O documento discute como professores brasileiros estão excluídos digitalmente, com a maioria nunca tendo usado a internet ou email e sem computadores em casa devido aos baixos salários. A pesquisa também mostra que professores raramente visitam museus, teatros ou leem jornais, e dependem principalmente da TV como fonte de informação, reforçando a necessidade de valorização da categoria com melhores salários e condições de trabalho.
1. Professores, excluídos digitais
Marta Vanelli*
Em pleno século 21, com os computadores invadindo as empresas, as indústrias, órgãos públicos e
até os lares, os/as professores/as, que são responsáveis pela informação e formação do indivíduo,
estão longe do contato com essa tecnologia. Pelo menos é o que diz a pesquisa da Unesco quot;O Perfil
dos Professores Brasileiros: o que fazem, o que pensam e o que almejamquot;, realizada recentemente
e divulgada amplamente pela imprensa nacional e estadual.
Entre todos os docentes brasileiros, 58,4% jamais navegaram pela Internet e 59,6% nunca usaram
e-mail, sendo que entre os que ganham de dois a cinco salários mínimos, 77% não têm
computador em casa. Não é para menos, já que os salários não permitem essa aquisição. A mesma
pesquisa constatou que um/a em cada três professores/as brasileiros/as é pobre.
Na Região Sul, apenas 27,8% dos/as professores/as das quatro redes de ensino federal: estadual,
municipal e privada - recebem acima dez salários mínimos (R$ 2.400,00). E quem puxa esse índice
para baixo é a rede estadual de Santa Catarina, que paga o pior salário da região: R$ 359,46
contra R$ 455,28 no Rio Grande do Sul e R$ 721,00 no Paraná. Além disso, a maioria dos
municípios catarinenses paga melhores salários que o Estado, como é o caso de Jaraguá do Sul,
que paga um piso de R$ 1.139,00; Chapecó, R$ 828,50; Blumenau, R$ 726,83; Joinville, R$
711,16; entre outros.
Apesar de se declararem pobres, a maior parte dos/as docentes brasileiros/as não acredita no
ensino público e preferem colocar seus filhos em escolas particulares. E, quando se fala, em
educador/a, é normal pensar naquela pessoa culta, que costuma ler bastante, ir ao cinema, ao
teatro, ao museu, conhecer lugares diferentes, outras línguas, etc. Mas essa não é a realidade no
Brasil, segundo a pesquisa da UNESCO. Só para se ter uma idéia, 29% dos/as professores/as
brasileiros/as nunca foram ao cinema; 17,4% nunca assistiram a uma peça teatro; e 14,8% jamais
visitaram algum museu.
Além disso, apenas 23,5% lêem jornal uma ou duas vezes por semana, 9,5% a cada 15 dias e
3,7% nunca lêem. Essa realidade causa um impacto muito grande sobre a qualidade da educação.
A principal fonte de informação dos/as docentes brasileiros/as é a TV, que é assistida diariamente
por 74,3% dos/as educadores/as. O rádio vem em segundo lugar, com 52%.
Essa situação, só fortalece o que o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina
(SINTE/SC) vem reivindicando ao longo de sua história de lutas: a valorização do/a professor/a,
com salários mais dignos, formação adequada, melhores condições de trabalho e um plano de
carreira, cargos e salários que contemple as necessidades da categoria.
Fonte: http://www.portaldoprofessor.inep.gov.br/artigos/professores_excluidos_digitais.jsp