                                                (x − 2)2n+1
     (b)         un (x − 2) =           (−1)n               .
           n≥1                    n≥1            (2n + 1)!

21. Mostre que D = [0, 2] é o domínio de convergência da série de potências
    de x − 1
                                             (x − 1)n
                             un (x − 1) =             .
                                                n2
                              n≥1                  n≥1

22. Mostre que, para todo o x ∈ R, são válidos os desenvolvimentos de
    MacLaurin:

                                            30
1
      (a) exp x =                    xn−1
                     n≥1    (n − 1)!

                         (−1)n−1 2n−1
      (b) sin x =                  x
                     n≥1 (2n − 1)!


                            (−1)n−1 2n−2
       (c) cos x =                    x  .
                     n≥1    (2n − 2)!

 23. Determine os valores de x ∈ R para os quais os seguintes desenvolvi-
     mentos em série de potências convergem para as respectivas funções:

                  1    1             x2n
      (a) 1 + x2 + x4 + x6 + · · · +     + · · · = exp(x2 )
                  2    6              n!

            1 1         1                           (x − 2)n−1         1
      (b)    − (x − 2) + (x − 2)2 − · · · + (−1)n−1       n
                                                               + ··· =
            2 4         8                               2              x

2.7   Soluções
3. É convergente. Tem soma 1/2.
4. A série numérica               5 · (−3)−n é convergente e tem soma 5/4. As
                           n≥1
      séries numéricas           [3 (−1)n ] e         3 são divergentes.
                           n≥1                  n≥1

19. (a) Dconv = R.
19. (b) Dconv = {0}.
19. (c) Dconv = [−2, 2[ mas a convergência é simples em x = 2.
19. (d) Dconv = ]−1, 1[.
19. (e) Dconv = R.
20. (a) Dconv = ]1, 3[ .
20. (b) Dconv = R.
23. (a) Para todo o x ∈ R.
23. (b) Para x ∈ ]0, 4[ .


                                            31

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Cálculo Diferencial em R

  • 1. Cálculo Diferencial em R Séries Numéricas e de Potências — Caderno 1 — ––––––––––––––––––––––––––––––––- 2011-2012 / 1o Semestre EI / ETI / ETI-PL ––––––––––––––––––––––––––––––––- Rosário Laureano Elaborado por DMQ — Dpto de Métodos Quantitativos 1
  • 2. 1 Cálculo Diferencial em R 1.1 Limites e continuidade Sejam f : Df ⊆ R → R uma função real (escalar) de variável real e a ∈ R um ponto de acumulação1 de Df . Definição 1 O número real L é o limite de f no ponto a, e escreve-se f (x) −→ L quando x −→ a ou L = limx→a f (x), se ∀δ > 0 ∃ε = ε (δ) > 0 | ∀x ∈ Df ∧ 0 < |x − a| < ε =⇒ |f(x) − L| < δ (para todo o δ > 0 existe ε > 0, dependente do δ tomado, tal que a distância de f (x) a L é inferior a δ sempre que a distância de x a a é inferior a ε, para x ∈ Df {a}). A condição 0 < |x − a| < ε significa que x ∈ ]a − ε, a + ε[ e x = a. A existência de limite traduz-se intuitivamente por "os valores f (x) e L serão arbitrariamente próximos (ou seja, a distância |f(x) − L| será tão pequena quanto se queira) sempre que nos limitemos a considerar valores de x su- ficientemente próximos de a (isto é, desde que |x − a| seja suficientemente pequeno)". Contudo, a existência do limite de f no ponto a nada informa2 acerca do valor da função f no ponto a. O limite de f no ponto a, quando existe, é único. A definição de limite exige que existam e tenham o mesmo valor os limites da função f restringida a qualquer subconjunto do seu domínio, ou 1 Considerando definida em R a distância euclidiana, um ponto a ∈ R é um ponto de acumulação de D ⊆ R se a todo o intervalo aberto centrado em a pertence pelo menos um ponto de D distinto de a, ou seja, ∀ε > 0 ∃x ∈ D {a} | x ∈ ]a − ε, a + ε[ . Na verdade, tal implica que em qualquer vizinhança de a existem infinitos pontos de D, ou seja, ∀ε > 0, ]a − ε, a + ε[ ∩ D é um conjunto infinito. O intervalo ]a − ε, a + ε[ pode designar-se por bola aberta de centro em a e raio ε. Um ponto que não é de acumulação de D diz-se um ponto isolado. O conjunto de todos os pontos de acumulação do conjunto D designa-se por derivado de D e denota-se por D . 2 Tal valor f (a) pode nem existir e, mesmo no caso em que a ∈ D, podemos ter lim f (x) = L = f (a). x→a 2
  • 3. seja, que sejam iguais todos os limites relativos da função f. Na recta real, a aproximação a um ponto a faz-se através de uma única direcção. No entanto, podemos considerar nessa direcção a aproximação pela esquerda, x → a− , ou pela direita, x → a+ , sempre que tal faça sentido face ao domínio da função f. Trata-se de considerar os limites relativos lim f (x) = lim f (x) e lim f (x) = lim f (x) , x→a− x→a ∧ x<a x→a+ x→a ∧ x>a que se designam por limites laterais de f no ponto a. Sendo estes os únicos limites relativos possíveis, é condição necessária para que exista o limite de f no ponto a que eles existam e tenham o mesmo valor, lim f (x) = lim f (x) = L = lim f (x) . x→a− x→a+ x→a Como tal, a não-existência de limite no ponto a decorre simplesmente da detecção de valores diferentes nos dois limites laterais, lim f (x) = lim f (x) . x→a− x→a+ Quando, face ao domínio da função f , apenas faz sentido uma das aproxi- mações laterais, o valor do limite corresponde a esse limite lateral. Proposition 2 Sejam f : Df ⊆ R → R e g : Dg ⊆ R → R funções reais de variável real e a ∈ R um ponto de acumulação de Df e de Dg . Se existirem os limites limx→a f (x) e limx→a g (x) então também existem nesse ponto a os limites P1. da soma e da diferença das funções lim (f ± g) (x) = lim f (x) ± lim g (x) , x→a x→a x→a P2. do produto das funções lim (f × g) (x) = lim f (x) × lim g (x) , x→a x→a x→a P3. do produto da função por uma constante c ∈ R lim (c × f ) (x) = c × lim f (x) , x→a x→a P4. e, sempre que limx→a g (x) = 0, do quociente das funções f limx→a f (x) lim (x) = . x→a g limx→a g (x) 3
  • 4. A função f tende para +∞ quando x −→ a (escreve-se limx→a f (x) = +∞) se3 ∀K > 0 ∃ε = ε (K) > 0 | ∀x ∈ Df ∧ 0 < |x − a| < ε =⇒ f(x) > K. A função f tende para −∞ quando x −→ a (escreve-se limx→a f (x) = −∞) se a função (−f ) tende para +∞ quando x −→ a. Seja Df um subconjunto não majorado de R. O número real L é o limite de f quando x −→ +∞ (escreve-se L = limx→+∞ f (x)) se4 ∀δ > 0 ∃x0 = x0 (δ) ∈ R | ∀x ∈ Df ∧ x > x0 =⇒ |f(x) − L| < δ. Se L = limx→+∞ f (x) ou L = limx→−∞ f (x) então o gráfico de f tem y = L como assimptota horizontal. A função f tende para +∞ quando x −→ +∞ (escreve-se limx→+∞ f (x) = +∞) se5 ∀K > 0 ∃x0 = x0 (K) ∈ R | ∀x ∈ Df ∧ x > x0 =⇒ f (x) > K. São válidas as seguintes operações, no sentido de limite (L ∈ R), (+∞) + (+∞) = +∞ , (+∞) + L = +∞ (−∞) + (−∞) = −∞ , (−∞) + L = −∞ (±∞) · (±∞) = +∞ , (±∞) · (L positivo) = ±∞ (±∞) · ( ∞) = −∞ , (±∞) · (L negativo) = ∞ (±∞) L positivo (±∞) 0± = ±∞ , = 0± , = +∞ , = 0+ L positivo (±∞) 0± (±∞) (±∞) L negativo (±∞) 0 = ∞, =0 , = −∞, = 0− L negativo (±∞) 0 (±∞) 3 para todo K > 0 existe ε > 0, dependente do K tomado, tal que as imagens f (x) superam o valor de K sempre que a distância de x a a é inferior a ε, para x ∈ Df {a} . 4 para todo δ > 0 existe x0 , dependente do δ tomado, tal que a distância de f (x) a L é inferior a δ sempre que x é maior do que x0 , para x ∈ Df . 5 para todo K > 0 existe x0 , dependente do K tomado, tal que as imagens f (x) superam o valor de K sempre que os objectos x superam o valor de x0 , para x ∈ Df . 4
  • 5. enquanto 0 (±∞) (±∞) − (±∞) =? , 0 · (±∞) =? , =? e =? 0 (±∞) são indeterminações. Consideremos que f (x) > 0 para todo x ∈ Df . Temos limx→a g(x) lim f (x)g(x) = lim f (x) x→a x→a sempre que não ocorra uma das indeterminações 00 =? , 1(±∞) =? e (+∞)0 =? . No entanto, dada a igualdade f (x)g(x) = exp [g (x) · ln f (x)] , (exp denota a exponencial de Neper e ln o logarítmo respectivo) estas inde- terminações podem ser resolvidas através da indeterminação 0 · (±∞). Limites de referência: sin x tan x ln (x + 1) lim = 1, lim = 1, lim =1 x→0 x x→0 x x→0 x ax loga x lim = +∞ (a > 1, p ∈ R), lim = 0 (a > 1, p ∈ R+ ) x→+∞ xp x→+∞ xp x exp x − 1 k lim = 1, lim 1+ = exp k x→0 x x→+∞ x Definição 3 Seja f : Df ⊆ R → R uma função real de variável real e a ∈ R. A função f diz-se contínua no ponto a se e só se são verificadas as três condições seguintes: (i) existe a imagem f (a), ou seja, a ∈ Df ; (ii) existe o limite limx→a f (x); (iii) são iguais os elementos garantidos em (i) e (ii), ou seja6 , lim f (x) = f (a) . x→a A função f diz-se contínua se for contínua em todos os pontos do seu domínio. 6 Temos então ∀δ > 0 ∃ε = ε (δ) > 0 | ∀x ∈ Df ∧ 0 < |x − a| < ε =⇒ |f (x) − f (a)| < δ. 5
  • 6. A continuidade de f no ponto a traduz-se intuitivamente por "os valores f (x) e f (a) serão arbitrariamente próximos (isto é, a distância |f(x) − f(a)| será tão pequena quanto se queira) sempre que limitemos a considerar valores de x suficientemente próximos de a (isto é, desde que |x − a| seja suficien- temente pequeno)". 1.2 Funções trigonométricas Sabemos que as funções trigonométricas seno, coseno e tangente são periódicas, não sendo portanto injectivas nos domínios Dsin = Dcos = R e Dtan = R {kπ/2}k∈Z . No entanto, podemos considerar as restrições principais: π π para y = sin x apenas x ∈ − , 2 2 para y = cos x apenas x ∈ [0, π] π π para y = tan x apenas x ∈ − , 2 2 dessas funções, as restrições que permitem garantir a injectividade (cada imagem ser "exclusiva" de um objecto) e manter todos os valores dos res- pectivos contradomínios. Para estes domínios mais restrictos, existem as funções inversas: x = arcsin y (arco-seno de y) com y ∈ [−1, 1] x = arccos y (arco-coseno de y) com y ∈ [−1, 1] x = arctan y (arco-tangente de y) com y ∈ R. Por exemplo, sabendo que cos (π/3) = 1/2, podemos escrever que π 1 = arccos . 3 2 Trata-se de inverter os papeis das variáveis x e y, não os seus valores. Por- tanto, arccos (1/2) designa o ângulo (em radianos) cujo coseno é 1/2, ou seja, o ângulo π/3. Por outro lado, o valor inverso de cos (π/3), que é 2, é designado por secante de π/3, π 1 1 sec = π = = 2. 3 cos 1/2 3 6
  • 7. √ Sabendo que sin (π/3) = 3/2, podemos escrever que π/3 = arcsin 3/2 e obter também a cosecante de π/3, π 1 1 2 csc 3 = π = √3/2 = √3 . sin 3 √ √ Sabendo que tan (π/3) = 3, podemos escrever que π/3 = arctan 3 e obter também a cotangente de π/3, π 1 1 cot = π =√ . 3 tan 3 3 função trigonom. função trigonom. inversa valor inverso 1 y = sin x x = arcsin y w= = csc x sin x 1 y = cos x x = arccos y w= = sec x cos x sin x 1 y = tan x = x = arctan y w= = cot x cos x tan x Também se designa por arco-cotangente de y o valor do ângulo (medido em radianos) cuja cotangente é y. Da fórmula fundamental da trigonometria (f.f.t), sin2 x + cos2 x = 1 obtemos (dividindo por cos2 x = 0) 1 tan2 x + 1 = , cos2 x assim como (dividindo por sin2 x = 0) 1 1 + cot2 x = . sin2 x Da fórmula de duplicação de ângulo para o coseno cos (2x) = cos2 x − sin2 x 7
  • 8. obtemos (usando cos2 x = 1 − sin2 x) 1 − cos(2x) sin2 x = , 2 assim como (usando sin2 x = 1 − cos2 x) 1 + cos(2x) cos2 x = . 2 A fórmula de duplicação de ângulo para o seno é sin (2x) = 2 sin (x) cos (x) . 1.3 Derivação e Fórmula de Taylor Derivada (de ordem 1) de uma função f num ponto a do seu domínio: f (x) − f (a) f (a + h) − f (a) f (a) = lim = lim x→a x−a h→0 h O número real f (a) é o declive da recta tangente ao gráfico de f no ponto (a, f(a)), cuja equação é y − f(a) = f (a) (x − a) . 1 A recta normal ao gráfico de f no ponto (a, f (a)) tem por declive − e f (a) a sua equação é 1 y − f(a) = − (x − a) . f (a) Uma função é crescente nos pontos em que a derivada é positiva e de- crescente nos pontos em que a derivada é negativa. Os valores de x nos quais a derivada é nula, designados por pontos críticos, são os "candidatos" a extremos (máximos ou mínimos) relativos da função. Se a função f define a trajectória de uma partícula em movimento no decurso do tempo, a derivada f (a) é a velocidade instantânea da partícula no instante de tempo t = a. Definem-se as derivadas de ordem superior a 1: 8
  • 9. de ordem 2 : f (x) = f f (x) , também denotada por f (2) (x) de ordem 3 : f (x) = f f (x) , também denotada por f (3) (x) ··· de ordem n : f (n) (x) = f f (n−1) (x) . Também se pode escrever f (1) (x) em vez de f (x) e f (0) (x) em vez de f (x). Regra de derivação da função composta: (f ◦ u) (x) = f (u(x)) · u (x). (1) Regra de derivação da função inversa: 1 f −1 (y) = em que y = f(x). (2) f (x) Consideremos u = u(x) e v = v(x). Em consequência de (1), são válidas as regras operacionais de derivação (u ± v) = u ± v e (k · u) = k · u (para k ∈ R) u u ·v−u·v (u · v) = u · v + u · v e = v v2 (up ) = p · up−1 · u (para p ∈ Q), a regra de derivação da exponencial (para a > 0, a = 1) (au ) = u · au · ln a (em particular (exp u) = u · exp u ), e as regras de derivação das funções trigonométricas (sin u) = u · cos u e (cos u) = −u · sin u u u (tan u) = = u · sec2 u e (cot u) = − = −u · csc2 u . cos2 u sin2 u Usando (1) e (2), obtemos as regras de derivação para as funções inversas (para a > 0, a = 1) u u (loga u) = (em particular, (ln u) = ) u · ln a u 9
  • 10. u u (arctan u) = e (arccot u) = − 1 + u2 1 + u2 u u (arcsin u) = √ e (arccos u) = − √ . 1 − u2 1 − u2 Por exemplo, de y = arcsin x obtem-se x = sin y e, por (2), 1 1 (arcsin x) = = . (sin y) cos y √ Como cos y = 1 − sin2 y = 1 − x2 , temos 1 (arcsin x) = √ . 1 − x2 Por (1) concluímos então que 1 u (arcsin u) = √ ·u = √ . 1−u2 1 − u2 Analogamente, de y = arctan x obtem-se x = tan y e, por (2), 1 1 (arctan x) = = 1 (tan y) cos2 y 1 Como = 1 + tan2 y = 1 + x2 , temos cos2 y 1 (arctan x) = . 1 + x2 Por (1) concluímos então que 1 u (arctan u) = ·u = . 1 + u2 1 + u2 Definição 4 Sejam f : Df ⊆ R → R uma função real de variável real e a ∈ Df um ponto interior a Df . Se existem com valor real as derivadas de todas as ordens da função f no ponto a define-se o desenvolvimento (ou série) de Taylor de f no ponto x = a como sendo f (a) f (3) (a) f(x) = f(a) + f (a) · (x − a) + · (x − a)2 + · (x − a)3 + · · · 2 3! 10
  • 11. ou seja, f (n−1) (a) f(x) = · (x − a)n−1 . (n − 1)! n≥1 Quando a = 0, o desenvolvimento f (a) 2 f (3) (a) 3 f (n−1) (0) n−1 f (x) = f (0) + f (0) · x + ·x + ·x +··· = ·x 2 3! (n − 1)! n≥1 diz-se o desenvolvimento (ou série) de MacLaurin de f . Assume-se que f (0) (a) = f (a). O factorial de n ≥ 1, que é denotado por n!, é definido como n! = n · (n − 1) · (n − 2) · · · · · 3 · 2 · 1. Por convenção, o factorial de 0 é 1, 0! = 1. O desenvolvimento de Taylor (e de MacLaurin) é válido no domínio de convergências da série de Taylor (e de MacLaurin) que lhe corresponde. A determinação do domínio de convergência é tratado no âmbito das séries de potências. Sempre que consideramos apenas um número finito n de termos no de- senvolvimento de Taylor (ou de MacLaurin), obtemos uma aproximação (polinomial) de Taylor (ou de MacLaurin) da função com erro de ordem n + 1. 1.4 Exercícios propostos 1. Represente graficamente as funções: (a) f(x) = −x2 , g(x) = x2 − 3 e h(x) = (x − 3)2 √ √ √ (b) f(x) = x, g(x) = 1 + x e h(x) = 1 − x √ (c) f(x) = 1/x, g(x) = 1/x2 e h(x) = 1/ x (d) f(x) = 1/ (x − 2), g(x) = 1/x − 2 e h(x) = 1/ |x − 2| (e) f(x) = exp x, g(x) = 1/ exp x e h(x) = ln x. 2. Mostre que a parábola de equação y = x2 + x + 1 tem vértice no ponto (−1/2, 3/4) . 11
  • 12. 3. Considere a função x3 − 1 f(x) = . x−1 (a) Mostre que f(x) = x2 + x + 1 para x = 1. (b) Esboce o gráfico da função f. (c) Mostre que lim f(x) = 3 e lim f (x) = +∞. x→1 x→−∞ 4. Considere a função x f (x) = √ . x+1−1 √ (a) Mostre que f(x) = x + 1 + 1 para x ≥ −1 ∧ x = 0. (b) Esboce o gráfico da função f. (c) Mostre que lim f(x) = 2 e lim f(x) = +∞ x→0 x→+∞ 5. Considere a função   1 se x = 3 f (x) = .  0 se x = 3 (a) Esboce o gráfico da função f. (b) Mostre que lim f(x) = 1 e lim f (x) = 1. x→3 x→+∞ (c) Justifique que a função f não é contínua. 6. Considere a função |x| f (x) = . x (a) Esboce o gráfico da função f. (b) Mostre que não existe limx→0 f (x) e que limx→−∞ f(x) = −1. (c) Mostre que a função f é contínua. 12
  • 13. 7. Mostre que não existe o limite x+5 lim . x→5 x − 5 8. Resolva as seguintes indeterminações (a) limx→−1 (x + 1) /f (x), limx→−∞ f(x) e limx→+∞ 1/f(x) com f(x) = x3 + x2 . (b) limx→−1 g(x) e limx→−∞ g(x) com x2 + 1 g(x) = . x+1 9. Considere a função f (x) = 1/x. Resolva as seguintes indeterminações: √ (a) limx→+∞ x3 · f(x) , limx→+∞ [x · f (x)] e limx→+∞ [ x · f(x)] √ (b) limx→0 x3 · f(x) , limx→0 [x · f (x)] e limx→0+ [ x · f (x)] . 10. Escreva a expressão da primeira derivada de cada uma das seguintes funções: 1 √ (a) f(x) = 4x3 + 3x + +5 x x 3 x (b) f(x) = 2 5 + exp x2 + x 3 (c) f(x) = (2x − 3)4 − ln 2x3 + cos x (d) f(x) = cos3 x − 6 cos x3 − tan(4x) + 5 sin (3x) 3x + x2 (e) f(x) = + 4 arcsin (2x) − cot x2 5 (f) f(x) = sec (−3x) + csc (5x) − 4 arctan x3 . 11. Considere a função f(x) = 4x2 + 2x. 13
  • 14. (a) Determine a equação da recta tangente ao gráfico de f no ponto de abcissa 1. (b) Obtenha a equação da recta normal ao gráfico de f no ponto de ordenada 12 e abcissa negativa. (c) Determine as equações das rectas tangente e normal no vértice da parábola de equação y = f (x). 12. Considere f(x) = (x + 3)2 . Utilize o desenvolvimento de MacLaurin para escrever a função f como potências de x, f (x) = x2 + 6x + 9. 13. Utilize o desenvolvimento de MacLaurin para obter um polinómio de ordem 3 que aproxime a função y = exp x. 14. Utilize o desenvolvimento de MacLaurin para obter um polinómio (a) de ordem 5 que aproxime a função y = sin x (b) de ordem 4 que aproxime a função y = cos x. 1.5 Soluções 5. (c) f não é contínua em x = 3. x+1 1 8. (a) limx→−1 = 1, limx→−∞ f(x) = −∞, limx→+∞ =0 f (x) f(x) 8. (b) limx→−1 g(x) não existe, 2 limx→−∞ g(x) = limx→−∞ x − 1 + = −∞ x+1 9. (a) limx→+∞ x3 · f(x) = +∞, limx→+∞ [x · f(x)] = 1, √ limx→+∞ [ x · f(x)] = 0 9. (b) limx→0 x3 · f(x) = 0, limx→0 [x · f (x)] = 1, √ limx→0+ [ x · f(x)] = +∞ 1 5 10. (a) f (x) = 12x2 + 3 − 2 + √ x 2 x 14
  • 15. 3 x 3 1 10. (b) f (x) = 2 2x exp x2 + + 5 + exp x2 − 2 + x 3 x 3 3 10. (c) f (x) = 8 (2x − 3)3 − − sin x x 4 10. (d) f (x) = −3 cos2 (x) sin (x) + 18x2 sin x3 − + 15 cos (3x) cos2 (4x) 3 + 2x 8 2x 10. (e) f (x) = +√ + 5 1 − 4x2 sin2 (x2 ) 3 sin (−3x) 5 cos (5x) 12x2 10. (f ) f (x) = − − − cos2 (−3x) sin2 (5x) 1 + x6 11. (a) y − 6 = 10 (x − 1) 1 11. (b) y − 12 = (x + 2) 14 11. (c) A parábola tem por zeros 0 e −1/2 logo a abcissa do vértice é −1/4. A ordenada do vértice é f (−1/4) = −1/4. A recta tangente é y = −1/4 e a recta normal é x = −1/4. 12. f (x) = 2 (x + 3) , f (x) = 2 e f (n) (x) = 0 para n ≥ 3. Temos então f (0) 2 f (3) (0) 3 f(x) = f(0) + f (0) · x + ·x + · x + ··· 2 3! 2 2 0 = 9+6·x+ · x + · x3 + · · · = 9 + 6x + x2 . 2 3! 13. Dado que (exp x) = exp x, temos 1 1 exp x 1 + x + x2 + x3 . 2 6 14. (a) Temos f (x) = f (5) (x) = cos x, f (x) = − sin x, f (x) = − cos x, e f (4) (x) = sin x. O polinómio pedido é 1 1 5 x − x3 + x . 6 120 14. (b) Dado que cos x = (sin x) obtemos da alínea anterior que 1 1 cos x 1 − x2 + x4 . 2 24 15
  • 16. 2 Séries numéricas e séries funcionais Dada uma sucessão (un )n∈N de números reais, (un ) : u1 , u2 , u3 , · · · un , un+1 , · · · , (a cada número natural n está associado o termo un de ordem n) podemos considerar a adição de todos os seus termos, uma infinidade de parcelas. É o que se pretende com o conceito de série numérica. Definição 5 A série numérica de termo geral un , que se denota por ∞ un ( un , un ou simplesmente un ), é a soma infinita dos termos n≥1 n=1 n∈N n da sucessão real (un )n∈N , un = u1 + u2 + u3 + · · · + un−1 + un + un+1 + · · · . n≥1 Embora o termo geral da série seja o termo geral da sucessão (un )n∈N , a série un é distinta da sucessão (un )n∈N que lhe está associada. Enquanto n≥1 na primeira os termos estão adicionados entre si, na segunda estão "soltos" como sequência ordenada7 . 2.1 Convergência e soma de uma série Dada uma série numérica un , pode acontecer que o limite n≥1 lim (u1 + u2 + u3 + · · · + un−1 + un ) n exista como número real (i.e., seja finito). Neste caso a série diz-se conver- gente e o valor S desse limite diz-se a soma da série. No caso contrário, se não existe esse limite ou se é +∞ ou −∞, a série numérica diz-se di- vergente. Classificar uma série numérica como convergente ou divergente é identificar a sua natureza. Temos a seguinte definição rigorosa. 7 Uma série numérica pode estar definida apenas para valores de n a partir de uma certa ordem k. Nesse caso, escreve-se un = uk + uk+1 + uk+2 + · · · + uk + uk+1 + uk+2 + · · · . n≥k Também se podem considerar séries numéricas com início em n = 0, un . n≥0 16
  • 17. Definição 6 Dada uma série numérica un , define-se a sua sucessão n≥1 n das somas parciais por Sn = ui , ou seja, i=1 (Sn )n∈N : u1 , u1 + u2 , u1 + u2 + u3 , ... se a sucessão das somas parciais (Sn )n∈N for convergente com limite S, lim Sn = lim (u1 + u2 + u3 + · · · + un−1 + un ) = S, n n a série diz-se convergente e o valor S diz-se a soma da série; se a sucessão das somas parciais (Sn )n∈N for divergente (caso em que tende para +∞, tende para −∞ ou não tem limite), a série diz-se divergente. Deste modo, a sucessão das somas parciais (Sn )n∈N determina a natureza da série numérica. Note que a sucessão (Sn )n∈N de somas parciais é distinta da sucessão (un )n∈N que define a série. À primeira corresponde a sequência S1 = u1 , S2 = u1 +u2 , S3 = u1 +u2 +u3 , . . . Sn = u1 +u2 +· · ·+un , . . . enquanto à segunda corresponde a sequência u1 , u2 , u3 , . . . un , . . . . A convergência de uma série traduz-se no essencial por: "a soma de todos (portanto, em número infinito) os termos da série acumula/não-excede um determinado valor; esse valor, conforme é intuitivo, é a soma da série". Podemos dizer que a série converge para essa soma. Existem séries numéricas que têm designações bem especificas dada a estrutura do seu termo geral. A série numérica 1 1 1 1 1 = 1 + + + + ··· + + ··· , n 2 3 4 10 n≥1 é designada por série harmónica. Relativamente à sucessão (Sn )n∈N das somas parciais, prova-se que 1 S2n ≥ 1 + n · . 2 Temos 1 1 lim S2n ≥ lim 1 + n · = 1 + +∞ · = 1 + ∞ = +∞, n n 2 2 17
  • 18. o que mostra que a sucessão das somas parciais, da qual os termos S2n constituem uma subsucessão, não converge para um valor finito. Concluímos então que a série é divergente. Uma série numérica com a forma geral 1 un = , nα n≥1 n≥1 para certo α ∈ R, é designada por série de Dirichlet. São convergentes se α > 1 e divergentes se α ≤ 1. Note que a série harmónica é um caso particular de série de Dirichlet (com α = 1). Uma série numérica que tem como termo geral uma progressão ge- ométrica (significa que cada termo resulta da multiplicação do termo an- terior por um valor constante) é designada por série geométrica. As séries geométricas têm a forma geral un = a · rn−1 = a + a · r + a · r2 + a · r3 + · · · + a · rn−1 + a · rn + · · · n≥1 n≥1 com a, r ∈ R e a = 0. O número real r é a razão da série numérica e a é o valor do seu primeiro termo. O termo geral da sucessão de somas parciais é dado por Sn = (n + 1) a quando r = 1 (trata-se da série de termo geral constante igual a a), e é dado por a (1 − rn ) Sn = 1−r quando r = 1. Concluímos então que a série é convergente se |r| < 1 (ou seja, se −1 < r < 1) com soma S igual a a (1 − rn ) a a 1o termo S = lim = 1 − lim rn = = n 1−r 1−r n 1−r 1 − razão (note que se −1 < r < 1 então rn → 0), e é divergente se |r| ≥ 1 (ou seja, se r ≤ −1 ∨ r ≥ 1) (note que se r = 1 temos Sn = (n + 1) a → +∞ · a = +∞, se r > 1 temos rn → +∞, e se r ≤ −1 não existe8 o limite de rn ). Portanto, se −1 < r < 1 podemos escrever a un = a · rn−1 = a + a · r + a · r2 + a · r3 + · · · = . 1−r n≥1 n≥1 8 Se r = −1 temos a · (−1)n−1 = a − a + a − a + a − · · · n≥1 18
  • 19. Proposição 7 Se as séries numéricas un e vn são convergentes e n≥1 n≥1 têm somas S e S , respectivamente, então a série numérica (un + vn ) n≥1 também é convergente e tem soma S + S . Proposição 8 Se a série numérica un é convergente e tem soma S n≥1 então a série numérica (α · un ), com α ∈ R, também é convergente e tem n≥1 soma α · S. Resulta das proposições anteriores que se duas séries numéricas un e n≥1 vn são convergentes e têm somas S e S , respectivamente, então a série n≥1 numérica (α · un + β · vn ), com α, β ∈ R, também é convergente e tem n≥1 soma α · S + β · S . Proposição 9 Se a série numérica un é convergente e tem soma S e a n≥1 série numérica vn é convergente e tem soma S então n≥1 (un ∗ vn ) ≤ S ∗ S . n≥1 2.2 Alguns critérios de convergência para séries de termos não-negativos A determinação de uma expressão analítica do termo geral Sn = u1 + u2 + · · · + un da sucessão de somas parciais é uma situação pouco frequente. Ao contrário do que sucede com as séries geométricas, para a maioria das séries numéricas un não é possível estabelecer uma tal expressão. Tal n≥1 impede o cálculo do limite de Sn e a obtenção do valor da soma S da série. No entanto, é usual fazer um estudo da série numérica por meios indirectos, através de critérios que permitem identificar a sua natureza. mas a sucessão das somas parciais   a se n ímpar Sn =  0 se n par não tem limite (note que a = 0), logo a série é divergente. 19
  • 20. Proposição 10 (Critério do Termo Geral, Critério Geral de Con- vergência ou Condição Necessária de Convergência) Se a série numérica un é convergente então n≥1 lim un = 0. n Proof. Temos Sn = u1 + u2 + · · · + un e Sn−1 = u1 + u2 + · · · + un−1 (para n > 1). Assim, para n > 1, temos Sn − Sn−1 = u1 + u2 + · · · + un − (u1 + u2 + · · · + un−1 ) = un . Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn . Suponhamos que limn Sn = l. Também limn Sn−1 = l, donde lim un = lim (Sn − Sn−1 ) = l − l = 0 n n conforme se pretende demonstrar Em consequência (por contra-recíproco) deste resultado, se limn un = 0 então a série numérica un é divergente, n≥1 limn un = 0 =⇒ un série divergente . n≥1 De salientar: para uma série numérica un ser convergente, NÃO n≥1 BASTA (não é suficiente) que o seu termo geral un convirja para 0 (como mostra o exemplo da série harmónica (1/n)), no entanto, tal é necessário n≥1 (como afirma a Proposição anterior). Proposição 11 (Critério Geral da Comparação ou Critério da Com- paração - formulação 1) Sejam un e vn duas séries numéricas n≥1 n≥1 tais que, a partir de certa ordem, se tem un , vn ≥ 0 e vn ≤ un . Então, a convergência da série un implica a convergência da série vn , n≥1 n≥1 un série convergente =⇒ vn série convergente , n≥1 n≥1 e a divergência da série vn implica a divergência da série un , n≥1 n≥1 vn série divergente =⇒ un série divergente . n≥1 n≥1 20
  • 21. Proposição 12 (Critério da Comparação - formulação 2) Sejam un e vn duas séries numéricas tais que un ≥ 0 e vn > 0 para todo o n≥1 n≥1 n. Se existe o limite un L = lim vn n e tem valor finito não-nulo (portanto L = 0 e L = +∞, ou ainda, 0 < L < +∞) então as duas séries têm a mesma natureza. É frequente o uso de uma série de Dirichlet 1 nα n≥1 como série vn . O valor conveniente para α ∈ Q é escolhido com base no n≥1 termo geral un da série un de que se quer identificar a natureza. Também n≥1 as séries geométricas são usadas com frequência para comparação. Proposição 13 (Critério da Raíz de Cauchy) Dada uma série numérica un tal que un ≥ 0 para todo o n, suponha que o limite n≥1 √ L = lim n un n é finito ou +∞. Então a série é convergente se L < 1 e é divergente se L > 1 √ ou L = 1+ (L = 1+ significa L = 1 e n un > 1). Quando L = 1− (que √ √ significa L = 1 e n un < 1) ou L = 1± (que significa L = 1 mas n un > 1 √ para alguns valores de n e n un < 1 para outros valores de n intercalados com os anteriores) nada se pode concluir sobre a natureza da série. Proposição 14 (Critério da Razão de D’ Alemberg) Dada uma série numérica un tal que un > 0, para todo o n, suponha que o limite n≥1 un+1 L = lim n un é finito ou +∞. Então série é convergente se L < 1 e é divergente se L > 1 ou L = 1+ (L = 1+ significa L = 1 e un+1 /un > 1). Quando L = 1− (que significa L = 1 e un+1 /un < 1) ou L = 1± (que significa L = 1 mas un+1 /un > 1 para alguns valores de n e un+1 /un < 1 para outros valores de n intercalados com os anteriores) nada se pode concluir sobre a natureza da série. 21
  • 22. 2.3 Convergência simples e absoluta de uma série numérica Definição 15 Dada uma série numérica un , a série de termos não- n≥1 negativos |un | diz-se a sua série modular. n≥1 Definição 16 Uma série numérica un diz-se absolutamente conver- n≥1 gente quando a série modular |un | é convergente. n≥1 A relação entre estes dois tipos de convergência é (dada pela seguinte proposição) é consequência do critério da comparação - formulação 1. Proposição 17 Uma série un é convergente sempre que a sua série n≥1 modular |un | o for, n≥1 |un | série convergente =⇒ un série convergente . n≥1 n≥1 Além disso, tem-se |un | ≥ un . (3) n≥1 n≥1 Proof. Dadas as desigualdades 0 ≤ un + |un | ≤ |un | + |un | = 2|un | e o facto de ser convergente a série |un |, concluímos pelo critério da n≥1 comparação - formulação 1 que a série numérica (un + |un |) também é n≥1 convergente. Sendo un = (un + |un |) − |un |, n≥1 n≥1 n≥1 a série un é convergente. A desigualdade (3) resulta da desigualdade n≥1 triangular (|a + b| ≤ |a| + |b|, para todo a, b ∈ R) Dada a definição de série absolutamente convergente, podemos concluir da proposição anterior que toda a série absolutamente convergente é con- vergente. 22
  • 23. Definição 18 Uma série numérica un diz-se simplesmente conver- n≥1 gente.quando é convergente mas não absolutamente convergente, ou seja, a série numérica un é convergente mas a sua série modular |un | é n≥1 n≥1 divergente. Dada a proposição anterior, concluímos que se uma série numérica é absolutamente convergente então também é simplesmente convergente, Convergência absoluta =⇒ Convergência simples . Em consequência deste resultado (por contra-recíproco), se un não é n≥1 simplesmente convergente então também não é absolutamente convergente, Não-convergência simples =⇒ Não-convergência absoluta . De salientar: para que uma série numérica un seja absolutamente n≥1 convergente, NÃO BASTA (não é suficiente) que seja simplesmente con- vergente (é necessário que também convirja a sua série modular |un |), n≥1 Convergência simples Convergência absoluta , no entanto, tal é necessário. 2.4 Critérios de convergência para séries de termos negativos e séries alternadas Quando uma série un é de termos negativos consideramos n≥1 un = − (−un ) . n≥1 n≥1 A série un tem a mesma natureza que a série de termos positivos (−un ) n≥1 n≥1 e, caso seja convergente, tem soma de valor simétrico. Definição 19 Uma série diz-se alternada se os seus termos alternam de sinal, ou seja, se o seu termo geral un é produto do factor (−1)n por um factor an não-nulo de sinal constante, un = [(−1)n · an ] . n≥1 n≥1 23
  • 24. O Critério do Termo Geral e o critério apresentado na seguinte proposição são os mais utilizados no estuda da natureza de séries alternadas. Proposição 20 (Critério de Leibnitz) Se (an )n∈N é uma sucessão de- crescente de termos positivos e tem limite 0, então a série numérica alter- nada un = [(−1)n · an ] n≥1 n≥1 é convergente. Remark 21 Quando se prova que uma série numérica alternada é con- vergente não podemos concluir que ela é absolutamente convergente. É necessário identificar a natureza da sua série modular. Se esta for conver- gente então a série alternada é absolutamente convergente. No entanto, se a série modular for divergente então a série alternada é apenas simplesmente convergente. É o caso da série alternada [(−1)n /n] cuja série modular n≥1 é a série harmónica (1/n). Este é o exemplo de uma série convergente n≥1 (simplesmente convergente) que não é absolutamente convergente, ou seja, Convergência simples Convergência absoluta . Remark 22 Por vezes é vantajoso começar por identificar a natureza da série modular. Caso esta seja convergente fica provada a convergência ab- soluta da série alternada. É o caso da série (−1)n n2 n≥1 ou da série sin n . 2n n≥1 No entanto, se a série modular for divergente apenas ficamos a saber que a série alternada não é absolutamente convergente. Ela pode ser divergente como é o caso da série [n · (−1)n ] , n≥1 ou simplesmente convergente como é o caso da série (−1)n √ . n n≥1 24
  • 25. 2.5 Séries de potências Quando o termo geral de uma série não depende apenas de n mas tam- bém de uma variável x, a série diz-se uma série funcional (ou série de funções). Consideremos o seguinte caso de série funcional, que é particular- mente importante por constituir uma generalização da noção de polinómio. Definição 23 Chama-se série de potências de x a toda a série da forma un (x) = vn · xn−1 = v1 + v2 · x + v3 · x2 + v4 · x3 + · · · . n≥1 n≥1 Para cada valor fixo de x, a série de potências vn · xn−1 dá lugar a n≥1 uma série numérica. Em geral, existem valores de x que conduzem a séries numéricas convergentes (absolutamente ou simplesmente) e valores de x que conduzem a séries numéricas divergentes. Como exemplo, consideremos a série de potências de x un (x) = xn−1 = 1 + x + x2 + x3 + x4 + · · · n≥1 n≥1 em que vn = 1 para todo o n. Para x = 2 temos a série numérica un (2) = 2n−1 = 1 + 2 + 4 + 8 + 16 + · · · n≥1 n≥1 que é divergente (o termo geral não tende para 0), enquanto para x = 1/2 temos a série numérica n−1 1 1 1 1 1 1 un = =1+ + + + + ··· 2 2 2 4 8 16 n≥1 n≥1 que é absolutamente convergente (é uma série geométrica de razão 1/2 ∈ ]−1, 1[, tal como a sua série modular). Definição 24 O conjunto de valores de x para os quais a série de potências ∞ un (x) = vn · xn−1 é convergente diz-se o domínio de convergên- n≥1 n=1 cia pontual (ou apenas domínio de convergência) da série. Quando o domínio de convergência é um intervalo, a metade do comprimento desse intervalo diz-se o raio de convergência da série. 25
  • 26. Em consequência dos critérios da raíz de Cauchy e da razão de D’ Alem- berg, é válido o seguinte resultado para determinação do domínio de con- vergência. Proposição 25 A cada série de potências de x, un (x) = vn · xn−1 , n≥1 n≥1 está associado um número real R ≥ 0 ou R = +∞ tal que se x ∈ ]−R, R[ (ou seja, se |x| < R) então a série numérica correspondente é absoluta- mente convergente e se x ∈ ]−∞, −R[ ∪ ]R, +∞[ (ou seja, se |x| > R) a série numérica correspondente é divergente. O valor de R é dado pelo quociente 1 R= L em que L é o valor do limite superior L = lim n |vn |. n Quando existe, o limite limn |vn+1 /vn | tem o mesmo valor que limn n |vn |. Neste caso, também podemos obter L pelo limite vn+1 L = lim . n vn Este resultado não permite concluir a natureza da série de potências para x = R e x = −R (ou seja, para |x| = R). Para estes valores de x é necessário um estudo particular, ou seja, substituir na série de potências a variável x por R e por −R e estudar as séries numéricas un (R) = vn · Rn−1 e un (−R) = vn · (−R)n−1 . n≥1 n≥1 n≥1 n≥1 Após o estudo destas séries numéricas, os valores R e −R são ou não incluídos no domínio de convergência, mesmo que nestas séries a convergência seja apenas simples. Se R = 0 (caso em que L = +∞) então o domínio de convergência da série de potências é D = {0}. Se R = +∞ (caso em que L = 0+ ) então o domínio de convergência da série de potências é D = R. Quando R é um número real (portanto, quando R é finito) então R corresponde ao raio de convergência da série de potências. Dado o exposto, ∞ o raio de convergência da série de potências vn · xn−1 corresponde ao n=1 limite 1 R= n limn |vn | 26
  • 27. e, caso exista, ao limite 1 1 |vn | vn R= = = lim = lim . vn+1 |vn+1 | n |vn+1 | n vn+1 limn limn vn |vn | Consideremos agora o caso mais geral de séries de potências de x − a. Definição 26 Chama-se série de potências de x − a a toda a série da forma un (x − a) = vn · (x − a)n−1 . n≥1 n≥1 Proposição 27 A série de potências vn · (x − a)n−1 é convergente n≥1 para os valores de x que verifiquem x ∈ ]a − R, a + R[ (ou seja, |x − a| < R) e divergente para x ∈ ]−∞, a − R[ ∪ ]a + R, +∞[ (ou seja, |x − a| > R) em que R é dado por 1 R= L com vn+1 L = lim ou L = lim n |vn |. n vn n Se |x − a| > R então a série de potências é divergente. Para x = a−R e x = a+R (ou seja, |x − a| = R) é necessário um estudo particular. O desenvolvimento de Taylor é uma série de potências de x − a e o desenvolvimento de MacLaurin é uma série de potências de x. 2.6 Exercícios propostos 1 1. Justifique que a série numérica √ é divergente. n≥1 n 3 2. Mostre que a série numérica n é convergente e tem soma S = 3. n≥1 2 3. Estude a natureza da série numérica 3−n . Caso seja convergente, n≥1 determine a sua soma. 27
  • 28. 4. Proceda como no exercício anterior relativamente às séries numéricas 5 (−3)−n , [3 (−1)n ] e 3. n≥1 n≥1 n≥1 5. Mostre que são divergentes as séries numéricas 2n , (−2)n , (−1)n , n≥1 n≥1 n≥1 e 2n 1 n+2 n+1 − , , . 3 n+5 n n≥1 n≥1 n≥1 3 1 6. Mostre que a série numérica n + 2 é convergente. n≥1 2 4n 7. Por comparação, mostre que as séries numéricas vn de termo geral n≥1 n 1 3n − 1 1 vn = , vn = , vn = e vn = n n3 +1 n (n + 1) n3 2 +n são convergentes enquanto que as séries numéricas vn de termo n≥1 geral 1 1 vn = (para n ≥ 2) e vn = √ n−1 n cos2 n são divergentes. 8. Usando um critério da comparação, mostre que as séries numéricas un de termo geral n≥1 2 n−3 1 un = , un = e un = sin n n2 n são divergentes enquanto que são convergentes as séries numéricas un de termo geral n≥1 n 1 n n+2 un = , un = n sin 3 e un = ln . (n2 + 1) (n + 5) n +1 n2 +1 n+5 9. Mostre que a série (−1)n + (−1)n+1 é convergente e tem soma n≥1 S = 0. 28
  • 29. (−1)n 10. Mostre que a série alternada é simplesmente convergente. n≥1 n (−1)n 11. Mostre que a série alternada 2 é absolutamente convergente. n≥1 n 12. Mostre que a série alternada [n(−1)n ] é divergente. n≥1 (−1)n+2 13. Mostre que a série alternada √ é simplesmente convergente. n≥1 n 3 14. Mostre que a série alternada (−1)n+1 é absolutamente con- n≥1 n! vergente. 15. Mostre que são absolutamente convergentes as séries numéricas un n≥1 de termo geral n (−1)n 1 un = , un = (−1)n+1 n sin (n2 + 1) (n + 5) n3 + 1 e n (−1)n+1 n + 2 un = ln . n2 + 1 n+5 n 16. Mostre que a série alternada (−1)n+1 é simplesmente con- n≥1 n+1 vergente. 17. Considere a série de potências ´ xn−1 = 1 + x + x2 + x3 + x4 + · · · . n≥1 (a) Mostre que o domínio de convergência da série de potências é o intervalo ]−1, 1[. (b) Dado que, para cada x ∈ ]−1, 1[, a série de potências de x dá lugar a uma série geométrica, mostre que 1 xn−1 = 1−x n≥1 29
  • 30. 18. Mostre que série de potências de x xn un (x) = , n≥1 n≥1 [3 + (−1)n ]2n tem o intervalo ]−4, 4[ como domínio de convergência. 19. Determine o domínio de convergência das seguintes séries de potências de x : xn (a) un (x) = n≥1 n≥1 n! (b) un (x) = (n!xn ) n≥1 n≥1 (−1)n xn (c) un (x) = n n≥1 n≥1 n · 2 x2n−1 (d) un (x) = n≥1 n≥1 2n − 1 xn (e) un (x) = √ n n≥1 n≥1 n 20. Determine o domínio de convergência das seguintes séries de potências de x − 2 : (a) un (x − 2) = n(x − 2)n−1 n≥1 n≥1 (x − 2)2n+1 (b) un (x − 2) = (−1)n . n≥1 n≥1 (2n + 1)! 21. Mostre que D = [0, 2] é o domínio de convergência da série de potências de x − 1 (x − 1)n un (x − 1) = . n2 n≥1 n≥1 22. Mostre que, para todo o x ∈ R, são válidos os desenvolvimentos de MacLaurin: 30
  • 31. 1 (a) exp x = xn−1 n≥1 (n − 1)! (−1)n−1 2n−1 (b) sin x = x n≥1 (2n − 1)! (−1)n−1 2n−2 (c) cos x = x . n≥1 (2n − 2)! 23. Determine os valores de x ∈ R para os quais os seguintes desenvolvi- mentos em série de potências convergem para as respectivas funções: 1 1 x2n (a) 1 + x2 + x4 + x6 + · · · + + · · · = exp(x2 ) 2 6 n! 1 1 1 (x − 2)n−1 1 (b) − (x − 2) + (x − 2)2 − · · · + (−1)n−1 n + ··· = 2 4 8 2 x 2.7 Soluções 3. É convergente. Tem soma 1/2. 4. A série numérica 5 · (−3)−n é convergente e tem soma 5/4. As n≥1 séries numéricas [3 (−1)n ] e 3 são divergentes. n≥1 n≥1 19. (a) Dconv = R. 19. (b) Dconv = {0}. 19. (c) Dconv = [−2, 2[ mas a convergência é simples em x = 2. 19. (d) Dconv = ]−1, 1[. 19. (e) Dconv = R. 20. (a) Dconv = ]1, 3[ . 20. (b) Dconv = R. 23. (a) Para todo o x ∈ R. 23. (b) Para x ∈ ]0, 4[ . 31