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Brainstorming




“A melhor forma de ter uma boa ideia é
ter muitas ideias.” Linus Pauling

O conceito de brainstorming foi criado por Alex Osborn nos anos 30, na área da
publicidade. Um brainstorming é uma reunião destinada a incentivar a total
libertação da actividade mental, sem restrições, tendo como objectivo a recolha
de um elevado número de ideias. Embora se possam fazer brainstormings
individuais, o resultado é normalmente mais fraco, visto que um indivíduo por si
só facilmente se limita. Esta técnica funciona tão bem porque, entre outros
motivos, “ideias puxam ideias”. As ideias de terceiros são por vezes pontos de
partida para as melhores ideias.


Retirando qualquer restrição, espera-se ver surgir algumas ideias convencionais,
outras interessantes, outras aparentemente ridículas – para a reunião funcionar,
deve haver exemplos de todas. Caso não surja nenhuma ideia ridícula ou
impraticável, é sinal que o brainstorming não foi bem feito: de certeza que as
pessoas se inibiram de propor ideias.


Através desta técnica é aplicado o princípio de libertação do hemisfério direito do
cérebro e inibição do esquerdo. Com a remoção das constrições da forma
racional de ver o mundo, não encontraremos nós próprios outras perspectivas?




                                                                                 1
Para atingir esse objectivo, é importante que haja um clima de confiança e
liberdade total e que nenhum participante tenha receio de avançar com
qualquer opinião por parecer ridículo. Um brainstorming poderia mesmo incluir
um “concurso de ideias disparatadas”. O ambiente criado pelo líder da reunião e
o seu próprio exemplo são fundamentais para conseguir esta “libertação”.
Também é habitual dizer-se que o humor e boa disposição são muito úteis (van
Gundy, 1984).


Também a mudança de um ambiente quotidiano para outro mais relaxante pode
ser importante.
Godfrey (1998) cita um exemplo de criação de um ambiente especial, propício ao
brainstorming e limitador do “hemisfério esquerdo”: o presidente da administração
da empresa norte-americana Armstrong International entregava uma drageia de
chocolate (M&M) a cada participante, que a colocava na mesa à sua frente.
Todos tinham direito a um comentário negativo. Quando o fizessem, tinham de
comer o M&M e a partir daí deixavam de poder intervir com comentários
negativos.
O facto de este tipo de reuniões ter regras de participação tão livres poderia fazer
crer que não requer preparação: na reunião ficar-se-ia à espera que todos fossem
participando. No entanto, isso não é necessariamente assim.


O líder (moderador) de uma reunião de brainstorming deve prepará-la
cuidadosamente e, em particular, decidir sobre um processo de induzir
ideias.
Sem um ponto de partida, e/ou sem uma estratégia de evolução da reunião, um
brainstorming pode ser infrutífero e até desmotivador para os participantes.
Consoante o enquadramento específico do projecto e os seus objectivos, haverá
técnicas mais apropriadas do que outras, mas existe também um modus operandi
que se vai aperfeiçoando, pelo que nada resulta tão bem como uma empresa ir
experimentando e desenvolvendo a metodologia que lhe parecer mais apropriada
para os seus brainstormings. Apresentam-se seguidamente algumas sugestões
que poderão constituir pontos de partida úteis:




                                                                                  2
Desenhar um diagrama de forças (FFA), um mapa cognitivo, um diagrama
sistémico (da empresa, de um processo, das opiniões e reacções do mercado em
relação a um produto) ou uma análise funcional (QFD); iniciar o brainstorming
pela sua execução ou propondo um modelo para discussão e ajuste; lançar
depois a “pesca” de ideias sobre os pontos explicitados nestes diagramas. A
aplicação de técnicas de pensamento lateral em determinados pontos dos
diagramas pode ser particularmente interessante para explorar ideias inovadoras.


Outra ideia interessante para um brainstorming mais aberto é, após o início da
sessão em que o líder especifica bem os objectivos e estabelece o ambiente
apropriado, cada participante trabalhar por si só, gerando ideias que vai
escrevendo separadamente em folhas de um bloco post-it. Após 5 a 10 minutos,
o líder recolhe os post-it e organiza-os, continuando depois a discussão geral. Em
versões mais evoluídas desta técnica, o post-it é substituído por uma aplicação
informática apropriada (van Gundy, 1984): cada elemento escreve as suas ideias
num terminal de computador e a aplicação gere os vários inputs. Dois exemplos
interessantes são o TeamWave da TeamWave Software Inc. e o GroupSystem da
Ventana Corp.


Uma técnica útil para “pôr as ideias convencionais em causa” é a reversão de
hipóteses (Grossman, 1984). A ideia é listar as hipóteses normais de operação,
por mais triviais e evidentes que pareçam, para depois as inverter (por exemplo: o
“restaurante prepara comida” passa a “o cliente prepara comida”). Finalmente,
analisa-se como se poderia viabilizar um sistema em que algumas das hipóteses
invertidas fossem possíveis (no exemplo anterior, o restaurante prepara apenas
parcialmente a comida, distribui-a ao cliente que termina o prato em casa, dando-
lhe os seus “toques pessoais”).


Uma técnica particularmente aplicável ao desenvolvimento de produtos multi-
funcionais, designada intuição semântica, foi desenvolvida por Warfield, Geschka
e Hamilton (1975). O método consiste em gerar duas listas de palavras
relacionadas com o tema. Seguidamente, combinam-se as palavras de uma
coluna com as da outra, por qualquer método puramente aleatório (lançar dados,
por exemplo). Finalmente, tenta-se gizar um produto que resulte de algumas


                                                                                3
destas combinações. Gerar combinações de produtos ou propriedades/conceitos
aleatoriamente e tentar encontrar uma forma de viabilizar essas combinações é
uma técnica que pode também ser explorada com aplicações informáticas (por
exemplo, a Innovation Toolbox da Infinite Innovations Ltd.


Uma técnica utilizada para assegurar o aparecimento de variadas ideias em torno
de um universo que se pretenda explorar é o método MY. A partir de um objectivo
central têm de se gerar 8 ideias ou pontos de aplicação. Em torno de cada uma
destas, gerar-se-iam mais 8 ideias e assim sucessivamente, consoante se quiser.
No entanto, só em dois níveis já se obtêm 64 ideias. Freire (1996) exemplifica
este conceito: em torno do objectivo “poupar espaço” foram sugeridas ideias em
relação a 8 áreas (cozinha, quarto, sala, varanda, carro, empresa, loja, rua) e
apenas 3 ideias para cada caso. A figura seguinte mostra este exemplo.


Exemplo de geração de ideias segundo o método MY (adaptado de Freire, 1996).




Também                                                                     podem
ser utilizadas




aplicações informáticas para gerar ideias. Por exemplo, a Innovation Toolbox da
Infinite Innovations Ltd. oferece várias hipóteses de gerar ideias aleatoriamente a
partir de inputs dos utilizadores, usando diferentes técnicas.




                                                                                 4
Resumindo, as regras principais de um brainstorming eficaz são:
   •   ter por objectivo a quantidade de ideias, não a qualidade;
   •   preparar a reunião e escolher uma metodologia a priori;
   •   iniciar a reunião explicando bem os objectivos e metodologia (permitir
       ajustes ou alterações, se o grupo assim o entender);
   •   assegurar um ambiente adequado – boa disposição, liberdade, largueza
       de âmbito;
   •   incentivar o aparecimento de ideias, por mais disparatadas que pareçam
       ser;
   •   não permitir críticas às ideias;
   •   analisar as questões sob variados pontos de vista;
   •   encorajar as pessoas a ir prosseguindo a partir de ideias de outros; ir
       elaborando uma ideia com ideias encadeadas das várias pessoas;
   •   encarregar apenas uma pessoa de anotar todas as ideias e utilizar
       quadros, retroprojectores ou outros meios (e.g. aplicações informáticas)
       que permitam que todos as visualizem bem e as elaborações que se vão
       fazendo em torno delas;
   •   dispor de um grupo variado de pessoas (quanto maior a diversidade,
       melhor – utilizar mesmo pessoas não-especialistas, consumidores,
       clientes, etc.). No entanto, o grupo não deve ser demasiado grande (há
       sugestões de 4 a 6 pessoas como sendo o número ideal – van Gundy,
       1984);
   •   o líder (moderador) da reunião deve ser uma pessoa experimentada,
       conhecedor de técnicas de indução de ideias e sua aplicação, que possa
       provocar a geração de ideias e gerir a reunião, garantindo um ambiente
       adequado e assegurando a participação de todos.


Fonte - http://www.spi.pt (Adaptado)


Sandrina Valente




                                                                             5

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Brainstorming

  • 1. Brainstorming “A melhor forma de ter uma boa ideia é ter muitas ideias.” Linus Pauling O conceito de brainstorming foi criado por Alex Osborn nos anos 30, na área da publicidade. Um brainstorming é uma reunião destinada a incentivar a total libertação da actividade mental, sem restrições, tendo como objectivo a recolha de um elevado número de ideias. Embora se possam fazer brainstormings individuais, o resultado é normalmente mais fraco, visto que um indivíduo por si só facilmente se limita. Esta técnica funciona tão bem porque, entre outros motivos, “ideias puxam ideias”. As ideias de terceiros são por vezes pontos de partida para as melhores ideias. Retirando qualquer restrição, espera-se ver surgir algumas ideias convencionais, outras interessantes, outras aparentemente ridículas – para a reunião funcionar, deve haver exemplos de todas. Caso não surja nenhuma ideia ridícula ou impraticável, é sinal que o brainstorming não foi bem feito: de certeza que as pessoas se inibiram de propor ideias. Através desta técnica é aplicado o princípio de libertação do hemisfério direito do cérebro e inibição do esquerdo. Com a remoção das constrições da forma racional de ver o mundo, não encontraremos nós próprios outras perspectivas? 1
  • 2. Para atingir esse objectivo, é importante que haja um clima de confiança e liberdade total e que nenhum participante tenha receio de avançar com qualquer opinião por parecer ridículo. Um brainstorming poderia mesmo incluir um “concurso de ideias disparatadas”. O ambiente criado pelo líder da reunião e o seu próprio exemplo são fundamentais para conseguir esta “libertação”. Também é habitual dizer-se que o humor e boa disposição são muito úteis (van Gundy, 1984). Também a mudança de um ambiente quotidiano para outro mais relaxante pode ser importante. Godfrey (1998) cita um exemplo de criação de um ambiente especial, propício ao brainstorming e limitador do “hemisfério esquerdo”: o presidente da administração da empresa norte-americana Armstrong International entregava uma drageia de chocolate (M&M) a cada participante, que a colocava na mesa à sua frente. Todos tinham direito a um comentário negativo. Quando o fizessem, tinham de comer o M&M e a partir daí deixavam de poder intervir com comentários negativos. O facto de este tipo de reuniões ter regras de participação tão livres poderia fazer crer que não requer preparação: na reunião ficar-se-ia à espera que todos fossem participando. No entanto, isso não é necessariamente assim. O líder (moderador) de uma reunião de brainstorming deve prepará-la cuidadosamente e, em particular, decidir sobre um processo de induzir ideias. Sem um ponto de partida, e/ou sem uma estratégia de evolução da reunião, um brainstorming pode ser infrutífero e até desmotivador para os participantes. Consoante o enquadramento específico do projecto e os seus objectivos, haverá técnicas mais apropriadas do que outras, mas existe também um modus operandi que se vai aperfeiçoando, pelo que nada resulta tão bem como uma empresa ir experimentando e desenvolvendo a metodologia que lhe parecer mais apropriada para os seus brainstormings. Apresentam-se seguidamente algumas sugestões que poderão constituir pontos de partida úteis: 2
  • 3. Desenhar um diagrama de forças (FFA), um mapa cognitivo, um diagrama sistémico (da empresa, de um processo, das opiniões e reacções do mercado em relação a um produto) ou uma análise funcional (QFD); iniciar o brainstorming pela sua execução ou propondo um modelo para discussão e ajuste; lançar depois a “pesca” de ideias sobre os pontos explicitados nestes diagramas. A aplicação de técnicas de pensamento lateral em determinados pontos dos diagramas pode ser particularmente interessante para explorar ideias inovadoras. Outra ideia interessante para um brainstorming mais aberto é, após o início da sessão em que o líder especifica bem os objectivos e estabelece o ambiente apropriado, cada participante trabalhar por si só, gerando ideias que vai escrevendo separadamente em folhas de um bloco post-it. Após 5 a 10 minutos, o líder recolhe os post-it e organiza-os, continuando depois a discussão geral. Em versões mais evoluídas desta técnica, o post-it é substituído por uma aplicação informática apropriada (van Gundy, 1984): cada elemento escreve as suas ideias num terminal de computador e a aplicação gere os vários inputs. Dois exemplos interessantes são o TeamWave da TeamWave Software Inc. e o GroupSystem da Ventana Corp. Uma técnica útil para “pôr as ideias convencionais em causa” é a reversão de hipóteses (Grossman, 1984). A ideia é listar as hipóteses normais de operação, por mais triviais e evidentes que pareçam, para depois as inverter (por exemplo: o “restaurante prepara comida” passa a “o cliente prepara comida”). Finalmente, analisa-se como se poderia viabilizar um sistema em que algumas das hipóteses invertidas fossem possíveis (no exemplo anterior, o restaurante prepara apenas parcialmente a comida, distribui-a ao cliente que termina o prato em casa, dando- lhe os seus “toques pessoais”). Uma técnica particularmente aplicável ao desenvolvimento de produtos multi- funcionais, designada intuição semântica, foi desenvolvida por Warfield, Geschka e Hamilton (1975). O método consiste em gerar duas listas de palavras relacionadas com o tema. Seguidamente, combinam-se as palavras de uma coluna com as da outra, por qualquer método puramente aleatório (lançar dados, por exemplo). Finalmente, tenta-se gizar um produto que resulte de algumas 3
  • 4. destas combinações. Gerar combinações de produtos ou propriedades/conceitos aleatoriamente e tentar encontrar uma forma de viabilizar essas combinações é uma técnica que pode também ser explorada com aplicações informáticas (por exemplo, a Innovation Toolbox da Infinite Innovations Ltd. Uma técnica utilizada para assegurar o aparecimento de variadas ideias em torno de um universo que se pretenda explorar é o método MY. A partir de um objectivo central têm de se gerar 8 ideias ou pontos de aplicação. Em torno de cada uma destas, gerar-se-iam mais 8 ideias e assim sucessivamente, consoante se quiser. No entanto, só em dois níveis já se obtêm 64 ideias. Freire (1996) exemplifica este conceito: em torno do objectivo “poupar espaço” foram sugeridas ideias em relação a 8 áreas (cozinha, quarto, sala, varanda, carro, empresa, loja, rua) e apenas 3 ideias para cada caso. A figura seguinte mostra este exemplo. Exemplo de geração de ideias segundo o método MY (adaptado de Freire, 1996). Também podem ser utilizadas aplicações informáticas para gerar ideias. Por exemplo, a Innovation Toolbox da Infinite Innovations Ltd. oferece várias hipóteses de gerar ideias aleatoriamente a partir de inputs dos utilizadores, usando diferentes técnicas. 4
  • 5. Resumindo, as regras principais de um brainstorming eficaz são: • ter por objectivo a quantidade de ideias, não a qualidade; • preparar a reunião e escolher uma metodologia a priori; • iniciar a reunião explicando bem os objectivos e metodologia (permitir ajustes ou alterações, se o grupo assim o entender); • assegurar um ambiente adequado – boa disposição, liberdade, largueza de âmbito; • incentivar o aparecimento de ideias, por mais disparatadas que pareçam ser; • não permitir críticas às ideias; • analisar as questões sob variados pontos de vista; • encorajar as pessoas a ir prosseguindo a partir de ideias de outros; ir elaborando uma ideia com ideias encadeadas das várias pessoas; • encarregar apenas uma pessoa de anotar todas as ideias e utilizar quadros, retroprojectores ou outros meios (e.g. aplicações informáticas) que permitam que todos as visualizem bem e as elaborações que se vão fazendo em torno delas; • dispor de um grupo variado de pessoas (quanto maior a diversidade, melhor – utilizar mesmo pessoas não-especialistas, consumidores, clientes, etc.). No entanto, o grupo não deve ser demasiado grande (há sugestões de 4 a 6 pessoas como sendo o número ideal – van Gundy, 1984); • o líder (moderador) da reunião deve ser uma pessoa experimentada, conhecedor de técnicas de indução de ideias e sua aplicação, que possa provocar a geração de ideias e gerir a reunião, garantindo um ambiente adequado e assegurando a participação de todos. Fonte - http://www.spi.pt (Adaptado) Sandrina Valente 5