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Surtos da Mosca-dos-
estábulos, Stomoxys
calcitrans, em Mato Grosso do
Sul: Novo Problema para as
Cadeias Produtivas da Carne e
Sucroalcooleira?
Embrapa Gado de Corte
Campo Grande, MS
2009
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Gado de Corte
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
ISSN 1983-974X
Dezembro, 2009
Wilson Werner Koller
João Batista Catto
Ivo Bianchin
Cleber Oliveira Soares
Fernando Paiva
Luiz Eduardo Roland Tavares
Gustavo Graciolli
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Gado de Corte
Rodovia BR 262, Km 4, CEP 79002-970 Campo Grande, MS
Caixa Postal 154
Fone: (67) 3368 2083
Fax: (67) 3368 2180
http://www.cnpgc.embrapa.br
E-mail: publicacoes@cnpgc.embrapa.br
Comitê de Publicações da Unidade
Presidente: Cleber Oliveira Soares
Secretário-Executivo: Grácia Maria Soares Rosinha
Membros: Ecila Carolina Nunes Zampieri Lima, Elane de Souza Salles, Fabiane Siqueira,
Grácia Maria Soares Rosinha, Jaqueline Rosemeire Verzignassi, Lucimara Chiari, Paulo
Henrique Nogueira Biscola, Roberto Giolo de Almeida, Rodrigo Amorim Barbosa
Supervisão editorial: Ecila Carolina Nunes Zampieri Lima
Revisão de texto: Lúcia Helena Paula do Canto
Normalização bibliográfica: Elane de Souza Salles
Editoração eletrônica: Ecila Carolina N. Z. Lima
Tratamento de ilustrações: Paulo Roberto Duarte Paes
Fotos da capa: João Batista Catto e Antonio Thadeu Medeiros de Barros
1a
edição
Versão online (2009)
Todos os direitos reservados.
A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação
dos direitos autorais (Lei no
9.610).
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Embrapa Gado de Corte.
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo
problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? / Wilson Werner
Koller... [et al.]. — Dados eletrônicos. — Campo Grande, MS : Embrapa Gado de
Corte, 2009.
31 p. ; 21 cm. -- (Documentos / Embrapa Gado de Corte, ISSN 1983-974X ; 175).
Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader.
Modo de acesso: <http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/DOC175.pdf>
Autores: Wilson Werner Koller; João Batista Catto; Ivo Bianchin; Cleber Oliveira
Soares; Fernando Paiva; Luiz Eduardo Roland Tavares; Gustavo Graciolli.
1. Agronegócio. 2. Impacto econômico. 3. Cadeia produtiva. 4. Bovinocultura. 5.
Indústria sucroalcooleira. 6. Mosca-dos-estábulos. 7. Stomoxys calcitrans. 8. Mato Grosso
do Sul. I. Koller, Wilson Werner. II. Catto, João Batista. III. Bianchin, Ivo. IV. Soares, Cleber
Oliveira. V. Paiva, Fernando. VI. Tavares, Luiz Eduardo Roland. VII. Graciolli, Gustavo. VIII.
Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS). IX. Série.
CDD 338.14 (21.ed.)
© Embrapa Gado de Corte 2009
Autores
Wilson Werner Koller
Biólogo, D.Sc. em Entomologia, pesquisador da
Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS,
koller@cnpgc.embrapa.br
João Batista Catto
Médico Veterinário, Dr. em Parasitologia Veteri-
nária, pesquisador da Embrapa Gado de Corte,
Campo Grande, MS, catto@cnpgc.embrapa.br
Ivo Bianchin
Médico Veterinário, Ph.D. em Parasitologia Ve-
terinária, pesquisador aposentado da Embrapa
Gado de Corte, Campo Grande, MS, bianchin1@
hotmail.com
Cleber Oliveira Soares
Médico Veterinário, Ph.D. em Ciências Veteri-
nárias, pesquisador da Embrapa Gado de Corte,
Campo Grande, MS, cleber@cnpgc.embrapa.br
Fernando Paiva
Médico Veterinário, D.Sc., professor do Depar-
tamento de Patologia da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande, MS,
fernando@ufms.br
Luiz Eduardo Roland Tavares
Biólogo, D.Sc., professor do Departamento de
Patologia da Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul (UFMS), Campo Grande, MS, lertavares@
ufms.br
Gustavo Graciolli
Biólogo, D.Sc., professor do Departamento de
Biologia da Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul (UFMS), Campo Grande, MS, ggraciolli@
yahoo.com.br
Resumo.......................................................................7
Abstract.......................................................................8
Introdução....................................................................9
Biologia e importância..................................................11
Ciclo biológico........................................................................ 11
Importância econômica e veterinária.......................................... 17
Ocorrência em Mato Grosso do Sul................................19
Alternativas de controle...............................................23
Considerações e perspectivas.......................................26
Ações integradas.................................................................... 26
Aspectos científicos................................................................ 27
Bibliografia.................................................................28
Sumário
Surtos da Mosca-dos-estábulos,
Stomoxys calcitrans, em Mato
Grosso do Sul: Novo Problema
para as Cadeias Produtivas da
Carne e Sucroalcooleira?
Wilson Werner Koller
João Batista Catto
Ivo Bianchin
Cleber Oliveira Soares
Fernando Paiva
Luiz Eduardo Roland Tavares
Gustavo Graciolli
Resumo
No presente documento é registrada a ocorrência de infestações preo-
cupantes pela mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans L. (Diptera:
Muscidae), em propriedades pecuárias próximas de usinas sucroalcoo-
leiras na região Sul de Mato Grosso do Sul, no ano de 2009. A biologia
do inseto; sua importância epidemiológica, econômica e veterinária e;
possíveis alternativas de controle são apresentadas e discutidas. Entre
as alternativas de controle sugere-se, em especial, o revolvimento com-
pleto duas vezes por semana do material de compostagem nas usinas
e a drenagem do local onde é executada, assim como o enterrio parcial
da palha pós-colheita da cana-de-açúcar com uso de cultivador. Nas
propriedades pecuárias recomenda-se a limpeza de locais de criação
da mosca, representado por acúmulo de dejetos de animais domésti-
cos e ou de resíduos alimentares, especialmente em confinamentos e
leiterias, dentre outras recomendações. Somente com ações integradas
será possível resolver o problema e contribuir para o desenvolvimento
sustentável de duas importantes cadeias produtivas do agronegócio
brasileiro.
Termos para indexação: Stomoxys calcitrans, mosca-dos-estábulos,
controle, usinas sucroalcooleiras, vinhaça, produção animal
Outbreak of Stable Fly,
Stomoxys calcitrans, in
Mato Grosso do Sul State:
New Problem for the Beef
and Sugarcane Chains?
Abstract
The occurrence of stable fly, Stomoxys calcitrans L. (Diptera: Musci-
dae), infestations on cattle farms near sugarcane mills in the southern
region of Mato Grosso do Sul state, in the year 2009 is registered.
The biology of the insect, its epidemiological, economic and veterinary
importance, and alternatives of control are presented and discussed.
Among the control alternatives, it is suggested, in particular, the full re-
volving of composting residues from sugarcane mills twice a week and
drainage of the place where it is carried out, as well as the partial burial
of sugarcane post-harvest straw using a cultivator. In the livestock far-
ms it is recommended to clean up the facilities where the stable fly can
be developed, represented by the accumulation of animal waste and
domestic waste or food, especially in feedlots and dairies, among other
recommendations. Only through integrated actions, will it be possible
to solve the problem and contribute to the development of two major
supply chains of the Brazilian agribusiness.
Index terms: Stomoxys calcitrans, stable fly, control, sugarcane mills,
vinasse, animal production
9
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
Introdução
O díptero Stomoxys calcitrans, popularmente conhecido por mosca-
dos-estábulos ou por mosca-do-bagaço (Figura 1), ocorre em diversos
países do mundo, principalmente em áreas ao redor de estábulos e con-
finamentos, sendo menos frequente em áreas de pastagens (KETTLE,
1995). É uma espécie hematófaga, e no Brasil tem sido considerada
uma praga secundária para a bovinocultura, uma vez que sua população
se mantinha em estado de equilíbrio, com níveis de infestação reduzi-
dos que não justificavam o seu controle.
Figura 1. Adultos
da mosca-dos-está-
bulos, abrigadas do
sol, sob um cocho
de sal, em Laguna
Caarapã, MS.
Foto: João Batista Catto
Essa espécie está há séculos associada aos animais domésticos, como
equinos e bovinos preferencialmente, e pode acometer seres humanos.
Estimativas realizadas no Brasil sugerem perdas anuais associadas a
esta mosca de cerca de US$ 100 milhões de dólares para a bovinocul-
tura (GRISI et al., 2002).
A mosca-dos-estábulos efetua a postura onde há acúmulo de resíduos
orgânicos de origem vegetal ou animal, em processo de decomposição
ou de fermentação. A sobrevivência de suas larvas é favorecida na pre-
10
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
sença de umidade elevada e temperatura entre 15ºC e 30ºC. Restos de
culturas ou de alimentos (feno, silagem, material verde picado, palha de
forrageiras) e outros tipos de material orgânico, como cama de aviários,
fezes de animais domésticos especialmente de bovinos e suínos, dentre
outras, também podem servir como substrato para o desenvolvimento
das larvas da mosca.
Surtos eventuais dessa mosca, de pequena extensão e duração, têm
sido noticiados há alguns anos, ocorrendo próximos a áreas canavieiras
e/ou de confinamento de bovinos, associados ou não às usinas alco-
oleiras ou sucroalcooleiras. Tais ocorrências, em razão do seu caráter
eventual, tiveram poucos registros no meio científico.
No município de União Paulista, no Estado de São Paulo, surto de gran-
de proporção foi relatado com a mosca parasitando bovinos e equinos.
Essa infestação ocorreu em função da intensa pluviosidade e tempe-
ratura elevada no período de janeiro a março de 2008, associadas à
utilização de torta de filtro (material resultante da filtragem do “caldo”
da cana pós-moagem) e vinhaça/vinhoto na cultura da cana e à palha
resultante da colheita mecanizada (GOMES, 2009). Situação semelhan-
te foi relatada por Oda; Arantes (2009) em Planalto, SP.
Em 2009, situações climáticas atípicas ocorreram na maior parte do
Brasil Central, tendo sido registradas altas temperaturas médias e ele-
vados índices pluviométricos em diferentes épocas, inclusive durante
o que deveria ser o período seco do ano. Nessa situação, vários surtos
dessa mosca foram notificados pela mídia em diferentes locais das re-
giões Sudeste e Centro-Oeste, incluindo Mato Grosso do Sul. De modo
geral, essas infestações ocorreram ou tiveram início nas imediações das
usinas sucroalcooleiras ou alcooleiras. Pecuaristas relataram a ocorrên-
cia da mosca em pastagens vedadas ou subutilizadas que apresenta-
vam abundância de palha.
Diante da expectativa de que no meio rural aumentará a produção de
resíduos orgânicos, pela intensificação dos processos produtivos na
agropecuária e a ampliação de áreas plantadas com cana-de-açúcar, o
11
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
problema ora verificado com surtos de S. calcitrans poderá deixar de
ser ocasional para ascender ao status de cíclico ou permanente, favore-
cido que é, ainda, pela instabilidade climática.
Biologia e importância
Esta mosca está presente em comunidades e instalações rurais próxi-
mas ao homem e animais. Stomoxys calcitrans Linnaeus, 1758 (Dip-
tera: Muscidae) popularmente conhecida como mosca-dos-estábulos,
e também, em regiões canavieiras como a mosca-do-bagaço, tem
distribuição cosmopolita e se adapta às condições ecológicas de clima
temperado, subtropical e tropical.
As moscas adultas medem de 4 a 7 mm de comprimento e possuem
coloração cinza, com quatro faixas negras longitudinais no dorso do tó-
rax e três manchas escuras conspícuas no segundo e terceiro segmen-
tos abdominais. Os palpos são finos e curtos. A probóscide é altamente
quitinizada e projetada frontalmente, perfeitamente adaptada para picar
e sugar através da pele de seus hospedeiros. Difere da mosca domésti-
ca, Musca domestica, pelo aparelho bucal picador e pelo abdômen, que
é mais curto e largo em S. calcitrans (Figura 2). Difere da mosca-dos-
chifres que é menor (3 a 5 mm e 4 a 7 mm, respectivamente), possui
a probóscide rígida projetada para baixo, e as faixas dorsais do tórax
inconspícuas.
Ciclo biológico
O ciclo de vida ou biológico apresenta as fases de ovo, larva de 1o
instar (L1), larva de 2o
instar (L2), larva de 3o
instar (L3), pupa e adulto
(Figura 3). Os adultos realizam um acasalamento único cerca de dois
a três dias após a emergência. Após o acasalamento, as fêmeas reali-
zam a postura de forma aglomerada (massa de ovos) em grupos de, no
mínimo, 20 ovos em matéria orgânica em decomposição. Cada fêmea
pode produzir mais de sete ciclos ovarianos, fazendo postura de cerca
de 500 a 1.000 ovos durante sua vida.
12
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
Fotos: Fernando Paiva, Luiz Eduardo Roland Tavares, Wilson Werner Koller
Figura 2. Adultos de três dípteros muscídeos: mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans),
mosca doméstica (Musca domestica) e mosca-dos-chifres (Haematobia irritans), com
detalhes dos respectivos aparatos alimentares (probóscides).
Fotos: Fernando Paiva, Luiz Eduardo Roland Tavares, João Batista Catto, Wilson Werner Koller
Figura 3. Ciclo biológico da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans L. (Diptera: Mus-
cidae).
13
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
A temperatura ideal para o desenvolvimento e maior sobrevivência da
mosca está ao redor de 25ºC (AGUIAR-VALGODE; MILWARD-DE-AZE-
VEDO, 1992). Ainda de acordo com esses autores, sob temperatura de
25ºC, por volta de um a dois dias após a postura, ocorre a eclosão da
larva de 1o
instar, que sofre duas mudas até atingir a fase de 3o
instar.
Todos os instares larvais se alimentam na matéria orgânica e o período
de L1 a L3 dura cerca de dez a treze dias. Essa larva de 3o
instar dá
origem à fase de pupa, que ocorre nas porções mais secas da matéria
orgânica em decomposição. Após cerca de quatro a seis dias a pupa dá
origem a um espécime adulto. Esta mosca não pode ser criada à tempe-
ratura igual ou superior a 35ºC.
O período de desenvolvimento, ou ciclo evolutivo dessa mosca (ovo até
adulto), é completo em torno de duas a três semanas em climas quen-
tes (AGUIAR-VALGODE; MILWARD-DE-AZEVEDO, 1992), podendo du-
rar mais de dois meses em climas temperados. O período médio de vida
de uma mosca adulta é de 15 a 30 dias. Os adultos, após seis horas de
sua emergência, estão aptos a realizar a hematofagia.
Existem muitos dados sobre o ciclo biológico e comportamento da mos-
ca que, em alguns casos, diferem um pouco entre si. Essas variações
se devem às condições climáticas das diferentes regiões nas quais os
estudos foram realizados ou das condições artificiais quando o estu-
do foi conduzido em laboratórios (MELLO; GARCIA, 1988; AGUIAR-
VALGODE; MILWARD-DE-AZEVEDO, 1992; KETTLE, 1995). Segundo
Guimarães (1983), além dos restos alimentares sob cochos, também o
vinhoto (vinhaça) pode atrair e estimular a postura desse díptero.
A postura e o desenvolvimento larval ocorrem em resíduos orgânicos
de origem vegetal ou animal em processo de decomposição ou de
fermentação, com umidade elevada e temperatura entre 15ºC e 30ºC.
Fezes de animais domésticos, cama de aviários e de outros animais,
palha, feno, restos de lavouras, bagaço de cana ou de frutas, grãos
ou farinhas umedecidas, resíduos alimentares acumulados em confi-
namentos de animais misturados com fezes e urina (Figuras 4, 5, 6,
7, 8), decomposição de lixo sanitário, e em locais que há formação de
14
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
Foto: João Batista Catto
Figura 4. Confina-
mentos - local em
que frequentemente
ocorre a criação de
moscas tais como a
mosca-dos-estábulos
e a mosca domés-
tica.
Figura 5. Acúmulo de restos alimentares em fermentação, protegidos do sol e úmidos,
sob cochos, formando ambiente propício para criação de moscas.
húmus (minhocários, composteiras e esterqueiras a céu aberto) (Figura
9) podem servir como substrato para o desenvolvimento das larvas da
mosca (KETTLE, 1995).
Nos Estados Unidos, há relatos de surtos após o início do uso de feno
em rolos, nos quais as moscas-dos-estábulos depositam os ovos no
material remanescente da palha (BROCE et al., 2005).
Foto: João Batista Catto
15
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
Foto: Tiago Ledesma Taira
Figura 6. Suplementação alimentar constituída de forragem picada e grãos moídos, geran-
do resíduos caídos no chão, cuja fermentação torna o substrato atrativo e favorável para
a procriação de moscas (ver Figura 7).
Figura 7. Larvas de
moscas em matéria
orgânica fermentada
constituída de restos
alimentares de suple-
mentação oferecida
em cochos (forra-
gem picada e grãos
moídos).
Foto: Tiago Ledesma Taira
16
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
Figura 8. Lama mistu-
rada com fezes e urina
de bovinos, junto a um
cocho de sal, também,
constituem atrativo
para a postura de mos-
cas como Stomoxys
calcitrans.
Foto: João Batista Catto
Foto: Antonio Thadeu Medeiros de Barros
Figura 9. Compostagem que, também, pode servir como substrato para o desenvolvi-
mento de moscas. Leiras formadas com torta de filtro. A cinza resultante da queima do
bagaço, que gera energia elétrica, também é misturada à torta de filtro na compostagem.
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Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
Importância econômica e veterinária
Os adultos de ambos os sexos da mosca-dos-estábulos são hemató-
fagos. Além da perda de sangue, as suas picadas são muito doloridas
e dependendo do grau de infestação provocam muito estresse com
alterações no comportamento dos animais, contribuindo para a redução
de ganho de peso (KETLE, 1995).
Esse inseto é capaz de atuar na transmissão de vários patógenos (BIT-
TENCOURT; CASTRO, 2004; FÖRSTER et al., 2007; CASTRO et al.,
2008): servir como hospedeiro intermediário para os nematoides Habro-
nema microstoma, agente da habronemose gástrica e/ou cutânea dos
equinos, e Setaria cervi, que parasita a cavidade peritoneal de ruminan-
tes (KETLE, 1995, TRAVERSA et al., 2004); transmitir o vírus da ane-
mia infecciosa equina (SILVA et al., 2001); atuar como vetor mecânico
na transmissão de Trypanosoma evansi e Trypanosoma vivax (SERRA-
FREIRE; REZENDE, 1988); e como vetor biológico na transmissão da
mosca-do-berne, Dermatobia hominis (RODRÍGUEZ; LEITE, 1997).
Essas moscas atacam preferencialmente equinos e bovinos, e podem
atacar outros animais domésticos e o homem. Em equinos concentram-
se especialmente nos membros torácicos, mais notadamente abaixo do
joelho, na canela (BITTENCOURT; MOYA BORJA, 2000) (Figura 10).
No geral, preferem as partes baixas dos animais. No ato de alimentação
(repasto), perfuram a pele várias vezes e ficam repletas de sangue em
três minutos em um único repasto. Depois de alimentadas, pousam em
locais como celeiros, cercas, estábulos, árvores, entre outros (Figura
11). Nas horas mais quentes abrigam-se, preferencialmente, em lugares
sombreados e/ou frescos (Figura 1 e 11) (GUIMARÃES, 1983; GUIMA-
RÃES, 1984).
A espoliação e a irritação, provocadas nos animais, fazem com que
estes tenham decréscimo do peso corporal (15% a 20%) e prejuízo na
produção de leite (40% a 60%). O total de danos que essa mosca pode
provocar depende, naturalmente, do grau de infestação nos animais
(GUIMARÃES, 1983; GUIMARÃES, 1984).
18
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
Foto: João Batista Catto
Figura 10. Bovino infestado por mosca-dos-estábulos. Destaque ao comportamento do
inseto quanto a sua preferência em atacar os animais nos membros, especialmente as
pernas dianteiras, e a região torácica e ventral.
Foto: João Batista Catto
Figura 11. Um dos abrigos preferenciais da mosca-dos-estábulos são troncos, ramos e
folhas de árvores próximas aos hospedeiros.
19
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
A intensificação do processo produtivo na agropecuária brasileira e o
incremento da industrialização têm gerado maior volume de resíduos
reutilizáveis no meio rural, o que proporciona condições favoráveis ao
desenvolvimento de S. calcitrans. Assim, a ocorrência dessa mosca
pode deixar de ser frequente, com população sob controle, para ascen-
der ao status de praga cíclica ou permanente sob condições de surtos
graves. Fato este favorecido, ainda, pela instabilidade climática cada
vez mais frequente e fora dos padrões tidos como normais.
Ocorrência em Mato Grosso do Sul
Relatos de surtos da mosca-dos-estábulos no Estado de Mato Grosso
do Sul (MS), ao longo das última duas décadas, têm sido esporádicos
e de curta duração. As informações encontradas na literatura sobre a
biologia e a dispersão dessa mosca, assim como sobre o seu controle
químico em instalações rurais, sempre permitiram resolver o problema
e, por isso, os poucos trabalhos de pesquisa existentes sobre essa mos-
ca têm recebido relativamente pouca atenção.
No entanto, nos últimos dois anos começaram a surgir relatos de
infestações mais frequentes, principalmente em regiões canavieiras e
circunvizinhança. Caso essas infestações se tornem rotineiras, com
ocorrência sazonal, será necessário conduzir pesquisas para determinar
as causas de tais infestações e determinação das possíveis medidas
profiláticas e/ou de controle. Se a associação entre os surtos que vêm
ocorrendo com a cultura e usinagem da cana-de-açúcar se confirme,
atenção especial terá que ser dada às diferentes práticas culturais ado-
tadas no cultivo e nos processos de destino dos resíduos desta cultura
nas usinas.
Entre julho e novembro de 2009 ocorreram surtos da mosca-dos-está-
bulos na região Sul de MS em localidades de usinas sucroalcooleiras e
em fazendas de produção pecuária. O pico de infestação nos animais
deu-se pelo período de até uma semana. Após o pico, parte do gado
permanecia aglomerada e os animais se debatiam com a intenção de
espantar as moscas ainda presentes. Não houve relato de mortes de
20
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
animais em consequência do ataque da mosca, mas foram mencionadas
pelos pecuaristas, grande irritação, perda de peso nos animais, além de
queda na produção de leite.
Em visitas a propriedades na região sul de MS observou-se que os
primeiros surtos aconteceram, principalmente, em fazendas próximas
de usinas, em um raio de 11 km, o que é explicado pela capacidade
de voo da mosca. As primeiras reclamações de pecuaristas quanto à
mosca-dos-estábulos aconteceram na primeira quinzena de julho. O
pico de infestação e ataque ocorreu na segunda quinzena de julho,
seguido de redução gradual do ataque. Observou-se que a intensidade
de ataque varia a cada dia em função de mudanças no tempo (tempera-
tura, umidade, expectativa de chuva). Os danos reportados nos bovinos
conferem com aqueles descritos pela literatura.
No local da compostagem, na usina, foi verificada a presença de adul-
tos da mosca-dos-estábulos, bem como de ovos e larvas de moscas na
“torta” da compostagem. Larvas de terceiro estádio (L3) foram coleta-
das e levadas para o Laboratório de Entomologia Veterinária da Embra-
pa Gado de Corte; e cerca de 90% das moscas que emergiram eram de
M. domestica e as demais eram S. calcitrans.
O volume de chuva que ocorreu naquela região no período de junho a
novembro (Figura 12) foi atípica para esse período do ano, o que pode
ter favorecido o aparecimento do surto. A estiagem, típica desse perío-
do, que precedeu à intensa pluviosidade contribuiu para que houvesse
um sincronismo na eclosão de larvas provenientes de ovos de várias
posturas assim que as chuvas se tornaram abundantes.
O clima da região de ocorrência dos surtos situa-se na faixa de tran-
sição entre o Cfa mesotérmico úmido sem estiagem e o subtipo AW
(clima tropical de savana) com estação chuvosa no verão e seca no
inverno (OMETTO, 1981). As chuvas são frequentes e pesadas no pe-
ríodo chuvoso e quente (outubro a abril) e escassas e leves no período
seco e mais frio (maio a setembro), situação semelhante a cerca de
21
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
70% do território brasileiro. A temperatura média dos meses mais frios
está acima de 17ºC.
Salienta-se que nessa época do ano, por ser uma época que normal-
mente a população de moscas é reduzida, nesse tipo de substrato,
a população de seus inimigos naturais também tende a ser baixa ou
inexistente.
A medida adotada e relatada por técnicos de uma usina foi a aplicação
de cal virgem em locais de empoçamento de vinhaça e na compos-
tagem (área da usina) e em locais em que havia acúmulo de fezes e
urina de bovinos (propriedades pecuárias atingidas pela mosca-dos-es-
tábulos). Essa medida, segundo os técnicos da usina, teria contribuído
para a redução da sobrevivência de larvas. O ocorrido necessitaria de
um estudo mais aprofundado, pois a diminuição gradual do número de
moscas pode ter acontecido naturalmente assim que normalizaram as
condições climáticas e com o próprio término do ciclo de vida daquela
geração de moscas.
Figura 12. Precipitação pluviométrica no município de Angélica, MS, no período de agosto
de 2008 a novembro de 2009, e médias históricas de cinco anos, para a região.
22
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
Em outubro de 2009 ocorreu nova infestação no município de Angélica,
MS. Essa infestação foi menos intensa do que aquela de julho/agosto
e deu-se de modo distribuído, alcançando propriedades de pecuária
relativamente distantes (até 30 km) de usinas de álcool, enquanto que
em algumas fazendas de gado próximas não foram observados níveis
populacionais preocupantes da mosca.
Entre os meses de outubro e novembro houve em uma usina no muni-
cípio de Maracaju, MS, pela primeira vez, a ocorrência de um pequeno
surto da mosca-dos-estábulos.
Representantes da usina, de Angélica, informaram ter sido observada
grande afluência da mosca-dos-estábulos nos locais durante a aplicação
da vinhaça, indicativo de que o cheiro desta deve servir de atrativo para
essas moscas. Por ser uma mosca hematófaga, em sua fase adulta, a
presença naqueles locais pode estar relacionada à atração da vinhaça
como um indicativo de substrato favorável para a postura.
A quantidade de vinhaça aplicada no cultivo da cana (média de 25 L/
m2
) na região aparentemente não é suficiente para proporcionar condi-
ções de umidade na palhada para que ocorra o desenvolvimento massi-
vo de moscas, principalmente no período seco do ano.
A vinhaça sozinha, quando conduzida por tubulações, não propicia as
condições necessárias para o desenvolvimento da mosca. Somente em
locais onde a vinhaça acumule e decante depois de aplicada, forman-
do depósitos sólidos, ou quando somada à palha e/ou aos dejetos de
animais é que os meios adequados para desenvolvimento da mosca são
criados. Essa situação não foi constatada nos locais visitados. Ainda
assim, haveria necessidade de muita umidade, como tem sido verifica-
do com respeito à frequência e intensidade pluviométrica atípica que
vem ocorrendo naquela região.
A redução do intervalo semanal de revolvimento da compostagem para
duas vezes por semana surtiu efeito positivo no controle de larvas de
moscas em uma usina que adotou esta prática em Angélica, MS. No
23
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
entanto, permanece a incógnita de onde S. calcitrans teria procriado
para gerar um segundo surto. Considerando que os surtos recentes
ocorreram de forma distribuída, com menor intensidade, e alcançaram
pontos mais distantes do que os primeiros, supõe-se que as moscas
estejam desenvolvendo-se em vários locais, inclusive em propriedades
pecuárias, e não de forma concentrada em uns poucos locais.
Alternativas de controle
Nas condições ecobiogeográficas verificadas na região de ocorrência da
mosca-dos-estábulos, em MS, como medida emergencial, nos casos de
surtos nas propriedades, buscando diminuir a multiplicação da mosca
recomendam-se as seguintes providências:
Manter a higiene das instalações, principalmente naquelas propriedades•	
com sistema de confinamento ou leiterias; limpando sistematicamente
fezes e restos alimentares.
Remoção e destino adequado (espalhamento ou compostagem) dos•	
resíduos alimentares de animais, bem como de dejetos e matéria orgâni-
ca acumulados, pois representam fontes de criação de larvas de moscas
nas fazendas.
Revolver o material de compostagem completamente duas vezes por•	
semana e drenar a água da chuva.
Avaliar a eficácia dos diferentes princípios ativos inseticidas utilizados no•	
combate às moscas adultas antes de sua aplicação visando ao controle
destas.
Usar, quando necessário, inseticidas que sabidamente funcionam, na•	
dose correta e com origem reconhecida e registro para uso em animais.
Procurar a assistência técnica, sempre, e, especialmente, quando for per-•	
cebido que os produtos de controle não estão fazendo o efeito desejado
por mais que sigam corretamente as indicações contidas nos respectivos
rótulos.
Realizar o controle químico, quando necessário, apenas nos dias previa-•	
mente programados, de forma coordenada. Assim, assegura-se o con-
trole efetivo e duradouro e aumenta o tempo de repovoamento da área
tratada. Essa programação deve incluir todas as propriedades envolvidas
e adjacentes ao problema.
24
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
O uso de inseticidas de maneira generalizada e repetida, baseado no
comportamento da mosca-dos-estábulos (instalações, locais de prolife-
ração, demais ambientes de refúgio, entre outros), pode trazer dese-
quilíbrios ambientais. O uso frequente de inseticidas nos animais não
é sustentável por não ser eficiente quando utilizado isoladamente e
propiciar seleção e desenvolvimento de populações resistentes.
Salienta-se que o uso frequente e a adoção de dosagens inadequadas
de inseticidas nos animais podem causar diferentes graus de resistência
na mosca-dos-estábulos (BARROS et al., 2007), da mesma forma como
aconteceu em relação a carrapatos (KOLLER et al., 2009). Atualmente,
a resistência da mosca-dos-chifres e de carrapato aos piretroides, no
Brasil, é generalizada, e constitui um sério problema em MS.
Esforços devem ser direcionados na busca de medidas preventivas ao
desenvolvimento de moscas, tanto na usina como nas propriedades de
produção pecuária.
Com o objetivo de diminuir uma possível contribuição da vinhaça para a
multiplicação da mosca sugere-se:
Distribuição fracionada em duas etapas com intervalo entre aplicações,•	
suficiente para que seja rapidamente absorvida pelo solo.
Realizar, se possível, o trato cultural de incorporação da palha de cana•	
pós-colheita ao solo após a primeira aplicação de vinhaça.
Se possível, não distribuir quando o solo ainda estiver encharcado com•	
água de chuvas.
A distribuição fracionada da vinhaça, em razão das moscas serem por
ela atraídas para efetuar a postura, pode influenciar negativamente na
sobrevivência das larvas da mosca. No caso da aplicação nos canaviais,
pode-se obter sucesso no controle de ovos e larvas da mosca ao utilizar
a primeira fração de vinhaça como isca para a postura, realizando em
seguida tratos culturais (Figura 13) para incorporação da palha acu-
mulada sobre o solo (empregando cultivadores), enterrando-se, assim,
também ovos e larvas de moscas. Esta prática modifica o microclima
25
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
Figura 13.
Enterrio parcial
da palha de
cana-de-açúcar
pós-colheita com
auxílio de um
“cultivador”.
Foto: Antonio Thadeu Medeiros de Barros
Independente da existência ou não de usinas sucroalcooleiras nas
proximidades da área de produção animal, recomenda-se a limpeza dos
locais de ajuntamento de resíduos alimentares e excrementos de ani-
mais, que ocorrem em currais, locais de ordenha, baias, confinamento
e malhadouros (locais de pernoite), ou qualquer local que possa acu-
mular matéria orgânica. Pastagens vedadas, com abundância de forra-
gem seca e palhada, também podem, em condições de muita umidade,
permitir o desenvolvimento de moscas. Assim, o manejo da pastagem
torna-se importante estratégia auxiliar no controle da mosca-dos-está-
bulos.
O controle biológico tem mostrado resultados promissores em estudos
controlados em laboratório e em criatórios de suínos e aves, embora
não tenha sido testado em grande escala no campo. Os micro-himenóp-
teros Spalangia cameroni e Muscidifurax raptor (Hymenoptera: Ptero-
malidae) são parasitoides de pupas da mosca-dos-estábulos e da mosca
doméstica, porém são mais eficientes nessa última (SKOVGARD; NA-
CHMAN, 2004). A eficiência de parasitismo por micro-himenópteros em
do solo/palhada e contribui ainda para inviabilizar o desenvolvimento da
mosca (Figura 13). Usinas que adotaram essa prática reportaram o seu
sucesso.
26
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
geral varia entre 13,4% e 19,9% para pupas da mosca doméstica e da
mosca-dos-estábulos (MEYER et al., 1991). O fungo entomopatogênico
Metarhizium anisopliae foi testado no controle de muscídeos em está-
bulos mostrando bons índices de controle (DE MARI, 2006). No entan-
to, não há informações sobre sua aplicação sob condições de campo.
A adoção de tecnologias limpas, como o controle de moscas por meio
de tratos culturais, manejando e dando destino adequado aos resíduos
orgânicos de todas as naturezas, e o controle biológico são alternativas
que merecem mais estudos e investimentos, pois coadunam com os ob-
jetivos da produção de alimentos saudáveis em condições sustentáveis.
Isso inclui, entre outros, a produção de biocombustíveis.
Embora o foco do problema esteja concentrado em S. calcitrans, a
mosca doméstica também pode ser considerada praga em situações de
altos níveis populacionais. Como essas moscas compartilham do mes-
mo substrato, o controle, quando direcionado a esses locais serve, no
geral, para ambas as espécies.
Considerações e perspectivas
Embora existam conhecimentos básicos consolidados sobre a mosca-
dos-estábulos, ações integradas e muitos aspectos científicos precisam
ser realizados e respondidos, respectivamente. Diante dos recentes
surtos alguns pontos são propostos:
Ações integradas
Elaboração e distribuição de informativos técnicos-educacionais por•	
órgão de assistência técnica e extensão rural, entidades e atores das
cadeias produtivas envolvidas com o problema.
Atualização técnica dos principais atores das cadeias produtivas envolvi-•	
das com o problema.
Sistemático acompanhamento e orientação técnica por órgãos de vigilân-•	
cia e regulamentação sanitária.
Política e atenção por parte de órgãos regulamentais e órgãos de fomen-•	
to para a busca de soluções tecnológicas ao problema.
27
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
Aspectos científicos
Algumas questões relacionadas às recentes ocorrências precisam ser
compreendidas visando à prevenção e ao controle de novos surtos.
Apesar da forte relação entre os surtos e os empreendimentos sucro-
alcooleiros há necessidade de qualificar e quantificar a participação da
cultura da cana e dos subprodutos da usinagem (vinhaça/outros pro-
dutos de compostagem) no aumento da população da mosca. Outros
aspectos científicos complementares necessitam esclarecimentos para
melhor entender os surtos ocorridos e minimizar os potencias futuros:
Qual a contribuição real da vinhaça no desenvolvimento das moscas?
Qual a contribuição das chuvas no desenvolvimento das moscas?
Qual a contribuição das propriedades pecuárias (áreas de confinamento,
sobra de alimentos, silagem, disposição das fezes etc) para a ocorrên-
cia de surtos?
Qual a contribuição das práticas de compostagem, enterrio de palha
pós-colheita da cana ou outras passíveis de adoção para a diminuição
da sobrevivência de larvas de moscas?
Em quanto o uso de inseticidas reduz a população da mosca?
Estes questionamentos, isoladamente e/ou em conjunto, e outras
futuras questões, devem ser analisados de forma transdisciplinar e
integrada entre instituições e atores das cadeias produtivas envolvidas
no tema. Somente com ações integradas será possível resolver esse
problema, que não é totalmente novo e, consequentemente, contribuir
para o desenvolvimento sustentável de duas cadeias produtivas chaves
no agronegócio brasileiro (carne e sucroalcooleira).
28
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
Bibliografia
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29
Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul:
novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira?
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30
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2004. Issue 6.
CGPE8183

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Surtos da mosca-dos-estábulos no Mato Grosso do Sul

  • 1.
  • 2. Documentos 175 Surtos da Mosca-dos- estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: Novo Problema para as Cadeias Produtivas da Carne e Sucroalcooleira? Embrapa Gado de Corte Campo Grande, MS 2009 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Gado de Corte Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ISSN 1983-974X Dezembro, 2009 Wilson Werner Koller João Batista Catto Ivo Bianchin Cleber Oliveira Soares Fernando Paiva Luiz Eduardo Roland Tavares Gustavo Graciolli
  • 3. Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na: Embrapa Gado de Corte Rodovia BR 262, Km 4, CEP 79002-970 Campo Grande, MS Caixa Postal 154 Fone: (67) 3368 2083 Fax: (67) 3368 2180 http://www.cnpgc.embrapa.br E-mail: publicacoes@cnpgc.embrapa.br Comitê de Publicações da Unidade Presidente: Cleber Oliveira Soares Secretário-Executivo: Grácia Maria Soares Rosinha Membros: Ecila Carolina Nunes Zampieri Lima, Elane de Souza Salles, Fabiane Siqueira, Grácia Maria Soares Rosinha, Jaqueline Rosemeire Verzignassi, Lucimara Chiari, Paulo Henrique Nogueira Biscola, Roberto Giolo de Almeida, Rodrigo Amorim Barbosa Supervisão editorial: Ecila Carolina Nunes Zampieri Lima Revisão de texto: Lúcia Helena Paula do Canto Normalização bibliográfica: Elane de Souza Salles Editoração eletrônica: Ecila Carolina N. Z. Lima Tratamento de ilustrações: Paulo Roberto Duarte Paes Fotos da capa: João Batista Catto e Antonio Thadeu Medeiros de Barros 1a edição Versão online (2009) Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610). Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Embrapa Gado de Corte. Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? / Wilson Werner Koller... [et al.]. — Dados eletrônicos. — Campo Grande, MS : Embrapa Gado de Corte, 2009. 31 p. ; 21 cm. -- (Documentos / Embrapa Gado de Corte, ISSN 1983-974X ; 175). Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader. Modo de acesso: <http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/DOC175.pdf> Autores: Wilson Werner Koller; João Batista Catto; Ivo Bianchin; Cleber Oliveira Soares; Fernando Paiva; Luiz Eduardo Roland Tavares; Gustavo Graciolli. 1. Agronegócio. 2. Impacto econômico. 3. Cadeia produtiva. 4. Bovinocultura. 5. Indústria sucroalcooleira. 6. Mosca-dos-estábulos. 7. Stomoxys calcitrans. 8. Mato Grosso do Sul. I. Koller, Wilson Werner. II. Catto, João Batista. III. Bianchin, Ivo. IV. Soares, Cleber Oliveira. V. Paiva, Fernando. VI. Tavares, Luiz Eduardo Roland. VII. Graciolli, Gustavo. VIII. Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS). IX. Série. CDD 338.14 (21.ed.) © Embrapa Gado de Corte 2009
  • 4. Autores Wilson Werner Koller Biólogo, D.Sc. em Entomologia, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS, koller@cnpgc.embrapa.br João Batista Catto Médico Veterinário, Dr. em Parasitologia Veteri- nária, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS, catto@cnpgc.embrapa.br Ivo Bianchin Médico Veterinário, Ph.D. em Parasitologia Ve- terinária, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS, bianchin1@ hotmail.com Cleber Oliveira Soares Médico Veterinário, Ph.D. em Ciências Veteri- nárias, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS, cleber@cnpgc.embrapa.br
  • 5. Fernando Paiva Médico Veterinário, D.Sc., professor do Depar- tamento de Patologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande, MS, fernando@ufms.br Luiz Eduardo Roland Tavares Biólogo, D.Sc., professor do Departamento de Patologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande, MS, lertavares@ ufms.br Gustavo Graciolli Biólogo, D.Sc., professor do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande, MS, ggraciolli@ yahoo.com.br
  • 6. Resumo.......................................................................7 Abstract.......................................................................8 Introdução....................................................................9 Biologia e importância..................................................11 Ciclo biológico........................................................................ 11 Importância econômica e veterinária.......................................... 17 Ocorrência em Mato Grosso do Sul................................19 Alternativas de controle...............................................23 Considerações e perspectivas.......................................26 Ações integradas.................................................................... 26 Aspectos científicos................................................................ 27 Bibliografia.................................................................28 Sumário
  • 7. Surtos da Mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: Novo Problema para as Cadeias Produtivas da Carne e Sucroalcooleira? Wilson Werner Koller João Batista Catto Ivo Bianchin Cleber Oliveira Soares Fernando Paiva Luiz Eduardo Roland Tavares Gustavo Graciolli Resumo No presente documento é registrada a ocorrência de infestações preo- cupantes pela mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans L. (Diptera: Muscidae), em propriedades pecuárias próximas de usinas sucroalcoo- leiras na região Sul de Mato Grosso do Sul, no ano de 2009. A biologia do inseto; sua importância epidemiológica, econômica e veterinária e; possíveis alternativas de controle são apresentadas e discutidas. Entre as alternativas de controle sugere-se, em especial, o revolvimento com- pleto duas vezes por semana do material de compostagem nas usinas e a drenagem do local onde é executada, assim como o enterrio parcial da palha pós-colheita da cana-de-açúcar com uso de cultivador. Nas propriedades pecuárias recomenda-se a limpeza de locais de criação da mosca, representado por acúmulo de dejetos de animais domésti- cos e ou de resíduos alimentares, especialmente em confinamentos e leiterias, dentre outras recomendações. Somente com ações integradas será possível resolver o problema e contribuir para o desenvolvimento sustentável de duas importantes cadeias produtivas do agronegócio brasileiro. Termos para indexação: Stomoxys calcitrans, mosca-dos-estábulos, controle, usinas sucroalcooleiras, vinhaça, produção animal
  • 8. Outbreak of Stable Fly, Stomoxys calcitrans, in Mato Grosso do Sul State: New Problem for the Beef and Sugarcane Chains? Abstract The occurrence of stable fly, Stomoxys calcitrans L. (Diptera: Musci- dae), infestations on cattle farms near sugarcane mills in the southern region of Mato Grosso do Sul state, in the year 2009 is registered. The biology of the insect, its epidemiological, economic and veterinary importance, and alternatives of control are presented and discussed. Among the control alternatives, it is suggested, in particular, the full re- volving of composting residues from sugarcane mills twice a week and drainage of the place where it is carried out, as well as the partial burial of sugarcane post-harvest straw using a cultivator. In the livestock far- ms it is recommended to clean up the facilities where the stable fly can be developed, represented by the accumulation of animal waste and domestic waste or food, especially in feedlots and dairies, among other recommendations. Only through integrated actions, will it be possible to solve the problem and contribute to the development of two major supply chains of the Brazilian agribusiness. Index terms: Stomoxys calcitrans, stable fly, control, sugarcane mills, vinasse, animal production
  • 9. 9 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? Introdução O díptero Stomoxys calcitrans, popularmente conhecido por mosca- dos-estábulos ou por mosca-do-bagaço (Figura 1), ocorre em diversos países do mundo, principalmente em áreas ao redor de estábulos e con- finamentos, sendo menos frequente em áreas de pastagens (KETTLE, 1995). É uma espécie hematófaga, e no Brasil tem sido considerada uma praga secundária para a bovinocultura, uma vez que sua população se mantinha em estado de equilíbrio, com níveis de infestação reduzi- dos que não justificavam o seu controle. Figura 1. Adultos da mosca-dos-está- bulos, abrigadas do sol, sob um cocho de sal, em Laguna Caarapã, MS. Foto: João Batista Catto Essa espécie está há séculos associada aos animais domésticos, como equinos e bovinos preferencialmente, e pode acometer seres humanos. Estimativas realizadas no Brasil sugerem perdas anuais associadas a esta mosca de cerca de US$ 100 milhões de dólares para a bovinocul- tura (GRISI et al., 2002). A mosca-dos-estábulos efetua a postura onde há acúmulo de resíduos orgânicos de origem vegetal ou animal, em processo de decomposição ou de fermentação. A sobrevivência de suas larvas é favorecida na pre-
  • 10. 10 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? sença de umidade elevada e temperatura entre 15ºC e 30ºC. Restos de culturas ou de alimentos (feno, silagem, material verde picado, palha de forrageiras) e outros tipos de material orgânico, como cama de aviários, fezes de animais domésticos especialmente de bovinos e suínos, dentre outras, também podem servir como substrato para o desenvolvimento das larvas da mosca. Surtos eventuais dessa mosca, de pequena extensão e duração, têm sido noticiados há alguns anos, ocorrendo próximos a áreas canavieiras e/ou de confinamento de bovinos, associados ou não às usinas alco- oleiras ou sucroalcooleiras. Tais ocorrências, em razão do seu caráter eventual, tiveram poucos registros no meio científico. No município de União Paulista, no Estado de São Paulo, surto de gran- de proporção foi relatado com a mosca parasitando bovinos e equinos. Essa infestação ocorreu em função da intensa pluviosidade e tempe- ratura elevada no período de janeiro a março de 2008, associadas à utilização de torta de filtro (material resultante da filtragem do “caldo” da cana pós-moagem) e vinhaça/vinhoto na cultura da cana e à palha resultante da colheita mecanizada (GOMES, 2009). Situação semelhan- te foi relatada por Oda; Arantes (2009) em Planalto, SP. Em 2009, situações climáticas atípicas ocorreram na maior parte do Brasil Central, tendo sido registradas altas temperaturas médias e ele- vados índices pluviométricos em diferentes épocas, inclusive durante o que deveria ser o período seco do ano. Nessa situação, vários surtos dessa mosca foram notificados pela mídia em diferentes locais das re- giões Sudeste e Centro-Oeste, incluindo Mato Grosso do Sul. De modo geral, essas infestações ocorreram ou tiveram início nas imediações das usinas sucroalcooleiras ou alcooleiras. Pecuaristas relataram a ocorrên- cia da mosca em pastagens vedadas ou subutilizadas que apresenta- vam abundância de palha. Diante da expectativa de que no meio rural aumentará a produção de resíduos orgânicos, pela intensificação dos processos produtivos na agropecuária e a ampliação de áreas plantadas com cana-de-açúcar, o
  • 11. 11 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? problema ora verificado com surtos de S. calcitrans poderá deixar de ser ocasional para ascender ao status de cíclico ou permanente, favore- cido que é, ainda, pela instabilidade climática. Biologia e importância Esta mosca está presente em comunidades e instalações rurais próxi- mas ao homem e animais. Stomoxys calcitrans Linnaeus, 1758 (Dip- tera: Muscidae) popularmente conhecida como mosca-dos-estábulos, e também, em regiões canavieiras como a mosca-do-bagaço, tem distribuição cosmopolita e se adapta às condições ecológicas de clima temperado, subtropical e tropical. As moscas adultas medem de 4 a 7 mm de comprimento e possuem coloração cinza, com quatro faixas negras longitudinais no dorso do tó- rax e três manchas escuras conspícuas no segundo e terceiro segmen- tos abdominais. Os palpos são finos e curtos. A probóscide é altamente quitinizada e projetada frontalmente, perfeitamente adaptada para picar e sugar através da pele de seus hospedeiros. Difere da mosca domésti- ca, Musca domestica, pelo aparelho bucal picador e pelo abdômen, que é mais curto e largo em S. calcitrans (Figura 2). Difere da mosca-dos- chifres que é menor (3 a 5 mm e 4 a 7 mm, respectivamente), possui a probóscide rígida projetada para baixo, e as faixas dorsais do tórax inconspícuas. Ciclo biológico O ciclo de vida ou biológico apresenta as fases de ovo, larva de 1o instar (L1), larva de 2o instar (L2), larva de 3o instar (L3), pupa e adulto (Figura 3). Os adultos realizam um acasalamento único cerca de dois a três dias após a emergência. Após o acasalamento, as fêmeas reali- zam a postura de forma aglomerada (massa de ovos) em grupos de, no mínimo, 20 ovos em matéria orgânica em decomposição. Cada fêmea pode produzir mais de sete ciclos ovarianos, fazendo postura de cerca de 500 a 1.000 ovos durante sua vida.
  • 12. 12 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? Fotos: Fernando Paiva, Luiz Eduardo Roland Tavares, Wilson Werner Koller Figura 2. Adultos de três dípteros muscídeos: mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans), mosca doméstica (Musca domestica) e mosca-dos-chifres (Haematobia irritans), com detalhes dos respectivos aparatos alimentares (probóscides). Fotos: Fernando Paiva, Luiz Eduardo Roland Tavares, João Batista Catto, Wilson Werner Koller Figura 3. Ciclo biológico da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans L. (Diptera: Mus- cidae).
  • 13. 13 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? A temperatura ideal para o desenvolvimento e maior sobrevivência da mosca está ao redor de 25ºC (AGUIAR-VALGODE; MILWARD-DE-AZE- VEDO, 1992). Ainda de acordo com esses autores, sob temperatura de 25ºC, por volta de um a dois dias após a postura, ocorre a eclosão da larva de 1o instar, que sofre duas mudas até atingir a fase de 3o instar. Todos os instares larvais se alimentam na matéria orgânica e o período de L1 a L3 dura cerca de dez a treze dias. Essa larva de 3o instar dá origem à fase de pupa, que ocorre nas porções mais secas da matéria orgânica em decomposição. Após cerca de quatro a seis dias a pupa dá origem a um espécime adulto. Esta mosca não pode ser criada à tempe- ratura igual ou superior a 35ºC. O período de desenvolvimento, ou ciclo evolutivo dessa mosca (ovo até adulto), é completo em torno de duas a três semanas em climas quen- tes (AGUIAR-VALGODE; MILWARD-DE-AZEVEDO, 1992), podendo du- rar mais de dois meses em climas temperados. O período médio de vida de uma mosca adulta é de 15 a 30 dias. Os adultos, após seis horas de sua emergência, estão aptos a realizar a hematofagia. Existem muitos dados sobre o ciclo biológico e comportamento da mos- ca que, em alguns casos, diferem um pouco entre si. Essas variações se devem às condições climáticas das diferentes regiões nas quais os estudos foram realizados ou das condições artificiais quando o estu- do foi conduzido em laboratórios (MELLO; GARCIA, 1988; AGUIAR- VALGODE; MILWARD-DE-AZEVEDO, 1992; KETTLE, 1995). Segundo Guimarães (1983), além dos restos alimentares sob cochos, também o vinhoto (vinhaça) pode atrair e estimular a postura desse díptero. A postura e o desenvolvimento larval ocorrem em resíduos orgânicos de origem vegetal ou animal em processo de decomposição ou de fermentação, com umidade elevada e temperatura entre 15ºC e 30ºC. Fezes de animais domésticos, cama de aviários e de outros animais, palha, feno, restos de lavouras, bagaço de cana ou de frutas, grãos ou farinhas umedecidas, resíduos alimentares acumulados em confi- namentos de animais misturados com fezes e urina (Figuras 4, 5, 6, 7, 8), decomposição de lixo sanitário, e em locais que há formação de
  • 14. 14 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? Foto: João Batista Catto Figura 4. Confina- mentos - local em que frequentemente ocorre a criação de moscas tais como a mosca-dos-estábulos e a mosca domés- tica. Figura 5. Acúmulo de restos alimentares em fermentação, protegidos do sol e úmidos, sob cochos, formando ambiente propício para criação de moscas. húmus (minhocários, composteiras e esterqueiras a céu aberto) (Figura 9) podem servir como substrato para o desenvolvimento das larvas da mosca (KETTLE, 1995). Nos Estados Unidos, há relatos de surtos após o início do uso de feno em rolos, nos quais as moscas-dos-estábulos depositam os ovos no material remanescente da palha (BROCE et al., 2005). Foto: João Batista Catto
  • 15. 15 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? Foto: Tiago Ledesma Taira Figura 6. Suplementação alimentar constituída de forragem picada e grãos moídos, geran- do resíduos caídos no chão, cuja fermentação torna o substrato atrativo e favorável para a procriação de moscas (ver Figura 7). Figura 7. Larvas de moscas em matéria orgânica fermentada constituída de restos alimentares de suple- mentação oferecida em cochos (forra- gem picada e grãos moídos). Foto: Tiago Ledesma Taira
  • 16. 16 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? Figura 8. Lama mistu- rada com fezes e urina de bovinos, junto a um cocho de sal, também, constituem atrativo para a postura de mos- cas como Stomoxys calcitrans. Foto: João Batista Catto Foto: Antonio Thadeu Medeiros de Barros Figura 9. Compostagem que, também, pode servir como substrato para o desenvolvi- mento de moscas. Leiras formadas com torta de filtro. A cinza resultante da queima do bagaço, que gera energia elétrica, também é misturada à torta de filtro na compostagem.
  • 17. 17 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? Importância econômica e veterinária Os adultos de ambos os sexos da mosca-dos-estábulos são hemató- fagos. Além da perda de sangue, as suas picadas são muito doloridas e dependendo do grau de infestação provocam muito estresse com alterações no comportamento dos animais, contribuindo para a redução de ganho de peso (KETLE, 1995). Esse inseto é capaz de atuar na transmissão de vários patógenos (BIT- TENCOURT; CASTRO, 2004; FÖRSTER et al., 2007; CASTRO et al., 2008): servir como hospedeiro intermediário para os nematoides Habro- nema microstoma, agente da habronemose gástrica e/ou cutânea dos equinos, e Setaria cervi, que parasita a cavidade peritoneal de ruminan- tes (KETLE, 1995, TRAVERSA et al., 2004); transmitir o vírus da ane- mia infecciosa equina (SILVA et al., 2001); atuar como vetor mecânico na transmissão de Trypanosoma evansi e Trypanosoma vivax (SERRA- FREIRE; REZENDE, 1988); e como vetor biológico na transmissão da mosca-do-berne, Dermatobia hominis (RODRÍGUEZ; LEITE, 1997). Essas moscas atacam preferencialmente equinos e bovinos, e podem atacar outros animais domésticos e o homem. Em equinos concentram- se especialmente nos membros torácicos, mais notadamente abaixo do joelho, na canela (BITTENCOURT; MOYA BORJA, 2000) (Figura 10). No geral, preferem as partes baixas dos animais. No ato de alimentação (repasto), perfuram a pele várias vezes e ficam repletas de sangue em três minutos em um único repasto. Depois de alimentadas, pousam em locais como celeiros, cercas, estábulos, árvores, entre outros (Figura 11). Nas horas mais quentes abrigam-se, preferencialmente, em lugares sombreados e/ou frescos (Figura 1 e 11) (GUIMARÃES, 1983; GUIMA- RÃES, 1984). A espoliação e a irritação, provocadas nos animais, fazem com que estes tenham decréscimo do peso corporal (15% a 20%) e prejuízo na produção de leite (40% a 60%). O total de danos que essa mosca pode provocar depende, naturalmente, do grau de infestação nos animais (GUIMARÃES, 1983; GUIMARÃES, 1984).
  • 18. 18 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? Foto: João Batista Catto Figura 10. Bovino infestado por mosca-dos-estábulos. Destaque ao comportamento do inseto quanto a sua preferência em atacar os animais nos membros, especialmente as pernas dianteiras, e a região torácica e ventral. Foto: João Batista Catto Figura 11. Um dos abrigos preferenciais da mosca-dos-estábulos são troncos, ramos e folhas de árvores próximas aos hospedeiros.
  • 19. 19 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? A intensificação do processo produtivo na agropecuária brasileira e o incremento da industrialização têm gerado maior volume de resíduos reutilizáveis no meio rural, o que proporciona condições favoráveis ao desenvolvimento de S. calcitrans. Assim, a ocorrência dessa mosca pode deixar de ser frequente, com população sob controle, para ascen- der ao status de praga cíclica ou permanente sob condições de surtos graves. Fato este favorecido, ainda, pela instabilidade climática cada vez mais frequente e fora dos padrões tidos como normais. Ocorrência em Mato Grosso do Sul Relatos de surtos da mosca-dos-estábulos no Estado de Mato Grosso do Sul (MS), ao longo das última duas décadas, têm sido esporádicos e de curta duração. As informações encontradas na literatura sobre a biologia e a dispersão dessa mosca, assim como sobre o seu controle químico em instalações rurais, sempre permitiram resolver o problema e, por isso, os poucos trabalhos de pesquisa existentes sobre essa mos- ca têm recebido relativamente pouca atenção. No entanto, nos últimos dois anos começaram a surgir relatos de infestações mais frequentes, principalmente em regiões canavieiras e circunvizinhança. Caso essas infestações se tornem rotineiras, com ocorrência sazonal, será necessário conduzir pesquisas para determinar as causas de tais infestações e determinação das possíveis medidas profiláticas e/ou de controle. Se a associação entre os surtos que vêm ocorrendo com a cultura e usinagem da cana-de-açúcar se confirme, atenção especial terá que ser dada às diferentes práticas culturais ado- tadas no cultivo e nos processos de destino dos resíduos desta cultura nas usinas. Entre julho e novembro de 2009 ocorreram surtos da mosca-dos-está- bulos na região Sul de MS em localidades de usinas sucroalcooleiras e em fazendas de produção pecuária. O pico de infestação nos animais deu-se pelo período de até uma semana. Após o pico, parte do gado permanecia aglomerada e os animais se debatiam com a intenção de espantar as moscas ainda presentes. Não houve relato de mortes de
  • 20. 20 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? animais em consequência do ataque da mosca, mas foram mencionadas pelos pecuaristas, grande irritação, perda de peso nos animais, além de queda na produção de leite. Em visitas a propriedades na região sul de MS observou-se que os primeiros surtos aconteceram, principalmente, em fazendas próximas de usinas, em um raio de 11 km, o que é explicado pela capacidade de voo da mosca. As primeiras reclamações de pecuaristas quanto à mosca-dos-estábulos aconteceram na primeira quinzena de julho. O pico de infestação e ataque ocorreu na segunda quinzena de julho, seguido de redução gradual do ataque. Observou-se que a intensidade de ataque varia a cada dia em função de mudanças no tempo (tempera- tura, umidade, expectativa de chuva). Os danos reportados nos bovinos conferem com aqueles descritos pela literatura. No local da compostagem, na usina, foi verificada a presença de adul- tos da mosca-dos-estábulos, bem como de ovos e larvas de moscas na “torta” da compostagem. Larvas de terceiro estádio (L3) foram coleta- das e levadas para o Laboratório de Entomologia Veterinária da Embra- pa Gado de Corte; e cerca de 90% das moscas que emergiram eram de M. domestica e as demais eram S. calcitrans. O volume de chuva que ocorreu naquela região no período de junho a novembro (Figura 12) foi atípica para esse período do ano, o que pode ter favorecido o aparecimento do surto. A estiagem, típica desse perío- do, que precedeu à intensa pluviosidade contribuiu para que houvesse um sincronismo na eclosão de larvas provenientes de ovos de várias posturas assim que as chuvas se tornaram abundantes. O clima da região de ocorrência dos surtos situa-se na faixa de tran- sição entre o Cfa mesotérmico úmido sem estiagem e o subtipo AW (clima tropical de savana) com estação chuvosa no verão e seca no inverno (OMETTO, 1981). As chuvas são frequentes e pesadas no pe- ríodo chuvoso e quente (outubro a abril) e escassas e leves no período seco e mais frio (maio a setembro), situação semelhante a cerca de
  • 21. 21 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? 70% do território brasileiro. A temperatura média dos meses mais frios está acima de 17ºC. Salienta-se que nessa época do ano, por ser uma época que normal- mente a população de moscas é reduzida, nesse tipo de substrato, a população de seus inimigos naturais também tende a ser baixa ou inexistente. A medida adotada e relatada por técnicos de uma usina foi a aplicação de cal virgem em locais de empoçamento de vinhaça e na compos- tagem (área da usina) e em locais em que havia acúmulo de fezes e urina de bovinos (propriedades pecuárias atingidas pela mosca-dos-es- tábulos). Essa medida, segundo os técnicos da usina, teria contribuído para a redução da sobrevivência de larvas. O ocorrido necessitaria de um estudo mais aprofundado, pois a diminuição gradual do número de moscas pode ter acontecido naturalmente assim que normalizaram as condições climáticas e com o próprio término do ciclo de vida daquela geração de moscas. Figura 12. Precipitação pluviométrica no município de Angélica, MS, no período de agosto de 2008 a novembro de 2009, e médias históricas de cinco anos, para a região.
  • 22. 22 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? Em outubro de 2009 ocorreu nova infestação no município de Angélica, MS. Essa infestação foi menos intensa do que aquela de julho/agosto e deu-se de modo distribuído, alcançando propriedades de pecuária relativamente distantes (até 30 km) de usinas de álcool, enquanto que em algumas fazendas de gado próximas não foram observados níveis populacionais preocupantes da mosca. Entre os meses de outubro e novembro houve em uma usina no muni- cípio de Maracaju, MS, pela primeira vez, a ocorrência de um pequeno surto da mosca-dos-estábulos. Representantes da usina, de Angélica, informaram ter sido observada grande afluência da mosca-dos-estábulos nos locais durante a aplicação da vinhaça, indicativo de que o cheiro desta deve servir de atrativo para essas moscas. Por ser uma mosca hematófaga, em sua fase adulta, a presença naqueles locais pode estar relacionada à atração da vinhaça como um indicativo de substrato favorável para a postura. A quantidade de vinhaça aplicada no cultivo da cana (média de 25 L/ m2 ) na região aparentemente não é suficiente para proporcionar condi- ções de umidade na palhada para que ocorra o desenvolvimento massi- vo de moscas, principalmente no período seco do ano. A vinhaça sozinha, quando conduzida por tubulações, não propicia as condições necessárias para o desenvolvimento da mosca. Somente em locais onde a vinhaça acumule e decante depois de aplicada, forman- do depósitos sólidos, ou quando somada à palha e/ou aos dejetos de animais é que os meios adequados para desenvolvimento da mosca são criados. Essa situação não foi constatada nos locais visitados. Ainda assim, haveria necessidade de muita umidade, como tem sido verifica- do com respeito à frequência e intensidade pluviométrica atípica que vem ocorrendo naquela região. A redução do intervalo semanal de revolvimento da compostagem para duas vezes por semana surtiu efeito positivo no controle de larvas de moscas em uma usina que adotou esta prática em Angélica, MS. No
  • 23. 23 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? entanto, permanece a incógnita de onde S. calcitrans teria procriado para gerar um segundo surto. Considerando que os surtos recentes ocorreram de forma distribuída, com menor intensidade, e alcançaram pontos mais distantes do que os primeiros, supõe-se que as moscas estejam desenvolvendo-se em vários locais, inclusive em propriedades pecuárias, e não de forma concentrada em uns poucos locais. Alternativas de controle Nas condições ecobiogeográficas verificadas na região de ocorrência da mosca-dos-estábulos, em MS, como medida emergencial, nos casos de surtos nas propriedades, buscando diminuir a multiplicação da mosca recomendam-se as seguintes providências: Manter a higiene das instalações, principalmente naquelas propriedades• com sistema de confinamento ou leiterias; limpando sistematicamente fezes e restos alimentares. Remoção e destino adequado (espalhamento ou compostagem) dos• resíduos alimentares de animais, bem como de dejetos e matéria orgâni- ca acumulados, pois representam fontes de criação de larvas de moscas nas fazendas. Revolver o material de compostagem completamente duas vezes por• semana e drenar a água da chuva. Avaliar a eficácia dos diferentes princípios ativos inseticidas utilizados no• combate às moscas adultas antes de sua aplicação visando ao controle destas. Usar, quando necessário, inseticidas que sabidamente funcionam, na• dose correta e com origem reconhecida e registro para uso em animais. Procurar a assistência técnica, sempre, e, especialmente, quando for per-• cebido que os produtos de controle não estão fazendo o efeito desejado por mais que sigam corretamente as indicações contidas nos respectivos rótulos. Realizar o controle químico, quando necessário, apenas nos dias previa-• mente programados, de forma coordenada. Assim, assegura-se o con- trole efetivo e duradouro e aumenta o tempo de repovoamento da área tratada. Essa programação deve incluir todas as propriedades envolvidas e adjacentes ao problema.
  • 24. 24 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? O uso de inseticidas de maneira generalizada e repetida, baseado no comportamento da mosca-dos-estábulos (instalações, locais de prolife- ração, demais ambientes de refúgio, entre outros), pode trazer dese- quilíbrios ambientais. O uso frequente de inseticidas nos animais não é sustentável por não ser eficiente quando utilizado isoladamente e propiciar seleção e desenvolvimento de populações resistentes. Salienta-se que o uso frequente e a adoção de dosagens inadequadas de inseticidas nos animais podem causar diferentes graus de resistência na mosca-dos-estábulos (BARROS et al., 2007), da mesma forma como aconteceu em relação a carrapatos (KOLLER et al., 2009). Atualmente, a resistência da mosca-dos-chifres e de carrapato aos piretroides, no Brasil, é generalizada, e constitui um sério problema em MS. Esforços devem ser direcionados na busca de medidas preventivas ao desenvolvimento de moscas, tanto na usina como nas propriedades de produção pecuária. Com o objetivo de diminuir uma possível contribuição da vinhaça para a multiplicação da mosca sugere-se: Distribuição fracionada em duas etapas com intervalo entre aplicações,• suficiente para que seja rapidamente absorvida pelo solo. Realizar, se possível, o trato cultural de incorporação da palha de cana• pós-colheita ao solo após a primeira aplicação de vinhaça. Se possível, não distribuir quando o solo ainda estiver encharcado com• água de chuvas. A distribuição fracionada da vinhaça, em razão das moscas serem por ela atraídas para efetuar a postura, pode influenciar negativamente na sobrevivência das larvas da mosca. No caso da aplicação nos canaviais, pode-se obter sucesso no controle de ovos e larvas da mosca ao utilizar a primeira fração de vinhaça como isca para a postura, realizando em seguida tratos culturais (Figura 13) para incorporação da palha acu- mulada sobre o solo (empregando cultivadores), enterrando-se, assim, também ovos e larvas de moscas. Esta prática modifica o microclima
  • 25. 25 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? Figura 13. Enterrio parcial da palha de cana-de-açúcar pós-colheita com auxílio de um “cultivador”. Foto: Antonio Thadeu Medeiros de Barros Independente da existência ou não de usinas sucroalcooleiras nas proximidades da área de produção animal, recomenda-se a limpeza dos locais de ajuntamento de resíduos alimentares e excrementos de ani- mais, que ocorrem em currais, locais de ordenha, baias, confinamento e malhadouros (locais de pernoite), ou qualquer local que possa acu- mular matéria orgânica. Pastagens vedadas, com abundância de forra- gem seca e palhada, também podem, em condições de muita umidade, permitir o desenvolvimento de moscas. Assim, o manejo da pastagem torna-se importante estratégia auxiliar no controle da mosca-dos-está- bulos. O controle biológico tem mostrado resultados promissores em estudos controlados em laboratório e em criatórios de suínos e aves, embora não tenha sido testado em grande escala no campo. Os micro-himenóp- teros Spalangia cameroni e Muscidifurax raptor (Hymenoptera: Ptero- malidae) são parasitoides de pupas da mosca-dos-estábulos e da mosca doméstica, porém são mais eficientes nessa última (SKOVGARD; NA- CHMAN, 2004). A eficiência de parasitismo por micro-himenópteros em do solo/palhada e contribui ainda para inviabilizar o desenvolvimento da mosca (Figura 13). Usinas que adotaram essa prática reportaram o seu sucesso.
  • 26. 26 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? geral varia entre 13,4% e 19,9% para pupas da mosca doméstica e da mosca-dos-estábulos (MEYER et al., 1991). O fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae foi testado no controle de muscídeos em está- bulos mostrando bons índices de controle (DE MARI, 2006). No entan- to, não há informações sobre sua aplicação sob condições de campo. A adoção de tecnologias limpas, como o controle de moscas por meio de tratos culturais, manejando e dando destino adequado aos resíduos orgânicos de todas as naturezas, e o controle biológico são alternativas que merecem mais estudos e investimentos, pois coadunam com os ob- jetivos da produção de alimentos saudáveis em condições sustentáveis. Isso inclui, entre outros, a produção de biocombustíveis. Embora o foco do problema esteja concentrado em S. calcitrans, a mosca doméstica também pode ser considerada praga em situações de altos níveis populacionais. Como essas moscas compartilham do mes- mo substrato, o controle, quando direcionado a esses locais serve, no geral, para ambas as espécies. Considerações e perspectivas Embora existam conhecimentos básicos consolidados sobre a mosca- dos-estábulos, ações integradas e muitos aspectos científicos precisam ser realizados e respondidos, respectivamente. Diante dos recentes surtos alguns pontos são propostos: Ações integradas Elaboração e distribuição de informativos técnicos-educacionais por• órgão de assistência técnica e extensão rural, entidades e atores das cadeias produtivas envolvidas com o problema. Atualização técnica dos principais atores das cadeias produtivas envolvi-• das com o problema. Sistemático acompanhamento e orientação técnica por órgãos de vigilân-• cia e regulamentação sanitária. Política e atenção por parte de órgãos regulamentais e órgãos de fomen-• to para a busca de soluções tecnológicas ao problema.
  • 27. 27 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? Aspectos científicos Algumas questões relacionadas às recentes ocorrências precisam ser compreendidas visando à prevenção e ao controle de novos surtos. Apesar da forte relação entre os surtos e os empreendimentos sucro- alcooleiros há necessidade de qualificar e quantificar a participação da cultura da cana e dos subprodutos da usinagem (vinhaça/outros pro- dutos de compostagem) no aumento da população da mosca. Outros aspectos científicos complementares necessitam esclarecimentos para melhor entender os surtos ocorridos e minimizar os potencias futuros: Qual a contribuição real da vinhaça no desenvolvimento das moscas? Qual a contribuição das chuvas no desenvolvimento das moscas? Qual a contribuição das propriedades pecuárias (áreas de confinamento, sobra de alimentos, silagem, disposição das fezes etc) para a ocorrên- cia de surtos? Qual a contribuição das práticas de compostagem, enterrio de palha pós-colheita da cana ou outras passíveis de adoção para a diminuição da sobrevivência de larvas de moscas? Em quanto o uso de inseticidas reduz a população da mosca? Estes questionamentos, isoladamente e/ou em conjunto, e outras futuras questões, devem ser analisados de forma transdisciplinar e integrada entre instituições e atores das cadeias produtivas envolvidas no tema. Somente com ações integradas será possível resolver esse problema, que não é totalmente novo e, consequentemente, contribuir para o desenvolvimento sustentável de duas cadeias produtivas chaves no agronegócio brasileiro (carne e sucroalcooleira).
  • 28. 28 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? Bibliografia AGUIAR-VALGODE, M.; MILWARD-DE-AZEVEDO, E. M. V. Determinação das exigências térmicas de Stomoxys calcitrans (L.) (Diptera, Muscidae), em condições de laboratório. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 87, p. 11-20, 1992. Supl. 1 BITTENCOURT, A. J.; MOYA BORJA, G. E. Stomoxys calcitrans (L.): preferência por regi- ões do corpo de equinos para alimentação. Parasitología al día, Santiago, v. 24, n. 3-4, p. 119-122, jul. 2000. BITTENCOURT, A. J.; CASTRO, B. G. de. Stomoxys calcitrans parasitism associated with cattle diseases in Espírito Santo do Pinhal, São Paulo, Brazil. Annals of the New York Academy of Sciences, New York, v. 1026, n. 1, p.219-221, Oct. 2004. Issue Impact of Ecological Changes on Tropical Animal Health and Disease Control. BARROS, A. T. M.; GOMES, A.; KOLLER, W. W. Inseticide susceptibility of horn flies, Haematobia irritans (Diptera: Muscidae), in the State of Mato Grosso do Sul, Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, São Paulo, v. 16, n. 3, p. 145-151, jul./set. 2007. Disponível em: <http://www.rbpv.ufrrj.br/documentos/1632007/c163145_151. pdf>. Acesso em: 12 nov. 2009. BROCE, A. B. ; HOGSETTE, J.; PAISLEY, S. Winter feeding sites of hay in round bales as major developmental sites of Stomoxys calcitrans (Diptera: Muscidae) in pastures in spring and summer. Journal of Economic Entomology, Lanham, MD, US, v.98, n. 6, p. 2307-2311, Dec. 2005. CASTRO, B. G. de; SOUZA, M. M. S. de; BITTENCOURT, A. J. Isolamento de espécies enterobacterianas em Stomoxys calcitrans. Ciência Rural, Santa Maria, v. 38, n. 9, p. 2654-2657, dez. 2008. DE MARI, A. I. Utilização dos fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae para o controle de muscídeos em estábulos na região de Blumenau, SC. 2006. 58 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) – Universidade Regional de Blume- nau, Blumenau, 2006. Disponível em: <http://proxy.furb.br/tede/tde_busca/arquivo. php?codArquivo=361>. Acesso em: 15 nov. 2009. FÖRSTER, M.; KLIMPEL, S.; MEHLHORN, H.; SIEVERT, K.; MESSLER, S.; PFEFFER, K. Pilot study on synanthropic flies (e.g. Musca, Sarcophaga, Calliphora, Fannia, Lucilia, Sto- moxys) as vectors of pathogenic microorganisms. Parasitology Research, Berlin, v. 101, n.1., p. 243-246, June 2007.
  • 29. 29 Surtos da mosca-dos-estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: novo problema para as cadeias produtivas da carne e sucroalcooleira? GOMES, R. A. Surtos de Stomoxys calcitrans (Diptera: Muscidae) em bovinos e eqüinos na região Noroeste de São Paulo (Brasil) devido ao desequilíbrio ambiental. Disponível em: <http://pt.engormix.com/MA-pecuaria-corte/saude/artigos/surtos-stomoxys-calcitrans- diptera_132.htm>. Acesso em: 12 nov. 2009. GRISI, L.; MASSARD, C. L.; MOYA-BORJA, G. E.; PEREIRA, J. B. Impacto econômico das principais ectoparasitoses em bovinos no Brasil. A Hora Veterinária, Porto Alegre, ano 21, n. 125, p. 8-10, jan./fev. 2002. GUIMARÃES, J. H. Moscas – biologia, ecologia e controle. Agroquímica, São Paulo, n. 21, p. 20-26, 1983. GUIMARÃES, J. H. Mosca dos estábulos: uma importante praga do gado. Agroquímica, São Paulo, n. 23, p. 10-14, 1984. KETTLE, D. S. Medical and veterinary entomology. Wallingford: CAB International, 1995. 725 p. KOLLER, W. W.; GOMES, A.; BARROS, A. T. M. Diagnóstico da resistência do carrapato- do-boi a carrapaticidas em Mato Grosso do Sul. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2009. 47 p. (Embrapa Gado de Corte. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 25). Disponível em: <http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/bp/BP25.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2009. MELLO, R. P. de; GARCIA, M. L. M. Comportamento reprodutivo de fêmeas de Stomo- xys calcitrans (L.) (Diptera: Muscidae) criadas isoladamente em laboratório. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 83, n. 3, p. 385-390, jul./set.1988. MEYER, J. A.; SHULTZ, T. A.; COLLAR, C.; MULLENS, B. A. Relative abundance of stable fly and house fly (Diptera: Muscidae) pupal parasites (Hymenoptera: Pteromalidae; Coleoptera: Staphylinidae) on confinement dairies in California. Environmental Entomolo- gy, Lanham, MD, US, v. 20, n. 3, p.915-921, June 1991. ODA, F. H.; ARANTES, C. A. Surto populacional da mosca dos estábulos Stomoxys cal- citrans, Linnaeus, 1758 (Diptera: Muscidae) no município de Planalto, SP. In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA CESUMAR, 6., Maringá, 2009. Artigos... Maringá: Cesumar. p. 27 a 30. OMETTO, J. C. Bioclimatologia vegetal. Agronômica Ceres: São Paulo, 1981. 425 p.
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