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ANDRÉA GIRNIANI OLIVEIRA DOS SANTOS RODRIGUÊS
MARINEIZE NETO PLEUTIM AQUINO
TÂNIA MARCIA PEREIRA DA SILVA FUJII
A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO INSTRUTOR MEDIADOR
COM ALUNOS SURDOS
PONTA PORÃ
2014
ANDRÉA GIRNIANI OLIVEIRA DOS SANTOS RODRIGUÊS
MARINEIZE NETO PLEUTIM AQUINO
TÂNIA MARCIA PEREIRA DA SILVA FUJII
A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO INSTRUTOR MEDIADOR COM ALUNOS
SURDOS
Monografia apresentada ao curso. Pós-graduação Educação
Especial Atendimento às Necessidades Especiais, do ESAP –
Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação e UNIVALE
– Faculdades Integradas do Vale do Ivaí, como requisito parcial
para obtenção do título de Especialista.
Orientador: Prof. Ms. Reinaldo Ribeiro de Castro Junior
PONTA PORÃ
2014
ANDREA GIRNIANI OLIVEIRA DOS SANTOS RODRIGUÊS
MARINEIZE NETO PLEUTIM AQUINO
TÂNIA MARCIA PEREIRA DA SILVA FUJII
A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO INSTRUTOR MEDIADOR COM ALUNOS
SURDOS
Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em
Educação Especial Atendimento às Necessidades Especiais,
do ESAP – Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação e
UNIVALE – Faculdades Integradas do Vale do Ivaí, como
requisito parcial para obtenção do título de Especialista.
COMISSÃO EXAMINADORA __________
NOTA
________________________________
Prof. avaliador (nome e assinatura)
________________________________
secretaria
________________________________
Secretaria
Ponta Porã, (MS), ______de__________de 2014.
DEDICATÓRIA
Aos nossos alunos que nos inspiraram e
nos subsidiaram na produção do mesmo.
Aos nossos familiares, que nos apoiaram
possibilitando a conclusão do presente trabalho.
AGRADECIMENTOS
A todos que contribuíram na elaboração deste trabalho, especialmente ao
Professor Ms. Reinaldo Ribeiro de Castro Júnior que demonstrou competência e
habilidade para nos orientar com clareza e propriedade.
“Se, na verdade, não estou no mundo para
simplesmente a ele me adaptar, mas para
transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um
certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda
possibilidade que tenha para não apenas falar de
minha utopia, mas participar de práticas com ela
coerentes.”
Paulo Freire
RODRIGUÊS, A. G. O. S., AQUINO, M. N. P. FUJII, T. M. P. S.A IMPORTÂNCIA
DA ATUAÇÃO DO INSTRUTOR MEDIADOR COM ALUNOS SURDOS. ESAP –
Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação e UNIVALE – Faculdades
Integradas do Vale do Ivaí. Monografia de curso de pós-graduação Lato Sensu em
Educação Especial, Atendimento as necessidades especiais. Ponta Porã. 2014.
RESUMO
Este trabalho foi elaborado no intuito de informar, orientar e subsidiar os Instrutores
mediadores Bilíngues e Surdos, norteando a atuação deste profissional dentro do
contexto inclusivo. Este trabalho foi desenvolvido através de pesquisas
bibliográficas, mediante leitura, análise de livros conceituados, fazendo uma
abordagem que vai desde a conceituação da surdez, os diagnósticos, tratamentos,
papel do Mediador nos diferentes ambientes, adaptações curriculares para a
inclusão do sujeito surdo e por fim a atuação dos Instrutores mediadores Bilíngues e
Surdos junto ao sujeito. Intenciona-se conscientizar os profissionais envolvidos na
educação do sujeito surdo, das potencialidades e possibilidades de ensino
aprendizagem do mesmo, utilizando-se dos recursos adequados nos procedimentos
metodológicos a fim de que possam vencer as barreiras de compreensão que
envolve a L1(libras) e a L2(língua portuguesa).
Palavras-chave: Instrutor Mediador, Libras, Educação.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................9
1 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DA SURDEZ...............11
1.1 PROCESSO HISTÓRICO.................................................................11
1.2 CONCEITO DA SURDEZ.................................................................13
1.3 CAUSAS DA SURDEZ.....................................................................15
1.4 CONSEQUÊNCIAS DA SURDEZ.....................................................16
1.5 DIAGNÓSTICO DA SURDEZ...........................................................17
1.6 CAMINHOS POSSÍVEIS PARA O TRATAMENTO DA SURDEZ....18
2 ADAPTAÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO
APRENDIZAGEM DO ALUNO SURDO.................................................20
2.1 O ENSINO DA LIBRAS.....................................................................20
2.2 O INTÉRPRETE DE LIBRAS............................................................22
2.3 PAPEL DA ESCOLA.........................................................................23
2.4 PAPEL DO PROFESSOR REGENTE..............................................24
2.5 O PAPEL DA FAMÍLIA......................................................................26
3 FUNÇÃO DO INTERVENTOR OU INSTRUTOR MEDIADOR............28
3.1 ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO.........................................................28
3.2 FUNÇÕES DO INTERVENTOR OU INSTRUTOR MEDIADOR SURDO E
OUVINTE..............................................................................................................29
3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.........................................30
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................33
REFERÊNCIAS..................................................................................... 35
INTRODUÇÃO
A importância da atuação do instrutor mediador com alunos surdos, é um
tema pertinente na atualidade, tendo seu respaldo nos Tratados Internacionais
(Declaração de Salamanca), ou na legislação do nosso país, assegurado pela lei
Federal nº 10.436 de 24 de abril de 2002, Decreto 5626/2005.
Dar-se-á, a saber, as conceituações da Surdez, tais como diagnósticos e
possíveis tratamentos em seguida; como também o papel do Instrutor na escola, o
papel da escola e da família, sua atuação; alguns procedimentos metodológicos, que
foram utilizados no ensino de Surdos, e comprovaram eficácia. Lembrando que não
se trata de receita pronta, mas de uma contribuição a mais para quem estiver
iniciando ou atuando e necessita de um referencial, destacamos ainda a
necessidade de relatar que estes procedimentos poderão se necessários sofrerem
outras adaptações considerando a especificidade de cada aluno na individualidade.
Está-se vivendo uma nova fase da educação. E hoje, mais do que nunca, a
pessoa com necessidades educacionais especiais está tendo a garantia do seu
direito constitucional ao acesso à educação, saúde e moradia. Na perspectiva
inclusiva, o processo de ensino deve direcionar-se para o aluno. Nesse sentido, o
professor precisa conhecer o alunado em sua individualidade, para viabilizar um
planejamento o atendimento ao aluno com ou sem deficiência, em todas as suas
diferenças sejam quais forem.
Os alunos Surdos são um dos grupos que mais tem merecido atenção dos
educadores nos dias atuais, seja pela diversidade de conceitos utilizados para
explicar a inteligência e suas especificidades de aprendizagem peculiares, seja pela
dificuldade de mediações adequadas desses alunos na escola de ensino regular.
Questiona-se aqui: Qual a importância da atuação do Instrutor Mediador?
A presente pesquisa justifica-se pela necessidade de busca de referenciais
que informem sobre qual a atuação deste profissional.
Assim, a presente investigação tem como objetivo estudar de maneira
sistemática, com fundamentos teóricos consistentes a atuação do instrutor
mediador.
Para tanto, pauta-se numa pesquisa bibliográfica, através da análise e
10
fichamento de livros, periódicos e banco de dados, no sentido de confrontar teorias
diferentes para uma melhor compreensão do tema.
A pesquisa apresenta-se dividida em três capítulos assim constituídos:
O Capítulo 1 apresenta aos aspectos históricos e conceituais sobre a
Surdez.
O Capítulo 2 aborda adaptações curriculares para o ensino do aluno surdo.
O capítulo 3 faz uma panorâmica da atuação do Instrutor Mediador e
Interventor no processo de ensino aprendizagem do aluno Surdo.
Por fim, tece considerações pelo estudo proposto.
1. ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS SOBRE A SURDEZ
1.1 PROCESSO HISTÓRICO
Levantar dados sobre o processo histórico que os surdos apresentam ao
decorrer de sua existência é explanar sobre as discrepâncias e lacunas cravadas na
memória coletiva social, as quais devem ser expostas para serem melhor
entendidas, compreendidas e historicizada.
Neste ínterim, enquanto no Egito antigo os surdos eram adorados como se
fossem deuses, ao servirem de mediadores entre os deuses e os faraós na
Antiguidade Clássica, os Gregos viam os surdos como animais, para eles o
pensamento se dava pela fala e todas as pessoas que apresentavam uma
deficiência eram ignorados e até lançados em precipícios, já que as principais
cidades estados valorizavam a habilidade física para serem ingressados na vida
militar como defesa de sucessivos ataques territoriais que sofriam. O surdo ao não
dispor da fala e da linguagem eram excluídos.
Porém, Sócrates, em 360 a.c., declarou que era aceitável os surdos se
comunicarem com as mãos e o corpo. Os Romanos, influenciados pelo povo grego,
também viam os surdos como seres imperfeitos e os excluía da sociedade.
Na Idade Média, Santo Agostinho defendia a ideia de que os pais de filhos
surdos pagavam por algum pecado que haviam cometido. Acreditava que os surdos
podiam se comunicar por meio de gestos, que, em equivalência à fala, eram aceitos
para a salvação da alma. Pois pessoas que apresentassem qualquer diferença física
da fala ou doença eram consideradas impura e indigna de viver na sociedade
europeia da época. Eram julgadas condenadas e expostas socialmente pela Igreja
Católica, ao ponto de ser lançada a deriva no mar, a mercê das disparidades
espaciais e temporais, até morrendo por falta de auxílio.
John Beverley, em 700 d.C., foi o primeiro a ensinar uma pessoa surda a
falar (em que há registro). Por essa razão, ele foi considerado por muitos como o
primeiro educador de surdos. Foi na Idade Moderna que se distinguiu, pela primeira
vez, a surdez de mudez. Juan Pablo Bonet, padre espanhol, deu continuidade ao
trabalho de León, ensinando os surdos a lerem e a falarem, utilizando outra
metodologia, o método oral. Já, John Bulwer, médico britânico, publicou vários livros
defendendo o uso de gestos entre os surdos. Nesse sentido, John Wallis (1616 a
12
1703) desistiu de ensinar os surdos a oralidade, dedicou-se somente a ensiná-los a
escrever usando gestos. (SILVA, R.R, 2003)
O primeiro Instituto Nacional de Surdos-Mudos foi criado em Paris, por
Charles Michel de L’Épée, nascido em 1712. Este instituto reconhecia a pessoa
surda como um ser que tem a sua própria língua. Neste momento histórico da
surdez foi dado um passo decisivo e inclusivo do surdo na sociedade europeia, onde
ele conquistava um espaço efetivo para ser ensinado e respeitado institucionalmente
como um individuo considerado como pensante. Na Idade Contemporânea, Pierre
Desloges publicou o primeiro livro escrito por um surdo. Ele se tornou surdo ao
adquirir varíola aos sete anos, aprendendo a comunicar-se apenas por gestos. Em
1880, com a realização da Convenção Internacional de Milão, os educadores
presentes determinaram a supremacia dos métodos orais puros. Sendo assim,
qualquer forma de comunicação sem ser oral era proibida, sendo esses surdos
novamente rejeitados e lançados a margem da sociedade europeia. SILVA, V. et al.
Educação de surdos: Uma Releitura da Primeira Escola Pública para Surdos
(PORTAL DA EDUCAÇÃO, 2003)
O continente europeu como considerado ocidentalista e eurocêntrico no
âmbito intelectual foi o catalisador e marginizador dos surdos ao longo dos séculos
de sua história, mas na realidade particular das localidades. No Brasil, uma língua
nacional de sinais passou a ser difundida a partir do segundo império.
Essa conquista para os surdos predominou somente até 1911 período que se
passou a adotar o oralismo puro. (O oralismo puro consiste em efetivar a
comunicação por meio do entendimento dos movimentos normais dos lábios). O
século XX assistiu, até a década de 60, uma abordagem quase exclusivamente
oralista entre as escolas de surdos e nesta década estudos demonstraram
insuficiente eficácia destes métodos no desenvolvimento linguístico e cognitivo da
pessoa surda.
Nos anos 50, uma série de inovações aconteceu em benefício à surdez.
Surgiram, por exemplo, as primeiras escolas normais e jardins de infância para
crianças surdas. Após esse período começou um movimento pelo resgate da língua
de sinais, de forma bimodal (dois modos de linguagens), como uma fala de
instrução, por meio da Filosofia da Comunicação Total (fazer uso simultâneo da
língua de sinais e da língua oral). Em 1970, já havia tratamento para bebês surdos.
Já em 1980, o INES intensificou o trabalho de pesquisas sobre a Língua Brasileira
13
de Sinais e sobre a educação de surdos, criando o primeiro curso de especialização
para professores na área da surdez. O Bilinguismo passou então a ser difundido.
Nos anos 80 e 90 teve início um movimento reivindicatório dentro da
comunidade surda, advogando a primazia da língua de sinais na educação dos
surdos, concomitante com o aprendizado da linguagem oral (PORTAL DA
EDUCAÇÃO, 2003).
Neste período em 10 de novembro de 1993 criou se a Lei Municipal nº. 2.997
que reconheceu a Língua de Sinais no município de Campo Grande. Em 1996, a
Libras foi reconhecida também no Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Lei
Estadual nº. 1.693 de 12 de setembro de 1996.
A partir da homologação da Lei nº. 10.436/2002, a propagação da Língua
Brasileira de Sinais é consolidada, e o Programa Nacional de Apoio à Educação de
Surdo vem reafirmar essa necessidade e possibilidade. A língua de sinais é
reconhecida em todo o mundo como um sistema linguístico independente das
línguas oral-auditivas, e foi reconhecida por meio do Decreto nº. 5.626, de 22 de
dezembro de 2005 (PORTAL DA EDUCAÇÃO, 2003). Utilizando se de um canal
visual espacial, a língua de sinais comporta sistemas simbólicos visuais que dão
sentido à comunicação e fortalecem os discursos surdos.
Atualmente, a proposta educacional para o surdo é bilíngue e, com isso, há o
reconhecimento da Libras, ou seja, da necessidade de que todas as pessoas,
surdas ou ouvintes se apropriem da Língua Brasileira de Sinais.
1.2 CONCEITO DE SURDEZ
A audição é um dos cinco sentidos e o nosso ouvido é o órgão responsável
pela sua captação e equilíbrio do corpo. Cada parte do ouvido é responsável por
transmitir as vibrações do som, até chegarem ao nosso sistema nervoso e serem
reconhecidas pelo nosso cérebro, fazendo com que o sujeito perceba o que está
acontecendo a sua volta, além de desempenhar um papel fundamental na
comunicação humana.
Perceber, reconhecer, interpretar e, finalmente, compreender os diferentes
sons do ambiente só é possível graças à existência de três estruturas que funcionam
de forma ajustada e harmoniosa, constituindo o sistema auditivo humano: uma é
externa, que compreende o pavilhão auricular (orelha), o conduto auditivo e a
14
membrana timpânica, essa estrutura tem por função receber as ondas sonoras,
captadas pela orelha e transportá-las até a membrana timpânica ou tímpano,
fazendo-a vibrar com a pressão das ondas sonoras. A membrana timpânica separa
o ouvido externo do ouvido médio. No ouvido médio, possui três ossos muito
pequenos (martelo, bigorna e estribo) presos por músculos cuja função é mover-se
para frente e para trás colaborando no transporte das ondas sonoras até a parte
interna do ouvido e as outras duas estruturas são internas localizadas na caixa
craniana, é também denominado ouvido interno. Nela estão situados a cóclea que é
composta por células ciliadas capazes de converter as vibrações mecânicas em
impulsos elétricos que são enviados ao nervo auditivo e deste para os centros
auditivos do cérebro, os canais semicirculares que são responsáveis pelo equilíbrio
e o nervo auditivo onde ocorre a percepção do som.
É na cóclea que o processo de decodificação tem início e termina nos
centros auditivos do cérebro, possibilitando a compreensão da mensagem recebida,
assim, qualquer alteração ou distúrbio no processamento normal da audição, seja
qual for a causa, tipo ou grau de severidade, constitui uma alteração auditiva.
Portanto, diz-se que um indivíduo é surdo quando este perde a capacidade de
percepção normal dos sons. Segundo Smith (2008) essa perda acontece quando o
ouvido e o mecanismo da audição são lesados ou obstruídos de modo que os sons
não podem ser percebidos ou entendidos.
Há três tipos de perdas auditivas: condutiva, quando há interferência na
condução do som da orelha externa para a orelha média, ou seja, há um
impedimento na passagem das vibrações até o ouvido interno; a sensório neural ou
neurossensorial quando há lesões na orelha interna, vias auditivas nervosas e
centrais, o que impede a transmissão do som, esse tipo de lesão é irreversível; e a
perda auditiva mista quando ocorre a lesão da orelha externa e /ou média associada
à lesão de orelha interna e /ou vias auditivas.
A perda auditiva pode ser mensurado por meio de um instrumento que mede
os níveis de audição em um espectro de frequências chamado audiômetro que
diagnostica os graus de perda auditiva do indivíduo, nas frequências equivalentes a
500 Hz2, 1000 Hz e 2000 Hz, que por sua vez, são diagnosticadas como: normal (0
a 24 dB N.A3), leve (25 a 40 dB N.A), moderada (41 a 70 dB N.A), severa (71 a 90
dB N.A) e profunda (acima de 90 dB). De acordo com o grau de perda auditiva,
15
pode-se classificar a surdez em parcialmente surdo (DA) que vai da surdez leve à
moderada e surdo que vai de severa à profunda.
1.3 CAUSAS DA SURDEZ
Embora as causas etiológicas para a surdez seja desconhecida, em muitos
casos o diagnóstico médico consegue identificar a causa mais provável da perda
auditiva. De acordo com Redondo (2001), a ocorrência de gestações e partos com
histórico complicado, bem como a manifestação de doenças maternas no período
próximo ao nascimento da criança, pode inviabilizar a identificação dessa causa.
Alguns estudiosos acreditam que determinados fatores podem ser decisivos
para a perda da audição, fatores estes que provem de causas congênita e adquirida.
As principais causas da surdez congênita são hereditariedade, viroses maternas
(rubéola, sarampo), doenças tóxicas da gestante (sífilis, citomegalovírus,
toxoplasmose), ingestão de medicamentos ototóxicos (que lesam o nervo auditivo)
durante a gravidez. E adquirida, quando existe uma predisposição genética
(otosclerose),quando ocorre meningite, ingestão de remédios ototóxicos, exposição
a sons impactantes (explosão) e viroses, por exemplo.
Algumas condições têm-se destacado, como causas potenciais da SURDEZ:
Causas pré-natais, onde a criança adquire a surdez através da mãe no período da
gestação devido a: desordens genéticas ou hereditárias; à consanguinidade; ao fator
Rh; a doenças infecto-contagiosas, como a rubéola; sífilis, citomegalovírus,
toxicoplasmose, herpes; remédios ototóxicos, drogas, alcoolismo materno;
desnutrição/subnutrição/carências alimentares; pressão alta, diabetes; exposição à
radiação; entre outras. Nas causas Peri-natais a surdez da criança é adquirida
durante o parto devido a: pré-maturidade, pós-maturidade, anóxia, fórceps; infecção
hospitalar; entre outras. E nas causas Pós-natais, a criança fica surda pelo
surgimento de problemas após seu nascimento. Problemas tais como:
meningite;remédios ototóxicos, em excesso, ou sem orientação médica;sífilis
adquirida;sarampo, caxumba;exposição contínua a ruídos ou sons muito
altos;traumatismos cranianos; entre outros.
O estudo da etiologia demonstra a importância da prevenção primária na área
da saúde. Esta prevenção refere-se às ações que antecedem o problema da surdez,
16
evitando sua ocorrência devendo ser realizada por meio de campanhas de
vacinação das jovens contra a rubéola, de exames pré-nupciais, do
acompanhamento à gestante (pré-natal), de campanhas de vacinação infantil contra:
sarampo, meningite, caxumba, etc., de palestras e orientações às mães.
Já a prevenção secundária refere-se às ações que minimizam as
consequências da surdez e são realizadas tanto na área da saúde, como na área da
educação, · na área da saúde, por meio do diagnóstico, da protetização precoce da
criança e do atendimento fonoaudiológico; na área da educação, por meio do
atendimento na Educação Infantil, principalmente através do Programa de
Estimulação Precoce (para crianças de zero a três anos).
1.4 CONSEQUÊNCIAS DA SURDEZ
As consequências da surdez são proporcionais à importância da perda e a
idade do surgimento, podendo atingir vários aspectos de seu desenvolvimento
global. Dentre os danos que podem ser causados estão: limitações nas habilidades
de prestar atenção, de codificar, compreender, memorizar, manipular e usar
efetivamente a informação auditiva, podendo levar até mesmo ao distúrbio do
processamento auditivo central, porém, a maior consequência e a principal, está
ligada a aquisição e desenvolvimento do processo de comunicação. Não tendo
acesso ao mundo sonoro, a criança com surdez perde muito do que acontece à sua
volta, pois “ a linguagem permite ao homem estruturar seu pensamento traduzir o
que sente, registrar o que conhece e se comunicar com outros homens”.(MEC,
Secretaria de Educação Especial, 2006)
Segundo Lima,(1988) “A audição permite que a criança adquira
conhecimentos pelo desenvolvimento da língua oral, facilitando sua integração na
comunidade ouvinte. Portanto, a presença de qualquer alteração auditiva na
primeira infância compromete o desenvolvimento da criança como um todo, nos
aspectos intelectual, social e cultural; além de comprometer os aspectos linguísticos,
pois existe um período crítico para a aquisição de uma língua”.
Na surdez leve o indivíduo é impedido de perceber igualmente todos os
fonemas das palavras, não impedindo, portanto, a aquisição normal da língua oral.
Na surdez moderada há não percepção da palavra, sendo necessária uma voz de
certa intensidade para que seja convenientemente percebida. O indivíduo tem
17
articulações alteradas e maiores problemas linguísticos. A surdez severa permite
que o indivíduo identifique alguns ruídos familiares. A compreensão verbal
dependerá de sua aptidão para a percepção visual e para observar o contexto das
situações. A surdez profunda priva o indivíduo das informações auditivas
necessárias para perceber e identificar a voz humana, impedindo-o de adquirir a
língua oral. Esse indivíduo utilizará a linguagem gestual e poderá ter pleno
desenvolvimento linguístico por meio da língua de sinais.
1.5 DIAGNÓSTICO DA SURDEZ
Os procedimentos diagnósticos para a identificação da surdez é selecionado
considerando a faixa etária em que a criança se encontra, bem como seu nível de
desenvolvimento. Marchesi (2004) afirma que para se diagnosticar um indivíduo com
surdez, é necessário verificar se ele não tem a capacidade de percepção normal dos
sons pelos padrões estabelecidos pelo ANSI (American Nacional Standards
Institute) desde 1989. Com base nesses padrões pode-se averiguar que o indivíduo
com incapacidade auditiva é aquele cuja percepção de sons não é funcional na vida
comum. Aquele cuja percepção de sons ainda que comprometida, mas funcional
com ou sem prótese auditiva é chamado de pessoa com deficiência auditiva.
Em recém-nascidos e crianças muito jovem, a suspeita é levantada primeiro
através da triagem auditiva neonatal universal (TANU). A TANU deve ser realizada
em todos os recém nascidos até um mês de vida e de preferencia antes da alta
hospitalar com o objetivo é identificar as crianças com suspeita de perda auditiva e
encaminhá-las para uma avaliação diagnóstica mais elaborada. Esta avaliação será
feira por meios de métodos que complementam a avalição confirmando o
diagnóstico e podendo detectar lesões em diferentes níveis da via auditiva. Estes
métodos são: emissões otoacústicas (EOA) e o potencial evocado auditivo de tronco
encefálico (PEATE).
As EOAS são sons que o ser humano não consegue ouvir, gerados pelas
células ciliadas externa da cóclea e que podem ser captados através de um
microfone posicionando no meato acústico externo. Este é um exame rápido e não
invasivo que pode ser realizado até mesmo no berçário. O PEATE avalia a via
auditiva desde a cóclea passando pelo VIII par craniano até o tronco encefálico. O
exame é realizado analisando-se as respostas eletrofisiológicas da via auditiva após
18
uma estimulação sonora. Estes exames devem ser combinados a avaliação
comportamental – avaliação instrumental e audiometria condicionada.
Para adultos e crianças maiores, o principal exame diagnóstico para a surdez
é a audiometria que tem a finalidade de detectar qualquer anormalidade auditiva
permitindo assim, medir o seu grau e tipo de alteração. Os principais tipos de
audiometria são a audiometria tonal, que utiliza tons puros, em várias intensidades e
frequências, através da via aérea e para isto o paciente usa um fone de ouvido no
momento do exame é considerado um teste subjetivo para avaliar o grau e o tipo de
perda auditiva. O outro tipo é a audiometria vocal, que pesquisa a capacidade de
compreensão da fala humana. O paciente irá ouvir palavras através dos fones para
repeti-las, e deve ter uma margem de acerto de 100% a no mínimo 88% para ser
considerado normal (BENTO 2011).
1.6 CAMINHOS POSSÍVEIS PARA O TRATAMENTO DA DURDEZ
Atualmente há tratamento e reabilitação para qualquer pessoa com perda
auditiva. O tratamento, portanto, dependerá da causa, tipos, graus e seu diagnóstico
deverá ser feito precocemente, ou seja, desde o seu nascimento se for o caso.
Para as perdas neurossensoriais diagnosticada como leve a moderada, o
tratamento é feito por meio do uso do aparelho auditivo convencional que captará e
ampliará o som, concomitantemente à estimulação auditiva que desenvolverá as
habilidades auditivas que quase todas as crianças com surdez possuem.
Atualmente, há inúmeros modelos e tamanhos, formatos e tecnologia bastante
variável. A escolha do modelo correto para cada pessoa, bem como a adaptação
adequada do aparelho são essenciais no sucesso e adesão do tratamento.
Nas perdas Neurossensoriais moderadas a severa com boa discriminação a
opção também é o uso de próteses convencionais, para os que não se adaptam a
essas próteses há atualmente, próteses que podem ser parcialmente implantadas
cirurgicamente. A cirurgia para sua colocação ainda é bastante delicada, mas os
resultados auditivos são bastante animadores.
Nas perdas Neurossensoriais severa e profunda bilaterais pode-se também
testar o uso de próteses convencionais e analisar os seus benefícios, mas o
indicado o uso do implante coclear. Esse implante é feito cirurgicamente, onde uma
prótese eletrônica é introduzida na cóclea e transmiti estímulos elétricos ao cérebro
19
através do nervo auditivo. A partir daí os sinais são transmitidos ao sistema nervoso
auditivo central e às regiões corticais do cérebro para serem interpretada. O
implante é indicado para bebês e adultos, porém nem todos se beneficiam dele, pois
em alguns casos o resultado esperado é muito limitado.
Algumas etiologias e tipos dão margem a outras possíveis opções
terapêuticas. As perdas condutivas, por exemplo, podem ser tratadas com a
remoção cautelosa do cerúmem (cerúmem impactado), ou do estribo (otosclerose),
por meio das reconstruções cirúrgicas dos ossículos e da membrana (sequelas de
otites), colocação de tubo de ventilação na membrana timpânica (otite média
serosa),e a colocação de próteses auditivas implantada cirurgicamente na calota
craniana - malformações congênitas da orelha externa e média (BENTO 2011).
2 ADAPTAÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO DO ALUNO SURDO
2.1 O ENSINO DE LIBRAS
A Língua de Brasileira de Sinais, é um sistema linguístico com regras
gramaticais independentes dos sistemas das línguas orais, visto se tratar de uma
língua gestual visual, utilizando como canal de comunicação movimentos gestuais e
expressões faciais e corporais que são percebidos pela visão. A diferença na
modalidade determina o uso de mecanismos sintáticos específicos, diferentes dos
utilizados nas línguas orais.( QUADROS; PIZZIO, 2010).
A aquisição da LIBRAS desde a mais tenra idade possibilita às crianças
surdas maiores rapidez e naturalidade na exposição de seus sentimentos, desejos e
necessidades. Possibilita a estruturação do pensamento e da cognição e ainda uma
interação social, ativando consequentemente o desenvolvimento da linguagem.
(MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006)
Quadros e Pizzio (2010, p.75) afirmam que o ensino da língua materna
instrumentalizará o aluno com ferramentas que determinará a sua inserção nas suas
relações de negociação que dependem do uso adequado da língua, além de tratar
de aspectos culturais que se manifestam por meio da língua, ou seja, as produções
literárias e todas as produções orais. Assim, segundo as autoras, usar a língua é um
instrumento de poder para o cidadão potencializado que precisa valer seus direitos
sociais.
O acesso a essa língua permitirá o desenvolvimento da linguagem de forma
natural e espontânea, podendo ocorrer de forma idêntica ao processo de crianças
adquirindo quaisquer outras línguas, deste modo, adquiri-la de forma consistente em
um período considerado normal oferecerá base linguística consolidada para a
aquisição de uma segunda língua, como observa Cummins,( QUADROS, 2011)
Para Quadros e Pizzio,(2010, p. 76) a língua de sinais oferece recursos tais
como, configurações de mão, movimentos, expressões faciais gramaticais,
movimentos do corpo, espaço de gestualização e classificadores bem como os
relatos de histórias e a interação espontânea da criança como adulto por meio da
língua gestual, que podem ser usados e trabalhados como instrumentos para o
21
ensino da língua que objetiva explorar toda capacidade criativa que pode ser
expressa através da língua gestual brasileira para uma alfabetização com êxito.
Para que a língua de sinais torne rica e lúdica e a criança venha dominá-la,
explorando toda a sua capacidade criativa, tornando assim possível o
amadurecimento da capacidade lógica cognitiva, alguns aspectos precisam ser
explorados, como por exemplo configurações de mãos, os movimentos dos sinais
(movimentos internos e externos, ou seja, movimentos do próprio sinal e
movimentos de relações gramaticais no espaço), utilização de classificadores com
configurações de mãos apropriadas (incluem todas as relações descritivas e
preposicionais estabelecidas através de classificadores, bem como, as formas de
objetos, pessoas e ações e relações entre eles, tais como, ao lado de, em cima de,
contra, em baixo de, em, dentro de, fora de, atrás de, em frente de, etc.),
estabelecimento de relações temporais através de marcação de tempo e de
advérbios temporais (futuro, passado, no presente, ontem, semana passada, mês
passado, ano passado, antes, hoje, agora, depois, amanhã, na semana que vem, no
próximo mês, etc.), especificação do tipo de ação, duração, intensidade e repetição
(adjetivação, aspecto e marcação de plural), exploração de relações gramaticais
mais complexas (relações de comparação, tais como, isto e aquilo, isto ou aquilo,
este melhor do que este, aquele melhor do que este, este igual àquele, este com
aquele; relações de condição, tais como, se isto então aquilo; relações de
simultaneidade, por exemplo, enquanto isto acontece, aquilo está acontecendo;
relações de subordinação, como por exemplo, o fulano pensa que está o fazendo o
tal coisa; aquele que tem isso, está fazendo aquilo), estabelecimento de referentes
presentes e não presentes no discurso, bem como, o uso de pronominais para
retomada de tais referentes de forma consistente e exploração da produção artística
em sinais usando todos os recursos sintáticos, morfológicos, fonológicos e
semânticos próprios da LSB (tais recursos incluem, por exemplo os aspectos
mencionados até então) entre outros.
Assim sendo, uma adaptação curricular é de fundamental importância para
garantir o acesso a todos os conteúdos escolares na própria língua da criança,
apresentando possibilidades tanto no nível social e político como no nível artístico
assim, o ensino de libras é o caminho para uma mudança eficaz nas condições
oferecidas pela escola no atendimento desses alunos.(QUADROS E PIZZIO, 2011)
22
2.2 O INTÉRPRETE DE LIBRAS
O professor Intérprete tem como função traduzir e interpretar a língua de
sinais para a língua portuguesa e vice-versa em qualquer modalidade em que se
apresentar (oral ou escrita) de modo a mediar situações de comunicação entre os
alunos surdos e demais membros da comunidade escolar. Ele é o responsável pela
interpretação de todas as atividades e eventos de caráter educacional, nas turmas
mistas das séries finais do ensino fundamental e ensino médio, bem como nas
modalidades da EJA (Educação de Jovens e Adultos), educação profissional e
educação indígena.
Na educação das crianças surdas, a primeira língua (L1) é Língua de Sinais.
Porém, a maioria das crianças surdas vem de famílias ouvintes, que não dominam
essa língua, assim, segundo Utuari1
essas crianças ingressam na escola sem a
aquisição da língua materna - Libras, pois por não conviverem com outros surdos
usuários da Libras não adquiriram a língua materna e então, encontram enorme
dificuldade tanto nos sinais quanto na escrita, o que prejudica de forma intensa o
seu desenvolvimento sócio acadêmico. Diante disso, se fez necessário a atuação do
Professor Instrutor-Mediador, visto que o aluno não sabendo Libras não justifica a
contratação do intérprete de Libras, pois a atuação desse profissional será de pouca
relevância para o desenvolvimento educacional desse aluno.
O termo professor instrutor mediador (PIM) é de origem canadense e utilizado
para designar o profissional que atua junto às pessoas surdo cegas pré-linguísticas
e deficientes múltiplas sensoriais, ele faz a mediação entre a pessoa que é surdo
cega e o seu ambiente para capacitá-la a se comunicar com o mesmo efetivamente
e receber informações não distorcidas do mundo a seu redor.” Desde 2003 em Mato
Grosso do Sul foi assegurado aos estudantes surdo cego pré-linguísticos, que estão
em processo de ampliação da comunicação, que inclui a aquisição de língua, o
direito ao atendimento de um professor instrutor mediador, mais tarde esse direito
foi também estendido aos alunos surdos.
O trabalho desenvolvido pelo Professor instrutor-mediador é de extrema
importância para que o processo de aprendizagem deste aluno se dê de maneira a
alcançar o máximo de desempenho possível. O professor PIM, oportunizará ao
aluno surdo ou surdocego a aquisição da língua materna de sinais de forma
contextualizada, bem como a aquisição da segunda língua (língua portuguesa) na
23
modalidade escrita, além de desenvolver os conteúdos curriculares propostos com o
uso de recursos e estratégias que possibilitem a aprendizagem e desenvolvimento
do aluno surdo ou surdocego, favorecendo a aquisição de conceitos que são
indispensáveis para seu sucesso.
O Professor instrutor-mediador deverá exercer algumas funções em harmonia
com o professor regente, coordenação e direção, como planejar as aulas junto ao
professor regente, elaborando estratégias e recursos adequados às necessidades
do aluno em cada conteúdo ministrado que o beneficie, assegurando-o acesso ao
conhecimento, sempre avaliando o seu desempenho escolar e linguístico,
registrando o trabalho realizado e compartilhando-o com a escola, família e equipe
da educação especial, além de elaborar relatórios e portfólio do atendimento,
participar de Formação continuada na área da educação de surdos e surdocegos,
seguir as orientações do CAS e normas da escola onde atua e participar nas
reuniões de equipe escolar e conselho de classe referente ao aluno que atende.
Deste modo, o professor instrutor-mediador deverá criar oportunidades para
que a escola seja um ambiente inclusivo, onde haja aceitação, segurança, que seja
estimulante e consistente para que o aluno desenvolva condições para o
pensamento independente, autonomia de escolhas, resolução de problemas,
tomada de decisões, ou seja, para que o aluno descubra e desenvolva suas
potencialidades não subestimando as suas capacidades.
2.3 PAPEL DA ESCOLA
A América Latina caracteriza-se por ser a região mais desigual do
mundo. As sociedades são altamente desintegradas e fragmentadas devido à
persistência da pobreza e a grande desigualdade na distribuição de renda, o que
gera altos índices de exclusão. Todos os países vêm realizando importantes
esforços para obter o processo universal à Educação Básica e melhorar sua
qualidade e equidade, porém, ainda persistem importantes desigualdades
educacionais, o que significa que a educação não está sendo capaz, em muitos
casos, de romper o círculo vicioso da pobreza, nem de ser um instrumento de
mobilidade social (ENSAIOS PEDAGÓGICOS, 2005, P.7).
Enquanto a América Latina apresenta discrepâncias e desigualdades latentes
ao profissional da educação, o educador cabe o papel da escola contemporânea
24
enquanto um espaço de efetiva inclusivo social e de interação, integrar o aluno
surdo na realidade sócio - histórica atual. A escola é o instrumento sociabilizador
que aproxima o aluno enquanto individuo cívico do mundo através da expressão da
língua enquanto linguagem codificadora da sociedade.
O ensino ocorre através da Língua Portuguesa, através da leitura e da
escrita, o que fez a concepção de língua como código prevalecer. E esta
codificação se da através do aprendizado como um código escrito, Para a mesma
autora, nesta concepção, o texto é considerado produto de codificação de um
emissor a ser decodificado pelo receptor, bastando a este, para tanto, o conheci
mento do código. A leitura, nesta perspectiva, se caracteriza como decifração de
palavras. Assim formações estão no texto e cabe ao aluno a tarefa de decodificá-lo
(PEREIRA 2009).
Para ocorrer esta educação qualitativa faz-se necessário lançar um desafio à
hierarquia educacional da instituição escolar, onde a direção, profissionais
capacitados para o atendimento especializado de alunos especiais, família,
interprete e professor regente se comprometem em realizar esta decodificação.
Assim o educando surdo ao ter o acompanhamento de um interprete e de um
professor regente preocupado e compromissado com a educação deste aluno
procurar encontrar mecanismos que proporcionem ao interprete facilitação de
sinalização do conteúdo.
Esta sinalização condizente com o conteúdo ministrado ocorre quando o
professor sucinta o assunto em caracteres/tópicos do conteúdo ministrados e realiza
a decodificação da língua portuguesa e da língua de sais através da sinalização e
compreensão realizada por este educando com eficácia .
A decodificação da realidade hierárquica e institucional da escola do
professor, intérprete, e educando em relação aos conteúdos ministrados e o mundo
atual o educando consegue alcançar a sinalização e escrita através da Libras de
forma coerente e verdadeiramente inclusiva.
2.4 PAPEL DO PROFESSOR REGENTE
O Professor Regente é responsável pelo desempenho escolar do aluno Surdo,
é ele quem ministra as aulas, expõe o conteúdo, traz recursos metodológicos e
contribui na Mediação dando suporte ao Instrutor Mediador, um depende do outro,
25
pois o aluno não avança se não houver a mediação, que é o canal de comunicação,
fala-se muito em ética, mas na verdade trata-se de conscientização da importância
do papel que o Instrutor Mediador desempenha favorecendo o ensino-aprendizagem
do aluno Surdo.
É um árduo trabalho de equipe, onde os papéis são bem especificados, o
Professor Regente é a engrenagem principal, o Mediador por sua vez desempenha
papel diferente, não secundário, o professor regente é o responsável direto no
desenvolvimento acadêmico do aluno Surdo, é o responsável pela avaliação e todo
o acompanhamento necessário para evolução acadêmica do aluno Surdo.
O papel do professor regente com a parceria do mediador é fundamental para
a eficácia do ensino aprendizagem do aluno Surdo. Durante o processo de ensino
aprendizagem se o professor regente perceber que o aluno Surdo não assimilou o
conteúdo passado deverá retomar o processo em parceria do Mediador até o
objetivo específico seja atingido.
O professor regente necessita desenvolver um trabalho pedagógico em um
ambiente bilíngue, em que se utilize a língua de sinais e a língua portuguesa, deve-
se trabalhar em parceria com os professores do AEE e os mediadores de libras
inseridos no contexto escolar, para que se realizem o estudo dos termos específicos
do conteúdo curricular, organizando este trabalho em um glossário ilustrado afim de
facilitar a vida acadêmica do aluno nos diferentes significados e forma de uso que as
palavras podem assumir, se possível for, adequar o ambiente todo de forma que
venha a atender as especificidades do sujeito surdo. Outrossim, fazer uso constante
de imagens ou do teatro (teatralização) são recursos importantes para se trabalhar
com a representação de conceitos abstratos.
A avaliação do desenvolvimento acadêmico do sujeito surdo, neste caso,
aconselha-se a processual e contínua para assegurar que o avanço do sujeito surdo
seja identificado e que se possa redefinir o planejamento considerando os
progressos e potencializando estímulos desafiadores na aquisição da língua
portuguesa, devendo ter uma postura de flexibilização consciente e responsável
diante do aluno considerando os avanços diários e ritmos individuais, o interface
com seus pares é importantíssimo a fim de beneficiar e melhorar o atendimento ao
sujeito surdo nos diferentes contexto escolar.
26
2.5 O PAPEL DA FAMÍLIA
“A Família é a peça chave e mais importante do processo escolar de
realização do aprendizado.” Está é uma frase forte e desafiadora para a educação
afirmar que a família e a peça chave e mais importante no processo de ensino e
aprendizagem, mas é com efetiva clareza do processo educacional que professores
regentes afirmam no interior das instituições escolares que o apoio e
acompanhamento diário e corriqueiro da família proporcionam um ensino e
aprendizado qualitativo em equivalência com a contemporaneidade.
Desse modo, uma educação destinada ao aluno surdo que apresenta uma
segunda língua Libras como língua materna faz o processo de ensino e aprendizado
ser complexo e desafiador ao professor regente, o qual necessita de clareza em
relação as necessidades especiais do discente
Assim é preciso ao professor regente compreender o que como bem
menciona Vygotsky, em sua obra Fundamentos de Defectologia (1989), que as leis
do desenvolvimento da criança com defeito estão em unidade com as leis
fundamentais de desenvolvimento da criança normal, sem estabelecer
comparações, mas propondo a ideia de processos compensatórios (VIGOTSKY,
LEV,1989).
A criança que tem desenvolvimento prejudicado por um defeito não é menos
desenvolvida que seus pares, apenas se desenvolve de forma diferente. Ela tem
uma maneira própria para processar o mundo. A dificuldade que a criança encontra
para a interação social é o que a impulsiona à compensação apoio da família
durante a concepção histórico-cultural nega o determinismo biológico, a
quantificação, a hierarquização e a padronização. Não estabelece comparações
segundo o padrão entre desenvolvimento deficiente e o normal. O que determina a
deficiência é a impossibilidade imposta socialmente ao desenvolvimento cultural. (
VIGOTSKY, LEV,1989).
Este é uma opinião que desmitifica e descortina o olhar do educador e da
família em relação às habilidades do aluno surdo, o qual apesar de suas
necessidades especiais não é menos capaz ou incapaz em relação ao considerado
aluno normal. Desta forma o enfoque sobre a deficiência não permanece no mesmo
no espaço escolar.
27
O olhar do professor não estar naquilo que ele espera que a criança
produza, mais no seu planejamento semanal, deixando de considerar sua
individualidade. Neste contexto cabe à família que tem um filho com diagnóstico de
deficiência constata que o maior problema a ser enfrentado não é a deficiência e sim
o preconceito.
O preconceito existe somente se as representações da sociedade estão
emitidas no inconsciente coletivo dos familiares que desconhecem o projeto
educacional integrador e emitem uma compreensão derivada do senso comum
através do apegam em valores pré-concebidos e pré-estabelecidos que, mesmo não
sendo favoráveis, são, pelo menos, seguros. Mas, a História da educação destinada
aos surdos, o papel da escola enquanto ser vivo no espaço integrador socialmente e
família cabe transpor as os valores estabelecidos na sociedade contemporânea
através da transversalidade transmitida e apreendidas pelos alunos surdos.
3 FUNÇÃO DO INTERVENTOR OU INSTRUTOR MEDIADOR
3.1 ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO
A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva,
publicada em 2008, reafirmou a Lei n. 10.436/2002 do Decreto 5.626/2005,
legitimando, mais uma vez, a educação bilíngue para as pessoas surdas, conforme
disposto seguir a Lei Federal nº 10.436 de 24 de abril de 2002, Dispõe o seguinte
sobre a língua Brasileira de sinais , libras, Art. 1º, parágrafo único. Entende-se
Língua Brasileira de Sinais Libras a forma de comunicação e expressão, em que o
sistema linguístico de natureza visual-motora como estrutura gramatical própria,
constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de
comunidades de pessoas surdas do Brasil.(Educação inclusiva e Educação para a
paz: relações possíveis).
PERSPECTIVA HISTÓRICA -
Origem do termo aconteceu na década de 60 quando foram identificados
muitos casos de crianças surdocegas por sequelas da Síndrome da Rubéola
Congênita;
Muitas destas crianças foram para escolas nos EUA Professores do Canadá
foram receber treinamento na Perkins School for the Blind em Massachussets – EUA
em 165, retorno dos estudantes canadenses, pois havia muitos casos de
surdocegueira nos EUA também. Iniciou-se no Canadá um programa de
atendimento para surdocegos na W. Ross Macdonald School em Brantford. Filosofia
da intervenção baseada no fato de que outra pessoa mediando o mundo parece ser
a “chave” para o sucesso da pessoa com surdocegueira.
No Canadá, o termo intervenor é utilizado para designar a pessoa que é
especializada em intermediar o mundo para o surdocego. Intervenção é “fazer com,
não fazer por.”.
É o profissional que fornece intervenção para uma pessoa surdocega e
deficiente múltipla sensorial. “Ele faz a mediação entre a pessoa que é surdocega e
o seu ambiente para capacitá-la a se comunicar com o mesmo efetivamente e
receber informações não distorcidas do mundo a seu redor.” (The W. Ross
Macdonald School Deafblind Resource Services, Brantford, Ontário)Maia (2008),
explica: “No Brasil, adotamos o nome de instrutor mediador para designar este
29
profissional, pois está mais próximo de nossa realidade e aos trabalhos que estão
sendo desenvolvidos com essa população. Esse profissional fornece intervenção e a
mediação entre a pessoa surda cega e deficiente múltipla sensorial e o seu
ambiente para capacitá-la a se comunicar com o mesmo efetivamente, receber
informações não distorcidas do mundo ao seu redor. “INSTRUTOR MEDIADOR NA
EDUCAÇÃO DE ALUNOS SURDOS”, A maioria de nossos estudantes surdos chega
às escolas sem uma língua materna; Intérpretes não tem a função de professor;
Entretanto percebeu-se a necessidade de uma mediação na explicação dos
conteúdos isto é o aluno necessitava de atenção diferenciada, materiais inclusivos
que possibilitasse compreensão dos conteúdos de forma contextualizada; O
professor regente transmitia os conteúdos, o Intérprete traduzia, mas não tinha como
função a adaptar das aulas, o instrutor mediador recebeu esta incumbência de
traduzir, interpretar e adaptar as aulas conforme a necessidades do aluno Surdo,
atendendo as especificidades do sujeito em questão.
No Mato Grosso do Sul desde 2003 é assegurado aos estudantes surdos
cegos pré-linguísticos, que estão em processo de ampliação da comunicação, que
inclui a aquisição de língua, o direito ao atendimento de um professor instrutor
mediador, este direito foi estendido posteriormente aos alunos surdos;
Muitos desafios foram enfrentados e as propostas educacionais revistas,
conduzindo a uma tomada de posição que resultou em novas práticas de ensino e
aprendizagem consistentes e produtivas para a educação de pessoas com surdez,
nas escolas públicas e particulares. Foi necessário reinventar as formas de conceber
a escola e suas práticas pedagógicas, rompendo com os modos lineares do pensar
e agir no que se refere à escolarização.
3.2 FUNÇÕES DO INTERVENTOR OU INSTRUTOR MEDIADOR SURDO E
OUVINTE
O instrutor Mediador desenvolverá o programa educacional que contemple o
ensino da Libras como L1 e da Língua Portuguesa como L2 na modalidade escrita
de forma contextualizada trabalhando os conteúdos do currículo escolar fazendo uso
de recursos e estratégias necessárias, respeitando o nível de aprendizagem do
aluno e avaliará continuamente o desempenho escolar e linguístico do aluno.
Planejando e elaborarão estratégias e recursos adequados as necessidades do
30
aluno em cada conteúdo ministrado em consonância com o professor regente.
Trabalhará com o aluno nos diferentes contextos escolares, seguindo-as orientações
e normas da escola onde atua, participará das reuniões de equipe escolar e
conselho de classes referentes ao aluno que atende; Registrar o trabalho realizado
compartilhando com a escola, família e equipe da educação especial. Elaborando
relatórios e portfólio do atendimento que sirvam de referenciais pedagógicos aos
anos seguintes.
O instrutor mediador deverá participar de Formação continuada na área da
educação de surdos e surdo cegos, proporcionando o acesso a aprendizagem da
Libras – L1, Língua Portuguesa na modalidade escrita L2,facorecendo ao sujeito
Surdo o acesso aos conteúdos do currículo escolar proporcionando modificações
nos e adaptações de acordo suas especificidades, adequando o ensino
aprendizado do indivíduo surdo ou surdo cego orientando o aluno através das
atividades e exploração prática de materiais e ambientes.
O Instrutor Mediador favorecerá o aluno na aquisição de conceitos que são
indispensáveis para o seu sucesso; Ter claro que é fundamental o envolvimento do
professor regente, assim como também da coordenação e direção no trabalho que é
desenvolvido com o aluno surdo ou surdo cego, orientando os alunos a interagirem
de forma adequada com outras pessoas e o ambiente, propiciando oportunidade
para estabelecer um relacionamento de confiança com o aluno surdo ou surdo cego
e promover na escola um ambiente inclusivo, onde haja aceitação, segurança, que
seja estimulante e consistente para que o aluno promovendo, desenvolva condições
para o pensamento independente, autonomia de escolhas, resolução de problemas,
tomada de decisões; Conduzindo para que o aluno descubra e desenvolva suas
potencialidades não subestimando as suas capacidades, propiciando oportunidade
para que a comunidade escolar possa aprender e utilizar a Libras na comunicação e
a família participe ativamente no processo educacional, incentivando-os a também
aprenderem a Libras, informar a família do aluno sobre a importância de frequentar
regularmente o Atendimento Educacional Especializado, AEE no contra turno.
3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O início dos processos de apropriação da Libras, será determinante para o
estabelecimento de uma relação com a Língua Portuguesa que se diferencia
31
daquela geralmente observada nas práticas de leitura de sujeitos surdos, ou seja, a
leitura de palavras desvinculada do contexto enunciativo, o que inviabiliza a
compreensão do texto.
Por esta razão, a presença de adultos surdos e de professores bilíngues em
sala de aula é tão importante, pois a centralidade não deve ser posta na palavra em
si, mas sim no sentido que ela carrega, nos diferentes contextos em que a palavra
está inserida, implicando em diversas formas de enunciar em Libras.
Ainda no decorrer dos processos de desenvolvimento de linguagem (Libras),
práticas de leituras devem ser iniciadas: leitura de figuras, que inicialmente ganharão
um caráter mais descritivo; em seguida, estas passam a ter temporalidade e
relações podem ser estabelecidas entre elas. A linguagem escrita, que sempre
esteve presente, passa a ter sentido para as crianças e adolescentes e os processos
de reconhecimento das palavras se intensificam. Se esses processos forem tratados
da forma como discutimos acima, possibilitará aos sujeitos surdos o entendimento
do que é leitura: um processo de compreensão ativa, no qual os múltiplos sentido s
em circulação no texto são constituídos a partir de uma relação dialógica
estabelecida entre autor e leitor, entre leitor e texto e entre os múltiplos enunciados,
as múltiplas vozes e linguagens sociais que ecoam no texto. Portanto, a leitura é um
momento de constituição do texto, um processo de interação verbal, na medida em
que nela se desencadeia o processo de significação (LODI, 2004).
As atividades de produção escrita entram também em jogo neste processo,
porém estas pressupõem desenvolvimento de linguagem e conhecimento de como
se produz textos, desenvolvido a partir das práticas de leitura. Considerando o
processo descrito por Vygotsky (131/184), os desenhos inicialmente serão as formas
de significação possíveis para as crianças/adolescentes dizerem o que desejam na
linguagem escrita que, gradativamente, se respeitado o processo descrito acima,
será substituído pela escrita de enunciados (verbais). Estes terão como base a
forma de enunciar em Libras e, posteriormente, em uma relação interdiscursiva e
interlinguística em enunciados que respeitam os processos enunciativos da Língua.
Portuguesa. Novamente, neste momento, o professor bilíngue torna-se
fundamental, pois apenas um professor que conhece os processos enunciativos em
ambas as línguas poderá trabalhar a análise entre os enunciados em ambas as
línguas de forma a favorecer esta aprendizagem, não podemos nos esquecer dos
processos de transferência dos elementos da primeira para a segunda língua e as
32
influências que uma sofre em detrimento da outra.
O Instrutor Mediador é um facilitador que se utiliza das estratégias de ensino
aprendizagem para atingir o nível cognitivo do aluno surdo, isto é, potencializar a
aprendizagem do sujeito, o uso da função social da escrita é um dos fatores que
mais contribuem para a alfabetização e letramento dos alunos Surdo, é importante o
maior número possível de acesso a diferentes escritas/letras, ressaltando a função
social e utilidade do que está sendo ensinado.
Observa-se que o aluno Surdo depende da aquisição da Libras para
compreensão do entorno que vive. Questões simples do cotidiano trabalhadas e
dramatizadas em Libras propiciam enriquecimento de vocabulário e amplia o léxico
da Língua Portuguesa, sendo de suma importância a discriminação visual
fundamental para compreensão das ideias contextualizadas, a utilização de
informações visuais gráficas redundantes e suplementares ao texto, relacionadas às
experiências vivenciadas pelo aluno surdo, colaboram significadamente para a
ampliação de vocabulário na L1 e na L2.
É importante a apresentação da figura/palavra/ sinal para que o aluno com a
repetição das palavras aprenda o significado e a utilizando-as contextualmentente. A
leitura processa- se de forma simultânea e analítica (do todo para o todo); a palavra
é vista como uma unidade compacta; na ausência de imagens acústicas que lhes
confiram significado, as palavras são memorizadas mecanicamente, sem sentido, a
percepção de sílabas não ocorre, já que a palavra é percebida por suas
propriedades visuais, ou seja, ortográficas e não auditivas. Com os estudantes
surdos ocorrem a relação: sinal, imagem e palavra, a leitura processa- se de
forma simultânea e analítica (do todo para o todo); a palavra é vista como uma
unidade compacta; na ausência de imagens acústicas que lhes confiram significado,
as palavras são memorizadas mecanicamente, sem sentido.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A libras – Língua Brasileira de Sinais, é a língua natural das comunidades
surdas e foi reconhecida como língua oficial das pessoas surdas no Brasil que se
caracteriza por aspectos linguísticos com regras morfológicas, sintáticas, fonológicas
e semânticas próprias, capaz de possibilitar o desenvolvimento cognitivo do surdo,
favorecendo seu acesso aos conceitos e aos conhecimentos existentes de uma
sociedade.
O professor Intérprete tem como função traduzir e interpretar a língua de
sinais para a língua portuguesa e vice-versa em qualquer modalidade em que se
apresentar (oral ou escrita) de modo a mediar situações de comunicação entre os
alunos surdos e demais membros da comunidade escolar devendo ser fiel na
interpretação, declarando de forma clara tudo que lhe for passado, logo, este
profissional é de pouca valia se a criança quando inserido no mundo escolar não
possui a língua materna – libras.
Portanto, devido a inúmeros casos de inserção de crianças sem a língua
materna Libras nas escolas e observando que tanto o professor regente como o
intérprete não atende as necessidades desses alunos de modo a favorecer o seu
aprendizado, fez-se necessário à atuação do professor instrutor mediador, um termo
adotado com base na educação de surdo cego. Esse professor de apoio aos alunos
surdos e surdo cegos desenvolverá o programa educacional que contemple o ensino
da Libras como L1 e da Língua Portuguesa como L2 na modalidade escrita de forma
contextualizada, bem como os conteúdos do currículo escolar, fazendo uso de
recursos alternativos necessários, respeitando o nível de aprendizagem do aluno.
Proporcionando-lhe a aquisição de conceitos que são indispensáveis para o seu
sucesso acadêmico e consequentemente, sua formação enquanto cidadão.
Assim, pois, a escola deverá criar condições adequadas de aprendizagem
onde o instrutor mediador com o professor regente crie estratégias e recursos
adequados às necessidades do aluno em cada conteúdo ministrado que o beneficie,
assegurando-o acesso ao conhecimento, possibilitando-o uma formação enquanto
cidadão, interação social com outras pessoas além de propiciar oportunidades para
que descubra e desenvolva sua potencialidade, desenvolva condições para o
34
pensamento independente, autonomia de escolhas, resolução de problemas,
tomada de decisões.
35
REFERÊNCIAS
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. Acesso em: 12 outubros 2014.
____.BR Decreto 5626/2005. . Disponível em: www.planalto.gov.br
. Acesso em: 12 outubros 2014.
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QUADROS, R. M. DE. Idéias para ensinar português para alunos surdos /
Quadros, Ronice Muller Quadros, Magali L. P. Schmiedt. – Brasília: MEC, SEESP,
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Lisboa: Universidade Católica Editora, 2010.
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36
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SILVA, L. C. DA MOURÃO, M. P.(org) Atendimento educacional especializado
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SMITH, D. D. Introdução à educação Especial: Ensinar em Tempos de Inclusão.
5ª ed. Artmed.
SANTA CATARINA, Secretaria de Estado da Educação. Fundação Catarinense de
Educação Especial. Intérpretes educacionais de Libras: orientações para a prática
profissional / Org. João Paulo Ampessan, Juliana Sousa Pereira Guimarães e
Marcos Luchi -- Florianópolis: DIOESC, 2013.

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A importância da atuação do instrutor Mediador com alunos Surdos

  • 1. ANDRÉA GIRNIANI OLIVEIRA DOS SANTOS RODRIGUÊS MARINEIZE NETO PLEUTIM AQUINO TÂNIA MARCIA PEREIRA DA SILVA FUJII A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO INSTRUTOR MEDIADOR COM ALUNOS SURDOS PONTA PORÃ 2014
  • 2. ANDRÉA GIRNIANI OLIVEIRA DOS SANTOS RODRIGUÊS MARINEIZE NETO PLEUTIM AQUINO TÂNIA MARCIA PEREIRA DA SILVA FUJII A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO INSTRUTOR MEDIADOR COM ALUNOS SURDOS Monografia apresentada ao curso. Pós-graduação Educação Especial Atendimento às Necessidades Especiais, do ESAP – Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação e UNIVALE – Faculdades Integradas do Vale do Ivaí, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista. Orientador: Prof. Ms. Reinaldo Ribeiro de Castro Junior PONTA PORÃ 2014
  • 3. ANDREA GIRNIANI OLIVEIRA DOS SANTOS RODRIGUÊS MARINEIZE NETO PLEUTIM AQUINO TÂNIA MARCIA PEREIRA DA SILVA FUJII A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO INSTRUTOR MEDIADOR COM ALUNOS SURDOS Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Educação Especial Atendimento às Necessidades Especiais, do ESAP – Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação e UNIVALE – Faculdades Integradas do Vale do Ivaí, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista. COMISSÃO EXAMINADORA __________ NOTA ________________________________ Prof. avaliador (nome e assinatura) ________________________________ secretaria ________________________________ Secretaria Ponta Porã, (MS), ______de__________de 2014.
  • 4. DEDICATÓRIA Aos nossos alunos que nos inspiraram e nos subsidiaram na produção do mesmo. Aos nossos familiares, que nos apoiaram possibilitando a conclusão do presente trabalho.
  • 5. AGRADECIMENTOS A todos que contribuíram na elaboração deste trabalho, especialmente ao Professor Ms. Reinaldo Ribeiro de Castro Júnior que demonstrou competência e habilidade para nos orientar com clareza e propriedade.
  • 6. “Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.” Paulo Freire
  • 7. RODRIGUÊS, A. G. O. S., AQUINO, M. N. P. FUJII, T. M. P. S.A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO INSTRUTOR MEDIADOR COM ALUNOS SURDOS. ESAP – Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação e UNIVALE – Faculdades Integradas do Vale do Ivaí. Monografia de curso de pós-graduação Lato Sensu em Educação Especial, Atendimento as necessidades especiais. Ponta Porã. 2014. RESUMO Este trabalho foi elaborado no intuito de informar, orientar e subsidiar os Instrutores mediadores Bilíngues e Surdos, norteando a atuação deste profissional dentro do contexto inclusivo. Este trabalho foi desenvolvido através de pesquisas bibliográficas, mediante leitura, análise de livros conceituados, fazendo uma abordagem que vai desde a conceituação da surdez, os diagnósticos, tratamentos, papel do Mediador nos diferentes ambientes, adaptações curriculares para a inclusão do sujeito surdo e por fim a atuação dos Instrutores mediadores Bilíngues e Surdos junto ao sujeito. Intenciona-se conscientizar os profissionais envolvidos na educação do sujeito surdo, das potencialidades e possibilidades de ensino aprendizagem do mesmo, utilizando-se dos recursos adequados nos procedimentos metodológicos a fim de que possam vencer as barreiras de compreensão que envolve a L1(libras) e a L2(língua portuguesa). Palavras-chave: Instrutor Mediador, Libras, Educação.
  • 8. SUMÁRIO INTRODUÇÃO..........................................................................................9 1 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DA SURDEZ...............11 1.1 PROCESSO HISTÓRICO.................................................................11 1.2 CONCEITO DA SURDEZ.................................................................13 1.3 CAUSAS DA SURDEZ.....................................................................15 1.4 CONSEQUÊNCIAS DA SURDEZ.....................................................16 1.5 DIAGNÓSTICO DA SURDEZ...........................................................17 1.6 CAMINHOS POSSÍVEIS PARA O TRATAMENTO DA SURDEZ....18 2 ADAPTAÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO APRENDIZAGEM DO ALUNO SURDO.................................................20 2.1 O ENSINO DA LIBRAS.....................................................................20 2.2 O INTÉRPRETE DE LIBRAS............................................................22 2.3 PAPEL DA ESCOLA.........................................................................23 2.4 PAPEL DO PROFESSOR REGENTE..............................................24 2.5 O PAPEL DA FAMÍLIA......................................................................26 3 FUNÇÃO DO INTERVENTOR OU INSTRUTOR MEDIADOR............28 3.1 ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO.........................................................28 3.2 FUNÇÕES DO INTERVENTOR OU INSTRUTOR MEDIADOR SURDO E OUVINTE..............................................................................................................29 3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.........................................30 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................33 REFERÊNCIAS..................................................................................... 35
  • 9. INTRODUÇÃO A importância da atuação do instrutor mediador com alunos surdos, é um tema pertinente na atualidade, tendo seu respaldo nos Tratados Internacionais (Declaração de Salamanca), ou na legislação do nosso país, assegurado pela lei Federal nº 10.436 de 24 de abril de 2002, Decreto 5626/2005. Dar-se-á, a saber, as conceituações da Surdez, tais como diagnósticos e possíveis tratamentos em seguida; como também o papel do Instrutor na escola, o papel da escola e da família, sua atuação; alguns procedimentos metodológicos, que foram utilizados no ensino de Surdos, e comprovaram eficácia. Lembrando que não se trata de receita pronta, mas de uma contribuição a mais para quem estiver iniciando ou atuando e necessita de um referencial, destacamos ainda a necessidade de relatar que estes procedimentos poderão se necessários sofrerem outras adaptações considerando a especificidade de cada aluno na individualidade. Está-se vivendo uma nova fase da educação. E hoje, mais do que nunca, a pessoa com necessidades educacionais especiais está tendo a garantia do seu direito constitucional ao acesso à educação, saúde e moradia. Na perspectiva inclusiva, o processo de ensino deve direcionar-se para o aluno. Nesse sentido, o professor precisa conhecer o alunado em sua individualidade, para viabilizar um planejamento o atendimento ao aluno com ou sem deficiência, em todas as suas diferenças sejam quais forem. Os alunos Surdos são um dos grupos que mais tem merecido atenção dos educadores nos dias atuais, seja pela diversidade de conceitos utilizados para explicar a inteligência e suas especificidades de aprendizagem peculiares, seja pela dificuldade de mediações adequadas desses alunos na escola de ensino regular. Questiona-se aqui: Qual a importância da atuação do Instrutor Mediador? A presente pesquisa justifica-se pela necessidade de busca de referenciais que informem sobre qual a atuação deste profissional. Assim, a presente investigação tem como objetivo estudar de maneira sistemática, com fundamentos teóricos consistentes a atuação do instrutor mediador. Para tanto, pauta-se numa pesquisa bibliográfica, através da análise e
  • 10. 10 fichamento de livros, periódicos e banco de dados, no sentido de confrontar teorias diferentes para uma melhor compreensão do tema. A pesquisa apresenta-se dividida em três capítulos assim constituídos: O Capítulo 1 apresenta aos aspectos históricos e conceituais sobre a Surdez. O Capítulo 2 aborda adaptações curriculares para o ensino do aluno surdo. O capítulo 3 faz uma panorâmica da atuação do Instrutor Mediador e Interventor no processo de ensino aprendizagem do aluno Surdo. Por fim, tece considerações pelo estudo proposto.
  • 11. 1. ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS SOBRE A SURDEZ 1.1 PROCESSO HISTÓRICO Levantar dados sobre o processo histórico que os surdos apresentam ao decorrer de sua existência é explanar sobre as discrepâncias e lacunas cravadas na memória coletiva social, as quais devem ser expostas para serem melhor entendidas, compreendidas e historicizada. Neste ínterim, enquanto no Egito antigo os surdos eram adorados como se fossem deuses, ao servirem de mediadores entre os deuses e os faraós na Antiguidade Clássica, os Gregos viam os surdos como animais, para eles o pensamento se dava pela fala e todas as pessoas que apresentavam uma deficiência eram ignorados e até lançados em precipícios, já que as principais cidades estados valorizavam a habilidade física para serem ingressados na vida militar como defesa de sucessivos ataques territoriais que sofriam. O surdo ao não dispor da fala e da linguagem eram excluídos. Porém, Sócrates, em 360 a.c., declarou que era aceitável os surdos se comunicarem com as mãos e o corpo. Os Romanos, influenciados pelo povo grego, também viam os surdos como seres imperfeitos e os excluía da sociedade. Na Idade Média, Santo Agostinho defendia a ideia de que os pais de filhos surdos pagavam por algum pecado que haviam cometido. Acreditava que os surdos podiam se comunicar por meio de gestos, que, em equivalência à fala, eram aceitos para a salvação da alma. Pois pessoas que apresentassem qualquer diferença física da fala ou doença eram consideradas impura e indigna de viver na sociedade europeia da época. Eram julgadas condenadas e expostas socialmente pela Igreja Católica, ao ponto de ser lançada a deriva no mar, a mercê das disparidades espaciais e temporais, até morrendo por falta de auxílio. John Beverley, em 700 d.C., foi o primeiro a ensinar uma pessoa surda a falar (em que há registro). Por essa razão, ele foi considerado por muitos como o primeiro educador de surdos. Foi na Idade Moderna que se distinguiu, pela primeira vez, a surdez de mudez. Juan Pablo Bonet, padre espanhol, deu continuidade ao trabalho de León, ensinando os surdos a lerem e a falarem, utilizando outra metodologia, o método oral. Já, John Bulwer, médico britânico, publicou vários livros defendendo o uso de gestos entre os surdos. Nesse sentido, John Wallis (1616 a
  • 12. 12 1703) desistiu de ensinar os surdos a oralidade, dedicou-se somente a ensiná-los a escrever usando gestos. (SILVA, R.R, 2003) O primeiro Instituto Nacional de Surdos-Mudos foi criado em Paris, por Charles Michel de L’Épée, nascido em 1712. Este instituto reconhecia a pessoa surda como um ser que tem a sua própria língua. Neste momento histórico da surdez foi dado um passo decisivo e inclusivo do surdo na sociedade europeia, onde ele conquistava um espaço efetivo para ser ensinado e respeitado institucionalmente como um individuo considerado como pensante. Na Idade Contemporânea, Pierre Desloges publicou o primeiro livro escrito por um surdo. Ele se tornou surdo ao adquirir varíola aos sete anos, aprendendo a comunicar-se apenas por gestos. Em 1880, com a realização da Convenção Internacional de Milão, os educadores presentes determinaram a supremacia dos métodos orais puros. Sendo assim, qualquer forma de comunicação sem ser oral era proibida, sendo esses surdos novamente rejeitados e lançados a margem da sociedade europeia. SILVA, V. et al. Educação de surdos: Uma Releitura da Primeira Escola Pública para Surdos (PORTAL DA EDUCAÇÃO, 2003) O continente europeu como considerado ocidentalista e eurocêntrico no âmbito intelectual foi o catalisador e marginizador dos surdos ao longo dos séculos de sua história, mas na realidade particular das localidades. No Brasil, uma língua nacional de sinais passou a ser difundida a partir do segundo império. Essa conquista para os surdos predominou somente até 1911 período que se passou a adotar o oralismo puro. (O oralismo puro consiste em efetivar a comunicação por meio do entendimento dos movimentos normais dos lábios). O século XX assistiu, até a década de 60, uma abordagem quase exclusivamente oralista entre as escolas de surdos e nesta década estudos demonstraram insuficiente eficácia destes métodos no desenvolvimento linguístico e cognitivo da pessoa surda. Nos anos 50, uma série de inovações aconteceu em benefício à surdez. Surgiram, por exemplo, as primeiras escolas normais e jardins de infância para crianças surdas. Após esse período começou um movimento pelo resgate da língua de sinais, de forma bimodal (dois modos de linguagens), como uma fala de instrução, por meio da Filosofia da Comunicação Total (fazer uso simultâneo da língua de sinais e da língua oral). Em 1970, já havia tratamento para bebês surdos. Já em 1980, o INES intensificou o trabalho de pesquisas sobre a Língua Brasileira
  • 13. 13 de Sinais e sobre a educação de surdos, criando o primeiro curso de especialização para professores na área da surdez. O Bilinguismo passou então a ser difundido. Nos anos 80 e 90 teve início um movimento reivindicatório dentro da comunidade surda, advogando a primazia da língua de sinais na educação dos surdos, concomitante com o aprendizado da linguagem oral (PORTAL DA EDUCAÇÃO, 2003). Neste período em 10 de novembro de 1993 criou se a Lei Municipal nº. 2.997 que reconheceu a Língua de Sinais no município de Campo Grande. Em 1996, a Libras foi reconhecida também no Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Lei Estadual nº. 1.693 de 12 de setembro de 1996. A partir da homologação da Lei nº. 10.436/2002, a propagação da Língua Brasileira de Sinais é consolidada, e o Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdo vem reafirmar essa necessidade e possibilidade. A língua de sinais é reconhecida em todo o mundo como um sistema linguístico independente das línguas oral-auditivas, e foi reconhecida por meio do Decreto nº. 5.626, de 22 de dezembro de 2005 (PORTAL DA EDUCAÇÃO, 2003). Utilizando se de um canal visual espacial, a língua de sinais comporta sistemas simbólicos visuais que dão sentido à comunicação e fortalecem os discursos surdos. Atualmente, a proposta educacional para o surdo é bilíngue e, com isso, há o reconhecimento da Libras, ou seja, da necessidade de que todas as pessoas, surdas ou ouvintes se apropriem da Língua Brasileira de Sinais. 1.2 CONCEITO DE SURDEZ A audição é um dos cinco sentidos e o nosso ouvido é o órgão responsável pela sua captação e equilíbrio do corpo. Cada parte do ouvido é responsável por transmitir as vibrações do som, até chegarem ao nosso sistema nervoso e serem reconhecidas pelo nosso cérebro, fazendo com que o sujeito perceba o que está acontecendo a sua volta, além de desempenhar um papel fundamental na comunicação humana. Perceber, reconhecer, interpretar e, finalmente, compreender os diferentes sons do ambiente só é possível graças à existência de três estruturas que funcionam de forma ajustada e harmoniosa, constituindo o sistema auditivo humano: uma é externa, que compreende o pavilhão auricular (orelha), o conduto auditivo e a
  • 14. 14 membrana timpânica, essa estrutura tem por função receber as ondas sonoras, captadas pela orelha e transportá-las até a membrana timpânica ou tímpano, fazendo-a vibrar com a pressão das ondas sonoras. A membrana timpânica separa o ouvido externo do ouvido médio. No ouvido médio, possui três ossos muito pequenos (martelo, bigorna e estribo) presos por músculos cuja função é mover-se para frente e para trás colaborando no transporte das ondas sonoras até a parte interna do ouvido e as outras duas estruturas são internas localizadas na caixa craniana, é também denominado ouvido interno. Nela estão situados a cóclea que é composta por células ciliadas capazes de converter as vibrações mecânicas em impulsos elétricos que são enviados ao nervo auditivo e deste para os centros auditivos do cérebro, os canais semicirculares que são responsáveis pelo equilíbrio e o nervo auditivo onde ocorre a percepção do som. É na cóclea que o processo de decodificação tem início e termina nos centros auditivos do cérebro, possibilitando a compreensão da mensagem recebida, assim, qualquer alteração ou distúrbio no processamento normal da audição, seja qual for a causa, tipo ou grau de severidade, constitui uma alteração auditiva. Portanto, diz-se que um indivíduo é surdo quando este perde a capacidade de percepção normal dos sons. Segundo Smith (2008) essa perda acontece quando o ouvido e o mecanismo da audição são lesados ou obstruídos de modo que os sons não podem ser percebidos ou entendidos. Há três tipos de perdas auditivas: condutiva, quando há interferência na condução do som da orelha externa para a orelha média, ou seja, há um impedimento na passagem das vibrações até o ouvido interno; a sensório neural ou neurossensorial quando há lesões na orelha interna, vias auditivas nervosas e centrais, o que impede a transmissão do som, esse tipo de lesão é irreversível; e a perda auditiva mista quando ocorre a lesão da orelha externa e /ou média associada à lesão de orelha interna e /ou vias auditivas. A perda auditiva pode ser mensurado por meio de um instrumento que mede os níveis de audição em um espectro de frequências chamado audiômetro que diagnostica os graus de perda auditiva do indivíduo, nas frequências equivalentes a 500 Hz2, 1000 Hz e 2000 Hz, que por sua vez, são diagnosticadas como: normal (0 a 24 dB N.A3), leve (25 a 40 dB N.A), moderada (41 a 70 dB N.A), severa (71 a 90 dB N.A) e profunda (acima de 90 dB). De acordo com o grau de perda auditiva,
  • 15. 15 pode-se classificar a surdez em parcialmente surdo (DA) que vai da surdez leve à moderada e surdo que vai de severa à profunda. 1.3 CAUSAS DA SURDEZ Embora as causas etiológicas para a surdez seja desconhecida, em muitos casos o diagnóstico médico consegue identificar a causa mais provável da perda auditiva. De acordo com Redondo (2001), a ocorrência de gestações e partos com histórico complicado, bem como a manifestação de doenças maternas no período próximo ao nascimento da criança, pode inviabilizar a identificação dessa causa. Alguns estudiosos acreditam que determinados fatores podem ser decisivos para a perda da audição, fatores estes que provem de causas congênita e adquirida. As principais causas da surdez congênita são hereditariedade, viroses maternas (rubéola, sarampo), doenças tóxicas da gestante (sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose), ingestão de medicamentos ototóxicos (que lesam o nervo auditivo) durante a gravidez. E adquirida, quando existe uma predisposição genética (otosclerose),quando ocorre meningite, ingestão de remédios ototóxicos, exposição a sons impactantes (explosão) e viroses, por exemplo. Algumas condições têm-se destacado, como causas potenciais da SURDEZ: Causas pré-natais, onde a criança adquire a surdez através da mãe no período da gestação devido a: desordens genéticas ou hereditárias; à consanguinidade; ao fator Rh; a doenças infecto-contagiosas, como a rubéola; sífilis, citomegalovírus, toxicoplasmose, herpes; remédios ototóxicos, drogas, alcoolismo materno; desnutrição/subnutrição/carências alimentares; pressão alta, diabetes; exposição à radiação; entre outras. Nas causas Peri-natais a surdez da criança é adquirida durante o parto devido a: pré-maturidade, pós-maturidade, anóxia, fórceps; infecção hospitalar; entre outras. E nas causas Pós-natais, a criança fica surda pelo surgimento de problemas após seu nascimento. Problemas tais como: meningite;remédios ototóxicos, em excesso, ou sem orientação médica;sífilis adquirida;sarampo, caxumba;exposição contínua a ruídos ou sons muito altos;traumatismos cranianos; entre outros. O estudo da etiologia demonstra a importância da prevenção primária na área da saúde. Esta prevenção refere-se às ações que antecedem o problema da surdez,
  • 16. 16 evitando sua ocorrência devendo ser realizada por meio de campanhas de vacinação das jovens contra a rubéola, de exames pré-nupciais, do acompanhamento à gestante (pré-natal), de campanhas de vacinação infantil contra: sarampo, meningite, caxumba, etc., de palestras e orientações às mães. Já a prevenção secundária refere-se às ações que minimizam as consequências da surdez e são realizadas tanto na área da saúde, como na área da educação, · na área da saúde, por meio do diagnóstico, da protetização precoce da criança e do atendimento fonoaudiológico; na área da educação, por meio do atendimento na Educação Infantil, principalmente através do Programa de Estimulação Precoce (para crianças de zero a três anos). 1.4 CONSEQUÊNCIAS DA SURDEZ As consequências da surdez são proporcionais à importância da perda e a idade do surgimento, podendo atingir vários aspectos de seu desenvolvimento global. Dentre os danos que podem ser causados estão: limitações nas habilidades de prestar atenção, de codificar, compreender, memorizar, manipular e usar efetivamente a informação auditiva, podendo levar até mesmo ao distúrbio do processamento auditivo central, porém, a maior consequência e a principal, está ligada a aquisição e desenvolvimento do processo de comunicação. Não tendo acesso ao mundo sonoro, a criança com surdez perde muito do que acontece à sua volta, pois “ a linguagem permite ao homem estruturar seu pensamento traduzir o que sente, registrar o que conhece e se comunicar com outros homens”.(MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006) Segundo Lima,(1988) “A audição permite que a criança adquira conhecimentos pelo desenvolvimento da língua oral, facilitando sua integração na comunidade ouvinte. Portanto, a presença de qualquer alteração auditiva na primeira infância compromete o desenvolvimento da criança como um todo, nos aspectos intelectual, social e cultural; além de comprometer os aspectos linguísticos, pois existe um período crítico para a aquisição de uma língua”. Na surdez leve o indivíduo é impedido de perceber igualmente todos os fonemas das palavras, não impedindo, portanto, a aquisição normal da língua oral. Na surdez moderada há não percepção da palavra, sendo necessária uma voz de certa intensidade para que seja convenientemente percebida. O indivíduo tem
  • 17. 17 articulações alteradas e maiores problemas linguísticos. A surdez severa permite que o indivíduo identifique alguns ruídos familiares. A compreensão verbal dependerá de sua aptidão para a percepção visual e para observar o contexto das situações. A surdez profunda priva o indivíduo das informações auditivas necessárias para perceber e identificar a voz humana, impedindo-o de adquirir a língua oral. Esse indivíduo utilizará a linguagem gestual e poderá ter pleno desenvolvimento linguístico por meio da língua de sinais. 1.5 DIAGNÓSTICO DA SURDEZ Os procedimentos diagnósticos para a identificação da surdez é selecionado considerando a faixa etária em que a criança se encontra, bem como seu nível de desenvolvimento. Marchesi (2004) afirma que para se diagnosticar um indivíduo com surdez, é necessário verificar se ele não tem a capacidade de percepção normal dos sons pelos padrões estabelecidos pelo ANSI (American Nacional Standards Institute) desde 1989. Com base nesses padrões pode-se averiguar que o indivíduo com incapacidade auditiva é aquele cuja percepção de sons não é funcional na vida comum. Aquele cuja percepção de sons ainda que comprometida, mas funcional com ou sem prótese auditiva é chamado de pessoa com deficiência auditiva. Em recém-nascidos e crianças muito jovem, a suspeita é levantada primeiro através da triagem auditiva neonatal universal (TANU). A TANU deve ser realizada em todos os recém nascidos até um mês de vida e de preferencia antes da alta hospitalar com o objetivo é identificar as crianças com suspeita de perda auditiva e encaminhá-las para uma avaliação diagnóstica mais elaborada. Esta avaliação será feira por meios de métodos que complementam a avalição confirmando o diagnóstico e podendo detectar lesões em diferentes níveis da via auditiva. Estes métodos são: emissões otoacústicas (EOA) e o potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE). As EOAS são sons que o ser humano não consegue ouvir, gerados pelas células ciliadas externa da cóclea e que podem ser captados através de um microfone posicionando no meato acústico externo. Este é um exame rápido e não invasivo que pode ser realizado até mesmo no berçário. O PEATE avalia a via auditiva desde a cóclea passando pelo VIII par craniano até o tronco encefálico. O exame é realizado analisando-se as respostas eletrofisiológicas da via auditiva após
  • 18. 18 uma estimulação sonora. Estes exames devem ser combinados a avaliação comportamental – avaliação instrumental e audiometria condicionada. Para adultos e crianças maiores, o principal exame diagnóstico para a surdez é a audiometria que tem a finalidade de detectar qualquer anormalidade auditiva permitindo assim, medir o seu grau e tipo de alteração. Os principais tipos de audiometria são a audiometria tonal, que utiliza tons puros, em várias intensidades e frequências, através da via aérea e para isto o paciente usa um fone de ouvido no momento do exame é considerado um teste subjetivo para avaliar o grau e o tipo de perda auditiva. O outro tipo é a audiometria vocal, que pesquisa a capacidade de compreensão da fala humana. O paciente irá ouvir palavras através dos fones para repeti-las, e deve ter uma margem de acerto de 100% a no mínimo 88% para ser considerado normal (BENTO 2011). 1.6 CAMINHOS POSSÍVEIS PARA O TRATAMENTO DA DURDEZ Atualmente há tratamento e reabilitação para qualquer pessoa com perda auditiva. O tratamento, portanto, dependerá da causa, tipos, graus e seu diagnóstico deverá ser feito precocemente, ou seja, desde o seu nascimento se for o caso. Para as perdas neurossensoriais diagnosticada como leve a moderada, o tratamento é feito por meio do uso do aparelho auditivo convencional que captará e ampliará o som, concomitantemente à estimulação auditiva que desenvolverá as habilidades auditivas que quase todas as crianças com surdez possuem. Atualmente, há inúmeros modelos e tamanhos, formatos e tecnologia bastante variável. A escolha do modelo correto para cada pessoa, bem como a adaptação adequada do aparelho são essenciais no sucesso e adesão do tratamento. Nas perdas Neurossensoriais moderadas a severa com boa discriminação a opção também é o uso de próteses convencionais, para os que não se adaptam a essas próteses há atualmente, próteses que podem ser parcialmente implantadas cirurgicamente. A cirurgia para sua colocação ainda é bastante delicada, mas os resultados auditivos são bastante animadores. Nas perdas Neurossensoriais severa e profunda bilaterais pode-se também testar o uso de próteses convencionais e analisar os seus benefícios, mas o indicado o uso do implante coclear. Esse implante é feito cirurgicamente, onde uma prótese eletrônica é introduzida na cóclea e transmiti estímulos elétricos ao cérebro
  • 19. 19 através do nervo auditivo. A partir daí os sinais são transmitidos ao sistema nervoso auditivo central e às regiões corticais do cérebro para serem interpretada. O implante é indicado para bebês e adultos, porém nem todos se beneficiam dele, pois em alguns casos o resultado esperado é muito limitado. Algumas etiologias e tipos dão margem a outras possíveis opções terapêuticas. As perdas condutivas, por exemplo, podem ser tratadas com a remoção cautelosa do cerúmem (cerúmem impactado), ou do estribo (otosclerose), por meio das reconstruções cirúrgicas dos ossículos e da membrana (sequelas de otites), colocação de tubo de ventilação na membrana timpânica (otite média serosa),e a colocação de próteses auditivas implantada cirurgicamente na calota craniana - malformações congênitas da orelha externa e média (BENTO 2011).
  • 20. 2 ADAPTAÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO DO ALUNO SURDO 2.1 O ENSINO DE LIBRAS A Língua de Brasileira de Sinais, é um sistema linguístico com regras gramaticais independentes dos sistemas das línguas orais, visto se tratar de uma língua gestual visual, utilizando como canal de comunicação movimentos gestuais e expressões faciais e corporais que são percebidos pela visão. A diferença na modalidade determina o uso de mecanismos sintáticos específicos, diferentes dos utilizados nas línguas orais.( QUADROS; PIZZIO, 2010). A aquisição da LIBRAS desde a mais tenra idade possibilita às crianças surdas maiores rapidez e naturalidade na exposição de seus sentimentos, desejos e necessidades. Possibilita a estruturação do pensamento e da cognição e ainda uma interação social, ativando consequentemente o desenvolvimento da linguagem. (MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006) Quadros e Pizzio (2010, p.75) afirmam que o ensino da língua materna instrumentalizará o aluno com ferramentas que determinará a sua inserção nas suas relações de negociação que dependem do uso adequado da língua, além de tratar de aspectos culturais que se manifestam por meio da língua, ou seja, as produções literárias e todas as produções orais. Assim, segundo as autoras, usar a língua é um instrumento de poder para o cidadão potencializado que precisa valer seus direitos sociais. O acesso a essa língua permitirá o desenvolvimento da linguagem de forma natural e espontânea, podendo ocorrer de forma idêntica ao processo de crianças adquirindo quaisquer outras línguas, deste modo, adquiri-la de forma consistente em um período considerado normal oferecerá base linguística consolidada para a aquisição de uma segunda língua, como observa Cummins,( QUADROS, 2011) Para Quadros e Pizzio,(2010, p. 76) a língua de sinais oferece recursos tais como, configurações de mão, movimentos, expressões faciais gramaticais, movimentos do corpo, espaço de gestualização e classificadores bem como os relatos de histórias e a interação espontânea da criança como adulto por meio da língua gestual, que podem ser usados e trabalhados como instrumentos para o
  • 21. 21 ensino da língua que objetiva explorar toda capacidade criativa que pode ser expressa através da língua gestual brasileira para uma alfabetização com êxito. Para que a língua de sinais torne rica e lúdica e a criança venha dominá-la, explorando toda a sua capacidade criativa, tornando assim possível o amadurecimento da capacidade lógica cognitiva, alguns aspectos precisam ser explorados, como por exemplo configurações de mãos, os movimentos dos sinais (movimentos internos e externos, ou seja, movimentos do próprio sinal e movimentos de relações gramaticais no espaço), utilização de classificadores com configurações de mãos apropriadas (incluem todas as relações descritivas e preposicionais estabelecidas através de classificadores, bem como, as formas de objetos, pessoas e ações e relações entre eles, tais como, ao lado de, em cima de, contra, em baixo de, em, dentro de, fora de, atrás de, em frente de, etc.), estabelecimento de relações temporais através de marcação de tempo e de advérbios temporais (futuro, passado, no presente, ontem, semana passada, mês passado, ano passado, antes, hoje, agora, depois, amanhã, na semana que vem, no próximo mês, etc.), especificação do tipo de ação, duração, intensidade e repetição (adjetivação, aspecto e marcação de plural), exploração de relações gramaticais mais complexas (relações de comparação, tais como, isto e aquilo, isto ou aquilo, este melhor do que este, aquele melhor do que este, este igual àquele, este com aquele; relações de condição, tais como, se isto então aquilo; relações de simultaneidade, por exemplo, enquanto isto acontece, aquilo está acontecendo; relações de subordinação, como por exemplo, o fulano pensa que está o fazendo o tal coisa; aquele que tem isso, está fazendo aquilo), estabelecimento de referentes presentes e não presentes no discurso, bem como, o uso de pronominais para retomada de tais referentes de forma consistente e exploração da produção artística em sinais usando todos os recursos sintáticos, morfológicos, fonológicos e semânticos próprios da LSB (tais recursos incluem, por exemplo os aspectos mencionados até então) entre outros. Assim sendo, uma adaptação curricular é de fundamental importância para garantir o acesso a todos os conteúdos escolares na própria língua da criança, apresentando possibilidades tanto no nível social e político como no nível artístico assim, o ensino de libras é o caminho para uma mudança eficaz nas condições oferecidas pela escola no atendimento desses alunos.(QUADROS E PIZZIO, 2011)
  • 22. 22 2.2 O INTÉRPRETE DE LIBRAS O professor Intérprete tem como função traduzir e interpretar a língua de sinais para a língua portuguesa e vice-versa em qualquer modalidade em que se apresentar (oral ou escrita) de modo a mediar situações de comunicação entre os alunos surdos e demais membros da comunidade escolar. Ele é o responsável pela interpretação de todas as atividades e eventos de caráter educacional, nas turmas mistas das séries finais do ensino fundamental e ensino médio, bem como nas modalidades da EJA (Educação de Jovens e Adultos), educação profissional e educação indígena. Na educação das crianças surdas, a primeira língua (L1) é Língua de Sinais. Porém, a maioria das crianças surdas vem de famílias ouvintes, que não dominam essa língua, assim, segundo Utuari1 essas crianças ingressam na escola sem a aquisição da língua materna - Libras, pois por não conviverem com outros surdos usuários da Libras não adquiriram a língua materna e então, encontram enorme dificuldade tanto nos sinais quanto na escrita, o que prejudica de forma intensa o seu desenvolvimento sócio acadêmico. Diante disso, se fez necessário a atuação do Professor Instrutor-Mediador, visto que o aluno não sabendo Libras não justifica a contratação do intérprete de Libras, pois a atuação desse profissional será de pouca relevância para o desenvolvimento educacional desse aluno. O termo professor instrutor mediador (PIM) é de origem canadense e utilizado para designar o profissional que atua junto às pessoas surdo cegas pré-linguísticas e deficientes múltiplas sensoriais, ele faz a mediação entre a pessoa que é surdo cega e o seu ambiente para capacitá-la a se comunicar com o mesmo efetivamente e receber informações não distorcidas do mundo a seu redor.” Desde 2003 em Mato Grosso do Sul foi assegurado aos estudantes surdo cego pré-linguísticos, que estão em processo de ampliação da comunicação, que inclui a aquisição de língua, o direito ao atendimento de um professor instrutor mediador, mais tarde esse direito foi também estendido aos alunos surdos. O trabalho desenvolvido pelo Professor instrutor-mediador é de extrema importância para que o processo de aprendizagem deste aluno se dê de maneira a alcançar o máximo de desempenho possível. O professor PIM, oportunizará ao aluno surdo ou surdocego a aquisição da língua materna de sinais de forma contextualizada, bem como a aquisição da segunda língua (língua portuguesa) na
  • 23. 23 modalidade escrita, além de desenvolver os conteúdos curriculares propostos com o uso de recursos e estratégias que possibilitem a aprendizagem e desenvolvimento do aluno surdo ou surdocego, favorecendo a aquisição de conceitos que são indispensáveis para seu sucesso. O Professor instrutor-mediador deverá exercer algumas funções em harmonia com o professor regente, coordenação e direção, como planejar as aulas junto ao professor regente, elaborando estratégias e recursos adequados às necessidades do aluno em cada conteúdo ministrado que o beneficie, assegurando-o acesso ao conhecimento, sempre avaliando o seu desempenho escolar e linguístico, registrando o trabalho realizado e compartilhando-o com a escola, família e equipe da educação especial, além de elaborar relatórios e portfólio do atendimento, participar de Formação continuada na área da educação de surdos e surdocegos, seguir as orientações do CAS e normas da escola onde atua e participar nas reuniões de equipe escolar e conselho de classe referente ao aluno que atende. Deste modo, o professor instrutor-mediador deverá criar oportunidades para que a escola seja um ambiente inclusivo, onde haja aceitação, segurança, que seja estimulante e consistente para que o aluno desenvolva condições para o pensamento independente, autonomia de escolhas, resolução de problemas, tomada de decisões, ou seja, para que o aluno descubra e desenvolva suas potencialidades não subestimando as suas capacidades. 2.3 PAPEL DA ESCOLA A América Latina caracteriza-se por ser a região mais desigual do mundo. As sociedades são altamente desintegradas e fragmentadas devido à persistência da pobreza e a grande desigualdade na distribuição de renda, o que gera altos índices de exclusão. Todos os países vêm realizando importantes esforços para obter o processo universal à Educação Básica e melhorar sua qualidade e equidade, porém, ainda persistem importantes desigualdades educacionais, o que significa que a educação não está sendo capaz, em muitos casos, de romper o círculo vicioso da pobreza, nem de ser um instrumento de mobilidade social (ENSAIOS PEDAGÓGICOS, 2005, P.7). Enquanto a América Latina apresenta discrepâncias e desigualdades latentes ao profissional da educação, o educador cabe o papel da escola contemporânea
  • 24. 24 enquanto um espaço de efetiva inclusivo social e de interação, integrar o aluno surdo na realidade sócio - histórica atual. A escola é o instrumento sociabilizador que aproxima o aluno enquanto individuo cívico do mundo através da expressão da língua enquanto linguagem codificadora da sociedade. O ensino ocorre através da Língua Portuguesa, através da leitura e da escrita, o que fez a concepção de língua como código prevalecer. E esta codificação se da através do aprendizado como um código escrito, Para a mesma autora, nesta concepção, o texto é considerado produto de codificação de um emissor a ser decodificado pelo receptor, bastando a este, para tanto, o conheci mento do código. A leitura, nesta perspectiva, se caracteriza como decifração de palavras. Assim formações estão no texto e cabe ao aluno a tarefa de decodificá-lo (PEREIRA 2009). Para ocorrer esta educação qualitativa faz-se necessário lançar um desafio à hierarquia educacional da instituição escolar, onde a direção, profissionais capacitados para o atendimento especializado de alunos especiais, família, interprete e professor regente se comprometem em realizar esta decodificação. Assim o educando surdo ao ter o acompanhamento de um interprete e de um professor regente preocupado e compromissado com a educação deste aluno procurar encontrar mecanismos que proporcionem ao interprete facilitação de sinalização do conteúdo. Esta sinalização condizente com o conteúdo ministrado ocorre quando o professor sucinta o assunto em caracteres/tópicos do conteúdo ministrados e realiza a decodificação da língua portuguesa e da língua de sais através da sinalização e compreensão realizada por este educando com eficácia . A decodificação da realidade hierárquica e institucional da escola do professor, intérprete, e educando em relação aos conteúdos ministrados e o mundo atual o educando consegue alcançar a sinalização e escrita através da Libras de forma coerente e verdadeiramente inclusiva. 2.4 PAPEL DO PROFESSOR REGENTE O Professor Regente é responsável pelo desempenho escolar do aluno Surdo, é ele quem ministra as aulas, expõe o conteúdo, traz recursos metodológicos e contribui na Mediação dando suporte ao Instrutor Mediador, um depende do outro,
  • 25. 25 pois o aluno não avança se não houver a mediação, que é o canal de comunicação, fala-se muito em ética, mas na verdade trata-se de conscientização da importância do papel que o Instrutor Mediador desempenha favorecendo o ensino-aprendizagem do aluno Surdo. É um árduo trabalho de equipe, onde os papéis são bem especificados, o Professor Regente é a engrenagem principal, o Mediador por sua vez desempenha papel diferente, não secundário, o professor regente é o responsável direto no desenvolvimento acadêmico do aluno Surdo, é o responsável pela avaliação e todo o acompanhamento necessário para evolução acadêmica do aluno Surdo. O papel do professor regente com a parceria do mediador é fundamental para a eficácia do ensino aprendizagem do aluno Surdo. Durante o processo de ensino aprendizagem se o professor regente perceber que o aluno Surdo não assimilou o conteúdo passado deverá retomar o processo em parceria do Mediador até o objetivo específico seja atingido. O professor regente necessita desenvolver um trabalho pedagógico em um ambiente bilíngue, em que se utilize a língua de sinais e a língua portuguesa, deve- se trabalhar em parceria com os professores do AEE e os mediadores de libras inseridos no contexto escolar, para que se realizem o estudo dos termos específicos do conteúdo curricular, organizando este trabalho em um glossário ilustrado afim de facilitar a vida acadêmica do aluno nos diferentes significados e forma de uso que as palavras podem assumir, se possível for, adequar o ambiente todo de forma que venha a atender as especificidades do sujeito surdo. Outrossim, fazer uso constante de imagens ou do teatro (teatralização) são recursos importantes para se trabalhar com a representação de conceitos abstratos. A avaliação do desenvolvimento acadêmico do sujeito surdo, neste caso, aconselha-se a processual e contínua para assegurar que o avanço do sujeito surdo seja identificado e que se possa redefinir o planejamento considerando os progressos e potencializando estímulos desafiadores na aquisição da língua portuguesa, devendo ter uma postura de flexibilização consciente e responsável diante do aluno considerando os avanços diários e ritmos individuais, o interface com seus pares é importantíssimo a fim de beneficiar e melhorar o atendimento ao sujeito surdo nos diferentes contexto escolar.
  • 26. 26 2.5 O PAPEL DA FAMÍLIA “A Família é a peça chave e mais importante do processo escolar de realização do aprendizado.” Está é uma frase forte e desafiadora para a educação afirmar que a família e a peça chave e mais importante no processo de ensino e aprendizagem, mas é com efetiva clareza do processo educacional que professores regentes afirmam no interior das instituições escolares que o apoio e acompanhamento diário e corriqueiro da família proporcionam um ensino e aprendizado qualitativo em equivalência com a contemporaneidade. Desse modo, uma educação destinada ao aluno surdo que apresenta uma segunda língua Libras como língua materna faz o processo de ensino e aprendizado ser complexo e desafiador ao professor regente, o qual necessita de clareza em relação as necessidades especiais do discente Assim é preciso ao professor regente compreender o que como bem menciona Vygotsky, em sua obra Fundamentos de Defectologia (1989), que as leis do desenvolvimento da criança com defeito estão em unidade com as leis fundamentais de desenvolvimento da criança normal, sem estabelecer comparações, mas propondo a ideia de processos compensatórios (VIGOTSKY, LEV,1989). A criança que tem desenvolvimento prejudicado por um defeito não é menos desenvolvida que seus pares, apenas se desenvolve de forma diferente. Ela tem uma maneira própria para processar o mundo. A dificuldade que a criança encontra para a interação social é o que a impulsiona à compensação apoio da família durante a concepção histórico-cultural nega o determinismo biológico, a quantificação, a hierarquização e a padronização. Não estabelece comparações segundo o padrão entre desenvolvimento deficiente e o normal. O que determina a deficiência é a impossibilidade imposta socialmente ao desenvolvimento cultural. ( VIGOTSKY, LEV,1989). Este é uma opinião que desmitifica e descortina o olhar do educador e da família em relação às habilidades do aluno surdo, o qual apesar de suas necessidades especiais não é menos capaz ou incapaz em relação ao considerado aluno normal. Desta forma o enfoque sobre a deficiência não permanece no mesmo no espaço escolar.
  • 27. 27 O olhar do professor não estar naquilo que ele espera que a criança produza, mais no seu planejamento semanal, deixando de considerar sua individualidade. Neste contexto cabe à família que tem um filho com diagnóstico de deficiência constata que o maior problema a ser enfrentado não é a deficiência e sim o preconceito. O preconceito existe somente se as representações da sociedade estão emitidas no inconsciente coletivo dos familiares que desconhecem o projeto educacional integrador e emitem uma compreensão derivada do senso comum através do apegam em valores pré-concebidos e pré-estabelecidos que, mesmo não sendo favoráveis, são, pelo menos, seguros. Mas, a História da educação destinada aos surdos, o papel da escola enquanto ser vivo no espaço integrador socialmente e família cabe transpor as os valores estabelecidos na sociedade contemporânea através da transversalidade transmitida e apreendidas pelos alunos surdos.
  • 28. 3 FUNÇÃO DO INTERVENTOR OU INSTRUTOR MEDIADOR 3.1 ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva, publicada em 2008, reafirmou a Lei n. 10.436/2002 do Decreto 5.626/2005, legitimando, mais uma vez, a educação bilíngue para as pessoas surdas, conforme disposto seguir a Lei Federal nº 10.436 de 24 de abril de 2002, Dispõe o seguinte sobre a língua Brasileira de sinais , libras, Art. 1º, parágrafo único. Entende-se Língua Brasileira de Sinais Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora como estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.(Educação inclusiva e Educação para a paz: relações possíveis). PERSPECTIVA HISTÓRICA - Origem do termo aconteceu na década de 60 quando foram identificados muitos casos de crianças surdocegas por sequelas da Síndrome da Rubéola Congênita; Muitas destas crianças foram para escolas nos EUA Professores do Canadá foram receber treinamento na Perkins School for the Blind em Massachussets – EUA em 165, retorno dos estudantes canadenses, pois havia muitos casos de surdocegueira nos EUA também. Iniciou-se no Canadá um programa de atendimento para surdocegos na W. Ross Macdonald School em Brantford. Filosofia da intervenção baseada no fato de que outra pessoa mediando o mundo parece ser a “chave” para o sucesso da pessoa com surdocegueira. No Canadá, o termo intervenor é utilizado para designar a pessoa que é especializada em intermediar o mundo para o surdocego. Intervenção é “fazer com, não fazer por.”. É o profissional que fornece intervenção para uma pessoa surdocega e deficiente múltipla sensorial. “Ele faz a mediação entre a pessoa que é surdocega e o seu ambiente para capacitá-la a se comunicar com o mesmo efetivamente e receber informações não distorcidas do mundo a seu redor.” (The W. Ross Macdonald School Deafblind Resource Services, Brantford, Ontário)Maia (2008), explica: “No Brasil, adotamos o nome de instrutor mediador para designar este
  • 29. 29 profissional, pois está mais próximo de nossa realidade e aos trabalhos que estão sendo desenvolvidos com essa população. Esse profissional fornece intervenção e a mediação entre a pessoa surda cega e deficiente múltipla sensorial e o seu ambiente para capacitá-la a se comunicar com o mesmo efetivamente, receber informações não distorcidas do mundo ao seu redor. “INSTRUTOR MEDIADOR NA EDUCAÇÃO DE ALUNOS SURDOS”, A maioria de nossos estudantes surdos chega às escolas sem uma língua materna; Intérpretes não tem a função de professor; Entretanto percebeu-se a necessidade de uma mediação na explicação dos conteúdos isto é o aluno necessitava de atenção diferenciada, materiais inclusivos que possibilitasse compreensão dos conteúdos de forma contextualizada; O professor regente transmitia os conteúdos, o Intérprete traduzia, mas não tinha como função a adaptar das aulas, o instrutor mediador recebeu esta incumbência de traduzir, interpretar e adaptar as aulas conforme a necessidades do aluno Surdo, atendendo as especificidades do sujeito em questão. No Mato Grosso do Sul desde 2003 é assegurado aos estudantes surdos cegos pré-linguísticos, que estão em processo de ampliação da comunicação, que inclui a aquisição de língua, o direito ao atendimento de um professor instrutor mediador, este direito foi estendido posteriormente aos alunos surdos; Muitos desafios foram enfrentados e as propostas educacionais revistas, conduzindo a uma tomada de posição que resultou em novas práticas de ensino e aprendizagem consistentes e produtivas para a educação de pessoas com surdez, nas escolas públicas e particulares. Foi necessário reinventar as formas de conceber a escola e suas práticas pedagógicas, rompendo com os modos lineares do pensar e agir no que se refere à escolarização. 3.2 FUNÇÕES DO INTERVENTOR OU INSTRUTOR MEDIADOR SURDO E OUVINTE O instrutor Mediador desenvolverá o programa educacional que contemple o ensino da Libras como L1 e da Língua Portuguesa como L2 na modalidade escrita de forma contextualizada trabalhando os conteúdos do currículo escolar fazendo uso de recursos e estratégias necessárias, respeitando o nível de aprendizagem do aluno e avaliará continuamente o desempenho escolar e linguístico do aluno. Planejando e elaborarão estratégias e recursos adequados as necessidades do
  • 30. 30 aluno em cada conteúdo ministrado em consonância com o professor regente. Trabalhará com o aluno nos diferentes contextos escolares, seguindo-as orientações e normas da escola onde atua, participará das reuniões de equipe escolar e conselho de classes referentes ao aluno que atende; Registrar o trabalho realizado compartilhando com a escola, família e equipe da educação especial. Elaborando relatórios e portfólio do atendimento que sirvam de referenciais pedagógicos aos anos seguintes. O instrutor mediador deverá participar de Formação continuada na área da educação de surdos e surdo cegos, proporcionando o acesso a aprendizagem da Libras – L1, Língua Portuguesa na modalidade escrita L2,facorecendo ao sujeito Surdo o acesso aos conteúdos do currículo escolar proporcionando modificações nos e adaptações de acordo suas especificidades, adequando o ensino aprendizado do indivíduo surdo ou surdo cego orientando o aluno através das atividades e exploração prática de materiais e ambientes. O Instrutor Mediador favorecerá o aluno na aquisição de conceitos que são indispensáveis para o seu sucesso; Ter claro que é fundamental o envolvimento do professor regente, assim como também da coordenação e direção no trabalho que é desenvolvido com o aluno surdo ou surdo cego, orientando os alunos a interagirem de forma adequada com outras pessoas e o ambiente, propiciando oportunidade para estabelecer um relacionamento de confiança com o aluno surdo ou surdo cego e promover na escola um ambiente inclusivo, onde haja aceitação, segurança, que seja estimulante e consistente para que o aluno promovendo, desenvolva condições para o pensamento independente, autonomia de escolhas, resolução de problemas, tomada de decisões; Conduzindo para que o aluno descubra e desenvolva suas potencialidades não subestimando as suas capacidades, propiciando oportunidade para que a comunidade escolar possa aprender e utilizar a Libras na comunicação e a família participe ativamente no processo educacional, incentivando-os a também aprenderem a Libras, informar a família do aluno sobre a importância de frequentar regularmente o Atendimento Educacional Especializado, AEE no contra turno. 3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O início dos processos de apropriação da Libras, será determinante para o estabelecimento de uma relação com a Língua Portuguesa que se diferencia
  • 31. 31 daquela geralmente observada nas práticas de leitura de sujeitos surdos, ou seja, a leitura de palavras desvinculada do contexto enunciativo, o que inviabiliza a compreensão do texto. Por esta razão, a presença de adultos surdos e de professores bilíngues em sala de aula é tão importante, pois a centralidade não deve ser posta na palavra em si, mas sim no sentido que ela carrega, nos diferentes contextos em que a palavra está inserida, implicando em diversas formas de enunciar em Libras. Ainda no decorrer dos processos de desenvolvimento de linguagem (Libras), práticas de leituras devem ser iniciadas: leitura de figuras, que inicialmente ganharão um caráter mais descritivo; em seguida, estas passam a ter temporalidade e relações podem ser estabelecidas entre elas. A linguagem escrita, que sempre esteve presente, passa a ter sentido para as crianças e adolescentes e os processos de reconhecimento das palavras se intensificam. Se esses processos forem tratados da forma como discutimos acima, possibilitará aos sujeitos surdos o entendimento do que é leitura: um processo de compreensão ativa, no qual os múltiplos sentido s em circulação no texto são constituídos a partir de uma relação dialógica estabelecida entre autor e leitor, entre leitor e texto e entre os múltiplos enunciados, as múltiplas vozes e linguagens sociais que ecoam no texto. Portanto, a leitura é um momento de constituição do texto, um processo de interação verbal, na medida em que nela se desencadeia o processo de significação (LODI, 2004). As atividades de produção escrita entram também em jogo neste processo, porém estas pressupõem desenvolvimento de linguagem e conhecimento de como se produz textos, desenvolvido a partir das práticas de leitura. Considerando o processo descrito por Vygotsky (131/184), os desenhos inicialmente serão as formas de significação possíveis para as crianças/adolescentes dizerem o que desejam na linguagem escrita que, gradativamente, se respeitado o processo descrito acima, será substituído pela escrita de enunciados (verbais). Estes terão como base a forma de enunciar em Libras e, posteriormente, em uma relação interdiscursiva e interlinguística em enunciados que respeitam os processos enunciativos da Língua. Portuguesa. Novamente, neste momento, o professor bilíngue torna-se fundamental, pois apenas um professor que conhece os processos enunciativos em ambas as línguas poderá trabalhar a análise entre os enunciados em ambas as línguas de forma a favorecer esta aprendizagem, não podemos nos esquecer dos processos de transferência dos elementos da primeira para a segunda língua e as
  • 32. 32 influências que uma sofre em detrimento da outra. O Instrutor Mediador é um facilitador que se utiliza das estratégias de ensino aprendizagem para atingir o nível cognitivo do aluno surdo, isto é, potencializar a aprendizagem do sujeito, o uso da função social da escrita é um dos fatores que mais contribuem para a alfabetização e letramento dos alunos Surdo, é importante o maior número possível de acesso a diferentes escritas/letras, ressaltando a função social e utilidade do que está sendo ensinado. Observa-se que o aluno Surdo depende da aquisição da Libras para compreensão do entorno que vive. Questões simples do cotidiano trabalhadas e dramatizadas em Libras propiciam enriquecimento de vocabulário e amplia o léxico da Língua Portuguesa, sendo de suma importância a discriminação visual fundamental para compreensão das ideias contextualizadas, a utilização de informações visuais gráficas redundantes e suplementares ao texto, relacionadas às experiências vivenciadas pelo aluno surdo, colaboram significadamente para a ampliação de vocabulário na L1 e na L2. É importante a apresentação da figura/palavra/ sinal para que o aluno com a repetição das palavras aprenda o significado e a utilizando-as contextualmentente. A leitura processa- se de forma simultânea e analítica (do todo para o todo); a palavra é vista como uma unidade compacta; na ausência de imagens acústicas que lhes confiram significado, as palavras são memorizadas mecanicamente, sem sentido, a percepção de sílabas não ocorre, já que a palavra é percebida por suas propriedades visuais, ou seja, ortográficas e não auditivas. Com os estudantes surdos ocorrem a relação: sinal, imagem e palavra, a leitura processa- se de forma simultânea e analítica (do todo para o todo); a palavra é vista como uma unidade compacta; na ausência de imagens acústicas que lhes confiram significado, as palavras são memorizadas mecanicamente, sem sentido.
  • 33. CONSIDERAÇÕES FINAIS A libras – Língua Brasileira de Sinais, é a língua natural das comunidades surdas e foi reconhecida como língua oficial das pessoas surdas no Brasil que se caracteriza por aspectos linguísticos com regras morfológicas, sintáticas, fonológicas e semânticas próprias, capaz de possibilitar o desenvolvimento cognitivo do surdo, favorecendo seu acesso aos conceitos e aos conhecimentos existentes de uma sociedade. O professor Intérprete tem como função traduzir e interpretar a língua de sinais para a língua portuguesa e vice-versa em qualquer modalidade em que se apresentar (oral ou escrita) de modo a mediar situações de comunicação entre os alunos surdos e demais membros da comunidade escolar devendo ser fiel na interpretação, declarando de forma clara tudo que lhe for passado, logo, este profissional é de pouca valia se a criança quando inserido no mundo escolar não possui a língua materna – libras. Portanto, devido a inúmeros casos de inserção de crianças sem a língua materna Libras nas escolas e observando que tanto o professor regente como o intérprete não atende as necessidades desses alunos de modo a favorecer o seu aprendizado, fez-se necessário à atuação do professor instrutor mediador, um termo adotado com base na educação de surdo cego. Esse professor de apoio aos alunos surdos e surdo cegos desenvolverá o programa educacional que contemple o ensino da Libras como L1 e da Língua Portuguesa como L2 na modalidade escrita de forma contextualizada, bem como os conteúdos do currículo escolar, fazendo uso de recursos alternativos necessários, respeitando o nível de aprendizagem do aluno. Proporcionando-lhe a aquisição de conceitos que são indispensáveis para o seu sucesso acadêmico e consequentemente, sua formação enquanto cidadão. Assim, pois, a escola deverá criar condições adequadas de aprendizagem onde o instrutor mediador com o professor regente crie estratégias e recursos adequados às necessidades do aluno em cada conteúdo ministrado que o beneficie, assegurando-o acesso ao conhecimento, possibilitando-o uma formação enquanto cidadão, interação social com outras pessoas além de propiciar oportunidades para que descubra e desenvolva sua potencialidade, desenvolva condições para o
  • 34. 34 pensamento independente, autonomia de escolhas, resolução de problemas, tomada de decisões.
  • 35. 35 REFERÊNCIAS BRASIL.(MEC) Lei 10436 de 2002. Disponível em: www.planalto.gov.br . Acesso em: 12 outubros 2014. ____.BR Decreto 5626/2005. . Disponível em: www.planalto.gov.br . Acesso em: 12 outubros 2014. BENTO, R. F. [et al.]. Tratado de Otologia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fundação otorrinolaringologia: Fapesp, 1998. BENTO, R. F. [et al.]. Otorrinolaringologia baseada em sinais e sintomas. São Paulo: Fundação Otorrinolaringologia, 2011. LIMA, D.M. DE A. Educação infantil: saberes e práticas da inclusão: dificuldades de comunicação e Sinalização: surdez. [4. ed.] Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal. [et. al.]. – Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006 MAINIERI, C. M. P. Desenvolvimento e aprendizagem de alunos surdos: Cognitivo, afetivo e social. Curitiba: IESDE Brasil S.A. 2012 MARCHESI, Á. A comunicação, linguagem e pensamento das crianças surdas. In: COLL, César, PÁLACIOS, Jesus; MARCHESI, Álvaro (org.). Desenvolvimento psicológico e educação: necessidades educativas especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre: 2004 MEC – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva – Brasilia – 2008. OLIVEIRA, L. A. Fundamentos Históricos, Biológicos e Legais da Surdez, Curitiba: IESDE Brasil S.A, 2012. PEREIRA, M. C. AS C.(org) Leitura, escrita e surdez. Secretaria da Educação, CENP/CAPE – 2. ed. - São Paulo : FDE, 2009. QUADROS, R. M. DE. Idéias para ensinar português para alunos surdos / Quadros, Ronice Muller Quadros, Magali L. P. Schmiedt. – Brasília: MEC, SEESP, 2006. QUADROS, R. M. DE; PIZZIO A. L. Bases Biológicas e Aquisição de Linguagem. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2010. REDONDO, M. C. DA F. Deficiência auditiva – Brasília: MEC. Secretaria de Educação a Distância, 2001.
  • 36. 36 SILVA, I. R.; KAUCHAKJE, S.; GESUELI, M. (Org.) Cidadania, surdez e linguagem: desafios e realidades. São Paulo: plexus, 2003 SILVA, L. C. DA MOURÃO, M. P.(org) Atendimento educacional especializado para alunos surdos – Uberlandia:EDUFU, 2013 SMITH, D. D. Introdução à educação Especial: Ensinar em Tempos de Inclusão. 5ª ed. Artmed. SANTA CATARINA, Secretaria de Estado da Educação. Fundação Catarinense de Educação Especial. Intérpretes educacionais de Libras: orientações para a prática profissional / Org. João Paulo Ampessan, Juliana Sousa Pereira Guimarães e Marcos Luchi -- Florianópolis: DIOESC, 2013.