A intenção dos micro e pequenos empresários em tomar crédito nos próximos meses registrou baixo patamar em junho, refletindo a desconfiança com a economia. O indicador de investimentos também piorou. Poucos empresários pretendem tomar crédito ou investir, usando recursos próprios, devido à atividade econômica fraca e juros altos.
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Cai a intenção dos micro e pequenos empresários em tomar crédito nos próximos meses
1. Cai a intenção dos micro e pequenos
empresários em tomar crédito nos próximos
meses, mostra indicador do SPC Brasil
Indicador de investimentos também registra piora na comparação com maio. Os
dados refletem a desconfiança dos empresários com os rumos da economia
O baixo desempenho da economia tem diminuído o apetite dos micro e pequenos
empresários (MPEs) em tomar crédito. Dados do indicador mensal calculado pelo
Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de
Dirigentes (CNDL) mostra que a intenção dos micro e pequenos empresários em
procurar crédito pelos próximos três meses registrou um baixo patamar de 11,65
pontos no último mês de junho. O resultado é ainda menor do que o observado em
maio, quando o indicador atingiu 16,36 pontos numa escala que varia de zero a 100.
Quanto mais próximo de 100, maior é a probabilidade de os empresários procurarem
crédito e, quanto mais próximo de zero, menos propensos eles estão para tomar
recursos emprestados para os seus negócios.
Segundo o levantamento, mais de um terço (34,25%) dos empresários consultados
consideram que atualmente está "difícil" ou "muito difícil" ter crédito aprovado no
Brasil, resultado ligeiramente superior ao constatado em maio deste ano (32,9%).
Dentre o universo de empresários pessimistas, a maioria (42%) aponta a burocracia
como a razão principal do impedimento e outros 37,2% culpam as altas taxas de
juros praticadas no mercado.
“A percepção do empresariado sobre a economia se deteriorou nos últimos meses.
Sem boas perspectivas diante da atividade econômica enfraquecida e da escalada
dos juros, os empresários estão cautelosos e preferem não assumir compromissos
de longo prazo. Desse modo, é comum que eles acabem utilizando os próprios
recursos financeiros como alternativa aos empréstimos e financiamentos”, afirma a
economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Apenas 8,6% pretendem tomar crédito
O indicador mostra que apenas 8,6% dos micro e pequenos empresários das capitais
e do interior do Brasil demonstram a intenção de contrair crédito nos próximos 90
2. dias. Entre as principais finalidades, a formação de capital giro aparece em primeiro
lugar, com 56,6% de respostas – em maio o percentual estava em 36,7%.
Outras intenções também mencionadas pelos empresários que estão dispostos a
demandar crédito são obter recursos para o pagamento de dívidas (30,4%) – frente
à 26,7% observado em maio –, comprar insumos e aumentar o estoque (27,5%),
comprar equipamentos e maquinário (23,25) e reformar a empresa (21,7%).
“Chama a atenção o número crescente de empresários que admitem assumir novas
dívidas para saldar as mais antigas ou a tomar crédito para formar capital de giro.
Trata-se de um sinal claro da dificuldade financeira que parte considerável dos
empresários está sentindo para honrar seus compromissos e pagar despesas
correntes”, afirma a economista.
Investimento no negócio em baixa
Com a demanda do consumidor retraída e a atividade econômica estagnada no país,
inclusive com piora dos índices de empregabilidade e de renda, o empresariado
brasileiro tem se mostrado pouco interessado em aumentar investimentos em seus
negócios. Se levados em conta os próximos 90 dias, o indicador de investimentos
calculado pelo SPC Brasil e pela CNDL registrou 25,98 pontos em junho, sendo que
quanto mais próximo de 100, maior é a propensão ao investimento. O resultado
mostra uma piora do cenário, já que o índice ficou abaixo dos 32,06 pontos
observado em maio deste ano.
Quase um quarto (24,4%) dos empresários ouvidos pelo levantamento pretende
realizar algum investimento nos próximos 90 dias. Dentre esse universo de
empresários, os recursos financeiros pessoais aparecem com força: 70% citam os
recursos poupados por eles mesmos como fonte de financiamento. Apenas um
quinto (20,5%) menciona empréstimos em bancos e financeiras como o recurso a
ser utilizado.
“Para se ter uma ideia, a taxa média de juros cobradas em empréstimos para pessoa
física chega a ser três vezes mais caras do que a cobrada em empréstimos com
recursos do BNDES. Ainda há um desconhecimento por parte desses empresários da
3. existência de linhas de financiamento mais baratas e adequada ao perfil de suas
empresas”, afirma o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.
Os investimentos mais citados por esses empresários são reforma e ampliação da
empresa (48,2%), compra de equipamentos e maquinário (38,5%), investimento em
propaganda e comunicação (33,8%) e ampliação do estoque (33%).
Metodologia
Os Indicadores de Demanda por Crédito e de Propensão para investimentos do Micro
e Pequeno Empresário (IDCI-MPE) calculados pelo Serviço de Proteção ao Crédito
(SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) levam em
consideração 800 empreendimentos com até 49 funcionários, nas 27 unidades da
federação, incluindo capitais e interior. As micro e pequenas empresas representam
39% e 35% do universo de empresas brasileiras nos segmentos de comércio e
serviços, respectivamente.
Baixe a íntegra do indicador e detalhes da metodologia
em https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/indices-economicos
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