Este estudo avaliou como a condição inicial da polpa (viva ou necrosada) e a presença de dor pré-operatória influenciam a ocorrência de dor após tratamento endodôntico. Os resultados mostraram que a condição da polpa não influenciou a dor pós-operatória, mas a presença de dor prévia esteve associada a maior incidência de dor nos períodos de 48 horas, 72 horas e 1 semana.
1. Avaliação da influência da dor pré-Avaliação da influência da dor pré-
operatória e estado da polpa naoperatória e estado da polpa na
ocorrência de dor após tratamentoocorrência de dor após tratamento
endodônticoendodôntico
Carla Mayumi YamamotoCarla Mayumi Yamamoto
Juliana UjissatoJuliana Ujissato
Orientador: Profª Vera LúciaOrientador: Profª Vera Lúcia
APCD-2010APCD-2010
2. Alunas: Carla Mayumi YamamotoAlunas: Carla Mayumi Yamamoto
Juliana UjissatoJuliana Ujissato
Orientador: Profª Vera LúciaOrientador: Profª Vera Lúcia
Examinador: Prof. Alex OtaniExaminador: Prof. Alex Otani
3. A proposta deste trabalho é avaliar seA proposta deste trabalho é avaliar se
fatores como condição inicial da polpa (vivafatores como condição inicial da polpa (viva
ou necrosada) e presença de dor no pré-ou necrosada) e presença de dor no pré-
operatório têm alguma influência sobre a doroperatório têm alguma influência sobre a dor
que ocorre após o tratamento endodôntico, eque ocorre após o tratamento endodôntico, e
se existe alguma relação entre os fatores,se existe alguma relação entre os fatores,
além da observação do modo pelo qual elaalém da observação do modo pelo qual ela
influencia na evolução do quadro da dor noinfluencia na evolução do quadro da dor no
pós-operatório.pós-operatório.
ProposiçãoProposição
4. Participaram deste trabalho pacientesParticiparam deste trabalho pacientes
encaminhados ao Curso de Especializaçãoencaminhados ao Curso de Especialização
em Endodontia (março de 2009 a julho deem Endodontia (março de 2009 a julho de
2010), onde foram devidamente esclarecidos2010), onde foram devidamente esclarecidos
do propósito deste estudo clínico e assinaramdo propósito deste estudo clínico e assinaram
um documento de consentimento informadoum documento de consentimento informado
livre e esclarecido.livre e esclarecido.
MetodologiaMetodologia
5. Antes do início de tratamento cada alunoAntes do início de tratamento cada aluno
coletou os dados pré operatórios já estabelecidoscoletou os dados pré operatórios já estabelecidos
pelos professores.pelos professores.
Na preparação dos canais, foi utilizada
técnica “crown-down”, com instrumentação
manual ou rotatória, respeitando o preparo
cônico preconizado por Schilder em 1974,
sendo sempre que possível realizada a
patência.
MetodologiaMetodologia
6. A odontometria foi realizada através deA odontometria foi realizada através de
localizadores foraminais e o comprimento delocalizadores foraminais e o comprimento de
trabalho estabelecido em zero do vérticetrabalho estabelecido em zero do vértice
radiográfico.radiográfico.
A irrigação foi efetuada com soluções de
hipoclorito de sódio a 0,5 e 2,5% e 5,25% em
alguns casos, utilizando-se seringas plásticas e
agulhas de 30 gauge. Na irrigação final, foi
utilizado em casos alternados
randomicamente, EDTA-T
MetodologiaMetodologia
7. Todos os pacientes foram orientados aTodos os pacientes foram orientados a
tomar Dexametasona 4 mg ou placebo,tomar Dexametasona 4 mg ou placebo,
alternativamente. Dessa maneira, osalternativamente. Dessa maneira, os
pacientes permaneciam sem saberpacientes permaneciam sem saber
exatamente o que estavam consumindo, paraexatamente o que estavam consumindo, para
viabilizar a realização da pesquisa no pós-viabilizar a realização da pesquisa no pós-
operatório. Em nossa pesquisa só utilizamosoperatório. Em nossa pesquisa só utilizamos
pacientes que tomarampacientes que tomaram placeboplacebo..
MetodologiaMetodologia
8. Após cada tratamento, os pacientes foramApós cada tratamento, os pacientes foram
contatados nos períodos de 24, 48, 72 horascontatados nos períodos de 24, 48, 72 horas
e uma semana, buscando identificar em cadae uma semana, buscando identificar em cada
caso se houve ocorrência de dor póscaso se houve ocorrência de dor pós
operatória, e em caso positivo, se tal dor foioperatória, e em caso positivo, se tal dor foi
de leve, moderada ou grande intensidade.de leve, moderada ou grande intensidade.
MetodologiaMetodologia
9. Foram excluídos da pesquisa todos osForam excluídos da pesquisa todos os
pacientes que não conseguiram serpacientes que não conseguiram ser
contatados no pós-operatório, pacientes quecontatados no pós-operatório, pacientes que
tomaram medicação fora dos horáriostomaram medicação fora dos horários
estipulados pelos alunos após realização doestipulados pelos alunos após realização do
tratamento e pacientes que tomaram portratamento e pacientes que tomaram por
conta própria medicação não receitada peloconta própria medicação não receitada pelo
aluno.aluno.
MetodologiaMetodologia
10. ResultadosResultados
Para a realização da comprovaçãoPara a realização da comprovação
estatística desse estudo, foramestatística desse estudo, foram
selecionados pacientes que possuíam:selecionados pacientes que possuíam:
- Polpa vivaPolpa viva
- Polpa necrosadaPolpa necrosada
- Ausência e presença de dor no pré-Ausência e presença de dor no pré-
operatório.operatório.
Totalizando uma amostra de 179 pacientes.Totalizando uma amostra de 179 pacientes.
12. ResultadosResultados
Nos testes estatísticos, foi sempreNos testes estatísticos, foi sempre
adotada a margem de erro (nível deadotada a margem de erro (nível de
significância) de 5%.significância) de 5%.
14. Condição da polpaCondição da polpa
Teste de Kolmogorov-Smirnov para dor no período de 24 horas.
H0: distribuição para valores da polpa necrosada igual a polpa viva
Teste bilateral, estatística Kolmogorov-Smirnov = 0.11
P-Valor = 0,6202 > 0,05
Não se rejeita Ho.
Teste qui-quadrado =2,414; gl = 1; p-valor = 0,120> 0,05
15. Condição da polpaCondição da polpa
Teste de Kolmogorov-Smirnov para dor no período de 48 horas
H0: distribuição para valores da polpa necrosada igual a polpa viva
Teste bilateral, estatística Kolmogorov-Smirnov = 0.08
P-Valor = 1.0000 > 0,05
Não se rejeita Ho.
Teste qui-quadrado =1,21; gl = 1; p-valor = 0,272> 0,05
16. Condição da polpaCondição da polpa
Teste de Kolmogorov-Smirnov para dor no período de 72 horas
H0: distribuição para valores da polpa necrosada igual a polpa viva
Teste bilateral, estatística Kolmogorov-Smirnov = 0.07
P-Valor = 1.0000 > 0,05
Não se rejeita Ho.
Teste qui-quadrado =1,259; gl = 1; p-valor = 0,262 > 0,05
17. Condição da polpaCondição da polpa
Teste de Kolmogorov-Smirnov para dor no período de 1 semana
H0: distribuição para valores da polpa necrosada igual a polpa viva
Teste bilateral, estatística Kolmogorov-Smirnov = 0.06
P-Valor = 1.0000 > 0,05
Não se rejeita Ho.
Teste qui-quadrado =2,088; gl = 1; p-valor = 0,148 > 0,05
18. Dor préviaDor prévia
Teste qui-quadrado =2.337; gl = 1; p-valor = 0,126>0,05.Teste qui-quadrado =2.337; gl = 1; p-valor = 0,126>0,05.
24 horas
Dor 24h
TotalAUSENTE PRESENTE
Dor prévia AUSENTE 70 41 111
PRESENTE 35 33 68
Total 105 74 179
Ho: inexistência de associação entre presença e ausência deHo: inexistência de associação entre presença e ausência de
dor prévia com a dor pós-operatória no período de 24 horas.dor prévia com a dor pós-operatória no período de 24 horas.
Aceita-se Ho.Aceita-se Ho.
19. Dor préviaDor prévia
48 horas
Teste qui-quadrado =3.854; gl = 1; p-valor = 0,05
Dor 48h
Total
AUSENTE PRESENTE
Dor prévia AUSENTE 81 30 111
PRESENTE 40 28 68
Total 121 58 179
Ho: inexistência de associação entre presença e ausência deHo: inexistência de associação entre presença e ausência de
dor prévia com a dor pós-operatória no período de 48 horas.dor prévia com a dor pós-operatória no período de 48 horas.
Rejeita-se Ho.Rejeita-se Ho.
20. Dor préviaDor prévia
72 horas72 horas
Teste qui-quadrado =4.905; gl = 1; p-valor = 0,027<0,05
Dor 72h
Total
AUSENTE PRESENTE
Dor prévia AUSENTE 95 16 111
PRESENTE 49 19 68
Total 144 35 179
Ho: inexistência de associação entre presença e ausência deHo: inexistência de associação entre presença e ausência de
dor prévia com a dor pós-operatória no período de 72 horas.dor prévia com a dor pós-operatória no período de 72 horas.
Rejeita-se Ho.Rejeita-se Ho.
21. Dor préviaDor prévia
1 semana
Teste qui-quadrado =14.685; gl = 1; p-valor = 0,000127<0,05
1 semana
Total
AUSENTE PRESENTE
Dor prévia AUSENTE 109 2 111
PRESENTE 56 12 68
Total 165 14 179
Ho: inexistência de associação entre presença e ausência deHo: inexistência de associação entre presença e ausência de
dor prévia com a dor pós-operatória no período de 1 semana.dor prévia com a dor pós-operatória no período de 1 semana.
Rejeita-se Ho.Rejeita-se Ho.
22. Dor préviaDor prévia
Evolução dos quadros de dor pós-operatória, de acordoEvolução dos quadros de dor pós-operatória, de acordo
com a condição de dor prévia, ao longo do tempocom a condição de dor prévia, ao longo do tempo..
23.
24. Enquanto que no período de 24 horas a diferença é de 11,59%, ela
aumenta para 15,85% no período de 1 semana, ao invés de diminuir.
25. Condição da polpaCondição da polpa
Os testes (Qui-quadrado eOs testes (Qui-quadrado e
Kolmogorov-Smirnov) demonstraram que,Kolmogorov-Smirnov) demonstraram que,
em se tratando da condição inicial daem se tratando da condição inicial da
polpa (viva ou necrosada), e observado opolpa (viva ou necrosada), e observado o
nível de significância de 5%, estes fatoresnível de significância de 5%, estes fatores
não influenciaram a incidência ou não danão influenciaram a incidência ou não da
dor pós-operatória.dor pós-operatória.
26. Condição da polpaCondição da polpa
Esse resultado está de acordo comEsse resultado está de acordo com
outros estudos realizados por Harrisonoutros estudos realizados por Harrison et alet al
(1983), Georgopoulou(1983), Georgopoulou et alet al (1986), Imura e(1986), Imura e
Zuolo (1995).Zuolo (1995).
Harrison JW, Baumgartner JC, Svec TA. Incidence of pain associated with clinical
factors during and after root canal therapy. Part 2. Postobturation pain. J Endod
1983; 9(10): 434-438.
Georgopoulou M, Anastassiadis P, Sykaras S. Pain after chemomechanical
preparation. Int Endod J 1986; 19(6): 309-314.
Imura N, Zuolo ML. Factors associated with endodontic flare-ups: a
prospective study. Int Endod J 1995; 28(5): 261-265.
27. Condição da polpaCondição da polpa
Percentualmente, a incidência de dor ePercentualmente, a incidência de dor e
grau de severidade, na nossa pesquisa, foigrau de severidade, na nossa pesquisa, foi
menor nos casos de dentes não vitalizados,menor nos casos de dentes não vitalizados,
sendo que este dado está de acordo com osendo que este dado está de acordo com o
estudo realizado por Arias et al (2009),estudo realizado por Arias et al (2009),
segundo o qual quando a patência apical ésegundo o qual quando a patência apical é
mantida, a incidência de dor pós-operatóriamantida, a incidência de dor pós-operatória
é menor.é menor.
Arias A, Azabal M, Hidalgo JJ, Macorra JC. Relationship between postendodontic
pain, tooth diagnostic factors, and apical patency. J Endod 2009; 35(2): 189-192.
28. Condição da polpaCondição da polpa
A pesquisa de Elmubarak (2010)A pesquisa de Elmubarak (2010)
mostra que a incidência de dor foi maiormostra que a incidência de dor foi maior
em dentes com polpa necrosada. Ficandoem dentes com polpa necrosada. Ficando
em desacordo com nossa pesquisa.em desacordo com nossa pesquisa.
ElMubarak AH; Abu-bakr NH; Ibrahim YE. Postoperative pain multiple-visit and
single-visit root canal treatment. J Endod 2010; 36(1): 36-39.
29. Dor PréviaDor Prévia
Os resultados, com exceção do períodoOs resultados, com exceção do período
de 24 horas após o tratamento, no qual ode 24 horas após o tratamento, no qual o
resultado encontrado ficou aquém do grauresultado encontrado ficou aquém do grau
máximo de significância aceitável nessamáximo de significância aceitável nessa
pesquisa (5%), mostraram quepesquisa (5%), mostraram que
estatisticamente existe sim uma relação daestatisticamente existe sim uma relação da
dor pré-operatória com o fenômeno de dordor pré-operatória com o fenômeno de dor
posterior ao tratamento.posterior ao tratamento.
30. Dor PréviaDor Prévia
Esse resultado concordam com estudosEsse resultado concordam com estudos
realizados por Maddoxrealizados por Maddox et alet al (1977),(1977),
HarrisonHarrison et alet al (1983), Imura e Zuolo (1995),(1983), Imura e Zuolo (1995),
Jariwala e Goel (2001), Siqueira (2004),Jariwala e Goel (2001), Siqueira (2004),
Cohen e Burns (2007), RissoCohen e Burns (2007), Risso et alet al (2008),(2008),
Segura-EgeaSegura-Egea et alet al (2009), Arias(2009), Arias et alet al (2009)(2009)
e Elmubarak (2010). Poucos estudose Elmubarak (2010). Poucos estudos
demonstraram relação inversa, como nodemonstraram relação inversa, como no
caso de Gesicaso de Gesi et alet al (2006).(2006).
31. É importante ressaltar que durante aÉ importante ressaltar que durante a
realização da pesquisa foram enfrentadasrealização da pesquisa foram enfrentadas
algumas dificuldades:algumas dificuldades:
pacientes que se automedicarampacientes que se automedicaram
impossibilidade de entrar em contato comimpossibilidade de entrar em contato com
alguns pacientesalguns pacientes
pacientes que se recusaram a participar dapacientes que se recusaram a participar da
pesquisa.pesquisa.
Todos estes fatores prejudicaram oTodos estes fatores prejudicaram o
tamanho da amostra.tamanho da amostra.
32. Muitas vezes é difícil comparar resultadosMuitas vezes é difícil comparar resultados
de estudos diferentes porque as técnicas dede estudos diferentes porque as técnicas de
instrumentação e obturação variaminstrumentação e obturação variam
significativamente, especialmente nossignificativamente, especialmente nos
estudos que foram realizados muitos anosestudos que foram realizados muitos anos
atrásatrás
É de conhecimento geral que a
percepção da dor é uma experiência
altamente subjetiva e dependente de uma
série de fatores, tanto físicos quanto
psíquicos.
33.
34. Condição da polpaCondição da polpa
Em relação ao estado da polpa, osEm relação ao estado da polpa, os
resultados obtidos demonstraram que, dadoresultados obtidos demonstraram que, dado
o nível de significância de 5%, é possívelo nível de significância de 5%, é possível
afirmar que a condição da polpa (viva ouafirmar que a condição da polpa (viva ou
necrosada) não influencia a dor pósnecrosada) não influencia a dor pós
tratamento endodôntico.tratamento endodôntico.
35. Dor préviaDor prévia
Quanto à ausência ou presença de dorQuanto à ausência ou presença de dor
prévia, observado o nível de significânciaprévia, observado o nível de significância
de 5%, e excepcionado o teste em 24de 5%, e excepcionado o teste em 24
horas, no qual não foi possível observar ahoras, no qual não foi possível observar a
existência desta relação, foi verificado nosexistência desta relação, foi verificado nos
demais períodos que há sim relação entredemais períodos que há sim relação entre
os fatores dor prévia e dor pós-operatória.os fatores dor prévia e dor pós-operatória.
36. Dor préviaDor prévia
Os testes nos sugerem uma importanteOs testes nos sugerem uma importante
conclusão: como os níveis de significânciaconclusão: como os níveis de significância
são cada vez menores quanto maissão cada vez menores quanto mais
distantes da sessão nos encontramos, adistantes da sessão nos encontramos, a
importância da condição de dor prévia doimportância da condição de dor prévia do
paciente para seu quadro de dor pós-paciente para seu quadro de dor pós-
operatória vai aumentando ao longo dooperatória vai aumentando ao longo do
tempo.tempo.
37. Dor préviaDor prévia
A incidência de dor pós-operatória é maiorA incidência de dor pós-operatória é maior
entre pacientes que apresentavamentre pacientes que apresentavam
sintomatologia dolorosa no período pré-sintomatologia dolorosa no período pré-
operatório, enquanto que a ausência de doroperatório, enquanto que a ausência de dor
no período pós-operatório é mais frequenteno período pós-operatório é mais frequente
entre pacientes que não enfrentaram doresentre pacientes que não enfrentaram dores
antes do tratamento.antes do tratamento.