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A CONDENAÇÃO DE
JESUS CRISTO
JOÃO CALVINO
Issuu.com/oEstandarteDeCristo
Traduzido do Inglês
Third Sermon on the Passion of Our Lord Jesus Christ
By John Calvin
Via: Monergism.com
Tradução por Camila Almeida
Revisão por Amanda Ramalho
Capa por William Teixeira
1ª Edição: Março de 2015
Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.
Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, sob a licença Creative
Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,
desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo
nem o utilize para quaisquer fins comerciais.
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A Condenação De Jesus Cristo
Por João Calvino
E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou a espada e,
ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha. Então Jesus disse-lhe:
Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada
morrerão. Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que Ele não me
daria mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que
dizem que assim convém que aconteça? Então disse Jesus à multidão: Saístes,
como para um salteador, com espadas e varapaus para me prender? Todos os dias
me assentava junto de vós, ensinando no templo, e não me prendestes. Mas tudo
isto aconteceu para que se cumpram as escrituras dos profetas. Então, todos os
discípulos, deixando-o, fugiram. E os que prenderam a Jesus o conduziram à casa
do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos estavam reunidos. E Pe-
dro o seguiu de longe, até ao pátio do sumo sacerdote e, entrando, assentou-se
entre os criados, para ver o fim. Ora, os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e
todo o conselho, buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a
morte; E não o achavam; apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas,
não o achavam. Mas, por fim chegaram duas testemunhas falsas, e disseram: ‘Este
disse: Eu posso derrubar o templo de Deus, e reedificá-lo em três dias’. E,
levantando-se o sumo sacerdote, disse-lhe: Não respondes coisa alguma ao que
estes depõem contra ti? Jesus, porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo
sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o
Filho de Deus. Disse-lhe Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em
breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do
céu. Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que
precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia.
Que vos parece? E eles, respondendo, disseram: É réu de morte. ” (Mateus 26:51-66)
Se quiséssemos julgar superficialmente, de acordo comnossos sentidos naturais, a captura
de nosso Senhor Jesus Cristo, estaríamos preocupados como fato de que Ele não ofereceu
resistência. Não parece consistente com a Sua majestade que Ele sofrera tal vergonha e
desgraça, sem oferecer resistência. Por outro lado, premiaríamos o zelo de Pedro, uma vez
que ele se expôs à morte. Pois, ele viu a grande multidão de inimigos. Ele estava sozinho,
e era um homem inábil para manusear armas. No entanto, ele puxa a espada por causa do
amor que ele tem para com o seu Mestre, e prefere morrer no campo, em vez de permitir
que tal injúria seja feita a Ele. Mas por isso, vemos que devemos vir a conhecer, com toda
a humildade e modéstia, aonde tudo o que o Filho de Deus fez e sofreu estava conduzindo,
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e que o que parece bom para nós não vale de nada, mas devemos orar a Deus para que
Ele nos conduza e nos guie pela Sua Palavra e que não julguemos, exceto de acordo com
o que Ele tem nos mostrado, pois quando isso ocorre o Evangelho torna-se um escândalo
para muitas pessoas; outros fazem do Evangelho um divertimento, e tudo isso para a sua
perdição. É que eles estão inchados com a presunção e são juízes precipitados. Mas, para
que não sejamos enganados, devemos sempre, em primeiro lugar voltar ao que o nosso
Senhor Jesus declara. Esta é a vontade de Deus, Seu Pai. Esse é um ponto. Depois, nós
temos que considerar a finalidade daquilo que pode parecer estranho para nós. Quando,
então, tivermos estas duas considerações, em seguida, haverá ocasião para adorarmos a
Deus e conhecermos que o que parece ser loucura de acordo com os homens é uma
sabedoria admirável mesmo para os anjos.
Mas, para chegar a isso, consideremos o que é dito aqui sobre Pedro. Diz-se: “estendendo
a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha”. A-
qui vemos como os homens são muito ousados, quando eles seguem a sua tola opinião.
Emseguida, eles são tão cegos que não se poupamsob quaisquer condições. Mas, quando
eles deveriam obedecer a Deus, eles são tão covardes que é uma pena. Eles até esque-
cem-se de si mesmos de tal forma que não os faz recuar. É assim que sempre teremos
cem vezes mais coragem de seguir nossas tolas imaginações do que fazer o que Deus nos
ordena e cumprir o que o nosso chamado implica. Nós vemos muito disso no exemplo de
Pedro. Pois, depois que ele mostrou que confessou e testemunhou de nosso Senhor Jesus,
ele blasfema para seu próprio dano. Ainda assim, ele está contente em morrer, mesmo
quando ele não é ordenado para isso. O que o move a puxar a sua espada? Ele faz isso
como que cheio de rancor. Pois, ele não recebera tal instrução de seu Mestre. E quando
ele renuncia a Jesus Cristo, ele já conhecia o dito: “Mas qualquer que me negar diante dos
homens, eu o negarei tamb ém diante de meu Pai, que está nos céus” [ Mateus 10:33]. Mas
(como eu disse), ele é impulsivo. Este tolo desejo de apoiar o nosso Senhor Jesus, à sua
maneira e de acordo com sua imaginação. Agora com o seu exemplo, aprendamos a nos
esforçar para irmos onde Deus nos chama e que nada que Ele nos ordena é muito difícil
para nós. Mas, que não possamos tentar nada, nem mesmo mover o nosso dedo mínimo,
a menos que Deus aprove isso e tenhamos o testemunho de que é Ele quem nos guia.
Esse é um ponto.
De fato, em primeiro lugar, nosso Senhor Jesus mostra-lhe que ele ofendeu gravemente,
porque ele não era ignorante da lei, onde se diz: “Quem derramar o sangue do homem, pe-
lo homem o seu sangue será derramado” [Gênesis 9:6]. São Pedro, em seguida, bem lem-
braria esta lição, que Deus não quer que força ou violência sejam usadas. E (o que é mais),
em que escola ele havia sido alimentado durante mais de três anos? O nosso Senhor Jesus
não havia se mantido, tanto quanto fora possível para Ele, em humanidade e gentileza?
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Onde, então, ele espera obter a aprovação por sua ousadia? Devemos observar além do
que já dissemos. Ou seja, se o nosso zelo é valorizado por homens e é aplaudido, nessa
medida, não deixará de ser condenado diante de Deus, se transgredirmos a Sua Palavra
sempre tão futilmente. Não há, então, nenhum louvor, exceto em andar como Deus nos
mostra através da Sua Palavra. Pois, assimque umhomem vai para alémdesta linha, todas
as suas virtudes somente fedem. Isso é o que acontece com todas as nossas devoções.
Assim, se temos trabalhado para fazer o que nós imaginamos em nosso cérebro, Deus
condenará tudo, a menos que tenhamos ouvido a Sua Palavra. Pois, à parte dela não há
verdade que Ele aprove e que seja legítima diante dEle.
Mas, como para a consideração que estamos tratando agora, a segunda razão que o nosso
Senhor Jesus alega é mais notável. O que já mencionamos acima é geral. Mas aqui há uma
frase que é peculiar à morte e à paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, quando Ele diz: “Ou
pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que Ele não me daria mais de doze
legiões de anjos?”. Agora, uma legião nesse tempo habitualmente era composta de quatro
ou cinco mil homens. “Há, então, um exército celestial que eu posso ter”, diz Ele, “e ainda
assim, eu ajo sem ele. E por que, então, você veio aqui para usurpar mais do que Deus
quis ou autorizou?”. Agora é certamente admissível clamar a Deus e orar a Ele para que
Ele possa estar disposto a sustentar a nossa vida, e como Ele as considera preciosas, que
Ele a possa manter em Sua proteção. Nosso Senhor Jesus declara que Ele não deseja isso
agora e que Ele não deveria fazê-lo. Como, então, Pedro usará a violência, visto que isso
está fora da ordem que Deus permitiu e estabeleceu por meio de Sua Palavra? Se um meio
que é admissível em si não deve ser utilizado, como distinguir o que Deus tem defendido e
o que Ele declarou digno de punição? Aqui (como já mencionado), vemos como o Filho de
Deus Se sujeitou a essas vergonhas e que Ele preferiu deixar-se preso e amarrado como
um malfeitor e um criminoso a ser um desleal por meio de milagre e que Deus empregasse
Seu braço para protegê-lO. Pelo que temos que reconhecer como Ele valorizava a nossa
salvação. Aqui é um ponto que já referi: a saber, que Ele nos remete à vontade e ao decreto
de Deus, Seu pai. Pois, à parte disso, se poderia achar estranho que Ele não implorasse a
Sua ajuda, como Ele certamente sabia que Ele poderia fazê-lo. Parece que Ele tenta a
Deus quando Ele não clama a Ele em absoluto. Temos a promessa de que anjos cercarão
aqueles que temem a Deus, até mesmo que eles os seguirão para impedi-los de se ma-
chucarem, e para que eles não encontrem nenhum mal em seus caminhos. Agora, quando
Deus nos promete algo, Ele quer que isso nos convide à oração. Ainda assim, quando
estamos em necessidade devemos voltar para Ele, a fim de que Ele possa usar Seus anjos
para nos servir, por que Ele lhes deu este ofício. Vemos também que isto foi praticado pelos
santos patriarcas e pais. “O Senhor, em cuja presença tenho andado, enviará o seu anjo
contigo, e prospera rá o teu caminho” [Gênesis 24:40], disse Abraão. Assim, então, os
santos Pais o tem feito. Por que, então, Jesus Cristo não deseja ter os anjos? Pois Ele já
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havia sido confortado (como São Lucas menciona) e anjos O serviram, para adoçar a
angústia em que Ele estava.
Parece, então, que Ele despreza a necessária ajuda de Deus. Porém, Ele leva isso em
consideração quando Ele acrescenta: “Como, pois, se cumpririam as Escrituras?” Como se
Ele dissesse: “Se nós duvidamos de algo, podemos, então, e devemos orar a Deus para
que Ele possa olhar para nós com piedade e que por todos os meios Ele nos faça sentir o
Seu poder. Mas quando estamos convencidos de que Ele deve passar por alguma necessi-
dade, e que a vontade de Deus é conhecida por nós, então já não há uma questão de fazer-
Lhe outro pedido, a não ser que Ele possa nos fortalecer no poder e na constância inven-
cível, e que nós não façamos nenhuma reclamação, ou que não sejamos guiados por nos-
sas afeições; mas que possamos seguir com uma coragem pronta, através de tudo aquilo
a que Ele nos chama”. Por exemplo, se somos perseguidos por nossos inimigos, e não
sabemos o que Deus tem reservado para nós, ou qual seria o resultado, temos que orar a
Ele como se nossa vida fosse preciosa para Ele, e uma vez que Ele Se mantém em Sua
guarda, que Ele demonstre isso pelo resultado e que Ele nos liberte. Mas quando estamos
persuadidos de que Deus quer nos chamar a Si mesmo e que não há mais nenhum remé-
dio, então devemos cortar toda disputa e totalmente resignar-nos, de modo que nada per-
maneça por mais tempo, mas que obedeçamos ao decreto de Deus, que é imutável.
Esta, então, é a intenção de nosso Senhor Jesus. Pois Ele certamente orou durante toda a
sua vida, e mesmo anteriormente deste grande combate que Ele travou, Ele ora a Deus
que, se fosse possível este cálice fosse afastado dEle. Mas agora, Ele assumiu Sua con-
clusão, porque Ele foi assim ordenado por Deus Pai e Ele viu que Ele deveria levar o fardo
ao qual Ele estava comissionado, ou seja, oferecer o sacrifício perpétuo para apagar os
pecados do mundo. Desde então, Ele se viu chamado àquele lugar, e o assunto terminara,
essa é a razão pela qual Ele se abstém de orar a Deus para fazer o contrário. Ele não dese-
ja, então, ser ajudado nem por anjos, nem pelos homens. Ele não deseja que Deus O faça
sentir o Seu poder ao livrá-lO da morte. Apenas foi o suficiente para Ele ter esse espírito de
constância, para que fosse capaz de ir, por Sua livre vontade, a realizar o Seu ofício. Isso
é o que O satisfaz.
Agora, vejamos, em primeiro lugar, que a vontade de Deus deve parar-nos e manter-nos
sob controle, de modo que, quando as coisas parecem-nos hostis e contra toda a razão,
que possamos valorizar mais o que Deus ordenou do que o que nosso cérebro pode com-
preender. Nossa imaginação, então, deve ser espezinhada quando sentimos que Deus pro-
vou o contrário. Faz parte da obediência de nossa fé quando consideramos Deus ser sábio,
de forma que Ele tem autoridade para fazer tudo o que Lhe agrada. Se nós temos razões
para fazer o contrário, podemos saber que isso é apenas fumaça e vaidade e que Deus
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sabe tudo e que nada está escondido dEle, e mesmo que a Sua vontade é a regra de toda
a sabedoria e de toda retidão. Além disso, o que nosso espírito argumenta contra, provém
de nossa rudeza. Porque sabemos que a sabedoria de Deus é infinita, e quase não temos
três gotas de sentido. Não precisamos, então, ser surpreendidos se os homens ficamreceo-
sos quando Deus não governa a Si mesmo de acordo com os apetites deles. E por que
não? Porque nós somos tolos miseráveis. Na verdade, há apenas brutalidade em nós, por
mais que o nosso senso e razão governem. Mas desde que não compreendemos a intensa
profundeza dosjuízos de Deus, aprendamos a adorar o que está oculto, para adorá-lO (digo
eu) em humildade e reverência, confessando que tudo o que Deus faz é justo e correto,
embora ainda possamos não perceber o quanto. Esse é um ponto.
Segue-se a isso, já que é assim que Deus quis, que Seu Filho fosse, portanto, exposto à
morte, nós não podemos ter vergonha do que Ele suportou. Não podemos pensar que os
homens ímpios estavam no controle e que o Filho de Deus não tinha os meios para Se
defender. Pois, tudo começou a partir da vontade de Deus, e do decreto imutável que havia
feito. É também por isso o Senhor Jesus diz em Lucas: “mas esta é a vossa hora e o poder
das trevas” [Lucas 22:53], como se Ele dissesse: “Não se gloriem em nada do que vocês
estão fazendo; porque o Diabo é o vosso mestre”. No entanto, Ele mostra que isso ocorre
por meio da permissão que Deus lhes deu. Embora o Diabo os possuía, ainda assim, nem
eles, nem ele poderiam tentar qualquer coisa a menos que Deus lhes permitisse. Isso,
então, emresumo, é a forma como devemos ter os nossos olhose todosos nossos sentidos
fixos sobre a vontade de Deus, e emSeu plano eterno, quando a morte e a paixão de Nosso
Senhor Jesus Cristo é contada para nós. Agora, Ele declara que tal é a vontade de Deus,
porque está escrito. Pois, se Jesus Cristo não tivesse tido testemunho do que foi ordenado
por Deus, Seu Pai, Ele ainda poderia ter estado em dúvida. Mas Ele conhecia o Seu ofício.
Deus não O enviou aqui em baixo de forma que Ele não tivesse totalmente expressado a
Ele a Sua incumbência. Isto é verdade, na medida em que o nosso Senhor Jesus é o Deus
eterno, Ele não precisa ser ensinado por qualquer Escritura; mas na medida em que Ele é
o nosso Redentor e que Se vestiu em nossa natureza para ter uma verdadeira fraternidade
conosco, Ele teve que ser ensinado pela Sagrada Escritura, como vemos, acima de tudo,
que Ele não recusou tal instrução.
Então, uma vez que Deus mostrou a Ele a que Ele foi chamado, isto é sobre o que Ele
confia. É por isso que Ele é tomado como um cativo, a fim de não retornar quando Ele sabia
que devia alcançar a incumbência a que Ele estava comprometido, ou seja, oferecer-Se em
sacrifício para a redenção de todos nós. Assim, então, temos que aprender que, na medida
em que esta vontade de Deus é secreta e incompreensível, é preciso recorrer à Sagrada
Escritura. É verdade que Deus não deixa de ter Seu conselho ordenado por coisas que nós
imaginamos ser por acaso. Mas isso não é declarado para nós. Não teremos sempre uma
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revelação especial para dizer que Deus determinou isto ou aquilo. Então, devemos conter
o julgamento. É por isso que oramos a Deus para que Ele possa nos curar de uma doença
ou que Ele nos livre de alguma outra aflição quando caímos nela. E por quê? Nós não sabe-
mos o que Ele quer fazer. Estejam certos, não devemos impor uma lei sobre Ele. Esta con-
dição deve sempre ser adicionada: que a Sua vontade seja feita. Mas todas as nossas ora-
ções devem nos conduzir para cá: pedir a Ele para que Ele possa nos conhecer sermos
necessários e úteis, e que nós possamos, entrementes, referir tudo a Ele em Seu conselho
secreto, a fim de que Ele faça o que bem Lhe parecer. Mas quando temos o testemunho
através da Sagrada Escritura de que Deus quer algo, então não é adequado oferecer uma
réplica, como eu já disse.
Aqui nós somos ainda mais assegurados quanto à Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo,
que Ele fora aflito e cruelmente tratado com tanta vergonha e arrogância, desprezível abu-
so, e não apenas de acordo com o desejo dos homens ímpios e sem lei, mas, uma vez que
Deus o havia assim decretado. E como sabemos? Por meio da Sagrada Escritura. Pois, os
sacrifícios não foram ordenados na Lei dois mil anos antes de Jesus Cristo nascer? E antes
que a Lei fosse dada ou escrita, Deus já não havia inspirado e ensinado os antigos Pais
quanto ao sacrifício? E sangue de animais irracionais poderia adquirir a remissão dos pe-
cados? Os homens poderiam se tornar agradáveis a Deus? Não em absoluto, mas existiu
para mostrar que Deus Se reconciliaria pelo o sangue do Redentor a quem Ele havia esta-
belecido. Então, Ele dá testemunho explícito e declaração através das Escrituras. Vemos,
de fato, que os profetas falaram sobre Ele, e Ele também se refere especialmente a eles.
Quando Isaías disse que Aquele que deveria ser o Redentor, seria desfigurado, que Ele
seria tomado em desprezo, que Ele não teria nenhuma beleza ou não mais formosura do
que uma cobra, que ele seria espancado e golpeado pela mão de Deus, que Ele seria uma
coisa terrível de se ver, em resumo, que eles tirariam a Sua vida, por meio de que poder
ele profetizou isso? Será que Deus não pode resistir a Satanás ou a todos os homens
ímpios? Não é isso, mas Ele pronunciou pela boca de Isaías o que Ele havia ordenado an-
teriormente. Em Daniel, há uma expressão ainda mais grandiosa. Desde que é assim, en-
tão, Deus havia declarado que Seu único Filho seria sacrificado para a nossa redenção e
salvação, agora estamos mais bem assegurados do que eu disse, isto é, que devemos
sempre contemplar a mão de Deus, Quem governa, quando vemos que o nosso Senhor
Jesus é sujeito a essas coisas vergonhosas nas mãos dos homens. É também por isso que
São Pedro diz emAtos 4:27 que Judas e todosos judeus, e os guardas e Pilatos não agiram
exceto quando o conselho e a mão de Deus o havia determinado, como será ainda mais
declarado a seguir. Aqui, então, é o lugar onde devemos olhar, se não desejamos ser inco-
modados pelas nossas tolas imaginações. Isso é, que Deus enviou aqui abaixo o Seu Filho
unigênito, a fim de aceitar a obediência quando Ele Se ofereceu a Ele em Sua morte e
paixão, de modo a abolir todas as nossas falhas e iniquidades.
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Agora, o segundo ponto que eu mencionei é o benefício que retorna para nós a partir do
que nosso Senhor Jesus sofreu. Porque, se nós não soubéssemos o motivo, isso retiraria
o sabor do que é narrado aqui para nós. Mas quando se diz que Ele foi preso e amarrado
para nossa libertação, então, de fato, vemos a nossa condição, por natureza, isto é, que
Satanás nos mantém sob a tirania do pecado e da morte, que somos escravos, de modo
que, apesar de sermos criados àimagemde Deus, há emnós somente completa corrupção,
que somos amaldiçoados, e que somos arrastados como pobres animais a este maldito
cativeiro. Quando, então, sabemos e vemos isso, por outro lado, que o Filho de Deus não
se recusou a ser vergonhosamente preso a fim de que os laços espirituais do pecado e da
morte, que nos mantêm sob a servidão de Satanás, fossem quebrados, então nós temos
que glorificar a Deus, temos que triunfar com plena voz na morte e paixão de Nosso Senhor
Jesus Cristo e na captura que é aqui mencionada. Então é isso que devemos nos lembrar
a partir dessa passagem.
Então, o escritor do Evangelho diz que o nosso Senhor Jesus curou o servo que havia sido
ferido por Pedro. Não que ele fosse digno disso, mas para que a ofensa fosse removida.
Pois, teria difamado a doutrina do Evangelho e a redenção de nosso Senhor Jesus Cristo,
se esta ferida permanecesse (eu chamo de “redenção de nosso Senhor Jesus Cristo” o que
ele adquiriu para nós), assim, poderia ser dito que Ele havia resistido ao governador do país
e a todos os sacerdotes e que Ele cometera, por assim dizer, crime naquele lugar isolado.
Isso, então, poderia ter obscurecido toda a glória do Filho de Deus e colocaria o Evangelho
em vergonha perpétua. Também vejamos que essa ação de Pedro ocorreu por zelo de
Satanás. Pois o Diabo planejou fazer com que Jesus Cristo fosse infamado, com toda a
Sua doutrina. Essa é também a tendência de todas as nossas belas devoções quando que-
remos servir a Deus de acordo com nosso desejo e a cada um é dada a licença para fazer
o que ele imagina ser bom. Jesus Cristo, então, quis abolir tal escândalo, a fim de que Sua
doutrina não fosse difamada em absoluto.
No entanto, vemos aqui uma ingratidão detestável naqueles que não foram movidos por tal
milagre. Há os guardas que vem para prender o nosso Senhor Jesus Cristo. Eles veem
aquele poder do Espírito de Deus que está operando nEle, de muitas formas. Ele os fez
cair para trás um pouco antes por uma única palavra. Agora, Ele cura um homem que tem
sua orelha cortada. Tudo isso não é nada para eles. Vemos, então, quando o Diabo uma
vez seduziu os homens e ele os tem deslumbrado os olhos, que nem as graças de Deus,
nem todos os Seus poderes podem tocá-los para que eles não sigam e andam sempre em
suas obras, e eles têm, como se fosse, o focinho de um porco, que se intromete em todos
os lugares. Apesar de tudo o que Deus faz, de tudo o que Ele diz, eles sempre permanecem
em sua obstinação, que é uma coisa horrível. No entanto, nós certamente temos que orar
a Deus para que Ele possa nos dar prudência, de forma que nos beneficiemos com todas
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as Suas graças, a fim de que sejamos atraídos por Seu amor e também para nos tocar
quando Ele levanta a Sua mão para nos mostrar que Ele é o nosso Juiz, de tal forma que
nós, então, temamos, voltemos para Ele em verdadeiro arrependimento. Isso é, então, em
resumo, o que temos que lembrar.
Independentemente do que isso possa significar, as bocas dos ímpios estavam fechadas
quando Jesus Cristo curou o servo de Caifás. Então, diz-se que “os que prenderam a Jesus
o conduziram à casa do sumo sacerdote Caifás” onde Ele foi questionado, etc. Para abre-
viarmos, omitimos o que São João diz sobre Anás, que era o sogro de Caifás, e talvez
Jesus Cristo é conduzido para lá por respeito, ou talvez isso fosse ao longo do caminho,
enquanto eles estavam esperando para que todos fossem reunidos. Jesus, então, é levado
até a casa de Caifás e ali é questionado. Especialmente é dito: “Ora, os príncipes dos sacer-
dotes, e os anciãos, e todo o conselho, buscavam por falsos testemunhos contra Jesus, pa-
ra poderem dar-lhe a morte; porém não encontravam. Mas, por fim chegaram duas teste-
munhas falsas, E disseram: Este disse: Eu posso derrubar o templo de Deus, e reedificá-lo
em três dias”. Aqui vemos como Jesus Cristo foi acusado. Não que os sacerdotes estives-
sem movidos por algum zelo santo. Muitas vezes, aqueles que perseguem os inocentes
imaginam que eles estão realizando um serviço agradável a Deus, como de fato, vemos
que São Paulo estava possuído por uma raiva tal, que, sendo, por assimdizer, umsalteador
(pois assimele é chamado), ele estragou e destruiu mais. Mesmo assim, ele imaginou sobre
si mesmo, ser um bom partidário (zeloso). Mas isso não foi assim com Caifás e todo o seu
bando. Pois, o que eles procuravam, exceto que Jesus Cristo fosse oprimido injustamente?
Assim, vemos que a sua ambição os levou a lutar abertamente contra Deus, o que é uma
coisa terrível. Porque, quanto a Caifás e todo o seu bando, eles são filhos de Levi, a linha-
gem santa que Deus escolhera. Isso não era por homens que eles haviam escolhido, mas
Deus assim havia ordenado por meio de Sua lei. É verdade que houve uma corrupção vil e
enorme, na medida em que o ofício do sacerdote foi vendido naquele tempo, e em vez de
serem obrigados por toda a vida (assim Deus havia ordenado), cada um trazia o seu com-
panheiro e aquele que trazia mais dinheiro, tomava essa dignidade. Tratava-se, então, de
uma vil e detestável corrupção que trama e dissimula práticas que foram usadas em tão
santa e honrosa condição. No entanto, o sacerdote sempre permaneceu nesta linhagem de
Levi, a qual Deus dedicou ao Seu serviço. No entanto, olhem para eles! Todos inimigos de
Deus, olhem para eles! Todos intoxicados por Satanás, de fato enfurecidos contra o Reden-
tor do mundo, que era o propósito final da Lei.
Assim, notemos que aqueles que estão em elevada condição e dignidade nem sempre per-
manecem tão fielmente que não seja necessário manter vigilância sobre eles, como sobre
aqueles que podem ser inimigos de Deus. Pelo que alguém pode ver a mui obtusa insen-
satez dos Papistas, quando eles adotam o título e a condição do sacerdote. Suponham que
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Deus houvesse ordenado que houvesse um papa (o que Ele nunca fez). Suponham que
Ele tivesse o seu trono em Roma (isso ainda menos). Mesmo que tudo isso fosse verdade,
ainda assim na pessoa de Caifás e de sua espécie, é visto que todos aqueles que têm sido
levantados à honra podem abusar do seu poder. Então nós não podemos ser tão tolos a
ponto de nos entretermos com máscaras. E quando há algum título honroso, que Deus não
perca a Sua autoridade sobre ele, como podemos ver os Papistas, que renunciam a toda a
Sagrada Escritura e fazem homenagem aos seus ídolos. Aprendamos, então, que sob a
sombra de alguma dignidade humana Deus não deve ser diminuído, mas Ele deve manter
o Seu domínio soberano. Esse é um ponto. Quanto ao escândalo, que poderíamos conce-
ber aqui de acordo com a nossa imaginação, observemos o que é dito no Salmo 118 (como
também nosso Senhor Jesus havia alegado anteriormente), que Ele é a rocha que seria
rejeitada pelos construtores. E quem eram os construtores da casa de Deus e de Sua Igre-
ja? Os sacerdotes. Pelo menos eles deveriam permanecer naquele ofício. No entanto, eles
rejeitaram a pedra que Deus estabeleceu como a pedra angular. E esta pedra, embora pu-
desse ter sido rejeitada, no entanto, tem sido estabelecida no lugar principal do edifício, ou
seja, Deus não deixará de cumprir o que Ele havia ordenado por meio de Seu conselho,
quando Ele ressuscitou dos mortos Seu único Filho e elevou-O mais do que Ele era antes
de ser esvaziado. Para que todo joelho se dobre diante dEle.
Quando é dito aqui que os sacerdotes buscavam falso testemunho, isso não era simples-
mente inventar um crime, mas ter algum pretexto e disfarce para sobrecarregar e oprimir o
Senhor Jesus. Na verdade, Ele havia pronunciado estas palavras: “Derribai este templo, e
emtrês dias o levantarei” [João 2:19]. Essas, então, são as palavras de nosso Senhor Jesus
Cristo,exatamente como elassaíramde Suaboca. Astestemunhas,quesãofalsas, recitam-
nas. Alguém poderia dizer que elas são testemunhas boas e fiéis. No entanto, o Espírito
Santo chama-lhes falsas, uma vez que elas perversamente perverteram esta observação.
Pois, nosso Senhor Jesus falou de Seu corpo, que é o verdadeiro templo da Divina majes-
tade. O templo material que foi construído em Jerusalém não era nada além de uma figura;
era apenas uma sombra, como se sabe. Mas em nosso Senhor Jesus toda a plenitude da
Divindade fez Sua habitação, como diz São Paulo, de fato, corporalmente e em verdadeira
substância. Então, observemos que temos que olhar não apenas as palavras de uma teste-
munha, mas a intenção de quem fala. Esta é uma boa e útil instrução para nós, porque ve-
mos que os homens são tão dados às suas más ações e mentiras que, quando eles têm
alguma cobertura, isso é suficiente para que eles, e lhes parece que são absolvidos diante
de Deus quando eles, por estes meios, acusam falsamente um homem. Não podemos, en-
tão, ser parados simplesmente com as palavras ou formalidade ou cerimônia, mas que pos-
samos olhar para a verdadeira natureza da causa. Para aqueles que sempre sustentam
que eles não dão nenhuma evidência, exceto a que existia, não deixarão de ser conside-
radas falsas testemunhas diante de Deus, como podemos ver.
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Ao que se refere que Caifás disse a Jesus Cristo: “Não respondes coisa alguma ao que es -
tes depõem contra ti? Jesus, porém, guardava silêncio”. No entanto, Jesus continua total-
mente silencioso e recebe todas aquelas palavras caluniosas em silêncio. Alguém pode
achar estranho que Jesus Cristo, que teve uma justa ocasião suficiente para repelir tal falsi-
dade, não contradiz. Mas (como já mencionamos, como veremos ainda mais plenamente)
Jesus Cristo não estava ali para manter a Sua doutrina como anteriormente. Devemos,
portanto, distinguir prudentemente entre todas as circunstâncias. Pois Jesus Cristo, depois
de ter jejuado no deserto, foi enviado por Deus Pai para anunciar a doutrina do Evangelho.
Durante todo esse tempo, vemos com o que magnanimidade Ele sempre defendeu a
doutrina da qual Ele era ministro. Nós vemos como Ele se opunha a todas as contradições.
Isso, então, é como Ele mesmo desempenhou o Seu ofício, uma vez que Ele fora enviado
como ministro da Palavra. Mas aqui há uma consideração especial. É que Ele deve ser o
Redentor do mundo. Ele deve ser condenado, de fato, não por ter pregado o Evangelho,
mas para nós, Ele deve ser oprimido, por assim dizer, às mais baixas profundezas e sus-
tentar a nossa causa, uma vez que Ele estava ali, por assim dizer, na pessoa de todos os
amaldiçoados e de todos os transgressores, e daqueles que mereciam a morte eterna. As-
sim, então, Jesus Cristo tem esse cargo, e Ele suporta o fardo daqueles que haviam ofendi-
do a Deus mortalmente, é por isso que Ele mantém silêncio. Então, observemos também
que, quando havia necessidade de que Jesus Cristo mantivesse a doutrina do Evangelho,
e que Seu ofício e sua vocação o exigiam, Ele guardou isso. Todavia, quando, pelo silêncio
Ele realizou o ofício de Redentor, como se Ele aceitasse a voluntária condenação, não foi
pela ausência de consideração por Si mesmo que manteve a Sua boca fechada, pois Ele
estava lá (como eu já disse) em nosso nome. É verdade que Ele fala (como veremos), mas
não é para Sua defesa; não é sem inflamar ainda mais a raiva e fúria dos homens ímpios
contra Ele. Isso, então, é porque Ele não quis escapar da morte, mas entregou-Se volunta-
riamente para ser oprimido, a fim de que pudesse mostrar que Ele esqueceu-se de Si mes-
mo, a fim de nos absolver diante de Deus, Seu Pai. Desta forma, Ele não teve consideração
por Si mesmo, nem pela Sua própria vida, nem mesmo por Sua honra. Era tudo um a sofrer
as vergonhas e desgraças do mundo, desde que os nossos pecados fossem abolidos e
fôssemos absolvidos de nossa condenação.
Quando então se diz: “E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo
que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Disse-lhe Jesus: Tu o disseste; digo-vos,
porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder”, quando for
tarde demais, ou seja, para eles, desde que isso será para a confusão deles. Aqui o nosso
Senhor Jesus fala, mas não é para prostrar-se como um ser humano ao sumo sacerdote e
todo o seu bando. Ao contrário, Ele usa ameaças para atingir-lhes ainda mais. Se antes ele
estava cheio de malícia e crueldade, isto deve acender ainda mais o fogo. Mas, já decla-
ramos que Jesus Cristo não teve consideração por Si mesmo e que, antes, Ele coloca-Se
no dever, o qual Ele tomou a responsabilidade, ou seja, ser nosso Redentor.
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Além disso, aqui temos, em primeiro lugar, por assim dizer, inimigos de Deus, que são total-
mente possuídos por Satanás, que ainda abusarão de algum tipo de disfarce de religião,
pois, alguém poderia dizer que este grande sacerdote ainda executa bem o seu ofício,
quando ele conjura a Jesus Cristo pelo Nome do Deus vivo. Mas, é aí que os homens estão
mergulhados uma vez que Satanás cega os seus olhos. Ele os lança em tal desfaçatez que
eles não têm reverência a Deus, não mais do que eles têm vergonha diante dos homens.
Nesta resposta de nosso Senhor Jesus, temos que observar que Ele deseja declarar tanto
a Caifás e a todo o restante que se Ele está, por assim dizer, desta forma esmagado por
um pouco de tempo, isso não diminuirá a Sua majestade, que Ele pode ser sempre consi-
derado e reputado o Filho Único de Deus. Mas Ele tinha aqui uma consideração ainda mais
elevada. Isso é: que podemos estar certos de que, tendo, assim, humilhado a Si mesmo
por nossa salvação, nada foi perdido de Sua majestade celestial, mas que diante dos ho-
mens Ele estava disposto a ser tão oprimido, a fim de que estejamos totalmente seguros
de que seremos encontrados honrosos diante de Deus, porque todas as vergonhas que
teríamos merecido serão abolidas. Desde, então, o nosso Senhor Jesus manteve silêncio
e Ele não Se defendeu em Sua boa causa; agora nós temos nossas as bocas abertas para
invocar a Deus como se fôssemos justos. Ele ainda é o nosso Advogado, que intercede por
nós. Quando, então, nosso Senhor Jesus suportou, foi no sentido de que agora, em plena
liberdade Ele intercede por nós diante de Deus Pai, embora nós não sejamos nada, senão
vermes miseráveis. Há em nós apenas toda a miséria. No entanto, temos acesso a Deus
para que O invoquemos em particular e para clamar abertamente por Ele, como nosso Pai.
Isto é o que Ele deseja mostrar quando Ele disse: “digo-vos, porém, que vereis em breve o
Filho do homem assentado à direita do Poder”. Nós devemos, então, nos afastar de todos
os aspectos que poderiam nos trazer escândalo, quando vemos que o nosso Senhor Jesus
foi assim humilhado. Então, olhemos para o que foi a finalidade de tudo. Ele quis, então,
ser condenado sem qualquer resistência, a fim de que possamos ser capazes de compa-
recer perante o tribunal de Deus, e que cheguemos ali livremente, sem qualquer medo.
Aprendamos, então, em resumo, cada vez que a história da Paixão é recitada para nós, a
gemer e suspirar vendo que o Filho de Deus teve que sofrer tanto por nós, que nós trema-
mos diante de Sua Majestade até que ele nos apareça. Que estejamos tão resolvidos que
quando Ele vier, isso seja para nos fazer experimentar o efeito do fruto que Ele adquiriu pa-
ra nós por meio de Sua morte e paixão. Além disso, que possamos temer que sejamos con-
tados com aqueles a quem Ele ameaça, dizendo. “Vós vereis em breve” Pois, isso será que
os ímpios e réprobos sentirão o quão terrível é o tribunal de Deus e quão grande é o Seu
poder para lançá-los para baixo quando Ele Se levantar contra eles. Quando São Paulo
também quer falar da condenação que os ímpios e os que são amaldiçoados por Deus su-
portarão, ele diz que eles estarão diante de Sua infinita majestade trêmulos e assustados
diante de Seu olhar.
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Desde que é assim, aprendamos a nos humilhar diante do Senhor Jesus. Não esperemos
para ver o olhar da majestade, que Ele mostrará em Sua segunda vinda, mas pela fé con-
templemos a Ele hoje como nosso Rei, e Cabeça dos anjos e de todas as criaturas, e O
recebamos como o nosso soberano Príncipe. Atribuamos a Ele a honra que Lhe pertence,
sabendo que, como Ele nos é dado por sabedoria, por redenção, por justiça e santidade de
Deus Seu Pai, devemos atribuir a Ele todo louvor, e que é de Sua plenitude que devemos
extrair para que estejamos satisfeitos. Estejamos aconselhados, então, a fazer esta home-
nagem ao nosso Senhor Jesus Cristo, apesar de que hoje nós ainda não vemos o Seu
tribunal preparado. Mas O contemplemos com os olhos da fé e oremos a Deus para que
Ele possa iluminar-nos por Seu Espírito Santo, para que Ele possa nos fortalecer para que
O invoquemos no tempo da angústia, e que isso possa conduzir-nos acima do mundo,
acima de todos os nossos sentidos e de todas as nossas apreensões, de tal forma que o
nosso Senhor Jesus pode ser magnificado hoje por nós como Ele merece. Isso, então, em
resumo, é o que temos que lembrar.
Quanto à declaração que Caifás e os sacerdotes O condenaram à morte, que possamos
aprender a não ser surpreendidos com a obstinação dos ímpios e dos inimigos da verdade.
Hoje, essa doutrina é muito necessária para nós. Pois vemos os grandes deste mundo blas-
femando abertamente contra o Evangelho. Vemos até mesmo em nosso meio que aqueles
que fazem profissão do Evangelho e desejam ser consideradas pessoas reformadas e em
quem parece que há somente o Evangelho, ainda assim condenam como diabos encarna-
dos, ou mesmo como animais furiosos possuídos por Satanás, a doutrina da Evangelho.
Alguém não necessita ir muito longe para ver todas essas coisas. Assim, que possamos
estar seguros contra tais escândalos, e que possamos aprender a sempre glorificar o nosso
Deus. Apesar de Caifás e toda a sua espécie cuspiu suas blasfêmias, tanto quanto eles
queiram, e embora eles digam que Jesus Cristo merece a morte, é necessário que nos
mantenhamos em silêncio sobre tal artigo, embora seja ruim. Embora, então, eles assim
infectem o ar por meio de suas blasfêmias vis e execráveis, ainda assim, nos apeguemos
a essa voz do nosso Senhor Jesus Cristo. Se hoje a Sua verdade é tão falsamente con-
denada pelos homens, e é posta em dúvida, é falsificada, é pervertida, e as pessoas delibe-
radamente viram as costas para ela, ela é forte e poderosa o suficiente para se manter.
Esperemos com paciência até que Ele apareça para a nossa redenção. No entanto, que
todos nós aprendamos a nos humilhar, e dar aEle toda a glória, pois Ele esteve tão disposto
a inclinar-Se, de fato, a esvaziar-Se de tudo por nossa salvação.
Agora, prostremo-nos em humilde reverência diante da majestade do nosso Deus.
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10 Sermões — R. M. M’Cheyne
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Batismo, O — John Gill
Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo
Neotestamentário e Batista — William R. Downing
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Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a
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Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos
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Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da
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Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer
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Sola Scriptura • Sola Fide • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —
 Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —
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no Batismo de Crentes — Fred Malone
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2 Coríntios 4
1
2
Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
3
4
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
5
Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.
6
Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
7
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.
8
Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9
Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;
10
Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
se manifeste também nos nossos corpos;
11
E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
nossa carne mortal.
12
De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida.
13
E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
por isso também falamos.
14
Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
também por Jesus, e nos apresentará convosco.
15
Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
Deus.
16
Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
interior, contudo, se renova de dia em dia.
17
Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;
18
Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas.

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  • 2. A CONDENAÇÃO DE JESUS CRISTO JOÃO CALVINO
  • 3. Issuu.com/oEstandarteDeCristo Traduzido do Inglês Third Sermon on the Passion of Our Lord Jesus Christ By John Calvin Via: Monergism.com Tradução por Camila Almeida Revisão por Amanda Ramalho Capa por William Teixeira 1ª Edição: Março de 2015 Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, sob a licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License. Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo nem o utilize para quaisquer fins comerciais.
  • 4. Issuu.com/oEstandarteDeCristo A Condenação De Jesus Cristo Por João Calvino E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou a espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha. Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão. Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que Ele não me daria mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça? Então disse Jesus à multidão: Saístes, como para um salteador, com espadas e varapaus para me prender? Todos os dias me assentava junto de vós, ensinando no templo, e não me prendestes. Mas tudo isto aconteceu para que se cumpram as escrituras dos profetas. Então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram. E os que prenderam a Jesus o conduziram à casa do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos estavam reunidos. E Pe- dro o seguiu de longe, até ao pátio do sumo sacerdote e, entrando, assentou-se entre os criados, para ver o fim. Ora, os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho, buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte; E não o achavam; apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas, não o achavam. Mas, por fim chegaram duas testemunhas falsas, e disseram: ‘Este disse: Eu posso derrubar o templo de Deus, e reedificá-lo em três dias’. E, levantando-se o sumo sacerdote, disse-lhe: Não respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti? Jesus, porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Disse-lhe Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu. Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia. Que vos parece? E eles, respondendo, disseram: É réu de morte. ” (Mateus 26:51-66) Se quiséssemos julgar superficialmente, de acordo comnossos sentidos naturais, a captura de nosso Senhor Jesus Cristo, estaríamos preocupados como fato de que Ele não ofereceu resistência. Não parece consistente com a Sua majestade que Ele sofrera tal vergonha e desgraça, sem oferecer resistência. Por outro lado, premiaríamos o zelo de Pedro, uma vez que ele se expôs à morte. Pois, ele viu a grande multidão de inimigos. Ele estava sozinho, e era um homem inábil para manusear armas. No entanto, ele puxa a espada por causa do amor que ele tem para com o seu Mestre, e prefere morrer no campo, em vez de permitir que tal injúria seja feita a Ele. Mas por isso, vemos que devemos vir a conhecer, com toda a humildade e modéstia, aonde tudo o que o Filho de Deus fez e sofreu estava conduzindo,
  • 5. Issuu.com/oEstandarteDeCristo e que o que parece bom para nós não vale de nada, mas devemos orar a Deus para que Ele nos conduza e nos guie pela Sua Palavra e que não julguemos, exceto de acordo com o que Ele tem nos mostrado, pois quando isso ocorre o Evangelho torna-se um escândalo para muitas pessoas; outros fazem do Evangelho um divertimento, e tudo isso para a sua perdição. É que eles estão inchados com a presunção e são juízes precipitados. Mas, para que não sejamos enganados, devemos sempre, em primeiro lugar voltar ao que o nosso Senhor Jesus declara. Esta é a vontade de Deus, Seu Pai. Esse é um ponto. Depois, nós temos que considerar a finalidade daquilo que pode parecer estranho para nós. Quando, então, tivermos estas duas considerações, em seguida, haverá ocasião para adorarmos a Deus e conhecermos que o que parece ser loucura de acordo com os homens é uma sabedoria admirável mesmo para os anjos. Mas, para chegar a isso, consideremos o que é dito aqui sobre Pedro. Diz-se: “estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha”. A- qui vemos como os homens são muito ousados, quando eles seguem a sua tola opinião. Emseguida, eles são tão cegos que não se poupamsob quaisquer condições. Mas, quando eles deveriam obedecer a Deus, eles são tão covardes que é uma pena. Eles até esque- cem-se de si mesmos de tal forma que não os faz recuar. É assim que sempre teremos cem vezes mais coragem de seguir nossas tolas imaginações do que fazer o que Deus nos ordena e cumprir o que o nosso chamado implica. Nós vemos muito disso no exemplo de Pedro. Pois, depois que ele mostrou que confessou e testemunhou de nosso Senhor Jesus, ele blasfema para seu próprio dano. Ainda assim, ele está contente em morrer, mesmo quando ele não é ordenado para isso. O que o move a puxar a sua espada? Ele faz isso como que cheio de rancor. Pois, ele não recebera tal instrução de seu Mestre. E quando ele renuncia a Jesus Cristo, ele já conhecia o dito: “Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei tamb ém diante de meu Pai, que está nos céus” [ Mateus 10:33]. Mas (como eu disse), ele é impulsivo. Este tolo desejo de apoiar o nosso Senhor Jesus, à sua maneira e de acordo com sua imaginação. Agora com o seu exemplo, aprendamos a nos esforçar para irmos onde Deus nos chama e que nada que Ele nos ordena é muito difícil para nós. Mas, que não possamos tentar nada, nem mesmo mover o nosso dedo mínimo, a menos que Deus aprove isso e tenhamos o testemunho de que é Ele quem nos guia. Esse é um ponto. De fato, em primeiro lugar, nosso Senhor Jesus mostra-lhe que ele ofendeu gravemente, porque ele não era ignorante da lei, onde se diz: “Quem derramar o sangue do homem, pe- lo homem o seu sangue será derramado” [Gênesis 9:6]. São Pedro, em seguida, bem lem- braria esta lição, que Deus não quer que força ou violência sejam usadas. E (o que é mais), em que escola ele havia sido alimentado durante mais de três anos? O nosso Senhor Jesus não havia se mantido, tanto quanto fora possível para Ele, em humanidade e gentileza?
  • 6. Issuu.com/oEstandarteDeCristo Onde, então, ele espera obter a aprovação por sua ousadia? Devemos observar além do que já dissemos. Ou seja, se o nosso zelo é valorizado por homens e é aplaudido, nessa medida, não deixará de ser condenado diante de Deus, se transgredirmos a Sua Palavra sempre tão futilmente. Não há, então, nenhum louvor, exceto em andar como Deus nos mostra através da Sua Palavra. Pois, assimque umhomem vai para alémdesta linha, todas as suas virtudes somente fedem. Isso é o que acontece com todas as nossas devoções. Assim, se temos trabalhado para fazer o que nós imaginamos em nosso cérebro, Deus condenará tudo, a menos que tenhamos ouvido a Sua Palavra. Pois, à parte dela não há verdade que Ele aprove e que seja legítima diante dEle. Mas, como para a consideração que estamos tratando agora, a segunda razão que o nosso Senhor Jesus alega é mais notável. O que já mencionamos acima é geral. Mas aqui há uma frase que é peculiar à morte e à paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, quando Ele diz: “Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que Ele não me daria mais de doze legiões de anjos?”. Agora, uma legião nesse tempo habitualmente era composta de quatro ou cinco mil homens. “Há, então, um exército celestial que eu posso ter”, diz Ele, “e ainda assim, eu ajo sem ele. E por que, então, você veio aqui para usurpar mais do que Deus quis ou autorizou?”. Agora é certamente admissível clamar a Deus e orar a Ele para que Ele possa estar disposto a sustentar a nossa vida, e como Ele as considera preciosas, que Ele a possa manter em Sua proteção. Nosso Senhor Jesus declara que Ele não deseja isso agora e que Ele não deveria fazê-lo. Como, então, Pedro usará a violência, visto que isso está fora da ordem que Deus permitiu e estabeleceu por meio de Sua Palavra? Se um meio que é admissível em si não deve ser utilizado, como distinguir o que Deus tem defendido e o que Ele declarou digno de punição? Aqui (como já mencionado), vemos como o Filho de Deus Se sujeitou a essas vergonhas e que Ele preferiu deixar-se preso e amarrado como um malfeitor e um criminoso a ser um desleal por meio de milagre e que Deus empregasse Seu braço para protegê-lO. Pelo que temos que reconhecer como Ele valorizava a nossa salvação. Aqui é um ponto que já referi: a saber, que Ele nos remete à vontade e ao decreto de Deus, Seu pai. Pois, à parte disso, se poderia achar estranho que Ele não implorasse a Sua ajuda, como Ele certamente sabia que Ele poderia fazê-lo. Parece que Ele tenta a Deus quando Ele não clama a Ele em absoluto. Temos a promessa de que anjos cercarão aqueles que temem a Deus, até mesmo que eles os seguirão para impedi-los de se ma- chucarem, e para que eles não encontrem nenhum mal em seus caminhos. Agora, quando Deus nos promete algo, Ele quer que isso nos convide à oração. Ainda assim, quando estamos em necessidade devemos voltar para Ele, a fim de que Ele possa usar Seus anjos para nos servir, por que Ele lhes deu este ofício. Vemos também que isto foi praticado pelos santos patriarcas e pais. “O Senhor, em cuja presença tenho andado, enviará o seu anjo contigo, e prospera rá o teu caminho” [Gênesis 24:40], disse Abraão. Assim, então, os santos Pais o tem feito. Por que, então, Jesus Cristo não deseja ter os anjos? Pois Ele já
  • 7. Issuu.com/oEstandarteDeCristo havia sido confortado (como São Lucas menciona) e anjos O serviram, para adoçar a angústia em que Ele estava. Parece, então, que Ele despreza a necessária ajuda de Deus. Porém, Ele leva isso em consideração quando Ele acrescenta: “Como, pois, se cumpririam as Escrituras?” Como se Ele dissesse: “Se nós duvidamos de algo, podemos, então, e devemos orar a Deus para que Ele possa olhar para nós com piedade e que por todos os meios Ele nos faça sentir o Seu poder. Mas quando estamos convencidos de que Ele deve passar por alguma necessi- dade, e que a vontade de Deus é conhecida por nós, então já não há uma questão de fazer- Lhe outro pedido, a não ser que Ele possa nos fortalecer no poder e na constância inven- cível, e que nós não façamos nenhuma reclamação, ou que não sejamos guiados por nos- sas afeições; mas que possamos seguir com uma coragem pronta, através de tudo aquilo a que Ele nos chama”. Por exemplo, se somos perseguidos por nossos inimigos, e não sabemos o que Deus tem reservado para nós, ou qual seria o resultado, temos que orar a Ele como se nossa vida fosse preciosa para Ele, e uma vez que Ele Se mantém em Sua guarda, que Ele demonstre isso pelo resultado e que Ele nos liberte. Mas quando estamos persuadidos de que Deus quer nos chamar a Si mesmo e que não há mais nenhum remé- dio, então devemos cortar toda disputa e totalmente resignar-nos, de modo que nada per- maneça por mais tempo, mas que obedeçamos ao decreto de Deus, que é imutável. Esta, então, é a intenção de nosso Senhor Jesus. Pois Ele certamente orou durante toda a sua vida, e mesmo anteriormente deste grande combate que Ele travou, Ele ora a Deus que, se fosse possível este cálice fosse afastado dEle. Mas agora, Ele assumiu Sua con- clusão, porque Ele foi assim ordenado por Deus Pai e Ele viu que Ele deveria levar o fardo ao qual Ele estava comissionado, ou seja, oferecer o sacrifício perpétuo para apagar os pecados do mundo. Desde então, Ele se viu chamado àquele lugar, e o assunto terminara, essa é a razão pela qual Ele se abstém de orar a Deus para fazer o contrário. Ele não dese- ja, então, ser ajudado nem por anjos, nem pelos homens. Ele não deseja que Deus O faça sentir o Seu poder ao livrá-lO da morte. Apenas foi o suficiente para Ele ter esse espírito de constância, para que fosse capaz de ir, por Sua livre vontade, a realizar o Seu ofício. Isso é o que O satisfaz. Agora, vejamos, em primeiro lugar, que a vontade de Deus deve parar-nos e manter-nos sob controle, de modo que, quando as coisas parecem-nos hostis e contra toda a razão, que possamos valorizar mais o que Deus ordenou do que o que nosso cérebro pode com- preender. Nossa imaginação, então, deve ser espezinhada quando sentimos que Deus pro- vou o contrário. Faz parte da obediência de nossa fé quando consideramos Deus ser sábio, de forma que Ele tem autoridade para fazer tudo o que Lhe agrada. Se nós temos razões para fazer o contrário, podemos saber que isso é apenas fumaça e vaidade e que Deus
  • 8. Issuu.com/oEstandarteDeCristo sabe tudo e que nada está escondido dEle, e mesmo que a Sua vontade é a regra de toda a sabedoria e de toda retidão. Além disso, o que nosso espírito argumenta contra, provém de nossa rudeza. Porque sabemos que a sabedoria de Deus é infinita, e quase não temos três gotas de sentido. Não precisamos, então, ser surpreendidos se os homens ficamreceo- sos quando Deus não governa a Si mesmo de acordo com os apetites deles. E por que não? Porque nós somos tolos miseráveis. Na verdade, há apenas brutalidade em nós, por mais que o nosso senso e razão governem. Mas desde que não compreendemos a intensa profundeza dosjuízos de Deus, aprendamos a adorar o que está oculto, para adorá-lO (digo eu) em humildade e reverência, confessando que tudo o que Deus faz é justo e correto, embora ainda possamos não perceber o quanto. Esse é um ponto. Segue-se a isso, já que é assim que Deus quis, que Seu Filho fosse, portanto, exposto à morte, nós não podemos ter vergonha do que Ele suportou. Não podemos pensar que os homens ímpios estavam no controle e que o Filho de Deus não tinha os meios para Se defender. Pois, tudo começou a partir da vontade de Deus, e do decreto imutável que havia feito. É também por isso o Senhor Jesus diz em Lucas: “mas esta é a vossa hora e o poder das trevas” [Lucas 22:53], como se Ele dissesse: “Não se gloriem em nada do que vocês estão fazendo; porque o Diabo é o vosso mestre”. No entanto, Ele mostra que isso ocorre por meio da permissão que Deus lhes deu. Embora o Diabo os possuía, ainda assim, nem eles, nem ele poderiam tentar qualquer coisa a menos que Deus lhes permitisse. Isso, então, emresumo, é a forma como devemos ter os nossos olhose todosos nossos sentidos fixos sobre a vontade de Deus, e emSeu plano eterno, quando a morte e a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo é contada para nós. Agora, Ele declara que tal é a vontade de Deus, porque está escrito. Pois, se Jesus Cristo não tivesse tido testemunho do que foi ordenado por Deus, Seu Pai, Ele ainda poderia ter estado em dúvida. Mas Ele conhecia o Seu ofício. Deus não O enviou aqui em baixo de forma que Ele não tivesse totalmente expressado a Ele a Sua incumbência. Isto é verdade, na medida em que o nosso Senhor Jesus é o Deus eterno, Ele não precisa ser ensinado por qualquer Escritura; mas na medida em que Ele é o nosso Redentor e que Se vestiu em nossa natureza para ter uma verdadeira fraternidade conosco, Ele teve que ser ensinado pela Sagrada Escritura, como vemos, acima de tudo, que Ele não recusou tal instrução. Então, uma vez que Deus mostrou a Ele a que Ele foi chamado, isto é sobre o que Ele confia. É por isso que Ele é tomado como um cativo, a fim de não retornar quando Ele sabia que devia alcançar a incumbência a que Ele estava comprometido, ou seja, oferecer-Se em sacrifício para a redenção de todos nós. Assim, então, temos que aprender que, na medida em que esta vontade de Deus é secreta e incompreensível, é preciso recorrer à Sagrada Escritura. É verdade que Deus não deixa de ter Seu conselho ordenado por coisas que nós imaginamos ser por acaso. Mas isso não é declarado para nós. Não teremos sempre uma
  • 9. Issuu.com/oEstandarteDeCristo revelação especial para dizer que Deus determinou isto ou aquilo. Então, devemos conter o julgamento. É por isso que oramos a Deus para que Ele possa nos curar de uma doença ou que Ele nos livre de alguma outra aflição quando caímos nela. E por quê? Nós não sabe- mos o que Ele quer fazer. Estejam certos, não devemos impor uma lei sobre Ele. Esta con- dição deve sempre ser adicionada: que a Sua vontade seja feita. Mas todas as nossas ora- ções devem nos conduzir para cá: pedir a Ele para que Ele possa nos conhecer sermos necessários e úteis, e que nós possamos, entrementes, referir tudo a Ele em Seu conselho secreto, a fim de que Ele faça o que bem Lhe parecer. Mas quando temos o testemunho através da Sagrada Escritura de que Deus quer algo, então não é adequado oferecer uma réplica, como eu já disse. Aqui nós somos ainda mais assegurados quanto à Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, que Ele fora aflito e cruelmente tratado com tanta vergonha e arrogância, desprezível abu- so, e não apenas de acordo com o desejo dos homens ímpios e sem lei, mas, uma vez que Deus o havia assim decretado. E como sabemos? Por meio da Sagrada Escritura. Pois, os sacrifícios não foram ordenados na Lei dois mil anos antes de Jesus Cristo nascer? E antes que a Lei fosse dada ou escrita, Deus já não havia inspirado e ensinado os antigos Pais quanto ao sacrifício? E sangue de animais irracionais poderia adquirir a remissão dos pe- cados? Os homens poderiam se tornar agradáveis a Deus? Não em absoluto, mas existiu para mostrar que Deus Se reconciliaria pelo o sangue do Redentor a quem Ele havia esta- belecido. Então, Ele dá testemunho explícito e declaração através das Escrituras. Vemos, de fato, que os profetas falaram sobre Ele, e Ele também se refere especialmente a eles. Quando Isaías disse que Aquele que deveria ser o Redentor, seria desfigurado, que Ele seria tomado em desprezo, que Ele não teria nenhuma beleza ou não mais formosura do que uma cobra, que ele seria espancado e golpeado pela mão de Deus, que Ele seria uma coisa terrível de se ver, em resumo, que eles tirariam a Sua vida, por meio de que poder ele profetizou isso? Será que Deus não pode resistir a Satanás ou a todos os homens ímpios? Não é isso, mas Ele pronunciou pela boca de Isaías o que Ele havia ordenado an- teriormente. Em Daniel, há uma expressão ainda mais grandiosa. Desde que é assim, en- tão, Deus havia declarado que Seu único Filho seria sacrificado para a nossa redenção e salvação, agora estamos mais bem assegurados do que eu disse, isto é, que devemos sempre contemplar a mão de Deus, Quem governa, quando vemos que o nosso Senhor Jesus é sujeito a essas coisas vergonhosas nas mãos dos homens. É também por isso que São Pedro diz emAtos 4:27 que Judas e todosos judeus, e os guardas e Pilatos não agiram exceto quando o conselho e a mão de Deus o havia determinado, como será ainda mais declarado a seguir. Aqui, então, é o lugar onde devemos olhar, se não desejamos ser inco- modados pelas nossas tolas imaginações. Isso é, que Deus enviou aqui abaixo o Seu Filho unigênito, a fim de aceitar a obediência quando Ele Se ofereceu a Ele em Sua morte e paixão, de modo a abolir todas as nossas falhas e iniquidades.
  • 10. Issuu.com/oEstandarteDeCristo Agora, o segundo ponto que eu mencionei é o benefício que retorna para nós a partir do que nosso Senhor Jesus sofreu. Porque, se nós não soubéssemos o motivo, isso retiraria o sabor do que é narrado aqui para nós. Mas quando se diz que Ele foi preso e amarrado para nossa libertação, então, de fato, vemos a nossa condição, por natureza, isto é, que Satanás nos mantém sob a tirania do pecado e da morte, que somos escravos, de modo que, apesar de sermos criados àimagemde Deus, há emnós somente completa corrupção, que somos amaldiçoados, e que somos arrastados como pobres animais a este maldito cativeiro. Quando, então, sabemos e vemos isso, por outro lado, que o Filho de Deus não se recusou a ser vergonhosamente preso a fim de que os laços espirituais do pecado e da morte, que nos mantêm sob a servidão de Satanás, fossem quebrados, então nós temos que glorificar a Deus, temos que triunfar com plena voz na morte e paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e na captura que é aqui mencionada. Então é isso que devemos nos lembrar a partir dessa passagem. Então, o escritor do Evangelho diz que o nosso Senhor Jesus curou o servo que havia sido ferido por Pedro. Não que ele fosse digno disso, mas para que a ofensa fosse removida. Pois, teria difamado a doutrina do Evangelho e a redenção de nosso Senhor Jesus Cristo, se esta ferida permanecesse (eu chamo de “redenção de nosso Senhor Jesus Cristo” o que ele adquiriu para nós), assim, poderia ser dito que Ele havia resistido ao governador do país e a todos os sacerdotes e que Ele cometera, por assim dizer, crime naquele lugar isolado. Isso, então, poderia ter obscurecido toda a glória do Filho de Deus e colocaria o Evangelho em vergonha perpétua. Também vejamos que essa ação de Pedro ocorreu por zelo de Satanás. Pois o Diabo planejou fazer com que Jesus Cristo fosse infamado, com toda a Sua doutrina. Essa é também a tendência de todas as nossas belas devoções quando que- remos servir a Deus de acordo com nosso desejo e a cada um é dada a licença para fazer o que ele imagina ser bom. Jesus Cristo, então, quis abolir tal escândalo, a fim de que Sua doutrina não fosse difamada em absoluto. No entanto, vemos aqui uma ingratidão detestável naqueles que não foram movidos por tal milagre. Há os guardas que vem para prender o nosso Senhor Jesus Cristo. Eles veem aquele poder do Espírito de Deus que está operando nEle, de muitas formas. Ele os fez cair para trás um pouco antes por uma única palavra. Agora, Ele cura um homem que tem sua orelha cortada. Tudo isso não é nada para eles. Vemos, então, quando o Diabo uma vez seduziu os homens e ele os tem deslumbrado os olhos, que nem as graças de Deus, nem todos os Seus poderes podem tocá-los para que eles não sigam e andam sempre em suas obras, e eles têm, como se fosse, o focinho de um porco, que se intromete em todos os lugares. Apesar de tudo o que Deus faz, de tudo o que Ele diz, eles sempre permanecem em sua obstinação, que é uma coisa horrível. No entanto, nós certamente temos que orar a Deus para que Ele possa nos dar prudência, de forma que nos beneficiemos com todas
  • 11. Issuu.com/oEstandarteDeCristo as Suas graças, a fim de que sejamos atraídos por Seu amor e também para nos tocar quando Ele levanta a Sua mão para nos mostrar que Ele é o nosso Juiz, de tal forma que nós, então, temamos, voltemos para Ele em verdadeiro arrependimento. Isso é, então, em resumo, o que temos que lembrar. Independentemente do que isso possa significar, as bocas dos ímpios estavam fechadas quando Jesus Cristo curou o servo de Caifás. Então, diz-se que “os que prenderam a Jesus o conduziram à casa do sumo sacerdote Caifás” onde Ele foi questionado, etc. Para abre- viarmos, omitimos o que São João diz sobre Anás, que era o sogro de Caifás, e talvez Jesus Cristo é conduzido para lá por respeito, ou talvez isso fosse ao longo do caminho, enquanto eles estavam esperando para que todos fossem reunidos. Jesus, então, é levado até a casa de Caifás e ali é questionado. Especialmente é dito: “Ora, os príncipes dos sacer- dotes, e os anciãos, e todo o conselho, buscavam por falsos testemunhos contra Jesus, pa- ra poderem dar-lhe a morte; porém não encontravam. Mas, por fim chegaram duas teste- munhas falsas, E disseram: Este disse: Eu posso derrubar o templo de Deus, e reedificá-lo em três dias”. Aqui vemos como Jesus Cristo foi acusado. Não que os sacerdotes estives- sem movidos por algum zelo santo. Muitas vezes, aqueles que perseguem os inocentes imaginam que eles estão realizando um serviço agradável a Deus, como de fato, vemos que São Paulo estava possuído por uma raiva tal, que, sendo, por assimdizer, umsalteador (pois assimele é chamado), ele estragou e destruiu mais. Mesmo assim, ele imaginou sobre si mesmo, ser um bom partidário (zeloso). Mas isso não foi assim com Caifás e todo o seu bando. Pois, o que eles procuravam, exceto que Jesus Cristo fosse oprimido injustamente? Assim, vemos que a sua ambição os levou a lutar abertamente contra Deus, o que é uma coisa terrível. Porque, quanto a Caifás e todo o seu bando, eles são filhos de Levi, a linha- gem santa que Deus escolhera. Isso não era por homens que eles haviam escolhido, mas Deus assim havia ordenado por meio de Sua lei. É verdade que houve uma corrupção vil e enorme, na medida em que o ofício do sacerdote foi vendido naquele tempo, e em vez de serem obrigados por toda a vida (assim Deus havia ordenado), cada um trazia o seu com- panheiro e aquele que trazia mais dinheiro, tomava essa dignidade. Tratava-se, então, de uma vil e detestável corrupção que trama e dissimula práticas que foram usadas em tão santa e honrosa condição. No entanto, o sacerdote sempre permaneceu nesta linhagem de Levi, a qual Deus dedicou ao Seu serviço. No entanto, olhem para eles! Todos inimigos de Deus, olhem para eles! Todos intoxicados por Satanás, de fato enfurecidos contra o Reden- tor do mundo, que era o propósito final da Lei. Assim, notemos que aqueles que estão em elevada condição e dignidade nem sempre per- manecem tão fielmente que não seja necessário manter vigilância sobre eles, como sobre aqueles que podem ser inimigos de Deus. Pelo que alguém pode ver a mui obtusa insen- satez dos Papistas, quando eles adotam o título e a condição do sacerdote. Suponham que
  • 12. Issuu.com/oEstandarteDeCristo Deus houvesse ordenado que houvesse um papa (o que Ele nunca fez). Suponham que Ele tivesse o seu trono em Roma (isso ainda menos). Mesmo que tudo isso fosse verdade, ainda assim na pessoa de Caifás e de sua espécie, é visto que todos aqueles que têm sido levantados à honra podem abusar do seu poder. Então nós não podemos ser tão tolos a ponto de nos entretermos com máscaras. E quando há algum título honroso, que Deus não perca a Sua autoridade sobre ele, como podemos ver os Papistas, que renunciam a toda a Sagrada Escritura e fazem homenagem aos seus ídolos. Aprendamos, então, que sob a sombra de alguma dignidade humana Deus não deve ser diminuído, mas Ele deve manter o Seu domínio soberano. Esse é um ponto. Quanto ao escândalo, que poderíamos conce- ber aqui de acordo com a nossa imaginação, observemos o que é dito no Salmo 118 (como também nosso Senhor Jesus havia alegado anteriormente), que Ele é a rocha que seria rejeitada pelos construtores. E quem eram os construtores da casa de Deus e de Sua Igre- ja? Os sacerdotes. Pelo menos eles deveriam permanecer naquele ofício. No entanto, eles rejeitaram a pedra que Deus estabeleceu como a pedra angular. E esta pedra, embora pu- desse ter sido rejeitada, no entanto, tem sido estabelecida no lugar principal do edifício, ou seja, Deus não deixará de cumprir o que Ele havia ordenado por meio de Seu conselho, quando Ele ressuscitou dos mortos Seu único Filho e elevou-O mais do que Ele era antes de ser esvaziado. Para que todo joelho se dobre diante dEle. Quando é dito aqui que os sacerdotes buscavam falso testemunho, isso não era simples- mente inventar um crime, mas ter algum pretexto e disfarce para sobrecarregar e oprimir o Senhor Jesus. Na verdade, Ele havia pronunciado estas palavras: “Derribai este templo, e emtrês dias o levantarei” [João 2:19]. Essas, então, são as palavras de nosso Senhor Jesus Cristo,exatamente como elassaíramde Suaboca. Astestemunhas,quesãofalsas, recitam- nas. Alguém poderia dizer que elas são testemunhas boas e fiéis. No entanto, o Espírito Santo chama-lhes falsas, uma vez que elas perversamente perverteram esta observação. Pois, nosso Senhor Jesus falou de Seu corpo, que é o verdadeiro templo da Divina majes- tade. O templo material que foi construído em Jerusalém não era nada além de uma figura; era apenas uma sombra, como se sabe. Mas em nosso Senhor Jesus toda a plenitude da Divindade fez Sua habitação, como diz São Paulo, de fato, corporalmente e em verdadeira substância. Então, observemos que temos que olhar não apenas as palavras de uma teste- munha, mas a intenção de quem fala. Esta é uma boa e útil instrução para nós, porque ve- mos que os homens são tão dados às suas más ações e mentiras que, quando eles têm alguma cobertura, isso é suficiente para que eles, e lhes parece que são absolvidos diante de Deus quando eles, por estes meios, acusam falsamente um homem. Não podemos, en- tão, ser parados simplesmente com as palavras ou formalidade ou cerimônia, mas que pos- samos olhar para a verdadeira natureza da causa. Para aqueles que sempre sustentam que eles não dão nenhuma evidência, exceto a que existia, não deixarão de ser conside- radas falsas testemunhas diante de Deus, como podemos ver.
  • 13. Issuu.com/oEstandarteDeCristo Ao que se refere que Caifás disse a Jesus Cristo: “Não respondes coisa alguma ao que es - tes depõem contra ti? Jesus, porém, guardava silêncio”. No entanto, Jesus continua total- mente silencioso e recebe todas aquelas palavras caluniosas em silêncio. Alguém pode achar estranho que Jesus Cristo, que teve uma justa ocasião suficiente para repelir tal falsi- dade, não contradiz. Mas (como já mencionamos, como veremos ainda mais plenamente) Jesus Cristo não estava ali para manter a Sua doutrina como anteriormente. Devemos, portanto, distinguir prudentemente entre todas as circunstâncias. Pois Jesus Cristo, depois de ter jejuado no deserto, foi enviado por Deus Pai para anunciar a doutrina do Evangelho. Durante todo esse tempo, vemos com o que magnanimidade Ele sempre defendeu a doutrina da qual Ele era ministro. Nós vemos como Ele se opunha a todas as contradições. Isso, então, é como Ele mesmo desempenhou o Seu ofício, uma vez que Ele fora enviado como ministro da Palavra. Mas aqui há uma consideração especial. É que Ele deve ser o Redentor do mundo. Ele deve ser condenado, de fato, não por ter pregado o Evangelho, mas para nós, Ele deve ser oprimido, por assim dizer, às mais baixas profundezas e sus- tentar a nossa causa, uma vez que Ele estava ali, por assim dizer, na pessoa de todos os amaldiçoados e de todos os transgressores, e daqueles que mereciam a morte eterna. As- sim, então, Jesus Cristo tem esse cargo, e Ele suporta o fardo daqueles que haviam ofendi- do a Deus mortalmente, é por isso que Ele mantém silêncio. Então, observemos também que, quando havia necessidade de que Jesus Cristo mantivesse a doutrina do Evangelho, e que Seu ofício e sua vocação o exigiam, Ele guardou isso. Todavia, quando, pelo silêncio Ele realizou o ofício de Redentor, como se Ele aceitasse a voluntária condenação, não foi pela ausência de consideração por Si mesmo que manteve a Sua boca fechada, pois Ele estava lá (como eu já disse) em nosso nome. É verdade que Ele fala (como veremos), mas não é para Sua defesa; não é sem inflamar ainda mais a raiva e fúria dos homens ímpios contra Ele. Isso, então, é porque Ele não quis escapar da morte, mas entregou-Se volunta- riamente para ser oprimido, a fim de que pudesse mostrar que Ele esqueceu-se de Si mes- mo, a fim de nos absolver diante de Deus, Seu Pai. Desta forma, Ele não teve consideração por Si mesmo, nem pela Sua própria vida, nem mesmo por Sua honra. Era tudo um a sofrer as vergonhas e desgraças do mundo, desde que os nossos pecados fossem abolidos e fôssemos absolvidos de nossa condenação. Quando então se diz: “E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Disse-lhe Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder”, quando for tarde demais, ou seja, para eles, desde que isso será para a confusão deles. Aqui o nosso Senhor Jesus fala, mas não é para prostrar-se como um ser humano ao sumo sacerdote e todo o seu bando. Ao contrário, Ele usa ameaças para atingir-lhes ainda mais. Se antes ele estava cheio de malícia e crueldade, isto deve acender ainda mais o fogo. Mas, já decla- ramos que Jesus Cristo não teve consideração por Si mesmo e que, antes, Ele coloca-Se no dever, o qual Ele tomou a responsabilidade, ou seja, ser nosso Redentor.
  • 14. Issuu.com/oEstandarteDeCristo Além disso, aqui temos, em primeiro lugar, por assim dizer, inimigos de Deus, que são total- mente possuídos por Satanás, que ainda abusarão de algum tipo de disfarce de religião, pois, alguém poderia dizer que este grande sacerdote ainda executa bem o seu ofício, quando ele conjura a Jesus Cristo pelo Nome do Deus vivo. Mas, é aí que os homens estão mergulhados uma vez que Satanás cega os seus olhos. Ele os lança em tal desfaçatez que eles não têm reverência a Deus, não mais do que eles têm vergonha diante dos homens. Nesta resposta de nosso Senhor Jesus, temos que observar que Ele deseja declarar tanto a Caifás e a todo o restante que se Ele está, por assim dizer, desta forma esmagado por um pouco de tempo, isso não diminuirá a Sua majestade, que Ele pode ser sempre consi- derado e reputado o Filho Único de Deus. Mas Ele tinha aqui uma consideração ainda mais elevada. Isso é: que podemos estar certos de que, tendo, assim, humilhado a Si mesmo por nossa salvação, nada foi perdido de Sua majestade celestial, mas que diante dos ho- mens Ele estava disposto a ser tão oprimido, a fim de que estejamos totalmente seguros de que seremos encontrados honrosos diante de Deus, porque todas as vergonhas que teríamos merecido serão abolidas. Desde, então, o nosso Senhor Jesus manteve silêncio e Ele não Se defendeu em Sua boa causa; agora nós temos nossas as bocas abertas para invocar a Deus como se fôssemos justos. Ele ainda é o nosso Advogado, que intercede por nós. Quando, então, nosso Senhor Jesus suportou, foi no sentido de que agora, em plena liberdade Ele intercede por nós diante de Deus Pai, embora nós não sejamos nada, senão vermes miseráveis. Há em nós apenas toda a miséria. No entanto, temos acesso a Deus para que O invoquemos em particular e para clamar abertamente por Ele, como nosso Pai. Isto é o que Ele deseja mostrar quando Ele disse: “digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder”. Nós devemos, então, nos afastar de todos os aspectos que poderiam nos trazer escândalo, quando vemos que o nosso Senhor Jesus foi assim humilhado. Então, olhemos para o que foi a finalidade de tudo. Ele quis, então, ser condenado sem qualquer resistência, a fim de que possamos ser capazes de compa- recer perante o tribunal de Deus, e que cheguemos ali livremente, sem qualquer medo. Aprendamos, então, em resumo, cada vez que a história da Paixão é recitada para nós, a gemer e suspirar vendo que o Filho de Deus teve que sofrer tanto por nós, que nós trema- mos diante de Sua Majestade até que ele nos apareça. Que estejamos tão resolvidos que quando Ele vier, isso seja para nos fazer experimentar o efeito do fruto que Ele adquiriu pa- ra nós por meio de Sua morte e paixão. Além disso, que possamos temer que sejamos con- tados com aqueles a quem Ele ameaça, dizendo. “Vós vereis em breve” Pois, isso será que os ímpios e réprobos sentirão o quão terrível é o tribunal de Deus e quão grande é o Seu poder para lançá-los para baixo quando Ele Se levantar contra eles. Quando São Paulo também quer falar da condenação que os ímpios e os que são amaldiçoados por Deus su- portarão, ele diz que eles estarão diante de Sua infinita majestade trêmulos e assustados diante de Seu olhar.
  • 15. Issuu.com/oEstandarteDeCristo Desde que é assim, aprendamos a nos humilhar diante do Senhor Jesus. Não esperemos para ver o olhar da majestade, que Ele mostrará em Sua segunda vinda, mas pela fé con- templemos a Ele hoje como nosso Rei, e Cabeça dos anjos e de todas as criaturas, e O recebamos como o nosso soberano Príncipe. Atribuamos a Ele a honra que Lhe pertence, sabendo que, como Ele nos é dado por sabedoria, por redenção, por justiça e santidade de Deus Seu Pai, devemos atribuir a Ele todo louvor, e que é de Sua plenitude que devemos extrair para que estejamos satisfeitos. Estejamos aconselhados, então, a fazer esta home- nagem ao nosso Senhor Jesus Cristo, apesar de que hoje nós ainda não vemos o Seu tribunal preparado. Mas O contemplemos com os olhos da fé e oremos a Deus para que Ele possa iluminar-nos por Seu Espírito Santo, para que Ele possa nos fortalecer para que O invoquemos no tempo da angústia, e que isso possa conduzir-nos acima do mundo, acima de todos os nossos sentidos e de todas as nossas apreensões, de tal forma que o nosso Senhor Jesus pode ser magnificado hoje por nós como Ele merece. Isso, então, em resumo, é o que temos que lembrar. Quanto à declaração que Caifás e os sacerdotes O condenaram à morte, que possamos aprender a não ser surpreendidos com a obstinação dos ímpios e dos inimigos da verdade. Hoje, essa doutrina é muito necessária para nós. Pois vemos os grandes deste mundo blas- femando abertamente contra o Evangelho. Vemos até mesmo em nosso meio que aqueles que fazem profissão do Evangelho e desejam ser consideradas pessoas reformadas e em quem parece que há somente o Evangelho, ainda assim condenam como diabos encarna- dos, ou mesmo como animais furiosos possuídos por Satanás, a doutrina da Evangelho. Alguém não necessita ir muito longe para ver todas essas coisas. Assim, que possamos estar seguros contra tais escândalos, e que possamos aprender a sempre glorificar o nosso Deus. Apesar de Caifás e toda a sua espécie cuspiu suas blasfêmias, tanto quanto eles queiram, e embora eles digam que Jesus Cristo merece a morte, é necessário que nos mantenhamos em silêncio sobre tal artigo, embora seja ruim. Embora, então, eles assim infectem o ar por meio de suas blasfêmias vis e execráveis, ainda assim, nos apeguemos a essa voz do nosso Senhor Jesus Cristo. Se hoje a Sua verdade é tão falsamente con- denada pelos homens, e é posta em dúvida, é falsificada, é pervertida, e as pessoas delibe- radamente viram as costas para ela, ela é forte e poderosa o suficiente para se manter. Esperemos com paciência até que Ele apareça para a nossa redenção. No entanto, que todos nós aprendamos a nos humilhar, e dar aEle toda a glória, pois Ele esteve tão disposto a inclinar-Se, de fato, a esvaziar-Se de tudo por nossa salvação. Agora, prostremo-nos em humilde reverência diante da majestade do nosso Deus.
  • 16.                                      10 Sermões — R. M. M’Cheyne Adoração — A. W. Pink Agonia de Cristo — J. Edwards Batismo, O — John Gill Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo Neotestamentário e Batista — William R. Downing Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a Doutrina da Eleição Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos Cessaram — Peter Masters Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da Eleição — A. W. Pink Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida pelos Arminianos — J. Owen Confissão de Fé Batista de 1689 Conversão — John Gill Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne Eleição Particular — C. H. Spurgeon Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A — J. Owen Evangelismo Moderno — A. W. Pink Excelência de Cristo, A — J. Edwards Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah Spurgeon Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A — Jeremiah Burroughs Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação dos Pecadores, A — A. W. Pink Jesus! – C. H. Spurgeon Justificação,PropiciaçãoeDeclaração —C.H.Spurgeon Livre Graça, A — C. H. Spurgeon Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com. — Issuu.com/oEstandarteDeCristo Sola Scriptura • Sola Fide • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —  Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a — John Flavel  Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston  Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H. Spurgeon  Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W. Pink  Oração — Thomas Watson  Pacto da Graça, O — Mike Renihan  Paixão de Cristo, A — Thomas Adams  Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards  Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural — Thomas Boston  Plenitude do Mediador, A — John Gill  Porção do Ímpios, A — J. Edwards  Pregação Chocante — Paul Washer  Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon  Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200  Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon  Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon  Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M. M'Cheyne  Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer  Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon  Sangue, O — C. H. Spurgeon  Semper Idem — Thomas Adams  Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill, Owen e Charnock  Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de Deus) — C. H. Spurgeon  Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J. Edwards  Sobre aNossa Conversão a Deuse Como Essa Doutrina é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen  Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J. Owen  Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink  Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R. Downing  Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan  Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de Claraval  Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica no Batismo de Crentes — Fred Malone
  • 17. Issuu.com/oEstandarteDeCristo 2 Coríntios 4 1 2 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos; Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem, 3 4 entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória 5 Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, 7 este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. 9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; 10 Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos; 11 E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal. 12 De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13 E temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também, por isso também falamos. 14 Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15 Porque tudo isto é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de Deus. 16 Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. 17 Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18 Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.