1. 1 Alma minha gentil, que te partiste 2 Tão cedo desta vida descontente, 3 Repousa lá no Céu eternamente, 4 E viva eu cá na terra sempre triste. 5 Se lá no assento etéreo, onde subiste, 6 Memória desta vida se consente, 7 Não te esqueças daquele amor ardente 8 Que já nos olhos meus tão puro viste. 9 E se vires que pode merecer-te 10 Alguma cousa a dor que me ficou 11 Da mágoa, sem remédio, de perder-te, 12 Roga a Deus, que teus anos encurtou, 13 Que tão cedo de cá me leve a ver-te, 14 Quão cedo de meus olhos te levou. Alma minha gentil, que te partiste Luís Vaz de Camões
2. A Alma minha gentil, que te partiste B Tão cedo desta vida descontente, B Repousa lá no Céu eternamente, A E viva eu cá na terra sempre triste. A Se lá no assento etéreo, onde subiste, B Memória desta vida se consente, B Não te esqueças daquele amor ardente A Que já nos olhos meus tão puro viste. C E se vires que pode merecer-te D Alguma cousa a dor que me ficou C Da mágoa, sem remédio, de perder-te, D Roga a Deus, que teus anos encurtou, C Que tão cedo de cá me leve a ver-te, D Quão cedo de meus olhos te levou. Alma minha gentil, que te partiste Luís Vaz de Camões
3. 1 Alma minha gentil, que te partiste 2 Tão cedo desta vida descontente, 3 Repousa lá no Céu eternamente, 4 E viva eu cá na terra sempre triste. 5 Se lá no assento etéreo, onde subiste, 6 Memória desta vida se consente, 7 Não te esqueças daquele amor ardente 8 Que já nos olhos meus tão puro viste. 9 E se vires que pode merecer-te 10 Alguma cousa a dor que me ficou 11 Da mágoa, sem remédio, de perder-te, 12 Roga a Deus, que teus anos encurtou, 13 Que tão cedo de cá me leve a ver-te, 14 Quão cedo de meus olhos te levou. Alma minha gentil, que te partiste Luís Vaz de Camões
4. 1 Distante o meu amor, se me afigura 2 O amor como um patético tormento 3 Pensar nele é morrer de desventura 4 Não pensar é matar meu pensamento. 5 Seu mais doce desejo se amargura 6 Todo o instante perdido é um sofrimento 7 Cada beijo lembrado uma tortura 8 Um ciúme do próprio ciumento. 9 E vivemos partindo, ela de mim 10 E eu dela, enquanto breves vão-se os anos 11 Para a grande partida que há no fim 12 De toda a vida e todo o amor humanos: 13 Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo 14 Que se um fica o outro parte a redimi-lo. Soneto de carnaval Vinícius de Moraes
5. “ Que tão cedo de cá me leve a ver-te, Quão cedo de meus olhos te levou. “ (Camões) “ Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo Que se um fica o outro parte a redimi-lo.” (Vinicius de Moraes)
6. A Distante o meu amor, se me afigura B O amor como um patético tormento A Pensar nele é morrer de desventura B Não pensar é matar meu pensamento. A Seu mais doce desejo se amargura B Todo o instante perdido é um sofrimento A Cada beijo lembrado uma tortura B Um ciúme do próprio ciumento. C E vivemos partindo, ela de mim D E eu dela, enquanto breves vão-se os anos C Para a grande partida que há no fim D De toda a vida e todo o amor humanos: E Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo E Que se um fica o outro parte a redimi-lo. Soneto de carnaval Vinícius de Moraes
7. 1 Distante o meu amor, se me afigura 2 O amor como um patético tormento 3 Pensar nele é morrer de desventura 4 Não pensar é matar meu pensamento. 5 Seu mais doce desejo se amargura 6 Todo o instante perdido é um sofrimento 7 Cada beijo lembrado uma tortura 8 Um ciúme do próprio ciumento. 9 E vivemos partindo, ela de mim 10 E eu dela, enquanto breves vão-se os anos 11 Para a grande partida que há no fim 12 De toda a vida e todo o amor humanos: 13 Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo 14 Que se um fica o outro parte a redimi-lo. Soneto de carnaval Vinícius de Moraes