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HISTÓRIA DE MATO GROSSO
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
1. DA OCUPAÇÃO E POVOAMENTO À
CAPITANIA DE MATO GROSSO.
1.1 CUIABÁ, DE ARRAIAL À VILA.
1.2 VILA BELA DA SANTÍSSIMA TRINDADE,
PRIMEIRA CAPITAL.
1.3 A CONSOLIDAÇÃO DO TERRITÓRIO.

Povoamento
As origens históricas do povoamento de Mato Grosso estão ligadas às descobertas de ricos veios auríferos, já no começo do século
18. Em 1718, o bandeirante Antônio Pires de Campos, que um ano antes esteve às margens do Rio Coxipó, em local denominado São
Gonçalo Velho, onde combateu e aprisionou centenas de índios Coxiponé (Bororo), encontrou-se com gente da Bandeira de Paschoal
Moreira Cabral Leme, informando-lhes sobre a possibilidade de escravizarem índios à vontade.
Ao ser informado da fartura da (possível) prea, Paschoal Moreira Cabral Leme seguiu Coxipó acima: o seu intento, no entanto, não
foi realizado, pois no confronto com o gentio da terra, na confluência dos rios Mutuca e Coxipó, os temíveis Coxiponé, que dominavam
esta região, teve sua expedição totalmente rechaçada pelas bordunas e flexas certeiras daquele povo guerreiro.
Enquanto a expedição de Moreira Cabral se restabelecia dos danos causados pela incursão Coxiponé, dedicaram-se ao cultivo de
plantações de subsistência, apenas visando o suprimento imediato da bandeira. Foi nesta época que alguns dos seus companheiros, embrenhando-se Coxipó acima, encontraram em suas barrancas as primeiras amostras de ouro. Entusiasmados pela possibilidade de riqueza
fácil, renegaram o objetivo principal da bandeira, sob os protestos imediatos de Cabral Leme, que, entretanto, aderiu aos demais. Foi
desta forma que estando a procura de índios para escravizar Paschoal Moreira Cabral Leme encontrou ouro em quantidade inimaginada.
Desta forma os paulistas bateram as estremas das regiões cuiabanas, onde o ouro se desvendava aos seus olhos. A descoberta do
ouro levou os componentes da bandeira de Cabral a se deslocarem para uma área onde tivessem maior facilidade de ação. Surgiu Forquilha, a povoação pioneira de todo Mato Grosso, na confluência do Rio Coxipó com o Ribeirão Mutuca, exatamente onde tempos havia
ocorrido terrível embate entre paulistas e índios da nação Coxiponé.
Espalhou-se então a notícia da descoberta das Minas do Cuyabá. Vale dizer que o adensamento de Forquilha foi inevitável, o que
preocupou a comunidade quanto à manutenção da ordem e estabilidade do núcleo. Este fato levou Paschoal Moreira Cabral, juntamente
com alguns bandeirantes, a lavrar uma ata e fundar o Arraial de Cuiabá, em 08 de abril de 1719, devendo a partir de então, seguir administrativamente os preceitos e determinações legais da Coroa. Na verdade, a Ata de Criação de Cuiabá deixa nítida a preocupação de
Paschoal Moreira Cabral em notificar à Coroa Portuguesa os seus direitos de posse sobre as novas lavras.
Em 1722, ocorreu a descoberta de um dos veios auríferos mais importantes da área, no local denominado Tanque do Arnesto, por
Miguel Sutil, que aportara em Cuiabá com o intuito de dedicar-se à agricultura. Com a propagação de que constituíam os veios mais
fartos da área, a migração oriunda de todas as partes da colônia tornou-se mais intensa, fato que fez de Cuiabá, no período de 1722 a
1726, uma das mais populosas cidades do Brasil, na época.
Período de capitania
No período de Capitania, Portugal se empenhou na defesa do território conquistado. A preocupação com a fronteira, a extensa linha que ia do Paraguai ao Acre, continha um aspecto estratégico: ocupar o máximo de território possível na margem esquerda do Rio
Guaporé e na direita do Rio Paraguai. O rio e as estradas eram questões de importância fundamental, pois apenas se podia contar com
animais e barcos.
À Capitania de Mato Grosso faltava povo e recursos financeiros para manter a política de conquista. Favorecimentos especiais
foram prometidos para os que morassem em Vila Bela, visando o aumento da povoação. Como o Rio Paraguai era vedado à navegação
até o Oceano Atlântico, os governadores da Capitania agilizaram o domínio dos caminhos para o leste e a navegação para o norte, pelos
rios Madeira, Arinos e Tapajós.
Ocorreram avanços de ambas as partes, Portugal e Espanha, para território de domínio oposto. Antes da criação da Capitania de
Mato Grosso, os missionários jesuítas espanhóis ocuparam a margem direita do Rio Guaporé, como medida preventiva de defesa. Para
desalojar os missionários, Rolim de Moura não duvidou em empregar recursos bélicos.

Didatismo e Conhecimento

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HISTÓRIA DE MATO GROSSO
No governo do Capitão General João Carlos Augusto D’Oeynhausen, Dom João VI instituiu o Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarves, a 16 de dezembro de 1815. A proximidade do governo supremo situado no Rio de Janeiro favoreceu a solução mais rápida das
questões de governo. A independência de comércio trouxe novos alentos à vida mato-grossense.
Com a aproximação do fim da Capitania, Cuiabá assumiu aos poucos a liderança política. Vila Bela da Santíssima Trindade funcionou eficazmente como centro político da defesa da fronteira. Não podia ostentar o brilho comercial de Cuiabá e Diamantino. O último
governador da Capitania, Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho já governou todo o tempo em Cuiabá.
Em Mato Grosso, precisamente nos anos de maturação da Independência, acirraram-se as lutas pelo poder supremo da Capitania. A
nobreza, o clero e o povo depuseram o último governador Magessi. Em seu lugar se elegeu uma Junta Governativa. Enquanto uma Junta
se elegia em Cuiabá, outra se elegeu em Mato Grosso, topônimo que passou a ser conhecido Vila Bela da Santíssima Trindade, a partir
de 17 de setembro de 1818. Sob o regime de Juntas Governativas entrou Mato Grosso no período do Brasil Independente, tornando-se
Província.
Fundação de Cuiabá
O centro histórico da atual cidade de Cuiabá tem quase três séculos. Hoje é difícil perceber essa configuração urbana secular.
Mas as avenidas largas que percorremos, olhar em movimento pegando nesgas da paisagem, foram “caminhos”, ruas, becos.
Este desenho de cidade começou por volta de 1722, em meio à invasão de terras indígenas milenares. Hoje, permanece o nome indígena: Cuiabá. A presença de sociedades ameríndias aqui, com grandes aldeias populosas, não existe mais em nossas memórias. Podemos
cultivar lembranças de longínquos ancestrais “bugres”, ou assumir atitudes públicas de respeito para com atuais lideranças ameríndias,
- mas nem vislumbramos na cidade em que vivemos as formas de espacialização anteriores à que conhecemos.
O próprio lugar onde teve início o arraial do Bom Jesus era “uma grande aldeia”. Era “coberto de mato”, com “grandiosos arvoredos” e envolto pela vastidão “campestre”, que chamamos cerrado. Os “grandiosos arvoredos” margeavam o sinuoso córrego depois
chamado “Prainha” (o Ikuebo dos Bororo, córrego das estrelas). E se esgalhavam pelos afluentes. Ao longe, a norte e leste, os “morros”
ou “serranias dos Chipone” - a chapada hoje “dos Guimarães”. A sudeste, o morro de Santo Antônio.
A margem esquerda do córrego erguia-se em escarpas. A direita subia mais suave, em “colinas”. Nesta foi edificado arraial, erguido
em 1727 à categoria de vila, com o nome de Vila Real do Bom Jesus do Cuiabá. A formação do arraial e da vila destruiu a mata, assoreou
os córregos.
A configuração do espaço do arraial e da vila começou com a construção de igreja dedicada ao Bom Jesus, em fins de 1722, pelo
paulista Jacinto Barbosa Lopes. Este Jacinto construíra a igreja-matriz da vila do Carmo (hoje cidade de Mariana), nas Gerais, com a
frente voltada para o ribeirão do Carmo, entre dois afluentes dele. Aqui, ergueu igreja também voltada para um córrego, o Prainha, entre
dois afluentes (um, na atual Voluntários da Pátria, outro na atual Generoso Ponce).
Em 1723 o governador da capitania de São Paulo assinou regimento para normatizar o espaço do arraial: (...) se faça uma povoação
grande na melhor parte que houver (...), aonde haja água e lenha (...); e o melhor meio de se adiantar na dita povoação o número de Moradores é estes fazerem suas casas; fará fazer o (...) Regente as suas, como também os principais Paulistas, porque à sua imitação se irão
seguindo os mais(...). E como (...) nas ditas Minas há telha e barro capaz para ela, deve animar e persuadir aos mineiros e mais pessoas
que fizerem as suas casas, as façam logo de telha, porque além de serem mais graves, são também mais limpas e têm melhor duração(...).
No mesmo ano o governador recebeu ordem do rei, mandando criar vila no Cuiabá. A expressão “criar vila” significava, na época,
constituir governança local, formada por “homens bons” ou “de bens”, eleitos trienalmente. A instituição dessa governança era a câmara
ou senado da câmara, que concentrava os poderes legislativo, executivo e judiciário.
Ainda nesse ano de 1723 foi criada a freguesia do Cuiabá, com sede no arraial e a igreja do Bom Jesus foi alçada à categoria de
igreja matriz.
Mas foi só a 1º de janeiro de 1727 que o governador executou a ordem régia de fundar vila no Cuiabá: Ao primeiro dia do mês de
janeiro de 1727, nesta Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá, sendo mandado por Sua Majestade, que Deus guarde, a criá-la de
novo, o Exmº. Sr. Rodrigo César de Meneses, governador e capitão general desta capitania, e que o acompanhasse para o necessário o
Dr. Antonio Álvares Lanhas Peixoto, ouvidor geral da comarca de Paranaguá, sendo por ele feitas as justiças, juizes ordinários Rodrigo
Bicudo Chacim, o tesoureiro coronel João de Queirós, e vereadores Marcos Soares de Faria, Francisco Xavier de Matos, João de Oliveira
Garcia, e procurador do conselho Paulo de Anhaia Leme, servindo de escrivão da câmara Luiz Teixeira de Almeida, almotacés o brigadeiro Antonio de Almeida Lara, e o capitão mor Antonio José de Melo, levando o estandarte da vila Matias Soares de Faria, foi mandado
pelo dito senhor governador e capitão general que com o dito Dr. ouvidor, todos juntos com a nobreza e povo, fossem à praça levantar
o pelourinho desta vila, a que em nome de el rei deu o nome de Vila Real do Bom Jesus, e declarou que sejam as armas de que usasse,
um escudo dentro com o campo verde e um morro ou monte no meio, todo salpicado com folhetas e granetes de ouro, e por timbre em
cima do escudo uma fênix; e nomeou para levantar o pelourinho ao capitão mor regente Fernando Dias Falcão, e todos os sobreditos
com o dito Dr. ouvidor, nobreza e povo foram à praça desta vila, aonde o dito Fernando Dias Falcão levantou o pelourinho, do que para
constar a todo o tempo fiz este.
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HISTÓRIA DE MATO GROSSO
À época da fundação, o ambiente do arraial foi descrito nos seguintes termos: Corre toda a povoação do sul para o norte, com planície que faz queda para um riacho que seca no verão: a leste fica um morro vizinho e a oeste uma chapada em que se tem feito parte
das casas do arraial e se podem fazer muitas mais. (...) Junto deste arraial e a sudoeste dele está um morro, em que a devoção de alguns
devotos colocou a milagrosa imagem de Nossa Senhora do Bom Despacho: daqui se descobre todo o arraial, e faz uma alegre vista pelo
aprazível dos arvoredos, morros e casas que dele se descobrem. (...) no princípio da povoação e defronte da Igreja Matriz (...).
As imagens, ‘do sul para o norte’, eram as de quem vinha do porto no rio Cuiabá para o centro do arraial. Mas o olhar descritivo
alça-se para o conjunto: “toda a povoação”.
O “riacho que seca no verão” era o prainha, hoje esgoto sob a Tenente-Coronel Duarte.
O “morro vizinho” a leste, o que resta dele tem o nome recente de “Morro da Luz”.
A “chapada” de oeste era onde hoje está o centro histórico.
O “morro” de sudoeste é o atual “Morro do Seminário”, com igreja construída neste século. A igreja setecentista foi demolida. Notável a “Igreja Matriz” como princípio da povoação.
Fundada a vila, três dias depois a primeira vereança da câmara começou a registrar suas formas de controle do espaço urbano: (...)
nenhuma pessoa (...) fará casa sem pedir licença à Câmara, que lhe dará mandando primeiro o Arruador, que deve haver de marcar lugar
para as edificar em rua direita e continuada das que estão principiadas, em forma que todas vão direitas por corda, não consentindo os
Oficiais da Câmara se façam daqui por diante casas separadas e desviadas para os matos como se acham algumas, porque além de fazerem a vila disforme, ficam nelas os moradores mais expostos a insultos (...).
Tinha início assim a consolidação do ambiente urbano colonial que é hoje o centro histórico desta cidade, patrimônio histórico nacional. (Texto adaptado de Carlos Rosa).
Primórdios de Cuibá
Em 1722, por Provisão Régia, o Arraial de Cuiabá foi elevado à categoria de distrito da Capitania de São Paulo. A Coroa mandou
que o governador da Capitania de São Paulo, Dom Rodrigo Cesar de Menezes instalasse a Villa, o município, estrutura suprema local de
governo. Dom Rodrigo partiu de São Paulo a 06 de junho de 1726 e chegou a Cuiabá a 15 de novembro do mesmo ano. A 1º de janeiro
instalou a Villa.
Há de se dizer, entretanto, que na administração do governador Rodrigo Cesar de Menezes, que trouxe ao Arraial mais de três mil
pessoas, houveram transformações radicais no sistema econômico-administrativo da Villa. A medida mais drástica foi a elevação do
imposto cobrado sobre o ouro, gerando aumento no custo de vida, devido ao crescimento populacional, agravando a situação precária
do garimpo já decadente. Estes fatos, aliados à grande violência que mesclou a sua administração, bem como a escassez das minas de
Cuiabá, tornaram-se fundamentais para a grande evasão populacional para outras áreas.
A 29 de março de 1729, D. João V, criou o cargo de Ouvidor em Cuiabá. Apesar do Brasil já se desenvolver a 200 anos, Cuiabá ainda
participou da estrutura antiga dos municípios, em que o poder máximo era exercido pelo legislativo, cabendo ao executivo um simples
papel de Procurador. O chefe nato do legislativo era a autoridade suprema do Judiciário. Por isso o poder municipal era também denominado de Ouvidoria de Cuiabá. Ainda não se usava designar limite ou área ao município; apenas recebia atenção formal a sede municipal,
com perímetro urbano. O resto do território se perdia num indefinido denominado Districto. Por isso se costumava dizer “Cuyabá e seu
Districto”. Naquele tempo os garimpeiros corriam atrás das manchas, lugares que rendiam muito ouro. Assim, em 1737, por ocasião das
notícias de muito ouro para as bandas do Guaporé, enorme contingente optou pela migração.
Se a situação da Vila de Cuiabá já estava difícil, tornou-se pior com a criação da Capitania, em 09 de maio de 1748. Em 1751, a vila
contava com seis ruas, sendo a principal a Rua das Trepadeiras (hoje Pedro Celestino). Muitos de seus habitantes migraram para a capital
da Capitania, atraídos pelos privilégios oferecidos aos que ali fossem morar. Este fator permitiu que Cuiabá ficasse quase estagnada por
período de setenta anos.
Vila Bela – Antiga Capital
Por ordem de Portugal, a sede da Capitania foi fixada no Vale do Rio Guaporé, por motivos políticos e econômicos de fronteira.
D. Antônio Rolim de Moura Tavares, Capitão General, foi nomeado pela Carta Régia de 25 de janeiro de 1749. Tomou posse a 17 de
janeiro de 1751. Rolim de Moura era fidalgo português e primo do Rei, mais tarde foi titulado Conde de Azambuja. A 19 de março de
1752, D. Rolim de Moura fundou Villa Bela da Santíssima Trindade, às margens do Rio Guaporé, que se tornou capital da Capitania de
Mato Grosso.

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HISTÓRIA DE MATO GROSSO
Vários povoados haviam se formado na porção oestina, desde 1726 até a criação da Capitania, a exemplo de Santana, São Francisco
Xavier e Nossa Senhora do Pilar. Esses povoados, além de constituírem os primeiros vestígios da ocupação da porção ocidental da Capitania, tornaram-se o embrião para o surgimento de Vila Bela, edificada na localidade denominada Pouso Alegre.
O crescimento de Vila Bela foi gradativo e teve como maior fator de sua composição étnica, os negros oriundos da África para
trabalho escravo, além dos migrantes de diversas áreas da Colônia.
O período áureo de Vila Bela ocorreu durante o espaço de tempo em que esteve como sede política e administrativa da Capitania, até
1820. A partir daí, começou a haver descentralização política, e Vila Bela divide com Cuiabá a administração Provincial. No tempo do
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, no início do século XIX, Cuiabá atraía para si a sede da Capitania. Vila Bela recebia o título
de cidade sob a denominação de Matto Grosso. A medida tardou a se concretizar, dando até ocasião de se propor a mudança da capital
para Alto Paraguay Diamantino (atualmente município de Diamantino). A Lei nº. 09, de 28 de agosto de 1835, encerrou definitivamente
a questão da capital, sediando-a em Cuiabá. Tratou-se de processo irreversível a perda da capital em Vila Bela, quando esta “vila” declinava após o governo de Luíz de Albuquerque.
A cidade de Matto Grosso, a nova denominação, passou às ruínas, e era considerada como qualquer outro município fronteiriço.
Hoje em dia a cidade passou a ser vista de uma outra maneira, principalmente pelo redescobrimento de sua riqueza étnico-cultural. A Lei
Federal nº. 5.449, de 04 de julho de 1968 tornou Mato Grosso município de Segurança Nacional. Em 29 de novembro de 1978, a Lei nº.
4.014, alterava a denominação de Mato Grosso para Vila Bela da Santíssima Trindade, voltando ao nome original.

2. A PROVÍNCIA DE MATO GROSSO E O
IMPÉRIO BRASILEIRO.
2.1. A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA.
2.2 O USO DA MÃO DE OBRA ESCRAVA.

Primeiro Império
Em 25 de março de 1824, entrou em vigor a Constituição do Império do Brasil. As Capitanias passaram à denominação de Províncias, sendo os presidentes nomeados pelo Imperador. Mas o Governo Provisório Constitucional regeu Mato Grosso até 1825. A 10 de
setembro de 1825, José Saturnino da Costa Pereira assumiu o governo, em Cuiabá, como primeiro governador da Província de Mato
Grosso, após a gestão do Governo Provisório Constitucional. No governo de Costa Pereira passou por Mato Grosso a célebre expedição
russa, chefiada pelo Barão de Langsdorff, quando se registrou fatos e imagens da época.
Também Costa Pereira, por arranjos de negociação, paralisou o avanço de 600 soldados chiquiteanos contra a região do Rio Guaporé, em fins de 1825. Costa Pereira criou o Arsenal da Marinha no porto de Cuiabá e o Jardim Botânico da cidade, entregando-o à direção
do paulista Antônio Luís Patrício da Silva Manso. No governo do presidente Antônio Corrêa da Costa, ocorreu a criação do município
de Poconé, por Decreto Regencial de 25 de outubro de 1831, o quarto de Mato Grosso e o primeiro no período Províncial - “Villa do
Poconé”.
A 28 de maio de 1834, o também tenente coronel João Poupino Caldas, assume a presidência da Província.
Em seu governo eclodiu a Rusga, revolta nativista que transformou a pacata comunidade cuiabana em feras à cata de portugueses,
a quem chamavam bicudos. Em Cuiabá a “Sociedade dos Zelosos da Independência” organizou a baderna, visando a invasão das casas
e comércios de portuguêses.
Antônio Pedro de Alencastro assume o governo da Província a 29 de setembro de 1834 e promove processo contra os criminosos da
sedição mato-grossense. Poupino, em troca da confiança do Presidente da Província, programa o enfraquecimento dos amotinados pela
dissolução da Guarda Municipal e reorganização da Guarda Nacional. A Assembléia Provincial, pela Lei nº. 19, transfere a Capital da
Província de Mato Grosso da cidade de Matto Grosso (Vila Bela) para a de Cuiabá.
A 14 de agosto de 1839 circulou pela primeira vez um jornal em Cuiabá - Themis Mato-Grossense. A primeira tipografia foi adquirida por subscrição pública organizada pelo Presidente da Província José Antônio Pimenta Bueno, que era ferrenho defensor dos
direitos provinciais. A educação contou com seu irrestrito apoio, sob sua direção, foi promulgado o Regulamento da Instrução Primária,
através da Lei nº. 08, de 05 de março de 1837. Esse regulamento, disciplinador da matéria, estabelecia a criação de escolas em todas as
povoações da Província e o preenchimento dos cargos de professor mediante concurso. Multava os pais que não mandassem seus filhos
ás escolas, o que fez com que o ensino fosse obrigatório. Pimenta Bueno passou seu cargo ao cônego José da Silva Guimarães, seu vice.
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HISTÓRIA DE MATO GROSSO
Segundo Império
O primeiro presidente da Província de Mato Grosso, nomeado por Dom Pedro II, foi o cuiabano cônego José da Silva Magalhães,
que assumiu a 28 de outubro de 1840. Em 1844, chega a Cuiabá o médico Dr. Sabino da Rocha Vieira para cumprir pena no Forte Príncipe da Beira. Fora o chefe da famosa Sabinada, pretendendo implantar uma República no Brasil. Neste mesmo ano de 1844, o francês
Francis Castelnau visitou Mato Grosso em viagem de estudos. Tornou-se célebre pelos legados naturalistas.
O cel. João José da Costa Pimentel foi nomeado para a presidência da Província a 11 de junho de 1849. Augusto Leverger, nomeado
a 07 de outubro de 1850, assumiu o governo Provincial a 11 de fevereiro de 1851. Exerceu a presidência cinco vezes. Além de providências notáveis no tempo da Guerra do Paraguai, notabilizou-se pela pena de historiador de Mato Grosso.
Importante Tratado abriu as portas do comércio de Mato Grosso para o progresso: o de 06 de abril de 1856. Graças à habilidade
diplomática do Conselheiro Paranhos, Brasil e Paraguai celebraram o Tratado da Amizade, Navegação e Comércio.
O primeiro vapor a sulcar as águas da Província de Mato Grosso foi o Water Witch, da marinha dos Estados Unidos, sob o comando
do Comodoro Thomaz Jefferson Page, em 1853, incumbido pelo seu governo da exploração da navegação dos afluentes do Prata. Em
1859, ao tomar posse o presidente Antônio Pedro de Alencastro (o 2º Alencastro), chegou a Mato Grosso o Ajudante de Ordens, o capitão
Manoel Deodoro da Fonseca, o futuro proclamador da República.
No ano de 1862, o célebre pintor Bartolomé Bossi, italiano, visitou a Província de Mato Grosso, deixando um livro de memórias.
Imortalizou em tela acontecimentos da época. Sobressai na História de Mato Grosso o episódio da Guerra do Paraguai. Solano Lopes
aprisionou a 12 de novembro de 1864 o navio brasileiro Marquês de Olinda, que havia acabado de deixar o porto de Assunção, conduzindo o presidente eleito da Província de Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos. Começara ali a Guerra do Paraguai, de funestas
lembranças para Mato Grosso. Os mato-grossenses foram quase dizimados pela varíola. Um efeito cascata se produziu atingindo povoações distantes. Metade dos moradores de Cuiabá pereceu. No entanto, o povo de Mato Grosso sente-se orgulhoso dos feitos da Guerra
do Paraguai onde lutaram em minoria de gente e de material bélico, mas tomando por aliado o conhecimento da natureza e sempre
produzindo elementos surpresa. Ruas e praças imortalizaram nomes e datas dos feitos dessa guerra.
A notícia do fim da Guerra do Paraguai chegou a Cuiabá no dia 23 de março de 1870, com informações oficiais. O vapor Corumbá
chegou embandeirado ao porto de Cuiabá, às cinco da tarde, dando salvas de tiros de canhão. Movimento notável ocorrido nesse período
do Segundo Império foi o da abolição da escravatura. O símbolo do movimento aconteceu a 23 de março de 1872: O presidente da Província, Dr. Francisco José Cardoso Júnior, libertou 62 escravos, ao comemorar o aniversário da Constituição do Império. Em dezembro
do mesmo ano, foi fundada a “Sociedade Emancipadora Mato-Grossense”, sendo presidente o Barão de Aguapeí.
A 12 de agosto de 1888, nasceu o Partido Republicano. Nomeiam-se líderes; José da Silva Rondon, José Barnabé de Mesquita, Vital
de Araújo, Henrique José Vieira Filho, Guilherme Ferreira Garcêz, Frutuoso Paes de Campos, Manoel Figueiredo Ferreira Mendes. A
notícia da Proclamação da República tomou os cuiabanos de surpresa a 09 de dezembro de 1889, trazida pelo comandante do Paquetinho Coxipó, pois vinte e um dias antes, a 18 de novembro felicitaram Dom Pedro II por ter saído ileso do atentado de 15 de junho. A 02
de setembro a Assembléia Provincial aprovara unânime a moção congratulatória pelo aniversário do Imperador. Ao findar o Império, a
Província de Mato Grosso abrigava 80.000 habitantes.
Guerra de Tríplice Aliança
Durante o período monárquico, o Brasil se envolveu em três conflitos internacionais com países fronteiriços situados ao sul, na
região Platina. A Guerra do Paraguai, porém, foi o mais longo e violento. Começou em 1864 e terminou em 1870, com a derrota do
Paraguai para os países que formaram a chamada Tríplice Aliança: o Brasil, a Argentina e o Uruguai.
A principal causa da guerra está relacionada às tentativas do governo do ditador paraguaio, Francisco Solano López, de colocar em
prática uma política expansionista, com o objetivo de ampliar o território do seu país, apossando-se de terras dos países vizinhos, e ter
acesso ao mar pelo porto de Montevidéu.
Solano López pretendia formar o Grande Paraguai, a partir da invasão e anexação do Uruguai, de partes do território argentino e das
províncias brasileiras do Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Não obstante, uma vez iniciado o conflito armado, os países que formaram
a Tríplice Aliança procuraram defender seus respectivos interesses e se impor como potências regionais.
As batalhas da Guerra do Paraguai
A guerra do Paraguai durou seis anos, período durante o qual travaram-se várias batalhas. As forças militares brasileiras, chefiadas
pelo almirante Barroso, venceram a batalha do Riachuelo, libertando o Rio Grande do Sul. Em maio de 1866, ocorreu a batalha de Tuiuti,
que deixou um saldo de 10 mil mortos, com nova vitória das tropas brasileiras.
Didatismo e Conhecimento

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HISTÓRIA DE MATO GROSSO
Em setembro, porém, os paraguaios derrotam as tropas brasileiras na batalha de Curupaiti. Desentendimentos entre os comandantes
militares argentinos e brasileiros levaram o imperador dom Pedro 2° a nomear Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias, para o
comando geral das tropas brasileiras. Ainda assim, em 1867, a Argentina e o Uruguai se retiram da guerra. Ao lado de Caxias, outro
militar brasileiro que se destacou na campanha do Paraguai foi o general Manuel Luís Osório.
Sob o comando supremo de Caxias, o exército brasileiro foi reorganizado, inclusive com a obtenção de armamentos e suprimentos,
o que aumentou a eficiência das operações militares. Fortalecido e sob inteiro comando de Caxias, as tropas brasileiras venceram sucessivas batalhas, decisivas para a derrota do Paraguai. Destacam-se as de Humaitá, Itororó, Avaí, Angostura e Lomas Valentinas.
Vitória brasileira
No início de 1869, o exército brasileiro tomou Assunção, capital do Paraguai. A guerra chegou ao fim em março 1870, com a Campanha das Cordilheiras. Foi travada a batalha de Cerro Corá, ocasião em que o ditador Solano López foi perseguido e morto.
Vale lembrar que, a essa altura, Caxias considerava a continuidade da ofensiva brasileira uma carnificina e demitiu-se do comando
do exército, que passou ao conde d’Eu, marido da princesa Isabel. A ele coube conduzir as últimas operações.
Consequências da guerra
Para o Paraguai, a derrota na guerra foi desastrosa. O conflito havia levado à morte cerca de 80% da população do país, na sua
maioria homens. A indústria nascente foi arrasada e, com isso, o país voltou a dedicar-se quase que exclusivamente à produção agrícola.
A guerra também gerou um custoso endividamento do Paraguai com o Brasil. Essa dívida foi perdoada por Getúlio Vargas. Mas os
encargos da guerra e as necessidades de recursos financeiros levaram o país à dependência de capitais estrangeiros.
A Guerra do Paraguai também afetou o Brasil. Economicamente, o conflito gerou muitos encargos e dívidas que só puderam ser sanados com empréstimos estrangeiros, o que fez aumentar nossa dependência em relação às grandes potências da época (principalmente
a Inglaterra) e a dívida externa. Não obstante, o conflito armado provocou a modernização e o fortalecimento institucional do Exército
brasileiro.
Com a maioria de seus oficiais comandantes provenientes da classe média urbana, e seus soldados recrutados entre a população
pobre e os escravos, o exército brasileiro tornou-se uma força política importante, apoiando os movimentos republicanos e abolicionistas
que levaram ao fim do regime monárquico no Brasil.
Mão de Obra Escrava
Para trabalhar na mineração, chegaram, no século XVIII, em Mato Grosso, os primeiros escravos de origem africana. Como resistência à escravidão, as fugas foram constantes, sendo individuais ou coletivas, formando diversos quilombos. A região do vale do rio
Guaporé foi onde houve maior concentração dessas aldeias de escravos fugitivos.
O quilombo do Piolho ou Quariterê, no final do século XVIII, localizado próximo ao rio Piolho, ou Quariterê, reuniu negros nascidos na África e no Brasil, índios e mestiços de negros e índios (cafuzos). José Piolho, provavelmente foi o primeiro chefe do quilombo.
Depois, assumiu o poder sua esposa, Teresa.
Fugidos da exploração branca, os habitantes do quilombo conviviam comunitariamente em uma fusão de elementos culturais de
origem indígena e africana. Os homens caçavam, lenhavam, cuidavam dos animais e conseguiam mel na mata; as mulheres preparavam
os alimentos e fabricavam panelas com barro, artesanato e roupas.
As dificuldades de abastecimento de escravos na região guaporeana, levou-os a organizar uma bandeira para atacar os escravos fugitivos. A bandeira contendo cerca de trinta homens e comandada por João Leme de Prado, percorreu um mês de Vila Bela até o quilombo,
e, de surpresa, atacou-o, prendendo quase a totalidade dos moradores. Alguns morreram no combate que se travou, outros fugiram. Os
escravos que sobreviveram foram capturados e levados para Vila Bela.
Outros quilombos também foram organizados em terras mato-grossenses durante os séculos XVIII e XIX, podendo ser registrados
aqui, apenas para exemplificar, os quilombos “Mutuca” e “Pindaituba” situados na Chapada dos Guimarães, os “Sepoutuba” e “Rio
Manso” próximos a Vila Maria (atual Cáceres).

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6
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
3 A INSTALAÇÃO DA REPÚBLICA E O
ESTADO DE MATO GROSSO.
3.1 CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS
E POLÍTICAS DO ESTADO DURANTE A
PRIMEIRA REPÚBLICA.

Primeira República
Em 09 de dezembro de 1889, Antônio Maria Coelho assumiu as rédeas do governo republicano em Mato Grosso. A 15 de agosto
de 1891 se promulgava a Primeira Constituição do Estado de Mato Grosso. O termo Província deu lugar a Estado. O chefe do executivo
mantinha a denominação de presidente. Eleito pela Assembléia Legislativa, o jurista Dr. Manoel José Murtinho assumiu o cargo de primeiro presidente do Estado de Mato Grosso, a 16 de agosto de 1891.
Em 1894, os salesianos chegaram a Mato Grosso, a pedido do bispo Dom Carlos Luís D’Amour ao fundador Dom Bosco. Os salesianos deixaram histórico rastro cultural em Mato Grosso, notabilizaram-se pelas Missões entre povos indígenas. O conturbado período
político de 1889 a 1906 assinalou progressos econômicos. Usinas açucareiras da beira do Rio Cuiabá desenvolveram-se, tornando-se
potências econômicas no Estado. Notabilizaram-se as usinas.
Conceição, Aricá, Itaici - além de outras. Também a produção de borracha tomou notável impulso. Outra fonte de riqueza em crescimento foram os ervais da região fronteiriça com o Paraguai. Em 1905 tiveram início as obras da estrada de ferro, que cortou o sul do
Estado.
Os chefes do Partido Republicano, além de se reunirem em pontos de difícil acesso, como nos seringais, também obtiveram asilo político no Paraguai, ali editaram o jornal “A Reação”, que entrava clandestinamente em Mato Grosso. Em 1906, Generoso Ponce retorna
a Mato Grosso e em Corumbá se encontra com Manoel José Murtinho, então adversário político. Fazem as pazes e nasce o movimento
denominado “Coligação”.
O Partido Republicano ordena as forças para a retomada do poder presidencial de Cuiabá, pressionando do sul e do norte. Ponce
sobe de Corumbá e o cel. Pedro Celestino desce de Alto Paraguai Diamantino. Ponce agia às pressas, porque o presidente Antônio Paes
de Barros pedira socorro à União. Do Rio de Janeiro o gal. Dantas Barreto partiu em auxílio ao presidente do Estado de Mato Grosso.
As duas tenazes, do norte e do sul, à medida que progrediam o avanço, recebiam adesões de patriotas. Cerca de 4.000 homens cercaram
Cuiabá.
O presidente Antônio Paes de Barros, vendo-se impotente, furou o cerco, tomando disfarce, mas foi descoberto nas imediações da
fábrica de pólvora do Coxipó, onde foi assassinado, a 06 de julho de 1906.
A 15 de agosto de 1907, o cel. Generoso Paes Leme de Souza Ponce assumiu o governo do Estado de Mato Grosso. Seus substitutos
legais eram o cel. Pedro Celestino Corrêa da Costa, dr. Joaquim Augusto da Costa Marques e o cel. João Batista de Almeida Filho. O
cel. Pedro Celestino foi substituído pelo Dr. Joaquim Augusto da Costa Marques, que tomou posse a 15 de agosto de 1911, tendo como
vice o cel. Joaquim Caraciolo Peixoto de Azevedo, dr. José Carmo da Silva Pereira e o Dr. Eduardo Olímpio Machado. O presidente
Costa Marques conseguiu a proeza de governar ininterruptamente, fato inédito naqueles tempos de política turbulenta. A Costa Marques
sucedeu em 15 de agosto de 1915, o gal. Caetano Manoel de Faria e Albuquerque.
Eram difíceis os tempos de I Grande Guerra Mundial, sendo que a 22 de janeiro de 1918, tomou posse D. Francisco de Aquino
Corrêa, Bispo de Prusíade, eleito para o quadriênio 1918-1922, governando por todo seu mandato. Posteriormente foi eleito, por voto
direto o cel. Pedro Celestino Corrêa da Costa, que assumiu o governo em 22 de janeiro de 1922, cujo mandato se expiraria em 1926. No
entanto, não chegou a completá-lo, deixando o comando do governo, por motivos de saúde, a 1º de novembro de 1924. Nesta ocasião o
1º vice-presidente, Dr. Estevão Alves Corrêa, assumiu a presidência, governando até o fim do mandato.
Neste período cruzou o chão mato-grossense a épica “Coluna Prestes”, que passou por diversas localidades do Estado, deixando um
rastro de admiração e tristeza.
O 10º presidente constitucional do Estado de Mato Grosso foi o Dr. Mário Corrêa da Costa, que governou de 1926 até 1930. O Dr.
Anibal Benício de Toledo, 11º presidente constitucional, assumiu o governo estadual a 22 de janeiro, para o quadriênio 1930-1934. Esteve à frente da governadoria apenas por 9 meses e 8 dias, em função dos resultados práticos da Revolução de 30. Na sequência assumiu
o governo o major Sebastião Rabelo Leite - Comandante da Guarnição Militar de Cuiabá.

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7
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
Economia
Em 1820, Cuiabá volta a ser sede política e administrativa de Mato Grosso e Vila Bela entra em decadência. Neste período surgiu
uma indústria doméstica que supriu a necessidade de produtos da terra como farinha de mandioca, arroz, feijão, açúcar, aguardente,
azeite de mamona e algodão.
Por volta de 1830 surge a extração da ipecacuanha ou poaia, Cephaelis ipecacuanha. Nesta época, José Marcelino da Silva Prado,
explorando garimpos de diamantes nas imediações do Rio Paraguai, em região próximo à Barra do Bugres, observou que seus garimpeiros usavam, quando doentes, um chá preparado com raiz de arbusto facilmente encontrado à sombra da quase impenetrável floresta da
região. Tratava-se da “poaia”, que era antiga conhecida dos povos indígenas, que tinham repassado seu conhecimento aos colonizadores.
Curioso e interessado, o garimpeiro enviou amostras da planta para análise na Europa, via porto de Cáceres e Corumbá. Desta raiz é
extraída a Emetina, substância vegetal largamente utilizada na indústria farmacêutica, principalmente como fixador de corantes.
Constatado oficialmente seu valor medicinal, iniciou-se, então, o ciclo econômico da poaia, de longa duração e grandes benefícios
para os cofres do Tesouro do Estado. Esta planta é extremamente sensível, abundando em solos de alta fertilidade sob árvores de copas
bem formadas. Seus principais redutos eram áreas dos municípios de Barra do Bugres e Cáceres. A princípio, os carregamentos seguiam
para a metrópoles via Goiás, depois passou a ser levada por via fluvial, com saída ao estuário do Prata.
Os poaieiros eram os indivíduos que se propunham a coletar a poaia. O poaiaeiro surgiu em Mato Grosso em fins do século XIX, e
foi responsável pelo surgimento de núcleos de povoamento no Estado, graças à sua atividade desbravadora, sempre à procura de novas
“manchas” da raiz da poaia. Porém, o próprio poaieiro decretou o (quase) fim desta cultura, pois os “catadores” da poaia somente extraíam as plantas, não faziam o replantio, não seguindo o exemplo dos povos indígenas que, ao subtraírem as raizes da ipeca, as replantavam,
garantindo, assim, a perenidade do vegetal.
Outro fator que contribuiu para a escassez da planta foi o desmatamento desenfreado da região oestina de Mato Grosso, pois a poaia
estava acostumada à sombra das matas úmidas, e sucumbiu ante a queda das árvores. A poaia chegou a ser o segundo contribuinte para
os cofres da Província de Mato Grosso, devido a sua exportação principalmente para a Europa.
Após a constatação em Paris de que a borracha mato-grossense possuía boa qualidade o produto tornou-se famoso em várias partes do mundo. Logo após a Guerra do Paraguai, em 1870, a produção, oriunda dos vastos seringais nativos da imensa região banhada
pelo Rio Amazonas, tornou-se um ponto de apoio para os minguados cofres da Província. Diamantino foi o grande centro produtor de
látex e Cuiabá se transformou em centro comercial do produto, com várias empresas criadas para exportar a borracha mato-grossense.
Destacou-se entre elas a Casa Almeida e Cia., com matriz na Praça 13 de Maio. Ela exportava para várias partes do mundo, principalmente para Londres e Hamburgo.
A criação de gado e a lavoura tornaram Livramento, Santo Antônio do Rio Abaixo e Chapada dos Guimarães os grandes celeiros da
capital. Mas com o fim da escravidão estas localidades entraram em verdadeiro colapso.
Na região sul da Província, hoje território de Mato Grosso do Sul, surgiu ainda no fim do século XIX a produção de erva mate,
Ilex paraguaiensis. O empresário Tomás Laranjeira obteve privilégios da Província para começar a empresa Mate Laranjeira. Entre as
facilidades conseguiu arrendar toda a região banhada pelos afluentes da margem direita do Rio Paraná, numa área de aproximadamente
400 léguas quadradas. O empreendimento foi um sucesso e foi de grande contribuição para os cofres públicos na época. Com a quase
extinção dos ervais nativos e uma política econômica contrária aos interesses comerciais desta cultura, o segmento comercial entrou em
decadência em menos de duas décadas.
Apesar de conturbado politicamente, o período de 1889 a 1906 foi de intenso progresso econômico. Logo após a proclamação da
República, várias usinas açucareiras foram criadas e se desenvolveram. Entre elas se destacaram as usinas Conceição, Aricá, Flechas,
São Miguel e Itaici. Esses grandes empreendimentos foram, na época, o maior indício de desenvolvimento industrial de Mato Grosso.
Sua decadência foi em razão do grande isolamento da região e do abandono por parte do governo.

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8
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
4 O ESTADO DE MATO GROSSO E A
ERA VARGAS. 4.1 CARACTERÍSTICAS
ECONÔMICAS E POLÍTICAS DO ESTADO
DURANTE A ERA VARGAS.

Segunda República
Os anos de 1930-1945 foram marcados por forte influência européia. A política centralizadora de Getúlio Vargas se fez sentir em
Mato Grosso: interventores federais foram nomeados por entre exercícios de curto governo. A 16 de julho de 1934, o Congresso Nacional promulgou uma nova Constituição Federal, que foi seguida pela estadual mato-grossense, a 07 de setembro de 1935. O título de presidente foi substituído pelo de governador. Os constituintes estaduais elegeram o Dr. Mário Corrêa da Costa para governador, que tomou
posse como o 12º governo constitucional. Foi este um governo marcado por agitações políticas. A normalidade voltou com a eleição do
bel. Júlio Strubing Müller pela Assembléia Legislativa para governador, que assumiu o cargo em 04 de outubro de 1937.
Ocorrendo o golpe do “Estado Novo” de Getúlio Dornelles Vargas a 10 de novembro de 1937, o Estado de Mato Grosso passou
ao regime de interventoria novamente. Nesse período registraram-se progressos econômicos e notável participação de Mato Grosso na
Segunda Guerra Mundial. Em 15 de outubro de 1939, instalou-se em Cuiabá a Rádio Voz do Oeste, sob a direção de seu criador, Jercy
Jacob: professor, poeta, músico, compositor e técnico em radieletricidade. Marcou época o programa “Domingo Festivo na Cidade Verde”, apresentado por Rabello Leite e Alves de Oliveira, ao vivo, no anfiteatro do Liceu Cuiabano. Mais tarde, Alves de Oliveira e Adelino
Praeiro deram sequência ao programa no Cine Teatro Cuiabá.
Por efeito da Constituição Federal de 1946, um novo período de normalidade se instituiu. A Assembléia Constituinte de Mato Grosso elegeu o primeiro governador do período, Dr. Arnaldo Estevão de Figueiredo. A 03 de outubro de 1950 houve eleições para governador, concorrendo Filinto Müller, pelo Partido Social Democrata e Fernando Corrêa da Costa pela União Democrática Nacional. Venceu
Fernando Corrêa, que tomou posse a 31 de janeiro de 1951, governando até 31 de janeiro de 1956. Fernando Corrêa da Costa instalou a
Faculdade de Direito de Mato Grosso, núcleo inicial da futura Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT.
O engenheiro civil João Ponce de Arruda recebeu das mãos de Fernando Corrêa o governo de Mato Grosso, administrando o Estado
por cinco anos, de 31 de janeiro de 1956 até 31 de janeiro de 1961. A 19 de janeiro de 1958, faleceu no Rio de Janeiro Cândido Mariano
da Silva Rondon ou simplesmente o Marechal Rondon, como ficou mundialmente conhecido.
Em 31 de janeiro de 1961, pela segunda vez, o médico Fernando Corrêa da Costa tomou posse como governador. Em seu segundo
mandato ocorreu a Revolução de 31 de março de 1964, o que serviu para “esticar” o período de governo, permanecendo à frente do
executivo até 15 de março de 1966. Governou nesta segunda vez por 5 anos, 1 mês e 15 dias.
Economia
A política implementada por governos de estado na esfera federal, ao longo dos anos, no sentido de fixar grandes contingentes
migratórios nas áreas disponíveis, estabeleceu um modelo nacional e ordenado de ocupação espacial. Na década de 1940, já se fazia
sentir a vocação de produzir alimentos e absorver mão-de-obra, isto se deu com a criação de colônias agrícolas para atender à pressão da
demanda de pequenos e médios agricultores de todo Brasil. Entretanto, a ocupação limitou-se ao assentamento de colonos e à criação de
precária e ineficiente rede viária, sem estímulo à produção ou garantias de comercialização.
De 1942 a 1945, Mato Grosso reviveu os tempos áureos do látex. A Segunda Guerra Mundial eclodia e, como os aliados viram-se
privados da borracha asiática, acabaram batendo na porta do Brasil em busca da preciosa goma. Este foi o tempo dos Soldados da Borracha, época de maior produção de borracha por pé de seringa em campos nativos. Para a base empresarial foi criado o Banco da Borracha

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9
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
5 O MILITARISMO NO BRASIL ENTRE 1964 E
1984 E O ESTADO DE MATO GROSSO.
5.1. CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS
E POLÍTICAS DO ESTADO DURANTE O
MILITARISMO.
5.2 A DIVISÃO DO ESTADO DE MATO
GROSSO.

Militarismo no Mato Grosso
Em 1964 Mato Grosso tornou-se um dos focos do movimento revolucionário. Declarada a Revolução em Minas Gerais, a tropa do
16º Batalhão de Caçadores de Cuiabá avançou para Brasília, sendo a primeira unidade militar a ocupar a capital da República.
O governo militar instituiu o voto indireto para governador. O nome era proposto pela Presidência da República, homologado pela
Assembléia Legislativa. Apenas em 1982, voltariam as eleições diretas. No primeiro governo revolucionário, o Dr. Roberto de Oliveira
Campos, mato-grossense de largo passado de serviços públicos, foi escolhido para Ministro de Planejamento. No governo do general
Castelo Branco, o mato-grossense general Dilermando Gomes Monteiro exerceu a função de Subchefe da Casa Militar, passando a
Chefe da Casa Militar no governo do gal. Ernesto Geisel, posteriormente a Comandante do II Exército e a Ministro do Superior Tribunal
Militar.
Filinto Müller se projetou como senador, nacionalmente. Líder do governo no Senado Federal, Presidente do Senado e Presidente
da ARENA. Faleceu em desastre aéreo nas proximidades de Paris, em 1972, na chamada “Tragédia de Orly”, quando exercia a função
de Presidente do Congresso Nacional.
Ao par do progresso material, o Estado desenvolveu-se culturalmente. No governo de Pedro Pedrossian, que governou por cinco
anos, surgiram as universidades de Cuiabá e Campo Grande. Verificou-se a inauguração da primeira emissora de televisão, a TV Centro
América, em 1969. Logo a seguir Mato Grosso se ligaria ao resto do Brasil por microondas, pela EMBRATEL, e logo pelo sistema de
Discagem Direta a Distância - DDI. Mato Grosso tornou-se ponto de apoio ao governo federal para o projeto de integração da Amazônia,
desfraldado o slogan “integrar para não entregar”.
Uma das consequências do desenvolvimento foi o desmembramento do território, formando o Estado de Mato Grosso do Sul, a 11
de outubro de 1977, através da Lei Complementar nº. 31. O novo Estado foi instalado a 1º de janeiro de 1979. No período pós Estado
Novo, dois mato-grossenses subiram à Presidência da República: Eurico Gaspar Dutra e Jânio da Silva Quadros.
A crise econômica brasileira se tornou aguda nesse período com a desvalorização acelerada da moeda nacional. Sem os suportes de
projetos federais especiais para a fronteira agrícola, os migrantes em parte se retiraram de Mato Grosso. No entanto, um projeto de maior
monta é o conjunto de infra-estrutura de transporte. O projeto de estrada de ferro ligando São Paulo a Cuiabá entra em fase de efetivação,
a fim de resolver parte dos problemas de transporte de grãos. O projeto de uma zona de Processamento de Exportação entra em fase de
implantação. Visa-se exportar os produtos mato-grossenses por via fluvial.
O povo migrado para Mato Grosso tem, com a crise brasileira, a ocasião de uma pausa no desenfreado trabalho de progresso,
ocupando-se com o aprofundamento da cultura mato-grossense. Mato Grosso ingressa definitivamente na idade da cultura, completando
o desenvolvimento material, comercial e industrial.
Economia
Na década de 1960, as mudanças político-administrativas no país e o surgimento de fatores estruturais, relacionados com a agricultura brasileira, iriam modificar substancialmente a perspectiva potencial do Estado. Com a escassez de terras desocupadas e utilização
de tecnologia moderna no Centro-Sul, muitos migrantes chegaram a Mato Grosso dispostos a ocupar as áreas do Estado. O interesse de
fazer crescer o setor agrícola e a necessidade de atender as pressões demográficas de grupos de pequenos e médios proprietários levou o
poder público a uma efetiva ocupação do território mato-grossense.
O incremento desta ocupação e a caracterização da função de Mato Grosso como estado eminentemente agrícola se consolidou na
década de 1970, a partir principalmente do estímulo à colonização privada e à exploração de terras devolutas em bases empresariais. A
colonização, que atraiu primeiramente colonos com larga experiência agrícola, mas também, acostumados ao manejo tradicional e ainda
arredios às modernas técnicas de agricultura. A partir da intervenção governamental caracterizou-se por um processo seletivo, baseado
no recrutamento de pequenos e médios proprietários rurais, relativamente capitalizados e com larga experiência na moderna agricultura.
Didatismo e Conhecimento

10
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
O apoio à iniciativa privada foi caracterizado por facilidades na aquisição de terras a baixo custo, de forma a garantir a rentabilidade
dos investimentos. Tal política deu origem a um novo padrão de ocupação, no mesmo espaço econômico deu-se o estabelecimento de
grandes empresas agropecuárias paralelamente às pequenas e médias propriedades. A ocupação de espaços econômicos desta forma
seletiva, pelos migrantes assentados como pequenos proprietários nos projetos de colonização e empresas agrícolas consolidaram a
posição de Mato Grosso como estado agrícola.
Divisão do Estado
A velha ideia da separação da porção sul do estado só veio a triunfar em 1977, por meio de uma lei complementar que desmembrou
357.471,5 km2 do estado para criar o Mato Grosso do Sul. A iniciativa foi do governo federal, que alegava, em primeiro lugar, a impossibilidade de um único governo estadual administrar área tão grande e, em segundo, as nítidas diferenças naturais entre o norte e o sul
do estado. A lei entrou em vigor em 1º de janeiro de 1979. A partir de então, todas as projeções pessimistas de que o então norte, com a
capital Cuiabá, iria se estagnar não se concretizaram, pelo contrário, surgindo então um processo de pleno crescimento do estado, aliado
com a criação e desenvolvimento de municípios como Sinop, Tangará da Serra, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, etc, que hoje
estão entre os maiores contribuintes do PIB de Mato Grosso.
Os motivos que levaram o Governo Federal a fazer tal divisão foi a extensão territorial do Estado, que era muito extensa e causava
problemas para a administração, dificultando o trabalho do governo estadual. Além disso, foi feito um estudo sobre a geografia do Estado, constatando-se que existiam grandes diferenças. Ao norte do Mato Grosso encontra-se parte da floresta amazônica, enquanto na parte
sul a vegetação é, em sua maioria, de cerrado.
As políticas econômicas de apoio preferencial à exportação e à ocupação e desenvolvimento da Amazônia e do Centro-Oeste,
implantadas a partir da década de 1970, levaram a novo surtos de progresso no Mato Grosso. A construção de Brasília contribuiu para
acabar com a antiga estagnação. Uma vez inaugurada a nova capital, o Mato Grosso continuou a atrair mão de obra agrícola de outros
estados, pois oferecia as melhores áreas de colonização do país. Graves problemas persistiram, porém, na década de 1980. O sistema de
transporte, embora tenha ganho a rodovia Cuiabá-Porto Velho em setembro de 1984, ainda não bastava para escoar a produção estadual;
as instalações de armazenamento deixavam a desejar; a disponibilidade de energia elétrica (120.000 kW em 1983) era insuficiente; eram
precários o saneamento e os serviços de saúde e educação. Também o problema ecológico apresentava-se gravíssimo: inúmeras espécies
dessa região já haviam sido extintas e outras estavam em processo de extinção, como os jacarés, caçados à razão de dezenas de milhares
por mês. Para coibir esses abusos, o governo federal lançou a operação Pantanal e criou o Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense.
Quantidade de água existente: 145 000 litros.

QUESTÕES
01. Mato Grosso tornou-se Município em _________________ pela Lei ________:
a) 29 de Abril de 1994 / 5.918;
b) 29 de Abril de 1995 / 5.981;
c) 28 de Abril de 1994 / 5.981;
d) 28 de Abril de 1995 / 5.918
02. Foi construída no ano de _______ para homenagear ______________, a capela que hoje é a Matriz da Cidade.
a) 1956 – São José;
b) 1965 – São José;
c) 1976 – São João;
d) 1994 – Santo Antônio

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11
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
03. O movimento promovido pelo Governo Federal objetivando a ocupação e colonização das terras mato-grossenses, sob o patrocínio do presidente Getúlio Vargas, e implementado, principalmente, a partir de 1937, tinha como meta fazer com que as fronteiras
econômicas e políticas se convergissem para que a nação se constituísse territorialmente num bloco homogêneo foi denominado de:
a) Programa de Desenvolvimento do Noroeste do Brasil – POLONOROESTE.
b) Marcha para o Oeste.
c) Expedição Roncador-Xingu.
d) Instituto de Terras de Mato Grosso – INTERMAT.
e) Comissão Especial de Terras.
04. Uma das principais atividades da economia mato-grossense, no final do século XIX e nas primeiras décadas do XX, foi a produção de açúcar e aguardente em larga escala pelas chamadas usinas.
Assinale a alternativa correta.
a) Devido ao uso de tecnologia avançada, os trabalhadores das usinas eram altamente qualificados e, consequentemente, tinham boa
remuneração.
b) A maioria das usinas se localizava às margens dos rios para facilitar o escoamento da safra e transportar a cana para processamento.
c) A produção açucareira em Mato Grosso, no referido período, era superada apenas pela extração da poaia, em termos de arrecadação de impostos.
d) A maior parte da produção das usinas era exportada para a Europa e os Estados Unidos.
e) Os proprietários das usinas tiveram pouca ou nenhuma participação na vida política de Mato Grosso durante esse período.
05. No Brasil dos anos 50 do século XX, existiram duas forças políticas rivais. A liderada pela UDN queria maior entrada de capital
estrangeiro no país, e a outra, liderada pelo PTB, queria estimular a indústria nacional. Como resultado desse conflito, em agosto de
1954, o país viveu um dos momentos mais importantes de sua história política que pode ser sintetizado
(A) pela renúncia de Café Filho.
(B) pelo suicídio de Getúlio Vargas.
(C) pelo acirramento da Guerra Fria.
(D) pela vitória eleitoral de Eurico Dutra.
(E) pela tentativa de golpe de Juarez Távora.
06. O escravismo no Brasil existiu até 1888, no entanto eram conhecidas as pressões de algumas potências europeias, principalmente da Inglaterra, desde o início do século XIX, pelo fim dessa prática. Essa pressão aumentou até que em 1848, amparados por leis próprias, os navios ingleses começaram a perseguir e prender os navios negreiros. A resposta do Brasil a essas medidas veio em 1850 com
(A) a declaração de guerra à Inglaterra com apoio de Napoleão Bonaparte.
(B) o transporte ilegal de escravos africanos que se manteve até 1888.
(C) a substituição dos escravos africanos pelos índios.
(D) a aprovação da lei Eusébio de Queirós, que pôs fim ao tráfico de escravos.
(E) o envio de missões diplomáticas à Inglaterra para negociar o impasse.
07. A luta pela sobrevivência, no início da colonização do Brasil, era uma pesada realidade vivida por todos e cada um. A distância
da Metrópole, a carência de gêneros importados e principalmente a ameaça sempre presente de ataques de corsários e de índios tornavam
a insegurança social elemento do cotidiano. A vida que se formara no planalto nos arredores do Colégio de São Paulo enfrentava como
podia o ônus dessa realidade.
(VOLPATO, L. R. R. Entradas e Bandeiras. São Paulo: Global, 1986.)
Essa população, que ocupou o Planalto Paulista a partir do século XVI, desenvolveu estratégias para enfrentar as dificuldades do
local, dentre elas uma particularmente importante para Mato Grosso foi:

Didatismo e Conhecimento

12
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
(A) A criação de expedições exploratórias em direção ao interior do continente em busca de alternativas econômicas, por exemplo,
ouro e índios.
(B) A abertura de caminhos alternativos entre litoral e interior para trocas comerciais.
(C) O estabelecimento de relações comerciais com os índios visando suprir as necessidades da vila formada ao redor do Colégio de
São Paulo.
(D) O contrabando de escravos africanos para suprir as necessidades de mão de obra local.
(E) O início do estabelecimento da mão de obra assalariada rompendo com o escravismo.
Gabarito: (1-A), (2-A), (3-B), (4-B), (5-B), (6-D), (7-A).

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento

13
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
ANOTAÇÕES

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História de Mato Grosso

  • 2.
  • 3. HISTÓRIA DE MATO GROSSO 1. DA OCUPAÇÃO E POVOAMENTO À CAPITANIA DE MATO GROSSO. 1.1 CUIABÁ, DE ARRAIAL À VILA. 1.2 VILA BELA DA SANTÍSSIMA TRINDADE, PRIMEIRA CAPITAL. 1.3 A CONSOLIDAÇÃO DO TERRITÓRIO. Povoamento As origens históricas do povoamento de Mato Grosso estão ligadas às descobertas de ricos veios auríferos, já no começo do século 18. Em 1718, o bandeirante Antônio Pires de Campos, que um ano antes esteve às margens do Rio Coxipó, em local denominado São Gonçalo Velho, onde combateu e aprisionou centenas de índios Coxiponé (Bororo), encontrou-se com gente da Bandeira de Paschoal Moreira Cabral Leme, informando-lhes sobre a possibilidade de escravizarem índios à vontade. Ao ser informado da fartura da (possível) prea, Paschoal Moreira Cabral Leme seguiu Coxipó acima: o seu intento, no entanto, não foi realizado, pois no confronto com o gentio da terra, na confluência dos rios Mutuca e Coxipó, os temíveis Coxiponé, que dominavam esta região, teve sua expedição totalmente rechaçada pelas bordunas e flexas certeiras daquele povo guerreiro. Enquanto a expedição de Moreira Cabral se restabelecia dos danos causados pela incursão Coxiponé, dedicaram-se ao cultivo de plantações de subsistência, apenas visando o suprimento imediato da bandeira. Foi nesta época que alguns dos seus companheiros, embrenhando-se Coxipó acima, encontraram em suas barrancas as primeiras amostras de ouro. Entusiasmados pela possibilidade de riqueza fácil, renegaram o objetivo principal da bandeira, sob os protestos imediatos de Cabral Leme, que, entretanto, aderiu aos demais. Foi desta forma que estando a procura de índios para escravizar Paschoal Moreira Cabral Leme encontrou ouro em quantidade inimaginada. Desta forma os paulistas bateram as estremas das regiões cuiabanas, onde o ouro se desvendava aos seus olhos. A descoberta do ouro levou os componentes da bandeira de Cabral a se deslocarem para uma área onde tivessem maior facilidade de ação. Surgiu Forquilha, a povoação pioneira de todo Mato Grosso, na confluência do Rio Coxipó com o Ribeirão Mutuca, exatamente onde tempos havia ocorrido terrível embate entre paulistas e índios da nação Coxiponé. Espalhou-se então a notícia da descoberta das Minas do Cuyabá. Vale dizer que o adensamento de Forquilha foi inevitável, o que preocupou a comunidade quanto à manutenção da ordem e estabilidade do núcleo. Este fato levou Paschoal Moreira Cabral, juntamente com alguns bandeirantes, a lavrar uma ata e fundar o Arraial de Cuiabá, em 08 de abril de 1719, devendo a partir de então, seguir administrativamente os preceitos e determinações legais da Coroa. Na verdade, a Ata de Criação de Cuiabá deixa nítida a preocupação de Paschoal Moreira Cabral em notificar à Coroa Portuguesa os seus direitos de posse sobre as novas lavras. Em 1722, ocorreu a descoberta de um dos veios auríferos mais importantes da área, no local denominado Tanque do Arnesto, por Miguel Sutil, que aportara em Cuiabá com o intuito de dedicar-se à agricultura. Com a propagação de que constituíam os veios mais fartos da área, a migração oriunda de todas as partes da colônia tornou-se mais intensa, fato que fez de Cuiabá, no período de 1722 a 1726, uma das mais populosas cidades do Brasil, na época. Período de capitania No período de Capitania, Portugal se empenhou na defesa do território conquistado. A preocupação com a fronteira, a extensa linha que ia do Paraguai ao Acre, continha um aspecto estratégico: ocupar o máximo de território possível na margem esquerda do Rio Guaporé e na direita do Rio Paraguai. O rio e as estradas eram questões de importância fundamental, pois apenas se podia contar com animais e barcos. À Capitania de Mato Grosso faltava povo e recursos financeiros para manter a política de conquista. Favorecimentos especiais foram prometidos para os que morassem em Vila Bela, visando o aumento da povoação. Como o Rio Paraguai era vedado à navegação até o Oceano Atlântico, os governadores da Capitania agilizaram o domínio dos caminhos para o leste e a navegação para o norte, pelos rios Madeira, Arinos e Tapajós. Ocorreram avanços de ambas as partes, Portugal e Espanha, para território de domínio oposto. Antes da criação da Capitania de Mato Grosso, os missionários jesuítas espanhóis ocuparam a margem direita do Rio Guaporé, como medida preventiva de defesa. Para desalojar os missionários, Rolim de Moura não duvidou em empregar recursos bélicos. Didatismo e Conhecimento 1
  • 4. HISTÓRIA DE MATO GROSSO No governo do Capitão General João Carlos Augusto D’Oeynhausen, Dom João VI instituiu o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, a 16 de dezembro de 1815. A proximidade do governo supremo situado no Rio de Janeiro favoreceu a solução mais rápida das questões de governo. A independência de comércio trouxe novos alentos à vida mato-grossense. Com a aproximação do fim da Capitania, Cuiabá assumiu aos poucos a liderança política. Vila Bela da Santíssima Trindade funcionou eficazmente como centro político da defesa da fronteira. Não podia ostentar o brilho comercial de Cuiabá e Diamantino. O último governador da Capitania, Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho já governou todo o tempo em Cuiabá. Em Mato Grosso, precisamente nos anos de maturação da Independência, acirraram-se as lutas pelo poder supremo da Capitania. A nobreza, o clero e o povo depuseram o último governador Magessi. Em seu lugar se elegeu uma Junta Governativa. Enquanto uma Junta se elegia em Cuiabá, outra se elegeu em Mato Grosso, topônimo que passou a ser conhecido Vila Bela da Santíssima Trindade, a partir de 17 de setembro de 1818. Sob o regime de Juntas Governativas entrou Mato Grosso no período do Brasil Independente, tornando-se Província. Fundação de Cuiabá O centro histórico da atual cidade de Cuiabá tem quase três séculos. Hoje é difícil perceber essa configuração urbana secular. Mas as avenidas largas que percorremos, olhar em movimento pegando nesgas da paisagem, foram “caminhos”, ruas, becos. Este desenho de cidade começou por volta de 1722, em meio à invasão de terras indígenas milenares. Hoje, permanece o nome indígena: Cuiabá. A presença de sociedades ameríndias aqui, com grandes aldeias populosas, não existe mais em nossas memórias. Podemos cultivar lembranças de longínquos ancestrais “bugres”, ou assumir atitudes públicas de respeito para com atuais lideranças ameríndias, - mas nem vislumbramos na cidade em que vivemos as formas de espacialização anteriores à que conhecemos. O próprio lugar onde teve início o arraial do Bom Jesus era “uma grande aldeia”. Era “coberto de mato”, com “grandiosos arvoredos” e envolto pela vastidão “campestre”, que chamamos cerrado. Os “grandiosos arvoredos” margeavam o sinuoso córrego depois chamado “Prainha” (o Ikuebo dos Bororo, córrego das estrelas). E se esgalhavam pelos afluentes. Ao longe, a norte e leste, os “morros” ou “serranias dos Chipone” - a chapada hoje “dos Guimarães”. A sudeste, o morro de Santo Antônio. A margem esquerda do córrego erguia-se em escarpas. A direita subia mais suave, em “colinas”. Nesta foi edificado arraial, erguido em 1727 à categoria de vila, com o nome de Vila Real do Bom Jesus do Cuiabá. A formação do arraial e da vila destruiu a mata, assoreou os córregos. A configuração do espaço do arraial e da vila começou com a construção de igreja dedicada ao Bom Jesus, em fins de 1722, pelo paulista Jacinto Barbosa Lopes. Este Jacinto construíra a igreja-matriz da vila do Carmo (hoje cidade de Mariana), nas Gerais, com a frente voltada para o ribeirão do Carmo, entre dois afluentes dele. Aqui, ergueu igreja também voltada para um córrego, o Prainha, entre dois afluentes (um, na atual Voluntários da Pátria, outro na atual Generoso Ponce). Em 1723 o governador da capitania de São Paulo assinou regimento para normatizar o espaço do arraial: (...) se faça uma povoação grande na melhor parte que houver (...), aonde haja água e lenha (...); e o melhor meio de se adiantar na dita povoação o número de Moradores é estes fazerem suas casas; fará fazer o (...) Regente as suas, como também os principais Paulistas, porque à sua imitação se irão seguindo os mais(...). E como (...) nas ditas Minas há telha e barro capaz para ela, deve animar e persuadir aos mineiros e mais pessoas que fizerem as suas casas, as façam logo de telha, porque além de serem mais graves, são também mais limpas e têm melhor duração(...). No mesmo ano o governador recebeu ordem do rei, mandando criar vila no Cuiabá. A expressão “criar vila” significava, na época, constituir governança local, formada por “homens bons” ou “de bens”, eleitos trienalmente. A instituição dessa governança era a câmara ou senado da câmara, que concentrava os poderes legislativo, executivo e judiciário. Ainda nesse ano de 1723 foi criada a freguesia do Cuiabá, com sede no arraial e a igreja do Bom Jesus foi alçada à categoria de igreja matriz. Mas foi só a 1º de janeiro de 1727 que o governador executou a ordem régia de fundar vila no Cuiabá: Ao primeiro dia do mês de janeiro de 1727, nesta Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá, sendo mandado por Sua Majestade, que Deus guarde, a criá-la de novo, o Exmº. Sr. Rodrigo César de Meneses, governador e capitão general desta capitania, e que o acompanhasse para o necessário o Dr. Antonio Álvares Lanhas Peixoto, ouvidor geral da comarca de Paranaguá, sendo por ele feitas as justiças, juizes ordinários Rodrigo Bicudo Chacim, o tesoureiro coronel João de Queirós, e vereadores Marcos Soares de Faria, Francisco Xavier de Matos, João de Oliveira Garcia, e procurador do conselho Paulo de Anhaia Leme, servindo de escrivão da câmara Luiz Teixeira de Almeida, almotacés o brigadeiro Antonio de Almeida Lara, e o capitão mor Antonio José de Melo, levando o estandarte da vila Matias Soares de Faria, foi mandado pelo dito senhor governador e capitão general que com o dito Dr. ouvidor, todos juntos com a nobreza e povo, fossem à praça levantar o pelourinho desta vila, a que em nome de el rei deu o nome de Vila Real do Bom Jesus, e declarou que sejam as armas de que usasse, um escudo dentro com o campo verde e um morro ou monte no meio, todo salpicado com folhetas e granetes de ouro, e por timbre em cima do escudo uma fênix; e nomeou para levantar o pelourinho ao capitão mor regente Fernando Dias Falcão, e todos os sobreditos com o dito Dr. ouvidor, nobreza e povo foram à praça desta vila, aonde o dito Fernando Dias Falcão levantou o pelourinho, do que para constar a todo o tempo fiz este. Didatismo e Conhecimento 2
  • 5. HISTÓRIA DE MATO GROSSO À época da fundação, o ambiente do arraial foi descrito nos seguintes termos: Corre toda a povoação do sul para o norte, com planície que faz queda para um riacho que seca no verão: a leste fica um morro vizinho e a oeste uma chapada em que se tem feito parte das casas do arraial e se podem fazer muitas mais. (...) Junto deste arraial e a sudoeste dele está um morro, em que a devoção de alguns devotos colocou a milagrosa imagem de Nossa Senhora do Bom Despacho: daqui se descobre todo o arraial, e faz uma alegre vista pelo aprazível dos arvoredos, morros e casas que dele se descobrem. (...) no princípio da povoação e defronte da Igreja Matriz (...). As imagens, ‘do sul para o norte’, eram as de quem vinha do porto no rio Cuiabá para o centro do arraial. Mas o olhar descritivo alça-se para o conjunto: “toda a povoação”. O “riacho que seca no verão” era o prainha, hoje esgoto sob a Tenente-Coronel Duarte. O “morro vizinho” a leste, o que resta dele tem o nome recente de “Morro da Luz”. A “chapada” de oeste era onde hoje está o centro histórico. O “morro” de sudoeste é o atual “Morro do Seminário”, com igreja construída neste século. A igreja setecentista foi demolida. Notável a “Igreja Matriz” como princípio da povoação. Fundada a vila, três dias depois a primeira vereança da câmara começou a registrar suas formas de controle do espaço urbano: (...) nenhuma pessoa (...) fará casa sem pedir licença à Câmara, que lhe dará mandando primeiro o Arruador, que deve haver de marcar lugar para as edificar em rua direita e continuada das que estão principiadas, em forma que todas vão direitas por corda, não consentindo os Oficiais da Câmara se façam daqui por diante casas separadas e desviadas para os matos como se acham algumas, porque além de fazerem a vila disforme, ficam nelas os moradores mais expostos a insultos (...). Tinha início assim a consolidação do ambiente urbano colonial que é hoje o centro histórico desta cidade, patrimônio histórico nacional. (Texto adaptado de Carlos Rosa). Primórdios de Cuibá Em 1722, por Provisão Régia, o Arraial de Cuiabá foi elevado à categoria de distrito da Capitania de São Paulo. A Coroa mandou que o governador da Capitania de São Paulo, Dom Rodrigo Cesar de Menezes instalasse a Villa, o município, estrutura suprema local de governo. Dom Rodrigo partiu de São Paulo a 06 de junho de 1726 e chegou a Cuiabá a 15 de novembro do mesmo ano. A 1º de janeiro instalou a Villa. Há de se dizer, entretanto, que na administração do governador Rodrigo Cesar de Menezes, que trouxe ao Arraial mais de três mil pessoas, houveram transformações radicais no sistema econômico-administrativo da Villa. A medida mais drástica foi a elevação do imposto cobrado sobre o ouro, gerando aumento no custo de vida, devido ao crescimento populacional, agravando a situação precária do garimpo já decadente. Estes fatos, aliados à grande violência que mesclou a sua administração, bem como a escassez das minas de Cuiabá, tornaram-se fundamentais para a grande evasão populacional para outras áreas. A 29 de março de 1729, D. João V, criou o cargo de Ouvidor em Cuiabá. Apesar do Brasil já se desenvolver a 200 anos, Cuiabá ainda participou da estrutura antiga dos municípios, em que o poder máximo era exercido pelo legislativo, cabendo ao executivo um simples papel de Procurador. O chefe nato do legislativo era a autoridade suprema do Judiciário. Por isso o poder municipal era também denominado de Ouvidoria de Cuiabá. Ainda não se usava designar limite ou área ao município; apenas recebia atenção formal a sede municipal, com perímetro urbano. O resto do território se perdia num indefinido denominado Districto. Por isso se costumava dizer “Cuyabá e seu Districto”. Naquele tempo os garimpeiros corriam atrás das manchas, lugares que rendiam muito ouro. Assim, em 1737, por ocasião das notícias de muito ouro para as bandas do Guaporé, enorme contingente optou pela migração. Se a situação da Vila de Cuiabá já estava difícil, tornou-se pior com a criação da Capitania, em 09 de maio de 1748. Em 1751, a vila contava com seis ruas, sendo a principal a Rua das Trepadeiras (hoje Pedro Celestino). Muitos de seus habitantes migraram para a capital da Capitania, atraídos pelos privilégios oferecidos aos que ali fossem morar. Este fator permitiu que Cuiabá ficasse quase estagnada por período de setenta anos. Vila Bela – Antiga Capital Por ordem de Portugal, a sede da Capitania foi fixada no Vale do Rio Guaporé, por motivos políticos e econômicos de fronteira. D. Antônio Rolim de Moura Tavares, Capitão General, foi nomeado pela Carta Régia de 25 de janeiro de 1749. Tomou posse a 17 de janeiro de 1751. Rolim de Moura era fidalgo português e primo do Rei, mais tarde foi titulado Conde de Azambuja. A 19 de março de 1752, D. Rolim de Moura fundou Villa Bela da Santíssima Trindade, às margens do Rio Guaporé, que se tornou capital da Capitania de Mato Grosso. Didatismo e Conhecimento 3
  • 6. HISTÓRIA DE MATO GROSSO Vários povoados haviam se formado na porção oestina, desde 1726 até a criação da Capitania, a exemplo de Santana, São Francisco Xavier e Nossa Senhora do Pilar. Esses povoados, além de constituírem os primeiros vestígios da ocupação da porção ocidental da Capitania, tornaram-se o embrião para o surgimento de Vila Bela, edificada na localidade denominada Pouso Alegre. O crescimento de Vila Bela foi gradativo e teve como maior fator de sua composição étnica, os negros oriundos da África para trabalho escravo, além dos migrantes de diversas áreas da Colônia. O período áureo de Vila Bela ocorreu durante o espaço de tempo em que esteve como sede política e administrativa da Capitania, até 1820. A partir daí, começou a haver descentralização política, e Vila Bela divide com Cuiabá a administração Provincial. No tempo do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, no início do século XIX, Cuiabá atraía para si a sede da Capitania. Vila Bela recebia o título de cidade sob a denominação de Matto Grosso. A medida tardou a se concretizar, dando até ocasião de se propor a mudança da capital para Alto Paraguay Diamantino (atualmente município de Diamantino). A Lei nº. 09, de 28 de agosto de 1835, encerrou definitivamente a questão da capital, sediando-a em Cuiabá. Tratou-se de processo irreversível a perda da capital em Vila Bela, quando esta “vila” declinava após o governo de Luíz de Albuquerque. A cidade de Matto Grosso, a nova denominação, passou às ruínas, e era considerada como qualquer outro município fronteiriço. Hoje em dia a cidade passou a ser vista de uma outra maneira, principalmente pelo redescobrimento de sua riqueza étnico-cultural. A Lei Federal nº. 5.449, de 04 de julho de 1968 tornou Mato Grosso município de Segurança Nacional. Em 29 de novembro de 1978, a Lei nº. 4.014, alterava a denominação de Mato Grosso para Vila Bela da Santíssima Trindade, voltando ao nome original. 2. A PROVÍNCIA DE MATO GROSSO E O IMPÉRIO BRASILEIRO. 2.1. A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA. 2.2 O USO DA MÃO DE OBRA ESCRAVA. Primeiro Império Em 25 de março de 1824, entrou em vigor a Constituição do Império do Brasil. As Capitanias passaram à denominação de Províncias, sendo os presidentes nomeados pelo Imperador. Mas o Governo Provisório Constitucional regeu Mato Grosso até 1825. A 10 de setembro de 1825, José Saturnino da Costa Pereira assumiu o governo, em Cuiabá, como primeiro governador da Província de Mato Grosso, após a gestão do Governo Provisório Constitucional. No governo de Costa Pereira passou por Mato Grosso a célebre expedição russa, chefiada pelo Barão de Langsdorff, quando se registrou fatos e imagens da época. Também Costa Pereira, por arranjos de negociação, paralisou o avanço de 600 soldados chiquiteanos contra a região do Rio Guaporé, em fins de 1825. Costa Pereira criou o Arsenal da Marinha no porto de Cuiabá e o Jardim Botânico da cidade, entregando-o à direção do paulista Antônio Luís Patrício da Silva Manso. No governo do presidente Antônio Corrêa da Costa, ocorreu a criação do município de Poconé, por Decreto Regencial de 25 de outubro de 1831, o quarto de Mato Grosso e o primeiro no período Províncial - “Villa do Poconé”. A 28 de maio de 1834, o também tenente coronel João Poupino Caldas, assume a presidência da Província. Em seu governo eclodiu a Rusga, revolta nativista que transformou a pacata comunidade cuiabana em feras à cata de portugueses, a quem chamavam bicudos. Em Cuiabá a “Sociedade dos Zelosos da Independência” organizou a baderna, visando a invasão das casas e comércios de portuguêses. Antônio Pedro de Alencastro assume o governo da Província a 29 de setembro de 1834 e promove processo contra os criminosos da sedição mato-grossense. Poupino, em troca da confiança do Presidente da Província, programa o enfraquecimento dos amotinados pela dissolução da Guarda Municipal e reorganização da Guarda Nacional. A Assembléia Provincial, pela Lei nº. 19, transfere a Capital da Província de Mato Grosso da cidade de Matto Grosso (Vila Bela) para a de Cuiabá. A 14 de agosto de 1839 circulou pela primeira vez um jornal em Cuiabá - Themis Mato-Grossense. A primeira tipografia foi adquirida por subscrição pública organizada pelo Presidente da Província José Antônio Pimenta Bueno, que era ferrenho defensor dos direitos provinciais. A educação contou com seu irrestrito apoio, sob sua direção, foi promulgado o Regulamento da Instrução Primária, através da Lei nº. 08, de 05 de março de 1837. Esse regulamento, disciplinador da matéria, estabelecia a criação de escolas em todas as povoações da Província e o preenchimento dos cargos de professor mediante concurso. Multava os pais que não mandassem seus filhos ás escolas, o que fez com que o ensino fosse obrigatório. Pimenta Bueno passou seu cargo ao cônego José da Silva Guimarães, seu vice. Didatismo e Conhecimento 4
  • 7. HISTÓRIA DE MATO GROSSO Segundo Império O primeiro presidente da Província de Mato Grosso, nomeado por Dom Pedro II, foi o cuiabano cônego José da Silva Magalhães, que assumiu a 28 de outubro de 1840. Em 1844, chega a Cuiabá o médico Dr. Sabino da Rocha Vieira para cumprir pena no Forte Príncipe da Beira. Fora o chefe da famosa Sabinada, pretendendo implantar uma República no Brasil. Neste mesmo ano de 1844, o francês Francis Castelnau visitou Mato Grosso em viagem de estudos. Tornou-se célebre pelos legados naturalistas. O cel. João José da Costa Pimentel foi nomeado para a presidência da Província a 11 de junho de 1849. Augusto Leverger, nomeado a 07 de outubro de 1850, assumiu o governo Provincial a 11 de fevereiro de 1851. Exerceu a presidência cinco vezes. Além de providências notáveis no tempo da Guerra do Paraguai, notabilizou-se pela pena de historiador de Mato Grosso. Importante Tratado abriu as portas do comércio de Mato Grosso para o progresso: o de 06 de abril de 1856. Graças à habilidade diplomática do Conselheiro Paranhos, Brasil e Paraguai celebraram o Tratado da Amizade, Navegação e Comércio. O primeiro vapor a sulcar as águas da Província de Mato Grosso foi o Water Witch, da marinha dos Estados Unidos, sob o comando do Comodoro Thomaz Jefferson Page, em 1853, incumbido pelo seu governo da exploração da navegação dos afluentes do Prata. Em 1859, ao tomar posse o presidente Antônio Pedro de Alencastro (o 2º Alencastro), chegou a Mato Grosso o Ajudante de Ordens, o capitão Manoel Deodoro da Fonseca, o futuro proclamador da República. No ano de 1862, o célebre pintor Bartolomé Bossi, italiano, visitou a Província de Mato Grosso, deixando um livro de memórias. Imortalizou em tela acontecimentos da época. Sobressai na História de Mato Grosso o episódio da Guerra do Paraguai. Solano Lopes aprisionou a 12 de novembro de 1864 o navio brasileiro Marquês de Olinda, que havia acabado de deixar o porto de Assunção, conduzindo o presidente eleito da Província de Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos. Começara ali a Guerra do Paraguai, de funestas lembranças para Mato Grosso. Os mato-grossenses foram quase dizimados pela varíola. Um efeito cascata se produziu atingindo povoações distantes. Metade dos moradores de Cuiabá pereceu. No entanto, o povo de Mato Grosso sente-se orgulhoso dos feitos da Guerra do Paraguai onde lutaram em minoria de gente e de material bélico, mas tomando por aliado o conhecimento da natureza e sempre produzindo elementos surpresa. Ruas e praças imortalizaram nomes e datas dos feitos dessa guerra. A notícia do fim da Guerra do Paraguai chegou a Cuiabá no dia 23 de março de 1870, com informações oficiais. O vapor Corumbá chegou embandeirado ao porto de Cuiabá, às cinco da tarde, dando salvas de tiros de canhão. Movimento notável ocorrido nesse período do Segundo Império foi o da abolição da escravatura. O símbolo do movimento aconteceu a 23 de março de 1872: O presidente da Província, Dr. Francisco José Cardoso Júnior, libertou 62 escravos, ao comemorar o aniversário da Constituição do Império. Em dezembro do mesmo ano, foi fundada a “Sociedade Emancipadora Mato-Grossense”, sendo presidente o Barão de Aguapeí. A 12 de agosto de 1888, nasceu o Partido Republicano. Nomeiam-se líderes; José da Silva Rondon, José Barnabé de Mesquita, Vital de Araújo, Henrique José Vieira Filho, Guilherme Ferreira Garcêz, Frutuoso Paes de Campos, Manoel Figueiredo Ferreira Mendes. A notícia da Proclamação da República tomou os cuiabanos de surpresa a 09 de dezembro de 1889, trazida pelo comandante do Paquetinho Coxipó, pois vinte e um dias antes, a 18 de novembro felicitaram Dom Pedro II por ter saído ileso do atentado de 15 de junho. A 02 de setembro a Assembléia Provincial aprovara unânime a moção congratulatória pelo aniversário do Imperador. Ao findar o Império, a Província de Mato Grosso abrigava 80.000 habitantes. Guerra de Tríplice Aliança Durante o período monárquico, o Brasil se envolveu em três conflitos internacionais com países fronteiriços situados ao sul, na região Platina. A Guerra do Paraguai, porém, foi o mais longo e violento. Começou em 1864 e terminou em 1870, com a derrota do Paraguai para os países que formaram a chamada Tríplice Aliança: o Brasil, a Argentina e o Uruguai. A principal causa da guerra está relacionada às tentativas do governo do ditador paraguaio, Francisco Solano López, de colocar em prática uma política expansionista, com o objetivo de ampliar o território do seu país, apossando-se de terras dos países vizinhos, e ter acesso ao mar pelo porto de Montevidéu. Solano López pretendia formar o Grande Paraguai, a partir da invasão e anexação do Uruguai, de partes do território argentino e das províncias brasileiras do Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Não obstante, uma vez iniciado o conflito armado, os países que formaram a Tríplice Aliança procuraram defender seus respectivos interesses e se impor como potências regionais. As batalhas da Guerra do Paraguai A guerra do Paraguai durou seis anos, período durante o qual travaram-se várias batalhas. As forças militares brasileiras, chefiadas pelo almirante Barroso, venceram a batalha do Riachuelo, libertando o Rio Grande do Sul. Em maio de 1866, ocorreu a batalha de Tuiuti, que deixou um saldo de 10 mil mortos, com nova vitória das tropas brasileiras. Didatismo e Conhecimento 5
  • 8. HISTÓRIA DE MATO GROSSO Em setembro, porém, os paraguaios derrotam as tropas brasileiras na batalha de Curupaiti. Desentendimentos entre os comandantes militares argentinos e brasileiros levaram o imperador dom Pedro 2° a nomear Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias, para o comando geral das tropas brasileiras. Ainda assim, em 1867, a Argentina e o Uruguai se retiram da guerra. Ao lado de Caxias, outro militar brasileiro que se destacou na campanha do Paraguai foi o general Manuel Luís Osório. Sob o comando supremo de Caxias, o exército brasileiro foi reorganizado, inclusive com a obtenção de armamentos e suprimentos, o que aumentou a eficiência das operações militares. Fortalecido e sob inteiro comando de Caxias, as tropas brasileiras venceram sucessivas batalhas, decisivas para a derrota do Paraguai. Destacam-se as de Humaitá, Itororó, Avaí, Angostura e Lomas Valentinas. Vitória brasileira No início de 1869, o exército brasileiro tomou Assunção, capital do Paraguai. A guerra chegou ao fim em março 1870, com a Campanha das Cordilheiras. Foi travada a batalha de Cerro Corá, ocasião em que o ditador Solano López foi perseguido e morto. Vale lembrar que, a essa altura, Caxias considerava a continuidade da ofensiva brasileira uma carnificina e demitiu-se do comando do exército, que passou ao conde d’Eu, marido da princesa Isabel. A ele coube conduzir as últimas operações. Consequências da guerra Para o Paraguai, a derrota na guerra foi desastrosa. O conflito havia levado à morte cerca de 80% da população do país, na sua maioria homens. A indústria nascente foi arrasada e, com isso, o país voltou a dedicar-se quase que exclusivamente à produção agrícola. A guerra também gerou um custoso endividamento do Paraguai com o Brasil. Essa dívida foi perdoada por Getúlio Vargas. Mas os encargos da guerra e as necessidades de recursos financeiros levaram o país à dependência de capitais estrangeiros. A Guerra do Paraguai também afetou o Brasil. Economicamente, o conflito gerou muitos encargos e dívidas que só puderam ser sanados com empréstimos estrangeiros, o que fez aumentar nossa dependência em relação às grandes potências da época (principalmente a Inglaterra) e a dívida externa. Não obstante, o conflito armado provocou a modernização e o fortalecimento institucional do Exército brasileiro. Com a maioria de seus oficiais comandantes provenientes da classe média urbana, e seus soldados recrutados entre a população pobre e os escravos, o exército brasileiro tornou-se uma força política importante, apoiando os movimentos republicanos e abolicionistas que levaram ao fim do regime monárquico no Brasil. Mão de Obra Escrava Para trabalhar na mineração, chegaram, no século XVIII, em Mato Grosso, os primeiros escravos de origem africana. Como resistência à escravidão, as fugas foram constantes, sendo individuais ou coletivas, formando diversos quilombos. A região do vale do rio Guaporé foi onde houve maior concentração dessas aldeias de escravos fugitivos. O quilombo do Piolho ou Quariterê, no final do século XVIII, localizado próximo ao rio Piolho, ou Quariterê, reuniu negros nascidos na África e no Brasil, índios e mestiços de negros e índios (cafuzos). José Piolho, provavelmente foi o primeiro chefe do quilombo. Depois, assumiu o poder sua esposa, Teresa. Fugidos da exploração branca, os habitantes do quilombo conviviam comunitariamente em uma fusão de elementos culturais de origem indígena e africana. Os homens caçavam, lenhavam, cuidavam dos animais e conseguiam mel na mata; as mulheres preparavam os alimentos e fabricavam panelas com barro, artesanato e roupas. As dificuldades de abastecimento de escravos na região guaporeana, levou-os a organizar uma bandeira para atacar os escravos fugitivos. A bandeira contendo cerca de trinta homens e comandada por João Leme de Prado, percorreu um mês de Vila Bela até o quilombo, e, de surpresa, atacou-o, prendendo quase a totalidade dos moradores. Alguns morreram no combate que se travou, outros fugiram. Os escravos que sobreviveram foram capturados e levados para Vila Bela. Outros quilombos também foram organizados em terras mato-grossenses durante os séculos XVIII e XIX, podendo ser registrados aqui, apenas para exemplificar, os quilombos “Mutuca” e “Pindaituba” situados na Chapada dos Guimarães, os “Sepoutuba” e “Rio Manso” próximos a Vila Maria (atual Cáceres). Didatismo e Conhecimento 6
  • 9. HISTÓRIA DE MATO GROSSO 3 A INSTALAÇÃO DA REPÚBLICA E O ESTADO DE MATO GROSSO. 3.1 CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS E POLÍTICAS DO ESTADO DURANTE A PRIMEIRA REPÚBLICA. Primeira República Em 09 de dezembro de 1889, Antônio Maria Coelho assumiu as rédeas do governo republicano em Mato Grosso. A 15 de agosto de 1891 se promulgava a Primeira Constituição do Estado de Mato Grosso. O termo Província deu lugar a Estado. O chefe do executivo mantinha a denominação de presidente. Eleito pela Assembléia Legislativa, o jurista Dr. Manoel José Murtinho assumiu o cargo de primeiro presidente do Estado de Mato Grosso, a 16 de agosto de 1891. Em 1894, os salesianos chegaram a Mato Grosso, a pedido do bispo Dom Carlos Luís D’Amour ao fundador Dom Bosco. Os salesianos deixaram histórico rastro cultural em Mato Grosso, notabilizaram-se pelas Missões entre povos indígenas. O conturbado período político de 1889 a 1906 assinalou progressos econômicos. Usinas açucareiras da beira do Rio Cuiabá desenvolveram-se, tornando-se potências econômicas no Estado. Notabilizaram-se as usinas. Conceição, Aricá, Itaici - além de outras. Também a produção de borracha tomou notável impulso. Outra fonte de riqueza em crescimento foram os ervais da região fronteiriça com o Paraguai. Em 1905 tiveram início as obras da estrada de ferro, que cortou o sul do Estado. Os chefes do Partido Republicano, além de se reunirem em pontos de difícil acesso, como nos seringais, também obtiveram asilo político no Paraguai, ali editaram o jornal “A Reação”, que entrava clandestinamente em Mato Grosso. Em 1906, Generoso Ponce retorna a Mato Grosso e em Corumbá se encontra com Manoel José Murtinho, então adversário político. Fazem as pazes e nasce o movimento denominado “Coligação”. O Partido Republicano ordena as forças para a retomada do poder presidencial de Cuiabá, pressionando do sul e do norte. Ponce sobe de Corumbá e o cel. Pedro Celestino desce de Alto Paraguai Diamantino. Ponce agia às pressas, porque o presidente Antônio Paes de Barros pedira socorro à União. Do Rio de Janeiro o gal. Dantas Barreto partiu em auxílio ao presidente do Estado de Mato Grosso. As duas tenazes, do norte e do sul, à medida que progrediam o avanço, recebiam adesões de patriotas. Cerca de 4.000 homens cercaram Cuiabá. O presidente Antônio Paes de Barros, vendo-se impotente, furou o cerco, tomando disfarce, mas foi descoberto nas imediações da fábrica de pólvora do Coxipó, onde foi assassinado, a 06 de julho de 1906. A 15 de agosto de 1907, o cel. Generoso Paes Leme de Souza Ponce assumiu o governo do Estado de Mato Grosso. Seus substitutos legais eram o cel. Pedro Celestino Corrêa da Costa, dr. Joaquim Augusto da Costa Marques e o cel. João Batista de Almeida Filho. O cel. Pedro Celestino foi substituído pelo Dr. Joaquim Augusto da Costa Marques, que tomou posse a 15 de agosto de 1911, tendo como vice o cel. Joaquim Caraciolo Peixoto de Azevedo, dr. José Carmo da Silva Pereira e o Dr. Eduardo Olímpio Machado. O presidente Costa Marques conseguiu a proeza de governar ininterruptamente, fato inédito naqueles tempos de política turbulenta. A Costa Marques sucedeu em 15 de agosto de 1915, o gal. Caetano Manoel de Faria e Albuquerque. Eram difíceis os tempos de I Grande Guerra Mundial, sendo que a 22 de janeiro de 1918, tomou posse D. Francisco de Aquino Corrêa, Bispo de Prusíade, eleito para o quadriênio 1918-1922, governando por todo seu mandato. Posteriormente foi eleito, por voto direto o cel. Pedro Celestino Corrêa da Costa, que assumiu o governo em 22 de janeiro de 1922, cujo mandato se expiraria em 1926. No entanto, não chegou a completá-lo, deixando o comando do governo, por motivos de saúde, a 1º de novembro de 1924. Nesta ocasião o 1º vice-presidente, Dr. Estevão Alves Corrêa, assumiu a presidência, governando até o fim do mandato. Neste período cruzou o chão mato-grossense a épica “Coluna Prestes”, que passou por diversas localidades do Estado, deixando um rastro de admiração e tristeza. O 10º presidente constitucional do Estado de Mato Grosso foi o Dr. Mário Corrêa da Costa, que governou de 1926 até 1930. O Dr. Anibal Benício de Toledo, 11º presidente constitucional, assumiu o governo estadual a 22 de janeiro, para o quadriênio 1930-1934. Esteve à frente da governadoria apenas por 9 meses e 8 dias, em função dos resultados práticos da Revolução de 30. Na sequência assumiu o governo o major Sebastião Rabelo Leite - Comandante da Guarnição Militar de Cuiabá. Didatismo e Conhecimento 7
  • 10. HISTÓRIA DE MATO GROSSO Economia Em 1820, Cuiabá volta a ser sede política e administrativa de Mato Grosso e Vila Bela entra em decadência. Neste período surgiu uma indústria doméstica que supriu a necessidade de produtos da terra como farinha de mandioca, arroz, feijão, açúcar, aguardente, azeite de mamona e algodão. Por volta de 1830 surge a extração da ipecacuanha ou poaia, Cephaelis ipecacuanha. Nesta época, José Marcelino da Silva Prado, explorando garimpos de diamantes nas imediações do Rio Paraguai, em região próximo à Barra do Bugres, observou que seus garimpeiros usavam, quando doentes, um chá preparado com raiz de arbusto facilmente encontrado à sombra da quase impenetrável floresta da região. Tratava-se da “poaia”, que era antiga conhecida dos povos indígenas, que tinham repassado seu conhecimento aos colonizadores. Curioso e interessado, o garimpeiro enviou amostras da planta para análise na Europa, via porto de Cáceres e Corumbá. Desta raiz é extraída a Emetina, substância vegetal largamente utilizada na indústria farmacêutica, principalmente como fixador de corantes. Constatado oficialmente seu valor medicinal, iniciou-se, então, o ciclo econômico da poaia, de longa duração e grandes benefícios para os cofres do Tesouro do Estado. Esta planta é extremamente sensível, abundando em solos de alta fertilidade sob árvores de copas bem formadas. Seus principais redutos eram áreas dos municípios de Barra do Bugres e Cáceres. A princípio, os carregamentos seguiam para a metrópoles via Goiás, depois passou a ser levada por via fluvial, com saída ao estuário do Prata. Os poaieiros eram os indivíduos que se propunham a coletar a poaia. O poaiaeiro surgiu em Mato Grosso em fins do século XIX, e foi responsável pelo surgimento de núcleos de povoamento no Estado, graças à sua atividade desbravadora, sempre à procura de novas “manchas” da raiz da poaia. Porém, o próprio poaieiro decretou o (quase) fim desta cultura, pois os “catadores” da poaia somente extraíam as plantas, não faziam o replantio, não seguindo o exemplo dos povos indígenas que, ao subtraírem as raizes da ipeca, as replantavam, garantindo, assim, a perenidade do vegetal. Outro fator que contribuiu para a escassez da planta foi o desmatamento desenfreado da região oestina de Mato Grosso, pois a poaia estava acostumada à sombra das matas úmidas, e sucumbiu ante a queda das árvores. A poaia chegou a ser o segundo contribuinte para os cofres da Província de Mato Grosso, devido a sua exportação principalmente para a Europa. Após a constatação em Paris de que a borracha mato-grossense possuía boa qualidade o produto tornou-se famoso em várias partes do mundo. Logo após a Guerra do Paraguai, em 1870, a produção, oriunda dos vastos seringais nativos da imensa região banhada pelo Rio Amazonas, tornou-se um ponto de apoio para os minguados cofres da Província. Diamantino foi o grande centro produtor de látex e Cuiabá se transformou em centro comercial do produto, com várias empresas criadas para exportar a borracha mato-grossense. Destacou-se entre elas a Casa Almeida e Cia., com matriz na Praça 13 de Maio. Ela exportava para várias partes do mundo, principalmente para Londres e Hamburgo. A criação de gado e a lavoura tornaram Livramento, Santo Antônio do Rio Abaixo e Chapada dos Guimarães os grandes celeiros da capital. Mas com o fim da escravidão estas localidades entraram em verdadeiro colapso. Na região sul da Província, hoje território de Mato Grosso do Sul, surgiu ainda no fim do século XIX a produção de erva mate, Ilex paraguaiensis. O empresário Tomás Laranjeira obteve privilégios da Província para começar a empresa Mate Laranjeira. Entre as facilidades conseguiu arrendar toda a região banhada pelos afluentes da margem direita do Rio Paraná, numa área de aproximadamente 400 léguas quadradas. O empreendimento foi um sucesso e foi de grande contribuição para os cofres públicos na época. Com a quase extinção dos ervais nativos e uma política econômica contrária aos interesses comerciais desta cultura, o segmento comercial entrou em decadência em menos de duas décadas. Apesar de conturbado politicamente, o período de 1889 a 1906 foi de intenso progresso econômico. Logo após a proclamação da República, várias usinas açucareiras foram criadas e se desenvolveram. Entre elas se destacaram as usinas Conceição, Aricá, Flechas, São Miguel e Itaici. Esses grandes empreendimentos foram, na época, o maior indício de desenvolvimento industrial de Mato Grosso. Sua decadência foi em razão do grande isolamento da região e do abandono por parte do governo. Didatismo e Conhecimento 8
  • 11. HISTÓRIA DE MATO GROSSO 4 O ESTADO DE MATO GROSSO E A ERA VARGAS. 4.1 CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS E POLÍTICAS DO ESTADO DURANTE A ERA VARGAS. Segunda República Os anos de 1930-1945 foram marcados por forte influência européia. A política centralizadora de Getúlio Vargas se fez sentir em Mato Grosso: interventores federais foram nomeados por entre exercícios de curto governo. A 16 de julho de 1934, o Congresso Nacional promulgou uma nova Constituição Federal, que foi seguida pela estadual mato-grossense, a 07 de setembro de 1935. O título de presidente foi substituído pelo de governador. Os constituintes estaduais elegeram o Dr. Mário Corrêa da Costa para governador, que tomou posse como o 12º governo constitucional. Foi este um governo marcado por agitações políticas. A normalidade voltou com a eleição do bel. Júlio Strubing Müller pela Assembléia Legislativa para governador, que assumiu o cargo em 04 de outubro de 1937. Ocorrendo o golpe do “Estado Novo” de Getúlio Dornelles Vargas a 10 de novembro de 1937, o Estado de Mato Grosso passou ao regime de interventoria novamente. Nesse período registraram-se progressos econômicos e notável participação de Mato Grosso na Segunda Guerra Mundial. Em 15 de outubro de 1939, instalou-se em Cuiabá a Rádio Voz do Oeste, sob a direção de seu criador, Jercy Jacob: professor, poeta, músico, compositor e técnico em radieletricidade. Marcou época o programa “Domingo Festivo na Cidade Verde”, apresentado por Rabello Leite e Alves de Oliveira, ao vivo, no anfiteatro do Liceu Cuiabano. Mais tarde, Alves de Oliveira e Adelino Praeiro deram sequência ao programa no Cine Teatro Cuiabá. Por efeito da Constituição Federal de 1946, um novo período de normalidade se instituiu. A Assembléia Constituinte de Mato Grosso elegeu o primeiro governador do período, Dr. Arnaldo Estevão de Figueiredo. A 03 de outubro de 1950 houve eleições para governador, concorrendo Filinto Müller, pelo Partido Social Democrata e Fernando Corrêa da Costa pela União Democrática Nacional. Venceu Fernando Corrêa, que tomou posse a 31 de janeiro de 1951, governando até 31 de janeiro de 1956. Fernando Corrêa da Costa instalou a Faculdade de Direito de Mato Grosso, núcleo inicial da futura Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT. O engenheiro civil João Ponce de Arruda recebeu das mãos de Fernando Corrêa o governo de Mato Grosso, administrando o Estado por cinco anos, de 31 de janeiro de 1956 até 31 de janeiro de 1961. A 19 de janeiro de 1958, faleceu no Rio de Janeiro Cândido Mariano da Silva Rondon ou simplesmente o Marechal Rondon, como ficou mundialmente conhecido. Em 31 de janeiro de 1961, pela segunda vez, o médico Fernando Corrêa da Costa tomou posse como governador. Em seu segundo mandato ocorreu a Revolução de 31 de março de 1964, o que serviu para “esticar” o período de governo, permanecendo à frente do executivo até 15 de março de 1966. Governou nesta segunda vez por 5 anos, 1 mês e 15 dias. Economia A política implementada por governos de estado na esfera federal, ao longo dos anos, no sentido de fixar grandes contingentes migratórios nas áreas disponíveis, estabeleceu um modelo nacional e ordenado de ocupação espacial. Na década de 1940, já se fazia sentir a vocação de produzir alimentos e absorver mão-de-obra, isto se deu com a criação de colônias agrícolas para atender à pressão da demanda de pequenos e médios agricultores de todo Brasil. Entretanto, a ocupação limitou-se ao assentamento de colonos e à criação de precária e ineficiente rede viária, sem estímulo à produção ou garantias de comercialização. De 1942 a 1945, Mato Grosso reviveu os tempos áureos do látex. A Segunda Guerra Mundial eclodia e, como os aliados viram-se privados da borracha asiática, acabaram batendo na porta do Brasil em busca da preciosa goma. Este foi o tempo dos Soldados da Borracha, época de maior produção de borracha por pé de seringa em campos nativos. Para a base empresarial foi criado o Banco da Borracha Didatismo e Conhecimento 9
  • 12. HISTÓRIA DE MATO GROSSO 5 O MILITARISMO NO BRASIL ENTRE 1964 E 1984 E O ESTADO DE MATO GROSSO. 5.1. CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS E POLÍTICAS DO ESTADO DURANTE O MILITARISMO. 5.2 A DIVISÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO. Militarismo no Mato Grosso Em 1964 Mato Grosso tornou-se um dos focos do movimento revolucionário. Declarada a Revolução em Minas Gerais, a tropa do 16º Batalhão de Caçadores de Cuiabá avançou para Brasília, sendo a primeira unidade militar a ocupar a capital da República. O governo militar instituiu o voto indireto para governador. O nome era proposto pela Presidência da República, homologado pela Assembléia Legislativa. Apenas em 1982, voltariam as eleições diretas. No primeiro governo revolucionário, o Dr. Roberto de Oliveira Campos, mato-grossense de largo passado de serviços públicos, foi escolhido para Ministro de Planejamento. No governo do general Castelo Branco, o mato-grossense general Dilermando Gomes Monteiro exerceu a função de Subchefe da Casa Militar, passando a Chefe da Casa Militar no governo do gal. Ernesto Geisel, posteriormente a Comandante do II Exército e a Ministro do Superior Tribunal Militar. Filinto Müller se projetou como senador, nacionalmente. Líder do governo no Senado Federal, Presidente do Senado e Presidente da ARENA. Faleceu em desastre aéreo nas proximidades de Paris, em 1972, na chamada “Tragédia de Orly”, quando exercia a função de Presidente do Congresso Nacional. Ao par do progresso material, o Estado desenvolveu-se culturalmente. No governo de Pedro Pedrossian, que governou por cinco anos, surgiram as universidades de Cuiabá e Campo Grande. Verificou-se a inauguração da primeira emissora de televisão, a TV Centro América, em 1969. Logo a seguir Mato Grosso se ligaria ao resto do Brasil por microondas, pela EMBRATEL, e logo pelo sistema de Discagem Direta a Distância - DDI. Mato Grosso tornou-se ponto de apoio ao governo federal para o projeto de integração da Amazônia, desfraldado o slogan “integrar para não entregar”. Uma das consequências do desenvolvimento foi o desmembramento do território, formando o Estado de Mato Grosso do Sul, a 11 de outubro de 1977, através da Lei Complementar nº. 31. O novo Estado foi instalado a 1º de janeiro de 1979. No período pós Estado Novo, dois mato-grossenses subiram à Presidência da República: Eurico Gaspar Dutra e Jânio da Silva Quadros. A crise econômica brasileira se tornou aguda nesse período com a desvalorização acelerada da moeda nacional. Sem os suportes de projetos federais especiais para a fronteira agrícola, os migrantes em parte se retiraram de Mato Grosso. No entanto, um projeto de maior monta é o conjunto de infra-estrutura de transporte. O projeto de estrada de ferro ligando São Paulo a Cuiabá entra em fase de efetivação, a fim de resolver parte dos problemas de transporte de grãos. O projeto de uma zona de Processamento de Exportação entra em fase de implantação. Visa-se exportar os produtos mato-grossenses por via fluvial. O povo migrado para Mato Grosso tem, com a crise brasileira, a ocasião de uma pausa no desenfreado trabalho de progresso, ocupando-se com o aprofundamento da cultura mato-grossense. Mato Grosso ingressa definitivamente na idade da cultura, completando o desenvolvimento material, comercial e industrial. Economia Na década de 1960, as mudanças político-administrativas no país e o surgimento de fatores estruturais, relacionados com a agricultura brasileira, iriam modificar substancialmente a perspectiva potencial do Estado. Com a escassez de terras desocupadas e utilização de tecnologia moderna no Centro-Sul, muitos migrantes chegaram a Mato Grosso dispostos a ocupar as áreas do Estado. O interesse de fazer crescer o setor agrícola e a necessidade de atender as pressões demográficas de grupos de pequenos e médios proprietários levou o poder público a uma efetiva ocupação do território mato-grossense. O incremento desta ocupação e a caracterização da função de Mato Grosso como estado eminentemente agrícola se consolidou na década de 1970, a partir principalmente do estímulo à colonização privada e à exploração de terras devolutas em bases empresariais. A colonização, que atraiu primeiramente colonos com larga experiência agrícola, mas também, acostumados ao manejo tradicional e ainda arredios às modernas técnicas de agricultura. A partir da intervenção governamental caracterizou-se por um processo seletivo, baseado no recrutamento de pequenos e médios proprietários rurais, relativamente capitalizados e com larga experiência na moderna agricultura. Didatismo e Conhecimento 10
  • 13. HISTÓRIA DE MATO GROSSO O apoio à iniciativa privada foi caracterizado por facilidades na aquisição de terras a baixo custo, de forma a garantir a rentabilidade dos investimentos. Tal política deu origem a um novo padrão de ocupação, no mesmo espaço econômico deu-se o estabelecimento de grandes empresas agropecuárias paralelamente às pequenas e médias propriedades. A ocupação de espaços econômicos desta forma seletiva, pelos migrantes assentados como pequenos proprietários nos projetos de colonização e empresas agrícolas consolidaram a posição de Mato Grosso como estado agrícola. Divisão do Estado A velha ideia da separação da porção sul do estado só veio a triunfar em 1977, por meio de uma lei complementar que desmembrou 357.471,5 km2 do estado para criar o Mato Grosso do Sul. A iniciativa foi do governo federal, que alegava, em primeiro lugar, a impossibilidade de um único governo estadual administrar área tão grande e, em segundo, as nítidas diferenças naturais entre o norte e o sul do estado. A lei entrou em vigor em 1º de janeiro de 1979. A partir de então, todas as projeções pessimistas de que o então norte, com a capital Cuiabá, iria se estagnar não se concretizaram, pelo contrário, surgindo então um processo de pleno crescimento do estado, aliado com a criação e desenvolvimento de municípios como Sinop, Tangará da Serra, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, etc, que hoje estão entre os maiores contribuintes do PIB de Mato Grosso. Os motivos que levaram o Governo Federal a fazer tal divisão foi a extensão territorial do Estado, que era muito extensa e causava problemas para a administração, dificultando o trabalho do governo estadual. Além disso, foi feito um estudo sobre a geografia do Estado, constatando-se que existiam grandes diferenças. Ao norte do Mato Grosso encontra-se parte da floresta amazônica, enquanto na parte sul a vegetação é, em sua maioria, de cerrado. As políticas econômicas de apoio preferencial à exportação e à ocupação e desenvolvimento da Amazônia e do Centro-Oeste, implantadas a partir da década de 1970, levaram a novo surtos de progresso no Mato Grosso. A construção de Brasília contribuiu para acabar com a antiga estagnação. Uma vez inaugurada a nova capital, o Mato Grosso continuou a atrair mão de obra agrícola de outros estados, pois oferecia as melhores áreas de colonização do país. Graves problemas persistiram, porém, na década de 1980. O sistema de transporte, embora tenha ganho a rodovia Cuiabá-Porto Velho em setembro de 1984, ainda não bastava para escoar a produção estadual; as instalações de armazenamento deixavam a desejar; a disponibilidade de energia elétrica (120.000 kW em 1983) era insuficiente; eram precários o saneamento e os serviços de saúde e educação. Também o problema ecológico apresentava-se gravíssimo: inúmeras espécies dessa região já haviam sido extintas e outras estavam em processo de extinção, como os jacarés, caçados à razão de dezenas de milhares por mês. Para coibir esses abusos, o governo federal lançou a operação Pantanal e criou o Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense. Quantidade de água existente: 145 000 litros. QUESTÕES 01. Mato Grosso tornou-se Município em _________________ pela Lei ________: a) 29 de Abril de 1994 / 5.918; b) 29 de Abril de 1995 / 5.981; c) 28 de Abril de 1994 / 5.981; d) 28 de Abril de 1995 / 5.918 02. Foi construída no ano de _______ para homenagear ______________, a capela que hoje é a Matriz da Cidade. a) 1956 – São José; b) 1965 – São José; c) 1976 – São João; d) 1994 – Santo Antônio Didatismo e Conhecimento 11
  • 14. HISTÓRIA DE MATO GROSSO 03. O movimento promovido pelo Governo Federal objetivando a ocupação e colonização das terras mato-grossenses, sob o patrocínio do presidente Getúlio Vargas, e implementado, principalmente, a partir de 1937, tinha como meta fazer com que as fronteiras econômicas e políticas se convergissem para que a nação se constituísse territorialmente num bloco homogêneo foi denominado de: a) Programa de Desenvolvimento do Noroeste do Brasil – POLONOROESTE. b) Marcha para o Oeste. c) Expedição Roncador-Xingu. d) Instituto de Terras de Mato Grosso – INTERMAT. e) Comissão Especial de Terras. 04. Uma das principais atividades da economia mato-grossense, no final do século XIX e nas primeiras décadas do XX, foi a produção de açúcar e aguardente em larga escala pelas chamadas usinas. Assinale a alternativa correta. a) Devido ao uso de tecnologia avançada, os trabalhadores das usinas eram altamente qualificados e, consequentemente, tinham boa remuneração. b) A maioria das usinas se localizava às margens dos rios para facilitar o escoamento da safra e transportar a cana para processamento. c) A produção açucareira em Mato Grosso, no referido período, era superada apenas pela extração da poaia, em termos de arrecadação de impostos. d) A maior parte da produção das usinas era exportada para a Europa e os Estados Unidos. e) Os proprietários das usinas tiveram pouca ou nenhuma participação na vida política de Mato Grosso durante esse período. 05. No Brasil dos anos 50 do século XX, existiram duas forças políticas rivais. A liderada pela UDN queria maior entrada de capital estrangeiro no país, e a outra, liderada pelo PTB, queria estimular a indústria nacional. Como resultado desse conflito, em agosto de 1954, o país viveu um dos momentos mais importantes de sua história política que pode ser sintetizado (A) pela renúncia de Café Filho. (B) pelo suicídio de Getúlio Vargas. (C) pelo acirramento da Guerra Fria. (D) pela vitória eleitoral de Eurico Dutra. (E) pela tentativa de golpe de Juarez Távora. 06. O escravismo no Brasil existiu até 1888, no entanto eram conhecidas as pressões de algumas potências europeias, principalmente da Inglaterra, desde o início do século XIX, pelo fim dessa prática. Essa pressão aumentou até que em 1848, amparados por leis próprias, os navios ingleses começaram a perseguir e prender os navios negreiros. A resposta do Brasil a essas medidas veio em 1850 com (A) a declaração de guerra à Inglaterra com apoio de Napoleão Bonaparte. (B) o transporte ilegal de escravos africanos que se manteve até 1888. (C) a substituição dos escravos africanos pelos índios. (D) a aprovação da lei Eusébio de Queirós, que pôs fim ao tráfico de escravos. (E) o envio de missões diplomáticas à Inglaterra para negociar o impasse. 07. A luta pela sobrevivência, no início da colonização do Brasil, era uma pesada realidade vivida por todos e cada um. A distância da Metrópole, a carência de gêneros importados e principalmente a ameaça sempre presente de ataques de corsários e de índios tornavam a insegurança social elemento do cotidiano. A vida que se formara no planalto nos arredores do Colégio de São Paulo enfrentava como podia o ônus dessa realidade. (VOLPATO, L. R. R. Entradas e Bandeiras. São Paulo: Global, 1986.) Essa população, que ocupou o Planalto Paulista a partir do século XVI, desenvolveu estratégias para enfrentar as dificuldades do local, dentre elas uma particularmente importante para Mato Grosso foi: Didatismo e Conhecimento 12
  • 15. HISTÓRIA DE MATO GROSSO (A) A criação de expedições exploratórias em direção ao interior do continente em busca de alternativas econômicas, por exemplo, ouro e índios. (B) A abertura de caminhos alternativos entre litoral e interior para trocas comerciais. (C) O estabelecimento de relações comerciais com os índios visando suprir as necessidades da vila formada ao redor do Colégio de São Paulo. (D) O contrabando de escravos africanos para suprir as necessidades de mão de obra local. (E) O início do estabelecimento da mão de obra assalariada rompendo com o escravismo. Gabarito: (1-A), (2-A), (3-B), (4-B), (5-B), (6-D), (7-A). ANOTAÇÕES ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— Didatismo e Conhecimento 13
  • 16. HISTÓRIA DE MATO GROSSO ANOTAÇÕES ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— Didatismo e Conhecimento 14