2. Sumário
• Questões introdutórias
1. Estratégias de escrita em rádio
1.1. Clareza e simplecidade
1.2. Escrever como se fala
1.3. Leitura em voz alta
1.4. Uso de imagens
6. Problemas do tema
1. Lacunas na escrita do português
padrão entre alguns estudantes;
2. Confusão na distinção redaccional
entre Texto do Jornal e Texto para
Rádio;
3. Necessidade de escrever ao meio
Rádio conforme as convenções e
técnicas radiofónicas.
7. Objectivos do Curso
Identificar as características e técnicas
gerais da linguagem escrita da rádio.
Escrever texto radiofónico, utilizando as
técnicas linguísticas, gramaticais e orais.
Escrever laudas para um programa de
rádio ou para postagem do áudio no
blogue.
8. Metedologias
Para se lograr estes escopos, seguir-se-á os
seguintes métodos teórico-práticos:
Exposição analítica de princípios,
normas e convenções pragmáticas de
redacção em rádio.
Criação de blogues colectivos (de cinco
ou dez integrantes) .
Prática e ensaio de redacção/texto para
rádio.
9. Padrão de Avaliação
Participar das conferências (80%);
Participar em
debate/intervenções/grupos;
Criar e digitar textos radiofónicos
conformados às técnicas;
Postagem do respectivo RD no blogue
no prazo definido.
11. Estratégias para escrita em Rádio
Para se tornar o texto radiofónico
natural e espontâneo ao ouvido do
radiouvinte, recomenda-se algumas
premissas como a clareza,
simplecidade, escrever como se fala,
leitura em voz alta e visualização de
imagens.
12. Clareza e simplecidade
Ter ideias e pensamentos bem claros,
breves e concisos para serem
expressos em fala corrente e audível.
Pensamentos obscursos, ambíguos e
confusos devem ser evitados. Contar
história em ordem linear e sumária.
13. Exemplo de simplecidade e clareza
Jornal
A tempestade monetária que,
na semana passada, fez
dançar a maior parte das
moedas é a expressão da
euforia do sistema, em cuja
origem está a extrema
debilidade da divisa de
reserva: o dólar norte-
americano. Será ainda
possível fazer parar o que se
assemelha, cada vez mais, a
um caos absoluto, como
sublinham muitos
observadores da comunidade
financeira mundial?
Rádio
A tempestade monetária
está a gerar o caos
generalizado. O principal
alvo é o dólar americano e
ninguém parece capaz de
parar a sua queda.
14. Escrever como se fala
• Imagine-se a conversar por telefone
com um amigo ou familiar… e passe
depois isto para o papel. “O ideal é
um estilo de conversação correcta e
clara, em que a dignidade linguística
nunca desça abaixo do admissível”
(Santos, s.d.: 13).
15. Ler em voz alta
Passado ao papel o que temos a dizer, ler isto em voz
alta; uma, duas, três ou mais vezes. Assim se testa a
sonoridade da frase e consegue-se ouvir e descobrir
certos erros, o que está a faltar e o que pode ser
mudado. A leitura em voz alta deteta, por exemplo, as
palavras cacofónicas, rimadas e os “ao” e “s”
desagradáveis. Ex.:
... e a selecção já está na concentração,
em preparação, para o jogo contra o Japão.
Soa melhor ao ouvido assim: ... e a selecção já está
concentrada,
preparando-se para o jogo contra os japoneses.
16. Usar imagens
O público de rádio precisa VER o que OUVE,
isto é, imaginar as pessoas, lugares, factos,
etc. enquanto ouve o que o locutor diz. Por
isso, se estiver a escrever o seu texto, crie
imagens poderosas com as tuas palavras; use
verbos descritivos, em vez de adjetivos. Por
exemplo, se você disser "ele desfila ou
passeia", estará a dar uma imagem sem o uso
de adjectivo.
17. Normas técno-gramaticais
A estrutura linguística e gramatical a ser
utilizada na rádio aponta normalmente para a
“rapidez de leitura, minimo esforço de
interpretação e máxima concentração de
informação” (Prado apud Massunga,
2012:17).
Passamos a analisar as principais normas e
convenções de escrita radiofónica.
18. Pontuação
A pontuação no texto para rádio serve para
associar a ideia expressada à sua unidade
sonora, ou seja, para marcar uma unidade
fónica e não somente gramatical. Nas laudas,
são comuns e frequentes os sinais de ponto
ou vírgula (./,). Outros são supérfluos. O
ponto assinala uma pausa maior na locução
do texto, enquanto a vírgula indica uma
pausa menor (além de isolar elementos
sintácticos).
19. Vocabulário coloquial
• Utilizar palavra de uso corrente e coloquial
entre os ouvintes. Os termos longos e
complicados devem ser evitados, os técnicos
explicacados. As palavras estrangeiras
deverão ser evitadas quando houver seus
equivalentes em português. Preferir os
substantivos aos adjectivos.
• Exemplo, escrever-se: “Dois civis foram
mortos a tiro”, em vez de: “Dois civis
perderam a vida em consequência de terem
sido atingidos a tiro”.
20. Frases curtas
• As frases curtas e simples ajudam a locução e
a compreensão. Uma frase por ideia pode ser
suficiente. Preferir usar a estrutura de frase
com sujeito-verbo-objeto.
• Exemplo: em vez de “inaugurou, hoje, o governador
de Luanda, duas novas fábricas em Viana”; escreva-
se, “o governador de Luanda (sujeito) inaugurou
(predicado) hoje duas novas fábricas (complemento
directo) em Viana (c.c.l.).” Outro exemplo: a polícia
prendeu 17 ativistas em protesto no largo Primeiro
de Maio na tarde deste sábado.
21. Tempos verbais
• O tempo preferido é o presente do indicativo
e a voz activa. O presente denota
instantaneidade e, portanto, actualidade. No
caso de não se puder utilizar o presente,
recorre-se ao pretérito mais próximo
(pretérito perfeito) ou ao infinitivo como
recursos. Até o futuro é apresentado no
presente. Ex. Viaja amanhã. Ele joga na
próxima semana.
22. Enumeração
Números e rádio são coisas que não
combinam. Para facilitar o locutor e o
ouvinte, o redactor deverá escrever por
extenso os números de um a dez; os
algarismos a partir de 11; mas, se for início
de frase, escreve-se por extenso, ex.: onze
pessoas estão hospitalizadas. A idade de
pessoas, as datas do calendário e as
temperaturas grafam-se com algarismo. Mas,
escrevem-se sempre por extenso o cem, mil,
milhar (es), milhão (ões) ou bilhão (ões).
23. Siglas e abreviações
Escrever o significado das siglas utilizadas no
texto. Ex.: Instituto Nacional de Segurança
Social (INSS), Organização das Nações Unidas
(ONU). Evite-se escrever os significados de
siglas de empresas ou partidos muito
conhecidos como MPLA, Sonangol, etc. Siglas
com mais de três letras e que podem ser lidas
como uma só palavra vão escritas com iniciais
maiúsculas (Unesco, Sonangol, Petrobras)
para facilitar a pronúncia.
24. Aspectos formais
A estética visual do texto apresenta algumas
regras importantes que devem ser seguidas
para que o locutor possa apresentar o texto
com qualidade e naturalidade.
25. Pauta
• Pauta é um roteiro com tópicos, endereços e
perguntas básicas por meio dos quais o repórter
orientará a sua entrevista e posterior feitura da
matéria noticiosa. Integra o resumo do
acontecimento e do que o radiouvinte espera
ouvir. Não é necessariamente escrita, nem
sempre é premeditada. Um acidente de carro,
por exemplo, só vira pauta na hora em que
acontece. A pauta pode ser elaborada de forma
diferente, mas, na sua essência, é constituída
por cinco pontos: contexto, tema, focagem,
fontes e proposta de perguntas.
26. Lauda
• As folhas A4 em que se escrevem textos
radiofónicos são chamadas de laudas. Não se
usa tabulação no início de parágrafos (não
obstantes outras convenções solicitarem
margens largas). As frases começam
directamente na margem da lauda; o texto é
escrito em caixa alta (maiúsculas) com espaço
duplo ou 1,5 entre as linhas. Usa-se
normalmente o tipo de letra arial ou verdana
com o tamanho 14 ou maior. Uma lauda
comumente tem 12 linhas equivalentes a um
minuto de duração.
27. Exemplo de lauda
Naufrágio de um barco na costa da Líbia
deixa 800 pessoas desaparecidas e 170
mortas.
A embarcação levava migrantes para a
Europa. Segundo as Nações Unidas, seria
a maior tragédia deste tipo na história da
humanidade. A guarda costeira italiana
confirma ter retirado das águas 176
sobreviventes.
(Simulação)
28. Guião
O guião é a sequência de todas as
acções e recursos técnicos necessários
para a realização de um programa,
notícia ou anúncio publicitário
radiofónico. É normalmente composto
por um cabeçalho, técnica (tec.),
locução (loc.), indicação de tempo (”, `) e
filha técnica.
29. CONCLUSÃO
As estratégias e técnicas estudadas
apontam no sentido da especificidade
do meio rádio, pois, o texto é escrito
para ser falado, pronunciado e ser
ouvido. As normas gramaticais e
linguísticas estão ao serviço de maior
grau de comunicabilidade oral. Por isso,
é preciso não se estabelecer regras
muito rígidas; o importante mesmo é
que a palavra escrita para o rádio flua
com naturalidade e espontaneidade
entre o locutor e o ouvinte.
30. Referências bibliográficas
• HENRIQUES, Massunga (2012), O tratamento
radiofónico do som na era digital, Monografia de
licenciatura/TFC apresentado na FCS/UAN, Luanda.
• SANTOS, Hernani (s.d.), Manual de Jornalismo de
Rádio, Cenjor, Lisboa, in
http://opac.iefp.pt:8080/images/winlibimg.aspx?ske
y=&doc=73221&img=452 (consult., 3.02.2016).
• PATERNOSTRO, Vera Ires (1987), O Texto na TV –
Manual de Telejornalismo, Editora brasiliense, S.
Paulo.
• PRADO, Magaly (org.; 2009); Técnicas de Redação Em
Jornalismo – O Texto da Notícia, Editora Saraiva, S.
Paulo.