1) O documento resume as respostas corretas para um teste sobre o Humanismo e a literatura portuguesa dos séculos XV e XVI.
2) Inclui também uma análise crítica de um discurso do "Velho do Restelo" em Os Lusíadas que se opõe aos ideais das grandes navegações portuguesas.
3) Aborda questões sobre a poesia trovadoresca, Gil Vicente e Fernão Lopes.
1. Gabarito:
1) D 2) E 3)A 4-)D 5-)B 6-)E 7-) – 8-) E
Exercícios de fixação
1-)Ainda sobre o Humanismo, assinale a afirmação incorreta:
a) Associa-se à noção de antropocentrismo e representou a base filosófica e cultural do
Renascimento.
b) Teve como centro irradiador a Itália e como precursor Dante Alighieri, Boccaccio e Petrarca.
c) Denomina-se também Pré-Renascentismo, ou Quatrocentismo, e corresponde ao século XV.
d) Representa o apogeu da cultura provençal que se irradia da França para os demais países,
por meio dos trovadores e jograis.
e) Retorna os clássicos da Antiguidade greco-latina como modelos de Verdade, Beleza e
Perfeição.
2-)A obra de Fernão Lopes tem um caráter:
a) Puramente científico, pelo tratamento documental da matéria histórica;
b) Essencialmente estético pelo predomínio do elemento ficcional;
c) Basicamente histórico, pela fidelidade à documentação e pela objetividade da linguagem
científica;
d) Histórico-literário, aproximando-se do moderno romance histórico, pela fusão do real com o
imaginário.
e) Histórico-literário, pela seriedade da pesquisa histórica, pelas qualidades do estilo e pelo
tratamento literário, que reveste a narrativa histórica de um tom épico e compõe cenas de
grande realismo plástico, além do domínio da técnica dramática de composição.
3-) (FUVEST) Aponte a alternativa correta em relação a Gil Vicente:
a) Compôs peças de caráter sacro e satírico.
b) Introduziu a lírica trovadoresca em Portugal.
c) Escreveu a novela Amadis de Gaula.
d) Só escreveu peças e português.
e) Representa o melhor do teatro clássico português.
2. 4-)(FUVEST-SP) Caracteriza o teatro de Gil Vicente:
a) A revolta contra o cristianismo.
b) A obra escrita em prosa.
c) A elaboração requintada dos quadros e cenários apresentados.
d) A preocupação com o homem e com a religião.
e) A busca de conceitos universais.
5-)(FUVEST-SP) Indique a afirmação correta sobre o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente:
a) É intricada a estruturação de suas cenas, que surpreendem o público com a inesperado de
cada situação.
b) O moralismo vicentino localiza os vícios, não nas instituições, mas nos indivíduos que as
fazem viciosas.
c) É complexa a critica aos costumes da época, já que o autor primeiro a relativizar a distinção
entre Bem e o Mal.
d) A ênfase desta sátira recai sobre as personagens populares mais ridicularizadas e as mais
severamente punidas.
e) A sátira é aqui demolidora e indiscriminada, não fazendo referência a qualquer exemplo de
valor positivo.
6-)(FUVEST-SP) Diabo, Companheiro do Diabo, Anjo, Fidalgo, Onzeneiro, Parvo, Sapateiro,
Frade, Florença, Brísida Vaz, Judeu, Corregedor, Procurador, Enforcado e Quatro Cavaleiros
são personagens do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente.
Analise as informações abaixo e selecione a alternativa incorreta cujas características não
descrevam adequadamente a personagem.
a) O Onzeneiro idolatra o dinheiro, é agiota e usurário; de tudo que juntara, nada leva para a
morte, ou melhor, leva a bolsa vazia.
b) O Frade representa o clero decadente e é subjugado por suas fraquezas: mulher e esporte;
leva a amante e as armas de esgrima.
c) O Diabo, capitão da barca do inferno, é quem apressa o embarque dos condenados; é
dissimulado e irônico.
d) O Anjo, capitão da barca do céu, é quem elogia a morte pela fé; é austero e inflexível.
3. e) O Corregedor representa a justiça e luta pela aplicação integra e exata das leis; leva papéis e
processos.
7-Leia agora as seguintes estrofes, que se encontram em passagens diversas de A FARSA DE
INÊS PEREIRA de Gil Vicente:
Inês:
Andar! Pero Marques seja!
Quero tomar por esposo
quem se tenha por ditoso
de cada vez que me veja.
Por usar de siso mero,
asno que leve quero,
e não cavalo folão;
antes lebre que leão,
antes lavrador que Nero.
Pero:
I onde quiserdes ir
vinde quando quiserdes vir,
estai quando quiserdes estar.
Com que podeis vós folgar
que eu não deva consentir?
(nota: folão, no caso, significa "bravo", "fogoso")
a) A fala de Inês ocorre no momento em que aceita casar-se com Pero Marques, após o
malogrado matrimônio com o escudeiro. Há um trecho nessa fala que se relaciona
literalmente com o final da peça. Que trecho é esse? Qual é o pormenor da cena final da peça
que ele está antecipando?
4. b) A fala de Pero, dirigida a Inês, revela uma atitude contrária a uma característica atribuída ao
seu primeiro marido. Qual é essa característica ?
c) Considerando o desfecho dos dois casamentos de Inês, explique por que essa peça de Gil
Vicente pode ser considerada uma sátira moral.
8-)O argumento da peça "A Farsa de Inês Pereira", de Gil Vicente, consiste na demonstração
do refrão popular "Mais quero asno que me carregue que cavalo que me derrube". Identifique
a alternativa que NÃO corresponde ao provérbio, na construção da farsa.
a) A segunda parte do provérbio ilustra a experiência desastrosa do primeiro casamento.
b) O escudeiro Brás da Mata corresponde ao cavalo, animal nobre, que a derruba.
c) O segundo casamento exemplifica o primeiro termo, asno que a carrega.
d) O asno corresponde a Pero Marques, primeiro pretendente e segundo marido de Inês.
e) Cavalo e asno identificam a mesma personagem em diferentes momentos de sua vida
conjugal.
9)Humanismo é o nome que se dá à produção escrita histórica literária do final da Idade Média
e início da Moderna, ou seja, parte do século XV e início do XVI, mais precisamente, de 1434 a
1527. Três atividades mais destacadas compôs esse período: a produção historiográfica de
Fernão Lopes, a produção poética dos nobres, por isso dita Poesia Palaciana, e a atividade
teatral de Gil Vicente. Responda:
a)Como o Humanismo vê o homem?
b)Onde e quando o Humanismo teve origem? O que aconteceu com a poesia no Humanismo?
10-)Assinale a alternativa correta sobre o texto abaixo:
Levad´, amigo, que dormides as manhãas frias;
Todalas aves do mundo d`amor dizian:
Leda m`and`eu!
Levad`, amigo, que dormide`-las frias manhãas;
Todalas aves do mundo d`amor cantavan:
Leda m` and`eu!
Todalas aves do mundo d`amor dizian:
5. Do meu amor e do voss` em ment`avian:
Leda m`and`eu!
a) Trata-se de uma cantiga de amor paralelística com refrão e eu lírico feminino.
b) Trata-se de uma cantiga de escárnio, em que uma mulher critica seu namorado por ele
haver cortado os ramos em que as aves pousavam para cantar o amor de ambos.
c) É uma típica cantiga de amigo. O eu lírico é feminino, a natureza aparece entrelaçada à
questão amorosa e as estrofes apresentam estrutura paralelística e refrão.
d) Não há sinais de influências folclóricas na cantiga em questão; nota-se que, nela, a
experiência amorosa é adequada aos modos palacianos aristocráticos.
e) Trata-se de uma cantiga de maldizer, embora o nome da pessoa criticada não seja
abertamente mencionado.
11- Assinale a alternativa que identifique corretamente o tipo de composição poética
exemplificada no texto.
Ay Deus, e quen mi tolherá
Gran coyta do meu coraçon
No mundo, poys mha senhor non
Quer que eu perca coyta já!
E direy-vos como non quer:
Leixa-me sem seu bem viver
Coytad`, e, se mi non valer
Ela, que[n] mi pode valer?
Bernal de Bonaval
a) cantiga de amor
b) cantiga de amigo
c) cantiga de amigo, sem refrão
d) cantiga de escárnio
e) cantiga de maldizer
12-“Ai, flores, ai flores do verde ramo
se sabedes novas do meu amado?
Ai, Deus, e u é?”
Vocabulário:
6. sabedes: sabeis
u: onde
Escreva as palavras que completam os espaços;
“Os versos acima pertencem a uma cantiga de (a) _________ características de
____________português, estética literária dos séculos XII, XIII e XIV.”
13- Trovadorismo é a primeira manifestação literária da língua portuguesa. Humanismo é o
nome que se dá à produção escrita histórica literária do final da Idade Média e início da
Moderna. Como você diferenciaria as duas palavras em negrito?
14-FUVEST 2007 –
E chegando à barca da glória, diz ao Anjo:
Brísida. Barqueiro, mano, meus olhos,
prancha a Brísida Vaz!
Anjo. Eu não sei quem te cá traz...
Brísida. Peço-vo-lo de giolhos!
Cuidais que trago piolhos,
anjo de Deus, minha rosa?
Eu sou Brísida, a preciosa,
que dava as môças aos molhos.
A que criava as meninas
para os cônegos da Sé...
Passai-me, por vossa fé,
meu amor, minhas boninas,
olhos de perlinhas finas!
(...)
Gil Vicente, Auto da barca do inferno. (Texto fixado por S. Spina)
a) No excerto, a maneira de tratar o Anjo, empregada por Brísida Vaz, relaciona-se à atividade
que ela exercera em vida? Explique resumidamente.
b) No excerto, o tratamento que Brísida Vaz dispensa ao Anjo é adequado à obtenção do que
ela deseja – isto é, levar o Anjo a permitir que ela embarque? Por quê?
15-UNICAMP 2007 - Leia o diálogo abaixo, de Auto da Barca do Inferno:
7. DIABO
Cavaleiros, vós passais
e não perguntais onde is?
CAVALEIRO
Vós, Satanás, presumis?
Atentai com quem falais!
OUTRO CAVALEIRO
Vós que nos demandais?
Siquer conhecê-nos bem.
Morremos nas partes d’além,
e não queirais saber mais.
(Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno, em Antologia do Teatro de Gil Vicente. Org.
Cleonice Berardinelli, Rio de Janeiro: Nova Fronteira/ Brasília: INL, 1984, p.89.)
a) Por que o cavaleiro chama a atenção do Diabo?
b) Onde e como morreram os dois Cavaleiros?
Por que os dois passam pelo Diabo sem se dirigir a ele?
16- Considere as seguintes afirmações sobre o “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente:
I. O auto atinge seu clímax na cena do Fidalgo, personagem que reúne em si os vícios das
diferentes categorias sociais anteriormente representadas.
II. A descontinuidade das cenas é coerente com o caráter didático do auto, pois facilita o
distanciamento do espectador.
III. A caricatura dos tipos sociais presentes no auto não é gratuita nem artificial, mas resulta da
acentuação de traços típicos.
Está correto apenas o que se afirma em:
a) I. b) II. c) II e III. d) I e II. e) I e III.
Resolução:
01. Esse velho, descontente com o empreendimento português de buscar do
mundo novas partes, destrói ponto por ponto os ideais que levaram à epopéia
das grandes navegações. Começa por desmitificar o ideal da fama, dizendo
que ela nada mais é que a vontade de poder, fraude com que os poderosos
atiçam as massas para fazê-las apoiar sua política expansionista.
“Chamam-te Fama e Glória soberana / Nomes com que se o povo néscio
engana. Esse desejo de mandar só produz danos. Mostra que o projeto
8. ultramarino será um desastre para a sociedade portuguesa, ocasionando o
despovoamento e o enfraquecimento do país, já que os homens válidos
estarão mortos ou em outras terras e, em Portugal, estarão os velhos, as
mulheres, os órfãos. Para ele, a empresa navegadora produzirá somente
pobreza, adultério, desamparo. Execra ainda os chamados heróis civilizadores,
aqueles que fizeram progredir a sociedade humana, por exemplo: Prometeu,
que roubou ofogo do céu e deu aos homens; Dédalo, grande arquiteto que
fabricou para seu filho Ícaro umas asas, presas com cera nos ombros, com
cujo auxílio pretendeu voar. Considera todo avanço técnico intrinsecamente
mau, porque ocasionam a ruína de seus empreendedores.
02. E 03. B 04. E 05. D
06. C 07. E 08. E 09. D
10. E
Questões:
01. Os Lusíadas - Luís de Camões - Justifique a afirmação: O discurso do
“Velho Restelo” está em oposição a certas concepções dominantes na
sociedade portuguesa da época dos grandes descobrimentos, expressas pelo
discurso que exalta a empresa navegadora posta em marcha pela Coroa
Lusitana.
02. Identifique a alternativa que não contenha ideais clássicos de arte:
a) Universalismo e racionalismo.
b) Formalismo e perfeccionismo.
c) Obediência às regras e modelos e contenção do lirismo.
d) Valorização do homem (do aventureiro, do soldado, do sábio e do amante) e
verossimilhança (imitação da verdade e da natureza).
e) Liberdade de criação e predomínio dos impulsos pessoais.
03. O culto aos valores universais – o Belo, o Bem, a Verdade e a Perfeição – e
a preocupação com a forma aproximaram o Classicismo de duas escolas
literárias posteriores. Aponte a alternativa que identifica essas escolas:
a) Barroco e Simbolismo;
b) Arcadismo e Parnasianismo;
c) Romantismo e Modernismo;
d) Trovadorismo e Humanismo;
e) Realismo e Naturalismo.
9. 04. Não se relaciona à medida nova:
a) versos decassílabos;
b) influência italiana;
c) predileção por formas fixas;
d) sonetos, tercetos, oitavas e odes;
e) cultura popular, tradicional.
05. O Classicismo propriamente dito, tem por limites cronológicos, em Portugal,
as datas de:
a) 1500 e 1601.
b) 1434 e 1516.
c) 1502 e 1578.
d) 1527 e 1580.
e) 1198 e 1434.
06. Assinale a incorreta sobre Camões:
a) Sua obra compreende os gêneros épico, lírico e dramático.
b) A lírica de Camões permaneceu praticamente inédita. Sua primeira
compilação e póstumas, datada de 1595, e organizada sob o título de As
Rimas de Luis de Camões, por Fernão Rodrigues Lobo Soropita.
c) Sua lírica compõe-se exclusivamente de redondilhas e sonetos.
d) Apesar de localizada no período clássico-renascentista, a obra de citações
barrocas.
e) Representa a amadurecimento de língua portuguesa, sua estabilização e a
maior manifestação de sua excelência literária.
07. Ainda sobre Camões, assinale a incorreta:
a) Não há um texto definitivo de lírica camoniana. Atribuem-se-lhe cerca de 380
composições líricas,
destacando-se os cerca de 200 sonetos, alguns de autoria controversa.
b) Camões teria reunido sua lírica sob o titulo de O Parnaso Lusitano, que se
perdeu, e do qual há algumas referências nas cartas do poetas.
c) As redondilhas de Camões seguem os moldes da poesia palaciana do
10. Cancioneiro Geral de Garcia de Resende e , mesmo na medida velha, o poeta
superou seus contemporâneos e antecessores.
d) A lírica na medida velha, tradicional, medieval, vale-se dos motes glosados,
das redondilhas e são de cunho galante, alegre madrigalesco.
e) A principal diferença entre a poesia lírica e a poesia épica é formal e
manifesta-se da utilização de versos de diferentes metros.
08. Não são modalidade da medida nova:
a) canção e elegia;
b) soneto e ode;
c) terceto e oitava;
d) écloga e sextina;
e) trova e vilancete.
09. (FUVEST-SP) Na Lírica de Camões:
a) o verso usado para a composição dos sonetos é o redondilho maior;
b) encontram-se sonetos, odes, sátiras e autos;
c) cantar a pátria é o centro das preocupações;
d) encontra-se uma fonte de inspiração de muitos poetas brasileiros do século
XX;
e) a mulher é vista em seus aspectos físicos, despojada de espiritualidade.
10. (MACKENZIE-SP) Sobre o poema Os Lusíadas, é incorreto afirmar que:
a) quando a ação do poema começa, as naus portuguesas estão navegando
em pleno Oceano Índico,
portanto no meio da viagem;
b) na Invocação, o poeta se dirige às Tágides, ninfas do rio Tejo;
c) Na ilha dos Amores, após o banquete, Tétis conduz o capitão ao ponto mais
alto da ilha, onde lhe
descenda a “máquina do mundo”;
d) Tem como núcleo narrativo a viagem de Vasco da Gama, a fim de
estabelecer contato marítimo com as Índias;
e) É composto em sonetos decassílabos, mantendo em 1.102 estrofes o
mesmo esquemas de rimas.