O Material que segue é sobre os 400 anos de silencio profético entre Malaquias e o Evangelho de Mateus, que dá início ao que conhecemos como Novo Testamento.
Esse período de silencio profético também é conhecido e denominado como período interstamentário.
Ao todo serão 06 aulas, onde abarcaremos sobres as Fontes Históricas sobre esse período, Persas, Gregos, Macabeus, Romanos, Seitas Judaicas.
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ENSINO BÍBLICO DE NIVELAMENTO – PERÍODO INTERBÍBLICO
AULA 2 – O Período Persa
Com o fim do Império Babilônico, o Império Persa assume o papel de
superpotência. Quando a dinastia meda foi fundada por Ciaxiares, a Pérsia era uma de
suas colônias. Cambises, filho de Aquemenes, fundador da Pérsia, casou-se com a filha
de Astíages, da Média, esperando com isso ampliar seu poder, territórios e riqueza.
Embora ele não tenha conseguido isso, seu filho, Ciro II, o Grande, rei da Pérsia de 559
a 530 a.C, incorporou a Média aos seus domínios, além de conquistar a lídia, a Síria, A
Babilônia, entre outras nações. Ciro, era um gênio notável, além de guerreiro e justo.
Ele vivia para lutar e conquistava para libertar. Deus havia predito por meio do profeta
Isaías alguns dos feitos de Ciro.(Is 44.26-28, 45.1). Quando Ciro entrou em Babilônia,
deve ter sido informado pelos judeus a respeito destas profecias. Ciro libertou os
cativos de Israel do cativeiro em Babilônia através de decreto (2 Cr 36.22-23; Ed1.1-4).
Atendendo ao decreto de Ciro, Zorobabel, da linhagem real e Josué, da linhagem
sacerdotal, voltaram para Jerusalém chefiando a primeira leva de 50.000 judeus.
A ascensão de Ciro significa o cumprimento da vontade de Deus, a libertação de
Judá, a restauração de Jerusalém, a restauração do Templo e do culto ao Senhor.
Outros sucessores de Ciro e o seu relacionamento com o Povo de Deus
1. Xerxes ou Assuero (486-465 a.C) casou-se com Ester, uma bela e jovem judia.
Esse casamento providencial ajudou os judeus a não serem mortos em massa
devido ao plano de Hamã, homem de grande posição política no reinado de
Xerxes. O rei permitiu, a pedido de Ester, que os judeus se armassem e se
defendessem de seus inimigos.
2. Artaxerxes (465-425 a.C) permitiu aos Judeus que tinham ficado em Babilônia
após o edito de Ciro, que voltassem a Jerusalém para reestabelecer sua
religião.
Os judeus sob o domínio persa
Dedicação do Templo de Jerusalém
Desde que Zorobabel e Josué voltaram reconduzindo os cativos a Jerusalém e
começaram a reconstrução do Templo e dos muros, já haviam se passado muitos anos. As
dificuldades eram muito grandes e Israel passava por inúmeras lutas com seus vizinhos. Em
mais ou menos 520 a.C., Deus enviou os profetas Ageu e Zacarias para exortar o povo para
fazer tudo pela reconstrução do Templo. Desse modo, alegraram os judeus que prosseguiram
nesta obra. Em Esdras 5 e 6 conta-se a história de Tatenai (governador do território além do
Eufrates), que junto com seus companheiros, foram até Zorababel e tentaram impedir a obra
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dos Judeus. O rei Dario decretou que deixassem os judeus em paz e não os incomodasse mais.
Por fim, em 516 a.C., os judeus conseguiram edificar a Casa do Senhor.
A dispersão judaica
Uma das finalidades do cativeiro babilônico foi dispersar os judeus. Nos propósitos de
Deus, isto visava preparar o mundo para o advento do Evangelho. Quando Ciro e mais tarde
seus sucessores, proclamaram a liberdade aos judeus, muitos voltaram para Jerusalém, mas
outros preferiram ficar nas pátrias adotivas. Encontramos desse modo, judeus em muitos
pontos do mundo, mas os núcleos principais estavam na Babilônia e no Egito.
Babilônia
Durante o tempo em que estiveram em Babilônia, muitos judeus gozaram de grande
influência na corte, e isso continuou sob o domínio persa. Daniel, por exemplo, era conselheiro
do rei, e isto, garantiu ao povo bem-estar e supremacia dos judeus. Muitos aspectos da vida
dos judeus em Babilônia continuaram durante o domínio persa. Neemias, por exemplo, era
copeiro do rei Artaxerxes. Falar com um rei persa era algo raro, mas no caso de Neemias, o
próprio rei, ao vê-lo triste, falou com ele (Ne 2.1-2). Conclui-se disso que os judeus
desfrutavam de muita liberdade sob o domínio dos medo-persas.
Egito
Muitos judeus foram para o Egito e ali se fixaram. Jeremias e Ezequiel apelam para
estes judeus egípcios . Mais tarde, sob o domínio de Alexandre, o Grande, encontramos grande
número de Judeus em Alexandria.
Líderes: Esdras e Neemias
Depois de Zorobabel, uma leva de judeus retornou a Jerusalém com Esdras, em 458
a.C. e com Neemias em 445 a.C.
Esdras era escriba versado na lei de Moisés e conhecia muito bem a condição moral
dos judeus. Uma vez em Jerusalém, os judeus continuavam com as práticas pecaminosas que
adquiriram na Babilônia. Esdras decidiu deixar a Babilônia e seguir para Jerusalém para ensinar
ao povo o caminho do Senhor. Voltou a Jerusalém em 458 a.C. e restaurou o culto ao Senhor,
proibiu o divórcio e o casamento com estrangeiros e obrigou o povo a seguir a Palavra de
Deus.
Neemias conduziu de Babilônia a Jerusalém o terceiro grupo de judeus e reergueu os
muros de Jerusalém para dar a cidade de Davi segurança.
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O que os judeus aprenderam com o exílio em Babilônia
Claudius Lamar McGinty enumerou assim as conquistas de Deus sobre seu povo com o
exílio:
1. Idolatria Destruída
Abraão, pai dos hebreus, foi tirado de Ur, cidade dos caldeus, devido a idolatria que havia
naquele lugar e em sua família. Mais tarde, seus descendentes foram para no Egito, centro
da idolatria, onde permaneceu por mais de 400 anos. Deus disse, por intermédio de
Moisés, que o Povo Escolhido não deveria adorar a ídolos, nem fazer deuses diante Dele
(Ex 20.3-5a). O cativeiro babilônico curou para sempre a idolatria dos judeus. Prova disso
são os três companheiros de Daniel que preferiram a fornalha de fogo a se dobrar diante
do deus de Nabucodonosor. Mais tarde, os macabeus lutaram de maneira heroica para
não profanar as coisas santas do Senhor. Até hoje, o judeu faz tudo, menos dobrar seu
joelho a um ídolo.
2. Exclusivismo judaico
Os judeus se julgavam superior aos demais povos. Seu Deus era deles de forma exclusiva,
bem como suas festas, rituais e sacrifícios. Os judeus se consideravam limpos e os demais
povos imundos. Um exemplo disso é a rivalidade entre os judeus e os samaritanos
(resultado da miscigenação entre judeus que viviam em Samaria na época do cativeiro
Assírio e os camitas). As divergências entre judeus e samaritanos forma se acentuando até
os dias de Jesus, que fez tudo para derrubar estes muros (Jo 4; Lc 10; Ef 2).
3. A observância e o respeito à Lei de Moisés
O exílio em Babilônia serviu de termómetro para os judeus que lhes indicou o quanto
estavam distantes da Lei de Deus. Como escravos em Babilônia, os filhos de Jacó tiveram o
tempo necessário para considerar como foram rebeldes com o Senhor. Nessa reflexões, o
coração dos judeus voltou-se prontamente para a Lei do Senhor. Começa nesse tempo um
movimento conhecido como “escribismo”, que buscou conduzir o povo à Lei de Moisés. As
profecias de Jeremias, Ezequiel e Isaias, foram ganhando terreno entre o povo. Na
Babilônia, longe de Jerusalém, os judeus começaram a amar a Lei e os Profetas.
4. O culto público
O culto público sempre foi vital na vida dos judeus, pode-se analisa-lo em três
circunstancias:
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i) Antes do exílio – os patriarcas tinham seu modo de adorar a Deus
erguendo altares a Ele, no Egito o povo possivelmente adorava a Deus no
templo de Serabite. Com Moisés o povo construiu o tabernáculo e passou
a adorar a Deus naquele lugar, depois veio o templo de Salomão;
ii) Durante o exílio – devido ao respeito dos babilônios com o culto dos
estrangeiros, os judeus podiam livremente ao Senhor. No primeiro período
do cativeiro, o povo era dirigido pelas palavras de Ezequiel e Isaías. O
escribismo desenvolveu-se neste período e os escritos de Moisés e os
profetas começaram a ser observados de
coração pelo povo. Os judeus levavam em conta inúmeras leis, mas
principalmente a circuncisão e a guarda do sábado.
iii) Depois do exílio – nem todos os judeus voltaram para a sua pátria com o
edito de Ciro. Muitos continuaram em Babilônia e outros foram para
diversas partes do
mundo. Esse fenômeno chama-se “dispersão”. Impelidos a prestar culto ao
Senhor, os judeus começaram a reunir-se em casas de família, para ali ler a
Lei, orar, cantar salmos e adorar ao Senhor. Surge então a sinagoga (At
15.21). O apostolo Paulo propagou o evangelho de Cristo pelas sinagogas.
Foi outra providencia de Deus para preparar o mundo para a vinda de
Jesus.
5. Revitalização da esperança messiânica
A esperança messiânica é algo que permeia todo o Antigo Testamento. Baseia-se na
promessa de Deus em Genesis 3.15, em Gn 12.3, Gn 49.8-12. A esperança messiânica
rejuvenescia nos momentos de crise espiritual e de derrotas de Israel. Quando Israel
estava em grandes crises, Isaías, Ezequiel, Daniel, Miqueias e outros profetas falavam
Dele. Nas guerras macabeiais, o messias era esperado, nos tempos de Jesus, o povo
esperava o messias que libertaria os judeus. Alguns dos judeus julgaram ser Ciro o
messias, nos últimos dias do cativeiro, nas guerras macabeias, o messias era esperado
como o libertador, o redentor de Israel. Hoje os judeus o esperam como restaurador.
6. Costumes modificados
Alguns costumes como alimentação, vestes e outras foram relativamente mudadas
durante o cativeiro babilônico, mas a educação religiosa, o formato das famílias e
principalmente a religião, foram mantidos.
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7. Uma nova língua
No cativeiro, os judeus perderam o hebraico. Quando a Assíria dominou o Oriente, o
aramaico generalizou-se. Quando Judá foi para o cativeiro, seu hebraico foi
profundamente alterado na linguagem do povo. No cativeiro, os judeus desprezaram o
hebraico e falaram o aramaico. Devido a este fator, hoje não se pode saber a
pronuncia correta de diversas palavras do hebraico. Algumas partes do Antigo
Testamento como Esdras 4.8-6.18; 7.12-26 e Daniel 2.4-7.28, foram escritas em
aramaico. Os judeus se esqueceram de tal maneira do hebraico, que Esdras, ao ler a
Lei em hebraico, em Jerusalém, precisou-lhes interpretar em aramaico (Ne 8).
Daí em diante, os judeus prosseguiram falando o aramaico, que foi a língua de Jesus e
dos apóstolos.
Fonte: TOGNINI, Enéas; O Período Interbíblico:400 anos de silêncio profético, São Paulo: Hagnos, 2009.