3. Em lugar à lógica acabada e perfeita que chegara a
Kant impelida pela força e amplitude da silogística
Aristotélica, Kant propôs uma lógica
transcendental, cujo objetivo último é dar conta do
extraordinário esforço para articular os elementos da
representação.
Silogismo - a argumentação lógica perfeita. é o
argumento típico dedutivo, composto de 3 proposições -
Premissa Maior (P), Premissa Menor (p) eConclusão
(c) - onde 3 termos, Maior (T), Médio(M) e Menor
(t), são compostos 2 a 2.
4. Todo homem é mortal (premissa maior)
homem é o sujeito lógico, e fica antes do verbo ;
é representa a ação , isto é, o verbo que exprime a
relação entre sujeito e predicado;
mortal é o predicado lógico, e fica após o verbo.
Sócrates é homem (premissa menor)
Logo, Sócrates é mortal (conclusão).
5. Deus é amor.
O amor é cego.
Steve Wonder é cego.
Logo, Steve Wonder é Deus.
Beber álcool mata os neurônios.
...os neurônios que morrem são os mais débeis.
...se morrem os mais débis sobram os mais fortes e
inteligentes.
Conclusão: quanto mais álcool bebo mais inteligente fico.
6. A lógica interveio na abordagem da pragmática. O
modelo logicista, adotado por pensadores como Frege
e Russel, consistia em adotar conceitos puramente
lógicos. A partir disso, a linguagem tendia a ser vista
como uma grandeza transcendental.
7. I) 1ª oposição: quente (A) vc frio (B)
II) 2ª oposição: bom (C) vc mau (D)
Paralelismo
Quente : frio :: bom : mau
A : B :: C : D
Os primeiros termos de cada par opositivo (isto é, A e C) tornam-
se substituíveis no mesmo contexto; e o mesmo se dá para os
segundos termos, B e D. Assim temos:
Um cantor quente = bom
A = C
Um cantor frio = mau
B = D
8. Abrir caminho para uma
pragmática formal
Percebeu-se que as condições de verdade das frases são
tributárias do contexto de enunciação, sendo o valor de
verdade sensível ao contexto (context-sensitive).
“A água ferve a 100°.”
“Eu estou de pé”
9. Abrir caminho para uma
pragmática formal
Para levar em conta esses fatos, era preciso completar a
lógica, e foi assim que surgiu a pragmática em sua vertente
formal. Seu objeto seria “tratar as relações mais gerais entre
enunciado e enunciação, entre as frases e seus contextos”.
10. A Fundação da Semiótica por
Pierce
O homem é signo, pensa por signos. Ser signo significa
entrar no processo triádico da semiose. Assim, a Semiótica
passa a ser a ciência da semiose.
Um signo remete a um outro signo. O próprio
pensamento é um signo, que remete a um outro
signo, que remete a um outro pensamento, que é seu
signo interpretante, e assim se forma um processo
contínuo e indefinido.
11. A semiótica de Pierce se fundamenta na teoria das
categorias de Kant e de Hegel. Ele cria sua própria filosofia, o
pragmatismo, usando neologismos que às vezes obscurecem
sua explanação.
A definição triádica do signo ao passar pelo processo da
semiose:
• O material significante:suporte, veículo, traço
perceptível e pertinente1.
• O significado ou o representado2.
• O interpretante3.
12. A teoria do interpretante: segundo Pierce, o interpretante
constitui o signo. Ele é um signo equivalente ao signo original
que se constrói no espírito da pessoa que o absorve. Essa
teoria é neglicenciada por sucessores de Pierce
Pierce faz com que a língua seja entendida sob o
paradigma da comunicabilidade; ele fez dos signos e de suas
trocas o ambiente vital do espírito e inseriu a semiótica nos
estudos linguísticos.
Distinguiu ocorrência e tipo e diferenciou símbolo, índice e
ícone.
13. Ocorrência vs. Tipo:
1. A ocorrência de um signo trata-se das aparições
concretas, datadas e localizadas de um signo.
2. Tipo é uma entidade ideal, sempre idêntico em variadas
realizações, suscetível de ter ocorrências múltiplas.
O sentido literal de uma frase é resultante de um isolamento
da frase-tipo para, independentemente de suas ocorrências em
um discurso, extrair dela um sentido único e imutável.
Quando são levados em conta a identidade do falante, seus
propósitos comunicativos e o contexto situacional, o sentido da
frase é modificado, enriquecido, esclarecido.
14. Símbolo vc. Índice vs. Ícone
1. O signo-símbolo representa algo que lhe é associado por
convenção, sendo esse significado atualizado em cada
ocorrência;
2. O signo-índice pressupõe leis de correlações indiciais, estando
o signo e aquilo que ele remete na mesma situação
existencial. Cada uma de suas ocorrências está vinculada
àquilo de que ele é índice.
3. O signo-ícone partilha, com aquilo de que símbolo, algumas
propriedades.
15. Dissociou a linguagem científica da linguagem comum. Para ele,
1. A linguagem científica se importa com o que concorre para a
determinação da verdade; deve ser unívoca; marca com
precisão e transparência suas articulações lógicas; visa a
tornar-se independente das relações da interlocução e aspira à
impessoalidade.
2. A linguagem comum preocupa-se com o êxito na
comunicação; necessita da equivocidade para funcionar; é
rica, vaga, ambígua; possui fluidez em suas articulações; é
submetida à interlocução; deseja
convencer, emocionar, interessar e é regida pelas leis da
retórica e afetividade.
A Fundação da Semântica por Frege
16. Frege não se ocupa no sentido emotivo, aquilo que o
enunciado exprime do sentimento, chamado por Frege de
“coloração” do pensamento.
Frege ainda elaborou uma distinção entre sentido e referência:
1. Referência é o objeto de que se fala por meio de uma
expressão linguística, é algo extralinguístico, pertencente ao
mundo exterior ao da linguagem. Para determinar a
referência são necessárias considerações extraliterais ou
extralinguísticas.
2. O sentido é o modo de disposição da referência. A expressões
diferentes são anexados sentidos distintos, mas a referência
pode ser a mesma.
17. 1. Segundo o princípio da contextualidade, o sentido das
palavras deve ser apreendido a partir do sentido das
frases, ou seja, deve ser situada em seu contexto de uso na
frase.
2. Em contrapartida, o princípio da vericondicionalidade : captar
o sentido das frases pressupõe saber que condições devem
ser preenchidas para que ela seja verdadeira. A semântica
tem relação com o sentido e suas relações com a verdade.
Esses dois princípios constituem a teoria da descrição, na qual
atua a descrição do sentido das frases e a contribuição de
determinada expressão para o sentido da frase.
Contextualidade vs.
Vericondicionalidade
18. 1. A linguagem científica se importa com o que concorre para a
determinação da verdade; deve ser unívoca; marca com
precisão e transparência suas articulações lógicas; visa a
tornar-se independente das relações da interlocução e aspira
à impessoalidade.
2. A linguagem comum preocupa-se com o êxito na
comunicação; necessita da equivocidade para funcionar; é
rica, vaga, ambígua; possui fluidez em suas articulações; é
submetida à interlocução; deseja
convencer, emocionar, interessar e é regida pelas leis da
retórica e afetividade.
O paradigma da comunicabilidade
de Wittgenstein
19. Crítica da teoria subjetivista e mentalista do significado: a
ideia de pensamento como algo interior, traduzido em
palavras para exteriorixar-se. Sobre isso ele se posiciona
assim:
1. Linguagem e pensamento são indissociáveis, gerando um ao
outro, simultaneamente.
2. Não há linguagem própria ao indivíduo, mas a linguagem é
uma atividade públicamente controlada, que obedece a
regras e cujo objetivo é a comunicação.
O paradigma da comunicabilidade
de Wittgenstein
20. Em consonância com Frege, ressalta a importância do uso das
palavras na frase e das frases em situações concretas. A
mensagem adquire sentido e força em unidades
transfrásticas, indissociáveis da situação de uso.
O ambiente em que as mensagem tomam sentido é chamado
“jogo de linguagem”, uma atividade regulada e partilhada.
Tais jogos de linguagem são muito abundantes e prolíficos.
Entretanto, não há um conceito fixo para defini-los, pois são
tão heterogêneos que não foi encontrada uma essência
comum a todos eles.
O paradigma da comunicabilidade
de Wittgenstein
21. O objetivo de Morris, ao apaixonar-se pela vida dos signos em
conjunto, era construir uma teoria geral dos signos:
1. A Semiótica e a Ciência: a semiótica é ciência entre as ciências
e instrumento para as ciências, representando uma etapa
rumo à unificação das ciências. Morris elabora um duplo
objetivo para sistematizá-la, embora opte por pôr em prática
apenas o primeiro:
- Unificação: diversas abordagens do signo, das ciências
humanas, de todas as ciências, do espírito e da natureza;
- formalização e axiomatização em um sistema dedutivo.
A pragmática em uma semiótica
tripartite: contribuição de Morris
22. 2. Semiótica e Semiose:
a) A natureza do signo:
Em aquiescência a Pierce, Morris denomina semiose o processo
segundo o qual algo funciona como signo. Esse processo envolve
três fatores: o que age como signo (suporte), aquilo a que o signo
se refere e o efeito produzido sobre um intérprete:
Veículo, materi
alidade
Designatum
Interpretante
(Intérprete)
S
D
I
Semiose
23. O designatum não é idêntico ao objeto, mas consiste nas
propriedades dele que o signo permite ao intérprete perceber.
Todo signo possui um designatum, mas nem todo signo se refere a
um existente atual. Denotatum é o existente ao qual ele faz
referência. Os denotata são os membros de uma classe
(designatum) que possuem em comum certas propriedades
24. b) Dimensões e níveis da Semiose: as três relações diádicas
Relações dos signos com os objetos: dimensão semântica
(Dsem): admite o designatum como primeiro
termo, que, eventualmente, possui um denotatum.
Relação dos signos com os intérpretes: dimensão pragmática
(Dp): cabe primeiramente ao interpretante, reduzindo a uma
relação com o intérprete ou usuário dos signos.
Relação formal dos signos entre si: dimensão sintática (Dsin):
todo signo tem uma relação com outros signos, podendo-se
duvidar da existência de signos isolados.
25. A Semiótica faz uso de signos especiais para formular fatos
acerca dos signos. De início, ela era considerada pura, um sistema
dedutivo, com termos não definidos e enunciados primitivos.
Atualmente, por outro lado, há uma metalinguagem, utilizada para
descrever todas as situações em que os signos intervêm e cuja
aplicação caracteriza uma semiótica descritiva.
c) A linguagem: o pragmatista considera-a como uma atividade
de comunicação, de origem e natureza social:
L
Lsin
Lsem
Lp
26. 3. Sintaxe
Segundo a concepção formal de linguagem, ela é um conjunto de
elementos associados que segue as seguintes regras:
• As combinações permitidas dos membros do
conjunto (frases)
Regra de formação
• As combinações (frases) que se pode obter a
partir do que outras combinações
determinam.
Regra de transformação
27. A estrutura sintática organiza três tipos de signos segundo sua
correlação com os objetos:
• Denotam um objeto único. Não
caracteriza o que ele denota.
Indexicais
• Podem denotar uma pluralidade de
coisas e podem apresentar signos que
restringem sua aplicação. Se traz em si
propriedades do objeto que
denota, trata-se de um ícone. Senão, um
símbolo.
Caracterizantes
• Podem denotar tudo e estabelecer
relação com qualquer signo
Universais
Toda frase contém um signo dominante e signos
especificantes, que variam de acordo com as condições de
enunciação
28. 4. Semântica:
Semântica
Pura Semântica
Descritiva
Foi necessário o desenvolvimento da metalinguagem para que a
semântica pudesse se referir aos signos, aos objetos e à linguagem
objeto.
As regras semânticas: determina sob quais condições um signo
pode ser aplicado a um objeto ou
situação, determinando, portanto, o designatum.
A semântica pura fornece
termos e conceitos para
abordar a semântica da
semiose. Já a semântica
descritiva ocupa-se das
instâncias concretas.
29. 5. Pragmática:
É a ciência que trata da relação dos signos com seus
intérpretes, que, por serem, na maioria das vezes, organismos
vivos, pressupõem o conjunto de fenômenos
psicológicos, biológicos, e sociológicos vinculados ao
funcionamento dos signos.
Alguns conceitos essenciais à Pragmática:
intérprete, interpretante, convenção, levar em
consideração, verificar, compreender. Alguns da semiótica ainda
são relevantes como signo, linguagem, verdade e conhecimento.
A pragmática pressupõe a sintaxe e a semântica.
30. As regras pragmáticas enunciam as condições referentes aos
intérpretes sob as quais o signo-veículo é um signo. Elas exprimem
que condições devem ser preenchidas pelos intérpretes para que
funcionem determinadas expressões linguísticas.
O signo linguístico se define à medida que é utilizado em
combinação com outros signos, por membros de um grupo social.
Compreender a linguagem utilizada nesse grupo é seguir as regras
de seus usos correntes.
31. 6. Significado:
Para Morris não existe significado, nem verdade. Para ele, esse
é um conceito semiótico, tridimensional, e em alguns casos, o que
se entende por significado corresponde aos designata ou aos
denotata ou ao interpretante ou ainda o próprio processo da
semiose. A semiótica não se embasa em nenhuma teoria
particular do significado. Ela apenas transmite que alguns objetos
funcionam de certo modo no processo da semiose.
Em contraposição à psicologia associacionista, que caracterizava
o significado como algo pessoal, subjetivo e privado, interno ao
espírito do indivíduo e só a ele acessível, Morris afirma o caráter
potencialmente intersubjetivo do significado.
32. Carnap acreditava que a pragmática era uma ciência empírica.
Apesar da distinção que ele fazia entre semiótica pura e
descritiva, ele não concebia uma pragmática pura. Ele afirmava o
embasamento pragmático da linguística.
A linguística é uma disciplina empírica, oposta à lógica. Apenas a
sintaxe e a semântica descritivas se fundam sobre conhecimentos
pragmáticos. A sintaxe e a semântica puras, não. Mas não existe
pragmática pura. A Semântica descritiva, por sua vez, é uma parte
da pragmática.
Dois fundadores intermediários:
Carnap e Bar-Hillel
33. Bar-Hillel nota que Carnap mencionou que as linguagens
artificiais que ele estuda foram construídas de tal modo que os
contextos pragmáticos da produção de suas frases não têm
alcance.
Ele também percebe que Carnap faz uma distinção entre dois
tipos de dependência sobre contexto: não-essencial, quando o
contexto relacionado a uma frase é construído pelas frases que a
precedem; e essencial, quando ele é extralinguístico.
34. Stalkaner constata a negligência dada à pragmática até o
momento e classifica como vagas as definições de Morris e Carnap
para a semântica, rejeitando-as.
Pragmática formal: o programa
de Stalkaner [1972]
A sintaxe estuda as frases, a semântica estuda as proposições e
a pragmática estuda os atos de fala e os contextos nos quais eles
se realizam.
35. A pragmática tem, portanto, duas tarefas: definir os atos de fala
relevantes, que consiste na análise dos atos ilocucionários e
caracterizar os traços do contexto de enunciação que ajudam a
determinar a proposição que é expressa por uma certa frase.
Stalnaker sugere associar os contextos e os mundos possíveis
dos valores de verdade, considerando a proposição em função de
todos eles. Eles são chamados de pontos de referência e a
semântica pragmática estudaria a maneira pela qual os valores de
verdade dependem do contexto.
Na concepção pragmática, a pressuposição é uma atitude
proposicional, de forma que ela consiste em considerar uma
verdade estabelecida da proposição e admitir essa atividade para
outras pessoas desse mesmo contexto.
36. Para Stalkaner, a situação linguística corresponde ao conjunto
de todas as pressuposições feitas por uma pessoa em dado
contexto, determinando assim os mundos possíveis que são
compatíveis com as pressuposições precedentes. Para ele, tais
pressuposições, quando partilhadas, constituem o elemento mais
importante do contexto.
37. Pragmática em três graus: o
programa de Hansson [1974]
Hansson a uma unificação sistemática e à unificação de três
partes da pragmáticas que até então eram desenvolvidas
separadamente. Para isso, ele estabeleceu três graus:
Estudo dos
símbolos
indexicais
Como a
proposição
expressa se
liga à frase
pronunciada
Teoria dos
atos de fala
38. A pragmática do primeiro grau ou estudo dos símbolos
indexicais corresponde ao estudo das expressões ambíguas, ou
seja, a referência varia segundo as circunstâncias de seu uso
(contexto de enunciação).
A pragmática do segundo grau diz respeito ao estudo da ligação
entre a proposição expressa e a frase pronunciada, inclusive em
casos em que elas devem ser distinguidas. É um contexto
traduzido em termos de mundos possíveis.
A pragmática do terceiro grau corresponde à teoria dos atos de
fala, ou seja, deseja-se saber o que se realiza a partir da utilização
de certas formas linguísticas.