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Andebol 2
O ensino do Jogo dos 11 aos 14 anos


                            autores

     Miguel Ribeiro          .     Anna Volossovitch




                         Um corpo de Conhecimentos




 UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA    FACULDADE DE MOTRICIDADE HUMANA




                                             Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   3
FACULDADE   DE   MOTRICIDADE HUMANA




    Título: Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos.
    Autores: Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch
    Edição: © Faculdade de Motricidade Humana
    Edições FMH - 1495-688 Cruz Quebrada
    Tel.: 21 414 92 14 - Fax: 21 414 92 69
    edicoes@fmh.utl.pt - www.fmh.utl.pt/Cart
    Impressão e Acabamento: Puzzle
    Tiragem: 1200 exemplares
    Data: Maio de 2008
    ISBN 978 972 735 153 4
    Depósito Legal nº




4   Universidade Técnica de Lisboa
Índice


                 Caracterização do jogo                       11


                      Postos específicos                      31


                Meios de ensino do jogo                       37


    Construção de uma unidade de treino                       41


                            Fases do jogo                     47


          Princípios específicos do jogo                      53


                          Tipos de defesa                     63


                          Tipos de ataque                     69


                   Sistemas defensivos                        73


                     Sistemas ofensivos                       85


        Etapas de aprendizagem do jogo                        97


                  Componentes do jogo                        103


Adaptação pedagógica das regras do jogo                      127


                                     Anexos                  131


                                Bibliografia                 253




                   Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   5
Introdução


       Como se depreende do título, este livro surge na sequência do trabalho inicia-
do com o primeiro volume e dá continuidade a um conjunto de reflexões, relativas aos
aspectos pedagógicos, que devem orientar a intervenção do treinador nos escalões
de formação.
       As indicações metodológicas e sugestões práticas que apresentamos tencio-
nam privilegiar a riqueza e a complexidade do jogo de Andebol na organização do
processo de ensino-aprendizagem.
       Estamos convencidos que para desenvolver a competência dos praticantes no
jogo e assegurar a sua motivação e interesse durante as aulas de Educação Física ou
sessões de treino, os conteúdos de Andebol não devem aparecer como fruto do livre
arbítrio do professor ou treinador, mas ao invés devem ser criteriosa e sistematica-
mente seleccionados em função das capacidades e habilidades dos jovens, demons-
tradas em campo durante a actividade competitiva.
       Como observar a actividade dos praticantes em jogo?
       Quais são as referências do seu comportamento que devem ser tomadas em
consideração no treino?
       Como ensinar o praticante a atacar e a defender melhor?
       O que devem dominar os jovens para jogar nos diferentes postos específicos?
       Esperemos, caro leitor, que o presente volume forneça as respostas para estas
e outras perguntas.




                                                    Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   7
Caracterização do jogo


                           Andebol – um jogo de natureza situacional

                                               “A prática do jogo obriga a uma análise constante das situações,
                                          a compará-las e a tirar conclusões práticas com o máximo de rapidez”
                                                                                            (Teodorescu, 1984)




           Como todos os desportos colectivos de cooperação-oposição o Andebol pos-
sui uma natureza complexa e dinâmica que decorre, por um lado, do elevado número
de intervenientes do jogo que estão em interacção e da diversidade das suas opções,
e por outro, da imprevisibilidade e aleatoriedade das situações geradas pela relação
antagónica das equipas em confronto.
           Da elevada variabilidade do contexto de jogo e da incerteza inerente à evolu-
ção das situações em campo, que fazem um apelo permanente às capacidades
perceptivas e antecipativas dos praticantes, emerge a primazia da dimensão estraté-
gico-táctica do jogo que, evidentemente, deve ser contemplada no processo de treino.
           Os comportamentos dos jogadores são regulados pelas leis específicas (código
de conduta) que constituem a lógica interna do jogo, produto do seu regulamento e inter-
relações estabelecidas entre os parceiros e adversários (Parlebas, 1981; Castelo, 1994).
           Entre os elementos principais que configuram a lógica interna do jogo são tra-
dicionalmente mencionados: o tempo, o espaço, a técnica e as regras que definem as
possibilidades de interacção, marcação e os papéis sócio-motores dos jogadores
(Parlebas, 1981; Menaut, 1983; Castelo, 1994; Moreno, 1994).
           Dos contornos regulamentares do jogo de Andebol ressalta uma particularida-
de específica: a presença no terreno de jogo de uma área interdita aos jogadores
de campo – área de baliza, que para além de reduzir o espaço útil do jogo,
condiciona a disposição e interacção dos atacantes e defensores, principalmente
nas fases do jogo organizado. Assim, a maior parte das acções do jogo desen-
volve-se nas zonas próximas de área de baliza, colocando os adversários a uma
distância1 que permite ao defensor impor uma forte pressão temporal à realização da
acção motora do atacante.

1
    (Parlebas, 1988) denominou esta distância entre os adversários como a distância de carga.




                                                                     Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   13
Postos específicos


      Neste capítulo apresentamos os objectivos pedagógicos de ensino e treino
dos jogadores que ocupam diversos postos específicos.



                               Jogador da 1ª linha



Colocação
      Deve garantir:


      • Um adequado afastamento dos colegas (amplitude ofensiva) e dos adversá-
        rios;
      • Linha de passe;
      • Um amplo campo visual (os pés sempre virados para a baliza).


Competências
      • Receber a bola em movimento na direcção do espaço interdefensivo;
      • Dominar o remate em apoio e suspensão escolhendo adequada trajectória
        de progressão (rectilínea para o remate em apoio, curvilínea para o remate
        em suspensão);
      • Variar o remate;
      • Reconhecer e explorar a situação de 1x1 depois da circulação da bola;
      • Garantir a continuidade do jogo, reconhecendo as trajectórias adequadas,
        optando por decalage ou cruzamento;
      • Comunicar com o pivot e pontas;
      • Dominar diversos tipos de passe (picado, tenso, ambidextro, diversas trajec-
        tórias de armação do braço).




                                                   Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   33
Meios de ensino do jogo


                                  Jogos pré-desportivos colectivos


           A classificação e os exemplos dos jogos pré-desportivos (JPD), tal como a
argumentação da sua utilização no processo de ensino-aprendizagem do jogo de
Andebol, foram apresentados no livro Ribeiro, M., Volossovitch, A. (2004) Andebol 1
O ensino do Andebol dos 7 aos 10 anos, Edições FMH, Lisboa.



                                                 Exercícios


Classificação de exercícios
           1. Manipulação da bola
           2. Passe e recepção
               • no contexto de contra-ataque
               • no contexto de ataque organizado, sem e com oposição
           3. Exercícios de remate e de guarda-redes1
               • sem oposição
               • com oposição individual (este grupo de exercícios deve garantir o número
                 elevado de remates por unidade de tempo)
               • com oposição colectiva (o remate deve estar associado à criação da situ-
                 ação de finalização)
           4. Exercícios de ataque e defesa organizados (estes exercícios asseguram o
               encadeamento entre as fases do jogo e podem ser realizados com ou sem
               restrições espaciais, com ou sem redução do número de jogadores)
           5. Exercícios de contra-ataque e recuperação defensiva (são os exercícios que
               englobam acções de cooperação, oposição e finalização, dando um ênfase
               particular às fases de transição do jogo).




1
    Qualquer destes exercícios pode ser utilizado para melhorar as competências do jogador por posto específico.




                                                                     Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   39
Construção de uma unidade de treino


       A duração e frequência semanal dos treinos nos escalões de Infantis e Inicia-
dos devem estar subordinados ao seguinte modelo:

               Infantis (11-12 anos)                        Iniciados (13-14 anos)
     3 vezes por semana (80-90 minutos)                3-4 vezes por semana (90 minutos)




                                       Blocos temáticos


       Propomos organizar as unidades de treino por blocos temáticos. Um bloco
temático agrupa meios de ensino de natureza diferente, tendo em vista a racionaliza-
ção da construção da unidade de treino.
       As unidades de treino podem incluir os seguintes blocos temáticos:

                                                            Duração
            Blocos
                                            Infantis                           Iniciados
 Mobilização geral                            10’                                  10’
 Mobilização técnica                          10’                                  15’
 Mobilização técnica, táctica,
                                              45’                                  50’
 estratégica
 Mobilização condicional                     5’-10’                                10’
 Regresso à calma                              5’                                   5’


       A ordem de colocação dos diversos blocos temáticos numa unidade de treino
pode variar em função dos objectivos de natureza técnico-táctico-estratégica e condi-
cional, tal como das questões motivacionais.
       A seguir apresentamos a caracterização geral de cada um dos blocos temáticos
da unidade de treino:




                                                           Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   43
Fases do jogo


       Como já foi referido, o jogo de Andebol decorre num contexto complexo, carac-
terizado pela grande variedade de opções que os jogadores possuem em campo e
pela consequente imprevisibilidade e incerteza quanto à evolução das situações com-
petitivas. Para compreender esta complexidade é preciso simplificá-la, sem no entan-
to deturpar a natureza dinâmica e variável do jogo. Só deste modo será possível
descodificar e caracterizar as atitudes e comportamentos que permitem às equipas
melhorar o seu rendimento colectivo e alcançar bons resultados competitivos.
       O primeiro passo na simplificação da estrutura do jogo passa pela distinção de
dois processos complementares (em função da posse ou não de bola) com os objec-
tivos, princípios e condutas divergentes – ataque e defesa. Cada um destes proces-
sos evolui passando por diversas fases que, por sua vez, apresentam diferentes soli-
citações em relação às capacidades dos jogadores e ao seu domínio das acções de
jogo. O conhecimento destas exigências específicas de cada uma das fases de jogo é
de crucial importância para uma adequada planificação do processo de treino.
       No processo ofensivo distinguem-se as fases de contra-ataque, ataque rápido
e ataque organizado; quanto ao processo defensivo, este desenvolve-se através das
fases de recuperação defensiva, defesa temporária e defesa organizada.



                                  Contra-ataque


       O contra-ataque, a primeira fase do processo ofensivo, é caracterizado fre-
quentemente como a forma mais simples e rápida de se obter um golo e a que mais
afecta física e psicologicamente a equipa adversária. O facto do contra-ataque ser
utilizado, actualmente, em 15-20 % das sequências ofensivas dos jogos de Andebol
de alto rendimento, explica a sua indiscutível relevância no processo de treino desde
os escalões de formação.
       O principal objectivo do contra-ataque consiste em criar uma situação de
finalização antes que a equipa adversária se organize defensivamente.
       O contra-ataque começa numa boa defesa que constantemente deve procurar
recuperar a posse da bola. A conquista da posse da bola pressupõe uma atitude de-
fensiva activa e antecipativa, não sendo compatível com uma atitude expectante, que



                                                    Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   49
Princípios específicos de jogo



       Os princípios do jogo representam as linhas orientadoras que norteiam o com-
portamento dos jogadores em campo no sentido de assegurar, por um lado, a sua
coerência, racionalidade e inteligibilidade para os colegas de equipa, e por outro, a
imprevisibilidade para o adversário.
       A leitura congruente dos acontecimentos em campo por todos os elementos da
equipa só será possível se os jogadores conhecerem os princípios gerais e específi-
cos do jogo, que facilitam o discernimento das situações competitivas e a comunica-
ção entre os parceiros de equipa.
       Os princípios gerais representam as bases racionais generalizadas do com-
portamento dos jogadores, independentemente da fase do jogo; enquanto os princí-
pios específicos estabelecem as regras de conduta dos praticantes em diferentes fa-
ses e situações do jogo, como por exemplo, princípios específicos de contra-ataque,
de recuperação defensiva, do ataque em inferioridade numérica, etc.
       No presente capítulo enunciam-se os princípios específicos do jogo, que “re-
gulam” as acções dos jogadores, durante as fases do jogo.



                      Princípios específicos do contra-ataque


Limitação do drible
       Sempre que não haja a estrita necessidade de utilizar o drible, a progressão da
bola deve fazer-se através de passes, pois é mais rápida e dificulta a acção defensiva,
que tem de se fixar em vários alvos e não apenas num.


Limitação do tempo de posse de bola
       O tempo de posse de bola deve ser reduzido ao estritamente indispensável,
para garantir a rapidez e fluidez das acções (chegar depressa à baliza adversária) e,
simultaneamente, dificultar a acção defensiva (escassez de tempo para agir e vários
alvos em movimento).




                                                     Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   55
FACULDADE   DE   MOTRICIDADE HUMANA




     Limitação dos passes em salto
              Sempre que possível, devem ser evitados os passes em salto, pois atrasam o
     desenvolvimento das acções e conduzem, com bastante frequência, ao cometimento
     de faltas técnicas (passos ou dribles, por ausência momentânea de linhas de passe).


     Limitação das acções de grupo
              A utilização de bloqueios e cruzamentos no desenvolvimento do contra-ataque
     que limita a sua eficácia, por reduzir a amplitude da acção e a velocidade da progres-
     são da bola. O campo de aplicação de acções de grupo no contra-ataque deve ser
     muito limitado.


     Passe e recepção em movimento, sem a fase preparatória de armação do braço
              O passe e a recepção em movimento, tal como a utilização dos passes de
     pulso, sem a fase preparatória (quando a distância de passe é curta) são essenciais
     ao rápido desenvolvimento do contra-ataque e à manutenção da sua continuidade
     porque dificultam a acção dos defensores, que têm menos tempo para tomar deci-
     sões.


     Passes tensos e oblíquos
              A utilização de passes tensos e oblíquos (ao plano sagital do portador da bola)
     garante a rápida e segura progressão da bola e, simultaneamente, complica a acção
     dos defensores, que vêem o seu espaço de intervenção aumentado. Assim, devem
     ser evitados os passes em “arco” (trajectória parabólica) e perpendiculares ou parale-
     los ao referido plano. Significa isto, em termos práticos, que os colegas do portador da
     bola, devem evitar criar um alinhamento com este, escolhendo uma posição como
     está indicado na figura 3.


     Evitar contacto com os defesas
              Para não permitir que o contra-ataque seja travado ou interrompido por uma
     falta defensiva, os atacantes devem procurar escolher as trajectórias de deslocamen-
     to e de transporte da bola que lhes permitam, na medida do possível, evitar o contacto
     com os adversários.




56   Universidade Técnica de Lisboa
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DE JOGO           6
                                                                   Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch




                                                   No contra-ataque, os colegas do
                                                   portador da bola não se devem
                                                   deslocar pelas zonas cinzentas.

        Figura 3. A colocação dos colegas do portador da bola durante o contra-ataque.


Garantia de apoios
        O portador da bola deve ser permanentemente apoiado (linhas de passe sem-
pre abertas), quer em amplitude, quer em profundidade (diferentes níveis de profundi-
dade). Significa isto, em termos práticos, que o portador da bola deve ter colegas à
sua frente e atrás a distâncias óptimas (figura 3).


Finalização em zonas de maior eficácia
        O desenvolvimento do contra-ataque deve proporcionar a finalização na zona
central ou lateral, perto da área de baliza.



                       Princípios específicos do ataque rápido


Garantia de apoios
        A essência do ataque rápido é a velocidade das acções (principalmente a cir-
culação da bola), o que só pode acontecer se o portador da bola estiver sempre apoia-
do em amplitude e profundidade, para que a circulação da bola se faça sem interrup-
ções.


Limitação do drible
        Sempre que não haja estrita necessidade de utilizar o drible, a progressão da
bola deve-se fazer através de passes, o que permite acelerá-la, dificultando a acção
defensiva, que tem de fixar a atenção em vários alvos e não apenas num.




                                                         Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   57
FACULDADE   DE   MOTRICIDADE HUMANA




     Limitação do tempo de posse de bola
              Durante o ataque rápido, o tempo de posse de bola deve ser mínimo, para
     dificultar ou impedir a acção defensiva, que pretende interromper a circulação da bola,
     para se reorganizar. No entanto, o nível de agressividade dos atacantes deve-se man-
     ter elevado, de modo a retardar a reorganização defensiva.


     Inversões
              A circulação da bola com constantes inversões, tem por objectivo surpreender os
     defensores e acelerar a criação de pontos de ruptura na defesa, que se encontra em
     fase de zona temporária, caracterizada por uma certa desorganização momentânea.



                                Princípios específicos do ataque organizado


     Afastamento dos defensores
              Durante o ataque organizado é imperioso que os atacantes se afastem dos
     defensores (profundidade adequada), para poder assegurar a fluidez da circulação da
     bola e a agressividade das acções (receber a bola em movimento). Esta preocupação
     requer a utilização de recolocações – reocupação do seu posto específico (figura 4).


     Recepção da bola em movimento
              A recepção da bola em movimento, na direcção da baliza adversária (coloca-
     ção dos pés na direcção da baliza), é fundamental para aumentar a velocidade das
     acções ofensivas e garantir elevados índices de “agressividade” do ataque, o que
     torna a actividade do atacante menos previsível e dificulta a acção defensiva, pois os
     defensores têm de travar um atacante em movimento (figura 5).




                                    Figura 4. Colocação afastada dos atacantes
                             em relação aos defensores no ataque contra defesa zonal.




58   Universidade Técnica de Lisboa
Tipos de defesa



      Existem três tipos de defesa:


      • Individual ou homem a homem (HxH);
      • Zonal;
      • Mista.



                                      Individual


      Este tipo de defesa, caracteriza-se pelo facto de todos os jogadores realizarem
marcações de proximidade, nominais ou não (figura 7).




                          Figura 7. Defesa individual (HxH).




                                        Zonal


      Este tipo de defesa caracteriza-se pelo facto de todos os jogadores realizarem
marcações de distanciamento (figura 8).




                                                      Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   65
Tipos de ataque



      Existem dois tipos de ataque:


      • Em movimento;
      • Posicional.



                                  Em movimento


      Entende-se por ataque em movimento a constante modificação da estrutura
ofensiva, fazendo apelo a uma ampla gama de acções técnico-táctico-estratégicas,
por exemplo: entradas, cruzamentos, desmarcações, etc. (figura 11).




                          Figura 11. Ataque em movimento.




                                      Posicional


      Entende-se por ataque posicional a manutenção constante da estrutura ofensi-
va e dos jogadores nos seus postos específicos (figura 12).




                                                   Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   71
Sistemas defensivos


                    Caracterização dos sistemas defensivos


      Entendemos por sistema defensivo a forma particular como os jogadores es-
tão colocados no terreno durante a fase de defesa organizada.
      Os diferentes sistemas defensivos têm regras de funcionamento próprio e exi-
gem que se estabeleçam e se codifiquem uma série de inter-relações, mais ou menos
complexas entre os seus elementos constitutivos – os jogadores.
      No entanto, se os jovens de 13/14 anos percebem minimamente o conceito de
sistema, os jovens de 11/12 anos têm muita dificuldade em fazê-lo por razões de
maturidade.
      Assim sendo, no escalão de infantis os sistemas defensivos têm uma dimen-
são menos rica, devendo ser entendidos como uma mera disposição no terreno de
carácter eminentemente pedagógico, funcionando quase exclusivamente com base
em acções individuais.
      Os sistemas mais utilizados:


      • Sistemas defensivos individuais (SI)
        9 zona activa de jogo (ZAJ) (figura 13);
        9 meio-campo (MC) (figura 14);
        9 campo inteiro (CI) (figura 15).


      • Sistemas defensivos zonais (SZ)
        9 uma linha (6:0) (figura 16);
        9 duas linhas (5:1, 4:2, 3:3) (figura 17, 18, 19);
        9 três linhas (3:2:1) (figura 20).


      • Sistemas defensivos mistos (SM)
        9 5+1 (figura 21);
        9 4+2 (figura 22).




                                                     Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   75
FACULDADE   DE   MOTRICIDADE HUMANA




              • Porque proporcionam a vivência de uma série de comportamentos, funda-
                  mentais para a evolução do jovem, que a utilização exclusiva da defesa indi-
                  vidual não poderia abranger de uma forma consistente. Trata-se das trocas
                  de adversário, do controlo do portador da bola (inclui o conceito de “saída” e
                  recuo em diagonal para o lado da bola), na flutuação e na entreajuda. Con-
                  vém sublinhar que os sistemas zonais devem ser estruturados de uma forma
                  dinâmica, exigindo dos jogadores um comportamento agressivo. Esta nota
                  surge da constatação de uma significativa baixa da actividade defensiva
                  (intercepções, corte de linhas de passe, etc.), que impregna os jovens, quan-
                  do colocados em ambientes de defesa zonal.


              Porquê a utilização de sistemas zonais mais “fechados” no início do pro-
     cesso de ensino-aprendizagem?
              • Porque é a única forma do jovem vivenciar, efectivamente, um conjunto
                  de situações de ordem técnico-táctico-estratégica, que só os sistemas
                  zonais conseguem proporcionar e que são fundamentais para a sua evo-
                  lução;
              • Os sistemas defensivos zonais mais “abertos”, dada a pouca maturidade
                  dos jovens, não possibilitam a ocorrência daquelas situações, uma vez que o
                  seu desenvolvimento é muito semelhante ao dos sistemas individuais na
                  zona activa do jogo.


              A utilização do 6:0 nas fases iniciais do processo de ensino-aprendiza-
     gem do jogo não é contraditória com o estipulado no RTP, que o proíbe?
              • Não. A utilização do sistema zonal 6:0 é um meio para aperfeiçoar o compor-
                  tamento defensivo individual e não um fim em si mesmo.


              Condicionar a acção dos atacantes é benéfico para os defensores?
              • É, porque aceleram a aprendizagem de determinadas acções defensivas.
                  Por exemplo:


                  9 A limitação ou proibição do uso do drible, ao dificultar a progressão da
                        bola, possibilita aos defensores uma utilização intensa das intercepções e
                        dos cortes de linhas de passe. Por oposição, a possibilidade de utilizar o
                        drible sem restrições promove as acções de desarme e faz apelo a uma
                        maior entreajuda;
                  9 A obrigatoriedade da utilização do passe picado permite uma maior
                        consciencialização da actividade do defensor frente ao portador da bola,



82   Universidade Técnica de Lisboa
Sistemas ofensivos


                         Caracterização dos sistemas ofensivos


       Entendemos por sistema ofensivo a forma particular como os jogadores estão
colocados no terreno durante a fase de ataque organizado e as relações que se criam,
entre eles a partir deste dispositivo inicial.
       Actualmente reconhecem-se dois sistemas ofensivos, que podem funcionar
posicionalmente ou em movimento:
       • 3:3 - três jogadores na primeira linha e três na segunda linha ofensivas (figu-
          ra 25);
       • 2:4 - dois jogadores na primeira linha e quatro na segunda linha ofensivas
          (figura 26);




                                                                Ponta direito
                            Ponta esquerdo

                                       2ª linha
                                                        Pivot



                           Lateral esquerdo               Lateral direito



                                              Central
                                          1ª linha


                                   Figura 25. Sistema 3:3.




                                                                  Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   87
SISTEMAS OFENSIVOS        10
                                                              Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch




              Ataque a um sistema individual (Infantis)


1º Posicionar os jogadores em duas linhas, com uma grande amplitude e pro-
   fundidade (figura 32);




                 Figura 35. Ataque a uma defesa individual.


2º Efectuar desmarcações com bola (1ª linha), antecedidas de um passe, para
   um ponto de apoio (2ª linha) – pivot (figura 36) ou ponta (figura 37), que
   invadiu o interior da estrutura defensiva;




                                                                              1
         1        4
                                                          4
                             3               3

                      2                               2




  Figura 36. Ataque a uma defesa              Figura 37. Ataque a uma defesa
individual – desmarcação com bola            individual – desmarcação com bola
         (passe ao “pivot”).                         (passe ao “ponta”).




                                                 Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos     93
Componentes do jogo


                           Acções ofensivas individuais


Entrada


Definição
       A entrada consiste na invasão do interior da estrutura defensiva por elementos
da 1ª linha ofensiva ou pelos pontas, tendo em vista a desagregação da defesa
adversária e criação de situação de finalização favorável.
       O responsável pela entrada tenta numa fase inicial receber a bola em condi-
ções de poder rematar. Caso esta situação não se concretize, deve movimentar-se
como um pivot, regressando posteriormente ao seu posto específico.
       O conceito de entrada pressupõe o reequilíbrio ofensivo, que é iniciado pelo
jogador que ocupa o posto contíguo àquele que entra.
       Nesta fase do processo de ensino-aprendizagem do jogo, a entrada é a acção
mais utilizada no desenvolvimento do ataque em movimento.


Classificação
       • Em função da acção prévia:
          9 entrada com bola;
          9 entrada sem bola;


       • Em função da trajectória:
          9 pontas:
            – entrada curta (figura 44);
            – entrada longa (figura 45);


          9 jogadores da 1ª linha:
            – entrada em diagonal (figura 46);
            – entrada na perpendicular (figura 47 ).




                                                       Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   105
COMPONENTES DO JOGO           12
                                                                  Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch




Informação a transmitir ao praticante

                                  ATAQUE ORGANIZADO
         3ª etapa de aprendizagem                      4ª etapa de aprendizagem
 - Enquadramento com o receptor e a baliza     - Armação pouco ampla do braço, para
   (pés colocados na sua direcção);              imprimir velocidade às acções ofensivas;
 - Armação rápida do braço, para passar        - Passar na direcção do ombro, do lado do
   depressa, com a amplitude adequada à          braço dominante;
   distância do passe;                         - Nos passes ao pivot, não é necessária a
 - Passar na direcção do peito.                  obrigatoriedade de estar enquadrado com
                                                 ele;
                                               - Realizar passes tensos.


                                   CONTRA – ATAQUE
         3ª etapa de aprendizagem                      4ª etapa de aprendizagem
 - Enquadramento com o receptor e a baliza,    - A amplitude da armação do braço é
   com o pé do lado do braço de remate bem       definida pela distância do passe e pela
   à frente;                                     potência do passador;
 - Rotação do tronco (tanto mais importante,   - Realizar o passe em corrida;
   quanto maior for a distância do passe);     - Realizar passes tensos paralelos ao solo.
 - Armação rápida do braço;
 - Realizar passes tensos.




Remate


Introdução


       Nesta fase do processo de ensino-aprendizagem do jogo, o aperfeiçoamento
do remate assume uma crescente especificidade. De facto, começa a haver necessi-
dade de definir, com algum rigor, as formas de execução mais adequadas às particu-
laridades dos diferentes postos específicos.
       No caso dos remates em salto para o interior da área, está presente a noção de
queda, que consiste na recepção no solo com o pé de chamada e posterior enrolamento
do corpo, sobre o ombro contrário.




                                                        Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   113
Adaptações pedagógicas das regras do jogo


           Nos escalões etários de infantis e iniciados a competição deve decorrer sob a
égide de um regulamento técnico-pedagógico (RTP). Face ao actual estado de de-
senvolvimento do Andebol português esta condição representa um imperativo peda-
gógico, que pode contribuir significativamente para o sucesso do processo de ensino-
-aprendizagem do jogo. Enriquecendo os comportamentos técnico-táctico-estratégi-
cos dos praticantes, o RTP torna a actuação dos jogadores em campo mais eficaz e
motivante. Por sua vez, a necessidade de cumprir o RTP leva o treinador a estabele-
cer no processo de treino as prioridades que permitirão aos jogadores adquirir as
competências indispensáveis para a sua evolução a longo prazo.
           As principais adaptações didácticas do regulamento do jogo nos escalões de
infantis e iniciados prendem-se com a alteração da duração do jogo, utilização obriga-
tória de determinados sistemas defensivos, substituição pedagógica e reposição da
bola em jogo após golo.



               Regulamento técnico-pedagógico para o escalão de infantis


           1. Utilizar a bola do tamanho 0-1;
           2. O jogo tem duração de 40 minutos: quatro períodos de dez minutos com
              cinco minutos de intervalo;
           3. No primeiro e terceiro períodos é obrigatória a utilização da defesa indivi-
              dual;
           4. No segundo e quarto período é obrigatória a utilização da defesa zonal em
              duas linhas;
           5. A reposição da bola após golo deve ser feita da linha de “4 metros” pelo
              guarda-redes;
           6. Aplica-se a “substituição pedagógica”1 no caso da exclusão ou desquali-
              ficação dos jogadores.




1
    A “substituição pedagógica” consiste na substituição imediata de um jogador excluído ou desqualificado por
    um dos seus parceiros da equipa, de modo a não permitir a situação de desigualdade numérica.




                                                                    Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos   129
EXERCÍCIOS DE MANIPULAÇÃO DA BOLA            Anexo
                                                                                                              Anex
                                                                       Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch      1




               Exercício nº 1                                       Exercício nº 2

Descrição                                           Descrição
Deslocamento em corrida ligeira, braços estendi-    Deslocamento em corrida ligeira, com a bola agar-
dos para os lados, passar a bola de uma mão para    rada atrás das costas com ambas as mãos. Im-
outra, impulsionando-a através da flexão do pul-    pulsionar a bola com os dedos de trás para a frente
so.                                                 sem a deixar cair no solo.

Objectivos                                          Objectivos
• Aperfeiçoamento da manipulação da bola;           • Aperfeiçoamento da manipulação da bola;
• Desenvolvimento das capacidades coordenati-       • Desenvolvimento das capacidades coorde-
  vas (a capacidade de dissociação segmentar).        nativas (a capacidade de dissociação segmen-
                                                      tar).
Variantes
• Deslocamento com elevação alternada dos jo-       Variantes
  elhos;                                            • Antes de receber a bola:
• Deslocamento com elevação alternada dos cal-        – flectir o tronco e tocar nas pontas dos pés;
  canhares;                                           – flexão e extensão dos joelhos;
• Deslocamento em multisaltos.                        – bater palmas à frente;
                                                      – tocar nos calcanhares.
                                                    • Depois de receber a bola realizar o autopasse
                                                      de frente para trás.




               Exercício nº 3                                        Exercício nº 4

Descrição                                            Descrição
Deslocamento em corrida ligeira, com a bola agar-    Deslocamento em corrida ligeira, com a bola agar-
rada com uma mão. Realizar circundação dos           rada com uma mão. Largar a bola e tentar agar-
braços para frente, ou para trás, sem deixar cair    rá-la com outra mão sem a deixar cair no solo.
a bola no solo.
                                                     Objectivos
Objectivos                                           • Aperfeiçoamento da manipulação da bola;
• Aperfeiçoamento da manipulação da bola;            • Desenvolvimento das capacidades coorde-
• Desenvolvimento das capacidades coorde-              nativas (a capacidade de dissociação segmen-
  nativas (a capacidade de dissociação segmen-         tar).
  tar).
                                                     Variantes
Variantes                                            • Deslocamento com elevação alternada dos jo-
• Deslocamento com elevação alternada dos joe-         elhos;
  lhos;                                              • Deslocamento com elevação alternada dos cal-
• Deslocamento com elevação alternada dos cal-         canhares;
  canhares;                                          • Deslocamento com elevação das pernas para
• Deslocamento em saltos uni ou bi-pedais;             a frente sem flectir os joelhos;
• Realizar circundação do pulso para a esquerda      • Deslocamento com elevação das pernas para
  e para a direita.                                    trás sem flectir os joelhos;
                                                     • Deslocamento em saltos uni ou bi-pedais.




                                                             Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos    133
EXERCÍCIOS DE PASSE EM CONTEXTO DE ATAQUE ORGANIZADO SEM OPOSIÇÃO                Anexo
                                                                                 Anex
                                          Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch      2




                                   Exercício nº 1

              Descrição
              Jogadores aos pares com uma bola. Realizam passes em
              corrida ligeira, procurando ao mesmo tempo dificultar o
              passe ou interceptar a bola dos outros pares.
              Passes tensos, com trajectória curta de armação do bra-
              ço. Evitar posicionamento frontal dos atacantes.

              Objectivos
              • Melhoria do passe e da recepção;
              • Melhoria da desmarcação;
              • Melhoria da intercepção.

              Variantes
              • Introduzir alguns jogadores sem bola que procuram in-
                terceptar as bolas.
              • Ao sinal sonoro realizar a troca das bolas entre os pa-
                res, deixando as bolas no solo. Objectivo: evitar ficar sem
                bola.
              • Após passe realizar salto com elevação de joelhos, ou
                efectuar uma rotação de 360º.




                                   Exercício nº 2

               Descrição
               Os jogadores, distribuídos por uma coluna, deslocam-se
               na direcção da baliza, a fim de receber a bola do colega.
               É fundamental manterem o enquadramento com a baliza
               e a bola, não se virando para o portador da bola. O passe
               deve ser tenso.

               Objectivos
               • Melhoria do passe e da recepção em contexto de ata-
                 que organizado.

               Variantes
               • Antes de receber a bola, o jogador executa um salto de
                 joelhos ao peito ou uma flexão de pernas;
               • Depois de passar a bola o jogador executa um salto de
                 joelhos ao peito ou uma flexão de pernas.




                                Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos    137
EXERCÍCIOS DE PASSE EM CONTEXTO DE ATAQUE ORGANIZADO COM OPOSIÇÃO                Anexo
                                                                                             Anex
                                                      Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch      3




                                               Exercício nº 1

                           Descrição
                           Jogadores distribuídos por duas colunas e três defenso-
                           res. Os primeiros passam a bola entre si, enquanto os
                           defensores atacam o portador da bola, travando à sua
                           frente, não promovendo o contacto e recuando depois em
    2
            4              diagonal.
2
    3
                           Objectivos
        3
    1
                           • Melhoria do passe e da recepção em contexto de ata-
                             que organizado;
                           • Melhoria dos deslocamentos defensivos.

                           Variantes
                           • Antes de “atacar” o portador da bola, o defensor realiza
                             uma flexão de pernas (perto dos “6 metros”).




                                                Exercício nº 2

                           Descrição
                           Jogadores distribuídos por duas colunas, três defensores
                           e dois passadores. Os primeiros passam a bola entre si,
                           enquanto os defensores atacam o portador da bola, de-
                           pois de terem efectuado um passe/recepção, com os dois
                           passadores, travando à sua frente, não promovendo o
    2                      contacto e recuando depois em diagonal.
             4
2
    3
                           Objectivos
        3
                           • Melhoria do passe e da recepção em contexto de ata-
    1
                             que organizado;
                           • Melhoria dos deslocamentos defensivos.

                           Variantes
                           • Antes de “atacar” o portador da bola, o defensor realiza
                             uma flexão de pernas (perto dos “6 metros”).




                                            Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos    151
EXERCÍCIOS DE PASSE EM CONTEXTO DE CONTRA-ATAQUE               Anexo
                                                                 Anex
                          Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch      4




                   Exercício nº 1

Descrição
Jogadores aos pares com uma bola. O portador da bola
efectua um passe (tenso) para o colega, que arrancou em
corrida rápida (enquadrado com o passador). Depois de
receber a bola, coloca-a no solo e volta a arrancar em
corrida rápida. O seu companheiro desloca-se para recu-
perar a bola e torna a efectuar um passe.

Objectivos
• Melhoria do passe e da recepção em contexto de con-
  tra-ataque;
• Melhoria da velocidade e resistência específicas.

Variantes
• Antes de arrancar em corrida, o jogador efectua uma
  flexão de pernas;
• A meio da corrida, o jogador efectua uma rotação de
  360º.




                   Exercício nº 2

Descrição
Jogadores aos pares com uma bola. Sempre a passarem
a bola, um dos jogadores aproxima-se do outro, que de-
pois arranca em corrida rápida, para receber a bola do
colega. De seguida, invertem-se os papéis.
Os passes devem ser tensos e o receptor deve estar sem-
pre enquadrado com a bola.

Objectivos
• Melhoria do passe e da recepção em contexto de con-
  tra-ataque;
• Melhoria da velocidade e resistência específicas.

Variantes
• Antes de arrancar em corrida, o jogador efectua uma
  flexão de pernas;
• A meio da corrida, o jogador efectua uma rotação de
  360º.




                Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos    157
EXERCÍCIOS DE REMATE/GUARDA-REDES SEM OPOSIÇÃO                Anexo
                                                                 Anex
                          Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch      5




                   Exercício nº 1

Descrição
Os jogadores, com bola, distribuídos por uma coluna, exe-
cutam remates dirigidos.

Objectivos
• Melhoria do remate;
• Melhoria do comportamento técnico-táctico do guarda-
  -redes.

Variantes
• Remates condicionados (com as duas mãos por cima
  da cabeça; com as duas mãos, a partir do peito, etc.);
• Remates dirigidos, com encadeamentos pré-definidos
  (esquerda – direita – cima – baixo – meia altura).




                    Exercício nº 2

Descrição
Os jogadores, com bola, distribuídos por uma coluna,
deslocam-se para a zona central, em corrida lateral, e
executam remates dirigidos.

Objectivos
• Melhoria do remate;
• Melhoria do comportamento técnico-táctico do guarda-
  -redes.

Variantes
• Remates condicionados (com duas mãos por cima da
  cabeça, etc.);
• Remate em salto;
• Remates dirigidos, com encadeamentos pré-definidos
  (esquerda – direita – cima – baixo);
• Coluna nos “6 metros”.




                Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos    165
EXERCÍCIOS DE REMATE/GUARDA-REDES COM OPOSIÇÃO INDIVIDUAL               Anexo
                                                                                                                              Anex
                                                                                       Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch      6




                                                                                Exercício nº 1

                                                            Descrição
          4'                              4                 Os jogadores estão distribuídos por quatro postos espe-
                                                            cíficos. Os pontas têm bola. O ponta passa a bola ao late-
                                                  1
                                                            ral que, por sua vez, a devolve e vai dificultar o remate.
1'
     2'             3'            3   2                     Regressam ambos à respectiva coluna.

                                                            Objectivos
                                                            • Melhoria da capacidade de remate dos pontas;
                                                            • Melhoria do comportamento técnico-táctico do guarda-
                                                              -redes.

                                                            Variantes
                                                            • Variar o tipo de remate dos pontas;
                                                            • Variar o tipo de passe do lateral para o ponta.




                                                                                Exercício nº 2

                                                            Descrição
                                                            Os jogadores estão distribuídos por quatro postos espe-
                                                            cíficos - os pontas têm bola. Um defensor encontra-se na
                                                            zona central. O ponta passa a bola ao lateral, cruza com
                                                            este e remata, perante a oposição do defensor. Retomam
                                              1
                                                            os seus lugares nas respectivas colunas.
     1'

2'                       4'   4
                                  3                         Objectivos
               3'                             2
                                                            • Melhoria da capacidade de remate dos pontas;
                                                            • Melhoria do comportamento técnico-táctico do guarda-
                                                              -redes.

                                                            Variantes
                                                            • Introduzir mais um defensor;
                                                            • Variar as trajectórias de deslocamento;
                                                            • Variar o tipo de remate.




                                                                             Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos    173
EXERCÍCIOS DE REMATE/GUARDA-REDES COM OPOSIÇÃO COLECTIVA                Anexo
                                                                        Anex
                                 Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch      7




                          Exercício nº 1

      Descrição
      Quatro atacantes contra dois defensores. Bolas de reser-
      va nas pontas. Evitar as situações de um contra um, pro-
      curando prioritariamente os espaços inter-defensivos.

      Objectivos
      • Melhoria da capacidade de remate por posto específi-
        co;
      • Melhoria do comportamento técnico-táctico do guarda-
        -redes.

      Variantes
      • Sem drible;
      • Com drible condicionado;
      • Variar a atitude defensiva (profundidade, agressividade,
        etc.).




                          Exercício nº 2

      Descrição
      Três atacantes contra três defensores (dois laterais estão
      fixos e o central pode realizar movimentos laterais). Os
      atacantes tentam marcar golo realizando o remate da 1ª
      linha aproveitando espaços interdefensivos.

      Objectivos
      • Melhoria da capacidade de remate – realização do re-
        mate rápido com trajectória curta de armação do braço;
      • Melhoria do comportamento defensivo;
      • Melhoria do comportamento técnico-táctico do guarda-
        -redes.

      Variantes
      • Limitar número de passes antes do remate.




                       Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos    185
EXERCÍCIOS DE ATAQUE E DEFESA ORGANIZADOS             Anexo
                                                                 Anex
                          Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch      8




                   Exercício nº 1

Descrição
Sete jogadores (quatro atacantes e três defensores) colo-
cam-se como está indicado no esquema. Os atacantes
procuram rematar, passando entre os pinos (os que es-
tão mais próximos), sem serem tocados pelos defesas.

Objectivos
• Melhoria do comportamento ofensivo (colocação, ata-
  que ao espaço, fixação dos defesas, passe rápido);
• Melhoria do comportamento defensivo.

Variantes
• Aumentar ou diminuir espaço entre os pinos;
• Para além de tentar tocar no rematador, os defesas pro-
  curam tocar no portador da bola, interceptar a bola.




                    Exercício nº 2

Descrição
Sete jogadores (quatro atacantes e três defensores). Os
atacantes procuram concretizar em superioridade numé-
rica. Os pinos laterais limitam o espaço do exercício. O
pino central serve de referência para identificar de que
lado se cria a superioridade numérica ofensiva.

Objectivos
• Melhoria do comportamento ofensivo (colocação, ata-
  que a baliza, fixação dos defesas, colaboração com o
  pivot);
• Melhoria do comportamento defensivo.

Variantes
• Aumentar ou diminuir espaço entre os pinos;
• Finalizar fora do seu posto específico.




                Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos    191
EXERCÍCIOS DE CONTRA-ATAQUE/RECUPERAÇÃO DEFENSIVA                Anexo
                                                                                                                 Anex
                                                                          Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch      9




                                           Exercício nº 1
Descrição
Dois grupos de três jogadores ao sinal do treinador começam a movimentar-se como está indicado no
esquema. Quando o treinador (T) lançar as bolas cada grupo tenta apanhar a bola o mais depressa pos-
sível e utilizando apenas dois passes rematar a baliza. Todos os elementos do grupo devem tocar na bola.
Ganha o grupo que rematar primeiro.

Objectivos
• Melhoria do comportamento ofensivo (progressão e transporte da bola);
• Melhoria do comportamento defensivo.

Variantes
• 4x4 com três passes permitidos antes da finalização;
• Variar a posição e a movimentação inicial;
• Utilizar apenas uma bola: o grupo que apanhar a bola organiza o contra-ataque, o outro realiza recupe-
  ração defensiva.




                  T




                                           Exercício nº 2
Descrição
4x4. Jogo de dez passes, depois passe ao jogador colocado fora de área de baliza e organização do
contra-ataque. Se os defesas interceptarem a bola, organizam o contra-ataque logo a seguir.

Objectivos
• Melhoria do comportamento ofensivo;
• Melhoria do comportamento defensivo.

Variantes
• Limitar o número de passes até cinco;
• Impedir ou limitar o drible;
• Introduzir mais um atacante e um defensor que entram em campo após o início do contra-ataque.




                                   P




                                                                Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos    205
EXEMPLOS DE UNIDADES DE TREINO PARA O ESCALÃO DE INFANTIS             Anexo
                                                                                                              Anex
                                                                       Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch      10



                           Unidade de Treino Nº 1 – Infantis
N                Descrição dos meios de ensino                          Observações             Tempo
                                                               Mobilização articular e
1   Exercícios de manipulação da bola – Aos pares com uma bola funcional.                          3’

       Jogo pré-desportivo – jogo de perseguição (meio-campo)
    Grupos de três jogadores com duas bolas: dois perseguidores
2      em passe e um perseguido em drible. Os perseguidores     Mobilização funcional.           3’ (6’)
    procuram tocar com a bola no companheiro que se desloca em
                                drible
      Exercícios de manipulação da bola em situação de contra-
                      -ataque sem oposição.



                                                                 Mobilização específica.

                                                                 - Exigir a utilização de
3                                                                                                5’ (11’)
                                                                   passes tensos.




          Exercícios de remate/guarda-redes sem oposição


                                                                 Mobilização dos guarda-
                                                                 -redes.

                                                                 - Remates dirigidos com
4                                                                                                8’ (19’)
                                                                   encadeamento pré-
                                                                   -definido;
                                                                 - Exercícios realizados
                                                                   em dois meios-campos.




                                                                 - Sistema defensivo 5:1;
                                                                 - Cada golo marcado em
                                                                   contra-ataque dá direito
                Jogo formal com condicionamentos –                 a uma posse de bola;
5                                                                - Ataque em movimento,         15’ (34’)
                             Jogo 7x7                              utilizando apenas
                                                                   entradas dos pontas;
                                                                 - Evitar o cometimento
                                                                   de faltas, sem perder a
                                                                   eficácia competitiva.
     Exercícios de remate/guarda-redes com oposição individual



                                                                 - Sempre que possível,
                                                                   estes exercícios devem
                                                                   ser realizados nos dois
6                                                                                                8’ (42’)
                                                                   meios-campos;
                                                                 - Variar os tipos de
                                                                   remate dos laterais.




                                                             Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos    211
EXEMPLOS DE UNIDADES DE TREINO PARA O ESCALÃO DE INICIADOS            Anexo
                                                                                                              Anex

                                                                       Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch      11



                          Unidade de Treino Nº 1 – Iniciados
N                 Descrição dos meios de ensino                         Observações              Tempo

1   Exercícios de manipulação da bola – Individuais com uma bola Mobilização articular e            3’
                                                                 funcional.
       Jogo pré-desportivo – jogo de perseguição (meio-campo).  Mobilização funcional.
    Grupos de três jogadores com duas bolas: dois perseguidores
2       em passe e um perseguido em drible. Os perseguidores                                      3’ (6’)
    procuram tocar com a bola no companheiro que se desloca em
                                 drible
      Exercícios de manipulação da bola em situação de ataque     Mobilização específica.
                     organizado sem oposição
                                                                  - Estes exercícios são
                                                                    realizados nos dois
                                                                    meios-campos;
                                                                  - Os guarda-redes
3                                                                   também executam              5’ (11’)
                                                                    estes exercícios.




          Exercícios de remate/guarda-redes sem oposição          Mobilização dos guarda-
                                                                  redes.

                                                                  - Remates dirigidos com
                                                                    encadeamento pré-
                                                                    -definido;
4                                                                 - Exercícios realizados        8’ (19’)
                                                                    nos dois meios-
                                                                    -campos.




       Jogo reduzido em campo normal com condicionamentos         - Duas séries de 90”,
5   - Jogo 5:5 (1 GR e 4 Jogadores de campo), sem drible e com      com repouso activo de        8’ (27’)
                          defesa individual                         90”.
     Exercícios de remate/guarda-redes com oposição individual    - Sempre que possível,
                                                                    estes exercícios devem
                                                                    ser realizados nos dois
                                                                    meios-campos;
                                                                  - Variar os tipos de
                                                                    remate dos laterais.
6                                                                                                8’ (35’)




                                                                  - Sistema defensivo
                                                                    3:2:1;
                Jogo formal com condicionamentos –                - Cada golo marcado em
7                                                                   contra-ataque dá direito    15’ (50’)
                             Jogo 7x7                               a uma posse de bola;
                                                                  - Evitar o cometimento
                                                                    de faltas, sem perder a
                                                                    eficácia competitiva.
     Jogo reduzido em campo normal com condicionamentos –         - Duas séries de 90”,
8    Jogo 5:5 (1 GR e 4 jogadores de campo), sem drible e com       com repouso activo de        8’ (58’)
                          defesa individual                         90”.




                                                             Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos    233

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Ensino do Andebol para Jovens de 11 a 14 Anos

  • 1. Andebol 2 O ensino do Jogo dos 11 aos 14 anos autores Miguel Ribeiro . Anna Volossovitch Um corpo de Conhecimentos UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA FACULDADE DE MOTRICIDADE HUMANA Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 3
  • 2. FACULDADE DE MOTRICIDADE HUMANA Título: Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos. Autores: Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch Edição: © Faculdade de Motricidade Humana Edições FMH - 1495-688 Cruz Quebrada Tel.: 21 414 92 14 - Fax: 21 414 92 69 edicoes@fmh.utl.pt - www.fmh.utl.pt/Cart Impressão e Acabamento: Puzzle Tiragem: 1200 exemplares Data: Maio de 2008 ISBN 978 972 735 153 4 Depósito Legal nº 4 Universidade Técnica de Lisboa
  • 3. Índice Caracterização do jogo 11 Postos específicos 31 Meios de ensino do jogo 37 Construção de uma unidade de treino 41 Fases do jogo 47 Princípios específicos do jogo 53 Tipos de defesa 63 Tipos de ataque 69 Sistemas defensivos 73 Sistemas ofensivos 85 Etapas de aprendizagem do jogo 97 Componentes do jogo 103 Adaptação pedagógica das regras do jogo 127 Anexos 131 Bibliografia 253 Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 5
  • 4. Introdução Como se depreende do título, este livro surge na sequência do trabalho inicia- do com o primeiro volume e dá continuidade a um conjunto de reflexões, relativas aos aspectos pedagógicos, que devem orientar a intervenção do treinador nos escalões de formação. As indicações metodológicas e sugestões práticas que apresentamos tencio- nam privilegiar a riqueza e a complexidade do jogo de Andebol na organização do processo de ensino-aprendizagem. Estamos convencidos que para desenvolver a competência dos praticantes no jogo e assegurar a sua motivação e interesse durante as aulas de Educação Física ou sessões de treino, os conteúdos de Andebol não devem aparecer como fruto do livre arbítrio do professor ou treinador, mas ao invés devem ser criteriosa e sistematica- mente seleccionados em função das capacidades e habilidades dos jovens, demons- tradas em campo durante a actividade competitiva. Como observar a actividade dos praticantes em jogo? Quais são as referências do seu comportamento que devem ser tomadas em consideração no treino? Como ensinar o praticante a atacar e a defender melhor? O que devem dominar os jovens para jogar nos diferentes postos específicos? Esperemos, caro leitor, que o presente volume forneça as respostas para estas e outras perguntas. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 7
  • 5. Caracterização do jogo Andebol – um jogo de natureza situacional “A prática do jogo obriga a uma análise constante das situações, a compará-las e a tirar conclusões práticas com o máximo de rapidez” (Teodorescu, 1984) Como todos os desportos colectivos de cooperação-oposição o Andebol pos- sui uma natureza complexa e dinâmica que decorre, por um lado, do elevado número de intervenientes do jogo que estão em interacção e da diversidade das suas opções, e por outro, da imprevisibilidade e aleatoriedade das situações geradas pela relação antagónica das equipas em confronto. Da elevada variabilidade do contexto de jogo e da incerteza inerente à evolu- ção das situações em campo, que fazem um apelo permanente às capacidades perceptivas e antecipativas dos praticantes, emerge a primazia da dimensão estraté- gico-táctica do jogo que, evidentemente, deve ser contemplada no processo de treino. Os comportamentos dos jogadores são regulados pelas leis específicas (código de conduta) que constituem a lógica interna do jogo, produto do seu regulamento e inter- relações estabelecidas entre os parceiros e adversários (Parlebas, 1981; Castelo, 1994). Entre os elementos principais que configuram a lógica interna do jogo são tra- dicionalmente mencionados: o tempo, o espaço, a técnica e as regras que definem as possibilidades de interacção, marcação e os papéis sócio-motores dos jogadores (Parlebas, 1981; Menaut, 1983; Castelo, 1994; Moreno, 1994). Dos contornos regulamentares do jogo de Andebol ressalta uma particularida- de específica: a presença no terreno de jogo de uma área interdita aos jogadores de campo – área de baliza, que para além de reduzir o espaço útil do jogo, condiciona a disposição e interacção dos atacantes e defensores, principalmente nas fases do jogo organizado. Assim, a maior parte das acções do jogo desen- volve-se nas zonas próximas de área de baliza, colocando os adversários a uma distância1 que permite ao defensor impor uma forte pressão temporal à realização da acção motora do atacante. 1 (Parlebas, 1988) denominou esta distância entre os adversários como a distância de carga. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 13
  • 6. Postos específicos Neste capítulo apresentamos os objectivos pedagógicos de ensino e treino dos jogadores que ocupam diversos postos específicos. Jogador da 1ª linha Colocação Deve garantir: • Um adequado afastamento dos colegas (amplitude ofensiva) e dos adversá- rios; • Linha de passe; • Um amplo campo visual (os pés sempre virados para a baliza). Competências • Receber a bola em movimento na direcção do espaço interdefensivo; • Dominar o remate em apoio e suspensão escolhendo adequada trajectória de progressão (rectilínea para o remate em apoio, curvilínea para o remate em suspensão); • Variar o remate; • Reconhecer e explorar a situação de 1x1 depois da circulação da bola; • Garantir a continuidade do jogo, reconhecendo as trajectórias adequadas, optando por decalage ou cruzamento; • Comunicar com o pivot e pontas; • Dominar diversos tipos de passe (picado, tenso, ambidextro, diversas trajec- tórias de armação do braço). Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 33
  • 7. Meios de ensino do jogo Jogos pré-desportivos colectivos A classificação e os exemplos dos jogos pré-desportivos (JPD), tal como a argumentação da sua utilização no processo de ensino-aprendizagem do jogo de Andebol, foram apresentados no livro Ribeiro, M., Volossovitch, A. (2004) Andebol 1 O ensino do Andebol dos 7 aos 10 anos, Edições FMH, Lisboa. Exercícios Classificação de exercícios 1. Manipulação da bola 2. Passe e recepção • no contexto de contra-ataque • no contexto de ataque organizado, sem e com oposição 3. Exercícios de remate e de guarda-redes1 • sem oposição • com oposição individual (este grupo de exercícios deve garantir o número elevado de remates por unidade de tempo) • com oposição colectiva (o remate deve estar associado à criação da situ- ação de finalização) 4. Exercícios de ataque e defesa organizados (estes exercícios asseguram o encadeamento entre as fases do jogo e podem ser realizados com ou sem restrições espaciais, com ou sem redução do número de jogadores) 5. Exercícios de contra-ataque e recuperação defensiva (são os exercícios que englobam acções de cooperação, oposição e finalização, dando um ênfase particular às fases de transição do jogo). 1 Qualquer destes exercícios pode ser utilizado para melhorar as competências do jogador por posto específico. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 39
  • 8. Construção de uma unidade de treino A duração e frequência semanal dos treinos nos escalões de Infantis e Inicia- dos devem estar subordinados ao seguinte modelo: Infantis (11-12 anos) Iniciados (13-14 anos) 3 vezes por semana (80-90 minutos) 3-4 vezes por semana (90 minutos) Blocos temáticos Propomos organizar as unidades de treino por blocos temáticos. Um bloco temático agrupa meios de ensino de natureza diferente, tendo em vista a racionaliza- ção da construção da unidade de treino. As unidades de treino podem incluir os seguintes blocos temáticos: Duração Blocos Infantis Iniciados Mobilização geral 10’ 10’ Mobilização técnica 10’ 15’ Mobilização técnica, táctica, 45’ 50’ estratégica Mobilização condicional 5’-10’ 10’ Regresso à calma 5’ 5’ A ordem de colocação dos diversos blocos temáticos numa unidade de treino pode variar em função dos objectivos de natureza técnico-táctico-estratégica e condi- cional, tal como das questões motivacionais. A seguir apresentamos a caracterização geral de cada um dos blocos temáticos da unidade de treino: Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 43
  • 9. Fases do jogo Como já foi referido, o jogo de Andebol decorre num contexto complexo, carac- terizado pela grande variedade de opções que os jogadores possuem em campo e pela consequente imprevisibilidade e incerteza quanto à evolução das situações com- petitivas. Para compreender esta complexidade é preciso simplificá-la, sem no entan- to deturpar a natureza dinâmica e variável do jogo. Só deste modo será possível descodificar e caracterizar as atitudes e comportamentos que permitem às equipas melhorar o seu rendimento colectivo e alcançar bons resultados competitivos. O primeiro passo na simplificação da estrutura do jogo passa pela distinção de dois processos complementares (em função da posse ou não de bola) com os objec- tivos, princípios e condutas divergentes – ataque e defesa. Cada um destes proces- sos evolui passando por diversas fases que, por sua vez, apresentam diferentes soli- citações em relação às capacidades dos jogadores e ao seu domínio das acções de jogo. O conhecimento destas exigências específicas de cada uma das fases de jogo é de crucial importância para uma adequada planificação do processo de treino. No processo ofensivo distinguem-se as fases de contra-ataque, ataque rápido e ataque organizado; quanto ao processo defensivo, este desenvolve-se através das fases de recuperação defensiva, defesa temporária e defesa organizada. Contra-ataque O contra-ataque, a primeira fase do processo ofensivo, é caracterizado fre- quentemente como a forma mais simples e rápida de se obter um golo e a que mais afecta física e psicologicamente a equipa adversária. O facto do contra-ataque ser utilizado, actualmente, em 15-20 % das sequências ofensivas dos jogos de Andebol de alto rendimento, explica a sua indiscutível relevância no processo de treino desde os escalões de formação. O principal objectivo do contra-ataque consiste em criar uma situação de finalização antes que a equipa adversária se organize defensivamente. O contra-ataque começa numa boa defesa que constantemente deve procurar recuperar a posse da bola. A conquista da posse da bola pressupõe uma atitude de- fensiva activa e antecipativa, não sendo compatível com uma atitude expectante, que Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 49
  • 10. Princípios específicos de jogo Os princípios do jogo representam as linhas orientadoras que norteiam o com- portamento dos jogadores em campo no sentido de assegurar, por um lado, a sua coerência, racionalidade e inteligibilidade para os colegas de equipa, e por outro, a imprevisibilidade para o adversário. A leitura congruente dos acontecimentos em campo por todos os elementos da equipa só será possível se os jogadores conhecerem os princípios gerais e específi- cos do jogo, que facilitam o discernimento das situações competitivas e a comunica- ção entre os parceiros de equipa. Os princípios gerais representam as bases racionais generalizadas do com- portamento dos jogadores, independentemente da fase do jogo; enquanto os princí- pios específicos estabelecem as regras de conduta dos praticantes em diferentes fa- ses e situações do jogo, como por exemplo, princípios específicos de contra-ataque, de recuperação defensiva, do ataque em inferioridade numérica, etc. No presente capítulo enunciam-se os princípios específicos do jogo, que “re- gulam” as acções dos jogadores, durante as fases do jogo. Princípios específicos do contra-ataque Limitação do drible Sempre que não haja a estrita necessidade de utilizar o drible, a progressão da bola deve fazer-se através de passes, pois é mais rápida e dificulta a acção defensiva, que tem de se fixar em vários alvos e não apenas num. Limitação do tempo de posse de bola O tempo de posse de bola deve ser reduzido ao estritamente indispensável, para garantir a rapidez e fluidez das acções (chegar depressa à baliza adversária) e, simultaneamente, dificultar a acção defensiva (escassez de tempo para agir e vários alvos em movimento). Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 55
  • 11. FACULDADE DE MOTRICIDADE HUMANA Limitação dos passes em salto Sempre que possível, devem ser evitados os passes em salto, pois atrasam o desenvolvimento das acções e conduzem, com bastante frequência, ao cometimento de faltas técnicas (passos ou dribles, por ausência momentânea de linhas de passe). Limitação das acções de grupo A utilização de bloqueios e cruzamentos no desenvolvimento do contra-ataque que limita a sua eficácia, por reduzir a amplitude da acção e a velocidade da progres- são da bola. O campo de aplicação de acções de grupo no contra-ataque deve ser muito limitado. Passe e recepção em movimento, sem a fase preparatória de armação do braço O passe e a recepção em movimento, tal como a utilização dos passes de pulso, sem a fase preparatória (quando a distância de passe é curta) são essenciais ao rápido desenvolvimento do contra-ataque e à manutenção da sua continuidade porque dificultam a acção dos defensores, que têm menos tempo para tomar deci- sões. Passes tensos e oblíquos A utilização de passes tensos e oblíquos (ao plano sagital do portador da bola) garante a rápida e segura progressão da bola e, simultaneamente, complica a acção dos defensores, que vêem o seu espaço de intervenção aumentado. Assim, devem ser evitados os passes em “arco” (trajectória parabólica) e perpendiculares ou parale- los ao referido plano. Significa isto, em termos práticos, que os colegas do portador da bola, devem evitar criar um alinhamento com este, escolhendo uma posição como está indicado na figura 3. Evitar contacto com os defesas Para não permitir que o contra-ataque seja travado ou interrompido por uma falta defensiva, os atacantes devem procurar escolher as trajectórias de deslocamen- to e de transporte da bola que lhes permitam, na medida do possível, evitar o contacto com os adversários. 56 Universidade Técnica de Lisboa
  • 12. PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DE JOGO 6 Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch No contra-ataque, os colegas do portador da bola não se devem deslocar pelas zonas cinzentas. Figura 3. A colocação dos colegas do portador da bola durante o contra-ataque. Garantia de apoios O portador da bola deve ser permanentemente apoiado (linhas de passe sem- pre abertas), quer em amplitude, quer em profundidade (diferentes níveis de profundi- dade). Significa isto, em termos práticos, que o portador da bola deve ter colegas à sua frente e atrás a distâncias óptimas (figura 3). Finalização em zonas de maior eficácia O desenvolvimento do contra-ataque deve proporcionar a finalização na zona central ou lateral, perto da área de baliza. Princípios específicos do ataque rápido Garantia de apoios A essência do ataque rápido é a velocidade das acções (principalmente a cir- culação da bola), o que só pode acontecer se o portador da bola estiver sempre apoia- do em amplitude e profundidade, para que a circulação da bola se faça sem interrup- ções. Limitação do drible Sempre que não haja estrita necessidade de utilizar o drible, a progressão da bola deve-se fazer através de passes, o que permite acelerá-la, dificultando a acção defensiva, que tem de fixar a atenção em vários alvos e não apenas num. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 57
  • 13. FACULDADE DE MOTRICIDADE HUMANA Limitação do tempo de posse de bola Durante o ataque rápido, o tempo de posse de bola deve ser mínimo, para dificultar ou impedir a acção defensiva, que pretende interromper a circulação da bola, para se reorganizar. No entanto, o nível de agressividade dos atacantes deve-se man- ter elevado, de modo a retardar a reorganização defensiva. Inversões A circulação da bola com constantes inversões, tem por objectivo surpreender os defensores e acelerar a criação de pontos de ruptura na defesa, que se encontra em fase de zona temporária, caracterizada por uma certa desorganização momentânea. Princípios específicos do ataque organizado Afastamento dos defensores Durante o ataque organizado é imperioso que os atacantes se afastem dos defensores (profundidade adequada), para poder assegurar a fluidez da circulação da bola e a agressividade das acções (receber a bola em movimento). Esta preocupação requer a utilização de recolocações – reocupação do seu posto específico (figura 4). Recepção da bola em movimento A recepção da bola em movimento, na direcção da baliza adversária (coloca- ção dos pés na direcção da baliza), é fundamental para aumentar a velocidade das acções ofensivas e garantir elevados índices de “agressividade” do ataque, o que torna a actividade do atacante menos previsível e dificulta a acção defensiva, pois os defensores têm de travar um atacante em movimento (figura 5). Figura 4. Colocação afastada dos atacantes em relação aos defensores no ataque contra defesa zonal. 58 Universidade Técnica de Lisboa
  • 14. Tipos de defesa Existem três tipos de defesa: • Individual ou homem a homem (HxH); • Zonal; • Mista. Individual Este tipo de defesa, caracteriza-se pelo facto de todos os jogadores realizarem marcações de proximidade, nominais ou não (figura 7). Figura 7. Defesa individual (HxH). Zonal Este tipo de defesa caracteriza-se pelo facto de todos os jogadores realizarem marcações de distanciamento (figura 8). Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 65
  • 15. Tipos de ataque Existem dois tipos de ataque: • Em movimento; • Posicional. Em movimento Entende-se por ataque em movimento a constante modificação da estrutura ofensiva, fazendo apelo a uma ampla gama de acções técnico-táctico-estratégicas, por exemplo: entradas, cruzamentos, desmarcações, etc. (figura 11). Figura 11. Ataque em movimento. Posicional Entende-se por ataque posicional a manutenção constante da estrutura ofensi- va e dos jogadores nos seus postos específicos (figura 12). Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 71
  • 16. Sistemas defensivos Caracterização dos sistemas defensivos Entendemos por sistema defensivo a forma particular como os jogadores es- tão colocados no terreno durante a fase de defesa organizada. Os diferentes sistemas defensivos têm regras de funcionamento próprio e exi- gem que se estabeleçam e se codifiquem uma série de inter-relações, mais ou menos complexas entre os seus elementos constitutivos – os jogadores. No entanto, se os jovens de 13/14 anos percebem minimamente o conceito de sistema, os jovens de 11/12 anos têm muita dificuldade em fazê-lo por razões de maturidade. Assim sendo, no escalão de infantis os sistemas defensivos têm uma dimen- são menos rica, devendo ser entendidos como uma mera disposição no terreno de carácter eminentemente pedagógico, funcionando quase exclusivamente com base em acções individuais. Os sistemas mais utilizados: • Sistemas defensivos individuais (SI) 9 zona activa de jogo (ZAJ) (figura 13); 9 meio-campo (MC) (figura 14); 9 campo inteiro (CI) (figura 15). • Sistemas defensivos zonais (SZ) 9 uma linha (6:0) (figura 16); 9 duas linhas (5:1, 4:2, 3:3) (figura 17, 18, 19); 9 três linhas (3:2:1) (figura 20). • Sistemas defensivos mistos (SM) 9 5+1 (figura 21); 9 4+2 (figura 22). Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 75
  • 17. FACULDADE DE MOTRICIDADE HUMANA • Porque proporcionam a vivência de uma série de comportamentos, funda- mentais para a evolução do jovem, que a utilização exclusiva da defesa indi- vidual não poderia abranger de uma forma consistente. Trata-se das trocas de adversário, do controlo do portador da bola (inclui o conceito de “saída” e recuo em diagonal para o lado da bola), na flutuação e na entreajuda. Con- vém sublinhar que os sistemas zonais devem ser estruturados de uma forma dinâmica, exigindo dos jogadores um comportamento agressivo. Esta nota surge da constatação de uma significativa baixa da actividade defensiva (intercepções, corte de linhas de passe, etc.), que impregna os jovens, quan- do colocados em ambientes de defesa zonal. Porquê a utilização de sistemas zonais mais “fechados” no início do pro- cesso de ensino-aprendizagem? • Porque é a única forma do jovem vivenciar, efectivamente, um conjunto de situações de ordem técnico-táctico-estratégica, que só os sistemas zonais conseguem proporcionar e que são fundamentais para a sua evo- lução; • Os sistemas defensivos zonais mais “abertos”, dada a pouca maturidade dos jovens, não possibilitam a ocorrência daquelas situações, uma vez que o seu desenvolvimento é muito semelhante ao dos sistemas individuais na zona activa do jogo. A utilização do 6:0 nas fases iniciais do processo de ensino-aprendiza- gem do jogo não é contraditória com o estipulado no RTP, que o proíbe? • Não. A utilização do sistema zonal 6:0 é um meio para aperfeiçoar o compor- tamento defensivo individual e não um fim em si mesmo. Condicionar a acção dos atacantes é benéfico para os defensores? • É, porque aceleram a aprendizagem de determinadas acções defensivas. Por exemplo: 9 A limitação ou proibição do uso do drible, ao dificultar a progressão da bola, possibilita aos defensores uma utilização intensa das intercepções e dos cortes de linhas de passe. Por oposição, a possibilidade de utilizar o drible sem restrições promove as acções de desarme e faz apelo a uma maior entreajuda; 9 A obrigatoriedade da utilização do passe picado permite uma maior consciencialização da actividade do defensor frente ao portador da bola, 82 Universidade Técnica de Lisboa
  • 18. Sistemas ofensivos Caracterização dos sistemas ofensivos Entendemos por sistema ofensivo a forma particular como os jogadores estão colocados no terreno durante a fase de ataque organizado e as relações que se criam, entre eles a partir deste dispositivo inicial. Actualmente reconhecem-se dois sistemas ofensivos, que podem funcionar posicionalmente ou em movimento: • 3:3 - três jogadores na primeira linha e três na segunda linha ofensivas (figu- ra 25); • 2:4 - dois jogadores na primeira linha e quatro na segunda linha ofensivas (figura 26); Ponta direito Ponta esquerdo 2ª linha Pivot Lateral esquerdo Lateral direito Central 1ª linha Figura 25. Sistema 3:3. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 87
  • 19. SISTEMAS OFENSIVOS 10 Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch Ataque a um sistema individual (Infantis) 1º Posicionar os jogadores em duas linhas, com uma grande amplitude e pro- fundidade (figura 32); Figura 35. Ataque a uma defesa individual. 2º Efectuar desmarcações com bola (1ª linha), antecedidas de um passe, para um ponto de apoio (2ª linha) – pivot (figura 36) ou ponta (figura 37), que invadiu o interior da estrutura defensiva; 1 1 4 4 3 3 2 2 Figura 36. Ataque a uma defesa Figura 37. Ataque a uma defesa individual – desmarcação com bola individual – desmarcação com bola (passe ao “pivot”). (passe ao “ponta”). Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 93
  • 20. Componentes do jogo Acções ofensivas individuais Entrada Definição A entrada consiste na invasão do interior da estrutura defensiva por elementos da 1ª linha ofensiva ou pelos pontas, tendo em vista a desagregação da defesa adversária e criação de situação de finalização favorável. O responsável pela entrada tenta numa fase inicial receber a bola em condi- ções de poder rematar. Caso esta situação não se concretize, deve movimentar-se como um pivot, regressando posteriormente ao seu posto específico. O conceito de entrada pressupõe o reequilíbrio ofensivo, que é iniciado pelo jogador que ocupa o posto contíguo àquele que entra. Nesta fase do processo de ensino-aprendizagem do jogo, a entrada é a acção mais utilizada no desenvolvimento do ataque em movimento. Classificação • Em função da acção prévia: 9 entrada com bola; 9 entrada sem bola; • Em função da trajectória: 9 pontas: – entrada curta (figura 44); – entrada longa (figura 45); 9 jogadores da 1ª linha: – entrada em diagonal (figura 46); – entrada na perpendicular (figura 47 ). Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 105
  • 21. COMPONENTES DO JOGO 12 Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch Informação a transmitir ao praticante ATAQUE ORGANIZADO 3ª etapa de aprendizagem 4ª etapa de aprendizagem - Enquadramento com o receptor e a baliza - Armação pouco ampla do braço, para (pés colocados na sua direcção); imprimir velocidade às acções ofensivas; - Armação rápida do braço, para passar - Passar na direcção do ombro, do lado do depressa, com a amplitude adequada à braço dominante; distância do passe; - Nos passes ao pivot, não é necessária a - Passar na direcção do peito. obrigatoriedade de estar enquadrado com ele; - Realizar passes tensos. CONTRA – ATAQUE 3ª etapa de aprendizagem 4ª etapa de aprendizagem - Enquadramento com o receptor e a baliza, - A amplitude da armação do braço é com o pé do lado do braço de remate bem definida pela distância do passe e pela à frente; potência do passador; - Rotação do tronco (tanto mais importante, - Realizar o passe em corrida; quanto maior for a distância do passe); - Realizar passes tensos paralelos ao solo. - Armação rápida do braço; - Realizar passes tensos. Remate Introdução Nesta fase do processo de ensino-aprendizagem do jogo, o aperfeiçoamento do remate assume uma crescente especificidade. De facto, começa a haver necessi- dade de definir, com algum rigor, as formas de execução mais adequadas às particu- laridades dos diferentes postos específicos. No caso dos remates em salto para o interior da área, está presente a noção de queda, que consiste na recepção no solo com o pé de chamada e posterior enrolamento do corpo, sobre o ombro contrário. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 113
  • 22. Adaptações pedagógicas das regras do jogo Nos escalões etários de infantis e iniciados a competição deve decorrer sob a égide de um regulamento técnico-pedagógico (RTP). Face ao actual estado de de- senvolvimento do Andebol português esta condição representa um imperativo peda- gógico, que pode contribuir significativamente para o sucesso do processo de ensino- -aprendizagem do jogo. Enriquecendo os comportamentos técnico-táctico-estratégi- cos dos praticantes, o RTP torna a actuação dos jogadores em campo mais eficaz e motivante. Por sua vez, a necessidade de cumprir o RTP leva o treinador a estabele- cer no processo de treino as prioridades que permitirão aos jogadores adquirir as competências indispensáveis para a sua evolução a longo prazo. As principais adaptações didácticas do regulamento do jogo nos escalões de infantis e iniciados prendem-se com a alteração da duração do jogo, utilização obriga- tória de determinados sistemas defensivos, substituição pedagógica e reposição da bola em jogo após golo. Regulamento técnico-pedagógico para o escalão de infantis 1. Utilizar a bola do tamanho 0-1; 2. O jogo tem duração de 40 minutos: quatro períodos de dez minutos com cinco minutos de intervalo; 3. No primeiro e terceiro períodos é obrigatória a utilização da defesa indivi- dual; 4. No segundo e quarto período é obrigatória a utilização da defesa zonal em duas linhas; 5. A reposição da bola após golo deve ser feita da linha de “4 metros” pelo guarda-redes; 6. Aplica-se a “substituição pedagógica”1 no caso da exclusão ou desquali- ficação dos jogadores. 1 A “substituição pedagógica” consiste na substituição imediata de um jogador excluído ou desqualificado por um dos seus parceiros da equipa, de modo a não permitir a situação de desigualdade numérica. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 129
  • 23. EXERCÍCIOS DE MANIPULAÇÃO DA BOLA Anexo Anex Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch 1 Exercício nº 1 Exercício nº 2 Descrição Descrição Deslocamento em corrida ligeira, braços estendi- Deslocamento em corrida ligeira, com a bola agar- dos para os lados, passar a bola de uma mão para rada atrás das costas com ambas as mãos. Im- outra, impulsionando-a através da flexão do pul- pulsionar a bola com os dedos de trás para a frente so. sem a deixar cair no solo. Objectivos Objectivos • Aperfeiçoamento da manipulação da bola; • Aperfeiçoamento da manipulação da bola; • Desenvolvimento das capacidades coordenati- • Desenvolvimento das capacidades coorde- vas (a capacidade de dissociação segmentar). nativas (a capacidade de dissociação segmen- tar). Variantes • Deslocamento com elevação alternada dos jo- Variantes elhos; • Antes de receber a bola: • Deslocamento com elevação alternada dos cal- – flectir o tronco e tocar nas pontas dos pés; canhares; – flexão e extensão dos joelhos; • Deslocamento em multisaltos. – bater palmas à frente; – tocar nos calcanhares. • Depois de receber a bola realizar o autopasse de frente para trás. Exercício nº 3 Exercício nº 4 Descrição Descrição Deslocamento em corrida ligeira, com a bola agar- Deslocamento em corrida ligeira, com a bola agar- rada com uma mão. Realizar circundação dos rada com uma mão. Largar a bola e tentar agar- braços para frente, ou para trás, sem deixar cair rá-la com outra mão sem a deixar cair no solo. a bola no solo. Objectivos Objectivos • Aperfeiçoamento da manipulação da bola; • Aperfeiçoamento da manipulação da bola; • Desenvolvimento das capacidades coorde- • Desenvolvimento das capacidades coorde- nativas (a capacidade de dissociação segmen- nativas (a capacidade de dissociação segmen- tar). tar). Variantes Variantes • Deslocamento com elevação alternada dos jo- • Deslocamento com elevação alternada dos joe- elhos; lhos; • Deslocamento com elevação alternada dos cal- • Deslocamento com elevação alternada dos cal- canhares; canhares; • Deslocamento com elevação das pernas para • Deslocamento em saltos uni ou bi-pedais; a frente sem flectir os joelhos; • Realizar circundação do pulso para a esquerda • Deslocamento com elevação das pernas para e para a direita. trás sem flectir os joelhos; • Deslocamento em saltos uni ou bi-pedais. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 133
  • 24. EXERCÍCIOS DE PASSE EM CONTEXTO DE ATAQUE ORGANIZADO SEM OPOSIÇÃO Anexo Anex Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch 2 Exercício nº 1 Descrição Jogadores aos pares com uma bola. Realizam passes em corrida ligeira, procurando ao mesmo tempo dificultar o passe ou interceptar a bola dos outros pares. Passes tensos, com trajectória curta de armação do bra- ço. Evitar posicionamento frontal dos atacantes. Objectivos • Melhoria do passe e da recepção; • Melhoria da desmarcação; • Melhoria da intercepção. Variantes • Introduzir alguns jogadores sem bola que procuram in- terceptar as bolas. • Ao sinal sonoro realizar a troca das bolas entre os pa- res, deixando as bolas no solo. Objectivo: evitar ficar sem bola. • Após passe realizar salto com elevação de joelhos, ou efectuar uma rotação de 360º. Exercício nº 2 Descrição Os jogadores, distribuídos por uma coluna, deslocam-se na direcção da baliza, a fim de receber a bola do colega. É fundamental manterem o enquadramento com a baliza e a bola, não se virando para o portador da bola. O passe deve ser tenso. Objectivos • Melhoria do passe e da recepção em contexto de ata- que organizado. Variantes • Antes de receber a bola, o jogador executa um salto de joelhos ao peito ou uma flexão de pernas; • Depois de passar a bola o jogador executa um salto de joelhos ao peito ou uma flexão de pernas. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 137
  • 25. EXERCÍCIOS DE PASSE EM CONTEXTO DE ATAQUE ORGANIZADO COM OPOSIÇÃO Anexo Anex Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch 3 Exercício nº 1 Descrição Jogadores distribuídos por duas colunas e três defenso- res. Os primeiros passam a bola entre si, enquanto os defensores atacam o portador da bola, travando à sua frente, não promovendo o contacto e recuando depois em 2 4 diagonal. 2 3 Objectivos 3 1 • Melhoria do passe e da recepção em contexto de ata- que organizado; • Melhoria dos deslocamentos defensivos. Variantes • Antes de “atacar” o portador da bola, o defensor realiza uma flexão de pernas (perto dos “6 metros”). Exercício nº 2 Descrição Jogadores distribuídos por duas colunas, três defensores e dois passadores. Os primeiros passam a bola entre si, enquanto os defensores atacam o portador da bola, de- pois de terem efectuado um passe/recepção, com os dois passadores, travando à sua frente, não promovendo o 2 contacto e recuando depois em diagonal. 4 2 3 Objectivos 3 • Melhoria do passe e da recepção em contexto de ata- 1 que organizado; • Melhoria dos deslocamentos defensivos. Variantes • Antes de “atacar” o portador da bola, o defensor realiza uma flexão de pernas (perto dos “6 metros”). Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 151
  • 26. EXERCÍCIOS DE PASSE EM CONTEXTO DE CONTRA-ATAQUE Anexo Anex Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch 4 Exercício nº 1 Descrição Jogadores aos pares com uma bola. O portador da bola efectua um passe (tenso) para o colega, que arrancou em corrida rápida (enquadrado com o passador). Depois de receber a bola, coloca-a no solo e volta a arrancar em corrida rápida. O seu companheiro desloca-se para recu- perar a bola e torna a efectuar um passe. Objectivos • Melhoria do passe e da recepção em contexto de con- tra-ataque; • Melhoria da velocidade e resistência específicas. Variantes • Antes de arrancar em corrida, o jogador efectua uma flexão de pernas; • A meio da corrida, o jogador efectua uma rotação de 360º. Exercício nº 2 Descrição Jogadores aos pares com uma bola. Sempre a passarem a bola, um dos jogadores aproxima-se do outro, que de- pois arranca em corrida rápida, para receber a bola do colega. De seguida, invertem-se os papéis. Os passes devem ser tensos e o receptor deve estar sem- pre enquadrado com a bola. Objectivos • Melhoria do passe e da recepção em contexto de con- tra-ataque; • Melhoria da velocidade e resistência específicas. Variantes • Antes de arrancar em corrida, o jogador efectua uma flexão de pernas; • A meio da corrida, o jogador efectua uma rotação de 360º. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 157
  • 27. EXERCÍCIOS DE REMATE/GUARDA-REDES SEM OPOSIÇÃO Anexo Anex Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch 5 Exercício nº 1 Descrição Os jogadores, com bola, distribuídos por uma coluna, exe- cutam remates dirigidos. Objectivos • Melhoria do remate; • Melhoria do comportamento técnico-táctico do guarda- -redes. Variantes • Remates condicionados (com as duas mãos por cima da cabeça; com as duas mãos, a partir do peito, etc.); • Remates dirigidos, com encadeamentos pré-definidos (esquerda – direita – cima – baixo – meia altura). Exercício nº 2 Descrição Os jogadores, com bola, distribuídos por uma coluna, deslocam-se para a zona central, em corrida lateral, e executam remates dirigidos. Objectivos • Melhoria do remate; • Melhoria do comportamento técnico-táctico do guarda- -redes. Variantes • Remates condicionados (com duas mãos por cima da cabeça, etc.); • Remate em salto; • Remates dirigidos, com encadeamentos pré-definidos (esquerda – direita – cima – baixo); • Coluna nos “6 metros”. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 165
  • 28. EXERCÍCIOS DE REMATE/GUARDA-REDES COM OPOSIÇÃO INDIVIDUAL Anexo Anex Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch 6 Exercício nº 1 Descrição 4' 4 Os jogadores estão distribuídos por quatro postos espe- cíficos. Os pontas têm bola. O ponta passa a bola ao late- 1 ral que, por sua vez, a devolve e vai dificultar o remate. 1' 2' 3' 3 2 Regressam ambos à respectiva coluna. Objectivos • Melhoria da capacidade de remate dos pontas; • Melhoria do comportamento técnico-táctico do guarda- -redes. Variantes • Variar o tipo de remate dos pontas; • Variar o tipo de passe do lateral para o ponta. Exercício nº 2 Descrição Os jogadores estão distribuídos por quatro postos espe- cíficos - os pontas têm bola. Um defensor encontra-se na zona central. O ponta passa a bola ao lateral, cruza com este e remata, perante a oposição do defensor. Retomam 1 os seus lugares nas respectivas colunas. 1' 2' 4' 4 3 Objectivos 3' 2 • Melhoria da capacidade de remate dos pontas; • Melhoria do comportamento técnico-táctico do guarda- -redes. Variantes • Introduzir mais um defensor; • Variar as trajectórias de deslocamento; • Variar o tipo de remate. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 173
  • 29. EXERCÍCIOS DE REMATE/GUARDA-REDES COM OPOSIÇÃO COLECTIVA Anexo Anex Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch 7 Exercício nº 1 Descrição Quatro atacantes contra dois defensores. Bolas de reser- va nas pontas. Evitar as situações de um contra um, pro- curando prioritariamente os espaços inter-defensivos. Objectivos • Melhoria da capacidade de remate por posto específi- co; • Melhoria do comportamento técnico-táctico do guarda- -redes. Variantes • Sem drible; • Com drible condicionado; • Variar a atitude defensiva (profundidade, agressividade, etc.). Exercício nº 2 Descrição Três atacantes contra três defensores (dois laterais estão fixos e o central pode realizar movimentos laterais). Os atacantes tentam marcar golo realizando o remate da 1ª linha aproveitando espaços interdefensivos. Objectivos • Melhoria da capacidade de remate – realização do re- mate rápido com trajectória curta de armação do braço; • Melhoria do comportamento defensivo; • Melhoria do comportamento técnico-táctico do guarda- -redes. Variantes • Limitar número de passes antes do remate. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 185
  • 30. EXERCÍCIOS DE ATAQUE E DEFESA ORGANIZADOS Anexo Anex Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch 8 Exercício nº 1 Descrição Sete jogadores (quatro atacantes e três defensores) colo- cam-se como está indicado no esquema. Os atacantes procuram rematar, passando entre os pinos (os que es- tão mais próximos), sem serem tocados pelos defesas. Objectivos • Melhoria do comportamento ofensivo (colocação, ata- que ao espaço, fixação dos defesas, passe rápido); • Melhoria do comportamento defensivo. Variantes • Aumentar ou diminuir espaço entre os pinos; • Para além de tentar tocar no rematador, os defesas pro- curam tocar no portador da bola, interceptar a bola. Exercício nº 2 Descrição Sete jogadores (quatro atacantes e três defensores). Os atacantes procuram concretizar em superioridade numé- rica. Os pinos laterais limitam o espaço do exercício. O pino central serve de referência para identificar de que lado se cria a superioridade numérica ofensiva. Objectivos • Melhoria do comportamento ofensivo (colocação, ata- que a baliza, fixação dos defesas, colaboração com o pivot); • Melhoria do comportamento defensivo. Variantes • Aumentar ou diminuir espaço entre os pinos; • Finalizar fora do seu posto específico. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 191
  • 31. EXERCÍCIOS DE CONTRA-ATAQUE/RECUPERAÇÃO DEFENSIVA Anexo Anex Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch 9 Exercício nº 1 Descrição Dois grupos de três jogadores ao sinal do treinador começam a movimentar-se como está indicado no esquema. Quando o treinador (T) lançar as bolas cada grupo tenta apanhar a bola o mais depressa pos- sível e utilizando apenas dois passes rematar a baliza. Todos os elementos do grupo devem tocar na bola. Ganha o grupo que rematar primeiro. Objectivos • Melhoria do comportamento ofensivo (progressão e transporte da bola); • Melhoria do comportamento defensivo. Variantes • 4x4 com três passes permitidos antes da finalização; • Variar a posição e a movimentação inicial; • Utilizar apenas uma bola: o grupo que apanhar a bola organiza o contra-ataque, o outro realiza recupe- ração defensiva. T Exercício nº 2 Descrição 4x4. Jogo de dez passes, depois passe ao jogador colocado fora de área de baliza e organização do contra-ataque. Se os defesas interceptarem a bola, organizam o contra-ataque logo a seguir. Objectivos • Melhoria do comportamento ofensivo; • Melhoria do comportamento defensivo. Variantes • Limitar o número de passes até cinco; • Impedir ou limitar o drible; • Introduzir mais um atacante e um defensor que entram em campo após o início do contra-ataque. P Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 205
  • 32. EXEMPLOS DE UNIDADES DE TREINO PARA O ESCALÃO DE INFANTIS Anexo Anex Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch 10 Unidade de Treino Nº 1 – Infantis N Descrição dos meios de ensino Observações Tempo Mobilização articular e 1 Exercícios de manipulação da bola – Aos pares com uma bola funcional. 3’ Jogo pré-desportivo – jogo de perseguição (meio-campo) Grupos de três jogadores com duas bolas: dois perseguidores 2 em passe e um perseguido em drible. Os perseguidores Mobilização funcional. 3’ (6’) procuram tocar com a bola no companheiro que se desloca em drible Exercícios de manipulação da bola em situação de contra- -ataque sem oposição. Mobilização específica. - Exigir a utilização de 3 5’ (11’) passes tensos. Exercícios de remate/guarda-redes sem oposição Mobilização dos guarda- -redes. - Remates dirigidos com 4 8’ (19’) encadeamento pré- -definido; - Exercícios realizados em dois meios-campos. - Sistema defensivo 5:1; - Cada golo marcado em contra-ataque dá direito Jogo formal com condicionamentos – a uma posse de bola; 5 - Ataque em movimento, 15’ (34’) Jogo 7x7 utilizando apenas entradas dos pontas; - Evitar o cometimento de faltas, sem perder a eficácia competitiva. Exercícios de remate/guarda-redes com oposição individual - Sempre que possível, estes exercícios devem ser realizados nos dois 6 8’ (42’) meios-campos; - Variar os tipos de remate dos laterais. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 211
  • 33. EXEMPLOS DE UNIDADES DE TREINO PARA O ESCALÃO DE INICIADOS Anexo Anex Miguel Ribeiro e Anna Volossovitch 11 Unidade de Treino Nº 1 – Iniciados N Descrição dos meios de ensino Observações Tempo 1 Exercícios de manipulação da bola – Individuais com uma bola Mobilização articular e 3’ funcional. Jogo pré-desportivo – jogo de perseguição (meio-campo). Mobilização funcional. Grupos de três jogadores com duas bolas: dois perseguidores 2 em passe e um perseguido em drible. Os perseguidores 3’ (6’) procuram tocar com a bola no companheiro que se desloca em drible Exercícios de manipulação da bola em situação de ataque Mobilização específica. organizado sem oposição - Estes exercícios são realizados nos dois meios-campos; - Os guarda-redes 3 também executam 5’ (11’) estes exercícios. Exercícios de remate/guarda-redes sem oposição Mobilização dos guarda- redes. - Remates dirigidos com encadeamento pré- -definido; 4 - Exercícios realizados 8’ (19’) nos dois meios- -campos. Jogo reduzido em campo normal com condicionamentos - Duas séries de 90”, 5 - Jogo 5:5 (1 GR e 4 Jogadores de campo), sem drible e com com repouso activo de 8’ (27’) defesa individual 90”. Exercícios de remate/guarda-redes com oposição individual - Sempre que possível, estes exercícios devem ser realizados nos dois meios-campos; - Variar os tipos de remate dos laterais. 6 8’ (35’) - Sistema defensivo 3:2:1; Jogo formal com condicionamentos – - Cada golo marcado em 7 contra-ataque dá direito 15’ (50’) Jogo 7x7 a uma posse de bola; - Evitar o cometimento de faltas, sem perder a eficácia competitiva. Jogo reduzido em campo normal com condicionamentos – - Duas séries de 90”, 8 Jogo 5:5 (1 GR e 4 jogadores de campo), sem drible e com com repouso activo de 8’ (58’) defesa individual 90”. Andebol 2. O ensino do jogo dos 11 aos 14 anos 233