O documento descreve várias técnicas de modificação de pensamentos automáticos utilizadas na terapia cognitivo-comportamental, incluindo questionamento socrático, registro de pensamentos disfuncionais, identificação de erros cognitivos, geração de alternativas racionais, exame de evidências, descatastrofização e reatribuição. O objetivo é ensinar pacientes a identificar e substituir pensamentos irracionais por pensamentos mais realistas e adaptativos.
1. Modificando Pensamentos
Automáticos
Eliana Melcher Martins
Doutoranda em Ciências pelo depto.Psiquiatria da UNIFESP
Mestre em Ciências pelo depto de Psicobiologia da UNIFESP
Especialista em Medicina Comportamental pela UNIFESP
Psicóloga Clínica Cognitivo - Comportamental
2. Modificação dos Pensamentos Automáticos
• Questionamento Socrático
• Uso do RPD
• Geração de Alternativas Racionais
• Identificação de Erros Cognitivos
• Exame das Evidências
• Descatastrofização
• Reatribuição
• Ensaio Cognitivo
3. Questionamento Socrático
Características Chave
• Faça perguntas que revelem oportunidades de
mudança. O quanto o pensamento influencia
emoções e comportamentos.
• Faça perguntas que tragam resultados.
• Faça perguntas que envolvam o paciente no
processo de aprendizagem.
• Elabore perguntas de forma que seja produtivo para
o paciente.
• Evite fazer perguntas de comando
4. O RPD incentiva o paciente a:
1. Reconhecer seus pensamentos
automáticos
2. Identificar erros cognitivos, examinar as
evidências, gerar alternativas racionais
3. Observar resultados positivos em seus
esforços para modificar seus
pensamentos
5. Registro de Pensamentos Disfuncionais
(RPD)
Situação Pensamento
Automático
Emoção Resposta Racional Resultado
Preparando
-se para ir
a uma festa
Não vou saber
o que dizer –
90%
Ansioso
80%
Tenso
70%
Maximizando – Leio
muito e ouço as
notícias no
rádio.Tenho
praticado como bater
papo. Tenho algo a
dizer.Só preciso
começar a falar
(90%)
Ansioso
40%
Tenso 40%
Fui à festa
e fiquei lá
por mais de
1 hora. Eu
estava
nervoso,
mas me saí
bem
6. Situação Pensamentos
Automáticos
Emoção Resposta
Racional
Resultado
1-Evento que
levou à emoção
desagradável
2-Fluxo de
Pensamentos
3-Sensações
fisiológicas
Escreva os
pensamentos
Automáticos
que
precederam as
Emoções
Grau de
crença no PA
0 a 100%
Especifique
Triste,
ansioso
Com raiva
Grau de
emoção, de
0 a 100%
Identifique
os erros
cognitivos
Escreva a
resposta
racional ao
PA
Grau de
crença na
resposta
racional, de
0 a 100%
Especifique o
grau de
emoções e PA
subsequentes,
de
0 a 100%
Descreva as
mudanças no
comportamento
7. Exercício:
Utilizando o RPD
• Identifique um episódio de sua vida que
causou ansiedade, tristeza, raiva ou
alguma outra emoção desagradável
• Preencha o RPD, identificando
pensamentos automáticos, emoções,
pensamentos racionais e o resultado do
uso do RPD
8. Exercício:
Utilizando o RPD
• Apresente ao seu paciente esse exercício
em uma sessão de terapia. Peça a ele
para preencher um RPD como tarefa de
casa e depois revise em sessão posterior
• Se o paciente tiver problemas para
implementar o RPD ou não estiver
fazendo muito progresso, busque
soluções para essas dificuldades
9. Geração de Alternativas Racionais
≠ de Pensamento Positivo, tentando
mascarar o problema, ignorando
possíveis dificuldades pessoais ou
minimizando riscos genuínos
Enxergar circunstâncias da forma mais
racional possível e trabalhar maneiras
mais adaptativas de lidar com os
problemas
10. Desenvolvimento de Pensamentos Lógicos
• 1. Abra sua mente para as possibilidades:
cientista ou detetive (evitando a
precipitação, buscando evidências)
• 2. Pense como pensava antes de estar
deprimido ou ansioso.Em algum momento
da vida obteve sucesso
11. Desenvolvimento de Pensamentos Lógicos
• 3. Faça e explique um
brainstorm.Considerar uma lista de todas
as idéias possíveis, factíveis ou não e
depois ver quais podem ser mais lógicas
• 4. Aprenda com os outros
Vídeo 9 – Gerando alternativas racionais
12. Exercício:
Questionamento Socrático e Geração de
Alternativas Racionais
• Faça um Role-play com um colega para
praticar o questionamento socrático e a
geração de alternativas racionais
• Faça com seu paciente. Incentive-o a
pensar como um cientista ou um detetive
ao examinar diferentes maneiras de
enxergar a situação. Instrua o paciente
sobre a técnica do brainstorm
13. Identificação de Erros Cognitivos
• Sugestão de leitura para o paciente sobre
erros cognitivos: A Mente Vencendo o
Humor (Greenberg e Padesky, 1996;
Artmed, 1999)
• Explicar erros cognitivos em terapia,
usando exemplo do próprio discurso do
paciente
14. Exame das evidências
• Pensamento Automático:
Vou perder meu emprego.
Evidências a favor do PA:
1. A produtividade na minha linha de
produção caiu
2. Recebi uma advertência
3. Não atingimos nossa meta
15. Evidências contra o PA
1. A fábrica já está com poucos operários; eles
não vão mandar mais gente embora por
enquanto
2. Estou lá há dez anos e minha ficha é boa
3. Não estamos muito atrás nas metas de
produção
4. A empresa não tem um histórico de demissão
de pessoas sem uma boa razão
5. Ninguém me falou nada sobre perder meu
emprego
16. Erro cognitivo: Ignorando as evidências
– Tive somente uma chamada de atenção em 10
anos.
Pensamentos alternativos:
É improvável que eu perca meu emprego.
Eles não vão me demitir.
Eles estão tentando ver como melhorar a produção.
Vídeo 10 – Examinando as evidências
18. Descatastrofizando
1. Faça uma estimativa da probabilidade de ocorrer um
resultado catastrófico, pedindo ao paciente para classificar
sua crença em uma escala de 0 a 100%. Anote as
respostas
2. Avalie as evidências contra e a favor de ocorrência do
evento. Monitore a ocorrência de erros cognitivos e utilize o
questionamento socrático para ajudá-lo a discriminar entre
temores e fatos
3. Revise a lista de evidências e peça ao paciente para
refazer as estimativas da probabilidade de ocorrer uma
catástrofe
4. Avalie a percepção do controle, pedindo ao paciente para
classificar até que ponto acredita ter controle sobre a
ocorrência ou o resultado do evento. Anote
19. Descatastrofizando
5. Crie um plano de ação, fazendo um brainstorm das
estratégias para redução da probabilidade de que a
catástrofe ocorra. Colocar no papel.
6. Desenvolva um plano para enfrentar a catástrofe, caso ocorra
7. Reavalie a percepção da probabilidade do resultado
catastrófico, bem como o grau de percepção do controle
sobre o resultado. Compare-os com os originais e discuta as
diferenças
8. Faça uma análise, perguntando ao paciente como foi falar
sobre seus pensamentos catastróficos dessa maneira.
Reforce esse processo.
21. 3 dimensões de atribuições distorcidas
1. Interno X externo – Pessoas deprimidas
tendem a internalizar a culpa e a
responsabilidade por resultados negativos
2. Geral X específico – Na depressão, as
atribuições serão mais provavelmente
devastadoras e globais do que específicas a
um problema
3. Invariável X variável – Os deprimidos fazem
atribuições que são invariáveis e preveem
pouca ou nenhuma mudança
22. Atribuições mais saudáveis
• Questionamento Socrático
• RPD
• Exame das Evidências
• Gráfico com as dimensões das atribuições
23. Brainstorm
Perguntas para se obter outras perspectivas do problema:
• E quanto a outras pessoas que poderiam influenciar a
situação? Parentes? Amigos?
• E o papel da sorte ou do destino?
• Pode ser genético?
• E o chefe no trabalho?
• E o casamento como vai?
24. Gráfico com as dimensões das atribuições
Finanças 10%
Pressões no trabalho 30%
Pais da esposa 20%
Casamento ruim 20%
Eu 20%
25. Ensaio Cognitivo
1. Pense sobre a situação com antecedência
2. Identifique possíveis PANs e comportamentos
3. Modifique os PANs fazendo RPD ou outra técnica da TCC
4. Ensaie o modo mais adaptativo de pensar e se comportar
em sua mente
5. Implemente a nova estratégia
6. Ensaiar o novo plano na sessão
Vídeo 11 – Ensaio Cognitivo
26. Cartões de Enfrentamento
1. Escolha uma situação que seja importante
para o paciente
2. Planeje intervenções na terapia com o objetivo
de produzir um cartão de enfrentamento
3. Avalie se o paciente está pronto para
implementar estratégias com um cartão de
enfrentamento. Não tente fazer muita coisa
rápido demais.Comece com uma tarefa
administrável
27. Cartões de Enfrentamento
4. Seja específico na definição da situação e dos passos
a serem seguidos para lidar com o problema
5. Filtre as instruções até a sua essência. Instruções
facilmente memorizadas tem maior probabilidade de
se solidificar
6. Seja prático. Sugira estratégias que tenham alta
probabilidade de sucesso
7. Defenda o uso frequente do cartão em situações da
vida real
28. Exemplo de Cartão de Enfrentamento
Situação: Executivos da empresa estão chegando para
fazer um levantamento de nossos problemas de
produção
Estratégias de enfrentamento:Lembrar a mim mesmo
Estamos muito próximos de atingir nossa meta de
produção
Outros grupos de trabalho em minha fábrica estão piores
do que nós
Eles não estão preocupados comigo. A pressão cairá
sobre meus chefes
Eles só vão fazer uma ou duas perguntas. Eles não vão
me interrogar
29. Bibliografia
• Terapia Cognitiva-Teoria e Prática. Judith Beck- ARTMED
• Aprendendo a Terapia Cognitivo-Comportamental-Um Guia
ilustrado. Jesse H. Wright et al. ARTMED
• A Mente vencendo o Humor.Christine Padesky et al
ARTMED
• Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática
Donna M. Sudak. ARTMED