O poema descreve um homem lendo um livro no metrô entre estações por um mês, absorvendo a ficção produzida pelas linhas. Dois outros poemas falam sobre riscar a palavra futuro dos dicionários e cada casa se defendendo de um inimigo invisível durante a pandemia. A publicação promove acesso cultural e literário na região de Ouro Preto.
1. AMEOPOEMA
Edição 082 - Agosto de 2021 - Ouro Preto - MG
Um livro lido no metrô
entre estações,
um mês inteiro,
o cérebro comendo ficção
que a carne do papel produz
a cada linha mastigada.
Um livro apenas,
sem geniais narrativas
e de autor ainda não canonizado.
Sempre
em qualquer livraria
comprará outros livros
para os anos de trem.
Outra literatura
escolhida por preço
para devorar.
FICÇÃO EM
TRÂNSITO
Sérgio Bernardo
poema do livro inédito
‘‘A pressa dos dias’’
DOIS POEMAS POR
Rafael Nolli
poeta. Araxá, MG.
3
Riscar a palavra futuro dos dicionários
Como se apaga uma ilha do mapa
(a bomba derradeira armada ali
em uma de suas mais belas praias)
O que se divisa no horizonte
– daqui de onde falo
até onde a vista alcança –
Tem o cheiro sombrio da morte
E os maus ventos
– que nunca foram tantos –
Não se furtam em propagá-lo
OBITUÁRIO
CONSTATAÇÃO
cada casa é uma trincheira
que se defende de um inimigo invisível
(talvez seja o vizinho
ou um dos nossos – algo nos diz)
e rua a rua a guerra é perdida
pelo avanço de exército nenhum
2. $
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Edição: Studio b2mr (@studiob2mr)
Coordenação: Editora AMEOPOEMA.
Circulação (impressa): Ouro Preto, Mariana (MG)
Conselho Editorial: Flávia Alves Santos
Exemplares na pRAÇA: 1.000 (distribuídos gratuitamente).
Paticipação: Valmir Jordão | Fábio Fernando Caricaturas |
Rafa Nolli | Sérgio Bernardo | Rômulo Ferreira | AMEOPOEMA
Publicação sem fins lucrativos, feita artesanalmente, com amor
e vontade de circular ideias e fomentar a produção literária em
Ouro Preto e região. PARTICIPE, ENVIE SEU MATERIAL
ameopoemaeditora@gmail.com || fb.com/ameopoema
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O projeto busca a ampliação do acesso cultural
e literário para a população residente em
áreas pouco assistidas por serviços públicos,
artísticos e culturais.
Dentre as propostas trazidas pelo AMEOPOEMA,
estão atividades de estímulo à leitura,
escrita, criação artística e geração de renda,
além de reforço escolar. PARTICIPE
PROJETO DE EXTENSÃO AMEOPOEMA
Deveria bastar o amor.
As cachoeiras
Seguem
Sobre as mesmas pedras.
E a luz
Encontra toda escuridão.
As cigarras insistem
Na sua inconsciência.
Os livros correspondem
As ideias constantes.
- Em nada basta o amor.
Maneiras diferentes
De mãos
Se esbarram pela lua,
Nos cafés eloquentes
E bolos de cereja.
MOTIVO
Fábio Fernando
Rio de Janeiro | RJ
Valmir Jordão
Recife - PE
Oh! minha bela, inefável
E inescrupulosa veneza.
Dos mercados e mascates,
Hoje perseguidos porque
Pobres enfeiam a cidade.
E, a especulação imobiliária
Projeta-se sobre a ambição
Dos farisaicos governantes.
Teu podre hálito, reflete-se
Nos fétidos discursos dos
Infectos poderes, e na
Sua gênese reacionária.
Cidade invadida, cidadãos
{excluídos
De suas benesses e riquezas.
Das bacanais nos carnavais
Regadas no erário, bancada
Pelos otários, e dadivadas
Aos condes joões, aos
Barões sebosos e aos
Séquitos famintos.
Salve Recife! cidade madrasta
Prostituta dos vampiros
De todas as dicções e origens.
Meu Capibaribe, Capiberibe!
Descapibaribado pela
Indiferença dos gestores
E, do perjúrio oficial...
RECIFERIDO
Querem nosso suor, nosso sangue. A luta
sempre foi desigual, alguém sabia disso desde o
começo, somos facilmente dobrados pelo poder,
já dizia Bakunin.
Bastou ter sal e mão de obra. Ainda seria pouco.
As pessoas a minha volta parecem viver numa
rinha de mágoas e esperanças tortas, a porta
está sempre aberta mas ninguém ousa sair.
Nosso pecado é cobrado ainda em vida. E
mesmo que os anjos debrucem na janela para
acompanhar a chuva, nada muda, as ruas se
alargam, as luzes ficam mais claras, o silêncio
mais afiado e o medo faz as cercas crescerem e
dar choques cada vez mais mortais.
Outro dia choveu, cai numa poça de água e fiquei
com o joelho inchado por uns três dias.
Isto é sinal de que meu tempo está
passando rápido demais e nem ainda
comecei a revolução que espero pra
minha comunidade. Estava ocupado
demais tentando arrumar a verba pra
mandar imprimir os cartazes que
convocariam o povo para a derradeira
luta - aquela que se luta sozinho.
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com carinho e urgência: Rômulo Ferreira
(foto da capa desta edição: idem)
ACESSE: www.ameopoema.com
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