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DO DISCURSO MONOLÓGICO DADO DISCURSO MONOLÓGICO DA
CONSCIÊNCIA AOS GÊNEROS DOCONSCIÊNCIA AOS GÊNEROS DO
DISCURSODISCURSO
Maria Marta FurlanettoMaria Marta Furlanetto
UNISULUNISUL –– SCSC –– BrasilBrasil
SínteseSíntese
•• Importância epistemológica da concepção dialógicaImportância epistemológica da concepção dialógica
e da concepção de gêneros do discurso em Bakhtin;e da concepção de gêneros do discurso em Bakhtin;
•• Implicações e consequências para a vidaImplicações e consequências para a vida
comunitária (ética);comunitária (ética);
•• Gêneros do discursoGêneros do discurso unidade de conhecimentounidade de conhecimento
que só faz sentido como prática social;que só faz sentido como prática social;
•• Gêneros do discursoGêneros do discurso unidade de conhecimentounidade de conhecimento
que só faz sentido como prática social;que só faz sentido como prática social;
•• Implicações com relação à relevância dos gênerosImplicações com relação à relevância dos gêneros
nos atos cotidianos (ênfase para os de caráternos atos cotidianos (ênfase para os de caráter
profissional);profissional);
•• Experiências de sucesso e de fracasso,Experiências de sucesso e de fracasso,
consideradas as categorias pragmáticas daconsideradas as categorias pragmáticas da
arquitetônica de Bakhtin.arquitetônica de Bakhtin.
IntroduçãoIntrodução
•• Princípio:Princípio:
•• O contexto histórico e epistemológico emO contexto histórico e epistemológico em
que foi gerada a abordagem dialógica daque foi gerada a abordagem dialógica da
linguagem é uma tela (ou teia) a olhar comlinguagem é uma tela (ou teia) a olhar comlinguagem é uma tela (ou teia) a olhar comlinguagem é uma tela (ou teia) a olhar com
atenção para que se compreenda aatenção para que se compreenda a
significância da concepção estendida designificância da concepção estendida de
gêneros do discurso em Bakhtin e seugêneros do discurso em Bakhtin e seu
Círculo e implicações e consequências paraCírculo e implicações e consequências para
a vida comunitáriaa vida comunitária..
IntroduçãoIntrodução
•• Objetivo:Objetivo:
•• Na interface daNa interface da cultura vividacultura vivida, compreender, compreender
os laços em sua materialidade; trabalhar oos laços em sua materialidade; trabalhar o
distanciamento e a aproximação do outrodistanciamento e a aproximação do outrodistanciamento e a aproximação do outrodistanciamento e a aproximação do outro
(sujeito), materializando o movimento de(sujeito), materializando o movimento de
escuta para compreensão, e retorno para aescuta para compreensão, e retorno para a
manutenção de duas consciênciasmanutenção de duas consciências
(compreender o outro sem assimilar(compreender o outro sem assimilar--se ase a
ele).ele).
IntroduçãoIntrodução
•• [...] viver significa ocupar uma posição[...] viver significa ocupar uma posição
axiológica em cada momento da vida,axiológica em cada momento da vida,
significa firmarsignifica firmar--se axiologicamente.se axiologicamente.
(Bakhtin)(Bakhtin)(Bakhtin)(Bakhtin)
•• A palavra do outro coloca diante doA palavra do outro coloca diante do
indivíduo a tarefa especial deindivíduo a tarefa especial de
compreendêcompreendê--la... (Bakhtin)la... (Bakhtin)
Fragmentos de um mosaicoFragmentos de um mosaico
•• As relações “teoria/prática” e o modoAs relações “teoria/prática” e o modo
políticopolítico--social de vivêsocial de vivê--las:las:
•• A “teoria” não é senão uma prática (práticaA “teoria” não é senão uma prática (prática•• A “teoria” não é senão uma prática (práticaA “teoria” não é senão uma prática (prática
teórica). Aqueles que estão concernidos porteórica). Aqueles que estão concernidos por
uma teoria têm de falar por si própriosuma teoria têm de falar por si próprios –– essaessa
é a forma de contornar e impedir que o poderé a forma de contornar e impedir que o poder
se torne absoluto (e silencie).se torne absoluto (e silencie).
(Foucault/Deleuze, Microfísica do poder)(Foucault/Deleuze, Microfísica do poder)
Fragmentos de um mosaicoFragmentos de um mosaico
•• Formação do Cristianismo e monologismo:Formação do Cristianismo e monologismo:
•• Critérios básicos da Igreja Católica para considerarCritérios básicos da Igreja Católica para considerar
alguém um cristão: fazer a confissão do Credo,alguém um cristão: fazer a confissão do Credo,
aceitar o batismo, participar do culto, obedecer àaceitar o batismo, participar do culto, obedecer à
hierarquia da Igreja e acreditar na verdadehierarquia da Igreja e acreditar na verdadehierarquia da Igreja e acreditar na verdadehierarquia da Igreja e acreditar na verdade
proveniente dos apóstolos e legada pela Igreja.proveniente dos apóstolos e legada pela Igreja.
•• Reforma Protestante e ContraReforma Protestante e Contra--Reforma católica:Reforma católica:
protestantes e católicos diminuíram o importanteprotestantes e católicos diminuíram o importante
papel dapapel da comunidadecomunidade, tornando mais fácil para a, tornando mais fácil para a
igreja e o estado um controle mais direto doigreja e o estado um controle mais direto do
indivíduo (Helen Ellerbe, 1995).indivíduo (Helen Ellerbe, 1995).
Fragmentos de um mosaicoFragmentos de um mosaico
•• Monologismo.Monologismo.
•• “Do ponto de vista da verdade não há consciências“Do ponto de vista da verdade não há consciências
individuais. O único princípio de individualizaçãoindividuais. O único princípio de individualização
que o idealismo conhece é oque o idealismo conhece é o erro.erro.” (Bakhtin).” (Bakhtin).
•• A forma monológica de percepção de conhecimentoA forma monológica de percepção de conhecimento
e da verdade surge quando “a consciência ée da verdade surge quando “a consciência é
colocada acima do ser e a unidade do ser secolocada acima do ser e a unidade do ser se
converte em unidade da consciência” (Bakhtin):converte em unidade da consciência” (Bakhtin):
•• Imagens do “eu absoluto”, “consciência em geral”,Imagens do “eu absoluto”, “consciência em geral”,
“espírito absoluto”“espírito absoluto” –– formas metafísicas, eclipsandoformas metafísicas, eclipsando
a individualidade e a interatividade (heteroglossia).a individualidade e a interatividade (heteroglossia).
Fragmentos de um mosaicoFragmentos de um mosaico
•• BakhtinBakhtin a linguagem mantém a união daa linguagem mantém a união da
comunidade, que é sua materialidade, umacomunidade, que é sua materialidade, uma
prática, um compromisso dentro dasprática, um compromisso dentro das
comunidades.comunidades.
•• Uma identidade não se representa comoUma identidade não se representa como
“mesmidade”, mas como simultaneidade. O“mesmidade”, mas como simultaneidade. O
diálogo reúne “diferenças simultâneas”diálogo reúne “diferenças simultâneas”
(várias consciências).(várias consciências).
Fragmentos de um mosaicoFragmentos de um mosaico
•• Peças do mosaicoPeças do mosaico mostram o traçomostram o traço
dodo impedimento impostoimpedimento imposto (teórico e(teórico e
pragmático) que os contextospragmático) que os contextos
ideológicos institucionais expressam.ideológicos institucionais expressam.ideológicos institucionais expressam.ideológicos institucionais expressam.
O trabalho é orientado para oO trabalho é orientado para o
monologismo, o formalismo, omonologismo, o formalismo, o
idealismo.idealismo.
•• Tendência de superação.Tendência de superação.
O programa de BakhtinO programa de Bakhtin
•• Virada bakhtiniana:Virada bakhtiniana:
•• “saída da“saída da filosofia da consciência parapara
uma mais abrangente compreensão douma mais abrangente compreensão do
discurso” (Hebeche)” (Hebeche) a língua em suaa língua em sua
integridade concreta e viva.integridade concreta e viva.integridade concreta e viva.integridade concreta e viva.
•• DiscursoDiscurso “posições de diferentes“posições de diferentes
sujeitos”.sujeitos”.
•• Uma consequência: o enunciado ganha umUma consequência: o enunciado ganha um
autorautor (a palavra do líder, a palavra do juiz, a(a palavra do líder, a palavra do juiz, a
palavra do mestre, a palavra do pai, etc.)palavra do mestre, a palavra do pai, etc.)
nas formas dosnas formas dos gênerosgêneros..
O programa de BakhtinO programa de Bakhtin
•• O caráterO caráter comunalidadecomunalidade –– parapara
compreender a extensão do conceitocompreender a extensão do conceito
de gênero.de gênero.
•• Comunidades ganham existênciaComunidades ganham existência porpor•• Comunidades ganham existênciaComunidades ganham existência porpor
meio de e por causa da linguagem.meio de e por causa da linguagem.
–– a) que espécie de comunidades estãoa) que espécie de comunidades estão
envolvidas?envolvidas?
–– b) o que significa ser membro delas?b) o que significa ser membro delas?
(Wertsch)(Wertsch)
O programa de BakhtinO programa de Bakhtin
•• Comunidade implícitaComunidade implícita (A)e(A)e comunidadecomunidade
imaginadaimaginada (B)(B) –– fundadas na mediaçãofundadas na mediação
semiótica. (Wertsch)semiótica. (Wertsch)
•• A) congrega sujeitos com um conjunto deA) congrega sujeitos com um conjunto de
ferramentas comum, mesmo inconscientemente;ferramentas comum, mesmo inconscientemente;ferramentas comum, mesmo inconscientemente;ferramentas comum, mesmo inconscientemente;
não há esforço para criar ou reproduzir anão há esforço para criar ou reproduzir a
comunidade.comunidade.
•• B)B) congrega sujeitos quecongrega sujeitos que usam instrumentos parausam instrumentos para
reconhecimento mútuo dos membros (símbolos,reconhecimento mútuo dos membros (símbolos,
senhas, elementos gestuais e um sistemasenhas, elementos gestuais e um sistema
semiótico).semiótico).
O programa de BakhtinO programa de Bakhtin
•• Diferença principalDiferença principal papel e funçãopapel e função
dos instrumentos culturais envolvidos.dos instrumentos culturais envolvidos.
•• Comunidade imaginadaComunidade imaginada•• Comunidade imaginadaComunidade imaginada projetaprojeta
instrumentos para o reconhecimento einstrumentos para o reconhecimento e
reprodução de um grupo social;reprodução de um grupo social;
cimenta as relações dentro do grupocimenta as relações dentro do grupo
em vista de metas específicas.em vista de metas específicas.
O programa de BakhtinO programa de Bakhtin
•• “Em sua análise da multivocalidade“Em sua análise da multivocalidade
[…], ele [Bakhtin] focalizou a[…], ele [Bakhtin] focalizou a
diferenciação e a estratificação quediferenciação e a estratificação quediferenciação e a estratificação quediferenciação e a estratificação que
distinguem variadas comunidades dedistinguem variadas comunidades de
linguagem antes que amarraslinguagem antes que amarras
genéricas que unem pessoas em umgenéricas que unem pessoas em um
grupo homogêneo, “monológico”.grupo homogêneo, “monológico”.
(Wertsch)(Wertsch)
O programa de BakhtinO programa de Bakhtin
•• Construtos de Bakhtin, empiricamenteConstrutos de Bakhtin, empiricamente
associadosassociados::
–– a)a) linguagens sociaislinguagens sociais, diferenciando grupos de, diferenciando grupos de
falantes por seu estrato (profissional ou outro) emfalantes por seu estrato (profissional ou outro) em
dado tempo e lugar (professores, matemáticos,dado tempo e lugar (professores, matemáticos,dado tempo e lugar (professores, matemáticos,dado tempo e lugar (professores, matemáticos,
físicos, japoneses, mulheres, europeus...);físicos, japoneses, mulheres, europeus...);
–– b)b) gêneros do discursogêneros do discurso, que diferenciam, que diferenciam
situações específicas e contextos de fala.situações específicas e contextos de fala.
(Wertsch)(Wertsch)
•• Linguagens sociais e gêneros do discursoLinguagens sociais e gêneros do discurso
“modelos tipológicos de construção da totalidade“modelos tipológicos de construção da totalidade
discursiva” (crenças sociais/sistemas verbaisdiscursiva” (crenças sociais/sistemas verbais
ideológicos).ideológicos).
O programa de BakhtinO programa de Bakhtin
•• Gêneros enfatizam aGêneros enfatizam a multiplicidademultiplicidade, não a, não a
essencialidade, a mesmidade doessencialidade, a mesmidade do
comportamento de um indivíduo ou grupo.comportamento de um indivíduo ou grupo.
•• Indivíduos ou grupos não possuem atributoIndivíduos ou grupos não possuem atributo
inerente causador de seu modo de pensar ouinerente causador de seu modo de pensar ou
falar.falar.
inerente causador de seu modo de pensar ouinerente causador de seu modo de pensar ou
falar.falar.
•• FocoFoco processos contextuais envolvidosprocessos contextuais envolvidos
na produção dos enunciadosna produção dos enunciados relevânciarelevância
da incorporação da noção deda incorporação da noção de gêneros dogêneros do
discurso,discurso, integrada nasintegrada nas comunidades decomunidades de
discursodiscurso..
Corpo, gestos, subgestos,Corpo, gestos, subgestos,
subtonssubtons
•• Enunciado verbalEnunciado verbal implica:implica:
•• A) compreensão e resposta,A) compreensão e resposta,
•• B) tem como complemento elementos extraverbais,B) tem como complemento elementos extraverbais,
e a resposta esperada também: o gesto, o sorriso, oe a resposta esperada também: o gesto, o sorriso, o
movimento de mão, de cabeça...movimento de mão, de cabeça...movimento de mão, de cabeça...movimento de mão, de cabeça...
•• Orientação social do enunciadoOrientação social do enunciado “força viva” que“força viva” que
determina, em última análise, a forma estilística e adetermina, em última análise, a forma estilística e a
estrutura gramatical do enunciadoestrutura gramatical do enunciado –– nos gêneros.nos gêneros.
•• Criador de literatura criaCriador de literatura cria as falasas falas dos personagensdos personagens
EE suas “maneiras”suas “maneiras” (boas e más)(boas e más) expressãoexpressão
gestual da orientação social do enunciadogestual da orientação social do enunciado
(Voloshinov).(Voloshinov).
Corpo, gestos, subgestos,Corpo, gestos, subgestos,
subtonssubtons
•• O nãoO não--verbalverbal acento apreciativo: gestos,acento apreciativo: gestos,
subgestos, subtons...subgestos, subtons...
•• José Saramago (José Saramago (O homem duplicadoO homem duplicado):):
•• “a verdade inteira [...] reclama que estejamos“a verdade inteira [...] reclama que estejamos
atentos à cintilação múltipla dos subgestosatentos à cintilação múltipla dos subgestosatentos à cintilação múltipla dos subgestosatentos à cintilação múltipla dos subgestos
que vão atrás do gesto como a poeiraque vão atrás do gesto como a poeira
cósmica vai atrás da cauda do cometa,cósmica vai atrás da cauda do cometa,
porque esses subgestos [...] são como asporque esses subgestos [...] são como as
letrinhas pequenas do contrato, que dãoletrinhas pequenas do contrato, que dão
trabalho a decifrar, mas estão lá.”trabalho a decifrar, mas estão lá.”
Corpo, gestos, subgestos,Corpo, gestos, subgestos,
subtonssubtons
•• Do gesto do corpo aosDo gesto do corpo aos gestosgestos
discursivosdiscursivos: gesto de leitura, de: gesto de leitura, de
escrita, de interpretação.escrita, de interpretação.
•• GestoGesto movimento, atitude, quemovimento, atitude, que
irrompe desde que se entre numirrompe desde que se entre num
processo discursivo. Gesto sempreprocesso discursivo. Gesto sempre
significa.significa.
Corpo, gestos, subgestos,Corpo, gestos, subgestos,
subtonssubtons
•• Saramago, por seu narrador, preconizaSaramago, por seu narrador, preconiza
a área de estudo dosa área de estudo dos subgestossubgestos::
•• “[...] o estudo, a identificação e a“[...] o estudo, a identificação e a•• “[...] o estudo, a identificação e a“[...] o estudo, a identificação e a
classificação dos subgestos” comoclassificação dos subgestos” como
“um dos mais fecundos ramos da“um dos mais fecundos ramos da
ciência semiológica em geral.”ciência semiológica em geral.”
Corpo, gestos, subgestos,Corpo, gestos, subgestos,
subtonssubtons
•• Bakhtin:Bakhtin:
•• “Papel excepcional do tom. [...] O“Papel excepcional do tom. [...] O
aspecto menos estudado da vida doaspecto menos estudado da vida do
discurso. Não é o mundo dos tropos,discurso. Não é o mundo dos tropos,discurso. Não é o mundo dos tropos,discurso. Não é o mundo dos tropos,
porém o mundo dos tons e matizesporém o mundo dos tons e matizes
pessoais [...]”.pessoais [...]”.
•• Tom determinado “pela relação doTom determinado “pela relação do
falante com a pessoa do interlocutorfalante com a pessoa do interlocutor
(com sua categoria, importância, etc.)”.(com sua categoria, importância, etc.)”.
Corpo, gestos, subgestos,Corpo, gestos, subgestos,
subtonssubtons
•• Subtons (e subgestos)Subtons (e subgestos) produzidos eproduzidos e
refinados com recursos verbais e nãorefinados com recursos verbais e não--
verbais (incluindo as formulaçõesverbais (incluindo as formulações
metafóricas), tendo como resultado camadasmetafóricas), tendo como resultado camadas
de variação de sentido cujos vetores podemde variação de sentido cujos vetores podem
ser múltiplos.ser múltiplos.
•• Não somos apenasNão somos apenas seresseres--dede--linguagemlinguagem, mas, mas
seresseres--dede--linguagemlinguagem--com.com.
A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas:
conhecimento e éticaconhecimento e ética
•• Consequências pedagógicasConsequências pedagógicas aa
“conversação” educacional“conversação” educacional
•• A)A) Ensino sem compreensãoEnsino sem compreensão?? critériocritério•• A)A) Ensino sem compreensãoEnsino sem compreensão?? critériocritério
externo e falso do conhecimentoexterno e falso do conhecimento ritualritual
sem sentido.sem sentido.
•• “A palavra quer ser ouvida, entendida,“A palavra quer ser ouvida, entendida,
respondida e mais uma vez responder àrespondida e mais uma vez responder à
resposta, e assim ad infinitum.” (Bakhtin).resposta, e assim ad infinitum.” (Bakhtin).
A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas:
conhecimento e éticaconhecimento e ética
•• [...] trata[...] trata--se de colocar o outro comose de colocar o outro como
imprescindível dentro de umaimprescindível dentro de uma
arquitetônica dialogicamentearquitetônica dialogicamente
estruturada que encontra expressão naestruturada que encontra expressão naestruturada que encontra expressão naestruturada que encontra expressão na
sua palavra e que requer da parte do eusua palavra e que requer da parte do eu
a posição de calar e escutar, quea posição de calar e escutar, que
requer uma posição de nãorequer uma posição de não--indiferençaindiferença
de participação, de compreensãode participação, de compreensão
respondente. (Ponzio, sobre Bakhtin)respondente. (Ponzio, sobre Bakhtin)
A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas:
conhecimento e éticaconhecimento e ética
•• Em contraposição a um todo mecânico,Em contraposição a um todo mecânico,
“um todo arquitetônico é imbuído da“um todo arquitetônico é imbuído da
unidade advinda do sentido, estandounidade advinda do sentido, estandounidade advinda do sentido, estandounidade advinda do sentido, estando
suas partes articuladas internamente,suas partes articuladas internamente,
de um modo relacional que as tornade um modo relacional que as torna
interligadas e não alheias umas àsinterligadas e não alheias umas às
outras, isto é, constitutivamente”outras, isto é, constitutivamente”
(Sobral).(Sobral).
A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas:
conhecimento e éticaconhecimento e ética
•• “A verdade sobre o homem na boca“A verdade sobre o homem na boca
dos outros, nãodos outros, não--dirigida a ele pordirigida a ele por
diálogo, ou seja, uma verdade à revelia,diálogo, ou seja, uma verdade à revelia,
transformatransforma--se em mentira que ose em mentira que otransformatransforma--se em mentira que ose em mentira que o
humilha e mortifica caso esta lhe afetehumilha e mortifica caso esta lhe afete
o ‘santuário’, isto é, o ‘homem noo ‘santuário’, isto é, o ‘homem no
homem’” [capaz de significarhomem’” [capaz de significar--se a sise a si
mesmo, para o outro (enlaçamento demesmo, para o outro (enlaçamento de
consciências)]. (Bakhtin)consciências)]. (Bakhtin)
A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas:
conhecimento e éticaconhecimento e ética
•• “Para a palavra (e“Para a palavra (e
consequentemente para oconsequentemente para o
homem) não existe nada maishomem) não existe nada maishomem) não existe nada maishomem) não existe nada mais
terrível do que aterrível do que a
irresponsividadeirresponsividade” (Bakhtin).” (Bakhtin).
A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas:
conhecimento e éticaconhecimento e ética
•• B) Complemento de (A):B) Complemento de (A): captação doscaptação dos
subgestos e dos subtonssubgestos e dos subtons na relaçãona relação
professor/aluno, nas trocas didáticasprofessor/aluno, nas trocas didáticas
(ethos)(ethos)(ethos)(ethos)
•• –– em suma, apreciação valorativaem suma, apreciação valorativa
atravessando a linguagem verbal e asatravessando a linguagem verbal e as
outras modalidades de expressãooutras modalidades de expressão
(atividades pedagógicas em presença).(atividades pedagógicas em presença).
A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas:
conhecimento e éticaconhecimento e ética
•• Relações pedagógicas :Relações pedagógicas :
•• váriosvários euseus para os quais ospara os quais os outrosoutros
são necessários e ao mesmo temposão necessários e ao mesmo tempo
diferentes, ou desconhecidos, oudiferentes, ou desconhecidos, oudiferentes, ou desconhecidos, oudiferentes, ou desconhecidos, ou
estranhos e mesmo inimigosestranhos e mesmo inimigos
ameaçadores (o que todo professorameaçadores (o que todo professor
pode ser, aos olhos dos alunos que jápode ser, aos olhos dos alunos que já
consumiram estereótipos, e estudantesconsumiram estereótipos, e estudantes
podem ser entre si).podem ser entre si).
A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas:
conhecimento e éticaconhecimento e ética
•• Duas vertentes e consequências associadas:Duas vertentes e consequências associadas:
•• A) Compreender esses elementos em funçãoA) Compreender esses elementos em função
da responsabilidade de uma parte e outra noda responsabilidade de uma parte e outra no
processo de interação para formaçãoprocesso de interação para formaçãoprocesso de interação para formaçãoprocesso de interação para formação
específica;específica;
•• B) Mostrar o funcionamento desses gestos eB) Mostrar o funcionamento desses gestos e
tons para o relacionamento humano notons para o relacionamento humano no
mundo da cultura e da vida, especialmentemundo da cultura e da vida, especialmente
se pessoas estão sendo formadas parase pessoas estão sendo formadas para
serem formadoras.serem formadoras.
Considerações...Considerações...
•• Não tratei dos gêneros em suaNão tratei dos gêneros em sua
singularidade nas esferas sociais.singularidade nas esferas sociais.
Quis, antes, atribuirQuis, antes, atribuir--lhes sentidolhes sentido
teórico e metodológico, tirarteórico e metodológico, tirar--lhes alhes ateórico e metodológico, tirarteórico e metodológico, tirar--lhes alhes a
eventual avaliação de apenas “sereventual avaliação de apenas “ser
modismo”.modismo”.
Considerações...Considerações...
•• A atitude monológica diante de sujeitos nãoA atitude monológica diante de sujeitos não
tratados como interlocutores sufoca otratados como interlocutores sufoca o
direcionamento ao outro e a expectativa dedirecionamento ao outro e a expectativa de
resposta (alternância) e as ressonânciasresposta (alternância) e as ressonâncias
dialógicas sobre o que foi enunciadodialógicas sobre o que foi enunciadodialógicas sobre o que foi enunciadodialógicas sobre o que foi enunciado
anteriormente, produzindo o efeito de merasanteriormente, produzindo o efeito de meras
paráfrases que lembram a natureza daparáfrases que lembram a natureza da
oraçãooração (tratamento meramente lingüístico). O(tratamento meramente lingüístico). O
projeto de dizerprojeto de dizer é malogrado, porque seé malogrado, porque se
desliga a língua da vida circundante, e a vidadesliga a língua da vida circundante, e a vida
não pode insinuarnão pode insinuar--se na língua.se na língua.

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DO DISCURSO MONOLÓGICO DA CONSCIÊNCIA AOS GÊNEROS DO DISCURSO

  • 1. DO DISCURSO MONOLÓGICO DADO DISCURSO MONOLÓGICO DA CONSCIÊNCIA AOS GÊNEROS DOCONSCIÊNCIA AOS GÊNEROS DO DISCURSODISCURSO Maria Marta FurlanettoMaria Marta Furlanetto UNISULUNISUL –– SCSC –– BrasilBrasil
  • 2. SínteseSíntese •• Importância epistemológica da concepção dialógicaImportância epistemológica da concepção dialógica e da concepção de gêneros do discurso em Bakhtin;e da concepção de gêneros do discurso em Bakhtin; •• Implicações e consequências para a vidaImplicações e consequências para a vida comunitária (ética);comunitária (ética); •• Gêneros do discursoGêneros do discurso unidade de conhecimentounidade de conhecimento que só faz sentido como prática social;que só faz sentido como prática social; •• Gêneros do discursoGêneros do discurso unidade de conhecimentounidade de conhecimento que só faz sentido como prática social;que só faz sentido como prática social; •• Implicações com relação à relevância dos gênerosImplicações com relação à relevância dos gêneros nos atos cotidianos (ênfase para os de caráternos atos cotidianos (ênfase para os de caráter profissional);profissional); •• Experiências de sucesso e de fracasso,Experiências de sucesso e de fracasso, consideradas as categorias pragmáticas daconsideradas as categorias pragmáticas da arquitetônica de Bakhtin.arquitetônica de Bakhtin.
  • 3. IntroduçãoIntrodução •• Princípio:Princípio: •• O contexto histórico e epistemológico emO contexto histórico e epistemológico em que foi gerada a abordagem dialógica daque foi gerada a abordagem dialógica da linguagem é uma tela (ou teia) a olhar comlinguagem é uma tela (ou teia) a olhar comlinguagem é uma tela (ou teia) a olhar comlinguagem é uma tela (ou teia) a olhar com atenção para que se compreenda aatenção para que se compreenda a significância da concepção estendida designificância da concepção estendida de gêneros do discurso em Bakhtin e seugêneros do discurso em Bakhtin e seu Círculo e implicações e consequências paraCírculo e implicações e consequências para a vida comunitáriaa vida comunitária..
  • 4. IntroduçãoIntrodução •• Objetivo:Objetivo: •• Na interface daNa interface da cultura vividacultura vivida, compreender, compreender os laços em sua materialidade; trabalhar oos laços em sua materialidade; trabalhar o distanciamento e a aproximação do outrodistanciamento e a aproximação do outrodistanciamento e a aproximação do outrodistanciamento e a aproximação do outro (sujeito), materializando o movimento de(sujeito), materializando o movimento de escuta para compreensão, e retorno para aescuta para compreensão, e retorno para a manutenção de duas consciênciasmanutenção de duas consciências (compreender o outro sem assimilar(compreender o outro sem assimilar--se ase a ele).ele).
  • 5. IntroduçãoIntrodução •• [...] viver significa ocupar uma posição[...] viver significa ocupar uma posição axiológica em cada momento da vida,axiológica em cada momento da vida, significa firmarsignifica firmar--se axiologicamente.se axiologicamente. (Bakhtin)(Bakhtin)(Bakhtin)(Bakhtin) •• A palavra do outro coloca diante doA palavra do outro coloca diante do indivíduo a tarefa especial deindivíduo a tarefa especial de compreendêcompreendê--la... (Bakhtin)la... (Bakhtin)
  • 6. Fragmentos de um mosaicoFragmentos de um mosaico •• As relações “teoria/prática” e o modoAs relações “teoria/prática” e o modo políticopolítico--social de vivêsocial de vivê--las:las: •• A “teoria” não é senão uma prática (práticaA “teoria” não é senão uma prática (prática•• A “teoria” não é senão uma prática (práticaA “teoria” não é senão uma prática (prática teórica). Aqueles que estão concernidos porteórica). Aqueles que estão concernidos por uma teoria têm de falar por si própriosuma teoria têm de falar por si próprios –– essaessa é a forma de contornar e impedir que o poderé a forma de contornar e impedir que o poder se torne absoluto (e silencie).se torne absoluto (e silencie). (Foucault/Deleuze, Microfísica do poder)(Foucault/Deleuze, Microfísica do poder)
  • 7. Fragmentos de um mosaicoFragmentos de um mosaico •• Formação do Cristianismo e monologismo:Formação do Cristianismo e monologismo: •• Critérios básicos da Igreja Católica para considerarCritérios básicos da Igreja Católica para considerar alguém um cristão: fazer a confissão do Credo,alguém um cristão: fazer a confissão do Credo, aceitar o batismo, participar do culto, obedecer àaceitar o batismo, participar do culto, obedecer à hierarquia da Igreja e acreditar na verdadehierarquia da Igreja e acreditar na verdadehierarquia da Igreja e acreditar na verdadehierarquia da Igreja e acreditar na verdade proveniente dos apóstolos e legada pela Igreja.proveniente dos apóstolos e legada pela Igreja. •• Reforma Protestante e ContraReforma Protestante e Contra--Reforma católica:Reforma católica: protestantes e católicos diminuíram o importanteprotestantes e católicos diminuíram o importante papel dapapel da comunidadecomunidade, tornando mais fácil para a, tornando mais fácil para a igreja e o estado um controle mais direto doigreja e o estado um controle mais direto do indivíduo (Helen Ellerbe, 1995).indivíduo (Helen Ellerbe, 1995).
  • 8. Fragmentos de um mosaicoFragmentos de um mosaico •• Monologismo.Monologismo. •• “Do ponto de vista da verdade não há consciências“Do ponto de vista da verdade não há consciências individuais. O único princípio de individualizaçãoindividuais. O único princípio de individualização que o idealismo conhece é oque o idealismo conhece é o erro.erro.” (Bakhtin).” (Bakhtin). •• A forma monológica de percepção de conhecimentoA forma monológica de percepção de conhecimento e da verdade surge quando “a consciência ée da verdade surge quando “a consciência é colocada acima do ser e a unidade do ser secolocada acima do ser e a unidade do ser se converte em unidade da consciência” (Bakhtin):converte em unidade da consciência” (Bakhtin): •• Imagens do “eu absoluto”, “consciência em geral”,Imagens do “eu absoluto”, “consciência em geral”, “espírito absoluto”“espírito absoluto” –– formas metafísicas, eclipsandoformas metafísicas, eclipsando a individualidade e a interatividade (heteroglossia).a individualidade e a interatividade (heteroglossia).
  • 9. Fragmentos de um mosaicoFragmentos de um mosaico •• BakhtinBakhtin a linguagem mantém a união daa linguagem mantém a união da comunidade, que é sua materialidade, umacomunidade, que é sua materialidade, uma prática, um compromisso dentro dasprática, um compromisso dentro das comunidades.comunidades. •• Uma identidade não se representa comoUma identidade não se representa como “mesmidade”, mas como simultaneidade. O“mesmidade”, mas como simultaneidade. O diálogo reúne “diferenças simultâneas”diálogo reúne “diferenças simultâneas” (várias consciências).(várias consciências).
  • 10. Fragmentos de um mosaicoFragmentos de um mosaico •• Peças do mosaicoPeças do mosaico mostram o traçomostram o traço dodo impedimento impostoimpedimento imposto (teórico e(teórico e pragmático) que os contextospragmático) que os contextos ideológicos institucionais expressam.ideológicos institucionais expressam.ideológicos institucionais expressam.ideológicos institucionais expressam. O trabalho é orientado para oO trabalho é orientado para o monologismo, o formalismo, omonologismo, o formalismo, o idealismo.idealismo. •• Tendência de superação.Tendência de superação.
  • 11. O programa de BakhtinO programa de Bakhtin •• Virada bakhtiniana:Virada bakhtiniana: •• “saída da“saída da filosofia da consciência parapara uma mais abrangente compreensão douma mais abrangente compreensão do discurso” (Hebeche)” (Hebeche) a língua em suaa língua em sua integridade concreta e viva.integridade concreta e viva.integridade concreta e viva.integridade concreta e viva. •• DiscursoDiscurso “posições de diferentes“posições de diferentes sujeitos”.sujeitos”. •• Uma consequência: o enunciado ganha umUma consequência: o enunciado ganha um autorautor (a palavra do líder, a palavra do juiz, a(a palavra do líder, a palavra do juiz, a palavra do mestre, a palavra do pai, etc.)palavra do mestre, a palavra do pai, etc.) nas formas dosnas formas dos gênerosgêneros..
  • 12. O programa de BakhtinO programa de Bakhtin •• O caráterO caráter comunalidadecomunalidade –– parapara compreender a extensão do conceitocompreender a extensão do conceito de gênero.de gênero. •• Comunidades ganham existênciaComunidades ganham existência porpor•• Comunidades ganham existênciaComunidades ganham existência porpor meio de e por causa da linguagem.meio de e por causa da linguagem. –– a) que espécie de comunidades estãoa) que espécie de comunidades estão envolvidas?envolvidas? –– b) o que significa ser membro delas?b) o que significa ser membro delas? (Wertsch)(Wertsch)
  • 13. O programa de BakhtinO programa de Bakhtin •• Comunidade implícitaComunidade implícita (A)e(A)e comunidadecomunidade imaginadaimaginada (B)(B) –– fundadas na mediaçãofundadas na mediação semiótica. (Wertsch)semiótica. (Wertsch) •• A) congrega sujeitos com um conjunto deA) congrega sujeitos com um conjunto de ferramentas comum, mesmo inconscientemente;ferramentas comum, mesmo inconscientemente;ferramentas comum, mesmo inconscientemente;ferramentas comum, mesmo inconscientemente; não há esforço para criar ou reproduzir anão há esforço para criar ou reproduzir a comunidade.comunidade. •• B)B) congrega sujeitos quecongrega sujeitos que usam instrumentos parausam instrumentos para reconhecimento mútuo dos membros (símbolos,reconhecimento mútuo dos membros (símbolos, senhas, elementos gestuais e um sistemasenhas, elementos gestuais e um sistema semiótico).semiótico).
  • 14. O programa de BakhtinO programa de Bakhtin •• Diferença principalDiferença principal papel e funçãopapel e função dos instrumentos culturais envolvidos.dos instrumentos culturais envolvidos. •• Comunidade imaginadaComunidade imaginada•• Comunidade imaginadaComunidade imaginada projetaprojeta instrumentos para o reconhecimento einstrumentos para o reconhecimento e reprodução de um grupo social;reprodução de um grupo social; cimenta as relações dentro do grupocimenta as relações dentro do grupo em vista de metas específicas.em vista de metas específicas.
  • 15. O programa de BakhtinO programa de Bakhtin •• “Em sua análise da multivocalidade“Em sua análise da multivocalidade […], ele [Bakhtin] focalizou a[…], ele [Bakhtin] focalizou a diferenciação e a estratificação quediferenciação e a estratificação quediferenciação e a estratificação quediferenciação e a estratificação que distinguem variadas comunidades dedistinguem variadas comunidades de linguagem antes que amarraslinguagem antes que amarras genéricas que unem pessoas em umgenéricas que unem pessoas em um grupo homogêneo, “monológico”.grupo homogêneo, “monológico”. (Wertsch)(Wertsch)
  • 16. O programa de BakhtinO programa de Bakhtin •• Construtos de Bakhtin, empiricamenteConstrutos de Bakhtin, empiricamente associadosassociados:: –– a)a) linguagens sociaislinguagens sociais, diferenciando grupos de, diferenciando grupos de falantes por seu estrato (profissional ou outro) emfalantes por seu estrato (profissional ou outro) em dado tempo e lugar (professores, matemáticos,dado tempo e lugar (professores, matemáticos,dado tempo e lugar (professores, matemáticos,dado tempo e lugar (professores, matemáticos, físicos, japoneses, mulheres, europeus...);físicos, japoneses, mulheres, europeus...); –– b)b) gêneros do discursogêneros do discurso, que diferenciam, que diferenciam situações específicas e contextos de fala.situações específicas e contextos de fala. (Wertsch)(Wertsch) •• Linguagens sociais e gêneros do discursoLinguagens sociais e gêneros do discurso “modelos tipológicos de construção da totalidade“modelos tipológicos de construção da totalidade discursiva” (crenças sociais/sistemas verbaisdiscursiva” (crenças sociais/sistemas verbais ideológicos).ideológicos).
  • 17. O programa de BakhtinO programa de Bakhtin •• Gêneros enfatizam aGêneros enfatizam a multiplicidademultiplicidade, não a, não a essencialidade, a mesmidade doessencialidade, a mesmidade do comportamento de um indivíduo ou grupo.comportamento de um indivíduo ou grupo. •• Indivíduos ou grupos não possuem atributoIndivíduos ou grupos não possuem atributo inerente causador de seu modo de pensar ouinerente causador de seu modo de pensar ou falar.falar. inerente causador de seu modo de pensar ouinerente causador de seu modo de pensar ou falar.falar. •• FocoFoco processos contextuais envolvidosprocessos contextuais envolvidos na produção dos enunciadosna produção dos enunciados relevânciarelevância da incorporação da noção deda incorporação da noção de gêneros dogêneros do discurso,discurso, integrada nasintegrada nas comunidades decomunidades de discursodiscurso..
  • 18. Corpo, gestos, subgestos,Corpo, gestos, subgestos, subtonssubtons •• Enunciado verbalEnunciado verbal implica:implica: •• A) compreensão e resposta,A) compreensão e resposta, •• B) tem como complemento elementos extraverbais,B) tem como complemento elementos extraverbais, e a resposta esperada também: o gesto, o sorriso, oe a resposta esperada também: o gesto, o sorriso, o movimento de mão, de cabeça...movimento de mão, de cabeça...movimento de mão, de cabeça...movimento de mão, de cabeça... •• Orientação social do enunciadoOrientação social do enunciado “força viva” que“força viva” que determina, em última análise, a forma estilística e adetermina, em última análise, a forma estilística e a estrutura gramatical do enunciadoestrutura gramatical do enunciado –– nos gêneros.nos gêneros. •• Criador de literatura criaCriador de literatura cria as falasas falas dos personagensdos personagens EE suas “maneiras”suas “maneiras” (boas e más)(boas e más) expressãoexpressão gestual da orientação social do enunciadogestual da orientação social do enunciado (Voloshinov).(Voloshinov).
  • 19. Corpo, gestos, subgestos,Corpo, gestos, subgestos, subtonssubtons •• O nãoO não--verbalverbal acento apreciativo: gestos,acento apreciativo: gestos, subgestos, subtons...subgestos, subtons... •• José Saramago (José Saramago (O homem duplicadoO homem duplicado):): •• “a verdade inteira [...] reclama que estejamos“a verdade inteira [...] reclama que estejamos atentos à cintilação múltipla dos subgestosatentos à cintilação múltipla dos subgestosatentos à cintilação múltipla dos subgestosatentos à cintilação múltipla dos subgestos que vão atrás do gesto como a poeiraque vão atrás do gesto como a poeira cósmica vai atrás da cauda do cometa,cósmica vai atrás da cauda do cometa, porque esses subgestos [...] são como asporque esses subgestos [...] são como as letrinhas pequenas do contrato, que dãoletrinhas pequenas do contrato, que dão trabalho a decifrar, mas estão lá.”trabalho a decifrar, mas estão lá.”
  • 20. Corpo, gestos, subgestos,Corpo, gestos, subgestos, subtonssubtons •• Do gesto do corpo aosDo gesto do corpo aos gestosgestos discursivosdiscursivos: gesto de leitura, de: gesto de leitura, de escrita, de interpretação.escrita, de interpretação. •• GestoGesto movimento, atitude, quemovimento, atitude, que irrompe desde que se entre numirrompe desde que se entre num processo discursivo. Gesto sempreprocesso discursivo. Gesto sempre significa.significa.
  • 21. Corpo, gestos, subgestos,Corpo, gestos, subgestos, subtonssubtons •• Saramago, por seu narrador, preconizaSaramago, por seu narrador, preconiza a área de estudo dosa área de estudo dos subgestossubgestos:: •• “[...] o estudo, a identificação e a“[...] o estudo, a identificação e a•• “[...] o estudo, a identificação e a“[...] o estudo, a identificação e a classificação dos subgestos” comoclassificação dos subgestos” como “um dos mais fecundos ramos da“um dos mais fecundos ramos da ciência semiológica em geral.”ciência semiológica em geral.”
  • 22. Corpo, gestos, subgestos,Corpo, gestos, subgestos, subtonssubtons •• Bakhtin:Bakhtin: •• “Papel excepcional do tom. [...] O“Papel excepcional do tom. [...] O aspecto menos estudado da vida doaspecto menos estudado da vida do discurso. Não é o mundo dos tropos,discurso. Não é o mundo dos tropos,discurso. Não é o mundo dos tropos,discurso. Não é o mundo dos tropos, porém o mundo dos tons e matizesporém o mundo dos tons e matizes pessoais [...]”.pessoais [...]”. •• Tom determinado “pela relação doTom determinado “pela relação do falante com a pessoa do interlocutorfalante com a pessoa do interlocutor (com sua categoria, importância, etc.)”.(com sua categoria, importância, etc.)”.
  • 23. Corpo, gestos, subgestos,Corpo, gestos, subgestos, subtonssubtons •• Subtons (e subgestos)Subtons (e subgestos) produzidos eproduzidos e refinados com recursos verbais e nãorefinados com recursos verbais e não-- verbais (incluindo as formulaçõesverbais (incluindo as formulações metafóricas), tendo como resultado camadasmetafóricas), tendo como resultado camadas de variação de sentido cujos vetores podemde variação de sentido cujos vetores podem ser múltiplos.ser múltiplos. •• Não somos apenasNão somos apenas seresseres--dede--linguagemlinguagem, mas, mas seresseres--dede--linguagemlinguagem--com.com.
  • 24. A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas: conhecimento e éticaconhecimento e ética •• Consequências pedagógicasConsequências pedagógicas aa “conversação” educacional“conversação” educacional •• A)A) Ensino sem compreensãoEnsino sem compreensão?? critériocritério•• A)A) Ensino sem compreensãoEnsino sem compreensão?? critériocritério externo e falso do conhecimentoexterno e falso do conhecimento ritualritual sem sentido.sem sentido. •• “A palavra quer ser ouvida, entendida,“A palavra quer ser ouvida, entendida, respondida e mais uma vez responder àrespondida e mais uma vez responder à resposta, e assim ad infinitum.” (Bakhtin).resposta, e assim ad infinitum.” (Bakhtin).
  • 25. A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas: conhecimento e éticaconhecimento e ética •• [...] trata[...] trata--se de colocar o outro comose de colocar o outro como imprescindível dentro de umaimprescindível dentro de uma arquitetônica dialogicamentearquitetônica dialogicamente estruturada que encontra expressão naestruturada que encontra expressão naestruturada que encontra expressão naestruturada que encontra expressão na sua palavra e que requer da parte do eusua palavra e que requer da parte do eu a posição de calar e escutar, quea posição de calar e escutar, que requer uma posição de nãorequer uma posição de não--indiferençaindiferença de participação, de compreensãode participação, de compreensão respondente. (Ponzio, sobre Bakhtin)respondente. (Ponzio, sobre Bakhtin)
  • 26. A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas: conhecimento e éticaconhecimento e ética •• Em contraposição a um todo mecânico,Em contraposição a um todo mecânico, “um todo arquitetônico é imbuído da“um todo arquitetônico é imbuído da unidade advinda do sentido, estandounidade advinda do sentido, estandounidade advinda do sentido, estandounidade advinda do sentido, estando suas partes articuladas internamente,suas partes articuladas internamente, de um modo relacional que as tornade um modo relacional que as torna interligadas e não alheias umas àsinterligadas e não alheias umas às outras, isto é, constitutivamente”outras, isto é, constitutivamente” (Sobral).(Sobral).
  • 27. A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas: conhecimento e éticaconhecimento e ética •• “A verdade sobre o homem na boca“A verdade sobre o homem na boca dos outros, nãodos outros, não--dirigida a ele pordirigida a ele por diálogo, ou seja, uma verdade à revelia,diálogo, ou seja, uma verdade à revelia, transformatransforma--se em mentira que ose em mentira que otransformatransforma--se em mentira que ose em mentira que o humilha e mortifica caso esta lhe afetehumilha e mortifica caso esta lhe afete o ‘santuário’, isto é, o ‘homem noo ‘santuário’, isto é, o ‘homem no homem’” [capaz de significarhomem’” [capaz de significar--se a sise a si mesmo, para o outro (enlaçamento demesmo, para o outro (enlaçamento de consciências)]. (Bakhtin)consciências)]. (Bakhtin)
  • 28. A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas: conhecimento e éticaconhecimento e ética •• “Para a palavra (e“Para a palavra (e consequentemente para oconsequentemente para o homem) não existe nada maishomem) não existe nada maishomem) não existe nada maishomem) não existe nada mais terrível do que aterrível do que a irresponsividadeirresponsividade” (Bakhtin).” (Bakhtin).
  • 29. A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas: conhecimento e éticaconhecimento e ética •• B) Complemento de (A):B) Complemento de (A): captação doscaptação dos subgestos e dos subtonssubgestos e dos subtons na relaçãona relação professor/aluno, nas trocas didáticasprofessor/aluno, nas trocas didáticas (ethos)(ethos)(ethos)(ethos) •• –– em suma, apreciação valorativaem suma, apreciação valorativa atravessando a linguagem verbal e asatravessando a linguagem verbal e as outras modalidades de expressãooutras modalidades de expressão (atividades pedagógicas em presença).(atividades pedagógicas em presença).
  • 30. A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas: conhecimento e éticaconhecimento e ética •• Relações pedagógicas :Relações pedagógicas : •• váriosvários euseus para os quais ospara os quais os outrosoutros são necessários e ao mesmo temposão necessários e ao mesmo tempo diferentes, ou desconhecidos, oudiferentes, ou desconhecidos, oudiferentes, ou desconhecidos, oudiferentes, ou desconhecidos, ou estranhos e mesmo inimigosestranhos e mesmo inimigos ameaçadores (o que todo professorameaçadores (o que todo professor pode ser, aos olhos dos alunos que jápode ser, aos olhos dos alunos que já consumiram estereótipos, e estudantesconsumiram estereótipos, e estudantes podem ser entre si).podem ser entre si).
  • 31. A rede de relações pedagógicas:A rede de relações pedagógicas: conhecimento e éticaconhecimento e ética •• Duas vertentes e consequências associadas:Duas vertentes e consequências associadas: •• A) Compreender esses elementos em funçãoA) Compreender esses elementos em função da responsabilidade de uma parte e outra noda responsabilidade de uma parte e outra no processo de interação para formaçãoprocesso de interação para formaçãoprocesso de interação para formaçãoprocesso de interação para formação específica;específica; •• B) Mostrar o funcionamento desses gestos eB) Mostrar o funcionamento desses gestos e tons para o relacionamento humano notons para o relacionamento humano no mundo da cultura e da vida, especialmentemundo da cultura e da vida, especialmente se pessoas estão sendo formadas parase pessoas estão sendo formadas para serem formadoras.serem formadoras.
  • 32. Considerações...Considerações... •• Não tratei dos gêneros em suaNão tratei dos gêneros em sua singularidade nas esferas sociais.singularidade nas esferas sociais. Quis, antes, atribuirQuis, antes, atribuir--lhes sentidolhes sentido teórico e metodológico, tirarteórico e metodológico, tirar--lhes alhes ateórico e metodológico, tirarteórico e metodológico, tirar--lhes alhes a eventual avaliação de apenas “sereventual avaliação de apenas “ser modismo”.modismo”.
  • 33. Considerações...Considerações... •• A atitude monológica diante de sujeitos nãoA atitude monológica diante de sujeitos não tratados como interlocutores sufoca otratados como interlocutores sufoca o direcionamento ao outro e a expectativa dedirecionamento ao outro e a expectativa de resposta (alternância) e as ressonânciasresposta (alternância) e as ressonâncias dialógicas sobre o que foi enunciadodialógicas sobre o que foi enunciadodialógicas sobre o que foi enunciadodialógicas sobre o que foi enunciado anteriormente, produzindo o efeito de merasanteriormente, produzindo o efeito de meras paráfrases que lembram a natureza daparáfrases que lembram a natureza da oraçãooração (tratamento meramente lingüístico). O(tratamento meramente lingüístico). O projeto de dizerprojeto de dizer é malogrado, porque seé malogrado, porque se desliga a língua da vida circundante, e a vidadesliga a língua da vida circundante, e a vida não pode insinuarnão pode insinuar--se na língua.se na língua.