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Volume 4 - No
1- Janeiro/Junho de 2014
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& Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ.
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A Educação Ambiental em um Projeto Social e as Relações com a
Interdisciplinaridade e a Cidadania
Sérgio Botton Barcellos
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropédica - RJ
sergiobbarcellos@hotmail.com
Resumo
Essa pesquisa procura abordar quais as possíveis transformações que projetos
sociais em educação ambiental, articulados com os temas da interdisciplinaridade e
cidadania, podem instigar em uma comunidade escolar. A investigação ocorreu em
um projeto social chamado “Educação Ambiental na Vila Kennedy” desenvolvido em
uma Creche Municipal de Santa Maria-RS no ano de 2008. Metodologicamente, a
abordagem foi qualitativa e ocorreu a partir de observação participante e a
realização de entrevistas semi-estruturadas com integrantes da comunidade escolar
e do projeto social. O trabalho considera o projeto pesquisado para além do espaço
escolar e visualizou como as ações em educação ambiental podem ser
potencializadoras de experiências de mobilização comunitária junto às questões
socioambientais consideradas “problemáticas” naquele contexto social.
Palavras-chave: educação ambiental; comunidade escolar; mobilização
comunitária.
Environmental education in a social project and of relationship
interdisciplinarity and citizenship
Abstract
This is paper tried to elucidate the possible transformations which can be led by
social projects in environmental education in a school community. Having of research
the social project “Environamental Education in Vila Kennedy” this work was
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developed alongside the City in Santa Maria, RS, in 2008. Techniques of participant
observation and semi-structured interviews with participants of the school community
and the social project were used as methods of this research. The study found the
project beyond the school environment, and viewed the idea of how actions in
environmental education may be potentiating experiences of community mobilization
and reflections and changes the face of environmental issues considered
"problematic" in that social context.
Keywords: environmental education; school community; community mobilization.
Considerações iniciais
Esse trabalho remete-se a pesquisar o projeto social “Educação Ambiental na
Vila Kennedy”, promovido pelo Centro Multidisciplinar de Pesquisa e Ação –
CEMPA, e desenvolvido junto a uma Creche Municipal do Bairro Salgado Filho, em
Santa Maria-RS, no ano de 2008. A partir do mesmo, será analisado os limites e as
possibilidades que permeiam a relação “educação ambiental –interdisciplinaridade -
cidadania”. Com essa lente, procurou-se evidenciar as possíveis transformações
que os projetos sociais em educação ambiental, por meio de ações educativas
interdisciplinares e de estímulo à organização e participação comunitárias, podem
motivar em um espaço de educação formal em conjunto com a comunidade escolar.
Em uma abordagem mais ampla, para realizar a discussão, problematização
em relação a campo social e as possíveis demandas sociais da comunidade
pesquisada, utilizou-se para exercitar teoricamente algumas observações e noções
nesse sentido, dentre outros autores, por exemplo, Pierre Bourdieu. Já, em relação à
discussão levantada referente a pontos e questões na temática da cidadania e
ações em educação ambiental foram referenciados Paulo Freire, Isabel
Cristina de Moura Carvalho e Carlos Frederico Loureiro. Outro autor que auxiliou na
reflexão para esse trabalho foi Enrique Leff, pois, além de abordar o paradigma da
complexidade e as diferentes formas de conceber epistemologicamente a noção do
termo ambiental, articula esses conceitos de forma crítica com as atuais questões
ambientais e as relações humanas que permeiam esse contexto de discussão.
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A abordagem metodológica pela qual se optou nesse estudo foi a análise
qualitativa. Considera-se que esta forma de investigação pode delinear, sobretudo, o
caráter do depoimento dos participantes do projeto “naquilo que têm de
compromisso político, obtendo-se um dado dialogado e discutido” (DEMO, 1995, p.
246).
Esse estudo teve como um dos procedimentos metodológicos a observação
participante realizada durante o desenvolvimento do projeto no espaço da creche
municipal Fiori Druck e na Vila Kennedy. Outro procedimento utilizado foi à
realização de entrevistas com roteiro semi-estruturado1
junto a nove integrantes da
comunidade escolar (educadoras, estudantes, conselho de pais e agentes
comunitárias de saúde), de quatro estudantes universitários e três colaboradores do
projeto na comunidade. Com essas entrevistas e os depoimentos, procurou-se
evidenciar de que forma a comunidade escolar percebeu as ações em educação
ambiental e a tentativa de realização de atividades interdisciplinares por meio do
projeto no espaço da creche. Assim, a análise do projeto social em questão se
ampliou para além do espaço escolar formal, e considerou também as experiências
de mobilização comunitária em conjunto com ações em educação ambiental.
Creche e comunidade: fontes de reflexão e percepção em educação
ambiental e interdisciplinaridade
A educação ambiental pode propiciar amplas oportunidades de trabalho
socioeducativo ao proporcionar os aportes necessários para debates e instigar a
participação em um ambiente comunitário. Sob essa perspectiva, ressalta-se a
necessidade de uma compreensão ampliada da diversidade de saberes,
conhecimentos e das diferentes maneiras de interação entre os sujeitos,
reconhecendo-se assim o valor das experiências coletivas que se materializam nas
1
Nas entrevistas, conforme solicitação d os sujeitos de pesquisa ou acordo com eles, não foram
declarados seus nomes ou foram utilizados a letra inicial dos seus nomes, por questões de reserva
pessoal.
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comunidades. Porém, esta compreensão e reconhecimento, devem constituir-se
como processos em permanente construção.
Com essas discussões, é que foram iniciados os primeiros contatos com a
Unidade de Saúde da Vila Kennedy (USK) por meio do Projeto VERSUS Brasil em
2005. Por meio deste, a comunidade, em especial os trabalhadores em saúde da
USK, reivindicaram mais participação dos estudantes universitários em ações de
participação junto a assistência e a realização de extensão na localidade. A partir
desse processo gerou-se então debates e reflexões com um grupo de estudantes da
UFSM e a inserção nas experiências organizativas em andamento nessa
comunidade.
Como ponto inicial desse projeto realizaram-se reuniões de planejamento e
discussão das possíveis iniciativas com o Programa de Agentes Comunitárias de
Saúde (PACS) da USK e a comunidade, com periodicidade mensal, dialogando-se
em relação às possíveis demandas que surgiram no decorrer da efetivação do
projeto. O processo de mobilização foi desenvolvido em parceria, envolvendo os
estudantes da UFSM, PACS, comunidade e escolas, e teve como objetivos a
apresentação do projeto à comunidade, a sistematização das percepções da
comunidade sobre meio-ambiente e as problemáticas ambientais e o estímulo para
discussões e mobilizações em educação ambiental com a criação de espaços
periódicos de diálogo e reflexão. Como desafio maior para a realização do projeto
instigou-se a realização de debates em educação ambiental sob dois níveis: formal e
não-formal (JACOBI, 2003).
Nesse período de trabalho junto à comunidade escolar da Vila Kennedy,
destacou-se uma Creche Municipal pela atenção dada às iniciativas e pelo conjunto
de atividades escolares desenvolvidas de caráter socioambiental, sendo, portanto o
local escolhido para realização do projeto. As atividades se iniciaram no mês de
março de 2007, em meio a um processo de diálogo entre os agentes comunitários
de saúde, os estudantes participantes do projeto, os educadores da creche e os
pais. As reuniões iniciais contextualizaram esses participantes a cerca do projeto
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“Educação Ambiental na Kennedy” e do seu histórico, objetivos e princípios da
iniciativa.
Uma das questões que foram debatidas, na equipe do PACS – USK e do
projeto com a realização das iniciativas em educação ambiental no âmbito da
comunidade, era relativo a desenvolver as ações no “ritmo do pessoal. Com essa
atitude, buscou-se sempre antes de desenvolver as ações do projeto, verificar a
disponibilidade da comunidade em participar conjuntamente, tornando-se uma das
formas encontradas para estimular o envolvimento e o sentimento de pertencimento
da população em relação à iniciativa. Essa metodologia adotada também se tornou
ao longo do processo um jeito de avaliar constantemente a receptividade do projeto
junto à população local.
Em relação à creche, essa forma de atuar recém descrita, foi periodicamente
reforçada nas reuniões pedagógicas com as educadoras e com os pais das
crianças. Assim, uma questão que era questionada e debatida na maioria das
reuniões era se “as atividades planejadas pelo projeto de educação ambiental,
conseguiriam ser realizadas pelos participantes?”.
Especialmente na comunidade da Vila Kennedy esses entraves surgiram,
devido a muitas reclamações, em relação ao modo como as instituições de ensino
superior na sua maioria, realizaram suas pesquisas e/ou estudos no local. Os
principais relatos anotados nas reuniões do projeto foram ou no sentido que se
obteve muito pouco retorno em relação à apresentação dos dados e de trabalhos
realizados por essas instituições ou a respeito da interrupção abrupta das atividades
de extensão junto à população devido aos períodos de recesso nas universidades.
As especificidades/dificuldades dos agentes endógenos (comunidade escolar
da creche) e exógenos (projeto em questão) eram levadas em consideração. Com
essa forma de diálogo buscou-se evitar o planejamento de ações e discussões do
projeto, apenas como meio de “cumprir” agenda e/ou que não pudessem ser
realizadas de maneira refletida e bem elaborada. Assim, as atividades realizadas
pelo projeto tiveram de ser intercaladas no decorrer do ano letivo. Dessa forma, a
metodologia do projeto foi construída considerando a reflexão coletiva da realidade,
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e ancorada em um planejamento participativo, para que a educação ambiental fosse
tratada como uma ferramenta pedagógica geradora de constantes avaliações e
participação da comunidade escolar.
Torna-se necessário esclarecer aqui, que a educação ambiental, enquanto
tema de educação formal, tem características específicas, não se constituindo em
teoria pedagógica. Em relação a esse modo de “construção”, Ruscheinky (2004),
afirmou que o aperfeiçoamento teórico e prático da educação ambiental implica em
reconhecer, que a ação em prol do meio ambiente possui como intenção o
desvelamento de uma realidade complexa, na qual múltiplas relações sociais estão
presentes.
A constituição do saber, a congruência de pensamento e o diálogo com um
conjunto de outras interpretações do mesmo fenômeno social exigem um olhar
voltado para os atores que estabelecem e sustentam os conflitos nas relações
sociais. Portanto, partir do pressuposto que a educação pode gerar a mudança por
si só, introduz um discurso vazio de sentido prático se for descolado do
entendimento das condições que delineiam o processo educativo nas sociedades
capitalistas atuais. Nesse aspecto, compreender a educação como um processo
social em construção e que está em disputa possibilita avançar na crítica e na
qualidade política das propostas em estruturas sociais estabelecidas (LOUREIRO,
2004).
Era perceptível no decorrer da realização do projeto uma tendência imposta
pelo cotidiano de muitos dos participantes da iniciativa, inclusive das mães e pais
das crianças e demais membros da comunidade escolar, que devido suas intensas
atividades cotidianas de trabalho assalariado, cuidado da família e moradia e estudo
a noite, a pouca disponibilidade de participar das reuniões do projeto muitas vezes.
A partir disso, suscitou-se algumas questões nessa pesquisa, como: A vida cotidiana
em um ambiente de relações de trabalho para a sobrevivência - subsistência reserva
tempo para se pensar na nossa relação com o ambiente em que se vive? O ato de
viver será que se tornou algo tendencialmente instrumental para a sobrevivência e
não há mais tempo reservado para uma reflexão diversificada dos fatos e as coisas?
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Diante disso, no decorrer do projeto, constatou-se a inviabilidade de
prosperarem atividades referenciadas e restritas ao espaço da creche, uma vez que
o projeto estava situado em uma área de periferia urbana com mínima infra-estrutura
pública, baixa renda, problemas referentes à baixa auto-estima e alta carga horária
de trabalho informal (sem vínculo empregatício fixo ou “carteira assinada”). Nesse
contexto, o que foi possível realizar, em acordo com a creche foram ações que
objetivaram estimular e propor que as pessoas poderiam ser agentes das
reivindicações e mudanças necessárias para melhoria das condições
socioambientais da creche e na Vila Kennedy. Além de buscar esse processo de
mobilização, foram distribuídos materiais informativos junto à comunidade para
estimular o debate sobre o tema socioambiental.
Em meio a esses fatos, observações e diálogos com os membros do projeto
refletiu-se sobre o conjunto de relações sociais no qual a comunidade escolar estava
inserida. Sob essa perspectiva, evocou-se a necessidade de pensar a construção do
conhecimento no ambiente escolar com uma lente ampliada, rompendo com as
fronteiras estritamente disciplinares da educação infantil. Observou-se então, que
seria necessário, como diz Fazenda (1979), uma atitude, isto é, a busca de uma
postura interdisciplinar balizada pela participação da comunidade, compromisso e
reciprocidade diante da construção e da troca de conhecimento.
Cabe ressaltar que o prefixo "inter" parte de um conceito para um contexto,
não apenas para indicar uma pluralidade ou uma justaposição, mas também para
evocar um espaço comum, um fator de interação entre os diferentes saberes,
conhecimentos e visões de mundo. Já os profissionais e sujeitos que atuam em
diferentes áreas do conhecimento ou disciplinas devem estar animados de uma
vontade comum, cada qual aceitando esforçar-se fora do seu domínio próprio e de
sua linguagem técnica, aventurando-se em um domínio do qual não é o proprietário
exclusivo (GUSDORF, 1990).
No que diz respeito ao tratamento das questões ambientais sob uma ótica
interdisciplinar, Enrique Leff chamou a atenção de algumas características que
permeiam um contexto interdisciplinar, como as contradições do esforço de
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integração dos saberes, da análise das dinâmicas e estruturas dos saberes e por ser
um processo realizado por aproximações sucessivas e aprimoramento entre os
saberes (LEFF, 2001). Com base nestas características um projeto interdisciplinar
na escola pode possibilitar pensar e conceber o currículo escolar como algo em
constante processo de negociação entre educadores, educandos, comunidade
escolar e as instâncias administrativas.
O depoimento da educadora S., que atuava junto à creche, apontou para esse
sentido, e, salientando a importância da interdisciplinaridade na área da educação
ambiental, relatou que:
a interdisciplinaridade permite-nos trabalhar com a educação ambiental
nas mais diversas ocasiões, visto que se pode trabalhar em diferentes
focos, como poluição, reciclagem, hortas, trabalho com sucata,
importância da preservação. As opções são muitas, basta o professor
buscar e incentivar os alunos, pois de maneira lúdica todos se
interessam e aprendem mais facilmente.
Para a educadora A., a interdisciplinaridade podia ser trabalhada “através das
orientações da equipe do projeto juntamente com a comunidade escolar”.
A partir dos depoimentos e das observações, pode-se evidenciar que esta
experiência constituiu-se em um trabalho mais próximo de uma prática
multidisciplinar, do que efetivamente interdisciplinar. O esforço interdisciplinar
configurou-se de certa maneira na dinâmica e na metodologia das atividades
cotidianas do projeto, bem como, na relação interpessoal entre estudantes da
UFSM, crianças, pais, profissionais e estagiárias da creche. Porém, percebeu-se
que o entendimento de uma educação ambiental interdisciplinar não foi alcançado
pelo projeto enquanto reflexão/percepção de uma interdisciplinaridade que tivesse
abarcado as inter-relações sistêmicas da temática ambiental.
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Destacou-se também, como as educadoras da creche, pelos seus
depoimentos, entenderam a relação entre a prática interdisciplinar e o contexto da
comunidade. Quando questionadas sobre a importância da realização das ações
interdisciplinares do projeto no espaço da creche, elas deram ênfase ao estímulo
que o projeto gerou na comunidade escolar para que atuassem mais nas decisões
administrativas e pedagógicas da creche.
Outra experiência proporcionada à equipe envolvida no projeto foi o
entendimento de que desenvolvendo atividades estimuladoras de processos de
cidadania (como por exemplo, reunião ampliada com a comunidade), não se trata de
um processo “tranquilo” e não deve ter como objetivo principal “agradar a todos”.
Durante as reuniões do projeto e ações com a comunidade escolar para o
desenvolvimento de ações voltadas ao exercício da cidadania e da reflexão,
observou-se o questionamento sobre comportamentos, questionamento de atitudes
tradicionalmente convencionadas e desestabilização de relações de hierarquias
locais e sociais legitimadas.
Desta maneira, tratou-se de um processo não-consensual, permeado de
conflitos e interesses das mais diversos matizes. Relações sociais amigáveis
construíram-se no decorrer desse processo, mas, como um dos objetivos do projeto
era proporcionar espaços para esclarecer e pensar mudança social, atividades e
conversas tornaram-se impraticáveis como concessões de conveniências altruístas
em manutenção de um bem-estar e tranquilidades, incoerentes com a realidade
vivenciada naquela comunidade. Em relação à creche, considerou-se que os fatos
que ocorreram na comunidade influenciavam diretamente esta, pois, estando
inserida no entorno comunitário, recebe pressões e coerções sociais das mais
diversas formas para ajustar-se em determinado contexto dominante na
comunidade.
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Experiências em educação ambiental em um espaço escolar: (des)
caminhos possíveis
Observou-se no decorrer dessa pesquisa e do projeto nessa comunidade
escolar que a discussão e as ações realizadas no ambiente comunitário ocorreram
de forma restrita a apenas alguns temas pontuais, como, o depósito de lixo em
apenas um ponto ou na frente de sua casa, e não mais em terrenos baldios ou na
rua, por exemplo. No projeto trabalhou-se junto com a comunidade escolar e a partir
de atividades e debates temáticos em educação ambiental, cidadania e
interdisciplinaridade. Durante esse processo foram realizadas observações,
conversas e entrevistas com as pessoas que optaram em participar do projeto.
A participação da comunidade escolar (comunidade, estudantes e
professores) no projeto ocorreu junto com as agentes comunitárias de saúde da
USK. Nessa perspectiva, elas foram convidadas a trazer sua percepção por meio de
depoimentos, buscando enriquecer a avaliação e a análise do projeto em questão.
Uma das agentes comunitárias de Saúde, que participou das ações em educação
ambiental na creche, relatou o seguinte:
Considero que educação ambiental é uma formação importante para os
estudantes e até professores, que esse tipo de educação deve ser
trabalhada na educação formal e informal, pois é uma coisa que todos
precisam. Mas acho que todos poderiam aproveitar mais, falta visão
das pessoas para isso.
Para uma das representantes do Conselho de Pais da creche, as atividades
desenvolvidas pelo projeto:
Foram importantes, para o conhecimento das crianças, pois tudo que
foi trabalhado lá na creche, as crianças comentam ou nos chamam
atenção em casa, sobre um lixo jogado na rua ou no chão, uma planta
que não cuidamos direito, até as plantas estão valorizando mais com
isso.
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Observou-se também o interesse das crianças em relação às ações do
projeto que foram manifestadas em conversas nas famílias. Este fato,
aparentemente simples, apresentou-se como uma das possibilidades da educação
ambiental em atuar como um componente essencial no processo de formação e
contribuir para a mobilização da comunidade na busca de respostas para suas
questões locais.
Indica-se que, no campo da educação formal, torna-se essencial refletir como
são tratados os diferentes e possíveis significados da palavra conscientização. Essa
palavra é empregada, frequentemente, como um dos objetivos centrais de diversas
atividades/ações com temas relacionados à educação, dentre os quais, a temática
socioambiental.
Sob essa perspectiva, as iniciativas em "conscientização" na educação
ambiental podem ser vistas para além da pura e simples reprodução das visões e
práticas educativas tradicionais, descontextualizadas e fragmentadas. Constituindo-
se enquanto processo educativo essas iniciativas em educação ambiental podem e
devem não se limitar a ocorrer nos limites dos muros de uma escola e também não
se reduzirem a uma estrutura disciplinar de ensino.
Nesse sentido, ao questionar a comunidade escolar se o projeto “Educação
Ambiental na Vila Kennedy” auxiliou a despertar uma consciência ambiental junto à
comunidade, os depoimentos da comunidade escolar complementam e fortalecem a
análise realizada. Enquanto interagia em uma das atividades, um pai relatou que “o
que fazem aqui é muito importante para nossas crianças. Olha o sorriso delas! Esse
contato com a natureza desde cedo faz com que elas cuidem mais de onde vivem”.
Já a educadora S., opinou que
[...] o projeto propiciou uma consciência ambiental no sentido que
mostrou às crianças a importância de se cuidar da natureza; as
crianças contavam que em casa conversavam com seus parentes e
vizinhos sobre o que aprenderam na escola, e buscavam cuidar do
meio -ambiente também na rua e não apenas na escola.
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Os depoimentos da comunidade escolar demonstraram em alguma medida a
importância das atividades desenvolvidas pelo projeto. As ações em educação
ambiental, realizadas na creche, contaram em diversas vezes com a participação
dos pais e da comunidade escolar, tanto em atividades pedagógicas, como nas
mobilizações comunitárias (reuniões e passeatas). Em uma dessas ações, a
educadora A. relatou que "através deste projeto as pessoas da vila se
conscientizaram em não jogar mais lixo nos locais não permitidos, ainda existe, mais
ouve uma diminuição, e também o cuidado com a natureza”.
Ainda neste sentido uma das representantes do Conselho de Pais da creche
ao ser questionada sobre a dimensão participativa que o projeto possa ter
alcançado, respondeu que a iniciativa “[...] mexeu com as pessoas; com os
comportamentos. Os pais tem se prontificado ajudar mais nas atividades da creche,
e parece que ficaram com mais consciência.”
Ter dúvidas, incertezas e diversos questionamentos sobre o que é
consciência ambiental fazem parte dos projetos em educação ambiental e de suas
múltiplas possibilidades educativas. No entanto, entende-se que não
necessariamente um grupo de pessoas sensibilizadas (que deixa de atirar lixo
doméstico em via pública ou passa a plantar mudas de árvores), irá incorporar uma
compreensão e um engajamento mais amplo em ações e movimentos
socioambientais. Neste sentido, Libâneo (1994), apontou que quando opta-se por
determinados métodos educativos, esses não devem reduzir-se a quaisquer
medidas, procedimentos e técnicas.
Para apreensão de uma educação e concepção de mundo a partir da
complexidade ambiental, segundo Leff (2003), torna-se necessário o
desencadeamento de um processo de desconstrução e reconstrução do
pensamento. Com isso, faze-se necessário descobrir e reavivar o “ser da
complexidade” que foi esquecido com o surgimento da cisão entre o ser e o sujeito e
o objeto, para apreender o mundo coisificando-o, objetivando-o, homogeneizando-o.
Portanto, antes de se constituir em procedimentos, o método de ensino deve estar
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embasado em uma reflexão teórico-prática sob determinadas práticas educativas em
seu contexto sociopolítico e cultural.
Assim, para a representante do Conselho de pais da creche, as atividades
desenvolvidas chegaram à comunidade e foram avaliadas da seguinte maneira:
Bom, o terreno baldio no lado da escola ainda continua com as
pessoas jogando lixo lá, essa deveria ser a próxima atividade a
continuar. O pessoal tem buscado mais coletividade, pois o pessoal
está cansado de esperar o poder público, mas a maioria ainda não
participa.
Já para a Agente de saúde, as atividades do projeto desenvolvidas
junto à comunidade, sob seu ponto de vista, estimularam outros sentidos,
destacando que os pais
[...] passaram a ajudar mais nas atividades da creche, após a
realização do projeto. Ficaram mais responsáveis pela creche e tem
mais interesse pelas coisas”. A mesma, quando avalia os pontos
positivos do projeto, também afirmou que o projeto “nos ajudou a
pensar mais sobre a realidade.
Observou-se que o projeto “Educação Ambiental na Vila Kennedy” buscou a
formação de redes com as organizações e entidades da própria comunidade,
propondo-se a ser um projeto realizado com a comunidade e não na comunidade.
Desse modo, conforme Freire (1976) percebe-se que as pessoas, refletindo sobre
suas próprias limitações, podem ser capazes de se libertarem e transformarem suas
realidades por meio de práticas conscientes. Seguindo esta ideia, não se reivindicou
para operacionalização do projeto (re) criar fóruns e instâncias na comunidade, e
optou-se em compor com os espaços comunitários já existentes, como, por
exemplo, participando das reuniões pedagógicas e do conselho de pais na creche.
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A creche e a Vila Kennedy constituem-se como campo social no qual se inter-
relacionam múltiplas forças político-ideológicas. Por conseguinte, não se deve
delegar à escola mudar isoladamente alguma realidade social ou seu próprio
contexto, bem como decretar que a mesma seja um ponto central de mudança na
comunidade. Com esse olhar, juntamente com a comunidade, a creche foi percebida
como mais um ponto de apoio para a elaboração de ideias e propostas político-
comunitárias com a temática socioambiental.
Segundo Bourdieu (1997), cada grupo social, em função das condições
objetivas que caracterizam sua posição na estrutura social, constitui um sistema
específico de disposições para algum tipo de ação. O acúmulo histórico de
experiências, de êxitos e de fracassos nos grupos sociais consolida um
conhecimento prático (não plenamente consciente) relativo àquilo que é possível ou
não ser alcançado pelos seus membros dentro da realidade social concreta em que
agem. Dessa forma, determinada posição do grupo no espaço social e suas
estratégias de ação seriam mais seguras e possíveis e outras seriam menos viáveis.
Nesse sentido, ainda em Bourdieu (1997), aponta-se que, ao longo do tempo,
os ajustamentos entre ações comunitárias e condições objetivas de ação passam
por um processo no qual as estratégias mais adequadas de reprodução social
podem ser adotadas pelos grupos, sendo incorporadas pelos sujeitos como parte do
seu habitus cotidiano. Essas estratégias podem tanto ter um caráter individualista e
não interativo com a comunidade, bem como podem assumir o compromisso de
atuar na disputa e definição de rumos das questões de interesse coletivo da
comunidade.
Considerações finais
Tendo por base o contexto cotidiano dos sujeitos da comunidade nesta
iniciativa, foi possível perceber que o conjunto das atividades desenvolvidas pelo
projeto proporcionou a abertura de possibilidades e a criação de ferramentas para
trabalhar às questões relacionadas ao meio ambiente. Assim, tornou-se possível o
surgimento de iniciativas desafiadoras no espaço social da creche e da comunidade
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escolar, levando-se em consideração as dificuldades, contradições e demandas
socioambientais daquela comunidade.
Trabalhando sob uma perspectiva de estímulo à cidadania, buscou-se
mobilizar os diversos sujeitos (como professores, crianças, pais e agentes de saúde)
da região da Vila Kennedy e da comunidade próxima à creche. Assim, a proposta foi
a ampliação da discussão com os sujeitos acerca do tema socioambiental, e com
uma abordagem crítica das questões ambientais visando à mobilização social dos
mesmos.
O desenvolvimento de atividades com objetivos interdisciplinares e as
mudanças necessárias nas ações pedagógicas foram possíveis com a construção
de relações dialógicas, da compreensão e da postura de partilhar de saberes, ao ser
levando em consideração as características socioambientais e culturais construídas
anteriormente na creche.
Evidenciou-se que a participação da comunidade tende a fortalecer a
gestação de projetos políticos e socioambientais referenciados na constituição de
uma sociedade com mais igualdade social e autonomia de vida. A partir dessa
pesquisa, foi possível perceber que os projetos em educação ambiental, podem se
constituir em mais uma importante ferramenta política neste sentido, ao estimular a
ampliação do exercício da cidadania e dos direitos sociais por meio da mobilização e
a ampliação dos canais de participação social. Com isto, abrem-se diversas
possibilidades para realização de práticas interdisciplinares, bem como para a
ampliação do olhar da comunidade sobre suas questões.
Mas, além de querer constituir certezas em relação aos rumos de um projeto
em educação ambiental, foi evidenciado que é preciso saber conviver com a
incerteza, pois se tratava de um contexto comunitário permeado por diversas
disputas e conflitos. Assim, com base nas questões que nortearam essa pesquisa,
indica-se que essa iniciativa é mais um exemplo para estudantes, multiplicadores e
trabalhadores em educação, dos possíveis (des) caminhos que podem ter as
iniciativas em uma educação ambiental inter-relacionadas com as temáticas da
cidadania e da interdisciplinaridade.
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Referências
BERGER, Gerard. Opinions and Facts in Interdisciplinarity: Problems of
Teachig and Research in Universities. OECD, Paris, 1972.
BOURDIEU, P. Les usages sociaux de la science. Pour une sociologie clinique
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Volume 4 - No
1- Janeiro/Junho de 2014
Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ
& Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ.
60
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Sobre o Autor
Sérgio Botton Barcellos
Doutorando no Curso de Pós-graduação em
Ciências Sociais do Desenvolvimento, Agricultura e
Sociedade - CPDA/UFRRJ.
E-mail: sergiobbarcellos@hotmail.com
Revista Comunicação e Educação Ambiental - ISSN: 1982-6389 - Volume 4 - No
1- Janeiro/Junho de
2014. Submetido em: 22/11/2013 e aceito para publicação em 10/1/2014.

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A educação ambiental em um projeto social e as relações com a Interdisciplinaridade e a Cidadania

  • 1. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 44 A Educação Ambiental em um Projeto Social e as Relações com a Interdisciplinaridade e a Cidadania Sérgio Botton Barcellos Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Seropédica - RJ sergiobbarcellos@hotmail.com Resumo Essa pesquisa procura abordar quais as possíveis transformações que projetos sociais em educação ambiental, articulados com os temas da interdisciplinaridade e cidadania, podem instigar em uma comunidade escolar. A investigação ocorreu em um projeto social chamado “Educação Ambiental na Vila Kennedy” desenvolvido em uma Creche Municipal de Santa Maria-RS no ano de 2008. Metodologicamente, a abordagem foi qualitativa e ocorreu a partir de observação participante e a realização de entrevistas semi-estruturadas com integrantes da comunidade escolar e do projeto social. O trabalho considera o projeto pesquisado para além do espaço escolar e visualizou como as ações em educação ambiental podem ser potencializadoras de experiências de mobilização comunitária junto às questões socioambientais consideradas “problemáticas” naquele contexto social. Palavras-chave: educação ambiental; comunidade escolar; mobilização comunitária. Environmental education in a social project and of relationship interdisciplinarity and citizenship Abstract This is paper tried to elucidate the possible transformations which can be led by social projects in environmental education in a school community. Having of research the social project “Environamental Education in Vila Kennedy” this work was
  • 2. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 45 developed alongside the City in Santa Maria, RS, in 2008. Techniques of participant observation and semi-structured interviews with participants of the school community and the social project were used as methods of this research. The study found the project beyond the school environment, and viewed the idea of how actions in environmental education may be potentiating experiences of community mobilization and reflections and changes the face of environmental issues considered "problematic" in that social context. Keywords: environmental education; school community; community mobilization. Considerações iniciais Esse trabalho remete-se a pesquisar o projeto social “Educação Ambiental na Vila Kennedy”, promovido pelo Centro Multidisciplinar de Pesquisa e Ação – CEMPA, e desenvolvido junto a uma Creche Municipal do Bairro Salgado Filho, em Santa Maria-RS, no ano de 2008. A partir do mesmo, será analisado os limites e as possibilidades que permeiam a relação “educação ambiental –interdisciplinaridade - cidadania”. Com essa lente, procurou-se evidenciar as possíveis transformações que os projetos sociais em educação ambiental, por meio de ações educativas interdisciplinares e de estímulo à organização e participação comunitárias, podem motivar em um espaço de educação formal em conjunto com a comunidade escolar. Em uma abordagem mais ampla, para realizar a discussão, problematização em relação a campo social e as possíveis demandas sociais da comunidade pesquisada, utilizou-se para exercitar teoricamente algumas observações e noções nesse sentido, dentre outros autores, por exemplo, Pierre Bourdieu. Já, em relação à discussão levantada referente a pontos e questões na temática da cidadania e ações em educação ambiental foram referenciados Paulo Freire, Isabel Cristina de Moura Carvalho e Carlos Frederico Loureiro. Outro autor que auxiliou na reflexão para esse trabalho foi Enrique Leff, pois, além de abordar o paradigma da complexidade e as diferentes formas de conceber epistemologicamente a noção do termo ambiental, articula esses conceitos de forma crítica com as atuais questões ambientais e as relações humanas que permeiam esse contexto de discussão.
  • 3. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 46 A abordagem metodológica pela qual se optou nesse estudo foi a análise qualitativa. Considera-se que esta forma de investigação pode delinear, sobretudo, o caráter do depoimento dos participantes do projeto “naquilo que têm de compromisso político, obtendo-se um dado dialogado e discutido” (DEMO, 1995, p. 246). Esse estudo teve como um dos procedimentos metodológicos a observação participante realizada durante o desenvolvimento do projeto no espaço da creche municipal Fiori Druck e na Vila Kennedy. Outro procedimento utilizado foi à realização de entrevistas com roteiro semi-estruturado1 junto a nove integrantes da comunidade escolar (educadoras, estudantes, conselho de pais e agentes comunitárias de saúde), de quatro estudantes universitários e três colaboradores do projeto na comunidade. Com essas entrevistas e os depoimentos, procurou-se evidenciar de que forma a comunidade escolar percebeu as ações em educação ambiental e a tentativa de realização de atividades interdisciplinares por meio do projeto no espaço da creche. Assim, a análise do projeto social em questão se ampliou para além do espaço escolar formal, e considerou também as experiências de mobilização comunitária em conjunto com ações em educação ambiental. Creche e comunidade: fontes de reflexão e percepção em educação ambiental e interdisciplinaridade A educação ambiental pode propiciar amplas oportunidades de trabalho socioeducativo ao proporcionar os aportes necessários para debates e instigar a participação em um ambiente comunitário. Sob essa perspectiva, ressalta-se a necessidade de uma compreensão ampliada da diversidade de saberes, conhecimentos e das diferentes maneiras de interação entre os sujeitos, reconhecendo-se assim o valor das experiências coletivas que se materializam nas 1 Nas entrevistas, conforme solicitação d os sujeitos de pesquisa ou acordo com eles, não foram declarados seus nomes ou foram utilizados a letra inicial dos seus nomes, por questões de reserva pessoal.
  • 4. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 47 comunidades. Porém, esta compreensão e reconhecimento, devem constituir-se como processos em permanente construção. Com essas discussões, é que foram iniciados os primeiros contatos com a Unidade de Saúde da Vila Kennedy (USK) por meio do Projeto VERSUS Brasil em 2005. Por meio deste, a comunidade, em especial os trabalhadores em saúde da USK, reivindicaram mais participação dos estudantes universitários em ações de participação junto a assistência e a realização de extensão na localidade. A partir desse processo gerou-se então debates e reflexões com um grupo de estudantes da UFSM e a inserção nas experiências organizativas em andamento nessa comunidade. Como ponto inicial desse projeto realizaram-se reuniões de planejamento e discussão das possíveis iniciativas com o Programa de Agentes Comunitárias de Saúde (PACS) da USK e a comunidade, com periodicidade mensal, dialogando-se em relação às possíveis demandas que surgiram no decorrer da efetivação do projeto. O processo de mobilização foi desenvolvido em parceria, envolvendo os estudantes da UFSM, PACS, comunidade e escolas, e teve como objetivos a apresentação do projeto à comunidade, a sistematização das percepções da comunidade sobre meio-ambiente e as problemáticas ambientais e o estímulo para discussões e mobilizações em educação ambiental com a criação de espaços periódicos de diálogo e reflexão. Como desafio maior para a realização do projeto instigou-se a realização de debates em educação ambiental sob dois níveis: formal e não-formal (JACOBI, 2003). Nesse período de trabalho junto à comunidade escolar da Vila Kennedy, destacou-se uma Creche Municipal pela atenção dada às iniciativas e pelo conjunto de atividades escolares desenvolvidas de caráter socioambiental, sendo, portanto o local escolhido para realização do projeto. As atividades se iniciaram no mês de março de 2007, em meio a um processo de diálogo entre os agentes comunitários de saúde, os estudantes participantes do projeto, os educadores da creche e os pais. As reuniões iniciais contextualizaram esses participantes a cerca do projeto
  • 5. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 48 “Educação Ambiental na Kennedy” e do seu histórico, objetivos e princípios da iniciativa. Uma das questões que foram debatidas, na equipe do PACS – USK e do projeto com a realização das iniciativas em educação ambiental no âmbito da comunidade, era relativo a desenvolver as ações no “ritmo do pessoal. Com essa atitude, buscou-se sempre antes de desenvolver as ações do projeto, verificar a disponibilidade da comunidade em participar conjuntamente, tornando-se uma das formas encontradas para estimular o envolvimento e o sentimento de pertencimento da população em relação à iniciativa. Essa metodologia adotada também se tornou ao longo do processo um jeito de avaliar constantemente a receptividade do projeto junto à população local. Em relação à creche, essa forma de atuar recém descrita, foi periodicamente reforçada nas reuniões pedagógicas com as educadoras e com os pais das crianças. Assim, uma questão que era questionada e debatida na maioria das reuniões era se “as atividades planejadas pelo projeto de educação ambiental, conseguiriam ser realizadas pelos participantes?”. Especialmente na comunidade da Vila Kennedy esses entraves surgiram, devido a muitas reclamações, em relação ao modo como as instituições de ensino superior na sua maioria, realizaram suas pesquisas e/ou estudos no local. Os principais relatos anotados nas reuniões do projeto foram ou no sentido que se obteve muito pouco retorno em relação à apresentação dos dados e de trabalhos realizados por essas instituições ou a respeito da interrupção abrupta das atividades de extensão junto à população devido aos períodos de recesso nas universidades. As especificidades/dificuldades dos agentes endógenos (comunidade escolar da creche) e exógenos (projeto em questão) eram levadas em consideração. Com essa forma de diálogo buscou-se evitar o planejamento de ações e discussões do projeto, apenas como meio de “cumprir” agenda e/ou que não pudessem ser realizadas de maneira refletida e bem elaborada. Assim, as atividades realizadas pelo projeto tiveram de ser intercaladas no decorrer do ano letivo. Dessa forma, a metodologia do projeto foi construída considerando a reflexão coletiva da realidade,
  • 6. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 49 e ancorada em um planejamento participativo, para que a educação ambiental fosse tratada como uma ferramenta pedagógica geradora de constantes avaliações e participação da comunidade escolar. Torna-se necessário esclarecer aqui, que a educação ambiental, enquanto tema de educação formal, tem características específicas, não se constituindo em teoria pedagógica. Em relação a esse modo de “construção”, Ruscheinky (2004), afirmou que o aperfeiçoamento teórico e prático da educação ambiental implica em reconhecer, que a ação em prol do meio ambiente possui como intenção o desvelamento de uma realidade complexa, na qual múltiplas relações sociais estão presentes. A constituição do saber, a congruência de pensamento e o diálogo com um conjunto de outras interpretações do mesmo fenômeno social exigem um olhar voltado para os atores que estabelecem e sustentam os conflitos nas relações sociais. Portanto, partir do pressuposto que a educação pode gerar a mudança por si só, introduz um discurso vazio de sentido prático se for descolado do entendimento das condições que delineiam o processo educativo nas sociedades capitalistas atuais. Nesse aspecto, compreender a educação como um processo social em construção e que está em disputa possibilita avançar na crítica e na qualidade política das propostas em estruturas sociais estabelecidas (LOUREIRO, 2004). Era perceptível no decorrer da realização do projeto uma tendência imposta pelo cotidiano de muitos dos participantes da iniciativa, inclusive das mães e pais das crianças e demais membros da comunidade escolar, que devido suas intensas atividades cotidianas de trabalho assalariado, cuidado da família e moradia e estudo a noite, a pouca disponibilidade de participar das reuniões do projeto muitas vezes. A partir disso, suscitou-se algumas questões nessa pesquisa, como: A vida cotidiana em um ambiente de relações de trabalho para a sobrevivência - subsistência reserva tempo para se pensar na nossa relação com o ambiente em que se vive? O ato de viver será que se tornou algo tendencialmente instrumental para a sobrevivência e não há mais tempo reservado para uma reflexão diversificada dos fatos e as coisas?
  • 7. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 50 Diante disso, no decorrer do projeto, constatou-se a inviabilidade de prosperarem atividades referenciadas e restritas ao espaço da creche, uma vez que o projeto estava situado em uma área de periferia urbana com mínima infra-estrutura pública, baixa renda, problemas referentes à baixa auto-estima e alta carga horária de trabalho informal (sem vínculo empregatício fixo ou “carteira assinada”). Nesse contexto, o que foi possível realizar, em acordo com a creche foram ações que objetivaram estimular e propor que as pessoas poderiam ser agentes das reivindicações e mudanças necessárias para melhoria das condições socioambientais da creche e na Vila Kennedy. Além de buscar esse processo de mobilização, foram distribuídos materiais informativos junto à comunidade para estimular o debate sobre o tema socioambiental. Em meio a esses fatos, observações e diálogos com os membros do projeto refletiu-se sobre o conjunto de relações sociais no qual a comunidade escolar estava inserida. Sob essa perspectiva, evocou-se a necessidade de pensar a construção do conhecimento no ambiente escolar com uma lente ampliada, rompendo com as fronteiras estritamente disciplinares da educação infantil. Observou-se então, que seria necessário, como diz Fazenda (1979), uma atitude, isto é, a busca de uma postura interdisciplinar balizada pela participação da comunidade, compromisso e reciprocidade diante da construção e da troca de conhecimento. Cabe ressaltar que o prefixo "inter" parte de um conceito para um contexto, não apenas para indicar uma pluralidade ou uma justaposição, mas também para evocar um espaço comum, um fator de interação entre os diferentes saberes, conhecimentos e visões de mundo. Já os profissionais e sujeitos que atuam em diferentes áreas do conhecimento ou disciplinas devem estar animados de uma vontade comum, cada qual aceitando esforçar-se fora do seu domínio próprio e de sua linguagem técnica, aventurando-se em um domínio do qual não é o proprietário exclusivo (GUSDORF, 1990). No que diz respeito ao tratamento das questões ambientais sob uma ótica interdisciplinar, Enrique Leff chamou a atenção de algumas características que permeiam um contexto interdisciplinar, como as contradições do esforço de
  • 8. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 51 integração dos saberes, da análise das dinâmicas e estruturas dos saberes e por ser um processo realizado por aproximações sucessivas e aprimoramento entre os saberes (LEFF, 2001). Com base nestas características um projeto interdisciplinar na escola pode possibilitar pensar e conceber o currículo escolar como algo em constante processo de negociação entre educadores, educandos, comunidade escolar e as instâncias administrativas. O depoimento da educadora S., que atuava junto à creche, apontou para esse sentido, e, salientando a importância da interdisciplinaridade na área da educação ambiental, relatou que: a interdisciplinaridade permite-nos trabalhar com a educação ambiental nas mais diversas ocasiões, visto que se pode trabalhar em diferentes focos, como poluição, reciclagem, hortas, trabalho com sucata, importância da preservação. As opções são muitas, basta o professor buscar e incentivar os alunos, pois de maneira lúdica todos se interessam e aprendem mais facilmente. Para a educadora A., a interdisciplinaridade podia ser trabalhada “através das orientações da equipe do projeto juntamente com a comunidade escolar”. A partir dos depoimentos e das observações, pode-se evidenciar que esta experiência constituiu-se em um trabalho mais próximo de uma prática multidisciplinar, do que efetivamente interdisciplinar. O esforço interdisciplinar configurou-se de certa maneira na dinâmica e na metodologia das atividades cotidianas do projeto, bem como, na relação interpessoal entre estudantes da UFSM, crianças, pais, profissionais e estagiárias da creche. Porém, percebeu-se que o entendimento de uma educação ambiental interdisciplinar não foi alcançado pelo projeto enquanto reflexão/percepção de uma interdisciplinaridade que tivesse abarcado as inter-relações sistêmicas da temática ambiental.
  • 9. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 52 Destacou-se também, como as educadoras da creche, pelos seus depoimentos, entenderam a relação entre a prática interdisciplinar e o contexto da comunidade. Quando questionadas sobre a importância da realização das ações interdisciplinares do projeto no espaço da creche, elas deram ênfase ao estímulo que o projeto gerou na comunidade escolar para que atuassem mais nas decisões administrativas e pedagógicas da creche. Outra experiência proporcionada à equipe envolvida no projeto foi o entendimento de que desenvolvendo atividades estimuladoras de processos de cidadania (como por exemplo, reunião ampliada com a comunidade), não se trata de um processo “tranquilo” e não deve ter como objetivo principal “agradar a todos”. Durante as reuniões do projeto e ações com a comunidade escolar para o desenvolvimento de ações voltadas ao exercício da cidadania e da reflexão, observou-se o questionamento sobre comportamentos, questionamento de atitudes tradicionalmente convencionadas e desestabilização de relações de hierarquias locais e sociais legitimadas. Desta maneira, tratou-se de um processo não-consensual, permeado de conflitos e interesses das mais diversos matizes. Relações sociais amigáveis construíram-se no decorrer desse processo, mas, como um dos objetivos do projeto era proporcionar espaços para esclarecer e pensar mudança social, atividades e conversas tornaram-se impraticáveis como concessões de conveniências altruístas em manutenção de um bem-estar e tranquilidades, incoerentes com a realidade vivenciada naquela comunidade. Em relação à creche, considerou-se que os fatos que ocorreram na comunidade influenciavam diretamente esta, pois, estando inserida no entorno comunitário, recebe pressões e coerções sociais das mais diversas formas para ajustar-se em determinado contexto dominante na comunidade.
  • 10. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 53 Experiências em educação ambiental em um espaço escolar: (des) caminhos possíveis Observou-se no decorrer dessa pesquisa e do projeto nessa comunidade escolar que a discussão e as ações realizadas no ambiente comunitário ocorreram de forma restrita a apenas alguns temas pontuais, como, o depósito de lixo em apenas um ponto ou na frente de sua casa, e não mais em terrenos baldios ou na rua, por exemplo. No projeto trabalhou-se junto com a comunidade escolar e a partir de atividades e debates temáticos em educação ambiental, cidadania e interdisciplinaridade. Durante esse processo foram realizadas observações, conversas e entrevistas com as pessoas que optaram em participar do projeto. A participação da comunidade escolar (comunidade, estudantes e professores) no projeto ocorreu junto com as agentes comunitárias de saúde da USK. Nessa perspectiva, elas foram convidadas a trazer sua percepção por meio de depoimentos, buscando enriquecer a avaliação e a análise do projeto em questão. Uma das agentes comunitárias de Saúde, que participou das ações em educação ambiental na creche, relatou o seguinte: Considero que educação ambiental é uma formação importante para os estudantes e até professores, que esse tipo de educação deve ser trabalhada na educação formal e informal, pois é uma coisa que todos precisam. Mas acho que todos poderiam aproveitar mais, falta visão das pessoas para isso. Para uma das representantes do Conselho de Pais da creche, as atividades desenvolvidas pelo projeto: Foram importantes, para o conhecimento das crianças, pois tudo que foi trabalhado lá na creche, as crianças comentam ou nos chamam atenção em casa, sobre um lixo jogado na rua ou no chão, uma planta que não cuidamos direito, até as plantas estão valorizando mais com isso.
  • 11. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 54 Observou-se também o interesse das crianças em relação às ações do projeto que foram manifestadas em conversas nas famílias. Este fato, aparentemente simples, apresentou-se como uma das possibilidades da educação ambiental em atuar como um componente essencial no processo de formação e contribuir para a mobilização da comunidade na busca de respostas para suas questões locais. Indica-se que, no campo da educação formal, torna-se essencial refletir como são tratados os diferentes e possíveis significados da palavra conscientização. Essa palavra é empregada, frequentemente, como um dos objetivos centrais de diversas atividades/ações com temas relacionados à educação, dentre os quais, a temática socioambiental. Sob essa perspectiva, as iniciativas em "conscientização" na educação ambiental podem ser vistas para além da pura e simples reprodução das visões e práticas educativas tradicionais, descontextualizadas e fragmentadas. Constituindo- se enquanto processo educativo essas iniciativas em educação ambiental podem e devem não se limitar a ocorrer nos limites dos muros de uma escola e também não se reduzirem a uma estrutura disciplinar de ensino. Nesse sentido, ao questionar a comunidade escolar se o projeto “Educação Ambiental na Vila Kennedy” auxiliou a despertar uma consciência ambiental junto à comunidade, os depoimentos da comunidade escolar complementam e fortalecem a análise realizada. Enquanto interagia em uma das atividades, um pai relatou que “o que fazem aqui é muito importante para nossas crianças. Olha o sorriso delas! Esse contato com a natureza desde cedo faz com que elas cuidem mais de onde vivem”. Já a educadora S., opinou que [...] o projeto propiciou uma consciência ambiental no sentido que mostrou às crianças a importância de se cuidar da natureza; as crianças contavam que em casa conversavam com seus parentes e vizinhos sobre o que aprenderam na escola, e buscavam cuidar do meio -ambiente também na rua e não apenas na escola.
  • 12. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 55 Os depoimentos da comunidade escolar demonstraram em alguma medida a importância das atividades desenvolvidas pelo projeto. As ações em educação ambiental, realizadas na creche, contaram em diversas vezes com a participação dos pais e da comunidade escolar, tanto em atividades pedagógicas, como nas mobilizações comunitárias (reuniões e passeatas). Em uma dessas ações, a educadora A. relatou que "através deste projeto as pessoas da vila se conscientizaram em não jogar mais lixo nos locais não permitidos, ainda existe, mais ouve uma diminuição, e também o cuidado com a natureza”. Ainda neste sentido uma das representantes do Conselho de Pais da creche ao ser questionada sobre a dimensão participativa que o projeto possa ter alcançado, respondeu que a iniciativa “[...] mexeu com as pessoas; com os comportamentos. Os pais tem se prontificado ajudar mais nas atividades da creche, e parece que ficaram com mais consciência.” Ter dúvidas, incertezas e diversos questionamentos sobre o que é consciência ambiental fazem parte dos projetos em educação ambiental e de suas múltiplas possibilidades educativas. No entanto, entende-se que não necessariamente um grupo de pessoas sensibilizadas (que deixa de atirar lixo doméstico em via pública ou passa a plantar mudas de árvores), irá incorporar uma compreensão e um engajamento mais amplo em ações e movimentos socioambientais. Neste sentido, Libâneo (1994), apontou que quando opta-se por determinados métodos educativos, esses não devem reduzir-se a quaisquer medidas, procedimentos e técnicas. Para apreensão de uma educação e concepção de mundo a partir da complexidade ambiental, segundo Leff (2003), torna-se necessário o desencadeamento de um processo de desconstrução e reconstrução do pensamento. Com isso, faze-se necessário descobrir e reavivar o “ser da complexidade” que foi esquecido com o surgimento da cisão entre o ser e o sujeito e o objeto, para apreender o mundo coisificando-o, objetivando-o, homogeneizando-o. Portanto, antes de se constituir em procedimentos, o método de ensino deve estar
  • 13. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 56 embasado em uma reflexão teórico-prática sob determinadas práticas educativas em seu contexto sociopolítico e cultural. Assim, para a representante do Conselho de pais da creche, as atividades desenvolvidas chegaram à comunidade e foram avaliadas da seguinte maneira: Bom, o terreno baldio no lado da escola ainda continua com as pessoas jogando lixo lá, essa deveria ser a próxima atividade a continuar. O pessoal tem buscado mais coletividade, pois o pessoal está cansado de esperar o poder público, mas a maioria ainda não participa. Já para a Agente de saúde, as atividades do projeto desenvolvidas junto à comunidade, sob seu ponto de vista, estimularam outros sentidos, destacando que os pais [...] passaram a ajudar mais nas atividades da creche, após a realização do projeto. Ficaram mais responsáveis pela creche e tem mais interesse pelas coisas”. A mesma, quando avalia os pontos positivos do projeto, também afirmou que o projeto “nos ajudou a pensar mais sobre a realidade. Observou-se que o projeto “Educação Ambiental na Vila Kennedy” buscou a formação de redes com as organizações e entidades da própria comunidade, propondo-se a ser um projeto realizado com a comunidade e não na comunidade. Desse modo, conforme Freire (1976) percebe-se que as pessoas, refletindo sobre suas próprias limitações, podem ser capazes de se libertarem e transformarem suas realidades por meio de práticas conscientes. Seguindo esta ideia, não se reivindicou para operacionalização do projeto (re) criar fóruns e instâncias na comunidade, e optou-se em compor com os espaços comunitários já existentes, como, por exemplo, participando das reuniões pedagógicas e do conselho de pais na creche.
  • 14. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 57 A creche e a Vila Kennedy constituem-se como campo social no qual se inter- relacionam múltiplas forças político-ideológicas. Por conseguinte, não se deve delegar à escola mudar isoladamente alguma realidade social ou seu próprio contexto, bem como decretar que a mesma seja um ponto central de mudança na comunidade. Com esse olhar, juntamente com a comunidade, a creche foi percebida como mais um ponto de apoio para a elaboração de ideias e propostas político- comunitárias com a temática socioambiental. Segundo Bourdieu (1997), cada grupo social, em função das condições objetivas que caracterizam sua posição na estrutura social, constitui um sistema específico de disposições para algum tipo de ação. O acúmulo histórico de experiências, de êxitos e de fracassos nos grupos sociais consolida um conhecimento prático (não plenamente consciente) relativo àquilo que é possível ou não ser alcançado pelos seus membros dentro da realidade social concreta em que agem. Dessa forma, determinada posição do grupo no espaço social e suas estratégias de ação seriam mais seguras e possíveis e outras seriam menos viáveis. Nesse sentido, ainda em Bourdieu (1997), aponta-se que, ao longo do tempo, os ajustamentos entre ações comunitárias e condições objetivas de ação passam por um processo no qual as estratégias mais adequadas de reprodução social podem ser adotadas pelos grupos, sendo incorporadas pelos sujeitos como parte do seu habitus cotidiano. Essas estratégias podem tanto ter um caráter individualista e não interativo com a comunidade, bem como podem assumir o compromisso de atuar na disputa e definição de rumos das questões de interesse coletivo da comunidade. Considerações finais Tendo por base o contexto cotidiano dos sujeitos da comunidade nesta iniciativa, foi possível perceber que o conjunto das atividades desenvolvidas pelo projeto proporcionou a abertura de possibilidades e a criação de ferramentas para trabalhar às questões relacionadas ao meio ambiente. Assim, tornou-se possível o surgimento de iniciativas desafiadoras no espaço social da creche e da comunidade
  • 15. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 58 escolar, levando-se em consideração as dificuldades, contradições e demandas socioambientais daquela comunidade. Trabalhando sob uma perspectiva de estímulo à cidadania, buscou-se mobilizar os diversos sujeitos (como professores, crianças, pais e agentes de saúde) da região da Vila Kennedy e da comunidade próxima à creche. Assim, a proposta foi a ampliação da discussão com os sujeitos acerca do tema socioambiental, e com uma abordagem crítica das questões ambientais visando à mobilização social dos mesmos. O desenvolvimento de atividades com objetivos interdisciplinares e as mudanças necessárias nas ações pedagógicas foram possíveis com a construção de relações dialógicas, da compreensão e da postura de partilhar de saberes, ao ser levando em consideração as características socioambientais e culturais construídas anteriormente na creche. Evidenciou-se que a participação da comunidade tende a fortalecer a gestação de projetos políticos e socioambientais referenciados na constituição de uma sociedade com mais igualdade social e autonomia de vida. A partir dessa pesquisa, foi possível perceber que os projetos em educação ambiental, podem se constituir em mais uma importante ferramenta política neste sentido, ao estimular a ampliação do exercício da cidadania e dos direitos sociais por meio da mobilização e a ampliação dos canais de participação social. Com isto, abrem-se diversas possibilidades para realização de práticas interdisciplinares, bem como para a ampliação do olhar da comunidade sobre suas questões. Mas, além de querer constituir certezas em relação aos rumos de um projeto em educação ambiental, foi evidenciado que é preciso saber conviver com a incerteza, pois se tratava de um contexto comunitário permeado por diversas disputas e conflitos. Assim, com base nas questões que nortearam essa pesquisa, indica-se que essa iniciativa é mais um exemplo para estudantes, multiplicadores e trabalhadores em educação, dos possíveis (des) caminhos que podem ter as iniciativas em uma educação ambiental inter-relacionadas com as temáticas da cidadania e da interdisciplinaridade.
  • 16. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 59 Referências BERGER, Gerard. Opinions and Facts in Interdisciplinarity: Problems of Teachig and Research in Universities. OECD, Paris, 1972. BOURDIEU, P. Les usages sociaux de la science. Pour une sociologie clinique du champ scientifique. Paris: Editions INRA, 1997. CARVALHO, Isabel Cristina Moura. Projeto integrado de ciências e matemática para professores da rede pública – UFSCar. Qual educação ambiental? Elementos para um debate sobre educação ambiental popular e extensão rural. Pró-Ciências 2002. COSTA NETO, Canrobert. Discutindo referencias para a construção de saberes socioambientais. Sociologia e desenvolvimento rural sustentável: a alternativa agroeco-sociológica. Porto Alegre: EMATER/RS; Pelotas: EMPRAPA Clima Temperado, 2004. DEMO, Pedro. Metodologia em Ciências Sociais. 30 ed. São Paulo: Atlas, 1995. FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia. São Paulo, Loyola, 1979. FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade e outros Escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976. GADOTTI, Moacir. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1999. _______________. Interdisciplinaridade, atitude e método. São Paulo: Instituto Paulo Freire. Universidade de São Paulo, 2001. GUSDORF, Georges. Réflexions sur l'interdisciplinarité bulletin de psychologie, N.º XLIII, 397, pp. 847-868.1990. JACOBI, Pedro Roberto. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa da Fundação Carlos Chagas, São Paulo, v. 118, p. 189- 205, 2003. LAYRARGUES, Philippe Pomer. et al. (Orgs.). Introdução: identidades da educação ambiental brasileira. 1. ed. Brasília: MMA, 2004. 56 p. v.1.
  • 17. Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 60 LEFF, Enrique. Pensar a complexidade ambiental. In: ______. (org.). A Complexidade Ambiental. São Paulo: Cortez, 2003. ____________. Epistemologia Ambiental. São Paulo: Cortez, 2001. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. 261p. LOUREIRO. Carlos Frederico Bernardo. Educação Ambiental Transformadora. In: Identidades da educação ambiental brasileira / Ministério do Meio Ambiente. Diretoria de Educação Ambiental; P.P. Layrargues (coord.). – Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004. P. 65-85. RUCHEINSKI, Aloísio. Atores sociais e meio ambiente: a mediação da ecopedagogia. Identidades da educação ambiental brasileira / Ministério do Meio Ambiente. Diretoria de Educação Ambiental; Philippe Pomier Layrargues (coord.). – Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004. p.51-65. SIQUEIRA. Holgionsi Siqueira, Gonçalves. Interdisciplinaridade, Sinônimo de Complexidade. Publicado no Jornal "A Razão" em 02.10.2003. Disponível em: <http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/mundorede.html>. Consultado em 09 out. 2008. VIÉGAS, Aline. Complexidade: uma palavra com muitos sentidos. In: ______. Encontros e Caminhos: formação de educadoras(es) ambientais e coletivos educadores. São Paulo: Cortez, 2005. Sobre o Autor Sérgio Botton Barcellos Doutorando no Curso de Pós-graduação em Ciências Sociais do Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade - CPDA/UFRRJ. E-mail: sergiobbarcellos@hotmail.com Revista Comunicação e Educação Ambiental - ISSN: 1982-6389 - Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de 2014. Submetido em: 22/11/2013 e aceito para publicação em 10/1/2014.