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PARTE 3 / CAPÍTULO 6 / GARRA PARA CONTINUAR 206 
O NOVO EMPREENDEDORISMO 
PRECISAMOS DE UMA CONSPIRAÇÃO 
TIAGO GOMES SEQUEIRA E ALEXANDRE MENDES 
FACTORY / BUSINESS CENTER & COWORK 
·························································································· 
Criado há dois anos, o Factory tem como objetivo mudar a forma como as pes-soas 
trabalham e concretizam ideias, e tem estado, desde sempre, associado ao 
otimismo proativo que alimenta cada empreendedor. 
Muita da sua história se confunde, na verdade, com a divulgação e promoção 
do empreendedorismo através de eventos que ora organiza, ora acolhe. Para além 
de um espaço de trabalho partilhado por microempresas, freelancers e startups, o 
Factory tornou-se uma referência para aqueles que procuram um espaço de tra-balho 
mas, sobretudo, pessoas de pensamento aberto e disponível para ajudar a 
concretizar projetos novos. 
O empreendedorismo é um fenómeno explosivo em Portugal. Tornou-se heurís-tica 
para uma série de significados albergando iniciativas de natureza e âmbito 
diversos e justificando o aparecimento de diversos programas, entidades, espa-ços 
e personagens. De gurus a business angels, todos foram aparecendo, introdu-zindo 
no quotidiano novas expressões, buzzwords e abrindo lugar à importação 
de todo um catálogo de termos e conceitos novos. 
O contexto político-económico do País, a proliferação de promotores, a cum-plicidade 
dos media e a romantização do ato de empreender parecem ter sido 
bem sucedidos na capacidade de evangelização: ouve falar-se de empreendedo-rismo 
por todo Portugal, “de lés a lés”. Cidade que se preze tem um pavilhão gim-nodesportivo, 
várias rotundas, uma piscina e, agora, uma incubadora. 
Portugal empreendedor 
Conquistou-se uma coisa incrível: pôr um país, num curto espaço de tempo, a 
considerar um tema que até aqui era coisa de minoria. Muitos foram aqueles que 
meteram mãos à obra por conta e esforço próprios ou então participando em 
aceleradores ou passando por alguma incubadora. 
Daqui nasce uma indústria, vários metanegócios; players a montante e a jusan-te 
realizam um trabalho épico de, mais ou menos de repente, perceber como se 
faz lá fora para começar a fazer cá dentro. 
Para um país que premiava o trabalhinho estável e pacato, numa boa empresa
207 A ALMA DO NEGÓCIO 
ou então, melhor ainda, para o Estado, a transformação que todos vivemos nes-tes 
últimos dois anos pode bem ter sido uma revolução silenciosa na forma de 
estar de todo um povo. De repente, tornou-se comum sonhar criar uma empre-sa. 
Subitamente, tirar as ideias da gaveta e aplicá-las a um modelo de negócio 
tornou-se bem aceite até para os “meninos ou meninas de bem” que podiam 
escolher qualquer boa carreira numa multinacional. Houve até desempregados 
que aplicaram tudo o que tinham para criar um negócio e realizar um sonho. As 
reportagens sobre pessoas que dão a volta por cima (porque começaram uma 
empresa) multiplicam-se taco a taco com o número de reportagens sobre pes-soas 
que emigram. Foi num piscar de olhos que ser CEO se tornou mais sexy do 
que ser Dj. 
O Empreendedorismo apareceu, então, como o remédio para todos os males, 
dando esperança a toda a gente. 
E agora? 
Num tempo de crise, alguém, alguma coisa, algum tema que ajude a gerar, a 
manter ou a galvanizar a esperança é sempre bem-vindo. Todos precisamos dis-so, 
em alguma altura. Falar-se tanto em empreendedorismo é, taxativamente, 
uma coisa boa! 
Falar-se tanto em empreendedorismo hoje, 
mesmo para quem se desiludiu de alguma for-ma 
com o tema, ou mesmo para quem já não 
suporta ouvir falar sobre isso, é para continu-ar. 
O caminho é de continuação, refinamento e 
amadurecimento. Começámos pela obsessão 
“Foi num piscar de 
olhos que ser CEO se 
tornou mais sexy do 
que ser Dj.” 
com Silicon Valley que se tornou, de forma transversal, uma referência omni-presente 
no discurso. De Silicon Valley aprendemos tudo, tentámos até replicar 
em solo nacional a mesma fórmula. E são várias conclusões que se podem retirar 
relativamente a quatro temas essenciais numa cultura de empreendedorismo: 
1) Cultura de Risco. 
A nossa intolerância pessoal ao risco ou à insegurança do projeto laboral parece 
crónica. Essa aparenta ser, aliás, uma das características que mais afasta as pes-soas 
da criação de uma empresa ou de qualquer outro projeto mais emancipado 
de um vínculo permanentemente estável. 
Há imensos detalhes que contribuem para esta forma de estar. Temos de os 
compreender melhor e temos de saber como os mudar. Esta necessidade de 
segurança, esta contração da iniciativa mais arriscada percebe-se bem: toda a
PARTE 3 / CAPÍTULO 6 / PRECISAMOS DE UMA CONSPIRAÇÃO 208 
gente quer tomar as decisões certas para o Futuro. Os tempos estão difíceis. Os 
riscos nunca pareceram tão grandes. 
Se, por um lado, nunca como hoje foi tão fácil e tão acessível começar um ne-gócio, 
também é verdade que, nunca como hoje, a perceção do risco interferiu 
tanto com o sonho ou a ambição. 
É muito frequente ouvirmos pessoas bloqueadas no oxímoro pensamento: 
“gostava de começar um negócio, mas só vou arriscar numa coisa que seja cer-ta”. 
Parte do trabalho que se segue é diminuir estas barreiras psicológicas, estes 
custos de transição. 
A grande novidade está na constatação de que nem só os empreendedores re-ceiam. 
Nem só estas pessoas são avessas ao risco, também os empresários. A 
este respeito vale a pena olhar com atenção 
para o percurso e perfil de investimento dos 
nossos empresários e dos nossos investidores 
“de risco”. Devemos ter em conta que, grande 
parte dos nossos empresários construíram os 
seus impérios num tempo em que a lógica de 
investimento era completamente diferente. 
“gostava de começar 
um negócio, mas só 
vou arriscar numa 
coisa que seja certa.” 
Aquilo em que se investia era maioritariamente físico e concreto, sendo que um 
dos principais aspetos que esta nova economia digital acentuou foi um enor-me 
gap de comunicação entre empreendedores e potenciais investidores. Não 
tem só que ver com formação ou educação, tem que ver com um conhecimen-to 
e tolerância específica para investir num projeto ligado à nanotecnologia ou 
às life sciences, por exemplo. Compreender e lidar com os tempos em torno dos 
processos de investigação e desenvolvimento também são ingredientes de uma 
cultura de risco. 
Os investidores não são aventureiros entediados com dinheiro cujo objetivo 
de vida é procurar onde o esbanjar. O investimento é um jogo de risco, mas, no 
final de contas, o resultado tem de ser positivo. Parece-nos natural que todos 
os intervenientes neste ecossistema estejam a aprender. É honesto, no entanto, 
que reconheçamos que todos temos ainda muito por onde melhorar nos nossos 
contributos. 
2) Ideias. 
Diagnosticar redundantemente e ter ideias de forma torrencial são hábitos e ta-lentos 
nacionais. As ideias estão para os negócios como as boas intenções estão 
para a vida em geral. 
Grande parte do trabalho tem sido claramente chamar os empreendedores à 
Terra da Concretização. Nada contra a ideação. Nada contra a saudável partilha de
209 A ALMA DO NEGÓCIO 
ideias, mais ou menos trabalhadas. Muito menos, nada contra os visionários que 
apontam direções, mais ou menos claras. Apenas assinalamos a importância da 
concretização como determinante fundamental de um negócio. Consideramos, 
aliás, a nossa missão mais específica: apoiar os empreendedores no processo 
de tradução de uma ideia num produto ou serviço com um modelo de negócio 
sustentável. 
Acontece que tem sido uma aventura curiosa propor aos empreendedores que 
tornem as suas ideias tangíveis materializando-as, porventura num protótipo 
para mostrarem a eventuais clientes. 
De alguma forma, é curioso verificar que muitos empreendedores desenvol-veram 
a fantasia de que começar uma empresa é todo o processo que vai desde 
o ter e desenvolver uma ideia até que aparece um investidor que apresenta uma 
proposta milionária pela compra dessa ideia. Assim, simples e retilíneo. Num 
instante, somos jovens desconhecidos e no outro somos pequenos Zuckerberg 
“laureando a pevide” num magnífico Porsche à beira-mar. 
Rapidamente nos poderíamos precipitar a julgar que os nossos empreende-dores 
procuram é soluções rápidas para problemas complexos. Facilmente nos 
podemos precipitar a considerar que este é um 
elemento representativo do facilitismo paterna-lista 
que as novas gerações procuram. 
Não obstante poder haver um fundo de verdade 
por detrás destes dois argumentos, vale a pena 
considerarmos o impacto dos exemplos que da-mos 
quando comunicamos com os ingénuos. 
Quantos CEO se tornaram estrelas Pop nos últi-mos 
anos? Quão sexy se tornou dizer que somos 
empreendedores? Até que ponto ser empreende-dor 
se tornou um acessório hipster que faz pen-dant 
com uns óculos Ray Ban, um papillon ou um 
gosto generalizado pelo que é vintage? 
Todos queremos os famosos 15 minutos de fama. 
“os nossos 
empreendedores 
queixam-se de falta 
de apoios e da falta 
de investidores, ao 
mesmo tempo que 
os tais investidores 
reclamam a falta 
de boas ideias para 
investir.” 
Todos parecemos capazes de ter uma ideia. Todas as ideias parecem igualmente 
boas quando não partilhadas e quando mantidas etereamente afastadas da im-plementação. 
Alguém dizia que “a sorte dá muito trabalho” e muitos concordarão 
que grande parte do desafio, mas também do prazer de começar uma empresa, é 
a odisseia de trabalho por detrás da concretização de um projeto. 
Assim sendo, percebe-se o conforto de sonharmos com a Million Dollar Idea que 
vai desencadear o nosso sucesso, por mais que, lado a lado com os Poster Boys
PARTE 3 / CAPÍTULO 6 / PRECISAMOS DE UMA CONSPIRAÇÃO 210 
of Pop, estejam inúmeros casos de sucesso cujo grande segredo foi sempre uma 
invulgar capacidade de sacrifício e perseverança. 
O nosso Tempo é de grandes dissonâncias. Por um lado, o desemprego au-menta 
todos os dias, por outro lado, muitas empresas queixam-se da falta de 
gente para trabalhar. Na mesma linha: os nossos empreendedores queixam-se 
de falta de apoios e da falta de investidores, ao mesmo tempo que os tais investi-dores 
reclamam a falta de boas ideias para investir. É um dramático desencontro 
quase shakespeariano... Que, enfim, justifica uma série de medidas para a apro-ximação 
entre as duas partes. 
Temos boas ideias em Portugal, mas estas não estão necessariamente a passar 
por concursos de empreendedorismo ou a ser incubadas, o que não é necessa-riamente 
mau. As boas ideias não são exclusivamente juvenis e inocentes nem o 
empreendedorismo é um enorme Idea Show. 
Temos bons empreendedores em Portugal com boas ideias e a trabalhar bem 
no terreno e só depois, muito depois, chegam aos noticiários. 
Temos gente inquieta com know-how específico, com maturidade, com muito po-tencial. 
Gente que tem mais do que ideias, gente que identificou janelas de opor-tunidade; 
mas, para essa gente sair das empresas onde está, temos de diminuir 
os custos de transição tornando o país, a Lei e a Fiscalidade mais amigáveis. Ao 
limite, o empreendedorismo tem um problema de métricas, tal como qualquer 
outra “febre do ouro”: tem de se trabalhar muito para, de vez em quando, lá apa-recer 
uma pepita que dá o que falar. 
3) Investimento. 
O capitalismo tem vários aspetos fascinantes. O liberalismo cativa pela aparen-te 
capacidade autogerida de investimento do capital. Os investidores aparecem 
aqui como elementos-chave enquanto desbloqueadores da necessidade de ca-pital 
de quem está a arrancar. Fala-se em risco. Risco partilhado: risco de quem 
orienta a sua vida e todas as suas capacidades para a criação de uma empresa e 
risco de quem pondera apoiar essa aventura investindo dinheiro. Que parte des-se 
investimento é de risco, de facto? Que parte deveria ser? 
Somos todos muito bons a ler as newsletters dos departamentos de Relações 
Públicas internacionais, que anunciam na imprensa grandes investimentos em 
projetos estaminais. Mas, e na prática? Na prática, é preciso analisar com espí-rito 
crítico de onde e como é aplicado o investimento. Na prática, em Portugal, 
o Estado tem sido - curiosamente - um grande impulsionador do investimento, 
nomeadamente, pela disponibilização de fundos do FINICIA e pela criação do 
PME Investimentos, que apoia financeiramente, além de estruturar e coordenar 
grande parte da intervenção das sociedades de Business Angels que foram surgin-
211 A ALMA DO NEGÓCIO 
do. Paralelamente, e no seu bom jeito ambivalente, o Estado português mantém 
uma carga fiscal e uma rigidez legal pouco atraente aos olhos de um investidor e, 
na verdade, aos olhos de qualquer empreendedor. 
Ainda que noutros países o capital pareça fluir disponível para arriscar, lado a 
lado, com empreendedores, em Portugal estamos a dar ainda os primeiros pas-sos. 
Nada de mal nisso. Apenas assinalamos, neste tópico como em todos os 
outros, a noção de que já existem estruturas de apoio, de que já existem empre-endedores 
a tentar e de que já há Business Angels a trabalhar, não obstante o facto 
de querermos todos ser muito melhores do que o que somos. 
A este respeito, concluímos com um convite final. 
Um convite maior endereçado às grandes em-presas 
a atuar em Portugal. Sabemos que muitas 
têm acompanhado o desenvolvimento do ecos-sistema, 
algumas têm até apoiado (de várias for-mas) 
iniciativas, mas aquilo de que precisamos é 
de um envolvimento comprometido. As grandes 
empresas também fazem parte deste ecossiste-ma 
e podem condicionar determinantemente o 
sucesso dos projetos empreendedores. 
A Alemanha e, mais especificamente, Berlim, 
são perfeitos exemplos disso. Quase todos os 
“Quase todos 
os aceleradores 
e incubadoras têm 
relações estreitas 
com alguns dos 
maiores grupos 
empresariais.” 
aceleradores e incubadoras têm relações estreitas com alguns dos maiores gru-pos 
empresariais. Frequentemente, são estas grandes marcas que patrocinam o 
ecossistema e, além do posicionamento de marca, além da motivação dos exe-cutivos 
por atuarem como mentores, esta parceria com empreendedores tem-se 
enquadrado de forma brilhante numa estratégia de inovação aberta e colaborati-va. 
Ao limite, funciona quase como se se fizesse outsourcing da inovação e desen-volvimento. 
É incrível ver isto a funcionar! 
O Startup Bootcamp em Berlim anunciou muito recentemente uma parceria 
com a Mercedes, a HDI e o Grupo Bosch. Estas empresas vão ajudar os empre-endedores 
que participam no já excelente programa do Startup Bootcamp. Imagi-nem 
só o impacto que tem no desenvolvimento de um empreendedor passar por 
um programa onde beneficia, de entre outras coisas, da mentoria, acompanha-mento 
e rede de contactos dos executivos deste conjunto de empresas... 
4) Maturidade do ecossistema. 
A verdade é que temos de ser justos: estamos ainda a abrir caminho, a construir 
uma cultura. Começar um negócio, principalmente de ambição internacional, 
nunca foi uma característica muito clara na nossa cultura. Grande parte dos nos-
PARTE 3 / CAPÍTULO 6 / PRECISAMOS DE UMA CONSPIRAÇÃO 212 
sos empresários cresceram num mundo e num paradigma de negócio muito di-ferentes. 
A ideia de retorno à comunidade para ajudar outros a crescer é ainda 
um exclusivo de empresários visionários com uma postura na vida distinta. São 
poucos mas preciosos e têm dado um contributo realmente importante. 
É preciso que mais empresários, mais executivos e mais marcas se juntem a 
nós. Aquilo que está aqui em causa é reunirmos contributos para ultrapassarmos 
dois grandes constrangimentos: a falta de colaborações no nosso mercado em-presarial 
e a mediocridade geral a que isso nos pode confinar. 
Conclusão 
Atravessamos uma etapa em que, por várias razões, tem havido uma massifica-ção 
do discurso sobre empreendedorismo o que, por um lado, ajuda a democra-tizar 
o tema e a angariar novos empreendedores. Ao passo que, por outro lado, 
esta generalização desembocou numa torrente de iniciativas e discursos que 
trouxe ruído e gerou cansaço. 
É importante todos ajudarmos a esclarecer men-sagens 
e a orientar a energia dos contributos de 
cada um. O efeito de halo é passível de ter toma-do 
o empreendedorismo, ainda que o foco se deva 
manter. 
O empreendedorismo não é necessariamente a 
tábua de salvação para toda a gente. Não tem de 
ser. Nem todos temos de ser empreendedores que 
“É preciso que 
mais empresários, 
mais executivos 
e mais marcas 
se juntem a nós.” 
fundamos novas empresas. Empreendedorismo é, ao limite, sobre autoria: sobre 
sermos autores da nossa própria vida e treinarmos o hábito de pensar como, in-dependentemente 
da situação ou circunstância, podemos acrescentar valor nas 
soluções que apresentamos. 
O nosso ecossistema é ainda frágil, mas começa já a mostrar provas de supe-ração 
de algumas das dores de crescimento normativas. Precisamos de crescer e 
aumentar a massa crítica. Precisamos de educar e esclarecer os nossos estudan-tes 
sobrecarregados de expectativas. Precisamos de ser exigentes, críticos e bons 
e isto é responsabilidade de todos. 
Num período de crise, em que o “nevoeiro” prejudica a previsibilidade do Fu-turo, 
os custos de transição são barreiras de entrada elevadas para quem está a 
tentar começar um projeto. Quanto do nosso talento e potencial está por aplicar, 
porque simplesmente não sente/acredita ter os apoios necessários à transição? 
É urgente a criação de estruturas que combinem mentoria e seed capital (capital
213 A ALMA DO NEGÓCIO 
semente) para intervir junto destas e de outras situações. O caminho é este e, de 
agora em diante, de progressiva refinação da qualidade dos projetos e reforço do 
pensamento, bem como ambição global desde a ideia à implementação. 
No nosso projeto, o Factory, temos reforçado a integração em redes interna-cionais 
para melhor e mais eficazmente conseguirmos apoiar as pessoas a pal-milhar 
o mundo. Temos viajado e acreditamos que aquilo que precisamos é de 
uma conspiração! Uma conspiração em que uma comunidade composta por em-presas, 
investidores, estudantes, associações, universidades que, de forma muito 
comprometida com o desenvolvimento da cidade, se têm unido em prol do em-preendedorismo, 
dos empreendedores, das empresas e do Futuro. 
Temos boas indicações de que, se continuarmos o caminho e dermos as mes-mas 
condições às nossas pessoas, lá chegaremos. Temos as condições e os recur-sos. 
Braga é uma cidade jovem, agradável e tem uma universidade competente e 
reúne na região um cluster tecnológico ambicioso. Da engenharia à nanotecno-logia, 
do mobile e do design ao desenvolvimento informático, temos conseguido 
reunir pessoas e promover a intersecção de toda esta gente por um novo para-digma. 
Há um longo caminho a percorrer, mas esse é o nosso desígnio. O Factory está 
há dois anos a mudar pessoas e a forma como elas trabalham e, se em dois anos 
conseguimos mudar pessoas e a forma como elas trabalham, conseguimos mudar 
as empresas. E se conseguimos mudar as empresas, conseguimos mudar a cida-de. 
E se conseguimos mudar uma cidade, podemos mudar um país e, se conse-guirmos 
mudar um país, vamos estar a mudar o mundo. Uma pessoa de cada vez!

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O empreendedorismo em Portugal e os desafios da concretização de ideias

  • 1. PARTE 3 / CAPÍTULO 6 / GARRA PARA CONTINUAR 206 O NOVO EMPREENDEDORISMO PRECISAMOS DE UMA CONSPIRAÇÃO TIAGO GOMES SEQUEIRA E ALEXANDRE MENDES FACTORY / BUSINESS CENTER & COWORK ·························································································· Criado há dois anos, o Factory tem como objetivo mudar a forma como as pes-soas trabalham e concretizam ideias, e tem estado, desde sempre, associado ao otimismo proativo que alimenta cada empreendedor. Muita da sua história se confunde, na verdade, com a divulgação e promoção do empreendedorismo através de eventos que ora organiza, ora acolhe. Para além de um espaço de trabalho partilhado por microempresas, freelancers e startups, o Factory tornou-se uma referência para aqueles que procuram um espaço de tra-balho mas, sobretudo, pessoas de pensamento aberto e disponível para ajudar a concretizar projetos novos. O empreendedorismo é um fenómeno explosivo em Portugal. Tornou-se heurís-tica para uma série de significados albergando iniciativas de natureza e âmbito diversos e justificando o aparecimento de diversos programas, entidades, espa-ços e personagens. De gurus a business angels, todos foram aparecendo, introdu-zindo no quotidiano novas expressões, buzzwords e abrindo lugar à importação de todo um catálogo de termos e conceitos novos. O contexto político-económico do País, a proliferação de promotores, a cum-plicidade dos media e a romantização do ato de empreender parecem ter sido bem sucedidos na capacidade de evangelização: ouve falar-se de empreendedo-rismo por todo Portugal, “de lés a lés”. Cidade que se preze tem um pavilhão gim-nodesportivo, várias rotundas, uma piscina e, agora, uma incubadora. Portugal empreendedor Conquistou-se uma coisa incrível: pôr um país, num curto espaço de tempo, a considerar um tema que até aqui era coisa de minoria. Muitos foram aqueles que meteram mãos à obra por conta e esforço próprios ou então participando em aceleradores ou passando por alguma incubadora. Daqui nasce uma indústria, vários metanegócios; players a montante e a jusan-te realizam um trabalho épico de, mais ou menos de repente, perceber como se faz lá fora para começar a fazer cá dentro. Para um país que premiava o trabalhinho estável e pacato, numa boa empresa
  • 2. 207 A ALMA DO NEGÓCIO ou então, melhor ainda, para o Estado, a transformação que todos vivemos nes-tes últimos dois anos pode bem ter sido uma revolução silenciosa na forma de estar de todo um povo. De repente, tornou-se comum sonhar criar uma empre-sa. Subitamente, tirar as ideias da gaveta e aplicá-las a um modelo de negócio tornou-se bem aceite até para os “meninos ou meninas de bem” que podiam escolher qualquer boa carreira numa multinacional. Houve até desempregados que aplicaram tudo o que tinham para criar um negócio e realizar um sonho. As reportagens sobre pessoas que dão a volta por cima (porque começaram uma empresa) multiplicam-se taco a taco com o número de reportagens sobre pes-soas que emigram. Foi num piscar de olhos que ser CEO se tornou mais sexy do que ser Dj. O Empreendedorismo apareceu, então, como o remédio para todos os males, dando esperança a toda a gente. E agora? Num tempo de crise, alguém, alguma coisa, algum tema que ajude a gerar, a manter ou a galvanizar a esperança é sempre bem-vindo. Todos precisamos dis-so, em alguma altura. Falar-se tanto em empreendedorismo é, taxativamente, uma coisa boa! Falar-se tanto em empreendedorismo hoje, mesmo para quem se desiludiu de alguma for-ma com o tema, ou mesmo para quem já não suporta ouvir falar sobre isso, é para continu-ar. O caminho é de continuação, refinamento e amadurecimento. Começámos pela obsessão “Foi num piscar de olhos que ser CEO se tornou mais sexy do que ser Dj.” com Silicon Valley que se tornou, de forma transversal, uma referência omni-presente no discurso. De Silicon Valley aprendemos tudo, tentámos até replicar em solo nacional a mesma fórmula. E são várias conclusões que se podem retirar relativamente a quatro temas essenciais numa cultura de empreendedorismo: 1) Cultura de Risco. A nossa intolerância pessoal ao risco ou à insegurança do projeto laboral parece crónica. Essa aparenta ser, aliás, uma das características que mais afasta as pes-soas da criação de uma empresa ou de qualquer outro projeto mais emancipado de um vínculo permanentemente estável. Há imensos detalhes que contribuem para esta forma de estar. Temos de os compreender melhor e temos de saber como os mudar. Esta necessidade de segurança, esta contração da iniciativa mais arriscada percebe-se bem: toda a
  • 3. PARTE 3 / CAPÍTULO 6 / PRECISAMOS DE UMA CONSPIRAÇÃO 208 gente quer tomar as decisões certas para o Futuro. Os tempos estão difíceis. Os riscos nunca pareceram tão grandes. Se, por um lado, nunca como hoje foi tão fácil e tão acessível começar um ne-gócio, também é verdade que, nunca como hoje, a perceção do risco interferiu tanto com o sonho ou a ambição. É muito frequente ouvirmos pessoas bloqueadas no oxímoro pensamento: “gostava de começar um negócio, mas só vou arriscar numa coisa que seja cer-ta”. Parte do trabalho que se segue é diminuir estas barreiras psicológicas, estes custos de transição. A grande novidade está na constatação de que nem só os empreendedores re-ceiam. Nem só estas pessoas são avessas ao risco, também os empresários. A este respeito vale a pena olhar com atenção para o percurso e perfil de investimento dos nossos empresários e dos nossos investidores “de risco”. Devemos ter em conta que, grande parte dos nossos empresários construíram os seus impérios num tempo em que a lógica de investimento era completamente diferente. “gostava de começar um negócio, mas só vou arriscar numa coisa que seja certa.” Aquilo em que se investia era maioritariamente físico e concreto, sendo que um dos principais aspetos que esta nova economia digital acentuou foi um enor-me gap de comunicação entre empreendedores e potenciais investidores. Não tem só que ver com formação ou educação, tem que ver com um conhecimen-to e tolerância específica para investir num projeto ligado à nanotecnologia ou às life sciences, por exemplo. Compreender e lidar com os tempos em torno dos processos de investigação e desenvolvimento também são ingredientes de uma cultura de risco. Os investidores não são aventureiros entediados com dinheiro cujo objetivo de vida é procurar onde o esbanjar. O investimento é um jogo de risco, mas, no final de contas, o resultado tem de ser positivo. Parece-nos natural que todos os intervenientes neste ecossistema estejam a aprender. É honesto, no entanto, que reconheçamos que todos temos ainda muito por onde melhorar nos nossos contributos. 2) Ideias. Diagnosticar redundantemente e ter ideias de forma torrencial são hábitos e ta-lentos nacionais. As ideias estão para os negócios como as boas intenções estão para a vida em geral. Grande parte do trabalho tem sido claramente chamar os empreendedores à Terra da Concretização. Nada contra a ideação. Nada contra a saudável partilha de
  • 4. 209 A ALMA DO NEGÓCIO ideias, mais ou menos trabalhadas. Muito menos, nada contra os visionários que apontam direções, mais ou menos claras. Apenas assinalamos a importância da concretização como determinante fundamental de um negócio. Consideramos, aliás, a nossa missão mais específica: apoiar os empreendedores no processo de tradução de uma ideia num produto ou serviço com um modelo de negócio sustentável. Acontece que tem sido uma aventura curiosa propor aos empreendedores que tornem as suas ideias tangíveis materializando-as, porventura num protótipo para mostrarem a eventuais clientes. De alguma forma, é curioso verificar que muitos empreendedores desenvol-veram a fantasia de que começar uma empresa é todo o processo que vai desde o ter e desenvolver uma ideia até que aparece um investidor que apresenta uma proposta milionária pela compra dessa ideia. Assim, simples e retilíneo. Num instante, somos jovens desconhecidos e no outro somos pequenos Zuckerberg “laureando a pevide” num magnífico Porsche à beira-mar. Rapidamente nos poderíamos precipitar a julgar que os nossos empreende-dores procuram é soluções rápidas para problemas complexos. Facilmente nos podemos precipitar a considerar que este é um elemento representativo do facilitismo paterna-lista que as novas gerações procuram. Não obstante poder haver um fundo de verdade por detrás destes dois argumentos, vale a pena considerarmos o impacto dos exemplos que da-mos quando comunicamos com os ingénuos. Quantos CEO se tornaram estrelas Pop nos últi-mos anos? Quão sexy se tornou dizer que somos empreendedores? Até que ponto ser empreende-dor se tornou um acessório hipster que faz pen-dant com uns óculos Ray Ban, um papillon ou um gosto generalizado pelo que é vintage? Todos queremos os famosos 15 minutos de fama. “os nossos empreendedores queixam-se de falta de apoios e da falta de investidores, ao mesmo tempo que os tais investidores reclamam a falta de boas ideias para investir.” Todos parecemos capazes de ter uma ideia. Todas as ideias parecem igualmente boas quando não partilhadas e quando mantidas etereamente afastadas da im-plementação. Alguém dizia que “a sorte dá muito trabalho” e muitos concordarão que grande parte do desafio, mas também do prazer de começar uma empresa, é a odisseia de trabalho por detrás da concretização de um projeto. Assim sendo, percebe-se o conforto de sonharmos com a Million Dollar Idea que vai desencadear o nosso sucesso, por mais que, lado a lado com os Poster Boys
  • 5. PARTE 3 / CAPÍTULO 6 / PRECISAMOS DE UMA CONSPIRAÇÃO 210 of Pop, estejam inúmeros casos de sucesso cujo grande segredo foi sempre uma invulgar capacidade de sacrifício e perseverança. O nosso Tempo é de grandes dissonâncias. Por um lado, o desemprego au-menta todos os dias, por outro lado, muitas empresas queixam-se da falta de gente para trabalhar. Na mesma linha: os nossos empreendedores queixam-se de falta de apoios e da falta de investidores, ao mesmo tempo que os tais investi-dores reclamam a falta de boas ideias para investir. É um dramático desencontro quase shakespeariano... Que, enfim, justifica uma série de medidas para a apro-ximação entre as duas partes. Temos boas ideias em Portugal, mas estas não estão necessariamente a passar por concursos de empreendedorismo ou a ser incubadas, o que não é necessa-riamente mau. As boas ideias não são exclusivamente juvenis e inocentes nem o empreendedorismo é um enorme Idea Show. Temos bons empreendedores em Portugal com boas ideias e a trabalhar bem no terreno e só depois, muito depois, chegam aos noticiários. Temos gente inquieta com know-how específico, com maturidade, com muito po-tencial. Gente que tem mais do que ideias, gente que identificou janelas de opor-tunidade; mas, para essa gente sair das empresas onde está, temos de diminuir os custos de transição tornando o país, a Lei e a Fiscalidade mais amigáveis. Ao limite, o empreendedorismo tem um problema de métricas, tal como qualquer outra “febre do ouro”: tem de se trabalhar muito para, de vez em quando, lá apa-recer uma pepita que dá o que falar. 3) Investimento. O capitalismo tem vários aspetos fascinantes. O liberalismo cativa pela aparen-te capacidade autogerida de investimento do capital. Os investidores aparecem aqui como elementos-chave enquanto desbloqueadores da necessidade de ca-pital de quem está a arrancar. Fala-se em risco. Risco partilhado: risco de quem orienta a sua vida e todas as suas capacidades para a criação de uma empresa e risco de quem pondera apoiar essa aventura investindo dinheiro. Que parte des-se investimento é de risco, de facto? Que parte deveria ser? Somos todos muito bons a ler as newsletters dos departamentos de Relações Públicas internacionais, que anunciam na imprensa grandes investimentos em projetos estaminais. Mas, e na prática? Na prática, é preciso analisar com espí-rito crítico de onde e como é aplicado o investimento. Na prática, em Portugal, o Estado tem sido - curiosamente - um grande impulsionador do investimento, nomeadamente, pela disponibilização de fundos do FINICIA e pela criação do PME Investimentos, que apoia financeiramente, além de estruturar e coordenar grande parte da intervenção das sociedades de Business Angels que foram surgin-
  • 6. 211 A ALMA DO NEGÓCIO do. Paralelamente, e no seu bom jeito ambivalente, o Estado português mantém uma carga fiscal e uma rigidez legal pouco atraente aos olhos de um investidor e, na verdade, aos olhos de qualquer empreendedor. Ainda que noutros países o capital pareça fluir disponível para arriscar, lado a lado, com empreendedores, em Portugal estamos a dar ainda os primeiros pas-sos. Nada de mal nisso. Apenas assinalamos, neste tópico como em todos os outros, a noção de que já existem estruturas de apoio, de que já existem empre-endedores a tentar e de que já há Business Angels a trabalhar, não obstante o facto de querermos todos ser muito melhores do que o que somos. A este respeito, concluímos com um convite final. Um convite maior endereçado às grandes em-presas a atuar em Portugal. Sabemos que muitas têm acompanhado o desenvolvimento do ecos-sistema, algumas têm até apoiado (de várias for-mas) iniciativas, mas aquilo de que precisamos é de um envolvimento comprometido. As grandes empresas também fazem parte deste ecossiste-ma e podem condicionar determinantemente o sucesso dos projetos empreendedores. A Alemanha e, mais especificamente, Berlim, são perfeitos exemplos disso. Quase todos os “Quase todos os aceleradores e incubadoras têm relações estreitas com alguns dos maiores grupos empresariais.” aceleradores e incubadoras têm relações estreitas com alguns dos maiores gru-pos empresariais. Frequentemente, são estas grandes marcas que patrocinam o ecossistema e, além do posicionamento de marca, além da motivação dos exe-cutivos por atuarem como mentores, esta parceria com empreendedores tem-se enquadrado de forma brilhante numa estratégia de inovação aberta e colaborati-va. Ao limite, funciona quase como se se fizesse outsourcing da inovação e desen-volvimento. É incrível ver isto a funcionar! O Startup Bootcamp em Berlim anunciou muito recentemente uma parceria com a Mercedes, a HDI e o Grupo Bosch. Estas empresas vão ajudar os empre-endedores que participam no já excelente programa do Startup Bootcamp. Imagi-nem só o impacto que tem no desenvolvimento de um empreendedor passar por um programa onde beneficia, de entre outras coisas, da mentoria, acompanha-mento e rede de contactos dos executivos deste conjunto de empresas... 4) Maturidade do ecossistema. A verdade é que temos de ser justos: estamos ainda a abrir caminho, a construir uma cultura. Começar um negócio, principalmente de ambição internacional, nunca foi uma característica muito clara na nossa cultura. Grande parte dos nos-
  • 7. PARTE 3 / CAPÍTULO 6 / PRECISAMOS DE UMA CONSPIRAÇÃO 212 sos empresários cresceram num mundo e num paradigma de negócio muito di-ferentes. A ideia de retorno à comunidade para ajudar outros a crescer é ainda um exclusivo de empresários visionários com uma postura na vida distinta. São poucos mas preciosos e têm dado um contributo realmente importante. É preciso que mais empresários, mais executivos e mais marcas se juntem a nós. Aquilo que está aqui em causa é reunirmos contributos para ultrapassarmos dois grandes constrangimentos: a falta de colaborações no nosso mercado em-presarial e a mediocridade geral a que isso nos pode confinar. Conclusão Atravessamos uma etapa em que, por várias razões, tem havido uma massifica-ção do discurso sobre empreendedorismo o que, por um lado, ajuda a democra-tizar o tema e a angariar novos empreendedores. Ao passo que, por outro lado, esta generalização desembocou numa torrente de iniciativas e discursos que trouxe ruído e gerou cansaço. É importante todos ajudarmos a esclarecer men-sagens e a orientar a energia dos contributos de cada um. O efeito de halo é passível de ter toma-do o empreendedorismo, ainda que o foco se deva manter. O empreendedorismo não é necessariamente a tábua de salvação para toda a gente. Não tem de ser. Nem todos temos de ser empreendedores que “É preciso que mais empresários, mais executivos e mais marcas se juntem a nós.” fundamos novas empresas. Empreendedorismo é, ao limite, sobre autoria: sobre sermos autores da nossa própria vida e treinarmos o hábito de pensar como, in-dependentemente da situação ou circunstância, podemos acrescentar valor nas soluções que apresentamos. O nosso ecossistema é ainda frágil, mas começa já a mostrar provas de supe-ração de algumas das dores de crescimento normativas. Precisamos de crescer e aumentar a massa crítica. Precisamos de educar e esclarecer os nossos estudan-tes sobrecarregados de expectativas. Precisamos de ser exigentes, críticos e bons e isto é responsabilidade de todos. Num período de crise, em que o “nevoeiro” prejudica a previsibilidade do Fu-turo, os custos de transição são barreiras de entrada elevadas para quem está a tentar começar um projeto. Quanto do nosso talento e potencial está por aplicar, porque simplesmente não sente/acredita ter os apoios necessários à transição? É urgente a criação de estruturas que combinem mentoria e seed capital (capital
  • 8. 213 A ALMA DO NEGÓCIO semente) para intervir junto destas e de outras situações. O caminho é este e, de agora em diante, de progressiva refinação da qualidade dos projetos e reforço do pensamento, bem como ambição global desde a ideia à implementação. No nosso projeto, o Factory, temos reforçado a integração em redes interna-cionais para melhor e mais eficazmente conseguirmos apoiar as pessoas a pal-milhar o mundo. Temos viajado e acreditamos que aquilo que precisamos é de uma conspiração! Uma conspiração em que uma comunidade composta por em-presas, investidores, estudantes, associações, universidades que, de forma muito comprometida com o desenvolvimento da cidade, se têm unido em prol do em-preendedorismo, dos empreendedores, das empresas e do Futuro. Temos boas indicações de que, se continuarmos o caminho e dermos as mes-mas condições às nossas pessoas, lá chegaremos. Temos as condições e os recur-sos. Braga é uma cidade jovem, agradável e tem uma universidade competente e reúne na região um cluster tecnológico ambicioso. Da engenharia à nanotecno-logia, do mobile e do design ao desenvolvimento informático, temos conseguido reunir pessoas e promover a intersecção de toda esta gente por um novo para-digma. Há um longo caminho a percorrer, mas esse é o nosso desígnio. O Factory está há dois anos a mudar pessoas e a forma como elas trabalham e, se em dois anos conseguimos mudar pessoas e a forma como elas trabalham, conseguimos mudar as empresas. E se conseguimos mudar as empresas, conseguimos mudar a cida-de. E se conseguimos mudar uma cidade, podemos mudar um país e, se conse-guirmos mudar um país, vamos estar a mudar o mundo. Uma pessoa de cada vez!