1. Autora
Ana Nilce Rodrigues Barasnevicius
2009
Autora
Ana Nilce Rodrigues Barasnevicius
2009
Língua
Portuguesa III:
Morfologia II
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3. Sumário
O verbo | 7
Classes gramaticais | 8
Verbo | 8
Advérbio | 21
Locuções adverbiais | 23
Flexão de grau dos advérbios | 23
Adjunto adverbial | 24
Preposição | 31
Significado das preposições | 32
A preposição e suas relações | 32
Conjunção coordenativa | 37
Conceito | 38
Conjunção subordinativa | 47
Conceito | 47
O texto dissertativo e sua organização | 53
Dissertação | 53
Gêneros textuais: narração, descrição e dissertação | 54
A argumentação | 63
A organização do pensamento lógico | 63
O argumentador | 65
Estrutura do texto dissertativo | 73
A estrutura do texto dissertativo | 73
O dissertativo-expositivo | 73
O dissertativo-argumentativo | 75
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4. Redação do texto dissertativo | 85
Como redigir um texto dissertativo | 85
Vícios, clareza, concisão | 97
Vícios de linguagem | 97
Clareza | 100
Concisão | 103
Coesão e coerência | 111
Principais tipos de coesão | 112
O texto dissertativo e seus usos | 119
Da Retórica Clássica à publicidade hoje | 119
Gabarito | 129
Referências | 137
Anotações | 141
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5. ApresentaçãoApresentação
Decorridos 75 anos do início do Curso de Letras no Brasil (a pri-
meira turma foi formada em 1933, no então Instituto Sedes Sapientae, em
São Paulo, onde hoje é a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-SP),
apresentamos Língua Portuguesa III: Morfologia II, disciplina que inte-
gra a grade curricular deste curso de Letras a distância.
O presente livro teve como principal objetivo descrever aspectos
da estrutura gramatical da Língua Portuguesa, a partir de critérios semân-
ticos, morfológicos e sintáticos. De forma específica, foi elaborado um es-
tudo sobre o Verbo, o Advérbio, a Preposição, a Conjunção e a Produção
Textual.
A necessidade de se comunicar bem tornou-se primordial em tem-
pos de sociedades ditas globalizadas. Sendo assim, dominar a norma culta
de uma língua é alicerce seguro para os profissionais de todas as áreas. Em
se tratando de profissionais da área de Letras, o domínio das estruturas
gramaticais da Língua Portuguesa é ponto de partida e, ao mesmo tempo,
ponto de chegada para um bom desempenho profissional.
Há muito que conhecer, estudar, compreender, aprender e ensinar
sobre a Língua Portuguesa.
Dos primeiros registros hieroglíficos até a linguagem da internet
de hoje, o homem deu início a uma viagem interminável pelo fascinante
mundo das palavras. E não sabemos tudo sobre a linguagem humana, não
sabemos ainda em que língua foi o primeiro grito, a primeira palavra.
Sendo assim, vamos, pois, conhecer um pouco mais sobre a Língua
Portuguesa.
Esperamos que você, aluno do Curso de Letras, futuro profissional,
possa aproveitar estas contribuições, cujas finalidades não são exaustivas.
A pretensão aqui é contribuir para o ensino e a aprendizagem da Língua
Portuguesa e despertar no aluno o interesse para o aprofundamento dos
estudos sobre a linguagem humana e suas diferentes manifestações.
Bons estudos!
Ana Nilce Rodrigues Barasnevicius
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7. Preposição
Para Cunha (1984, p. 511), a função de uma preposição é relacionar dois termos de uma oração,
de tal forma que o sentido do primeiro termo (antecedente) é explicado ou completado pelo sentido do
segundo (conseqüente). Observe:
Antecedente Preposição Conseqüente
Foi a Roma.
Chegou à (prep.a + artigo a) consulta marcada.
Veio de casa.
Chorou de emoção.
Vivia com a família.
Como você percebeu, as palavras a, de e com ligam dois termos de uma oração, de modo que o
primeiro termo (Foi, chegou, veio, chorou, vivia) é explicado pelo segundo (Roma, consulta marcada,
casa, emoção, a família).
Do ponto de vista da sua classificação, a preposição pode ser:
simples::: – expressa por apenas uma palavra: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre,
para, perante, por, sem, sob, sobre, trás;
composta::: – uma locução prepositiva ou preposição composta é formada de dois termos com
valor de uma preposição: abaixo de, acerca de, acima de, a despeito de, adiante de, afim de, além
de, ao lado de, ao redor de, a par de, apesar de, através de, debaixo de, em cima de, em lugar de,
junto de, para baixo de, perto de, por entre, por trás de.
Falar com coisas
(MELO NETO apud INFANTE, 1997, p. 321)
As coisas, por detrás de nós,
Exigem: falemos com elas,
Mesmo quando nosso discurso
Não consiga ser falar delas.
Dizem: falar sem coisas é
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8. Comprar o que seja sem moeda:
É sem fundos, falar com cheques,
Em líquida, informe diarréia.
Significado das preposições
Ainda segundo Cunha (1984, p. 512), a relação estabelecida entre palavras ligadas por preposição
implica movimento ou situação. Assim, temos:
Idéia de movimento, como em –::: Ao treino, rapazes!
Idéia de situação, como em – Vivia presa::: aos mandamentos.
Tanto a idéia de movimento como a de situação, estabelecem relações:
Temporais::: – Vinha de décadas passadas.
Espaciais::: – Viajava de um país a outro.
Nocionais –::: Entregou três dúzias de rosas vermelhas.
O significado da preposição de nos três casos acima vem da relação estabelecida com a idéia cen-
tral (movimento, tempo e noção).
Assim, embora a preposição apresente grande variedade de usos, é possível entender que para
cada uma delas há uma significação fundamental, marcada pela expressão de movimento ou de situa-
ção, aplicável à idéia central de movimento, tempo e noção (CUNHA, 1984, p. 513).
A preposição e suas relações
As relações sintáticas estabelecidas entre as preposições podem ser fixas, ou seja, relações que
passam a constituir um todo significativo, pois são expressões que só têm sentido com a preposição:
face a face;:::
por acaso;:::
dente de leite.:::
Em“Ao sair, deu com o gato espreitando na soleira”, verifica-se que o verbo dar, neste caso, signi-
fica topar, dar de cara. Sendo assim, a preposição faz parte do significado do verbo.
Também ocorrem as relações necessárias, ou seja, a preposição relaciona ao termo principal um
conseqüente sintaticamente necessário (CUNHA, 1984, p. 517), como em:
32 | Língua Portuguesa III: Morfologia II
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9. A sua amizade::: por Maria era compreensível. (substantivo “amizade” + complemento nominal
“por Maria”).
Voltava::: da praia. (verbo“voltava”+ adjunto adverbial de lugar“da praia”).
Já as relações livres são aquelas em que a preposição estabelece uma relação de associação (com)
ou de movimento (por), sendo usada como recurso estilístico, daí a idéia de ela ser uma relação livre.
Veja:
Encontrar com um poeta ou Encontrar um poeta.:::
Procurar por alguém ou Procurar alguém.:::
Namorar com um rapaz ou Namorar um rapaz.:::
Texto complementar
Uma questão de ordem
A mudança de sentido provocada pela troca de lugar entre termos de uma frase
(CIPRO NETO, 2006, p. 58)
“Participe da campanha contra a impunidade do Jornal da Tarde”. Não é o que está pensando,
leitor. Não era campanha de concorrentes do JT, interessados em levá-lo “às barras dos tribunais”,
para que terminassem os seus (do jornal) privilégios, a sua (do jornal) impunidade. Essa frase fez
parte de peça publicitária, há um bocado de tempo. Ao pé da letra, é possível entender que era mais
que chegada a hora de punir o jornal.
O problema da mensagem está na disposição, na ordem dos termos. A preposição de (do = de
+o) subordina o termo do Jornal da Tarde a impunidade e o transforma em alvo, paciente, beneficiá-
rio do processo expresso por esse nome. Uma simples reordenação resolveria o problema: “Partici-
pe da campanha do Jornal da Tarde contra a impunidade”. O nome “campanha” rege as preposições
de (para introduzir o agente do processo, o jornal) e “contra” (para introduzir o alvo do processo, a
impunidade).
Na escola, muitos professores se limitam a fazer a garotada decorar o rol de preposições (a,
ante,até,após,comcontra,de, desde, em, entre, mediante, por, para, sem, sob etc.). Discutir o uso que é
bom, nada! O resultado é a construção de frases mirabolantes. Participe da campanha contra os ratos
da Prefeitura. Consciência pesada? Confissão de culpa? Como se vê, o JT fez escola.
Prefeitura lembra eleições. Numa das últimas, uma empresa de São Paulo anunciava Camisetas
para políticos em promoção. Liquidação de políticos? Assim, na candura? Quanto valerá um deputa-
do? E um senador?
33|Preposição
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10. Não faltam exemplos desse problema. Uma dessas revistas de empresas que vendem pelo
correio anuncia um incrível “massageador para pés de madeira”. Há alguns anos, a TV Cultura trans-
mitiu o Campeonato de Futebol Japonês. Não faz muito tempo, um jornal publicou (na capa) o título:
Ministério Público apura contas fora do país de Maluf. O homem ganhou tanto dinheiro que fundou
um país?
A lista de esquisitices é interminável, e quase sempre, o problema está na má ordenação. Não
custa lembrar que as preposições são palavras relacionais, isto é, estabelecem relação. Em “mas-
sageador para pés de madeira”, a preposição de subordina “madeira” a “pés”. Deveria subordinar
“madeira” a “massageador” (massageador de madeira para pés). Em “Campeonato de Futebol Ja-
ponês”, o problema não é a posição da preposição, mas a ordem e a estrutura. É imperativo colocar
o adjetivo “japonês” depois de “campeonato”, e não de “futebol”, para que se qualifique aquele
substantivo, e não este. Após algumas rodadas, a Cultura fez a alteração e passou a transmitir o
“Campeonato Japonês de Futebol”.
Sabemos que em português a ordem não é rígida, o que não significa que em língua vale a má-
xima matemática segundo a qual “a ordem dos fatores não altera o produto”. Se não chega a alterar
radicalmente o sentido, a ordem pode determinar maior ou menor grau de ênfase sobre certos cons-
tituintes da frase. Em “os deputados abandonaram o plenário frustrados”, por exemplo, “frustrados”
indica o estado dos deputados no momento em que deixaram o plenário, mas em “Frustrados, os
deputados abandonaram o plenário”, o termo passa a ter forte matiz causal. No início da frase, esse
adjetivo assume dois papéis: indica o estado dos deputados e a causa de sua saída do plenário.
As inversões são um ótimo recurso para conferir clareza e economia ao texto. Frases como “O
disco, que foi gravado no início da década, sumiu das lojas há muito tempo”, tornam-se mais claras,
sintéticas e elegantes com uma simples inversão: “Gravado no início da década, o disco sumiu das
lojas há muito tempo”. O mínimo que se consegue é economizar um que e aproximar o sujeito (dis-
co) do verbo (sumiu). Até a próxima. Um forte abraço!
Estudos lingüísticos
1. Identifique as preposições nas orações a seguir:
a) Ante tanta confusão, despediu-se e saiu.
b) Sob esse aspecto, é preciso reconsiderar a sua opinião.
c) Vou à praia pela manhã e ao restaurante à noite.
d) Após semanas sem aparecer, chegou com os livros de literatura infantil.
e) Desde o último verão não aparecia por aqui.
f) Chegou ao metrô e comprou os bilhetes.
34 | Língua Portuguesa III: Morfologia II
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11. 2. Identifique e explique o significado das preposições destacadas das orações a seguir:
a) Muita gente ainda morre de fome no Brasil.
b) Vem de metrô para a escola.
c) Acabei de chegar ao metrô.
d) Andava calmamente sob o céu da Bahia.
3. Leia o poema e responda às questões:
Poética II
(MORAES, apud NICOLA, 1988, p. 217)
Com as lágrimas do tempo
E a cal do meu dia
Eu fiz o cimento
Da minha poesia.
E na perspectiva
Da vida futura
Ergui em carne viva
Sua arquitetura.
Não sei bem se é casa
Se é torre ou se é templo:
(Um templo sem Deus)
Mas é grande e clara
Pertence ao meu tempo
– Entrai, irmãos meus!
a) Que tipo de relação a preposição estabelece em“com as lágrimas”?
35|Preposição
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12. b) O que indica a preposição sem em“Um templo sem Deus”?
c) Destaque todas as preposições do poema.
4. Escreva frases que contenham preposições e locuções prepositivas.
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13. Gabarito
Preposição
1. a) ante;
b) sob;
c) a, por, a, a;
d) após, sem, com, de;
e) desde, por;
f) a.
2. a) morrer de fome: causa;
b) meio;
c) lugar(limite);
d) lugar.
3. a) Estabelece uma relação de matéria.
b) Indica ausência.
c) O aluno deverá indicar: com, do, da, na, em, sem.
4. Resposta pessoal do aluno. Ele deverá formar frases com as preposições e locuções prepositivas
estudadas na Unidade.
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