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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA
       CURSO DE MEDICINA
      HISTÓRIA DA MEDICINA




  OS OLHOS, A MEDICINA E A ARTE




              Autor: Marina Sousa da Silva
          Professor: Armando J. C. Bezerra




           Brasília - DF
              2010
2




   MARINA SOUSA DA SILVA




OS OLHOS, A MEDICINA E A ARTE




               Os olhos são os órgãos de
               contato com o mundo exterior
               mais utilizados e os estudos há
               mais tempo, pois o cuidado
               com os olhos e a visão sempre
               foi uma preocupação do ser
               humano.



               Professor:   Armando    J.   C.
               Bezerra




           Brasília
            2010
3



                                                                             Sumário


IntroduÁ„o.................................................................................................................................................................4
Materiais e MÈtodos.................................................................................................................................................7
Objetivo.....................................................................................................................................................................7
ReferÍncias Bibliogr·ficas...........................................................................................................................................8
Resultados e Discuss„o..............................................................................................................................................8
Resumo......................................................................................................................................................................4
4



1. Resumo


      A grande importância dos olhos na história da humanidade é evidente nas
civilizações egípcia, oculistas egípcios e Hórus, e grega demonstrada com os
polifenos na Odisséia de Homero. Na religião há a Santa Luzia ou Santa Lucia, a
protetora dos olhos e dos oftalmologistas e também o Papa João XXI, único papa
medico e oftalmologista. As artes plásticas registram, em suas várias fazes, doenças
oculares como: no quadro Retrato do Conde Inghirami de Rafael Sanzio, pintado em
1516, o qual ilustra o estrabismo divergente superior do Conde Inghirami, e na obra
Celestina de Pablo Picasso, concluída em 1904. Há evidências de doenças oculares
também entre os artistas, como a catarata que acometeu Claude Monet aos 72 anos
refletindo em sua arte, e a vida de Esref Armagan, que realiza pinturas à óleo ainda
que tenha sempre sido cego. O estudo dos olhos está associado à invenções
tecnológicas para diagnóstico e tratamento, como o oftalmoscópio desenvolvido em
1851 pelo holandês Hermann Von Helmholtz e os óculos, que são atuais há 8
séculos.




2. Introdução


      A história da oftalmologia se confunde com a história da própria medicina.
Conhecer o início de tudo significa recuar 5 mil anos e remontar às antigas
civilizações da Mesopotâmia, do Egito e da Índia. A oftalmologia como especialidade
médica é, sem dúvida, uma das mais antigas do mundo, pois o cuidado com os
olhos e a visão sempre foi uma preocupação do ser humano. Afinal, o olho é o órgão
de contato com o mundo exterior mais utilizado por nós. No Antigo Egito, a medicina
já era praticada em especialidades. Oculistas egípcios tratavam especificamente de
um dos olhos: havia, portanto, um “guardião do olho direito” e um “guardião do olho
esquerdo”.
      Hórus, deus cabeça de falção e filho de Osíris e Isis, trava uma batalha contra
Seth para vingar o assassinato de seu pai. Na batalha tem o olho esquerdo atingido
e posteriormente reposto por Toth, o deus da saúde e da doença. Hórus ofereceu
seu olho à Osíris que renasceu e este olho foram atribuidas propriedades curativas,
5

protetoras, sábeis e de prosperidade. A semelhança do desenho deste olho com a
letra R é representada nas receitas médicas antes de uma prescrição com o objetivo
de proteção e inspiração divinas para a prescrição.
      Na Odisséia de Homero há referência aos ciclopes, criaturas gigantes, com
um único olho no meio da testa, selvagens e ferozes que habitavam a ilha de
Trinácia (atualmente Sicília). Ulisses, após um naufrágio, nadou com sua tripulação
à ilha de Trinácia. Foram recebidos por um ciclope, filho de Poisedon, que os
prendeu em sua caverna e comeu seis dos náufragos com vinho. Embreagado o
ciclope teve seu olho furado por Ulisses, que se apresentara como “ninguém”.
Ulisses conseguiu fugir com o restante dos companheiros e seguiu sua viagem. A
ciclopia é uma monstruosidade rara, representada por uma cavidade orbitária única
no centro da face e presença de probóscida, estrutura semelhante a tromba de
elefante, sem narinas acima do olho ciclópico.
      No cristianismo a imagem de Santa Luzia ou Santa Lucia é associada à
proteção dos olhos e dos oftalmologistas. Santa Luzia viveu durante o cristianismo
proibido e ainda assim realizou um voto de virgindade. Ela era de família rica e foi
prometida, assim como seu dote, à um rapaz da corte local. Sua mãe, incialmente a
favor do casamento, adoeceu e Santa Luiza à levou ao túmulo de Santa Ágata, onde
houve cura e Santa Luzia conseguiu convencer sua mãe à manter o voto de
castidade e doar seu dote milionário aos pobres. Os ex-noivo não conformado à
denunciou ao governo e Santa Luzia foi julgada e condenada a ir à um prostíbulo
para que perdesse a virgindade. Santa Luzia, entretanto, manteu seu voto sendo,
em seguida, torturada com seus olhos vazados. No seu sepultamente, contudo,
Santa Luzia estava totalmente regenerada e curada.
      “Ó Santa Luzia, que preferistes que vossos olhos fossem vazados e
      arrancados antes de renegar a sua fé e compuscar vossa alma;
      e Deus com um milagre extraordinário, vos devolveu dois olhos perfeitos para
      recompensar vossa virtude e vossa fé, e vos constituiu protetora contra as
      doenças dos olhos.” Oração à Santa Luzia
      O Papa João XXI, Pedro Rebuli-Giuliani, é outro personagem importante nas
tragetórias dos olhos e cristianismo. Foi o primeiro papa português, o primeiro papa
médico e oftalmologista. Foi o médico particular do Papa Gregório X, professor de
Medicina em Montpellier e autor de 17 obras médicas, nas quais se destacam:
Thesaurus pauperum (Tesouro dos pobres) que descrevia sintomas de diversas
6

doenças dos pés à cabeça com o remédio adequado e Liber de Oculis, uma
coletânea de escritos antigos relacionados aos olhos. Foi consagrado papa em
1276, mas seu papado durou apenas oito meses e doze dias, pois morreu
tragicamente esmagado por uma coluna do teto do laboratório de pesquisas que
mandara construir em Viterbo, à época sede do papado. O papa XXI foi o único
papa que Dante Alighieri, em A Divina Comédia, colocou no Paraíso (canto XII,
verso 133).
       Nas artes plásticas as doenças oculares estão presentes em pintores e obras.
Claude Monet, impressionista, foi diagnosticado com catarata aos 72 anos. Com o
agravamento do quadro e a recusa de cirurgia, Monet passou a pintar a partir de
memórias e lembranças. É visível em sua obra desta fase a mudança dos tons
brancos, verdes e azuis para tons amarelo e roxo e da paleta de cores verde-azul
para laranja-vermelho.
       O Retrato do conde Inghirami, pintado em 1516 por Rafael Sanzio ilustra o
estrabismo divergente vertical superior do Conde Tomasso Inghirami. Na iamgem o
conde está olhando para cima da mesma forma que normalmente fazia por
vergonha da doença. Pablo Picasso, em 1904, pintou Celestina em sua fase azul.
Celestina é uma bruxa a quem Calisto recorre pra conquistar o amor de Melibea, na
tragicomédia Ceslestina e Melibea, 1499.
       Esref Armagan nasceu cego e em família pobre. Começou a pintar na
tentativa de conhecer o mundo que não era capaz de ver. Atualmente, é casado, pai
de dois filhos, tem 41 anos e é artista plástico. Suas obras são confeccionas
inicialmente com um contorno em braile, quando ele aplica óleo e uma cor de cada
vez.
       Pela sua importância comprovada pela recorrência dos olhos na história da
humanidade os olhos são estudados desde a Antiguidade Clássica por egípcios e
gregos. Hipócrates já estudava as doenças oculares, Kepler, Descartes e Christoph
Scheiner estudavam as características da refração ocular, em especial a
acomodação e a inversão da imagem retiniana. Em 1803 foi criado o primeiro curso
formal de oftalmologia na Universidade de Göttingen e em 1805 foi criada a primeira
clínica de olhos, com ênfase no ensino. As invenções tecnológicas para tratamento e
diagnóstico surgiram em seguida: em 1805, o holandês Hermann Von Helmholtz
desenvolveu o oftalmoscópio; os óculos, atuais há oito séculos, apareceram na
Europa ainda no século XIII e foi registrado na China na dinastia Sung (960 a 1279).
7

A criação dos óculos é consequência de eventos como a invenção da lupa por
Laynard em 1849, como o compreendimento da reflexação e refração da luz por
Aristófanes, Euclides, Cícero e Sêneca e como o lançamento pelo árabe Al-ha-zem
do Thesaurus Óptica no século XI, uma obra sobre a óptica que foi o melhor texto do
assunto por cinco séculos. A autoria é oficialmente concedida ao italiano aristocrata
de Florença Salvino D’Armato.


              Oftalmologia é a especialidade médica à qual cabe o estudo, o
      diagnóstico e o tratamento das doenças e lesões do olho e seus órgãos
      anexos. O oftalmologista se dedica não só aos aspectos patológicos da visão,
      mas também à análise de sua fisiologia. (Sociedade Brasileira de
      Oftalmologia)




3. Objetivo


      Os órgãos da visão sempre foram associados ao mistério, à poderes mágicos,
à benfazejos além de aos mau-olhados e aos quebrantos ultrapassando as suas
funções fisiológicas. Dessa forma, o trabalho foi escrito com o objetivo de relacionar
a Medicina, a arte e os olhos a fim de proporcionar uma compreensão holística e
contextualizada da história humana, uma vez que a boa prática médica requer a
associação da ciência com a arte.




4. Materiais e Métodos


      O desenvolvimento da base teórica foi realizado com revisão bibliográfica que
relacionasse os olhos com a arte. O tema não foi limitado à história da oftalmologia.
Buscou-se incluir na pesquisa a religião, a música, a antiguidade clássica e o
diagnóstico e tratamento das doenças oculares.
5.    A revisão bibliográfica foi realizada com a escolha de três livros textos: As
belas artes da medicina (BEZERRA, Armando José China, 2003), Admirável mundo
médico (BEZERRA, Armando José China, 2002) e Medicando com arte (BEZERRA,
Armando José China, 2006). Além dos livros-texto foi realizada pesquisa na
8

pesquisa na internet em sites como o do pintor Esref Armagan, o do médico
oftalmologista Valênio Perez França, criador do Instituto mineiro de História da
medicina e da Sociedade Brasileira de Oftalmologia.




6. Resultados e Discussão


      A associação dos olhos à poderes mágicos ou nefastos justifica a recorrente
evidência de estudos relacionados aos órgãos da visão em todos os períodos da
história tanto no ocidente quanto no oriente. Enfoques e temáticas oculares na
literatura, música, artes plásticas e cristianismo foram demonstrados recorrentes.
      A revisão comprovou a importância da associação da Medicina com a arte e a
história para o completo exercício da profissão médica. Os olhos significam muito
para a humanidade e o médico pelo seu papel proporcionar à saúde manutenção,
tratamento e cura deve compreender a importância dos órgãos da visão. Esta
importância é confirmada pela história com o estudo pioneiro dos olhos como
especialidade.




7. Referências Bibliográficas


BEZERRA, Armando José China. As belas artes da medicina. Brasília, DF:
Conselho Regional de Medicina do DF, 2003. 114 p.


BEZERRA, Armando José China. Admirável mundo médico: a arte na história
da medicina. Brasília, DF: Conselho Regional de Medicina do DF, 2002. 109 p.


BEZERRA, Armando José China; ARAÚJO, Jordano Pereira. Medicando com
arte. Brasília, DF: Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, 2006. 128 p.

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  • 1. UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA CURSO DE MEDICINA HISTÓRIA DA MEDICINA OS OLHOS, A MEDICINA E A ARTE Autor: Marina Sousa da Silva Professor: Armando J. C. Bezerra Brasília - DF 2010
  • 2. 2 MARINA SOUSA DA SILVA OS OLHOS, A MEDICINA E A ARTE Os olhos são os órgãos de contato com o mundo exterior mais utilizados e os estudos há mais tempo, pois o cuidado com os olhos e a visão sempre foi uma preocupação do ser humano. Professor: Armando J. C. Bezerra Brasília 2010
  • 3. 3 Sumário IntroduÁ„o.................................................................................................................................................................4 Materiais e MÈtodos.................................................................................................................................................7 Objetivo.....................................................................................................................................................................7 ReferÍncias Bibliogr·ficas...........................................................................................................................................8 Resultados e Discuss„o..............................................................................................................................................8 Resumo......................................................................................................................................................................4
  • 4. 4 1. Resumo A grande importância dos olhos na história da humanidade é evidente nas civilizações egípcia, oculistas egípcios e Hórus, e grega demonstrada com os polifenos na Odisséia de Homero. Na religião há a Santa Luzia ou Santa Lucia, a protetora dos olhos e dos oftalmologistas e também o Papa João XXI, único papa medico e oftalmologista. As artes plásticas registram, em suas várias fazes, doenças oculares como: no quadro Retrato do Conde Inghirami de Rafael Sanzio, pintado em 1516, o qual ilustra o estrabismo divergente superior do Conde Inghirami, e na obra Celestina de Pablo Picasso, concluída em 1904. Há evidências de doenças oculares também entre os artistas, como a catarata que acometeu Claude Monet aos 72 anos refletindo em sua arte, e a vida de Esref Armagan, que realiza pinturas à óleo ainda que tenha sempre sido cego. O estudo dos olhos está associado à invenções tecnológicas para diagnóstico e tratamento, como o oftalmoscópio desenvolvido em 1851 pelo holandês Hermann Von Helmholtz e os óculos, que são atuais há 8 séculos. 2. Introdução A história da oftalmologia se confunde com a história da própria medicina. Conhecer o início de tudo significa recuar 5 mil anos e remontar às antigas civilizações da Mesopotâmia, do Egito e da Índia. A oftalmologia como especialidade médica é, sem dúvida, uma das mais antigas do mundo, pois o cuidado com os olhos e a visão sempre foi uma preocupação do ser humano. Afinal, o olho é o órgão de contato com o mundo exterior mais utilizado por nós. No Antigo Egito, a medicina já era praticada em especialidades. Oculistas egípcios tratavam especificamente de um dos olhos: havia, portanto, um “guardião do olho direito” e um “guardião do olho esquerdo”. Hórus, deus cabeça de falção e filho de Osíris e Isis, trava uma batalha contra Seth para vingar o assassinato de seu pai. Na batalha tem o olho esquerdo atingido e posteriormente reposto por Toth, o deus da saúde e da doença. Hórus ofereceu seu olho à Osíris que renasceu e este olho foram atribuidas propriedades curativas,
  • 5. 5 protetoras, sábeis e de prosperidade. A semelhança do desenho deste olho com a letra R é representada nas receitas médicas antes de uma prescrição com o objetivo de proteção e inspiração divinas para a prescrição. Na Odisséia de Homero há referência aos ciclopes, criaturas gigantes, com um único olho no meio da testa, selvagens e ferozes que habitavam a ilha de Trinácia (atualmente Sicília). Ulisses, após um naufrágio, nadou com sua tripulação à ilha de Trinácia. Foram recebidos por um ciclope, filho de Poisedon, que os prendeu em sua caverna e comeu seis dos náufragos com vinho. Embreagado o ciclope teve seu olho furado por Ulisses, que se apresentara como “ninguém”. Ulisses conseguiu fugir com o restante dos companheiros e seguiu sua viagem. A ciclopia é uma monstruosidade rara, representada por uma cavidade orbitária única no centro da face e presença de probóscida, estrutura semelhante a tromba de elefante, sem narinas acima do olho ciclópico. No cristianismo a imagem de Santa Luzia ou Santa Lucia é associada à proteção dos olhos e dos oftalmologistas. Santa Luzia viveu durante o cristianismo proibido e ainda assim realizou um voto de virgindade. Ela era de família rica e foi prometida, assim como seu dote, à um rapaz da corte local. Sua mãe, incialmente a favor do casamento, adoeceu e Santa Luiza à levou ao túmulo de Santa Ágata, onde houve cura e Santa Luzia conseguiu convencer sua mãe à manter o voto de castidade e doar seu dote milionário aos pobres. Os ex-noivo não conformado à denunciou ao governo e Santa Luzia foi julgada e condenada a ir à um prostíbulo para que perdesse a virgindade. Santa Luzia, entretanto, manteu seu voto sendo, em seguida, torturada com seus olhos vazados. No seu sepultamente, contudo, Santa Luzia estava totalmente regenerada e curada. “Ó Santa Luzia, que preferistes que vossos olhos fossem vazados e arrancados antes de renegar a sua fé e compuscar vossa alma; e Deus com um milagre extraordinário, vos devolveu dois olhos perfeitos para recompensar vossa virtude e vossa fé, e vos constituiu protetora contra as doenças dos olhos.” Oração à Santa Luzia O Papa João XXI, Pedro Rebuli-Giuliani, é outro personagem importante nas tragetórias dos olhos e cristianismo. Foi o primeiro papa português, o primeiro papa médico e oftalmologista. Foi o médico particular do Papa Gregório X, professor de Medicina em Montpellier e autor de 17 obras médicas, nas quais se destacam: Thesaurus pauperum (Tesouro dos pobres) que descrevia sintomas de diversas
  • 6. 6 doenças dos pés à cabeça com o remédio adequado e Liber de Oculis, uma coletânea de escritos antigos relacionados aos olhos. Foi consagrado papa em 1276, mas seu papado durou apenas oito meses e doze dias, pois morreu tragicamente esmagado por uma coluna do teto do laboratório de pesquisas que mandara construir em Viterbo, à época sede do papado. O papa XXI foi o único papa que Dante Alighieri, em A Divina Comédia, colocou no Paraíso (canto XII, verso 133). Nas artes plásticas as doenças oculares estão presentes em pintores e obras. Claude Monet, impressionista, foi diagnosticado com catarata aos 72 anos. Com o agravamento do quadro e a recusa de cirurgia, Monet passou a pintar a partir de memórias e lembranças. É visível em sua obra desta fase a mudança dos tons brancos, verdes e azuis para tons amarelo e roxo e da paleta de cores verde-azul para laranja-vermelho. O Retrato do conde Inghirami, pintado em 1516 por Rafael Sanzio ilustra o estrabismo divergente vertical superior do Conde Tomasso Inghirami. Na iamgem o conde está olhando para cima da mesma forma que normalmente fazia por vergonha da doença. Pablo Picasso, em 1904, pintou Celestina em sua fase azul. Celestina é uma bruxa a quem Calisto recorre pra conquistar o amor de Melibea, na tragicomédia Ceslestina e Melibea, 1499. Esref Armagan nasceu cego e em família pobre. Começou a pintar na tentativa de conhecer o mundo que não era capaz de ver. Atualmente, é casado, pai de dois filhos, tem 41 anos e é artista plástico. Suas obras são confeccionas inicialmente com um contorno em braile, quando ele aplica óleo e uma cor de cada vez. Pela sua importância comprovada pela recorrência dos olhos na história da humanidade os olhos são estudados desde a Antiguidade Clássica por egípcios e gregos. Hipócrates já estudava as doenças oculares, Kepler, Descartes e Christoph Scheiner estudavam as características da refração ocular, em especial a acomodação e a inversão da imagem retiniana. Em 1803 foi criado o primeiro curso formal de oftalmologia na Universidade de Göttingen e em 1805 foi criada a primeira clínica de olhos, com ênfase no ensino. As invenções tecnológicas para tratamento e diagnóstico surgiram em seguida: em 1805, o holandês Hermann Von Helmholtz desenvolveu o oftalmoscópio; os óculos, atuais há oito séculos, apareceram na Europa ainda no século XIII e foi registrado na China na dinastia Sung (960 a 1279).
  • 7. 7 A criação dos óculos é consequência de eventos como a invenção da lupa por Laynard em 1849, como o compreendimento da reflexação e refração da luz por Aristófanes, Euclides, Cícero e Sêneca e como o lançamento pelo árabe Al-ha-zem do Thesaurus Óptica no século XI, uma obra sobre a óptica que foi o melhor texto do assunto por cinco séculos. A autoria é oficialmente concedida ao italiano aristocrata de Florença Salvino D’Armato. Oftalmologia é a especialidade médica à qual cabe o estudo, o diagnóstico e o tratamento das doenças e lesões do olho e seus órgãos anexos. O oftalmologista se dedica não só aos aspectos patológicos da visão, mas também à análise de sua fisiologia. (Sociedade Brasileira de Oftalmologia) 3. Objetivo Os órgãos da visão sempre foram associados ao mistério, à poderes mágicos, à benfazejos além de aos mau-olhados e aos quebrantos ultrapassando as suas funções fisiológicas. Dessa forma, o trabalho foi escrito com o objetivo de relacionar a Medicina, a arte e os olhos a fim de proporcionar uma compreensão holística e contextualizada da história humana, uma vez que a boa prática médica requer a associação da ciência com a arte. 4. Materiais e Métodos O desenvolvimento da base teórica foi realizado com revisão bibliográfica que relacionasse os olhos com a arte. O tema não foi limitado à história da oftalmologia. Buscou-se incluir na pesquisa a religião, a música, a antiguidade clássica e o diagnóstico e tratamento das doenças oculares. 5. A revisão bibliográfica foi realizada com a escolha de três livros textos: As belas artes da medicina (BEZERRA, Armando José China, 2003), Admirável mundo médico (BEZERRA, Armando José China, 2002) e Medicando com arte (BEZERRA, Armando José China, 2006). Além dos livros-texto foi realizada pesquisa na
  • 8. 8 pesquisa na internet em sites como o do pintor Esref Armagan, o do médico oftalmologista Valênio Perez França, criador do Instituto mineiro de História da medicina e da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. 6. Resultados e Discussão A associação dos olhos à poderes mágicos ou nefastos justifica a recorrente evidência de estudos relacionados aos órgãos da visão em todos os períodos da história tanto no ocidente quanto no oriente. Enfoques e temáticas oculares na literatura, música, artes plásticas e cristianismo foram demonstrados recorrentes. A revisão comprovou a importância da associação da Medicina com a arte e a história para o completo exercício da profissão médica. Os olhos significam muito para a humanidade e o médico pelo seu papel proporcionar à saúde manutenção, tratamento e cura deve compreender a importância dos órgãos da visão. Esta importância é confirmada pela história com o estudo pioneiro dos olhos como especialidade. 7. Referências Bibliográficas BEZERRA, Armando José China. As belas artes da medicina. Brasília, DF: Conselho Regional de Medicina do DF, 2003. 114 p. BEZERRA, Armando José China. Admirável mundo médico: a arte na história da medicina. Brasília, DF: Conselho Regional de Medicina do DF, 2002. 109 p. BEZERRA, Armando José China; ARAÚJO, Jordano Pereira. Medicando com arte. Brasília, DF: Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, 2006. 128 p.