2. Os Romanos, habitantes da
Península Itálica, chegaram no
séc. III a.C. à Península Ibérica ou
Hispânia, como então se chamava
a estas terras, através do
Mediterrâneo.
Rapidamente, ocuparam quase
sem resistência a região sul, onde
já anteriormente fenícios, gregos e
cartagineses tinham estabelecido
no litoral alguns portos
comerciais.
3. À ocupação romana da
península opuseram-se,
sobretudo, algumas tribos
que habitavam as regiões
mais montanhosas, de mais
fácil defesa e de mais difícil
acesso e ocupação:
a norte, os Galaicos de
origem celta e na região
centro, os Lusitanos, tribo
de Celtiberos que teve em
Viriato o seu mais célebre
líder.
4. Estas tribos aproveitavam as
montanhas, o conhecimento que
tinham dos desfiladeiros e
ravinas para montarem
armadilhas e emboscadas às
legiões romanas.
Outras vezes surgiam, saltando
das árvores, e de surpresa,
atacavam rapidamente, fugindo
de seguida.
Desta forma impediram durante
200 anos o domínio completo da
Península pelos Romanos.
5.
6. Se procuramos uma primordial
identidade territorial e cultural ,ela
encontra-se mais na Lusitânia romana
e na sua civilização do que na
Lusitânia celtibera.
Geograficamente compreendida entre
o douro e sudoeste peninsular, a
Lusitânia romana confundia-se em
grande parte com o actual território
português apesar de invadir também
algumas regiões hoje espanholas.
7. E apesar de todo o fervor
nacionalista, em torno dos
Lusitanos e da figura de Viriato,
de que se alimentaram os regimes
autoritários em Portugal e
Espanha na época de todos os
fascismos, somos muito mais
devedores da herança romana e
muçulmana que da herança celta.
Não só porque estes se
estabeleceram no nosso actual
território durante mais tempo
mas sobretudo pela superioridade
da sua cultura e pela influencia
que sobre nós exerceram e
continuam a exercer.
8. Somos, para concluir, o resultado do cruzamento de diferentes povos e
civilizações. Iberos, Celtas, Romanos , Judeus e Árabes .que em diferentes alturas
se estabeleceram na Península Ibérica e influenciaram , ao longo do tempo , o
nosso modo de vida . Os Celtas estiveram cá mas somos sem dúvida mais
Mediterrânicos .
E finalmente corre-nos ainda no sangue um pouco da Africa da Ásia e da
América que colonizamos .
Falar de uma raça Lusitana ou Portuguesa é pois historicamente um disparate.
Estatueta Celta Ruínas de Conímbriga Astrolábio Árabe
9. Com o assassinato de Viriato, morto
pelos seus próprios homens a soldo
de Roma, de acordo com o mito,
anunciava-se o domínio completo da
Península Ibérica pelos Romanos
ainda antes do séc. I d.C.
Novas teses, defendidas por
historiadores espanhóis, dão-nos, no
entanto, de Viriato e da sua morte um
retrato bem diferente.
Viriato teria, nesta nova versão da
História, sido morto não por
traidores, mas por resistentes
lusitanos que teriam descoberto que
este se tinha vendido a Roma, em
troca de terras no litoral já
romanizado, prometendo sabotar ou
afrouxar a resistência dos Lusitanos…
10. Curiosamente, será Sertório, um
general romano dissidente que
procurava na Península a ajuda das”
tribos bárbaras” para combater Roma,
que assegurará nos próximos tempos o
comando da resistência Lusitana.
Encurralada nas montanhas, cercada
cada vez mais de perto pelas regiões e
populações romanizadas e, lentamente
esgotada ou seduzida pelos novos
costumes, a resistência vai - se
esbatendo em toda a Península até
desaparecer sem grande barulho.
11. Recorrendo a um forte e
disciplinado exército,
espalhando pelas regiões
ocupadas uma civilização que a
todos prometia maiores
confortos e vantagens, em
pouco tempo, os Romanos
dominavam grande parte dos
territórios que se estendiam à
volta do Mediterrâneo.
E por isso o chamaram de Mare
Nostrum,( O nosso mar).
12. Este vasto império com
capital em Roma e cuja
figura máxima era o
imperador, assegurava aos
Romanos o domínio de todo
o comércio mediterrânico, o
acesso à mão-de-obra
escrava e às matérias-
primas de que
necessitavam.
13. Mesmo antes de pacificada a
Península, os Romanos
transportavam para os territórios
ocupados não apenas as suas
legiões e equipamentos, mas
também a sua mentalidade e modo
de vida
A este processo chamamos
Romanização e foi, na maior parte
dos casos, pacificamente aceite.
Viver “à romano” era para os
habitantes locais uma aspiração, e
não algo a recear.
14.
15. As estradas, pontes, construções
variadas, o latim, o sistema numérico,
as leis, a religião, os divertimentos e a
cultura, em geral, aproximavam
cidades e populações de origem e
costumes muito diferentes.
Os Romanos eram politeístas.
Adoravam vários deuses, protectores
dos vários aspectos da vida
quotidiana e da natureza.
No entanto, eram tolerantes. Desde
que os impostos fossem pagos e as
leis romanas cumpridas, as
populações ocupadas podiam praticar
livremente os seus cultos em privado.
16. A edificação das cidades
romanas obedecia a um
plano. Um plano divino.
Confiadas à protecção dos
deuses, só se construíam
depois de sacralizadas pelos
augures (adivinhos) através
da “leitura” das vísceras de
um animal.
Assim se consagrava o sítio
escolhido, que desta forma,
passava a estar sobre a
protecção dos Deuses.
CERIMÓNIA DE AUGURES
17. A sua área era delimitada por dois
eixos que se cruzavam: O Cardus e
o Decomanus. que determinavam a
forma rectangular, sempre repetida
das cidades romanas.
FÓRUM ROMANO
Depois erguiam-se os edifícios do
costume:
As Basílicas, os Templos, os
Pórticos que circundavam o centro
- o Fórum - o lugar onde tudo
acontecia…
PLANTA DA ROMA IMPERIAL
18. No “Fórum “ , a Praça pública, os
cidadãos sabiam das novidades,
ouviam os discursos de místicos,
políticos e filósofos, faziam compras
nas lojas que os pórticos abrigavam,
frequentavam os templos, ou
simplesmente conviviam.
Nos teatros de forma semi - circular,
representavam-se cenas da sua
Mitologia e Religião. Todos os actores
usavam máscaras que representavam
os personagens que interpretavam:
Deuses, Heróis, Demónios e outras
personagens lendárias.
19. As termas ou balneários públicos, e a prática do desporto
garantiam a higiene e saúde da população livre. No meio de
tanto divertimento, o trabalho era, principalmente,
assegurado por servos e escravos que não gozavam destes
privilégios.
20. Nos limites das maiores cidades , em área não
sacralizada, situavam-se os Coliseus e
Hipódromos, edifícios destinados às práticas e
diversões mais violentas que implicavam o
derramamento de sangue.
21. As cidades feitas à imagem de
Roma competiam entre si na
grandiosidade dos edifícios
públicos. Os coliseus, os templos,
as estátuas, as fontes e as termas
sobressaíam das ruas ladeadas de
casas de vários andares (as
insulae) onde residia a população
mais pobre.
Estas construções monumentais
ladeavam o fórum ou praça
pública, e a sua grandeza era a
medida da importância da cidade.
22. No entanto, a arte romana com toda a
sua monumentalidade, dominada
pela busca matemática da harmonia e
da perfeição das formas, era também
estruturalmente muito repetitiva,
rígida e, sobretudo, sem qualquer
originalidade.
De facto, a arte, a religião e a cultura
romana, em geral, reproduziam quase
fielmente, os princípios e os modelos
sociais e culturais, em torno dos quais,
séculos atrás, os Gregos construíram a
mais pujante e avançada civilização
do seu tempo: a Civilização Helénica.
Estas semelhanças uniram
culturalmente, estas duas civilizações
numa mesma designação: Civilização
Greco-Romana.
23. No campo, dividiram a propriedade
em villas rústicas .
Fizeram trabalhar a terra por
escravos, introduziram novos
produtos agrícolas (vinho, azeite e
trigo), novos materiais de construção
(a telha) e exploraram novas minas.
Desenvolveram ainda algumas
indústrias como a salga do peixe, a
olaria e a tecelagem.
Também a construção naval e a pesca
beneficiaram dos seus contributos.
Os grandes proprietários erguiam nas
suas terras as suas villae com várias
divisões, pátios, fontes, jardins,
pórticos…à imagem da paisagem e
dos edifícios romanos.
24. Em Portugal, para além
das pontes, aquedutos,
estradas, templos e
ruínas várias, a língua, a
numeração, a
arquitectura, as leis, a
administração e a
cultura em geral são
ainda devedoras da
presença romana.
25.
26.
27. Antes da ocupação da Península
Ibérica, os Romanos já
dominavam vastas regiões do
Próximo Oriente. Uma delas era
a Palestina com capital em
Jerusalém, terra onde se erguia o
sagrado templo do rei Salomão.
Aí, Cristo nasceu, pregou e foi
crucificado deixando uma marca
profunda em todos os que o
conheceram.
Tido pelos seus seguidores como
o Messias, ensinava o amor, a
liberdade e proclamava a
existência de um único Deus,
criador de todas as coisas.
28. Com a morte de Cristo emerge uma
nova religião monoteísta – o
Cristianismo. Ou melhor uma nova
seita religiosa como muitas outras
que pululavam a região.
Uma seita que não sendo sequer a
mais popular era sem dúvida a mais
perigosa para o Poder.
Nos próximos 300 anos, os seus
seguidores serão perseguidos e
mortos pelos Romanos nos Coliseus e
Arenas como divertimento popular.
O seu principal “crime” era não
reconhecerem qualquer autoridade
divina ou espiritual ao Imperador
Romano.
29. Depois do martírio, os Cristãos verão,
finalmente, a sua religião reconhecida
no início do séc. IV, com a conversão
do imperador Constantino. De
pequena seita, o Cristianismo
tornava-se de um dia para o outro,
por vontade de um homem que
afirmou ter tido uma visão, na
religião oficial do Estado
A “ visão de uma cruz”, que lhe terá
permitido obter, quando tudo parecia
correr mal, uma improvável vitória
militar sobre Maxêncio, o outro
candidato ao título de Imperador, na
batalha de Ponte Mívia. Uma visão
que vinha mesmo a calhar.
30. Numa altura em que o império se
dividia e afundava lentamente,
nada melhor que uma nova
religião que a todos prometia
arrependimento e conforto, para
unir e reanimar o povo.
Muitos dizem no entanto que
Constantino permaneceu
secretamente Pagão até à morte.
O Cristianismo iria no entanto,
por sua única vontade ,tornar-se
na religião oficial de todo o
Império Romano.
O “ Baptismo “ de Constantino
31. Para tal, Constantino
reuniu-se com os mais
importantes líderes Cristãos
e, no Concílio de Niceia, em
325 d.C.. analisaram um
conjunto de textos Cristãos,
escolhendo uns e excluindo
outros.
Aos textos seleccionados,
anónimos, mas aos quais
foram dados os nomes dos
12 discípulos de Cristo,
chamamos o Novo
Testamento.
32. Ao tornar o Cristianismo a religião do
Império, abandonando
definitivamente o politeísmo,
Constantino pretendia pacificar,
unindo em torno de uma só religião,
toda a população do Império
devastado por um longo período de
conflitos internos (revoltas,
assassinatos) e externos.
De facto, era cada vez maior a pressão
das tribos bárbaras que cercavam o “
Limes “, a fronteira do Império.
À unidade, disciplina, organização e
ordem que afirmaram durante
séculos, sucediam agora a divisão, as
revoltas e a a corrupção.
33.
34. Esta situação é aproveitada
pelas tribos bárbaras que
arrasam as legiões romanas,
destruindo e pilhando tudo o
que encontram.
Em 410, Alarico, o Godo,
conquista, arrasa e, pouco
tempo depois ,a troco de um
resgate, abandona Roma. De
pé, ficaram apenas as ruínas
que ,em parte, ainda hoje
perduram.
35.
36. Também a Península Ibérica será,
como aliás todas as áreas
romanizadas do ocidente, vítima da
mesma devastação por parte das
tribos bárbaras.
Primeiro pelos Suevos e, depois pelos
Visigodos, que vencendo aqueles
acabarão por dominar toda a
Península até ao ano de 711.
No entanto, ao pouparem os
monges, as igrejas e conventos,
pouparam também parte da cultura
mais avançada dos povos vencidos,
acabando por assimilar alguns dos
seus costumes, incluindo a religião
dominante na Península - o
Cristianismo.
37. Os novos ocupantes - os
Visigodos - introduzirão na
Península uma nova forma
de poder - a Monarquia
Hereditária - e uma nova
forma de organização social
e económica - o Feudalismo
que perdurará por séculos,
aqui e em toda a Europa.