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REVISTA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA • Nº 84 • 2010 • ISSN 0103-8486




                        EDITORIAL / EDITORIAL............................................................................................................323


                        ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES

                        •	 Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino

                        	 fundamental......................................................................................................................................325

                        •	 Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): o que os educadores sabem?...........334

                        •	 Parceria no contexto escolar: uma experiência de ensino colaborativo para educação

                        	 inclusiva...........................................................................................................................................344

                        ARTIGOS DE PESQUISA / RESEARCH ARTICLES

                        •	 A vivência de professores sobre o processo de inclusão: um estudo da perspectiva da

                        	 Psicologia Histórico-Cultural.............................................................................................................352

                        •	 Produção textual: quando a linguagem escrita se torna objeto escolar.........................................363

                        ARTIGO ESPECIAL / SPECIAL ARTICLE

                        •	 Psicopedagogia no cotidiano escolar: impasses e descobertas com o ensino de nove anos......372

                        ARTIGOS DE REVISÃO / REVIEW ARTICLES

                        •	 O falante inocente: linguagem pragmática e habilidades sociais no autismo

                        	 de alto desempenho........................................................................................................................385

                        •	 Mind map como instrumento psicopedagógico de mediação para o desenvolvimento das

                        	 funções psicológicas superiores ....................................................................................................395

                        •	 Formação de professores e inclusão escolar de pessoas com deficiência: análise de

                        	 resumos de artigos na base SciELO.................................................................................................405

                        •	 Atuação psicopedagógica no contexto escolar: manipulação, não; contribuição, sim..........................417

                        RESENHAs / REVIEWs

                        •	 Educação à distância ......................................................................................................................428

                        •	 Intervenções clínicas: ação integrada com a Fonoaudiologia, a Psicopedagogia,

                            a Arteterapia,a Psicanálise e outros saberes....................................................................................430




         30
         ANOS
Associação Brasileira
                                                   de Psicopedagogia


                       Sede: Rua Teodoro Sampaio, 417 - Conj. 11 - Cep: 05405-000 - São Paulo - SP
                        Pabx: (11) 3085-2716 - 3085-7567 - www.abpp.com.br - psicoped@uol.com.br


                                       NúcleoS e Seções da abPp
                                                    (Dezembro de 2010)

Núcleo Espírito Santo                                                      Seção Paraná Sul
Coordenadora: Maria da Graça Von Kruger Pimentel                           Diretora Geral: Sonia Maria Gomes de Sá Kuster
   R. Elesbão Linhares, 420/601 – Canto da Praia                               R. Fernando Amaro, 431 – Alto da XV
   Vitória – ES – CEP 29057-220                                                Curitiba – PR – CEP 80050-020
   (027) 3225-9978                                                             (041) 363-8006
   mgvkp@terra.com.br                                                          abppprsul@hotmail.com
Núcleo Sul Mineiro                                                         Seção Pernambuco
Coordenadora: Júlia Eugênia Gonçalves                                      Diretora Geral: Maria das Graças Sobral Griz
   R. Deputado Ribeiro de Rezende, 494 - Centro                                R. das Pernambucanas, 277 – Graças
   Varginha – MG – CEP 37002-100                                               Recife – PE – CEP 52011-010
   (035) 3222-1214                                                             (081) 3222-4375 – 3231-1461
   julia@fundacaoaprender.org.br                                               abpppe@gmail.com
Seção Bahia
                                                                           Seção Piauí
Diretora Geral: Débora Silva de Castro Pereira
                                                                           Diretora Geral: Amélia Cunha Rio Lima Costa
    Av. Tancredo Neves, 3343 – Ed. Cempre – Sala 1103 –
    Torre B – Caminho das Árvores                                              R. Eletricista Guilherme, 815 – Ininga
    Salvador – BA – CEP 41820-021                                              Teresina – PI – CEP 64049-530
    (071) 3341-0121                                                            (086) 3233-2878
    abppsecao.ba@uol.com.br                                                    amelia.costa@ibest.com.br
                                                                               	
Seção Brasília                                                             Seção Rio de Janeiro
Diretora Geral: Marli Lourdes da Silva Campos                              Diretora Geral: Ana Paula Loureiro e Costa
    SCLN Quadra 102 – Bloco D – sala 110                                       Av. N. Sra. de Copacabana, 861 sala 302
    Brasília – DF – CEP 70722-540                                              Rio de Janeiro – RJ – CEP 22060-000
    (061) 3964-1004                                                            (021) 2236-2012 / Fax: (021) 2521-6902
    abppbsb@gmail.com                                                          abpp-rj@abpp_rj.com.br
                                                                               	
Seção Ceará                                                                Seção Rio Grande do Norte
Diretora Geral: Galeára Matos de França Silva                              Diretora Geral: Ednalva de Azevedo Silva
    R. Assis Chateaubriand, 362 A – Dionízio Torres                            R. São João, 1392 – Lagoa Sêca
    Fortaleza – CE – CEP 60135-200                                             Natal – RN – CEP 59022-390
    (085) 3261-0064 – 3268-2632                                                (084) 3223-6870
    psicop_ceara@yahoo.com.br                                                  psicopedrn@yahoo.com.br
                                                                               	
Seção Goiás                                                                Seção Rio Grande do Sul
Diretora Geral: Luciana Barros de Almeida                                  Diretora Geral: Fabiani Ortiz Portella
    Av. 85, 684 sala 207 – Ed. Eldorado Center –                               Av. Venâncio Aires, 1119/ sala 9
    Setor Oeste                                                                Porto Alegre – RS – CEP 90520-000
    Goiânia – GO – CEP 74120-090                                               (051) 3333-3690
    (062) 3954-2178                                                            abpp.rs@brturbo.com.br	
    psicopedagogiagoiasabpp@gmail.com	
                                                                           Seção Santa Catarina
Seção Minas Gerais
                                                                           Diretora Geral: Albertina Celina de Mattos Chraim
Diretora Geral: Regina Rosa dos Santos Leal
    R. Grão Mogol, 502 / 305 – Carmo Sion                                      R. Eurico Gaspar Dutra, 445, sl 101- Estreito
    Belo Horizonte – MG – CEP 30310-010                                        Florianópolis – SC – CEP 88075-100
    (031) 3221-3616                                                            (048) 3244-5984
    abppminasgerais@gmail.com                                                  abppsc@abppsc.com.br	

Seção Pará                                                                 Seção São Paulo
Diretora Geral: Maria Nazaré do Vale Soares                                Diretora Geral: Sônia Maria Colli
    Trav. 3 de Maio, 1218/ sl 105 – São Braz                                   R. Carlos Sampaio, 304 – cj. 51- sl 03
    Belém – PA – CEP 66060-600                                                 São Paulo – SP – CEP 01333-020
    (094) 3229-0565                                                            (011) 3287-8406
    abpppa@yahoo.com.br                                                        saopaulo@saopauloabpp.com.br	

Seção Paraná Norte                                                         Seção Sergipe
Diretora Geral: Geiva Carolina Calsa                                       Diretora Geral: Auredite Cardoso Costa
    R. Montevidéu, 206                                                         Av. Ivo Prado, 312 – Centro
    Maringá - PR - CEP 87030-470                                               Aracaju – SE – CEP 49010-050
    (044) 3026-1063                                                            (079) 3211-8668/ 3211-78903
    abpppr@ig.com.br                                                           auredite@hotmail.com
A Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) é
        uma entidade de caráter científico-cultural, sem fins
        lucrativos, que congrega profissionais militantes na área da
        Psicopedagogia.

        Em 12 de novembro de 1980, um grupo de profissionais já
        envolvidas e atuantes nas questões relativas aos problemas da
        aprendizagem fundou a Associação Estadual de
        Psicopedagogos do Estado de São Paulo, a AEP.
        Devido ao grande interesse em torno dessa Associação, a sua
        expansão a nível Nacional surgiu como necessidade imperiosa.
        Em 1986, a AEP transformou-se na ABPp e gradativamente
        foram sendo criados os seus escritórios de representação por
        todo o Brasil, denominados de Núcleos e Seções.

        Durante estes anos, a ABPp vem cuidando de questões
        referentes à formação, ao perfil, à difusão e ao
        reconhecimento da Psicopedagogia no Brasil, já tendo
        alcançado muitas vitórias na luta pela sua regulamentação.
        Atualmente, conta com 16 Seções e 2 Núcleos, espalhados
        pelo Brasil, para melhor divulgar a Psicopedagogia e
        aproximar os profissionais em torno de seus objetivos comuns.
30
 ANOS




        A ABPp promove conferências, cursos, palestras, jornadas,
        congressos, bem como a divulgação de trabalhos sobre sua
        área de atuação, por meio da revista científica
        Psicopedagogia, da Revista do Psicopedagogo, do informa-
        tivo Diálogo Psicopedagógico e do site www.abpp.com.br.
        Oferece, ainda, descontos tanto nos eventos que
        organiza quanto em eventos de terceiros, que são parceiros e
        interessados nos assuntos desta área.

        Preocupada com as questões sociais, a atual diretoria da
        ABPp Nacional organizou um novo trabalho de cunho
        sociocientífico, que visa não só ao atendimento
        da população carente, promovendo a inserção social e a
        divulgação da importância da prática psicopedagógica,
        como também à implantação de um novo modelo de estudo
        e pesquisa nesse campo. Dele poderão participar todos os
        associados interessados em prestar um trabalho social.

        Podem associar-se à ABPp todas as pessoas interessadas
        nessa área de atuação, tendo ou não concluído a sua
        especialização em Psicopedagogia.
            Rua Teodoro Sampaio, 417 - Conj. 11 - Cep: 05405-000
             São Paulo - SP - Pabx: (11) 3085-2716 - 3085-7567
                  www.abpp.com.br - psicoped@uol.com.br
Editora
Maria Irene Maluf	                       SP
Conselho Executivo
Maria Irene Maluf	                       SP
Quézia Bombonatto	                       SP
Cristina Valdoros Quilici	               SP


Conselho Editorial Nacional
Ana Lisete Rodrigues	                    SP   Maria Célia Malta Campos 	          SP
Anete Busin Fernandes            	       SP   Maria Cristina Natel	               SP
Beatriz Scoz             	               SP   Maria Lúcia de Almeida Melo	        SP
Débora Silva de Castro Pereira 	         BA
                                              Maria Silvia Bacila Winkeler	       PR
Denise da Cruz Gouveia 	                 SP
Edith Rubinstein 	                       SP   Marisa Irene Siqueira Castanho	     SP
Elcie Salzano Masini         	           SP   Mônica H. Mendes        	           SP
Eloísa Quadros Fagali      	             SP   Nádia Bossa          	              SP
Evelise Maria L. Portilho 	              PR   Neide de Aquino Noffs       	       SP
Gláucia Maria de Menezes Ferreira 	      CE   Nívea M.de Carvalho Fabrício    	   SP
Heloisa Beatriz Alice Rubman 	           RJ
                                              Regina Rosa dos Santos Leal	        MG
Leda M. Codeço Barone 	                  SP
Margarida Azevedo Dupas 	                SP   Rosa M. Junqueira Scicchitano 	     PR
Maria Auxiliadora de Azevedo Rabello	    BA   Sônia Maria Colli de Souza    	     SP
Maria Cecília Castro Gasparian 	         SP   Vânia Carvalho Bueno de Souza 	     SP


Conselho Editorial Internacional
Alicia Fernández 	      -	   Argentina
Carmen Pastorino	       -	   Uruguai
César Coll	             -	   Espanha
Isabel Solé	            -	   Espanha
Maria Cristina Rojas	   -	   Argentina
Neva Milicic	           -	   Chile
Vitor da Fonseca	       -	   Portugal


Consultores ad hoc
Ana Maria Maaz Acosta Alvarez
Jaime Zorzi
Lino de Macedo
Lívia Elkis	
Luiza Helena Ribeiro do Valle
Pedro Primo Bombonato
Saul Cypel
Sylvia Maria Ciasca
Associação Brasileira
de Psicopedagogia

Rua Teodoro Sampaio, 417 - Conj. 11 - Cep: 05405-000
São Paulo - SP - Pabx: (11) 3085-2716 - 3085-7567
www.abpp.com.br
psicoped@uol.com.br

PSICOPEDAGOGIA – Órgão oficial de divulgação             7)	 INDEX PSI – Periódicos – Conselho
da Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPp            Federal de Psicologia
é indexada nos seguintes órgãos:                         8)	 DBFCC – Descrição Bibliográfica
                                                             Fundação Carlos Chagas
1)	 LILACS - Literatura Latino-Americana e               Editora Responsável: Maria Irene Maluf
    do Caribe em Ciências da Saúde -
    BIREME                                               Jornalista Responsável: Rose Batista – 28.268
2)	 Clase - Citas Latinoamericanas en Cien-              Revisão e Assessoria Editorial:
    cias Sociales y Humanidades. Universidad             Rosângela Monteiro
    Nacional Autónoma de Mexico
                                                         Editoração Eletrônica: Sollo Comunicação
3)	 Edubase - Faculdade de Educação, Uni-
    camp                                                 Impressão: Sollo Press
4)	 Bibliografia Brasileira de Educação - BBE
    CIBEC / INEP / MEC
                                                         O conteúdo dos artigos aqui publicados é de
5)	 Latindex - Sistema Regional de Informa-
                                                         inteira responsabilidade de seus autores, não
    ción en Línea para Revistas Científicas
    de América Latina, El Caribe, España y               expressando, necessariamente, o pensamento
    Portugal                                             do corpo editorial.
6)	 Catálogo Coletivo Nacional – Instituto               É expressamente proibida qualquer modali-
    Brasileiro em Ciência e Tecnologia –                 dade de reprodução desta revista, seja total ou
    IBICT                                                parcial, sob penas da lei.


            Psicopedagogia: Revista da Associação Brasileira de Psicopedagogia /
               Associação Brasileira de Psicopedagogia. - Vol. 10, nº 21 (1991). São
               Paulo: ABPp, 1991-


               Quadrimestral

               ISSN 0103-8486


               Continuação, a partir de 1991, vol. 10, nº 21 de Boletim da
            Associação Brasileira de Psicopedagogia.

               1. Psicopedagogia. I. Associação Brasileira de Psicopedagogia.

                                                                                  CDD 370.15
Diretoria da Associação
Brasileira de Psicopedagogia
2008/2010
Diretoria Executiva
Presidente                              Diretora Científica Adjunta
Quézia Bombonatto                       Márcia Simões
queziabombonatto@abpp.com.br            marciasimoes@abpp.com.br
Vice-Presidente
Cristina Valdoros Quilici               Diretora Cultural
cristinaquilici@abpp.com.br             Yara Marlene Prates
Tesoureira                              yara@donquixote.com.br
Maria Cecília Castro Gasparian          Relações Públicas
mcgasparian@uol.com.br                  Telma Pantano
Secretária Administrativa               telmapantano@terra.com.br
Maria Teresa Messeder Andion
                                        Relações Públicas Adjunta
teresahandeon@abpp.com.br
Diretora Científica                     Edimara de Lima
Nádia Aparecida Bossa                   edimara.lima@terra.com.br
nadiabossa@abpp.com.br



Assessorias
Assessora de Divulgações Científicas    Assessora de Reconhecimento e Cursos	
Maria Irene Maluf                       Neide Aquino Noffs
irenemaluf@uol.com.br                   neidenoffs@abpp.com.br


Assessorias Regionais
Assessora Regional Bahia	               Assessora Regional Paraná	
Maria Angélica Moreira Rocha            Rosa Maria Schiccitano
maangelicarocha@gmail.com               rosamaria@uel.br
Assessora Regional Ceará	
Maria José Weyne Melo de Castro
mjweyne@yahoo.com.br


Conselheiras Vitalícias
Beatriz Judith Lima Scoz	          Sp   Maria Irene Maluf	                    Sp
Edith Rubinstein	                  Sp   Mônica H. Mendes	                     Sp
Leda Maria Codeço Barone	          Sp   Neide de Aquino Noffs	                Sp
Maria Cecília Castro Gasparian	    SP   Nívea Maria de Carvalho Fabrício	     Sp
Maria Célia Malta Campos	          Sp


Conselheiras Eleitas (2008/2010)
Carla Labaki	                      SP   Maria Helena Bartholo	                RJ
Cleomar Landim de Oliveira	        SP   Maria José Weyne M. de Castro	        CE
Cristina Vandoros Quilici	         SP   Marisa Irene Siqueira Castanho	       SP
Ednalva de Azevedo Silva	          RN   Marli Lourdes da Silva Campos	        DF
Eloisa Quadros Fagali	             SP   Miriam do P  .S.F. Vidigal Fonseca	   MG
Evelise Maria Labatut Portilho	    PR
                                        Nadia Aparecida Bossa	                SP
Galeára Matos de França Silva	     CE
Heloisa Beatriz Alice Rubman	      RJ   Neusa Kern Hickel	                    RS
Janaina Carla R. dos Santos	       GO   Quézia Bombonatto	                    SP
Jozelia de Abreu Testagrossa	      BA   Rosa Maria J. Scicchitano	            PR
Luciana Barros de Almeida Silva	   GO   Silvia Amaral de Mello Pinto	         SP
Maria Auxiliadora de A. Rabello	   BA   Sonia Maria Colli de Souza	           SP
Maria Cristina Natel	              SP   Yara Prates	                          SP
Associação Brasileira
de Psicopedagogia
sumário



EDITORIAL / EDITORIAL
•	 Maria Irene Maluf.........................................................................................................................323


ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES
•	.. Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental
	   Knowledge of letters, syllables and words by students 1st and 2nd grades of basic education
	   Mayara Pessoa de Moraes; Simone Aparecida Capellini...........................................................325


•	 Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): o que os educadores sabem?
	   Attention-deficit hyperactivity disorder (ADHD): what teachers know?
	   Marília Piazzi Seno ......................................................................................................................334


•	 Parceria no contexto escolar: uma experiência de ensino colaborativo para educação inclusiva
	   Partnership in the school environment: a collaborative teaching experience for inclusive
    education
	   Andréa Carla Machado; Maria Amélia Almeida........................................................................344


ARTIGOS DE PESQUISA / RESEARCH ARTICLES
•	 A vivência de professores sobre o processo de inclusão: um estudo da perspectiva da
   Psicologia Histórico-Cultural
	   The experience of teacher about the process of inclusion: a study of perspective of Historical-
    Cultural Psychology
	   Eveline Tonelotto Barbosa; Vera Lucia Trevisan de Souza.........................................................352


•	 Produção textual: quando a linguagem escrita se torna objeto escolar
	   Literal production: when the written language becomes school object
	   Denise Miyabe da Silva................................................................................................................363


ARTIGO ESPECIAL / SPECIAL ARTICLE
•	 Psicopedagogia no cotidiano escolar: impasses e descobertas com o ensino de nove anos
	   Psychoeducation in everyday school dilemmas and discoveries: with teaching nine years
	   Fabiani Ortiz Portella; Neusa Kern Hickel..................................................................................372


ARTIGOS DE REVISÃO / REVIEW ARTICLES
•	 O falante inocente: linguagem pragmática e habilidades sociais no autismo de alto
   desempenho
	   The innocent speaker: pragmatic language in high functioning autism
	   Renata Mousinho..........................................................................................................................385
•	 Mind map como instrumento psicopedagógico de mediação para o desenvolvimento das
   funções psicológicas superiores
	   Mind map as mediation strategy for the development of higher psychological functions
	   Lucy Duró Matos...........................................................................................................................395
•	 Formação de professores e inclusão escolar de pessoas com deficiência: análise de resumos de
   artigos na base SciELO
	   Teacher education and school inclusion of deficient people: analysis of SciELO articles’ abstracts
	   Marcos Vinícius de Araújo; Robson Jesus Rusche; Rinaldo Molina; Luiz Renato Rodrigues
    Carreiro..........................................................................................................................................405


•	 Atuação psicopedagógica no contexto escolar: manipulação, não; contribuição, sim
	   Educational psychology practice in the school framework: not to manipulation, yes to
    contribution
	   Idalina Amélia Mota Pontes..........................................................................................................417


RESENHAS / REVIEWS
•	 Educação à distância
	   Distance education
	   Geraldina Porto Witter...................................................................................................................428


•	 Intervenções clínicas: ação integrada com a Fonoaudiologia, a Psicopedagogia, a
   Arteterapia, a Psicanálise e outros saberes.
	   Clinical interventions: integrated action with Phonoaudiology, Psychopedagogy, Art Therapy,
    Psychoanalysis, and other knowledge
	   Marisa Irene Siqueira Castanho...................................................................................................430
EDITORIAL




C
         omo editora da revista Psicopedagogia desde janeiro de 2003, tenho
         a honra de encerrar este volume, em dezembro de 2010, relembrando
         aos associados da ABPp e aos nossos leitores que esta publicação,
agora inteiramente online, integra o portal de Periódicos Eletrônicos de
Psicologia (PePSIC). A PePSIC é uma fonte da Biblioteca Virtual em Saúde -
Psicologia da União Latino-Americana de Entidades de Psicologia (BVS-Psi
ULAPSI), fruto da parceria entre Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia
Brasileira (FENPB), Biblioteca Dante Moreira Leite do Instituto de Psicologia
da Universidade de São Paulo (IP/USP) e do Centro Latino Americano e do
Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME). Pode ser livremente
acessada em todas as partes do mundo pelo endereço: http://pepsic.bvsalud.
org/scielo.php?script=sci_serial&pid=0103-8486&lng=pt&nrm=iso
    É possível, também, ler nossas revistas na íntegra, a partir do site da ABPp
(www.abpp.com.br), onde também estão disponíveis as Normas de Publicação
para que novos artigos nos sejam encaminhados.
    Dois artigos originais abrem este número. O primeiro, encaminhado por
Mayara Pessoa de Moraes e Simone Aparecida Capellini, “Conhecimento de
letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental”,
é uma contribuição valiosa no momento em que tantas discussões se dão em
torno das questões da alfabetização em nossas escolas.
    Outra questão muito debatida e importante, pelo impacto que acarreta na
vida das crianças, é tratada no artigo de Marília Piazzi Seno, “Transtorno do
Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): o que os educadores sabem?”.
    É de Andréa Carla Machado e Maria Amélia Almeida, o artigo que se
apresenta a seguir, “Parceria no contexto escolar: uma experiência de ensino
colaborativo para educação inclusiva”, cujo objetivo foi avaliar os efeitos de
uma prática de leitura pautada no ensino colaborativo em alunos de uma sala
regular, onde um dentre eles apresentava necessidades educacionais especiais.
    “A vivência de professores sobre o processo de inclusão: um estudo da
perspectiva da psicologia histórico-cultural” é um interessante artigo, no qual
Eveline Tonelotto Barbosa e Vera Lucia Trevisan de Souza analisam a percepção,
os sentimentos e as vivências de professores sobre seu papel na inclusão de
alunos com necessidades educacionais especiais.
    A avaliação da aprendizagem da linguagem escrita na escola e a reflexão
sobre o papel do professor mediador nesse processo são os objetos de pesquisa
em “Produção textual: quando a linguagem escrita se torna objeto escolar”, de
Denise Miyabe da Silva, que antecede o artigo “Psicopedagogia no cotidiano
escolar: impasses e descobertas com o ensino de nove anos”, de Fabiani Ortiz
Portella e Neusa Kern Hickel, que tão bem discorre sobre essa questão que
tanto refletiu sobre o trabalho dos psicopedagogos nos dias atuais.
    Logo após temos o artigo de Renata Mousinho, “O falante inocente:
linguagem pragmática e habilidades sociais no autismo de alto desempenho”,     8

                       Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 323-4

                                       323
EDITORIAL




8 no qual a autora articula a relação entre as habilidades sociais e a linguagem
   pragmática apresentada por indivíduos com autismo de alto desempenho.
       “Mind Map como instrumento psicopedagógico de mediação para o desen-
   volvimento das funções psicológicas superiores”, de Lucy Duró Matos, redire-
   ciona nosso olhar para o uso desse recurso capaz de desenvolver a atenção, a
   capacidade de organização, a lógica, a classificação, entre outras operações
   mentais de importância para a aprendizagem.
       Um artigo que poderá orientar muitos estudos foi enviado por Marcos
   Vinícius de Araújo, Robson Jesus Rusche, Rinaldo Molina e Luiz Renato
   Rodrigues Carreiro, “Formação de professores e inclusão escolar de pessoas com
   deficiência: análise de resumos de artigos na base SciELO”. Consiste em uma
   revisão bibliográfica de artigos que tratam da formação de professores para a
   inclusão escolar da pessoa com deficiência, tendo como base os resumos de
   artigos publicados na SciELO até o primeiro semestre de 2010.
       “Atuação psicopedagógica no contexto escolar: manipulação, não; contri-
   buição, sim”, de Idalina Amélia Mota Pontes, aponta para a importância da
   atuação preventiva do psicopedagogo no contexto escolar, onde muitas infor-
   mações e vários aspectos têm que ser observados e analisados.
       “Educação à distância e ensino superior: introdução didática a um tema
   polêmico” é o livro de Reginaldo C. Moraes, resenhado por Geraldina Porto
   Witter, que nos conduz ao centro de uma reflexão importantíssima de nossos
   dias: o uso da tecnologia na Educação. Esta edição, conta, também, com a
   resenha do livro de autoria de Márcia Simões, intitulado “Intervenções clínicas:
   ação integrada com a Fonoaudiologia, a Psicopedagogia, a Arteterapia, a
   Psicanálise e outros saberes”, realizada por Maria Irene Siqueira Castanho.
   Nesta resenha são discutidas as interfaces entre as várias ciências, que devem
   trabalhar de maneira integrada na busca da melhor compreensão e abordagem
   dos problemas da aprendizagem.
       Todos esses trabalhos, frutos de estudos e pesquisas cientificamente abali-
   zadas, nos foram generosamente enviados por seus autores aos quais agrade-
   cemos em nome da ABPp, do Conselho Editorial da revista Psicopedagogia e
   de nossos leitores, a quem desejamos uma boa e proveitosa leitura!




                                                                    Maria Irene Maluf
                                                                               Editora




                          Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 323-4

                                          324
Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental
                                                       ARTIGO ORIGINAL




Conhecimento de letras, sílabas e palavras
 por escolares de 1º e 2º anos do ensino
                                           fundamental
                           Mayara Pessoa de Moraes; Simone Aparecida Capellini



            RESUMO – Objetivo: Verificar e comparar o desempenho de escolares
        de 1º e 2º anos do ensino fundamental sobre conhecimento de letras, sílabas
        e palavras em três momentos de avaliação. Método: Participaram deste
        estudo 19 escolares de ensino público municipal do 1º e 2º ano do ensino
        fundamental do município de Marília-SP, de ambos os gêneros, na faixa
        etária de 6 a 7 anos e 11 meses de idade. Os escolares foram distribuídos
        em GI: composto por 9 escolares do 1º ano do ensino fundamental e
        GII: composto por 10 escolares do 2º ano do ensino fundamental. Os
        dois grupos foram submetidos à aplicação da adaptação brasileira do
        Protocolo de identificação e detecção precoce de dislexia. Este protocolo
        foi composto por duas partes denominadas nível de leitura e identificação
        de erros específicos. Os resultados foram analisados estatisticamente,
        visando à comparação de desempenho dos grupos nos três momentos de
        avaliação. Resultados: Os resultados revelaram diferenças estatisticamente
        significantes, evidenciando que o desempenho dos dois grupos foi superior
        quando comparado o primeiro com o terceiro momento de avaliação.
        Conclusão: Os resultados deste estudo permitiram concluir que, ao longo do
        ano escolar, os escolares do GI e os escolares do GII adquiriram a capacidade
        de conhecimento e reconhecimento de letras, sílabas e palavras, além da
        capacidade de identificar e reconhecer erros de inversão, demonstrando
        que os escolares sem dificuldades de aprendizagem se apropriam do
        princípio alfabético do sistema de escrita do português brasileiro sendo
        expostos a tarefas de leitura e escrita em contexto de sala de aula.
           UNITERMOS: Leitura. Avaliação. Aprendizagem. Ensino.




Mayara Pessoa de Moraes – Discente do Curso de                    Correspondência
Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências               Simone Aparecida Capellini
da Universidade Estadual Paulista - FFC/UNESP-                    Rua Hygino Muzzy Filho, 737 – Campus Universitário
Marília-SP. Bolsista de Extensão Universitária – PROEX            – Marília, SP, Brasil – CEP: 17525-900.
– UNESP.                                                          E-mail: sacap@uol.com.br
Simone Aparecida Capellini – Fonoaudióloga. Doutora
e Pós-Doutora em Ciências Médicas pela Faculdade
de Ciências Médicas da Universidade Estadual de
Campinas, FCM/UNICAMP-Campinas – SP. Docente
do Departamento de Fonoaudiologia e Programa de
Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Filosofia
e Ciências da Universidade Estadual Paulista - FFC/
UNESP-Marília-SP.


                                         Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33

                                                            325
Moraes MP & Capellini SA




    INTRODUÇÃO                                          quecer que a ausência deste conhecimento por
    Segundo a literatura1,2, o conhecimento das         parte dos escolares é considerada na literatura
                                                                 4-14               15,16
letras é um dos melhores antecipadores da               nacional e internacional          um dos sinais da
aprendizagem da leitura, sendo assim, crianças          dislexia, por isso é importante que os profissio-
com dificuldades de leitura apresentaram a              nais que atuam na Educação estejam atentos
tendência de demonstrar menor conhecimento              para a verificação deste conhecimento em fase
de letras do que as crianças sem dificuldades de        inicial de alfabetização.
leitura3. O reconhecimento das letras implica em           Com base no exposto acima este estudo tem
um processamento cognitivo semelhante ao da             por objetivo verificar e comparar o desempenho
leitura, uma vez que ambos os processos estão           de escolares de 1º e 2º anos do ensino funda-
associados às mesmas habilidades de proces-             mental no conhecimento de letras, sílabas e
samento fonológico: a consciência fonológica, a         palavras em três momentos de avaliação.
memória de trabalho fonológica e a velocidade
de acesso às informações fonológicas4,5.                    MÉTODO
    O conhecimento do nome das letras induz                 Este estudo foi aprovado pelo Comitê de
a criança a aprender a ler por meio do pro-             Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia e
cessamento parcial das relações letra-som nas           Ciências da Universidade Estadual Paulista –
palavras, concluindo, assim, que crianças que           CEP/FFC/UNESP, sob o nº 1134/2009.
conhecem os nomes das letras aprendem a ler                 Participaram deste estudo 19 escolares de
as grafias fonéticas mais facilmente do que as          ensino público municipal do 1º e 2º ano do en-
grafias visuais6. Outros autores7 afirmaram que a       sino fundamental do município de Marília-SP,
base fônica pode ser útil para as crianças não so-      de ambos os gêneros, na faixa etária de 6 a 7
mente pela aprendizagem da relação letra-som,           anos e 11 meses de idade. Os escolares foram
mas por fazer uma aproximação ortográfica,              distribuídos em dois grupos:
dando à criança a oportunidade para descobrir                  •	 Grupo I (GI): composto por 9 escolares
além do princípio alfabético, o conhecimento                      do 1º ano do ensino fundamental de
da ortografia da língua escrita.                                  escola pública municipal, sendo 6 do gê-
    Para que haja compreensão do princípio                        nero feminino e 3 do gênero masculino;
alfabético da correspondência grafo-fonêmica,                  •	 Grupo II (GII): composto por 10 escolares
a criança necessita entender que as letras cor-                   do 2º ano do ensino fundamental de esco-
respondem a segmentos sonoros sem signifi-                        la pública municipal, sendo 6 do gênero
cados8,9. A compreensão de que existe relação                     masculino e 4 do gênero feminino.
entre letras e sons da fala é, segundo vários               Os escolares que participaram deste es-
pesquisadores, o modelo ideal do sistema al-            tudo não apresentaram anotações referentes
fabético10-12. Entretanto, na língua portuguesa         à deficiência sensorial, motora ou cognitiva,
existem várias situações nas quais nem sem-             alterações de fala, linguagem e queixas audi-
pre existe correspondência única, acarretando           tivas ou visuais em prontuário escolar e foram
confusões quanto à escolha do grafema a ser             considerados como indivíduos sem dificuldades
decodificado ou simbolizado no ato da leitu-            de aprendizagem pelos professores. O critério
ra1,13, por isto a necessidade do conhecimento          utilizado pelos professores para a indicação dos
das letras do alfabeto e todas as suas formas de        escolares sem dificuldades de aprendizagem
representação sonora.                                   incluiu o desempenho satisfatório em Língua
    Além do fato do conhecimento de letras              Portuguesa e Matemática em dois bimestres
favorecer o conhecimento da estrutura das               consecutivos.
palavras, a partir da composição das mesmas                 Os dois grupos foram submetidos aos seguin-
para formação de sílabas. Não podemos es-               tes procedimentos:


                                  Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33

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Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental




      •	 Termo de consentimento Pós-Informa-                        O material linguístico utilizado para a
          do: conforme resolução do Conselho                    adaptação do procedimento para a realidade
          Nacional de Saúde CNS 196/96, an-                     brasileira foi extraído de um banco de pala-
          teriormente ao início das avaliações,                 vras de livros didáticos de 1ª série utilizados
          os pais ou responsáveis dos pacientes                 na rede municipal de ensino da cidade de
          selecionados assinaram o termo de                     Marília-SP. A partir deste banco de dados,
          Consentimento Pós-Informado para                      as palavras utilizadas para adaptação das
          autorização da realização do estudo;                  provas seguiram as regras de decodificação
      •	 Protocolo de identificação e detecção                  do português brasileiro descrito por Scliar-
          precoce da dislexia: foi aplicado o                   Cabral 18.
          Protocolo de identificação e detecção                     O protocolo foi aplicado de forma individu-
          precoce da dislexia17, com revisão dos                al, em sala apropriada indicada pela direção
          itens linguísticos realizada pelas au-                da escola, em três momentos de avaliação,
          toras deste estudo. Este protocolo foi                em junho, em setembro e em dezembro do
          composto por duas partes, denomina-                   ano de 2009, com tempo médio de duração de
          dos nível de leitura e identificação de               45 minutos, para verificação da evolução dos
          erros específicos.                                    escolares no domínio do conhecimento das
   A primeira parte do Protocolo, denominada                    letras, sílabas e palavras.
Nível de Leitura, foi subdividida em 3 subprovas:                   Os resultados foram analisados estatistica-
   Primeiro nível de leitura: composto por pro-                 mente utilizando o Teste de Mann-Whitney,
vas de identificação de nome das letras, de som                 com o objetivo de verificar possíveis diferenças
da letra, de sílaba simples;                                    entre os grupos. O Teste de Friedman foi apli-
   Segundo nível de leitura: composto por pro-                  cado com o intuito de comparar o desempenho
vas de leitura de sílabas diretas com consoantes                dos grupos nos três momentos de avaliação.
de duplo sentido no som, sílabas diretas com                    Foi utilizado o Teste dos Postos Sinalizados de
dígrafos, sílabas diretas com consoantes segui-                 Wilcoxon, ajustado pela Correção de Bonferro-
das de “u”, sílabas diretas com consoantes de                   ni, para identificar qual ou quais os momentos
duplo som conforme a posição na palavra, síla-                  de avaliação em que os grupos apresentaram
bas indiretas de nível simples, sílabas indiretas               melhor desempenho.
de nível complexo, sílabas complexas, sílabas
com ditongos;                                                       RESULTADOS
   Terceiro nível de leitura: composto por provas                   A Tabela 1 apresenta a distribuição da
de leitura de sílabas com ditongo de nível com-                 média, desvio padrão e valor de p referente
plexo, sílabas com grupos consonantais de nível                 ao desempenho dos escolares do GI e GII, res-
simples, sílabas com grupos consonantais de                     pectivamente, quanto a identificação de nomes
nível complexo, sílabas com grupos consonantais                 das letras, de som da letra e de sílaba simples,
e ditongos de nível simples, sílabas com grupos                 nos três momentos de avaliação. Com a aplica-
consonantais e ditongos de nível complexo.                      ção do Teste de Mann-Whitney, é possível que
   A segunda parte do Protocolo, denominada                     os escolares do GI apresentaram na prova C,
de Identificação de Erros Específicos é composta                composta por sílabas simples, diferenças esta-
por provas de identificação de erros por inver-                 tisticamente significantes, que indicam que nos
sões de letras, inversões de palavras completas,                três momentos de avaliação os escolares deste
inversões de letras dentro da palavra, inversões                grupo apresentaram desempenho inferior ao
de ordem da sílaba na palavra, além de uma                      GII, sugerindo que a capacidade para a leitura
prova com letras possíveis de serem confundi-                   de sílabas simples é adquirida no final do pri-
das pelo som no início da palavra.                              meiro ano escolar.


                                       Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33

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Moraes MP & Capellini SA




   Tabela 1 – Distribuição da média, desvio padrão e valor            Tabela 2 - Distribuição da média, desvio padrão e valor de p
   de p referente ao desempenho dos escolares no 1º nível de           referente ao desempenho dos escolares no 2º nível de leitura,
             leitura, em três momentos de avaliação.                                  em três momentos de avaliação.
Provas Grupo Média Desvio-padrão Valor de p                          Provas Grupo Média Desvio-padrão Valor de p
              I       19,22         3,27                                           I      1,22         1,92
  A1                                                 0,429             A1                                               0,013*
             II       19,70         3,97                                          II      5,30         3,40
              I       21,11         2,21                                           I      4,44         3,17
  A2                                                 0,439             A2                                                0,242
             II       21,50         2,95                                          II      5,70         3,16
              I       21,11         2,67                                           I      5,67         2,78
  A3                                                 0,181             A3                                                0,074
             II       22,60         0,97                                          II      7,40         0,97
              I        9,67         5,50                                           I      0,22         0,67
  B1                                                 0,562             B1                                               0,009*
             II        8,30         5,77                                          II      3,20         2,82
              I       11,44         6,23                                           I      0,78         1,09
  B2                                                 0,107             B2                                               0,008*
             II       16,10         6,77                                          II      4,10         2,42
              I       17,78         5,47                                           I      2,78         2,17
  B3                                                 0,066             B3                                               0,046*
             II       21,70         0,68                                          II      4,90         1,91
              I        3,78         6,20                                           I      0,44         1,01
  C1                                                 0,048*            C1                                                0,156
             II       13,20         9,47                                          II      1,50         1,72
              I        8,00         7,42                                           I      0,33         0,71
  C2                                                 0,017*            C2                                               0,009*
             II       16,40         8,17                                          II      2,20         1,69
              I       13,56         8,26                                           I      0,89         1,17
  C3                                                 0,046*            C3                                               0,003*
             II       19,80         3,62                                          II      3,10         1,20
                                                                                   I      0,22         0,67
Legenda: A: nome da letra; B: som da letra; C: sílabas diretas         D1                                               0,046*
                                                                                  II      1,90         2,03
com consoantes de sons simples; 1: primeira avaliação; 2:
segunda avaliação; 3: terceira avaliação.                                          I      0,78         1,39
                                                                       D2                                                0,150
                                                                                  II      2,10         2,03
                                                                                   I      1,89         2,03
                                                                       D3                                                0.066
                                                                                  II      3,70         1,49
    A Tabela 2 apresenta a distribuição da mé-                                     I      0,33         1,00
                                                                       E1                                               0,030*
dia, desvio padrão e valor de p referente ao                                      II      2,40         2,55
                                                                                   I      1,44         1,81
desempenho dos escolares do GI e GII, respec-                          E2                                                0,080
                                                                                  II      3,40         2,80
tivamente, quanto ao desempenho no segundo                                         I      2,00         2,60
                                                                       E3                                               0,044*
nível de leitura. Aplicando o Teste de Mann-                                      II      4,50         2,17
                                                                                   I      0,44         1,33
Whitney, foi possível verificar que, durante o                         F1                                               0,016*
                                                                                  II      2,60         2,46
1º momento de avaliação, os escolares do GII                                       I      1,22         1,64
                                                                       F2                                                0,108
apresentam desempenho superior aos escolares                                      II      3,30         2,91
                                                                                   I      1,78         2,68
do GI na maioria das provas deste nível, com                           F3
                                                                                  II      3,60         2,68
                                                                                                                         0,138
exceção à prova de leitura de sílabas diretas                                      I      0,00         0,00
                                                                       G1                                               0,017*
com consoantes de sons seguidas de “u”.                                           II      2,90         3,07
                                                                                   I      0,00         0,00
    Além disso, nesta tabela podemos verificar                         G2
                                                                                  II      3,10         3,07
                                                                                                                        0,007*
qu, no terceiro momento de avaliação, tanto                                        I      2,33         2,45
                                                                       G3                                                0,063
os escolares do GI como do GII apresentaram                                       II      4,40         2,01
                                                                                   I      0,33         1,00
desempenho similar para a leitura de sílabas                           H1
                                                                                  II      4,20         4,54
                                                                                                                        0,047*
diretas com consoantes de duplo sentido no                                         I      2,11         2,98
                                                                       H2                                               0,048*
som, de sílabas diretas com consoantes de                                         II      6,00         4,30
                                                                                   I      4,78         4,79
duplo som conforme a posição na palavra, de                            H3
                                                                                  II      7,80         3,26
                                                                                                                         0,147
sílabas indiretas de nível complexo, de sílabas                   Legenda: A: sílabas diretas com consoantes de duplo sentido
complexas e de sílabas com ditongos, indicando                    no som; B: sílabas diretas com dígrafos; C: sílabas diretas
                                                                  com consoantes seguidas de “u”; D: sílabas diretas com
que a capacidade para o reconhecimento das                        consoantes de duplo som conforme a posição na palavra, E:
                                                                  sílabas indiretas de nível simples; F: sílabas indiretas de nível
sílabas com tais complexidades é adquirida ao                     complexo; G: sílabas complexas, H: sílabas com ditongos; 1:
longo do primeiro ano escolar. A diferença es-                    primeira avaliação; 2: segunda avaliação; 3: terceira avaliação.



                                          Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33

                                                               328
Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental




tatisticamente significante foi verificada entre                     Tabela 3 - Distribuição da média, desvio padrão e valor
os grupos no terceiro momento de avaliação,                         de p referente ao desempenho dos escolares no 3º nível de
para a leitura de sílabas diretas com dígrafos,                               leitura, em três momentos de avaliação.
                                                                 Provas Grupo Média Desvio-padrão Valor de p
de sílabas diretas com consoantes seguidas de
                                                                               I        0,22         0,67
“u” e sílabas indiretas de nível simples, indi-                    A1                                                 0,047*
                                                                              II        2,50         2,68
cando que a capacidade de leitura para estas
                                                                               I        1,11         1,83
complexidades silábicas é superior no GII,                         A2                                                 0,144
                                                                              II        2,80         2,66
sugerindo que tal capacidade é adquirida no
                                                                               I        2,44         2,83
segundo ano escolar.                                               A3                                                 0,157
                                                                              II        4,40         2,27
    A Tabela 3 apresenta a distribuição da
                                                                               I        0,00         0,00
média, desvio padrão e valor de p referente                        B1                                                 0,017*
                                                                              II        2,60         2,88
ao desempenho dos escolares do GI e GII,
                                                                               I        0,44         1,33
respectivamente, no terceiro nível de leitura.                     B2                                                 0,046*
                                                                              II        2,90         3,07
Analisando-a também de acordo com o Teste
                                                                               I        2,44         2,51
de Teste de Mann-Whitney, notamos que, no                          B3                                                 0,139
                                                                              II        4,00         2,54
1º momento de avaliação, os escolares do GII
                                                                               I        0,11         0,33
apresentaram desempenho superior em todas                          C1                                                 0,047*
                                                                              II        2,70         2,91
as provas se comparado ao 2º momento de                                        I        0,33         1,00
avaliação em todas as categorias de palavras                       C2                                                 0,022*
                                                                              II        3,20         3,01
para leitura, no entanto, ao observarmos                                       I        2,22         2,77
o 3º momento de avaliação, esta diferença                          C3                                                 0,143
                                                                              II        4,00         2,54
estatisticamente significante não ocorreu,                                     I        0,00         0,00
sugerindo que a capacidade de ler palavras                         D1                                                 0,018*
                                                                              II        2,00         2,63
com sílaba com ditongo de nível complexo,                                      I        0,33         1,00
sílaba com grupos consonantais de nível sim-                       D2                                                 0,023*
                                                                              II        3,00         2,87
ples, sílaba com grupos consonantais de nível                                  I        2,67         2,69
complexo, sílabas com grupos consonantais e                        D3                                                 0,186
                                                                              II        4,20         2,44
ditongos de nível simples, sílaba com grupos                                   I        0,00         0,00
                                                                   E1                                                 0,017*
consonantais e ditongos de nível complexo se                                  II        2,90         3,38
estabelece ao final do 1º ano escolar.                                         I        0,22         0,67
                                                                   E2                                                 0,023*
    As Tabelas 4 e 5 apresentam a distribuição                                II        3,40         3,41
da média, desvio padrão e valor de p referen-                                  I        2,44         3,43
                                                                   E3                                                 0,177
te ao desempenho dos escolares do GI e GII,                                   II        4,60         2,95
respectivamente, quanto a identificação dos                     Legenda: A: sílabas com ditongos de nível complexo; B:
erros de reversão na leitura nos três momen-                    sílabas com grupos consonantais de nível simples; C: sílabas
                                                                com grupos consonantais de nível complexo; D: sílabas com
tos de avaliação. Com a aplicação do Teste                      grupos consonantais e ditongos de nível simples; E: sílabas
de Friedman é possível verificar que tanto                      com grupos consonantais e ditongos de nível complexo;
                                                                1: primeira avaliação; 2: segunda avaliação: 3: terceira
os escolares do GI como do GII não apresen-
                                                                avaliação.
taram na prova A (letras passíveis de serem
confundíveis pelo som no início da palavra)
diferença estatisticamente significante entre                      Quanto à identificação de letras con-
os três momentos de avaliação, indicando                        fundíveis por grafia semelhante, inversões
que os escolares deste estudo adquirem esta                     de palavras completas, inversões de letras,
habilidade no primeiro ano.                                     inversões de letras dentro da palavra e


                                       Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33

                                                          329
Moraes MP & Capellini SA




      Tabela 4 - Distribuição da média, desvio padrão e                     Tabela 5 - Distribuição da média, desvio padrão
     valor de p referente ao desempenho dos escolares do               e valor de p referente ao desempenho dos escolares do GII
    GI quanto à identificação dos erros de reversão, nos três                  quanto à identificação dos erros de reversão.
                    momentos de avaliação.                            Provas      Média Desvio-padrão               Valor de p
Bloco de                                                                A1         8,80             1,03
 Variá-      Média      Desvio-padrão          Valor de p               A2         8,60             2,27               0,972
  veis                                                                  A3         8,80             1,48
    A1        7,11            2,09                                      B1         5,10             5,30
    A2        7,44            1,24               0,261                  B2         8,10             4,77             < 0,001*
    A3        8,11            2,09                                      B3         10,70            2,16
    B1        0,89            2,67                                      C1          6,00            6,13
    B2        4,22            5,22               0,002*                 C2          8,60            4,90              0,007*
    B3        7,33            5,27                                      C3         10,30            3,43
    C1        0,33            1,00                                      D1          4,70            5,12
    C2        3,44            4,72               0,002*                 D2          7,50            5,30              0,002*
    C3        6,78            5,63                                      D3          9,30            3,92
                                                                        E1          5,00            5,38
    D1        0,33            1,00
                                                                        E2          7,70            4,57              0,001*
    D2        2,89            4,26               0,004*
                                                                        E3          9,50            3,84
    D3        4,89            5,01
                                                                        F1          4,60            5,36
    E1        0,11            0,33
                                                                        F2          7,60            4,79              0,004*
    E2        2,56            4,33               0,029*
                                                                        F3          9,80            3,71
    E3        5,44            5,43
    F1        0,33            1,00                                Legenda: A: letras passíveis de serem confundidas pelo
    F2         2,78           4,41               0,005*           som no início da palavra, B: letras confundíveis por
                                                                  grafia semelhante, C: inversões de palavras completas,
    F3         6,22           5,74                                D: inversões de letras, E: inversões de letras dentro da
                                                                  palavra, F: inversões de ordem da sílaba dentro da palavra,
                                                                  1: primeiro momento de avaliação, 2: segundo momento de
Legenda: A: sílabas com ditongos de nível complexo; B:
                                                                  avaliação, 3: terceiro momento de avaliação.
sílabas com grupos consonantais de nível simples; C: sílabas
com grupos consonantais de nível complexo; D: sílabas com
grupos consonantais e ditongos de nível simples; E: sílabas
com grupos consonantais e ditongos de nível complexo;
1: primeira avaliação; 2: segunda avaliação: 3: terceira             Como foi observada diferença estatistica-
avaliação.
                                                                  mente significante entre os três momentos
                                                                  de avaliação, utilizamos o Teste dos Postos
                                                                  Sinalizados de Wilcoxon, ajustado pela Cor-
inversões de ordem da sílaba dentro da
                                                                  reção de Bonferroni, para identificarmos qual
palavra, observamos que tanto os escolares
                                                                  ou quais os momentos de avaliação em que
do GI como do GII apresentaram diferença
                                                                  os grupos apresentaram melhor identificação
estatisticamente significante entre os três                       quanto aos erros de reversão (Tabela 6). Os
momentos de avaliação revelando que o                             resultados revelaram que os escolares do GII
número de acertos foi aumentando ao longo                         apresentaram desempenho superior na tercei-
do ano letivo, demonstrando que o conhe-                          ra avaliação nas provas B, D e E, referentes
cimento e reconhecimento das letras e de                          à leitura de palavras com letras confundíveis
seu posicionamento na palavra melhoram                            por grafia semelhante, inversões de letras
com o aumento do uso de tarefas de leitura                        e inversões de letras dentro da palavra, em
e escrita no contexto de sala de aula.                            relação ao primeiro momento de avaliação.


                                           Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33

                                                                330
Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental




   Tabela 6 - Distribuição do valor de p referente à compara-            Os achados deste estudo corroboram a li-
   ção entre os momentos de aplicação do Protocolo de identi-        teratura1-4,12, que concluiu que a habilidade de
   ficação e detecção precoce da dislexia quanto à identificação
                       dos erros de reversão.                        reconhecimento das letras envolve processa-
                                     Valor de p                      mento cognitivo semelhante ao da leitura, o que
      Provas                                                         facilita o desenvolvimento da leitura em séries
                           Grupo I              Grupo II
      A2 - A1                0,453                 0,888             iniciais de alfabetização.
      A3 - A1                0,156                 1,000                 Neste estudo ficou evidente que, ao longo do
      A3 - A2                0,304                 0,756             ano letivo, escolares que não apresentam dificul-
      B2 - B1                0,068                 0,018             dades de aprendizagem se apropriam do princípio
      B3 - B1                0,018                0,005*             alfabético do sistema de escrita do português brasi-
      B3 - B2                0,028                 0,027             leiro. Princípio este que é responsável pelo uso do
      C2 - C1                0,068                 0,068             mecanismo de conversão fonema-grafema1,13,21,22,
      C3 - C1                0,017                 0,027             que favorece tanto o reconhecimento e decodifica-
      C3 - C2                0,028                 0,066             ção de sílabas simples, como o de sílabas comple-
      D2 - D1                0,068                 0,027             xas10,11 e no sistema da língua portuguesa, restando
      D3 - D1                0,027                0,012*             somente as situações que não consistem em única
      D3 - D2                0,026                 0,071             correspondência grafo-fonêmica.
      E2 - E1                0,109                 0,018
                                                                         Apesar do protocolo adaptado para este es-
      E3 - E1                0,043                0,012*
                                                                     tudo ser para identificação precoce dos sinais da
      E3 - E2                0,078                 0,026
                                                                     dislexia, o mesmo foi sensível para indicar que,
      F2 - F1                0,068                 0,034
                                                                     ao longo dos dois primeiros anos escolares, o co-
      F3 - F1                0,027                 0,017
                                                                     nhecimento acerca da identificação e domínio das
      F3 - F2                0,043                 0,027
                                                                     letras, sílabas simples e complexas e identificação
Legenda: A: letras passíveis de serem confundidas pelo               de erros específicos na sílaba e palavras foram
som no início da palavra, B: letras confundíveis por                 facilitados e favorecidos pelas experiências com
grafia semelhante, C: inversões de palavras completas,
D: inversões de letras, E: inversões de letras dentro da             tarefas de leitura e escrita em contexto de sala
palavra, F: inversões de ordem da sílaba dentro da palavra,          de aula. Concluindo, assim, que o processo de
1: primeiro momento de avaliação, 2: segundo momento de
avaliação, 3: terceiro momento de avaliação.                         aquisição e desenvolvimento da leitura até o final
                                                                     do 2º ano escolar deve oferecer ao escolar sem
                                                                     dificuldades de aprendizagem o conhecimento
    DISCUSSÃO                                                        pleno da relação fonema-grafema e da comple-
    Os resultados deste estudo demonstraram                          xidade silábica para formação de palavras, e que,
que, ao longo do ano letivo, tanto os escolares                      caso esta aquisição não ocorra, os educadores e
do 1º ano como os escolares do 2º ano foram                          profissionais que atuam com escolares em fase
capazes de desenvolver as habilidades do                             inicial de alfabetização podem suspeitar da pre-
processamento fonológico como a consciência                          sença de um dos sinais da dislexia4,15,16, necessi-
fonológica, a memória de trabalho fonológica                         tando investigação psicoeducacional detalhada
e a velocidade de acesso às informações fono-                        e aprofundada.
lógicas, conforme descrito na literatura4-5,10,15,17.                    Desta forma, estudos futuros deverão ser
O desenvolvimento desta habilidade favorece                          conduzidos com uma amostra maior de esco-
maior conhecimento e reconhecimento ortográ-                         lares com o perfil deste estudo para amplia-
fico, favorecendo o acionamento do mecanis-                          ção do conhecimento acerca do processo de
mo de conversão letra-som necessário para a                          apropriação do princípio alfabético da Língua
aquisição do princípio alfabético do sistema de                      Portuguesa, criando assim parâmetros para o
escrita do português brasileiro, como também                         reconhecimento de escolares de risco para a
a percepção da posição da letra na palavra19,20.                     dislexia de forma preventiva.


                                             Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33

                                                                   331
Moraes MP & Capellini SA




    CONCLUSÃO                                           português brasileiro sendo expostos a tarefas
    Os resultados deste estudo nos possibilita-         de leitura e escrita em contexto de sala de aula.
ram concluir que, ao longo do ano escolar, tanto           Desta forma, o protocolo utilizado para este
os escolares do GI como os escolares do GII             estudo pode ser um instrumento auxiliar ao pro-
adquiriram a capacidade de conhecimento e re-           fessor para identificar ao final do 2º ano escolar
conhecimento de letras, sílabas e palavras, além        os escolares que apresentam sinal da dislexia,
da capacidade de identificar e reconhecer erros         uma vez que é esperado, conforme dados deste
de inversão, demonstrando que os escolares sem          estudo, que ao final do 2º ano escolar os escola-
dificuldades de aprendizagem se apropriam do            res dominem o conhecimento e reconhecimento
princípio alfabético do sistema de escrita do           de letras, sílabas simples e complexas.




                                               SUMMARY
                  Knowledge of letters, syllables and words by students 1st and 2nd gra-
                                        des of basic education

                Purpose: Verify and compare the performance of students from 1st and
            2 grades of basic education in knowledge of letters, syllables and words
             nd

            in three assessment periods. Methods: The participants were 19 students
            from a local public school attending the 1st and 2nd years of elementary
            school in Marília-SP, from both genders, aged 6-7 years and 11 months
            old. The students were divided into GI: composed of 9 students from 1st
            grade, and GII: composed of 10 students from 2nd grade of elementary
            school. The two groups were subjected to the application of the Brazilian
            adaptation of the Protocol for the identification and early detection of
            dyslexia. This protocol was composed of two parts, called reading level
            and identification of specific errors. The results were statistically analyzed
            in order to compare the performance of the groups in the three assessment
            periods. Results: The results revealed statistically significant differences,
            indicating that the performance of both groups was higher when the first
            and third assessments were compared. Conclusions: The results of this
            study lead to the conclusion that, throughout the school year, both GI and
            GII students became capable of understanding and recognizing letters,
            syllables and words, and also of identifying and recognizing errors of
            inversion, showing that the students without learning difficulties acquired
            the alphabetic principle of the Brazilian Portuguese writing system by being
            exposed to the tasks of reading and writing in the context of the classroom.

                  KEY WORDS: Reading. Evaluation. Learning. Teaching.




                                  Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33

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Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental




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Trabalho realizado na Faculdade de Filosofia e                    Artigo recebido: 2/10/2010
Ciências da Universidade Estadual Paulista - FFC/                 Aprovado: 11/12/2010
UNESP, Marília, SP, Brasil.
Fonte de auxílio: Pró-Reitoria de Extensão Uni­
versitária – PROEX – Universidade Estadual Paulista
– UNESP.


                                         Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33

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ARTIGO ORIGINAL
                                                  Seno MP




        Transtorno do Déficit de Atenção e
         Hiperatividade (TDAH): o que os
                educadores sabem?
                                               Marília Piazzi Seno



                 RESUMO – Introdução: O Transtorno do Déficit de Atenção e
             Hiperatividade (TDAH) é considerado pelos educadores um fator
             preocupante, principalmente na fase escolar. Caracterizado pelos sintomas
             de desatenção, impulsividade e hiperatividade, afeta de 3 a 5% das
             crianças. É um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece
             na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida.
             Apesar de não existir cura, sua manifestação tende a diminuir com a idade e
             com o uso de medicação. Quando a criança inicia seu contato com a leitura e
             escrita, é necessário que mantenha sua atenção e concentração sustentados,
             a fim de que os objetivos pedagógicos possam ser alcançados. Objetivo:
             Este trabalho teve como principal objetivo pesquisar o conhecimento de
             52 educadores da Rede Municipal de Ensino de um município do interior
             de São Paulo/SP sobre o TDAH. Método: Foi aplicado um questionário,
             cujas perguntas foram elaboradas considerando-se a importância desse
             conhecimento para atuação profissional dos educadores. Conclusão:
             Concluímos que, apesar do professor não ter conhecimento teórico
             suficiente para discorrer com propriedade sobre o TDAH, sua prática
             escolar lhe permite observar, analisar, levantar hipóteses e adaptar sua
             metodologia independente do que o sistema lhe oferece; possibilitando
             que esse aluno tenha suas diferenças respeitadas e seja realmente incluído
             na sala de aula regular.

                UNITERMOS: Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.
             Atenção. Transtornos mentais diagnosticados na infância.




Marília Piazzi Seno – Fonoaudióloga e Psicopedagoga,       Correspondência
Coordenadora do Centro de Atendimento                      Marília Piazzi Seno
Multidisciplinar - CAM da Secretaria Municipal da          Rua José Freire Sobrinho, 610 – Jd. Europa – Marília,
Educação de Marília, Marília, SP                           SP, Brasil – CEP 17514-014
                                                           E-mail: mariliaseno@hotmail.com


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Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade




   INTRODUÇÃO                                                         parece não ouvir, tem dificuldade em
   Segundo a Classificação Estatística Interna-                       seguir instruções, desorganização,
cional de Doenças e Problemas Relacionados                            evita/não gosta de tarefas que exigem
com a Saúde1, o Transtorno do Déficit de Aten-                        um esforço mental prolongado, distrai-
ção e Hiperatividade (TDAH) está classificado                         se com facilidade, esquece atividades
na categoria de transtornos hipercinéticos,                           diárias;
descrito como “grupo de transtornos carac-                         •	 tipo hiperativo/ impulsivo: inquietação,
terizados por início precoce – habitualmente                          mexer as mãos e os pés, remexer-se
durante os cinco primeiros anos de vida –, falta                      na cadeira, dificuldade em permane-
de perseverança nas atividades que exigem                             cer sentada, corre sem destino, sobe
envolvimento cognitivo e tendência a passar                           nos móveis ou muros, dificuldade em
de uma atividade a outra sem acabar nenhuma,                          engajar-se numa atividade silenciosa-
associadas a uma atividade global desorgani-                          mente, fala excessivamente, responde
zada, incoordenada e excessiva. Os transtornos                        perguntas antes delas serem formula-
podem se acompanhar de outras anomalias.                              das, interrompem assuntos que estão
As crianças hipercinéticas são frequentemente                         sendo discutidos e se intrometem nas
imprudentes e impulsivas, sujeitas a acidentes                        conversas;
e incorrem em problemas disciplinares mais                         •	 tipo combinado: quando o indivíduo
por infrações não premeditadas de regras do                           apresenta os dois conjuntos de critérios
que por desafio deliberado. Suas relações com                         desatento e hiperativo/impulsivo;
os adultos são frequentemente marcadas por                         •	 tipo não específico, quando as caracte-
uma ausência de inibição social, com falta de                         rísticas apresentadas são insuficientes
cautela e reserva normais. São impopulares com                        para se chegar a um diagnóstico com-
as outras crianças e podem se tornar isoladas                         pleto, apesar dos sintomas desequili-
socialmente. Estes transtornos se acompanham                          brarem a rotina diária.
frequentemente de um déficit cognitivo e de                     É o transtorno neuropsiquiátrico mais diag-
um retardo específico do desenvolvimento da                 nosticado na infância, persistindo até a idade
motricidade e da linguagem. As complicações                 adulta em torno de 60 a 70% dos casos4. Aco-
secundárias incluem um comportamento disso-                 mete aproximadamente de 3 a 5% das crianças,
cial e uma perda de autoestima”.                            sendo mais usualmente encontrado em meninos
   O TDAH é uma síndrome heterogênica, de                   do que meninas, numa proporção de 3:15.
etiologia multifatorial, dependente de fatores                  O uso de medicamentos em indivíduos com
genéticos-familiares, adversidades biológicas               diagnóstico de TDAH provoca tranquilidade,
e psicossociais, caracterizada pela presença de             aumento no período de atenção e, por vezes,
um desempenho inapropriado nos mecanis-                     sonolência. Essa resposta positiva não é obser-
mos que regulam a atenção, a reflexibilidade                vada em todos os pacientes, sendo que alguns
e a atividade motora. Seu início é precoce, sua             deles tornam-se mais excitados e agressivos
evolução tende a ser crônica, sem repercussões              e as doses empregadas deverão ser tituladas
significativas no funcionamento do sujeito em               individualmente e, após ter sido encontrada a
diversos contextos de sua vida2.                            dose ideal, esta deverá ser mantida6.
   Caracterizado pelos sintomas de déficit de                   O TDAH vem sendo considerado pelos
atenção, hiperatividade e impulsividade, esse               educadores como um fator preocupante, prin-
transtorno pode ser classificado em quatro tipos3:          cipalmente na fase escolar. Num período onde
      •	 tipo desatento – não enxerga detalhes,             a criança inicia seu contato com a leitura e es-
         faz erros por falta de cuidado, apresen-           crita, é necessário que mantenha sua atenção
         ta dificuldade em manter a atenção,                e concentração sustentados, a fim de que os


                                   Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 334-43

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Seno MP




objetivos pedagógicos propostos possam ser              auxiliar (por exemplo, pedir que entregue os
alcançados. Na idade escolar, crianças com              cadernos, que vá à diretoria ou que responda
TDAH apresentam maior probabilidade de re-              ao exercício na lousa); manter os alunos em
petência, evasão, baixo rendimento acadêmico            lugares fixos na sala, para que seja justificado
e dificuldade emocionais e de relacionamento            o motivo pelo qual a criança com TDAH senta
social, e pessoas que apresentam sintomas de            sempre naquela carteira; solicitar que os pais
TDHA na infância têm uma maior probabilidade            procurem por atendimentos especializados que
de desenvolver problemas relacionados com               possam complementar o trabalho pedagógico
comportamento7.                                         realizado em sala de aula; encaminhá-lo para
    Com relação às comorbidades associadas ao           as aulas de reforço escolar, se necessário.
transtorno, foi descrita a seguinte prevalência            Pensando na importância do papel do pro-
de problemas psiquiátricos em pacientes com             fessor frente a um aluno que apresenta com-
TDAH comparado com grupo controle: 18 vs.               portamento indicativo de TDAH, este trabalho
4% de depressão; 6 vs. 1% transtornos da in-            teve como principal objetivo verificar o conhe-
fância, 6 vs. 2% de transtorno de ajustamento, 6        cimento dos educadores da Rede Municipal
vs. 1% de TOD; 5 vs. 0% de psicose, 4 vs. 1% de         de Ensino de um município do interior de São
TC, 2 vs. 1% de abuso de substância e 1 vs. 1%          Paulo/SP sobre esse transtorno.
de ansiedade. O mesmo estudo estendeu-se aos
pais de pacientes com TDAH e pais controles: 9             MÉTODO
vs. 4% de depressão, 1 vs. 0% de transtorno da             Participaram desse estudo 52 educadores
infância; 4 vs. 2% de outros transtornos mentais;       da Rede Municipal de Ensino, sendo que 28
2 vs. 1% de transtorno de ajustamento; 0 vs. 0%         estavam inseridos em Escolas Municipais de
de TOD; 1 vs. 1% de psicose; 0 vs. 0% de TC;            Ensino Fundamental (EMEF) e 24 em Escolas
2 vs. 1% de abuso de substância e 1 vs. 1% de           Municipais de Educação Infantil (EMEI).
ansiedade8.                                                Para coleta dos dados foi aplicado um ques-
    Uma vez diagnosticado o TDAH, esse aluno            tionário contendo 17 questões (Anexo 1): 9
deve ser considerado como uma criança com               dissertativas, 7 com as opções “sim” e “não”
necessidades educacionais especiais, pois para          e 1 de múltipla escolha com 2 opções de res-
que tenha garantidas as mesma oportunidade              posta. O tempo para seu preenchimento foi de
de aprender que os demais colegas de sala de            15 minutos e a avaliadora permaneceu na sala
aula, serão necessárias algumas adaptações              para que fosse garantida a individualidade das
visando diminuir a ocorrência dos comporta-             respostas.
mentos indesejáveis que possam prejudicar                  As questões foram elaboradas levando em
seu progresso pedagógico: sentar o aluno na             consideração a importância desse conhecimento
primeira carteira e distante da porta ou janela;        para atuação profissional dos educadores, uma
reduzir o número de alunos em sala de aula;             vez que, num momento no qual a inclusão é am-
procurar manter uma rotina diária; propor ativi-        plamente defendida por estudiosos, espera-se
dades pouco extensas; intercalar momentos de            que o professor esteja preparado para receber
explicação com os exercícios práticos; utilizar         alunos com qualquer necessidade educacional
estratégias atrativas; explicar detalhadamente          especial e tenha condições de integrá-lo aos
a proposta; tentar manter o máximo de silêncio          demais colegas de sala no ensino regular.
possível; orientar a família sobre o transtorno;
evitar situações que provoquem a distração. tais            RESULTADOS E DISCUSSÃO
como ventiladores, cortinas balançando, carta-              Quanto ao perfil dos participantes, 27 eram
zes pendurados pela sala; aproveitar situações          professores, 18 coordenadores, 3 diretores e 4 auxi-
que exijam movimentação para escolhê-lo como            liares de direção. O tempo de atuação na educação


                                  Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 334-43

                                                   336
Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade




                        ANEXO 1 - Questionário empregado na pesquisa.


Escola: ( ) EMEI          ( ) EMEF                Data: ____/____/____
Tempo de formação? _______________
Lecionou(a) para alunos com TDAH? ( ) Sim      ( ) Não
Função atual: ___________________________________


1. O que significa a nomenclatura TDAH?

2. Quais são as causas do TDAH?

3. A partir de que idade é possível perceber o TDAH?

4. Quais são os comportamentos observados numa criança com TDAH?

5. Em qual sexo você acha que o TDAH ocorre com maior frequência?

6. Quais exames são necessários para diagnosticar o TDAH?

7. Qual especialista está apto a diagnosticar o TDAH?

8. TDAH tem cura?
( ) Sim ( ) Não

9. Como é o tratamento para o TDAH?

10. Uma criança com TDAH consegue concentrar-se por bastante tempo em uma única
atividade?
( ) Sim ( ) Não

11. É possível ter TDAH sem apresentar dificuldades de aprendizagem?
( ) Sim         ( ) Não

12. Quem tem TDAH apresenta maior chance de desenvolver outra alteração de saúde
mental?
( ) Sim ( ) Não

13. Os sintomas do TDAH mudam conforme a idade da pessoa?
( ) Sim ( ) Não

14. Todas as crianças com TDAH necessitam usar medicação?
( ) Sim ( ) Não

15. Você acha que o TDAH realmente existe ou a hiperatividade da criança é consequência da
falta de limites?
( ) Realmente existe        ( ) É falta de limites

16. Na sua opinião, a criança com TDAH percebe que é diferente?
( ) Sim ( ) Não

17. Como o professor pode ajudar um aluno com TDAH?



                              Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 334-43

                                                 337
Edicao 84
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  • 1. REVISTA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA • Nº 84 • 2010 • ISSN 0103-8486 EDITORIAL / EDITORIAL............................................................................................................323 ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES • Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental......................................................................................................................................325 • Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): o que os educadores sabem?...........334 • Parceria no contexto escolar: uma experiência de ensino colaborativo para educação inclusiva...........................................................................................................................................344 ARTIGOS DE PESQUISA / RESEARCH ARTICLES • A vivência de professores sobre o processo de inclusão: um estudo da perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural.............................................................................................................352 • Produção textual: quando a linguagem escrita se torna objeto escolar.........................................363 ARTIGO ESPECIAL / SPECIAL ARTICLE • Psicopedagogia no cotidiano escolar: impasses e descobertas com o ensino de nove anos......372 ARTIGOS DE REVISÃO / REVIEW ARTICLES • O falante inocente: linguagem pragmática e habilidades sociais no autismo de alto desempenho........................................................................................................................385 • Mind map como instrumento psicopedagógico de mediação para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores ....................................................................................................395 • Formação de professores e inclusão escolar de pessoas com deficiência: análise de resumos de artigos na base SciELO.................................................................................................405 • Atuação psicopedagógica no contexto escolar: manipulação, não; contribuição, sim..........................417 RESENHAs / REVIEWs • Educação à distância ......................................................................................................................428 • Intervenções clínicas: ação integrada com a Fonoaudiologia, a Psicopedagogia, a Arteterapia,a Psicanálise e outros saberes....................................................................................430 30 ANOS
  • 2. Associação Brasileira de Psicopedagogia Sede: Rua Teodoro Sampaio, 417 - Conj. 11 - Cep: 05405-000 - São Paulo - SP Pabx: (11) 3085-2716 - 3085-7567 - www.abpp.com.br - psicoped@uol.com.br NúcleoS e Seções da abPp (Dezembro de 2010) Núcleo Espírito Santo Seção Paraná Sul Coordenadora: Maria da Graça Von Kruger Pimentel Diretora Geral: Sonia Maria Gomes de Sá Kuster R. Elesbão Linhares, 420/601 – Canto da Praia R. Fernando Amaro, 431 – Alto da XV Vitória – ES – CEP 29057-220 Curitiba – PR – CEP 80050-020 (027) 3225-9978 (041) 363-8006 mgvkp@terra.com.br abppprsul@hotmail.com Núcleo Sul Mineiro Seção Pernambuco Coordenadora: Júlia Eugênia Gonçalves Diretora Geral: Maria das Graças Sobral Griz R. Deputado Ribeiro de Rezende, 494 - Centro R. das Pernambucanas, 277 – Graças Varginha – MG – CEP 37002-100 Recife – PE – CEP 52011-010 (035) 3222-1214 (081) 3222-4375 – 3231-1461 julia@fundacaoaprender.org.br abpppe@gmail.com Seção Bahia Seção Piauí Diretora Geral: Débora Silva de Castro Pereira Diretora Geral: Amélia Cunha Rio Lima Costa Av. Tancredo Neves, 3343 – Ed. Cempre – Sala 1103 – Torre B – Caminho das Árvores R. Eletricista Guilherme, 815 – Ininga Salvador – BA – CEP 41820-021 Teresina – PI – CEP 64049-530 (071) 3341-0121 (086) 3233-2878 abppsecao.ba@uol.com.br amelia.costa@ibest.com.br Seção Brasília Seção Rio de Janeiro Diretora Geral: Marli Lourdes da Silva Campos Diretora Geral: Ana Paula Loureiro e Costa SCLN Quadra 102 – Bloco D – sala 110 Av. N. Sra. de Copacabana, 861 sala 302 Brasília – DF – CEP 70722-540 Rio de Janeiro – RJ – CEP 22060-000 (061) 3964-1004 (021) 2236-2012 / Fax: (021) 2521-6902 abppbsb@gmail.com abpp-rj@abpp_rj.com.br Seção Ceará Seção Rio Grande do Norte Diretora Geral: Galeára Matos de França Silva Diretora Geral: Ednalva de Azevedo Silva R. Assis Chateaubriand, 362 A – Dionízio Torres R. São João, 1392 – Lagoa Sêca Fortaleza – CE – CEP 60135-200 Natal – RN – CEP 59022-390 (085) 3261-0064 – 3268-2632 (084) 3223-6870 psicop_ceara@yahoo.com.br psicopedrn@yahoo.com.br Seção Goiás Seção Rio Grande do Sul Diretora Geral: Luciana Barros de Almeida Diretora Geral: Fabiani Ortiz Portella Av. 85, 684 sala 207 – Ed. Eldorado Center – Av. Venâncio Aires, 1119/ sala 9 Setor Oeste Porto Alegre – RS – CEP 90520-000 Goiânia – GO – CEP 74120-090 (051) 3333-3690 (062) 3954-2178 abpp.rs@brturbo.com.br psicopedagogiagoiasabpp@gmail.com Seção Santa Catarina Seção Minas Gerais Diretora Geral: Albertina Celina de Mattos Chraim Diretora Geral: Regina Rosa dos Santos Leal R. Grão Mogol, 502 / 305 – Carmo Sion R. Eurico Gaspar Dutra, 445, sl 101- Estreito Belo Horizonte – MG – CEP 30310-010 Florianópolis – SC – CEP 88075-100 (031) 3221-3616 (048) 3244-5984 abppminasgerais@gmail.com abppsc@abppsc.com.br Seção Pará Seção São Paulo Diretora Geral: Maria Nazaré do Vale Soares Diretora Geral: Sônia Maria Colli Trav. 3 de Maio, 1218/ sl 105 – São Braz R. Carlos Sampaio, 304 – cj. 51- sl 03 Belém – PA – CEP 66060-600 São Paulo – SP – CEP 01333-020 (094) 3229-0565 (011) 3287-8406 abpppa@yahoo.com.br saopaulo@saopauloabpp.com.br Seção Paraná Norte Seção Sergipe Diretora Geral: Geiva Carolina Calsa Diretora Geral: Auredite Cardoso Costa R. Montevidéu, 206 Av. Ivo Prado, 312 – Centro Maringá - PR - CEP 87030-470 Aracaju – SE – CEP 49010-050 (044) 3026-1063 (079) 3211-8668/ 3211-78903 abpppr@ig.com.br auredite@hotmail.com
  • 3. A Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) é uma entidade de caráter científico-cultural, sem fins lucrativos, que congrega profissionais militantes na área da Psicopedagogia. Em 12 de novembro de 1980, um grupo de profissionais já envolvidas e atuantes nas questões relativas aos problemas da aprendizagem fundou a Associação Estadual de Psicopedagogos do Estado de São Paulo, a AEP. Devido ao grande interesse em torno dessa Associação, a sua expansão a nível Nacional surgiu como necessidade imperiosa. Em 1986, a AEP transformou-se na ABPp e gradativamente foram sendo criados os seus escritórios de representação por todo o Brasil, denominados de Núcleos e Seções. Durante estes anos, a ABPp vem cuidando de questões referentes à formação, ao perfil, à difusão e ao reconhecimento da Psicopedagogia no Brasil, já tendo alcançado muitas vitórias na luta pela sua regulamentação. Atualmente, conta com 16 Seções e 2 Núcleos, espalhados pelo Brasil, para melhor divulgar a Psicopedagogia e aproximar os profissionais em torno de seus objetivos comuns. 30 ANOS A ABPp promove conferências, cursos, palestras, jornadas, congressos, bem como a divulgação de trabalhos sobre sua área de atuação, por meio da revista científica Psicopedagogia, da Revista do Psicopedagogo, do informa- tivo Diálogo Psicopedagógico e do site www.abpp.com.br. Oferece, ainda, descontos tanto nos eventos que organiza quanto em eventos de terceiros, que são parceiros e interessados nos assuntos desta área. Preocupada com as questões sociais, a atual diretoria da ABPp Nacional organizou um novo trabalho de cunho sociocientífico, que visa não só ao atendimento da população carente, promovendo a inserção social e a divulgação da importância da prática psicopedagógica, como também à implantação de um novo modelo de estudo e pesquisa nesse campo. Dele poderão participar todos os associados interessados em prestar um trabalho social. Podem associar-se à ABPp todas as pessoas interessadas nessa área de atuação, tendo ou não concluído a sua especialização em Psicopedagogia. Rua Teodoro Sampaio, 417 - Conj. 11 - Cep: 05405-000 São Paulo - SP - Pabx: (11) 3085-2716 - 3085-7567 www.abpp.com.br - psicoped@uol.com.br
  • 4.
  • 5. Editora Maria Irene Maluf SP Conselho Executivo Maria Irene Maluf SP Quézia Bombonatto SP Cristina Valdoros Quilici SP Conselho Editorial Nacional Ana Lisete Rodrigues SP Maria Célia Malta Campos SP Anete Busin Fernandes SP Maria Cristina Natel SP Beatriz Scoz SP Maria Lúcia de Almeida Melo SP Débora Silva de Castro Pereira BA Maria Silvia Bacila Winkeler PR Denise da Cruz Gouveia SP Edith Rubinstein SP Marisa Irene Siqueira Castanho SP Elcie Salzano Masini SP Mônica H. Mendes SP Eloísa Quadros Fagali SP Nádia Bossa SP Evelise Maria L. Portilho PR Neide de Aquino Noffs SP Gláucia Maria de Menezes Ferreira CE Nívea M.de Carvalho Fabrício SP Heloisa Beatriz Alice Rubman RJ Regina Rosa dos Santos Leal MG Leda M. Codeço Barone SP Margarida Azevedo Dupas SP Rosa M. Junqueira Scicchitano PR Maria Auxiliadora de Azevedo Rabello BA Sônia Maria Colli de Souza SP Maria Cecília Castro Gasparian SP Vânia Carvalho Bueno de Souza SP Conselho Editorial Internacional Alicia Fernández - Argentina Carmen Pastorino - Uruguai César Coll - Espanha Isabel Solé - Espanha Maria Cristina Rojas - Argentina Neva Milicic - Chile Vitor da Fonseca - Portugal Consultores ad hoc Ana Maria Maaz Acosta Alvarez Jaime Zorzi Lino de Macedo Lívia Elkis Luiza Helena Ribeiro do Valle Pedro Primo Bombonato Saul Cypel Sylvia Maria Ciasca
  • 6. Associação Brasileira de Psicopedagogia Rua Teodoro Sampaio, 417 - Conj. 11 - Cep: 05405-000 São Paulo - SP - Pabx: (11) 3085-2716 - 3085-7567 www.abpp.com.br psicoped@uol.com.br PSICOPEDAGOGIA – Órgão oficial de divulgação 7) INDEX PSI – Periódicos – Conselho da Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPp Federal de Psicologia é indexada nos seguintes órgãos: 8) DBFCC – Descrição Bibliográfica Fundação Carlos Chagas 1) LILACS - Literatura Latino-Americana e Editora Responsável: Maria Irene Maluf do Caribe em Ciências da Saúde - BIREME Jornalista Responsável: Rose Batista – 28.268 2) Clase - Citas Latinoamericanas en Cien- Revisão e Assessoria Editorial: cias Sociales y Humanidades. Universidad Rosângela Monteiro Nacional Autónoma de Mexico Editoração Eletrônica: Sollo Comunicação 3) Edubase - Faculdade de Educação, Uni- camp Impressão: Sollo Press 4) Bibliografia Brasileira de Educação - BBE CIBEC / INEP / MEC O conteúdo dos artigos aqui publicados é de 5) Latindex - Sistema Regional de Informa- inteira responsabilidade de seus autores, não ción en Línea para Revistas Científicas de América Latina, El Caribe, España y expressando, necessariamente, o pensamento Portugal do corpo editorial. 6) Catálogo Coletivo Nacional – Instituto É expressamente proibida qualquer modali- Brasileiro em Ciência e Tecnologia – dade de reprodução desta revista, seja total ou IBICT parcial, sob penas da lei. Psicopedagogia: Revista da Associação Brasileira de Psicopedagogia / Associação Brasileira de Psicopedagogia. - Vol. 10, nº 21 (1991). São Paulo: ABPp, 1991- Quadrimestral ISSN 0103-8486 Continuação, a partir de 1991, vol. 10, nº 21 de Boletim da Associação Brasileira de Psicopedagogia. 1. Psicopedagogia. I. Associação Brasileira de Psicopedagogia. CDD 370.15
  • 7. Diretoria da Associação Brasileira de Psicopedagogia 2008/2010 Diretoria Executiva Presidente Diretora Científica Adjunta Quézia Bombonatto Márcia Simões queziabombonatto@abpp.com.br marciasimoes@abpp.com.br Vice-Presidente Cristina Valdoros Quilici Diretora Cultural cristinaquilici@abpp.com.br Yara Marlene Prates Tesoureira yara@donquixote.com.br Maria Cecília Castro Gasparian Relações Públicas mcgasparian@uol.com.br Telma Pantano Secretária Administrativa telmapantano@terra.com.br Maria Teresa Messeder Andion Relações Públicas Adjunta teresahandeon@abpp.com.br Diretora Científica Edimara de Lima Nádia Aparecida Bossa edimara.lima@terra.com.br nadiabossa@abpp.com.br Assessorias Assessora de Divulgações Científicas Assessora de Reconhecimento e Cursos Maria Irene Maluf Neide Aquino Noffs irenemaluf@uol.com.br neidenoffs@abpp.com.br Assessorias Regionais Assessora Regional Bahia Assessora Regional Paraná Maria Angélica Moreira Rocha Rosa Maria Schiccitano maangelicarocha@gmail.com rosamaria@uel.br Assessora Regional Ceará Maria José Weyne Melo de Castro mjweyne@yahoo.com.br Conselheiras Vitalícias Beatriz Judith Lima Scoz Sp Maria Irene Maluf Sp Edith Rubinstein Sp Mônica H. Mendes Sp Leda Maria Codeço Barone Sp Neide de Aquino Noffs Sp Maria Cecília Castro Gasparian SP Nívea Maria de Carvalho Fabrício Sp Maria Célia Malta Campos Sp Conselheiras Eleitas (2008/2010) Carla Labaki SP Maria Helena Bartholo RJ Cleomar Landim de Oliveira SP Maria José Weyne M. de Castro CE Cristina Vandoros Quilici SP Marisa Irene Siqueira Castanho SP Ednalva de Azevedo Silva RN Marli Lourdes da Silva Campos DF Eloisa Quadros Fagali SP Miriam do P .S.F. Vidigal Fonseca MG Evelise Maria Labatut Portilho PR Nadia Aparecida Bossa SP Galeára Matos de França Silva CE Heloisa Beatriz Alice Rubman RJ Neusa Kern Hickel RS Janaina Carla R. dos Santos GO Quézia Bombonatto SP Jozelia de Abreu Testagrossa BA Rosa Maria J. Scicchitano PR Luciana Barros de Almeida Silva GO Silvia Amaral de Mello Pinto SP Maria Auxiliadora de A. Rabello BA Sonia Maria Colli de Souza SP Maria Cristina Natel SP Yara Prates SP
  • 9. sumário EDITORIAL / EDITORIAL • Maria Irene Maluf.........................................................................................................................323 ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES • .. Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental Knowledge of letters, syllables and words by students 1st and 2nd grades of basic education Mayara Pessoa de Moraes; Simone Aparecida Capellini...........................................................325 • Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): o que os educadores sabem? Attention-deficit hyperactivity disorder (ADHD): what teachers know? Marília Piazzi Seno ......................................................................................................................334 • Parceria no contexto escolar: uma experiência de ensino colaborativo para educação inclusiva Partnership in the school environment: a collaborative teaching experience for inclusive education Andréa Carla Machado; Maria Amélia Almeida........................................................................344 ARTIGOS DE PESQUISA / RESEARCH ARTICLES • A vivência de professores sobre o processo de inclusão: um estudo da perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural The experience of teacher about the process of inclusion: a study of perspective of Historical- Cultural Psychology Eveline Tonelotto Barbosa; Vera Lucia Trevisan de Souza.........................................................352 • Produção textual: quando a linguagem escrita se torna objeto escolar Literal production: when the written language becomes school object Denise Miyabe da Silva................................................................................................................363 ARTIGO ESPECIAL / SPECIAL ARTICLE • Psicopedagogia no cotidiano escolar: impasses e descobertas com o ensino de nove anos Psychoeducation in everyday school dilemmas and discoveries: with teaching nine years Fabiani Ortiz Portella; Neusa Kern Hickel..................................................................................372 ARTIGOS DE REVISÃO / REVIEW ARTICLES • O falante inocente: linguagem pragmática e habilidades sociais no autismo de alto desempenho The innocent speaker: pragmatic language in high functioning autism Renata Mousinho..........................................................................................................................385
  • 10. • Mind map como instrumento psicopedagógico de mediação para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores Mind map as mediation strategy for the development of higher psychological functions Lucy Duró Matos...........................................................................................................................395 • Formação de professores e inclusão escolar de pessoas com deficiência: análise de resumos de artigos na base SciELO Teacher education and school inclusion of deficient people: analysis of SciELO articles’ abstracts Marcos Vinícius de Araújo; Robson Jesus Rusche; Rinaldo Molina; Luiz Renato Rodrigues Carreiro..........................................................................................................................................405 • Atuação psicopedagógica no contexto escolar: manipulação, não; contribuição, sim Educational psychology practice in the school framework: not to manipulation, yes to contribution Idalina Amélia Mota Pontes..........................................................................................................417 RESENHAS / REVIEWS • Educação à distância Distance education Geraldina Porto Witter...................................................................................................................428 • Intervenções clínicas: ação integrada com a Fonoaudiologia, a Psicopedagogia, a Arteterapia, a Psicanálise e outros saberes. Clinical interventions: integrated action with Phonoaudiology, Psychopedagogy, Art Therapy, Psychoanalysis, and other knowledge Marisa Irene Siqueira Castanho...................................................................................................430
  • 11. EDITORIAL C omo editora da revista Psicopedagogia desde janeiro de 2003, tenho a honra de encerrar este volume, em dezembro de 2010, relembrando aos associados da ABPp e aos nossos leitores que esta publicação, agora inteiramente online, integra o portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC). A PePSIC é uma fonte da Biblioteca Virtual em Saúde - Psicologia da União Latino-Americana de Entidades de Psicologia (BVS-Psi ULAPSI), fruto da parceria entre Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB), Biblioteca Dante Moreira Leite do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP/USP) e do Centro Latino Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME). Pode ser livremente acessada em todas as partes do mundo pelo endereço: http://pepsic.bvsalud. org/scielo.php?script=sci_serial&pid=0103-8486&lng=pt&nrm=iso É possível, também, ler nossas revistas na íntegra, a partir do site da ABPp (www.abpp.com.br), onde também estão disponíveis as Normas de Publicação para que novos artigos nos sejam encaminhados. Dois artigos originais abrem este número. O primeiro, encaminhado por Mayara Pessoa de Moraes e Simone Aparecida Capellini, “Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental”, é uma contribuição valiosa no momento em que tantas discussões se dão em torno das questões da alfabetização em nossas escolas. Outra questão muito debatida e importante, pelo impacto que acarreta na vida das crianças, é tratada no artigo de Marília Piazzi Seno, “Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): o que os educadores sabem?”. É de Andréa Carla Machado e Maria Amélia Almeida, o artigo que se apresenta a seguir, “Parceria no contexto escolar: uma experiência de ensino colaborativo para educação inclusiva”, cujo objetivo foi avaliar os efeitos de uma prática de leitura pautada no ensino colaborativo em alunos de uma sala regular, onde um dentre eles apresentava necessidades educacionais especiais. “A vivência de professores sobre o processo de inclusão: um estudo da perspectiva da psicologia histórico-cultural” é um interessante artigo, no qual Eveline Tonelotto Barbosa e Vera Lucia Trevisan de Souza analisam a percepção, os sentimentos e as vivências de professores sobre seu papel na inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. A avaliação da aprendizagem da linguagem escrita na escola e a reflexão sobre o papel do professor mediador nesse processo são os objetos de pesquisa em “Produção textual: quando a linguagem escrita se torna objeto escolar”, de Denise Miyabe da Silva, que antecede o artigo “Psicopedagogia no cotidiano escolar: impasses e descobertas com o ensino de nove anos”, de Fabiani Ortiz Portella e Neusa Kern Hickel, que tão bem discorre sobre essa questão que tanto refletiu sobre o trabalho dos psicopedagogos nos dias atuais. Logo após temos o artigo de Renata Mousinho, “O falante inocente: linguagem pragmática e habilidades sociais no autismo de alto desempenho”, 8 Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 323-4 323
  • 12. EDITORIAL 8 no qual a autora articula a relação entre as habilidades sociais e a linguagem pragmática apresentada por indivíduos com autismo de alto desempenho. “Mind Map como instrumento psicopedagógico de mediação para o desen- volvimento das funções psicológicas superiores”, de Lucy Duró Matos, redire- ciona nosso olhar para o uso desse recurso capaz de desenvolver a atenção, a capacidade de organização, a lógica, a classificação, entre outras operações mentais de importância para a aprendizagem. Um artigo que poderá orientar muitos estudos foi enviado por Marcos Vinícius de Araújo, Robson Jesus Rusche, Rinaldo Molina e Luiz Renato Rodrigues Carreiro, “Formação de professores e inclusão escolar de pessoas com deficiência: análise de resumos de artigos na base SciELO”. Consiste em uma revisão bibliográfica de artigos que tratam da formação de professores para a inclusão escolar da pessoa com deficiência, tendo como base os resumos de artigos publicados na SciELO até o primeiro semestre de 2010. “Atuação psicopedagógica no contexto escolar: manipulação, não; contri- buição, sim”, de Idalina Amélia Mota Pontes, aponta para a importância da atuação preventiva do psicopedagogo no contexto escolar, onde muitas infor- mações e vários aspectos têm que ser observados e analisados. “Educação à distância e ensino superior: introdução didática a um tema polêmico” é o livro de Reginaldo C. Moraes, resenhado por Geraldina Porto Witter, que nos conduz ao centro de uma reflexão importantíssima de nossos dias: o uso da tecnologia na Educação. Esta edição, conta, também, com a resenha do livro de autoria de Márcia Simões, intitulado “Intervenções clínicas: ação integrada com a Fonoaudiologia, a Psicopedagogia, a Arteterapia, a Psicanálise e outros saberes”, realizada por Maria Irene Siqueira Castanho. Nesta resenha são discutidas as interfaces entre as várias ciências, que devem trabalhar de maneira integrada na busca da melhor compreensão e abordagem dos problemas da aprendizagem. Todos esses trabalhos, frutos de estudos e pesquisas cientificamente abali- zadas, nos foram generosamente enviados por seus autores aos quais agrade- cemos em nome da ABPp, do Conselho Editorial da revista Psicopedagogia e de nossos leitores, a quem desejamos uma boa e proveitosa leitura! Maria Irene Maluf Editora Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 323-4 324
  • 13. Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental ARTIGO ORIGINAL Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental Mayara Pessoa de Moraes; Simone Aparecida Capellini RESUMO – Objetivo: Verificar e comparar o desempenho de escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental sobre conhecimento de letras, sílabas e palavras em três momentos de avaliação. Método: Participaram deste estudo 19 escolares de ensino público municipal do 1º e 2º ano do ensino fundamental do município de Marília-SP, de ambos os gêneros, na faixa etária de 6 a 7 anos e 11 meses de idade. Os escolares foram distribuídos em GI: composto por 9 escolares do 1º ano do ensino fundamental e GII: composto por 10 escolares do 2º ano do ensino fundamental. Os dois grupos foram submetidos à aplicação da adaptação brasileira do Protocolo de identificação e detecção precoce de dislexia. Este protocolo foi composto por duas partes denominadas nível de leitura e identificação de erros específicos. Os resultados foram analisados estatisticamente, visando à comparação de desempenho dos grupos nos três momentos de avaliação. Resultados: Os resultados revelaram diferenças estatisticamente significantes, evidenciando que o desempenho dos dois grupos foi superior quando comparado o primeiro com o terceiro momento de avaliação. Conclusão: Os resultados deste estudo permitiram concluir que, ao longo do ano escolar, os escolares do GI e os escolares do GII adquiriram a capacidade de conhecimento e reconhecimento de letras, sílabas e palavras, além da capacidade de identificar e reconhecer erros de inversão, demonstrando que os escolares sem dificuldades de aprendizagem se apropriam do princípio alfabético do sistema de escrita do português brasileiro sendo expostos a tarefas de leitura e escrita em contexto de sala de aula. UNITERMOS: Leitura. Avaliação. Aprendizagem. Ensino. Mayara Pessoa de Moraes – Discente do Curso de Correspondência Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Simone Aparecida Capellini da Universidade Estadual Paulista - FFC/UNESP- Rua Hygino Muzzy Filho, 737 – Campus Universitário Marília-SP. Bolsista de Extensão Universitária – PROEX – Marília, SP, Brasil – CEP: 17525-900. – UNESP. E-mail: sacap@uol.com.br Simone Aparecida Capellini – Fonoaudióloga. Doutora e Pós-Doutora em Ciências Médicas pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, FCM/UNICAMP-Campinas – SP. Docente do Departamento de Fonoaudiologia e Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista - FFC/ UNESP-Marília-SP. Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33 325
  • 14. Moraes MP & Capellini SA INTRODUÇÃO quecer que a ausência deste conhecimento por Segundo a literatura1,2, o conhecimento das parte dos escolares é considerada na literatura 4-14 15,16 letras é um dos melhores antecipadores da nacional e internacional um dos sinais da aprendizagem da leitura, sendo assim, crianças dislexia, por isso é importante que os profissio- com dificuldades de leitura apresentaram a nais que atuam na Educação estejam atentos tendência de demonstrar menor conhecimento para a verificação deste conhecimento em fase de letras do que as crianças sem dificuldades de inicial de alfabetização. leitura3. O reconhecimento das letras implica em Com base no exposto acima este estudo tem um processamento cognitivo semelhante ao da por objetivo verificar e comparar o desempenho leitura, uma vez que ambos os processos estão de escolares de 1º e 2º anos do ensino funda- associados às mesmas habilidades de proces- mental no conhecimento de letras, sílabas e samento fonológico: a consciência fonológica, a palavras em três momentos de avaliação. memória de trabalho fonológica e a velocidade de acesso às informações fonológicas4,5. MÉTODO O conhecimento do nome das letras induz Este estudo foi aprovado pelo Comitê de a criança a aprender a ler por meio do pro- Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia e cessamento parcial das relações letra-som nas Ciências da Universidade Estadual Paulista – palavras, concluindo, assim, que crianças que CEP/FFC/UNESP, sob o nº 1134/2009. conhecem os nomes das letras aprendem a ler Participaram deste estudo 19 escolares de as grafias fonéticas mais facilmente do que as ensino público municipal do 1º e 2º ano do en- grafias visuais6. Outros autores7 afirmaram que a sino fundamental do município de Marília-SP, base fônica pode ser útil para as crianças não so- de ambos os gêneros, na faixa etária de 6 a 7 mente pela aprendizagem da relação letra-som, anos e 11 meses de idade. Os escolares foram mas por fazer uma aproximação ortográfica, distribuídos em dois grupos: dando à criança a oportunidade para descobrir • Grupo I (GI): composto por 9 escolares além do princípio alfabético, o conhecimento do 1º ano do ensino fundamental de da ortografia da língua escrita. escola pública municipal, sendo 6 do gê- Para que haja compreensão do princípio nero feminino e 3 do gênero masculino; alfabético da correspondência grafo-fonêmica, • Grupo II (GII): composto por 10 escolares a criança necessita entender que as letras cor- do 2º ano do ensino fundamental de esco- respondem a segmentos sonoros sem signifi- la pública municipal, sendo 6 do gênero cados8,9. A compreensão de que existe relação masculino e 4 do gênero feminino. entre letras e sons da fala é, segundo vários Os escolares que participaram deste es- pesquisadores, o modelo ideal do sistema al- tudo não apresentaram anotações referentes fabético10-12. Entretanto, na língua portuguesa à deficiência sensorial, motora ou cognitiva, existem várias situações nas quais nem sem- alterações de fala, linguagem e queixas audi- pre existe correspondência única, acarretando tivas ou visuais em prontuário escolar e foram confusões quanto à escolha do grafema a ser considerados como indivíduos sem dificuldades decodificado ou simbolizado no ato da leitu- de aprendizagem pelos professores. O critério ra1,13, por isto a necessidade do conhecimento utilizado pelos professores para a indicação dos das letras do alfabeto e todas as suas formas de escolares sem dificuldades de aprendizagem representação sonora. incluiu o desempenho satisfatório em Língua Além do fato do conhecimento de letras Portuguesa e Matemática em dois bimestres favorecer o conhecimento da estrutura das consecutivos. palavras, a partir da composição das mesmas Os dois grupos foram submetidos aos seguin- para formação de sílabas. Não podemos es- tes procedimentos: Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33 326
  • 15. Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental • Termo de consentimento Pós-Informa- O material linguístico utilizado para a do: conforme resolução do Conselho adaptação do procedimento para a realidade Nacional de Saúde CNS 196/96, an- brasileira foi extraído de um banco de pala- teriormente ao início das avaliações, vras de livros didáticos de 1ª série utilizados os pais ou responsáveis dos pacientes na rede municipal de ensino da cidade de selecionados assinaram o termo de Marília-SP. A partir deste banco de dados, Consentimento Pós-Informado para as palavras utilizadas para adaptação das autorização da realização do estudo; provas seguiram as regras de decodificação • Protocolo de identificação e detecção do português brasileiro descrito por Scliar- precoce da dislexia: foi aplicado o Cabral 18. Protocolo de identificação e detecção O protocolo foi aplicado de forma individu- precoce da dislexia17, com revisão dos al, em sala apropriada indicada pela direção itens linguísticos realizada pelas au- da escola, em três momentos de avaliação, toras deste estudo. Este protocolo foi em junho, em setembro e em dezembro do composto por duas partes, denomina- ano de 2009, com tempo médio de duração de dos nível de leitura e identificação de 45 minutos, para verificação da evolução dos erros específicos. escolares no domínio do conhecimento das A primeira parte do Protocolo, denominada letras, sílabas e palavras. Nível de Leitura, foi subdividida em 3 subprovas: Os resultados foram analisados estatistica- Primeiro nível de leitura: composto por pro- mente utilizando o Teste de Mann-Whitney, vas de identificação de nome das letras, de som com o objetivo de verificar possíveis diferenças da letra, de sílaba simples; entre os grupos. O Teste de Friedman foi apli- Segundo nível de leitura: composto por pro- cado com o intuito de comparar o desempenho vas de leitura de sílabas diretas com consoantes dos grupos nos três momentos de avaliação. de duplo sentido no som, sílabas diretas com Foi utilizado o Teste dos Postos Sinalizados de dígrafos, sílabas diretas com consoantes segui- Wilcoxon, ajustado pela Correção de Bonferro- das de “u”, sílabas diretas com consoantes de ni, para identificar qual ou quais os momentos duplo som conforme a posição na palavra, síla- de avaliação em que os grupos apresentaram bas indiretas de nível simples, sílabas indiretas melhor desempenho. de nível complexo, sílabas complexas, sílabas com ditongos; RESULTADOS Terceiro nível de leitura: composto por provas A Tabela 1 apresenta a distribuição da de leitura de sílabas com ditongo de nível com- média, desvio padrão e valor de p referente plexo, sílabas com grupos consonantais de nível ao desempenho dos escolares do GI e GII, res- simples, sílabas com grupos consonantais de pectivamente, quanto a identificação de nomes nível complexo, sílabas com grupos consonantais das letras, de som da letra e de sílaba simples, e ditongos de nível simples, sílabas com grupos nos três momentos de avaliação. Com a aplica- consonantais e ditongos de nível complexo. ção do Teste de Mann-Whitney, é possível que A segunda parte do Protocolo, denominada os escolares do GI apresentaram na prova C, de Identificação de Erros Específicos é composta composta por sílabas simples, diferenças esta- por provas de identificação de erros por inver- tisticamente significantes, que indicam que nos sões de letras, inversões de palavras completas, três momentos de avaliação os escolares deste inversões de letras dentro da palavra, inversões grupo apresentaram desempenho inferior ao de ordem da sílaba na palavra, além de uma GII, sugerindo que a capacidade para a leitura prova com letras possíveis de serem confundi- de sílabas simples é adquirida no final do pri- das pelo som no início da palavra. meiro ano escolar. Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33 327
  • 16. Moraes MP & Capellini SA Tabela 1 – Distribuição da média, desvio padrão e valor Tabela 2 - Distribuição da média, desvio padrão e valor de p de p referente ao desempenho dos escolares no 1º nível de referente ao desempenho dos escolares no 2º nível de leitura, leitura, em três momentos de avaliação. em três momentos de avaliação. Provas Grupo Média Desvio-padrão Valor de p Provas Grupo Média Desvio-padrão Valor de p I 19,22 3,27 I 1,22 1,92 A1 0,429 A1 0,013* II 19,70 3,97 II 5,30 3,40 I 21,11 2,21 I 4,44 3,17 A2 0,439 A2 0,242 II 21,50 2,95 II 5,70 3,16 I 21,11 2,67 I 5,67 2,78 A3 0,181 A3 0,074 II 22,60 0,97 II 7,40 0,97 I 9,67 5,50 I 0,22 0,67 B1 0,562 B1 0,009* II 8,30 5,77 II 3,20 2,82 I 11,44 6,23 I 0,78 1,09 B2 0,107 B2 0,008* II 16,10 6,77 II 4,10 2,42 I 17,78 5,47 I 2,78 2,17 B3 0,066 B3 0,046* II 21,70 0,68 II 4,90 1,91 I 3,78 6,20 I 0,44 1,01 C1 0,048* C1 0,156 II 13,20 9,47 II 1,50 1,72 I 8,00 7,42 I 0,33 0,71 C2 0,017* C2 0,009* II 16,40 8,17 II 2,20 1,69 I 13,56 8,26 I 0,89 1,17 C3 0,046* C3 0,003* II 19,80 3,62 II 3,10 1,20 I 0,22 0,67 Legenda: A: nome da letra; B: som da letra; C: sílabas diretas D1 0,046* II 1,90 2,03 com consoantes de sons simples; 1: primeira avaliação; 2: segunda avaliação; 3: terceira avaliação. I 0,78 1,39 D2 0,150 II 2,10 2,03 I 1,89 2,03 D3 0.066 II 3,70 1,49 A Tabela 2 apresenta a distribuição da mé- I 0,33 1,00 E1 0,030* dia, desvio padrão e valor de p referente ao II 2,40 2,55 I 1,44 1,81 desempenho dos escolares do GI e GII, respec- E2 0,080 II 3,40 2,80 tivamente, quanto ao desempenho no segundo I 2,00 2,60 E3 0,044* nível de leitura. Aplicando o Teste de Mann- II 4,50 2,17 I 0,44 1,33 Whitney, foi possível verificar que, durante o F1 0,016* II 2,60 2,46 1º momento de avaliação, os escolares do GII I 1,22 1,64 F2 0,108 apresentam desempenho superior aos escolares II 3,30 2,91 I 1,78 2,68 do GI na maioria das provas deste nível, com F3 II 3,60 2,68 0,138 exceção à prova de leitura de sílabas diretas I 0,00 0,00 G1 0,017* com consoantes de sons seguidas de “u”. II 2,90 3,07 I 0,00 0,00 Além disso, nesta tabela podemos verificar G2 II 3,10 3,07 0,007* qu, no terceiro momento de avaliação, tanto I 2,33 2,45 G3 0,063 os escolares do GI como do GII apresentaram II 4,40 2,01 I 0,33 1,00 desempenho similar para a leitura de sílabas H1 II 4,20 4,54 0,047* diretas com consoantes de duplo sentido no I 2,11 2,98 H2 0,048* som, de sílabas diretas com consoantes de II 6,00 4,30 I 4,78 4,79 duplo som conforme a posição na palavra, de H3 II 7,80 3,26 0,147 sílabas indiretas de nível complexo, de sílabas Legenda: A: sílabas diretas com consoantes de duplo sentido complexas e de sílabas com ditongos, indicando no som; B: sílabas diretas com dígrafos; C: sílabas diretas com consoantes seguidas de “u”; D: sílabas diretas com que a capacidade para o reconhecimento das consoantes de duplo som conforme a posição na palavra, E: sílabas indiretas de nível simples; F: sílabas indiretas de nível sílabas com tais complexidades é adquirida ao complexo; G: sílabas complexas, H: sílabas com ditongos; 1: longo do primeiro ano escolar. A diferença es- primeira avaliação; 2: segunda avaliação; 3: terceira avaliação. Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33 328
  • 17. Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental tatisticamente significante foi verificada entre Tabela 3 - Distribuição da média, desvio padrão e valor os grupos no terceiro momento de avaliação, de p referente ao desempenho dos escolares no 3º nível de para a leitura de sílabas diretas com dígrafos, leitura, em três momentos de avaliação. Provas Grupo Média Desvio-padrão Valor de p de sílabas diretas com consoantes seguidas de I 0,22 0,67 “u” e sílabas indiretas de nível simples, indi- A1 0,047* II 2,50 2,68 cando que a capacidade de leitura para estas I 1,11 1,83 complexidades silábicas é superior no GII, A2 0,144 II 2,80 2,66 sugerindo que tal capacidade é adquirida no I 2,44 2,83 segundo ano escolar. A3 0,157 II 4,40 2,27 A Tabela 3 apresenta a distribuição da I 0,00 0,00 média, desvio padrão e valor de p referente B1 0,017* II 2,60 2,88 ao desempenho dos escolares do GI e GII, I 0,44 1,33 respectivamente, no terceiro nível de leitura. B2 0,046* II 2,90 3,07 Analisando-a também de acordo com o Teste I 2,44 2,51 de Teste de Mann-Whitney, notamos que, no B3 0,139 II 4,00 2,54 1º momento de avaliação, os escolares do GII I 0,11 0,33 apresentaram desempenho superior em todas C1 0,047* II 2,70 2,91 as provas se comparado ao 2º momento de I 0,33 1,00 avaliação em todas as categorias de palavras C2 0,022* II 3,20 3,01 para leitura, no entanto, ao observarmos I 2,22 2,77 o 3º momento de avaliação, esta diferença C3 0,143 II 4,00 2,54 estatisticamente significante não ocorreu, I 0,00 0,00 sugerindo que a capacidade de ler palavras D1 0,018* II 2,00 2,63 com sílaba com ditongo de nível complexo, I 0,33 1,00 sílaba com grupos consonantais de nível sim- D2 0,023* II 3,00 2,87 ples, sílaba com grupos consonantais de nível I 2,67 2,69 complexo, sílabas com grupos consonantais e D3 0,186 II 4,20 2,44 ditongos de nível simples, sílaba com grupos I 0,00 0,00 E1 0,017* consonantais e ditongos de nível complexo se II 2,90 3,38 estabelece ao final do 1º ano escolar. I 0,22 0,67 E2 0,023* As Tabelas 4 e 5 apresentam a distribuição II 3,40 3,41 da média, desvio padrão e valor de p referen- I 2,44 3,43 E3 0,177 te ao desempenho dos escolares do GI e GII, II 4,60 2,95 respectivamente, quanto a identificação dos Legenda: A: sílabas com ditongos de nível complexo; B: erros de reversão na leitura nos três momen- sílabas com grupos consonantais de nível simples; C: sílabas com grupos consonantais de nível complexo; D: sílabas com tos de avaliação. Com a aplicação do Teste grupos consonantais e ditongos de nível simples; E: sílabas de Friedman é possível verificar que tanto com grupos consonantais e ditongos de nível complexo; 1: primeira avaliação; 2: segunda avaliação: 3: terceira os escolares do GI como do GII não apresen- avaliação. taram na prova A (letras passíveis de serem confundíveis pelo som no início da palavra) diferença estatisticamente significante entre Quanto à identificação de letras con- os três momentos de avaliação, indicando fundíveis por grafia semelhante, inversões que os escolares deste estudo adquirem esta de palavras completas, inversões de letras, habilidade no primeiro ano. inversões de letras dentro da palavra e Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33 329
  • 18. Moraes MP & Capellini SA Tabela 4 - Distribuição da média, desvio padrão e Tabela 5 - Distribuição da média, desvio padrão valor de p referente ao desempenho dos escolares do e valor de p referente ao desempenho dos escolares do GII GI quanto à identificação dos erros de reversão, nos três quanto à identificação dos erros de reversão. momentos de avaliação. Provas Média Desvio-padrão Valor de p Bloco de A1 8,80 1,03 Variá- Média Desvio-padrão Valor de p A2 8,60 2,27 0,972 veis A3 8,80 1,48 A1 7,11 2,09 B1 5,10 5,30 A2 7,44 1,24 0,261 B2 8,10 4,77 < 0,001* A3 8,11 2,09 B3 10,70 2,16 B1 0,89 2,67 C1 6,00 6,13 B2 4,22 5,22 0,002* C2 8,60 4,90 0,007* B3 7,33 5,27 C3 10,30 3,43 C1 0,33 1,00 D1 4,70 5,12 C2 3,44 4,72 0,002* D2 7,50 5,30 0,002* C3 6,78 5,63 D3 9,30 3,92 E1 5,00 5,38 D1 0,33 1,00 E2 7,70 4,57 0,001* D2 2,89 4,26 0,004* E3 9,50 3,84 D3 4,89 5,01 F1 4,60 5,36 E1 0,11 0,33 F2 7,60 4,79 0,004* E2 2,56 4,33 0,029* F3 9,80 3,71 E3 5,44 5,43 F1 0,33 1,00 Legenda: A: letras passíveis de serem confundidas pelo F2 2,78 4,41 0,005* som no início da palavra, B: letras confundíveis por grafia semelhante, C: inversões de palavras completas, F3 6,22 5,74 D: inversões de letras, E: inversões de letras dentro da palavra, F: inversões de ordem da sílaba dentro da palavra, 1: primeiro momento de avaliação, 2: segundo momento de Legenda: A: sílabas com ditongos de nível complexo; B: avaliação, 3: terceiro momento de avaliação. sílabas com grupos consonantais de nível simples; C: sílabas com grupos consonantais de nível complexo; D: sílabas com grupos consonantais e ditongos de nível simples; E: sílabas com grupos consonantais e ditongos de nível complexo; 1: primeira avaliação; 2: segunda avaliação: 3: terceira Como foi observada diferença estatistica- avaliação. mente significante entre os três momentos de avaliação, utilizamos o Teste dos Postos Sinalizados de Wilcoxon, ajustado pela Cor- inversões de ordem da sílaba dentro da reção de Bonferroni, para identificarmos qual palavra, observamos que tanto os escolares ou quais os momentos de avaliação em que do GI como do GII apresentaram diferença os grupos apresentaram melhor identificação estatisticamente significante entre os três quanto aos erros de reversão (Tabela 6). Os momentos de avaliação revelando que o resultados revelaram que os escolares do GII número de acertos foi aumentando ao longo apresentaram desempenho superior na tercei- do ano letivo, demonstrando que o conhe- ra avaliação nas provas B, D e E, referentes cimento e reconhecimento das letras e de à leitura de palavras com letras confundíveis seu posicionamento na palavra melhoram por grafia semelhante, inversões de letras com o aumento do uso de tarefas de leitura e inversões de letras dentro da palavra, em e escrita no contexto de sala de aula. relação ao primeiro momento de avaliação. Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33 330
  • 19. Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental Tabela 6 - Distribuição do valor de p referente à compara- Os achados deste estudo corroboram a li- ção entre os momentos de aplicação do Protocolo de identi- teratura1-4,12, que concluiu que a habilidade de ficação e detecção precoce da dislexia quanto à identificação dos erros de reversão. reconhecimento das letras envolve processa- Valor de p mento cognitivo semelhante ao da leitura, o que Provas facilita o desenvolvimento da leitura em séries Grupo I Grupo II A2 - A1 0,453 0,888 iniciais de alfabetização. A3 - A1 0,156 1,000 Neste estudo ficou evidente que, ao longo do A3 - A2 0,304 0,756 ano letivo, escolares que não apresentam dificul- B2 - B1 0,068 0,018 dades de aprendizagem se apropriam do princípio B3 - B1 0,018 0,005* alfabético do sistema de escrita do português brasi- B3 - B2 0,028 0,027 leiro. Princípio este que é responsável pelo uso do C2 - C1 0,068 0,068 mecanismo de conversão fonema-grafema1,13,21,22, C3 - C1 0,017 0,027 que favorece tanto o reconhecimento e decodifica- C3 - C2 0,028 0,066 ção de sílabas simples, como o de sílabas comple- D2 - D1 0,068 0,027 xas10,11 e no sistema da língua portuguesa, restando D3 - D1 0,027 0,012* somente as situações que não consistem em única D3 - D2 0,026 0,071 correspondência grafo-fonêmica. E2 - E1 0,109 0,018 Apesar do protocolo adaptado para este es- E3 - E1 0,043 0,012* tudo ser para identificação precoce dos sinais da E3 - E2 0,078 0,026 dislexia, o mesmo foi sensível para indicar que, F2 - F1 0,068 0,034 ao longo dos dois primeiros anos escolares, o co- F3 - F1 0,027 0,017 nhecimento acerca da identificação e domínio das F3 - F2 0,043 0,027 letras, sílabas simples e complexas e identificação Legenda: A: letras passíveis de serem confundidas pelo de erros específicos na sílaba e palavras foram som no início da palavra, B: letras confundíveis por facilitados e favorecidos pelas experiências com grafia semelhante, C: inversões de palavras completas, D: inversões de letras, E: inversões de letras dentro da tarefas de leitura e escrita em contexto de sala palavra, F: inversões de ordem da sílaba dentro da palavra, de aula. Concluindo, assim, que o processo de 1: primeiro momento de avaliação, 2: segundo momento de avaliação, 3: terceiro momento de avaliação. aquisição e desenvolvimento da leitura até o final do 2º ano escolar deve oferecer ao escolar sem dificuldades de aprendizagem o conhecimento DISCUSSÃO pleno da relação fonema-grafema e da comple- Os resultados deste estudo demonstraram xidade silábica para formação de palavras, e que, que, ao longo do ano letivo, tanto os escolares caso esta aquisição não ocorra, os educadores e do 1º ano como os escolares do 2º ano foram profissionais que atuam com escolares em fase capazes de desenvolver as habilidades do inicial de alfabetização podem suspeitar da pre- processamento fonológico como a consciência sença de um dos sinais da dislexia4,15,16, necessi- fonológica, a memória de trabalho fonológica tando investigação psicoeducacional detalhada e a velocidade de acesso às informações fono- e aprofundada. lógicas, conforme descrito na literatura4-5,10,15,17. Desta forma, estudos futuros deverão ser O desenvolvimento desta habilidade favorece conduzidos com uma amostra maior de esco- maior conhecimento e reconhecimento ortográ- lares com o perfil deste estudo para amplia- fico, favorecendo o acionamento do mecanis- ção do conhecimento acerca do processo de mo de conversão letra-som necessário para a apropriação do princípio alfabético da Língua aquisição do princípio alfabético do sistema de Portuguesa, criando assim parâmetros para o escrita do português brasileiro, como também reconhecimento de escolares de risco para a a percepção da posição da letra na palavra19,20. dislexia de forma preventiva. Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33 331
  • 20. Moraes MP & Capellini SA CONCLUSÃO português brasileiro sendo expostos a tarefas Os resultados deste estudo nos possibilita- de leitura e escrita em contexto de sala de aula. ram concluir que, ao longo do ano escolar, tanto Desta forma, o protocolo utilizado para este os escolares do GI como os escolares do GII estudo pode ser um instrumento auxiliar ao pro- adquiriram a capacidade de conhecimento e re- fessor para identificar ao final do 2º ano escolar conhecimento de letras, sílabas e palavras, além os escolares que apresentam sinal da dislexia, da capacidade de identificar e reconhecer erros uma vez que é esperado, conforme dados deste de inversão, demonstrando que os escolares sem estudo, que ao final do 2º ano escolar os escola- dificuldades de aprendizagem se apropriam do res dominem o conhecimento e reconhecimento princípio alfabético do sistema de escrita do de letras, sílabas simples e complexas. SUMMARY Knowledge of letters, syllables and words by students 1st and 2nd gra- des of basic education Purpose: Verify and compare the performance of students from 1st and 2 grades of basic education in knowledge of letters, syllables and words nd in three assessment periods. Methods: The participants were 19 students from a local public school attending the 1st and 2nd years of elementary school in Marília-SP, from both genders, aged 6-7 years and 11 months old. The students were divided into GI: composed of 9 students from 1st grade, and GII: composed of 10 students from 2nd grade of elementary school. The two groups were subjected to the application of the Brazilian adaptation of the Protocol for the identification and early detection of dyslexia. This protocol was composed of two parts, called reading level and identification of specific errors. The results were statistically analyzed in order to compare the performance of the groups in the three assessment periods. Results: The results revealed statistically significant differences, indicating that the performance of both groups was higher when the first and third assessments were compared. Conclusions: The results of this study lead to the conclusion that, throughout the school year, both GI and GII students became capable of understanding and recognizing letters, syllables and words, and also of identifying and recognizing errors of inversion, showing that the students without learning difficulties acquired the alphabetic principle of the Brazilian Portuguese writing system by being exposed to the tasks of reading and writing in the context of the classroom. KEY WORDS: Reading. Evaluation. Learning. Teaching. Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33 332
  • 21. Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental REFERÊNCIAS 11. Bowey JA. Socioeconomic status differen- 1. Bravo-Valdivieso L, Villalón M, Orellana E. ces in preschool phonological sensitivity Predictibilidad del rendimiento en lectu- and first-grade reading. J Educ Psychol. ra: una investigación de seguimiento entre 1995;87:476-87. primer y tercer año. Rev Latinoam Psicol. 12. Simmons DC, Coyne MD, Kwok OM, 2006;38:9-20. McDonagh S, Harn B, Kame´enui EJ. Inde- 2. Cardoso-Martins C, Pennington B. The rela- xing response to intervention: a longitudi- tionship between phoneme awareness and nal study of reading risk from kindergar- rapid serial naming skill and literacy acquisi- ten through third grade. J Learn Disabil. tion: the role of developmental period and re- 2008;41(2):158-73. ading ability. Sci Stud Read. 2004;8(1):27-52. 13. Alameda JR, Cuetos F. Diccionario de fre- 3. Cardoso-Martins C, Michalick MF, Pollo cuencias de las unidades linguísticas del TC. Como as crianças com síndrome de castellano 1995;1-2. Down aprendem a ler? O papel do conhe- 14. Refundini DC, Martins MA, Capellini SA. cimento do nome das letras. Psicol Reflex Treinamento da correspondencia grafema- Crit. 2006;19:53-9. fonema em escolares de risco para a disle- 4. Capellini SA, Padula NAMR, Santos LCA, xia. Rev Psicopedag. 2010;20(83):191-201. Lourenceti MD, Carrenho EH, Ribeiro LA. 15. Anthony JL, Williams JM, McDonald R, Desempenho em consciência fonológica, Corbitt- Shindler D, Carlson CD, Francis memória operacional, leitura e escrita na dis- DJ. Phonological processing and emergent lexia familial. Pro Fono. 2007;19(4):374-80. literacy in spanish-speaking preschool chil- 5. Silva C, Capellini SA. Eficácia do progra- dren. Ann Dyslexia. 2006;56(2):239-70. ma de remediação fonológica e leitura 16. Jong PF. Phonological awareness and no distúrbio de aprendizagem. Pro Fono. the use of phonological similarity in let- 2010;22(2):131-8. ter–sound learning. J Exp Child Psychol. 6. De Abreu MD, Cardoso-Martins C. Alphabe- 2007;98:131–52. tic access route in beginning reading acqui- 17. Condemarim M, Blomquist M. Dislexia: ma- sition in Portuguese: the role of letter-name knowledge. Read Wri. 1998;10(2):85-104. nual de leitura corretiva. Porto Alegre: Artes 7. De Jong PF, Olson RK. Early predictors of Médicas; 1989. letter knowledge. J Exp Child Psychol. 18. Scliar-Cabral L. Princípios do sistema alfa- 2004;8:254-73. bético do português do Brasil. São Paulo: 8. Capellini SA, Sampaio MN, Fukuda MTM, Contexto; 2003. Oliveira AM, Fadini CC, Martins MA. Pro- 19. Capellini SA, Butarelli APKJ, Germano GD. tocolo de identificação precoce dos proble- Learning disabilities of writing in students mas de leitura: estudo preliminar com es- from 1st to 4th grades of public education. colares de 1º ano escolar. Rev Psicopedag. Educ Quest. 2010;37(23):146-64. 2009;81(26):367-75. 20. Gonçalves BAG, Capellini SA. Desempe- 9. Capellini SA, Ferreira TL, Salgado CA, nho de escolares de 1ª série na bateria de Ciasca SM. Desempenho de escolares bons identificação de erros de reversão e inver- leitores, com dislexia e com transtorno do são na escrita: estudo preliminar. Rev CE- déficit de atenção e hiperatividade em no- FAC. 2010. meação automática rápida. Rev Soc Bras 21. Pinheiro FH, Capellini SA. Treinamento au- Fonoaudiol. 2007;12(2):114-9. ditivo em escolares com distúrbio de apren- 10. Blaiklock K. The importance of letter kno- dizagem. Pro Fono. 2010;22(1):49-54. wledge in the relationship between phono- 22. Salles JF, Parente MAMP. Funções neuropsi- logical awareness and reading. J Res Read. cológicas em crianças com dificuldades de lei- 2004;27:36-57. tura e escrita. Psic Teor Pesq. 2006;22:153-62. Trabalho realizado na Faculdade de Filosofia e Artigo recebido: 2/10/2010 Ciências da Universidade Estadual Paulista - FFC/ Aprovado: 11/12/2010 UNESP, Marília, SP, Brasil. Fonte de auxílio: Pró-Reitoria de Extensão Uni­ versitária – PROEX – Universidade Estadual Paulista – UNESP. Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 325-33 333
  • 22. ARTIGO ORIGINAL Seno MP Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): o que os educadores sabem? Marília Piazzi Seno RESUMO – Introdução: O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é considerado pelos educadores um fator preocupante, principalmente na fase escolar. Caracterizado pelos sintomas de desatenção, impulsividade e hiperatividade, afeta de 3 a 5% das crianças. É um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Apesar de não existir cura, sua manifestação tende a diminuir com a idade e com o uso de medicação. Quando a criança inicia seu contato com a leitura e escrita, é necessário que mantenha sua atenção e concentração sustentados, a fim de que os objetivos pedagógicos possam ser alcançados. Objetivo: Este trabalho teve como principal objetivo pesquisar o conhecimento de 52 educadores da Rede Municipal de Ensino de um município do interior de São Paulo/SP sobre o TDAH. Método: Foi aplicado um questionário, cujas perguntas foram elaboradas considerando-se a importância desse conhecimento para atuação profissional dos educadores. Conclusão: Concluímos que, apesar do professor não ter conhecimento teórico suficiente para discorrer com propriedade sobre o TDAH, sua prática escolar lhe permite observar, analisar, levantar hipóteses e adaptar sua metodologia independente do que o sistema lhe oferece; possibilitando que esse aluno tenha suas diferenças respeitadas e seja realmente incluído na sala de aula regular. UNITERMOS: Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Atenção. Transtornos mentais diagnosticados na infância. Marília Piazzi Seno – Fonoaudióloga e Psicopedagoga, Correspondência Coordenadora do Centro de Atendimento Marília Piazzi Seno Multidisciplinar - CAM da Secretaria Municipal da Rua José Freire Sobrinho, 610 – Jd. Europa – Marília, Educação de Marília, Marília, SP SP, Brasil – CEP 17514-014 E-mail: mariliaseno@hotmail.com Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 334-43 334
  • 23. Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade INTRODUÇÃO parece não ouvir, tem dificuldade em Segundo a Classificação Estatística Interna- seguir instruções, desorganização, cional de Doenças e Problemas Relacionados evita/não gosta de tarefas que exigem com a Saúde1, o Transtorno do Déficit de Aten- um esforço mental prolongado, distrai- ção e Hiperatividade (TDAH) está classificado se com facilidade, esquece atividades na categoria de transtornos hipercinéticos, diárias; descrito como “grupo de transtornos carac- • tipo hiperativo/ impulsivo: inquietação, terizados por início precoce – habitualmente mexer as mãos e os pés, remexer-se durante os cinco primeiros anos de vida –, falta na cadeira, dificuldade em permane- de perseverança nas atividades que exigem cer sentada, corre sem destino, sobe envolvimento cognitivo e tendência a passar nos móveis ou muros, dificuldade em de uma atividade a outra sem acabar nenhuma, engajar-se numa atividade silenciosa- associadas a uma atividade global desorgani- mente, fala excessivamente, responde zada, incoordenada e excessiva. Os transtornos perguntas antes delas serem formula- podem se acompanhar de outras anomalias. das, interrompem assuntos que estão As crianças hipercinéticas são frequentemente sendo discutidos e se intrometem nas imprudentes e impulsivas, sujeitas a acidentes conversas; e incorrem em problemas disciplinares mais • tipo combinado: quando o indivíduo por infrações não premeditadas de regras do apresenta os dois conjuntos de critérios que por desafio deliberado. Suas relações com desatento e hiperativo/impulsivo; os adultos são frequentemente marcadas por • tipo não específico, quando as caracte- uma ausência de inibição social, com falta de rísticas apresentadas são insuficientes cautela e reserva normais. São impopulares com para se chegar a um diagnóstico com- as outras crianças e podem se tornar isoladas pleto, apesar dos sintomas desequili- socialmente. Estes transtornos se acompanham brarem a rotina diária. frequentemente de um déficit cognitivo e de É o transtorno neuropsiquiátrico mais diag- um retardo específico do desenvolvimento da nosticado na infância, persistindo até a idade motricidade e da linguagem. As complicações adulta em torno de 60 a 70% dos casos4. Aco- secundárias incluem um comportamento disso- mete aproximadamente de 3 a 5% das crianças, cial e uma perda de autoestima”. sendo mais usualmente encontrado em meninos O TDAH é uma síndrome heterogênica, de do que meninas, numa proporção de 3:15. etiologia multifatorial, dependente de fatores O uso de medicamentos em indivíduos com genéticos-familiares, adversidades biológicas diagnóstico de TDAH provoca tranquilidade, e psicossociais, caracterizada pela presença de aumento no período de atenção e, por vezes, um desempenho inapropriado nos mecanis- sonolência. Essa resposta positiva não é obser- mos que regulam a atenção, a reflexibilidade vada em todos os pacientes, sendo que alguns e a atividade motora. Seu início é precoce, sua deles tornam-se mais excitados e agressivos evolução tende a ser crônica, sem repercussões e as doses empregadas deverão ser tituladas significativas no funcionamento do sujeito em individualmente e, após ter sido encontrada a diversos contextos de sua vida2. dose ideal, esta deverá ser mantida6. Caracterizado pelos sintomas de déficit de O TDAH vem sendo considerado pelos atenção, hiperatividade e impulsividade, esse educadores como um fator preocupante, prin- transtorno pode ser classificado em quatro tipos3: cipalmente na fase escolar. Num período onde • tipo desatento – não enxerga detalhes, a criança inicia seu contato com a leitura e es- faz erros por falta de cuidado, apresen- crita, é necessário que mantenha sua atenção ta dificuldade em manter a atenção, e concentração sustentados, a fim de que os Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 334-43 335
  • 24. Seno MP objetivos pedagógicos propostos possam ser auxiliar (por exemplo, pedir que entregue os alcançados. Na idade escolar, crianças com cadernos, que vá à diretoria ou que responda TDAH apresentam maior probabilidade de re- ao exercício na lousa); manter os alunos em petência, evasão, baixo rendimento acadêmico lugares fixos na sala, para que seja justificado e dificuldade emocionais e de relacionamento o motivo pelo qual a criança com TDAH senta social, e pessoas que apresentam sintomas de sempre naquela carteira; solicitar que os pais TDHA na infância têm uma maior probabilidade procurem por atendimentos especializados que de desenvolver problemas relacionados com possam complementar o trabalho pedagógico comportamento7. realizado em sala de aula; encaminhá-lo para Com relação às comorbidades associadas ao as aulas de reforço escolar, se necessário. transtorno, foi descrita a seguinte prevalência Pensando na importância do papel do pro- de problemas psiquiátricos em pacientes com fessor frente a um aluno que apresenta com- TDAH comparado com grupo controle: 18 vs. portamento indicativo de TDAH, este trabalho 4% de depressão; 6 vs. 1% transtornos da in- teve como principal objetivo verificar o conhe- fância, 6 vs. 2% de transtorno de ajustamento, 6 cimento dos educadores da Rede Municipal vs. 1% de TOD; 5 vs. 0% de psicose, 4 vs. 1% de de Ensino de um município do interior de São TC, 2 vs. 1% de abuso de substância e 1 vs. 1% Paulo/SP sobre esse transtorno. de ansiedade. O mesmo estudo estendeu-se aos pais de pacientes com TDAH e pais controles: 9 MÉTODO vs. 4% de depressão, 1 vs. 0% de transtorno da Participaram desse estudo 52 educadores infância; 4 vs. 2% de outros transtornos mentais; da Rede Municipal de Ensino, sendo que 28 2 vs. 1% de transtorno de ajustamento; 0 vs. 0% estavam inseridos em Escolas Municipais de de TOD; 1 vs. 1% de psicose; 0 vs. 0% de TC; Ensino Fundamental (EMEF) e 24 em Escolas 2 vs. 1% de abuso de substância e 1 vs. 1% de Municipais de Educação Infantil (EMEI). ansiedade8. Para coleta dos dados foi aplicado um ques- Uma vez diagnosticado o TDAH, esse aluno tionário contendo 17 questões (Anexo 1): 9 deve ser considerado como uma criança com dissertativas, 7 com as opções “sim” e “não” necessidades educacionais especiais, pois para e 1 de múltipla escolha com 2 opções de res- que tenha garantidas as mesma oportunidade posta. O tempo para seu preenchimento foi de de aprender que os demais colegas de sala de 15 minutos e a avaliadora permaneceu na sala aula, serão necessárias algumas adaptações para que fosse garantida a individualidade das visando diminuir a ocorrência dos comporta- respostas. mentos indesejáveis que possam prejudicar As questões foram elaboradas levando em seu progresso pedagógico: sentar o aluno na consideração a importância desse conhecimento primeira carteira e distante da porta ou janela; para atuação profissional dos educadores, uma reduzir o número de alunos em sala de aula; vez que, num momento no qual a inclusão é am- procurar manter uma rotina diária; propor ativi- plamente defendida por estudiosos, espera-se dades pouco extensas; intercalar momentos de que o professor esteja preparado para receber explicação com os exercícios práticos; utilizar alunos com qualquer necessidade educacional estratégias atrativas; explicar detalhadamente especial e tenha condições de integrá-lo aos a proposta; tentar manter o máximo de silêncio demais colegas de sala no ensino regular. possível; orientar a família sobre o transtorno; evitar situações que provoquem a distração. tais RESULTADOS E DISCUSSÃO como ventiladores, cortinas balançando, carta- Quanto ao perfil dos participantes, 27 eram zes pendurados pela sala; aproveitar situações professores, 18 coordenadores, 3 diretores e 4 auxi- que exijam movimentação para escolhê-lo como liares de direção. O tempo de atuação na educação Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 334-43 336
  • 25. Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade ANEXO 1 - Questionário empregado na pesquisa. Escola: ( ) EMEI ( ) EMEF Data: ____/____/____ Tempo de formação? _______________ Lecionou(a) para alunos com TDAH? ( ) Sim ( ) Não Função atual: ___________________________________ 1. O que significa a nomenclatura TDAH? 2. Quais são as causas do TDAH? 3. A partir de que idade é possível perceber o TDAH? 4. Quais são os comportamentos observados numa criança com TDAH? 5. Em qual sexo você acha que o TDAH ocorre com maior frequência? 6. Quais exames são necessários para diagnosticar o TDAH? 7. Qual especialista está apto a diagnosticar o TDAH? 8. TDAH tem cura? ( ) Sim ( ) Não 9. Como é o tratamento para o TDAH? 10. Uma criança com TDAH consegue concentrar-se por bastante tempo em uma única atividade? ( ) Sim ( ) Não 11. É possível ter TDAH sem apresentar dificuldades de aprendizagem? ( ) Sim ( ) Não 12. Quem tem TDAH apresenta maior chance de desenvolver outra alteração de saúde mental? ( ) Sim ( ) Não 13. Os sintomas do TDAH mudam conforme a idade da pessoa? ( ) Sim ( ) Não 14. Todas as crianças com TDAH necessitam usar medicação? ( ) Sim ( ) Não 15. Você acha que o TDAH realmente existe ou a hiperatividade da criança é consequência da falta de limites? ( ) Realmente existe ( ) É falta de limites 16. Na sua opinião, a criança com TDAH percebe que é diferente? ( ) Sim ( ) Não 17. Como o professor pode ajudar um aluno com TDAH? Rev. Psicopedagogia 2010; 27(84): 334-43 337