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Fabrico de motorPorRodrigo Névoa de Melo Nº 42144Dissertação de Mestrado em Engenharia MecânicaUniversidade do MinhoGuimarães, Novembro de 2009 Fabrico de motor Por Rodrigo Névoa de Melo Nº 42144 Orientador: Professor Doutor Jorge José Gomes Martins  Co-orientador: Professor Doutor António Alberto Caetano Monteiro Dissertação de Mestrado em Engenharia Mecânica Universidade do Minho Guimarães, Novembro de 2009 DECLARAÇÃO Nome: Rodrigo Névoa de Melo  Endereço electrónico: rodrigonevoademelo@gmail.com  Telefone: 919818085 Número do Bilhete de Identidade: 11705280  Título dissertação  FABRICO DE MOTOR Orientador(es):  Jorge José Gomes Martins  António Alberto Caetano Monteiro Ano de conclusão: 2009 Designação do Mestrado ou do Ramo de Conhecimento do Doutoramento:  Dissertação de Mestrado em Energia e Fluidos / Tecnologias de Fabrico Declaro que concedo à Universidade do Minho e aos seus agentes uma licença não-exclusiva para arquivar e tornar acessível, nomeadamente através do seu repositório institucional, nas condições abaixo indicadas, a minha dissertação, no todo ou em parte, em suporte digital.  Declaro que autorizo a Universidade do Minho a arquivar mais de uma cópia da dissertação e a, sem alterar o seu conteúdo, converter a dissertação entregue, para qualquer formato de ficheiro, meio ou suporte, para efeitos de preservação e acesso. Retenho todos os direitos de autor relativos à dissertação, e o direito de a usar em trabalhos futuros (como artigos ou livros). Concordo que a minha dissertação seja colocada no repositório da Universidade do Minho com o seguinte estatuto: -- Disponibilização imediata do conjunto do trabalho para acesso mundial; Universidade do Minho,  11/12/2009 Assinatura: ________________________________________________ É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE. Universidade do Minho, 11/12/2009 Assinatura: ____________________________________________________ Aos meus pais e ao meu amigo António Vasconcelos Tavares. AGRADECIMENTOS  Não poderia deixar de agradecer a todos os que me ajudaram nesta jornada de aprendizagem. Agradeço e dedico esta dissertação, com especial ênfase, às seguintes pessoas:  Prof. Doutor Jorge Martins Prof. Doutor António Caetano Monteiro Eng. Hélder Puga Júlio Caldas Pedro Miranda Eng. Eduardo Pereira Prof. Doutor Joaquim Barbosa Vítor Neto Hélder Carneiro Joana Gouveia Agradeço também à empresa J.M.Troféus pela oferta da primeira moldação e apoio nas seguintes. RESUMO Na presente dissertação de mestrado é apresentado o trabalho desenvolvido no fabrico da cabeça de um motor inovador. Após um extenso redesenho da cabeça de motor, utilizaram-se as tecnologias de simulação de fundição, de prototipagem rápida (através de um material para moldações inovador) e de fundição para a obtenção desta peça. Conseguiram-se duas cabeças de motor passíveis de se tornarem funcionais. Um artigo científico com o título “Miniaturized Cylinder Head Production By Rapid Prototyping” foi escrito e publicado num congresso internacional. Também é apresentada a optimização de um motor comercialmente disponível, presente no EconomicUM. Investigou-se o melhoramento da sua câmara de combustão, a redução de atrito e de inércia dos componentes em movimento, e a correcta afinação do tempo de injecção de gasolina e avanço de ignição através da ECU. Investigaram-se ainda outros componentes como a bateria, o isolamento térmico do motor, o comportamento dinâmico das válvulas e a caracterização detalhada do dinamómetro de inércia. Obteve-se uma melhoria da prestação do EconomicUM em competição e um novo recorde para a Universidade do Minho. ABSTRACT Presented in this masters dissertation is the work developed in the production of a cylinder head of an innovative engine. After extensive redesign of the cylinder head, the technologies of casting simulation, rapid prototyping (via an innovative material for 3D printed molds) and casting were used to obtain the part. Two cylinder heads were obtained. A scientific paper entitled “Miniaturized Cylinder Head Production By Rapid Prototyping” was written and published in the proceedings of a international congress. Also presented is the optimization of a commercially available engine present in the EconomicUM. Through the improvement of its combustion chamber, reducing friction and inertia of moving parts, and proper tuning of the gasoline injection pulse and ignition advance. Also investigated were other components such as battery, thermal isolation of the engine, dynamic behavior of the valves and detailed characterization of the inertia dynamometer. Results showed an improvement in the fuel consumption of the EconomicUM in competition, and a new record for the University of Minho.  PALAVRAS-CHAVE Projecto de motor Projecto de fundição Prototipagem rápida Impressão tridimensional Simulação numérica de fundição  Filmes finos  Motor de combustão interna Controlo de motor Ciclo de Miller Eco-maratona Shell KEYWORDS Engine design Casting design Rapid Prototyping 3D printing Casting simulation  Thin film Internal combustion engine Engine management  Miller cycle Shell Eco-Marathon ÍNDICE TOC  
1-3
    AGRADECIMENTOS PAGEREF _Toc248555829  vRESUMO PAGEREF _Toc248555830  viABSTRACT PAGEREF _Toc248555831  viiPALAVRAS-CHAVE PAGEREF _Toc248555832  viiiKEYWORDS PAGEREF _Toc248555833  viiiÍNDICE PAGEREF _Toc248555834  ixÍNDICE DE FIGURAS PAGEREF _Toc248555835  xiiiÍNDICE DE TABELAS PAGEREF _Toc248555836  xviiGLOSSÁRIO DE SÍMBOLOS E TERMOS PAGEREF _Toc248555837  xviii1INTRODUÇÃO PAGEREF _Toc248555838  11.1Fabrico de cabeça de motor PAGEREF _Toc248555839  21.1.1Desenvolvimento PAGEREF _Toc248555840  21.1.2Fundição PAGEREF _Toc248555841  31.2Motor actual PAGEREF _Toc248555842  31.3Objectivos PAGEREF _Toc248555843  42FUNDAMENTOS TEÓRICOS PAGEREF _Toc248555844  52.1Tecnologia de fundição PAGEREF _Toc248555845  52.1.1Sistema de enchimento PAGEREF _Toc248555846  52.1.2Solidificação PAGEREF _Toc248555847  62.2Motores de combustão interna PAGEREF _Toc248555848  72.2.1Rendimento de ciclos termodinâmicos PAGEREF _Toc248555849  72.2.2Avanço de ignição PAGEREF _Toc248555850  122.2.3Taxa de compressão PAGEREF _Toc248555851  132.2.4Rácio ar/combustível (RAC) PAGEREF _Toc248555852  142.2.5Turbulência PAGEREF _Toc248555853  162.3Filmes finos PAGEREF _Toc248555854  172.3.1Técnica de Physical Vapor Deposition (PVD) PAGEREF _Toc248555855  172.3.2Revestimentos Diamond-Like Carbon (DLC) PAGEREF _Toc248555856  182.3.3Conjunto pistão, segmentos e camisa PAGEREF _Toc248555857  182.4Análise ao motor em dinamómetro de inércia PAGEREF _Toc248555858  193FABRICO DE CABEÇA DE MOTOR PAGEREF _Toc248555859  213.1Objectivo e contextualização PAGEREF _Toc248555860  213.1.1Organização do trabalho de fabrico PAGEREF _Toc248555861  223.2Análise da tecnologia e tentativas anteriores PAGEREF _Toc248555862  233.2.1Precisão geométrica PAGEREF _Toc248555863  233.2.2Dificuldade de enchimento completo PAGEREF _Toc248555864  243.2.3Remoção do macho interior da câmara de água PAGEREF _Toc248555865  253.2.4Zonas de difícil maquinagem PAGEREF _Toc248555866  263.3Optimização da geometria através de simulação numérica PAGEREF _Toc248555867  263.3.1Sistema de enchimento e sobreespessuras de fundição PAGEREF _Toc248555868  273.3.2Simulação numérica – Primeiro teste PAGEREF _Toc248555869  293.3.3Cacho em CAD – Primeiro teste PAGEREF _Toc248555870  303.4Impressão de moldações PAGEREF _Toc248555871  313.4.1Novo material para moldações PAGEREF _Toc248555872  323.5Primeiro teste de fundição PAGEREF _Toc248555873  323.5.1Primeira impressão PAGEREF _Toc248555874  323.5.2Liga de alumínio A413.0 PAGEREF _Toc248555875  343.5.3Vazamento PAGEREF _Toc248555876  353.5.4Resultado do primeiro vazamento PAGEREF _Toc248555877  363.6Calibração da simulação numérica PAGEREF _Toc248555878  383.7Segundo teste de fundição PAGEREF _Toc248555879  393.7.1Segundo desenho da cabeça de motor PAGEREF _Toc248555880  393.7.2Simulação numérica PAGEREF _Toc248555881  423.7.3Sistema de enchimento e sobreespessuras de fundição PAGEREF _Toc248555882  433.7.4Cacho em CAD – segundo teste PAGEREF _Toc248555883  443.7.5Impressão da segunda moldação PAGEREF _Toc248555884  453.7.6Segundo teste de fundição PAGEREF _Toc248555885  463.7.7Resultados do segundo vazamento PAGEREF _Toc248555886  473.8Terceiro teste de fundição PAGEREF _Toc248555887  513.8.1Terceiro desenho da cabeça de motor PAGEREF _Toc248555888  513.8.2Terceiro vazamento PAGEREF _Toc248555889  534MOTOR ACTUAL PAGEREF _Toc248555890  554.1Cronologia desta parte do trabalho PAGEREF _Toc248555891  554.2Descrição do motor antes da modificação PAGEREF _Toc248555892  564.3Restauro do motor PAGEREF _Toc248555893  574.3.1Preparação de peças para revestimento com filmes finos PAGEREF _Toc248555894  574.3.2Resultados dos revestimentos com filmes finos PAGEREF _Toc248555895  594.4Optimização do motor actual PAGEREF _Toc248555896  604.4.1Câmara de combustão de 2008 PAGEREF _Toc248555897  604.4.2Maquinagem de componentes para obter nova taxa de compressão PAGEREF _Toc248555898  614.4.3Cambota e roda dentada de arranque PAGEREF _Toc248555899  634.4.4Isolamento térmico do motor PAGEREF _Toc248555900  644.5Dinamómetro de inércia e sua caracterização PAGEREF _Toc248555901  654.5.1Inércia das principais peças PAGEREF _Toc248555902  664.5.2Velocidade de rotação do motor PAGEREF _Toc248555903  694.5.3Perdas mecânicas associadas ao dinamómetro PAGEREF _Toc248555904  704.5.4Preparação para testes do motor PAGEREF _Toc248555905  714.6Afinação do motor em dinamómetro de inércia PAGEREF _Toc248555906  734.6.1Correcção do tempo de injecção com a tensão de bateria PAGEREF _Toc248555907  744.6.2Correcção do tempo de injecção com a temperatura do ar admitido PAGEREF _Toc248555908  744.6.3Correcção do tempo de injecção com a temperatura do motor PAGEREF _Toc248555909  754.6.4Ignição PAGEREF _Toc248555910  774.6.5Rácio ar/combustível PAGEREF _Toc248555911  784.6.6Leitura da temperatura do motor PAGEREF _Toc248555912  794.6.7Testes de consumo de combustível em dinamómetro de inércia PAGEREF _Toc248555913  794.6.8Comparação de consumo entre 2008 e 2009 em laboratório PAGEREF _Toc248555914  824.6.9Comparação de consumo entre 2008 e 2009 em pista PAGEREF _Toc248555915  824.7Testes à bateria do EconomicUM PAGEREF _Toc248555916  834.7.1Medição e cálculo energético eléctrico PAGEREF _Toc248555917  835CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO PAGEREF _Toc248555918  875.1Fabrico de Motor PAGEREF _Toc248555919  875.2Motor actual PAGEREF _Toc248555920  875.2.1Em competição PAGEREF _Toc248555921  875.2.2Em laboratório PAGEREF _Toc248555922  875.3Sugestões para trabalho futuro PAGEREF _Toc248555923  886REFERÊNCIAS PAGEREF _Toc248555924  917BIBLIOGRAFIA PAGEREF _Toc248555925  93ANEXO A − HALTECH E6A SPECIFICATIONS PAGEREF _Toc248555926  95ANEXO B – PRIMEIRA MOLDAÇÃO PAGEREF _Toc248555927  99ANEXO C – TERCEIRA MOLDAÇÃO PAGEREF _Toc248555928  105ANEXO D – RESULTADOS DE TESTES PAGEREF _Toc248555929  111ANEXO E – ARTIGO CIENTÍFICO PARA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL PAGEREF _Toc248555930  113ANEXO F – ESPECIFICAÇÕES DO MOTOR ORIGINAL PAGEREF _Toc248555931  125 ÍNDICE DE FIGURAS  TOC    
Fig.
 Fig. 1.1 − Protótipo para Shell Eco-marathon da Universidade do Minho − EconomicUM PAGEREF _Toc248555932  1 Fig. 1.2 − Modelo em poliestireno expandido obtido por colagem de várias peças maquinadas por CNC (adaptado MONTEIRO et al., 2007) PAGEREF _Toc248555933  2 Fig. 1.3 – Modelo obtido por técnica de prototipagem rápida por camadas (adaptado MONTEIRO et al., 2007) PAGEREF _Toc248555934  3 Fig. 1.4 − Excerto da patente do motor Atkinson PAGEREF _Toc248555935  4 Fig. 2.1 – Exemplo de sistema de enchimento e alimentação (adaptado BARBOSA, 2003) PAGEREF _Toc248555936  5 Fig. 2.2 − Ciclo teórico de Miller PAGEREF _Toc248555937  7 Fig. 2.3 − Diagrama p-V de ciclo de Miller com perdas por bombagem; pressão em escala exponencial PAGEREF _Toc248555938  8 Fig. 2.4 − Diagrama p-V Miller com perdas de carga; admissão a azul PAGEREF _Toc248555939  10 Fig. 2.5 − Diagrama p-Vcc/V comparativo entre ciclos PAGEREF _Toc248555940  11 Fig. 2.6 − Diagrama p-V comparativo entre ciclos PAGEREF _Toc248555941  11 Fig. 2.7 − Pressão vs ângulo de cambota (p-θ) para diferentes avanços de ignição (esquerda); efeito do avanço de ignição no binário (direita). (adaptado HEYWOOD, 1988) PAGEREF _Toc248555942  12 Fig. 2.8 − Diagrama p-θ mostrando as diferentes fases de queima (Stage I, II, III) (adaptado HEYWOOD, 1988) PAGEREF _Toc248555943  13 Fig. 2.9 − Influência do RAC no consumo específico (adaptado MARTYR, 2007) PAGEREF _Toc248555944  14 Fig. 2.10 − Atraso do início de queima em função de percentagem de estequiometria (adaptado MARTYR, 2007) PAGEREF _Toc248555945  15 Fig. 2.11 − Variação da velocidade de chama com a riqueza da mistura (adaptado MARTINS, 2005) PAGEREF _Toc248555946  15 Fig. 2.12 − Diagrama p-θ mostrando dispersão ciclíca para (a) mistura estequiométrica e (b) mistura pobre; (adaptado MARTYR, 2007) PAGEREF _Toc248555947  15 Fig. 2.13 − Influência da velocidade de chama no diagrama p-θ; note-se o começo da combustão (adaptado HEYWOOD, 1988) PAGEREF _Toc248555948  16 Fig. 2.14 − Consumo específico em função de λ; (adaptado MARTINS, 2005) PAGEREF _Toc248555949  16 Fig. 2.15 − Exemplo do fluxo criado pela squish, indicado pela setas; (adaptado HEYWOOD, 1988) PAGEREF _Toc248555950  17 Fig. 2.16 − Resultados laboratoriais de teste pino-no-prato para simulação de mecanismo de desgaste em segmento/camisa. Parâmetros de teste: carga de 8 MPa, temperatura 80 ºC, 6 horas de duração, frequência de 6 Hz e óleo com 1% de fuligem; DLC = Me-C:H (adaptado KYLEFORS, 1998) PAGEREF _Toc248555951  19 Fig. 2.17 − Efeito da rugosidade superficial do substrato na carga crítica (adaptado LARSSON et al., 1996) PAGEREF _Toc248555952  19 Fig. 2.18 - Esquema de biela (adaptado CARVILL, 2003) PAGEREF _Toc248555953  20 Fig. 3.1 − Cabeça de motor com área de squish (a azul) PAGEREF _Toc248555954  21 Fig. 3.2 − Primeiro desenho da cabeça de motor (adaptado KRENOVSKY, 2002) PAGEREF _Toc248555955  22 Fig. 3.3 − Resultado de swirl em FLUENT (adaptado COENE, 2008) PAGEREF _Toc248555956  22 Fig. 3.4 − Geometria de swirl (a cinza), válvula (a vermelho) e assento (a amarelo); (adaptado COENE, 2008) PAGEREF _Toc248555957  22 Fig. 3.5 − Comparação entre o resultado de 2008 a), e o desenho de CAD b) e c) PAGEREF _Toc248555958  24 Fig. 3.6 − Primeira tentativa de 2008 PAGEREF _Toc248555959  24 Fig. 3.7 − Pesagem do segundo teste de fundição de 2008, 527,84 g PAGEREF _Toc248555960  25 Fig. 3.8 − Defeitos de fundição assinalados: Rechupes (com paredes muito finas nas imediações) PAGEREF _Toc248555961  25 Fig. 3.9 − Remoção do macho superior (adaptado LOPES, 2008) PAGEREF _Toc248555962  26 Fig. 3.10 − Representação típica do curso efectuado por broca PAGEREF _Toc248555963  26 Fig. 3.11 − Peças em corte: posição original de fundição (2008, esquerda); posição sugerida com orifício a azul (2009, direita) PAGEREF _Toc248555964  27 Fig. 3.12 − Sistema de enchimento e sobreespessuras para maquinagem do primeiro teste PAGEREF _Toc248555965  28 Fig. 3.13 − Previsões de: rechupes (acima esquerda); tempo de solidificação (acima direita); retenção de ar na moldação (baixo) PAGEREF _Toc248555966  29 Fig. 3.14 – Cacho virtual para o primeiro teste PAGEREF _Toc248555967  30 Fig. 3.15 − Esquema de funcionamento de uma impressora 3D PAGEREF _Toc248555968  31 Fig. 3.16 − Vista explodida do conjunto – primeiro teste PAGEREF _Toc248555969  32 Fig. 3.17 − Macho da câmara de combustão (note-se o excepcional detalhe da impressão) PAGEREF _Toc248555970  33 Fig. 3.18 − Parte da moldação com carapaça e dois meios-machos (esquerda); igual ao anterior mas com macho da câmara de combustão (direita) PAGEREF _Toc248555971  33 Fig. 3.19 − Machos montados (esquerda); Moldação montada (direita) PAGEREF _Toc248555972  33 Fig. 3.20 − Moldação pronta a receber metal líquido PAGEREF _Toc248555973  35 Fig. 3.21 − Instante seguinte ao primeiro vazamento PAGEREF _Toc248555974  35 Fig. 3.22 − Cacho obtido no primeiro teste PAGEREF _Toc248555975  36 Fig. 3.23 − Defeitos de fundição no primeiro teste PAGEREF _Toc248555976  37 Fig. 3.24 − Calibração da simulação numérica PAGEREF _Toc248555977  38 Fig. 3.25 − Vista de baixo comparativa entre primeiro e segundo teste PAGEREF _Toc248555978  39 Fig. 3.26 − Redução de massividades – primeiro teste à direita PAGEREF _Toc248555979  40 Fig. 3.27 – Vistas em corte da câmara de água – segundo teste (cima-esquerda e baixo); primeiro teste (cima-direita) PAGEREF _Toc248555980  40 Fig. 3.28 − Modificação de raio dos cantos − primeiro teste à esquerda PAGEREF _Toc248555981  41 Fig. 3.29 − Abaixamento dos assentos de molas − segundo teste a azul PAGEREF _Toc248555982  41 Fig. 3.30 − Previsões de: rechupes (cima); tempo de solidificação (baixo) – vazamento a 700 ºC PAGEREF _Toc248555983  42 Fig. 3.31 − Sistema de enchimento e sobreespessuras para maquinagem do segundo teste PAGEREF _Toc248555984  43 Fig. 3.32 – Cacho virtual para o segundo teste PAGEREF _Toc248555985  44 Fig. 3.33 − Vista explodida de conjunto – segundo teste PAGEREF _Toc248555986  45 Fig. 3.34 − Vistas de corte mostrando respiros de gases PAGEREF _Toc248555987  45 Fig. 3.35 − Segunda moldação com grampos PAGEREF _Toc248555988  46 Fig. 3.36 − Instante seguinte ao segundo vazamento PAGEREF _Toc248555989  47 Fig. 3.37 − Vistas de cima do enchimento indevido da cavidade do macho superior PAGEREF _Toc248555990  47 Fig. 3.38 − Cacho obtido do segundo vazamento PAGEREF _Toc248555991  48 Fig. 3.39 − Comparação entre o resultado de 2008 b), 2009 a) e c) e o desenho de CAD d) e e) PAGEREF _Toc248555992  48 Fig. 3.40 – Geometria a obter (cima); Defeitos no segundo vazamento (baixo) PAGEREF _Toc248555993  49 Fig. 3.41 − Porção de alumínio responsável pelos defeitos encontrados PAGEREF _Toc248555994  50 Fig. 3.42 − Distorção da câmara de combustão e condutas PAGEREF _Toc248555995  50 Fig. 3.43 − Defeito na conduta de admissão PAGEREF _Toc248555996  50 Fig. 3.44 − Modificações a cabeça – terceiro teste; vista de corte PAGEREF _Toc248555997  51 Fig. 3.45 − Moldação em corte − terceiro teste de fundição PAGEREF _Toc248555998  52 Fig. 3.46 − Parte da moldação − terceiro teste de fundição PAGEREF _Toc248555999  52 Fig. 3.47 − Cacho obtido no terceiro vazamento PAGEREF _Toc248556000  53 Fig. 3.48 − Comparação entre o segundo (esquerda) e o terceiro vazamento (direita) PAGEREF _Toc248556001  53 Fig. 3.49 − Geometria a obter (cima); Defeitos no terceiro vazamento (baixo) PAGEREF _Toc248556002  54 Fig. 4.1 − Pistão 2008 danificado; fissura assinalada a azul PAGEREF _Toc248556003  56 Fig. 4.2 − Cilindro 2008 danificado PAGEREF _Toc248556004  56 Fig. 4.3 − Válvulas 2008 PAGEREF _Toc248556005  57 Fig. 4.4 − Preparação do cilindro para revestimento (esquerda); cilindro polido (direita) PAGEREF _Toc248556006  57 Fig. 4.5 − Válvulas polidas PAGEREF _Toc248556007  58 Fig. 4.6 − Comparação do acabamento da saia de fábrica (esquerda) e polida (direita) PAGEREF _Toc248556008  58 Fig. 4.7 − Componentes novos prontos para revestir PAGEREF _Toc248556009  58 Fig. 4.8 − Peças novas revestidas PAGEREF _Toc248556010  59 Fig. 4.9 − Pistão e cilindro revestidos PAGEREF _Toc248556011  59 Fig. 4.10 − Riscos na saia do pistão PAGEREF _Toc248556012  60 Fig. 4.11 − Estudo da câmara de combustão de 2008 PAGEREF _Toc248556013  60 Fig. 4.12 – Comparação entre pistão novo e de 2008 (esquerda); maquinagem do pistão (direita) PAGEREF _Toc248556014  61 Fig. 4.13 − Comparação entre áreas da câmara de combustão no pistão (coloridas) e maior distância da propagação de chama (linhas brancas) PAGEREF _Toc248556015  61 Fig. 4.14 – Espessura da área de squish final PAGEREF _Toc248556016  62 Fig. 4.15 − Espessura do volume da fenda até ao primeiro segmento (A) PAGEREF _Toc248556017  62 Fig. 4.16 − Redução do volume da fenda da válvula; Antes (direita) e depois (esquerda) PAGEREF _Toc248556018  62 Fig. 4.17 − Distância da vela ao pistão no PMS PAGEREF _Toc248556019  63 Fig. 4.18 − Cambota original (esquerda); cambota modificada (direita) PAGEREF _Toc248556020  63 Fig. 4.19 − Isolamento térmico do motor em 2008 PAGEREF _Toc248556021  64 Fig. 4.20 − Aspecto final do novo isolamento térmico PAGEREF _Toc248556022  65 Fig. 4.21 − Cambotas com roda dentada de arranque e embraiagem: 2008 (esquerda); 2009 (direita); 2010 (baixo) PAGEREF _Toc248556023  67 Fig. 4.22 – Da esquerda para direita: biela; roda traseira com cremalheira de transmissão; roda do dinamómetro de inércia em CAD PAGEREF _Toc248556024  67 Fig. 4.23 – Proposta de redução de massa para cambota 2010 PAGEREF _Toc248556025  69 Fig. 4.24 − Conta-rotações no dinamómetro de inércia PAGEREF _Toc248556026  69 Fig. 4.25 − Potência perdida no dinamómetro de inércia vs velocidade de rotação do motor PAGEREF _Toc248556027  70 Fig. 4.26 − Rodagem com auxilio de motor eléctrico PAGEREF _Toc248556028  71 Fig. 4.27 − Pistão 
Miller 21
 danificado PAGEREF _Toc248556029  72 Fig. 4.28 − Esquema de filmagem de alta velocidade PAGEREF _Toc248556030  72 Fig. 4.29 − Comparação experimental de ângulo de abertura de válvulas com diferentes molas PAGEREF _Toc248556031  73 Fig. 4.30 − Mapa original da correcção do tempo de injecção com a temperatura do ar admitido PAGEREF _Toc248556032  75 Fig. 4.31 − Mapa final de correcção do tempo de injecção com a temperatura do ar admitido PAGEREF _Toc248556033  75 Fig. 4.32 − Mapa original de correcção do tempo de injecção com a temperatura de motor PAGEREF _Toc248556034  76 Fig. 4.33 − Mapa final de correção do tempo de injecção com a temperatura de motor PAGEREF _Toc248556035  76 Fig. 4.34 − Variação do coeficiente de excesso de ar com a temperatura do motor (linha de tendência a preto de 85 a 108 ºC) PAGEREF _Toc248556036  77 Fig. 4.35 – Mapa final do avanço da ignição PAGEREF _Toc248556037  77 Fig. 4.36 − Mapa do tempo de injecção a carga total PAGEREF _Toc248556038  78 Fig. 4.37 − λ em função do regime do motor PAGEREF _Toc248556039  78 Fig. 4.38 − Diferença entre os valores de temperatura do motor lidos pela ECU e visor no volante PAGEREF _Toc248556040  79 Fig. 4.39 − Tempo de injecção em função da velocidade de rotação PAGEREF _Toc248556041  80 Fig. 4.40 – Eficiência volumétrica em função da velocidade de rotação do motor PAGEREF _Toc248556042  81 Fig. 4.41 − Consumo específico em função da velocidade de rotação do motor PAGEREF _Toc248556043  81 Fig. 4.42 − Fluke 43B (esquerda); LEM LA-55P (direita) PAGEREF _Toc248556044  84 Fig. 4.43 − Leitura INRUSH − Pico de intensidade de corrente, 42,1 A PAGEREF _Toc248556045  85 Fig. 4.44 − Leitura SCOPE − Consumo médio de 11,25 A PAGEREF _Toc248556046  85 ÍNDICE DE TABELAS TOC    
Tabela
  Tabela 2.1 − Comparação de valores entre os três ciclos PAGEREF _Toc248556047  12 Tabela 3.1 − Composição química típica da liga A413.0 (adaptado DAVIS, 2003) PAGEREF _Toc248556048  34 Tabela 4.1 − Peso equivalente de peças em movimento para testes em dinamómetro de inércia PAGEREF _Toc248556049  68 Tabela 4.2 − Relações de velocidade PAGEREF _Toc248556050  70 Tabela 4.3 − Comparação de consumo de combustível entre 2008 e 2009 (laboratório: 20 km/h → 5915 rpm) PAGEREF _Toc248556051  82 Tabela 4.4 − Comparação de consumo de combustível entre 2008 e 2009 em pista PAGEREF _Toc248556052  83 Tabela 4.5 − Consumo energético eléctrico de componentes na prova inglesa PAGEREF _Toc248556053  86 GLOSSÁRIO DE SÍMBOLOS E TERMOS Aglomerante Material utilizado para manter junto qualquer material que se utilize como material de moldação, bem como para dar e manter a consistência da moldação. AlAlumínio (elemento químico) Alimentador Massa de metal vazado ao mesmo tempo que a peça, com a função de fornecer metal líquido ao fundido durante a solidificação, para eliminar os defeitos provocados pela contracção volumétrica do metal, durante o arrefecimento. APMSAntes do Ponto Morto Superior. Areia Material granular, resultante da desintegração natural ou artificial de rochas ou depósitos minerais. Apresenta-se em partículas com diâmetros normalmente compreendidos entre 0,06 e 2 mm. A/FRácio ar/combustível BBoro (elemento químico) CAD Desenho Assistido por Computador (Computer Aided Design) CachoConjunto formado pelas peças, sistema de gitagem e sistema de enchimento, após vazamento, obtido de uma moldação Consumo específico Quantidade de combustível consumido em grama por kWh de combustível Cacho Conjunto formado pelas peças, sistema de gitagem e sistema de enchimento, após vazamento, obtido de uma moldação. Carapaça Moldação sem caixa, de pequena espessura, para fundição.  Colapsibilidade Tendência para o material da moldação se desagregar, por efeito de solicitações mecânicas ou térmicas Compacidade Rácio entre volume e área de superfície DEMUMDepartamento de Engenharia Mecânica da Universidade do Minho Dispersão cíclicaVariação da velocidade de queima entre ciclos de combustão num motor de combustão interna, provocada pela propagação de chama turbulenta Distorção Desvio de forma relativamente à prevista ou pretendida  DLCRevestimento à base de carbono com características similares às do diamante, muito duro, resistente ao desgaste e de baixo atrito  (Diamond-like Carbon) EconomicUMNome actual do protótipo da Universidade do Minho ECUUnidade de controlo electrónico do motor (Electronic Control Unit) EstequiométricaReacção química onde todos os reagentes são transformados em produto ou produtos finais FundidoPeça obtida por fundição Fluidez (do metal) Aptidão do metal para percorrer os canais de uma moldação e encher a respectiva cavidade. Knock Combustão anormal que produz um ruído característico Liga mãeUma liga, rica em um ou mais elementos de liga, que é adicionada à liga principal a fim de aumentar a concentração de um ou mais elementos de liga. mMassa (g) Macho Elemento colocado no molde para definir uma cavidade ou espaço vazio no fundido final.  MBTBinário máximo (Maximum Brake Torque) Moldação Conjunto de elementos, fabricado num material refractário ou numa liga metálica, que, entre outros, contém a cavidade destinada a receber o metal líquido, que após solidificação dá origem a uma peça com a configuração que se pretende. Ni-PTFE®Filme fino de politetrafluoretileno em matriz de níquel (nome comercial) pxPressão (Pa) PPotência (W) PermeabilidadeAptidão de um material de moldação ou de machos, para se deixar atravessar pelos gases e vapores produzidos na operação de vazamento. PVDDeposição física de um revestimento por evaporação (Physical vapor deposition) QPoder calorífico de um combustível (J/kg) RConstante específica de um gás (J/(kg.K)) RACRácio ar/combustível Rockwool®Manta para isolamento térmico composta por lã-de-rocha, papel reforçado com fibras e película de alumínio rpmRotações por minuto SLIFormato de ficheiro CAD para divisão por camadas, de um ficheiro STL SLS Sinterização Selectiva por Laser (Selective Laser Sintering) SiCCarboneto de silício (composto químico) Squish Área em que o pistão se aproxima muito da cabeça de motor, empurrando a mistura para junto da vela com o intuito de criar turbulência e aumentar a compacidade da câmara de combustão. SrEstrôncio (elemento químico) STL Formato de ficheiro CAD para estereolitografia SubstratoPeça a revestir com filme fino Swirl Rotacionalidade da mistura induzida pela conduta de admissão no eixo do cilindro. TDCPonto morto superior (Top Dead Center) TxTemperatura (K) VxVolume (m3) Letras gregas εgRelação de compressão geométrica  εretRelação de compressão retida π3,14159 θÂngulo de cambota (º) ηRendimento ρMassa volúmica (kg/m3) ΔDiferença λCoeficiente de excesso de ar () γQuociente entre capacidades caloríficas ou índice adiabático σRelação de expansão () INTRODUÇÃO Com a instabilidade económica mundial e as emissões de gases de efeito de estufa associadas ao consumo de petróleo torna-se necessária uma rápida e radical mudança do modo como se encara o desenho e projecto de automóveis. É, então, preciso investir em tecnologia que permita a construção de automóveis de baixa massa e redução de perdas mecânicas. Estes veículos também deverão ter motores muito eficientes e produzir baixas emissões de gases tóxicos e de efeito de estufa. Sabendo que o petróleo provem essencialmente de fontes não-renováveis, foi criada em 1939 a “Shell Mileage Marathon” depois de uma discussão entre funcionários do laboratório de investigação da Shell Oil Company, sobre qual o veículo poderia percorrer a maior distância com a menor quantidade de combustível. Esta prova deu origem à prova que conhecemos hoje, a Shell Eco-Marathon®. Na Europa, existem actualmente duas competições onde pequenos veículos tentam minimizar o consumo de combustível durante uma certa distância. Estas decorrem em pistas de automobilismo e a velocidade média mínima é de 30 km/h, na prova Shell Eco-marathon Europe, e de 15 milhas/h, na prova Shell Eco-marathon Youth Challenge UK. A Universidade do Minho participa nestas competições desde 2006. O EconomicUM ( REF _Ref245821741  Fig. 1.1) tem tido uma contínua evolução até hoje, fruto do trabalho de alunos e professores.  Fig. 1.1 − Protótipo para Shell Eco-marathon da Universidade do Minho − EconomicUM Fabrico de cabeça de motor Na presente dissertação é descrito o processo de evolução e fabrico de uma cabeça de motor para um motor inovador. A cabeça do motor é o seu componente mais importante, na perspectiva da eficiência deste.  Desenvolvimento O processo de obtenção da cabeça de motor teve início em trabalhos anteriores efectuados por alunos e professores do DEMUM, através do desenvolvimento de um modelo virtual em CAD a partir do qual foi obtido um protótipo físico, usando processos e equipamentos de manufactura que permitiram a fabricação de sólidos de geometria livre, uma vez que a cabeça de motor tem formas tridimensionais complexas.  Tendo a precisão como objectivo, o processo de maquinagem não pode deixar de ser considerado. A maquinagem CNC além de permitir também o uso directo dos dados dos modelos virtuais CAD, permite ainda a utilização no fabrico de uma diversidade elevada de materiais. Dar forma a um componente através de remoção de material impõe limitações à complexidade da geometria a ser produzida ( REF _Ref243994789  Fig. 1.2).  Fig. 1.2 − Modelo em poliestireno expandido obtido por colagem de várias peças maquinadas por CNC (adaptado MONTEIRO et al., 2007) As técnicas de prototipagem rápida por camadas apresentaram como vantagem principal a possibilidade de dar forma a componentes geometricamente intrincados por adição de camadas sucessivas de material até que a geometria desejada seja produzida ( REF _Ref243995042  Fig. 1.3). No entanto o desempenho dos materiais utilizados não cumpria os requisitos de funcionamento das peças finais.  Fig. 1.3 – Modelo obtido por técnica de prototipagem rápida por camadas (adaptado MONTEIRO et al., 2007) Fundição Peças complexas e intrincadas podem ser obtidas por fundição, ou seja vazando metal fundido numa cavidade com forma negativa do componente a ser produzido. Embora na fundição a precisão obtida em bruto não seja suficiente para a maioria das aplicações técnicas, a maquinagem correctiva subsequente para acabamento das superfícies funcionais permite conferir aos componentes as características geométricas necessárias e tornar a tecnologia adequada. Faltará então produzir as moldações e os machos necessários para materializar a cavidade moldante através de prototipagem rápida. Com a integração das técnicas acima referidas, dois alunos tentaram a conversão do modelo CAD em componente fundido. Embora sem sucesso, o conhecimento adquirido com estas tentativas de fundição mostrou-se essencial para a obtenção da peça sem defeitos. Motor actual O motor, de combustão interna a gasolina, que propulsiona o EconomicUM (de 50 cm3 e que originalmente equipava uma scooter a 4 tempos) tem vindo a ser adaptado e melhorado no DEMUM de modo a ter o máximo de rendimento (mínimo consumo). Este motor funciona segundo o ciclo de Miller, um tipo de ciclo que tem vindo a ser desenvolvido no Laboratório de Motores do DEMUM.  O ciclo de Miller é uma adaptação moderna do ciclo de Atkinson e tem um rácio de expansão maior que o rácio de compressão. O que difere os dois ciclos é a forma como se obtém o ciclo num motor. Para um motor a operar no ciclo de Atkinson, é necessário um sistema complexo (em vez do vulgar mecanismo biela-manivela) que permita a diferença entre os rácios referidos ( REF _Ref246062651  Fig. 1.4). Num motor a operar no ciclo de Miller, impede-se que parte da mistura seja retida dentro do motor (através do fecho de válvula de admissão atrasado ou adiantado) para obter a mesma diferença entre os rácios, utilizando o comum mecanismo biela-manivela (adaptado RAJPUT, 2005). Fig. 1.4 − Excerto da patente do motor Atkinson Ao longo dos trabalhos anteriores os vários componentes do motor actual sofreram reduções de peso, tendo mesmo alguns destes sido trocados por outros e refeitos à medida, como por exemplo: caso do tensor da corrente de distribuição, balanceiros, cambota, pistão entre outros. Nenhum componente deste motor está como o original. O controlo do motor é feito electronicamente, transmitindo a sua potência à roda traseira (a única roda motriz), através de uma corrente de rolos de baixo atrito. Objectivos Esta dissertação de mestrado teve como principais objectivos: Fabrico de cabeça de motor original Através de técnicas de prototipagem rápida e posterior fundição. Aumento do desempenho do EconomicUM em competição Através do aumento de eficiência do motor presente recorrendo ao aumento da taxa de compressão, da optimização geométrica da câmara de combustão, diminuição da inércia e do controlo electrónico do motor.  FUNDAMENTOS TEÓRICOS Tecnologia de fundição Sistema de enchimento O desenho do sistema de enchimento ( REF _Ref245820407  Fig. 2.1) é habitualmente feito por analogia com sistemas já aplicados a peças de geometria idêntica. O seu dimensionamento é efectuado a partir de um conjunto de regras que é necessário respeitar, de modo a que o sistema cumpra os requisitos que lhe são exigidos, ou seja: Garantir o total enchimento da cavidade moldante antes da liga metálica começar a solidificar; Garantir um escoamento não turbulento do metal líquido, de forma a evitar a incorporação de ar no metal e a sua oxidação; Promover uma distribuição uniforme de temperatura por todas as zonas da cavidade, para que o arrefecimento se processe o mais uniformemente possível; Diminuir a probabilidade de ocorrência de fenómenos de erosão nas paredes da moldação; Funcionar como sistema de retenção de partículas não metálicas disseminadas no banho líquido. Fig. 2.1 – Exemplo de sistema de enchimento e alimentação (adaptado BARBOSA, 2003) Solidificação O arrefecimento de um metal, da temperatura de fusão até à temperatura ambiente é habitualmente acompanhado por uma significativa redução de volume, designada por contracção. Esta contracção ocorre em três estágios diferentes: contracção no estado líquido, contracção de solidificação e contracção no estado sólido. A contracção de solidificação (contracção que se verifica na mudança do estado líquido para o estado sólido) é a mais difícil de controlar e a de maior amplitude, sendo considerada por isso de maior relevância. As principais consequências da contracção volumétrica durante a solidificação e o arrefecimento são: o fundido ficar com dimensões inferiores às da cavidade da moldação; o aparecimento de cavidades (e/ou fissuras) internas, ou com ligação ao exterior, de dimensões variáveis, agrupadas ou disseminadas pelo fundido. Estas consequências dependem do tipo de metal ou liga metálica, das condições de arrefecimento e do tipo de moldação.  Os defeitos referidos têm origem em diferentes fases do processo de solidificação. A contracção no estado sólido é responsável pelas dimensões finais das peças, podendo ainda ser responsável por possíveis fissuras que surjam nas mesmas. A contracção verificada na mudança de estado é responsável por defeitos de solidificação, como cavidades internas ou cavidades com ligação ao exterior, de dimensões consideráveis e que habitualmente se designam por rechupes. Saliente-se que estas cavidades não devem ser confundidas com porosidades (que habitualmente são de muito pequena dimensão, ainda que visíveis a olho nu) normalmente causadas por gases dissolvidos no metal, ou apenas por inclusões não metálicas, como grãos de areia, escória ou partículas de material refractário. No caso concreto da liga de alumínio-silício utilizada neste trabalho (liga A413.0), a solidificação deverá avançar desde a periferia para o centro da peça, em camadas bem definidas, paralelas às paredes da moldação, existindo em qualquer momento uma fronteira líquido/sólido bem definida. Este tipo de solidificação designa-se por solidificação em camada fina. Motores de combustão interna Rendimento de ciclos termodinâmicos O ciclo de Miller proporciona um maior rendimento do motor (quando comparado ao ciclo de Otto) por aproveitar uma maior parte da entalpia dos gases presentes no cilindro. O trabalho extra que é aproveitado está representado na  REF _Ref245908269  Fig. 2.2 pela zona a cinzento. O ciclo de Otto é representado por 1-2-3-4’-1 (adaptado MARTINS, 2006). Fig. 2.2 − Ciclo teórico de Miller Pela primeira lei da termodinâmica temos: Wciclo + Qciclo = ΔU = 0 (2.1) A segunda lei da termodinâmica diz que para se produzir trabalho tem de haver troca de calor entre duas fontes térmicas, não sendo possível transformar todo o calor da fonte quente em trabalho.  O rendimento de uma máquina térmica que funciona reversivelmente entre uma fonte quente (Tf) e outra fria (Tq) será:   ( STYLEREF 1  2. SEQ Equação  ARABIC  1 2) Rendimento do ciclo Otto:  (2.3) Rendimento do ciclo de Miller com εg fixa (MARTINS, 2006):  ( STYLEREF 1  2. SEQ Equação  ARABIC  1 4) Considerando:  (2.5) (B é constante supondo que a mistura é estequiométrica) Para podermos desprezar as perdas de bombagem na admissão, o volume de mistura terá que entrar no cilindro ao mesmo tempo que a sua capacidade aumenta (mantendo a pressão atmosférica). Quando isto não acontece, temos que considerar estas perdas. Fig. 2.3 − Diagrama p-V de ciclo de Miller com perdas por bombagem; pressão em escala exponencial Consideremos que: Trabalho positivo: 9-2-3-4-9 Trabalho negativo (bombagem): 5-6-7-0-9-5 Como a área 9-1-5-9 pertence ao trabalho negativo e positivo, anula-se, pelo que não é considerada. Temos então: ( STYLEREF 1  2. SEQ Equação  ARABIC  1 6) ( STYLEREF 1  2. SEQ Equação  ARABIC  1 7) ( STYLEREF 1  2. SEQ Equação  ARABIC  1 8) ( STYLEREF 1  2. SEQ Equação  ARABIC  1 9)           ( STYLEREF 1  2. SEQ Equação  ARABIC  1 10) A taxa de compressão máxima num motor de combustão interna, de ignição comandada, ronda os 12:1 (sendo gasolina o combustível). Esta limitação deve-se ao facto de que, a partir desta taxa de compressão, a ocorrência de knock é muito provável (MARTINS, 2006). Considerando uma eficiência volumétrica de 100% (desprezam-se as perdas de carga no ciclo de Otto), tem-se uma relação de compressão retida de 12:1. Neste trabalho, considera-se que o knock resulta apenas da temperatura e da pressão no final da compressão. Pretendeu-se obter, para o ciclo de Miller, a mesma temperatura e pressão do ciclo de Otto. A taxa de compressão do motor, em 2008, era de 17:1. Dos testes efectuados ao motor em 2007 e 2008, obteve-se uma eficiência volumétrica máxima de 57%. Utilizou-se este valor para ser conservador no cálculo de taxa de compressão a atingir na nova especificação. Na análise teórica de ciclos termodinâmicos, podemos desprezar as perdas de bombagem na admissão se o volume de mistura entrar no cilindro ao mesmo tempo que o volume deste aumenta (mantendo a pressão atmosférica). No caso do motor actual isso corresponderia à válvula de admissão fechar aos 97,75º APMS ( REF _Ref245918979  Fig. 2.4). Sabendo que, neste motor, a válvula de admissão fecha aos 120º APMS, não se podem desprezar as perdas de carga. Então considera-se que toda a admissão é feita a pressão inferior à atmosférica ( REF _Ref245918979  Fig. 2.4).  Fig. 2.4 − Diagrama p-V Miller com perdas de carga; admissão a azul Calculou-se a relação de compressão geométrica a obter para a mesma relação de compressão retida no ciclo do presente motor, a partir da relação de compressão retida do ciclo de Otto:  (2.11) em que:  − relação de compressão geométrica a obter para ciclo de Miller pretendido − relação de compressão retida do ciclo de Otto  − eficiência volumétrica Comparação entre os três ciclos Nas  REF _Ref245929508  Fig. 2.5 e  REF _Ref245929517  Fig. 2.6 estão representados diagramas para comparação dos ciclos. Utilizou-se o valor de 1,3 para o índice adiabático em todos os cálculos e diagramas apresentado porque se considerou o calor absorvido pela vaporização do combustível e as perdas de calor para a cabeça e as paredes do cilindro (adaptado HEYWOOD, 1988). Fig. 2.5 − Diagrama p-Vcc/V comparativo entre ciclos Fig. 2.6 − Diagrama p-V comparativo entre ciclos Usando as equações 2.3 a 2.5 (desprezando perdas de carga) obtemos:    Considerando as perdas de carga e utilizando as equações 2.6 a 2.10 para os ciclos de Miller temos: Tabela 2.1 − Comparação de valores entre os três ciclos OttoMiller 2008Miller 21Taxa de compressão121721,053Eficiência volumétrica100%57%57%Volume da câmara de combustão 4,49 x10-6m33,09 x10-6m32,46 x10-6m3Relação de compressão retida129,6912Rendimento teórico52,55%56,57%59,22%Rendimento teórico com perdas de bombagem52,55%53,13%55,71% Avanço de ignição A combustão começa antes do final da compressão (após a ignição) e acaba pouco depois do pico de pressão no cilindro ocorrer ( REF _Ref241398106  Fig. 2.7). Fig. 2.7 − Pressão vs ângulo de cambota (p-θ) para diferentes avanços de ignição (esquerda); efeito do avanço de ignição no binário (direita). (adaptado HEYWOOD, 1988) Existe, para as condições de funcionamento do motor em dado momento, um avanço óptimo para o binário máximo, dando a mais rápida aceleração. Este avanço é o mesmo para a máxima eficiência. Se a combustão começar cedo demais a pressão dentro do cilindro fará com que o trabalho de compressão realizado pelo pistão seja demasiadamente grande, fazendo baixar o rendimento. Se a combustão começar tarde demais o pico de pressão no cilindro será diminuído assim como o trabalho de expansão. Também serão maiores as perdas de calor para as paredes devido à maior temperatura dos gases durante a expansão. Como o avanço de ignição é estabelecido para o ciclo médio, o aumento da dispersão cíclica faz aumentar as perdas de pressão média nos ciclos mais afastados da média devido ao avanço não optimizado para esses ciclos. Taxa de compressão A taxa de compressão influência directamente no rendimento de um motor, como se pode constatar nas equações 2.3 e 2.4 (maior taxa de compressão → maior rendimento). O aumento da taxa de compressão produz outros efeitos benéficos, na busca do máximo rendimento, descritos seguidamente. Quanto maior for a taxa de compressão maior será a pressão e a temperatura no momento de ignição, o que facilita as reacções químicas entre ar e combustível. Em consequência disso diminui-se a duração da primeira fase de queima ( REF _Ref241323840  Fig. 2.8 − Stage I). Fig. 2.8 − Diagrama p-θ mostrando as diferentes fases de queima (Stage I, II, III) (adaptado HEYWOOD, 1988) Ao diminuir o volume da câmara de combustão (para aumentar a taxa de compressão) também se diminui o volume dos gases residuais do ciclo anterior na câmara de combustão. O aumento de taxa de compressão diminui a dispersão cíclica, porque aumenta a densidade de mistura, o que é importante principalmente junto da vela para aumentar a probabilidade de boa ignição. Rácio ar/combustível (RAC) A base teórica para entender a influência do RAC no consumo específico está representada na  REF _Ref241398606  Fig. 2.9. Fig. 2.9 − Influência do RAC no consumo específico (adaptado MARTYR, 2007) Misturas ligeramente ricas Devido à dissociação a temperatura elevada seguida da combustão, existe oxigénio nos gases queimados (considerando mistura estequiómetrica). Isto permite que combustível extra seja adicionado à mistura e parcialmente queimado. Consequentemente existe um aumento de temperatura e número de moles de gases queimados no cilindro. Estes efeitos conjugados dão origem a um aumento de pressão, o que leva a um aumento de potência. Contudo a eficiência do ciclo diminui. Isto porque o combustivel adicional é apenas queimado parcialmente e toda a expansão é feita a maior temperatura (aumentando as perdas por calor e pelo escape). Misturas pobres Teoricamente a eficiência aumenta linearmente com o aumento do RAC. Misturas pobres queimam a menor temperatura (menores perdas por calor) e menor dissociação das moléculas de CO2 e H2O. Assim, a fracção de energia libertada perto do PMS é maior. Consequentemente, uma maior quantidade de energia será aproveitada para trabalho e a porção de energia rejeitada no escape será menor (devido à menor pressão no final da expansão). Na prática, a dispersão cíclica e o tempo de combustão aumentam com o aumento do RAC, fazendo com que a eficiência diminua em misturas muito pobres. Mesmo na ausência de dispersão cíclica, a diminuição da eficiência é directamente proporcional ao aumento do tempo de combustão (quanto maior o rácio, maior o tempo de combustão;  REF _Ref246106207  Fig. 2.10 e  REF _Ref245128317  Fig. 2.11). Fig. 2.10 − Atraso do início de queima em função de percentagem de estequiometria (adaptado MARTYR, 2007)Fig. 2.11 − Variação da velocidade de chama com a riqueza da mistura (adaptado MARTINS, 2005) A dispersão cíclica também aumenta com o aumento do RAC devido à menor probabilidade de boa ignição originada por pontos excessivamente pobres junto aos eléctrodos da(s) vela(s) ( REF _Ref241400737  Fig. 2.12).  Fig. 2.12 − Diagrama p-θ mostrando dispersão ciclíca para (a) mistura estequiométrica e (b) mistura pobre; (adaptado MARTYR, 2007) Turbulência A velocidade de chama de uma mistura ar-combustível estacionária é muito baixa, o que provoca grandes perdas por calor e a redução pico de pressão máximo (afastando do ciclo teórico de maior rendimento). Existe grande interesse em elevar consideravelmente a turbulência dentro da câmara de combustão para obter uma combustão quase instantânea e aumentar o rendimento ( REF _Ref241740602  Fig. 2.13). Fig. 2.13 − Influência da velocidade de chama no diagrama p-θ; note-se o começo da combustão (adaptado HEYWOOD, 1988) A velocidade de chama em misturas pobres é relativamente baixa. Contudo, com turbulência e taxa de compressão elevadas, é possível obter uma velocidade de chama maior do que a que é obtida num motor convencional. O aumento de compacidade (quando acompanhada de elevada taxa de compressão) dá origem a uma diminuição do consumo específico (Fig. 2.14) Fig. 2.14 − Consumo específico em função de λ; (adaptado MARTINS, 2005) Uma maneira de aumentar eficazmente a turbulência, num motor de combustão interna, é a utilização de uma zona de squish. Squish  Squish é a área em que o pistão se aproxima muito da cabeça de motor, empurrando a mistura para junto da vela com o intuito de criar turbulência e aumentar a compacidade da câmara de combustão ( REF _Ref241740619  Fig. 2.15). A velocidade dos gases empurrados para fora desta área (consequentemente turbulência criada) depende da carga, velocidade do pistão, distância do pistão à cabeça, taxa de compressão, largura da área de squish e distância do pistão à cabeça no final da admissão (adaptado HEYWOOD, 1988). Fig. 2.15 − Exemplo do fluxo criado pela squish, indicado pela setas; (adaptado HEYWOOD, 1988) Filmes finos Técnica de Physical Vapor Deposition (PVD) O processo de PVD pode ser hoje executado a temperaturas bem abaixo dos 250 ºC. Tal facto permite revestir a maior parte dos substratos de aço, sem influir na microestrutura ou nas propriedades mecânicas (HEDENQVIST et al., 1994). A maior parte dos componentes dos motores são em aço tratado termicamente e, assim, muito sensíveis à temperatura. Um processo acima dos 200ºC pode levar a uma redução significativa da dureza e também a modificações dimensionais.  O grande potencial dos componentes revestidos, principalmente na indústria automóvel, levou ao desenvolvimento de revestimentos PVD de baixo atrito para motores. Tipicamente, estas aplicações necessitam de um revestimento resistente ao desgaste, mas não necessariamente de um revestimento muito duro. Num motor, o nível de desgaste tem de ser baixo, entre quaisquer duas peças em contacto, para conservar as tolerâncias. Um revestimento por PVD que provou ser próspero é o DLC. Revestimentos Diamond-Like Carbon (DLC) Os revestimentos de DLC consistem basicamente numa mistura de diamante com grafite. As quantidades relativas destes dois componentes determinarão a maior parte das propriedades do revestimento. As propriedades mecânicas e tribológicas dos revestimentos DLC têm vindo a ser estudadas durante aproximadamente 30 anos. Os revestimentos DLC têm várias propriedades interessantes, como por exemplo: excelente adesão ao aço; inércia química elevada e baixo atrito em combinação com alta resistência ao desgaste. Estas características fazem do DLC uma escolha muito interessante para inúmeras aplicações em engenharia mecânica. Além do mais, a dureza do revestimento pode ser escolhida (varia desde aproximadamente de 500 a 2500 HV) para produzir um revestimento de uma única combinação para uma rodagem excelente e um baixo coeficiente de atrito, aplicável na maior parte dos materiais de engenharia. Estas propriedades deste tipo de revestimentos são especialmente ajustadas para diferentes aplicações em motores.  Conjunto pistão, segmentos e camisa  O conjunto formado por pistão, segmentos e camisa desempenha um papel central no trabalho de redução das perdas de compressão, o que resulta directamente na manutenção dos níveis de eficiência e emissões.  Os problemas levantados pelo desgaste levaram várias companhias automóveis a testar novos conceitos de camisa/segmento. Aplicando um revestimento PVD resistente e de baixo atrito, os problemas acima mencionados podem ser solucionados. Testes de laboratório mostraram que revestimentos PVD nos segmentos superam todas as soluções existentes, especialmente no desgaste na camisa (Fig. 2.16). Também se concluiu que a repetibilidade do desempenho do revestimento PVD é excelente (KYLEFORS et al., 1998). Fig. 2.16 − Resultados laboratoriais de teste pino-no-prato para simulação de mecanismo de desgaste em segmento/camisa. Parâmetros de teste: carga de 8 MPa, temperatura 80 ºC, 6 horas de duração, frequência de 6 Hz e óleo com 1% de fuligem; DLC = Me-C:H (adaptado KYLEFORS, 1998) Para obter um bom revestimento, a peça terá que sofrer um pré-tratamento de redução de rugosidade superficial para melhorar a adesão do filme ( REF _Ref243999912  Fig. 2.17).  Fig. 2.17 − Efeito da rugosidade superficial do substrato na carga crítica (adaptado LARSSON et al., 1996) Uma combinação optimizada de substrato, a sua preparação superficial, o seu revestimento e a lubrificação podem, na maior parte de aplicações, melhorar dramaticamente o desempenho de um sistema tribológico.  Análise ao motor em dinamómetro de inércia Para calcular com rigor a eficiência do motor, é necessário averiguar as perdas energéticas por parte do dinamómetro de inércia. Para isso foram usadas as seguintes equações:      (2.12) (Potência dada ao dinamómetro de inércia)       (2.13) (Potência perdida no dinamómetro de inércia)     (2.14)      (2.15) Fig. 2.18 - Esquema de biela (adaptado CARVILL, 2003) Peso equivalente da biela:   (Parte em translação)     (2.16)  (Parte em rotação)     (2.17)       (2.18) Peso equivalente do conjunto roda traseira:       (2.19) Peso equivalente do conjunto cambota:           (2.20) em que:  − Peso equivalente do conjunto ou componente x I – momento de inércia de rotação R – relação de transmissão  S – curso da cambota r – raio da roda traseira mc  – massa da biela m1  – massa efectiva da biela em translação m2  – massa efectiva da biela em rotação FABRICO DE CABEÇA DE MOTOR Objectivo e contextualização Esta parte da dissertação tem como objectivo o fabrico de uma cabeça de motor.  Esta cabeça de motor deverá ter algumas características específicas distintivas tais como: duas velas de ignição (numa câmara de combustão); indução de escoamento rotacional turbulento pela conduta de admissão (swirl); câmara de combustão hemisférica; área de squish ( REF _Ref246073159  Fig. 3.1) e uma câmara de água. A câmara de água (no interior da cabeça de motor) tem uma razão para existir diferente da habitual: como durante a competição o motor será desligado por longos períodos (15 segundos de funcionamento para 2 a 5 minutos desligado), é muito importante que a temperatura permaneça sem grandes alterações durante esse período. Obviamente, o exterior da cabeça será convenientemente isolado. Adicionalmente, durante o ensaio em dinamómetro, haverá circulação de água na mesma câmara de modo a manter-se constante a temperatura da cabeça (arrefecimento) durante o funcionamento contínuo, necessário para os testes de desenvolvimento.    Fig. 3.1 − Cabeça de motor com área de squish (a azul) Como já referido, o desenvolvimento da cabeça de motor teve início em trabalhos anteriores efectuados por alunos e professores do DEMUM, através do aperfeiçoamento do modelo virtual (CAD). Gostaríamos de destacar David Krenovsky, que desenhou a primeira versão do modelo virtual em 2002 ( REF _Ref245926881  Fig. 3.2). Em 2003, Benjamin Tiercelin introduziu a câmara de água (entre outras modificações). Em 2007, Stijn Coene fez um estudo aprofundado em CFD sobre o efeito de swirl do canal de admissão ( REF _Ref245926865  Fig. 3.3 e 3.4). Em 2008, Pedro Lopes fez as tentativas de fundição descritas no subcapítulo 3.2. Fig. 3.2 − Primeiro desenho da cabeça de motor (adaptado KRENOVSKY, 2002)Fig. 3.3 − Resultado de swirl em FLUENT (adaptado COENE, 2008) Fig. 3.4 − Geometria de swirl (a cinza), válvula (a vermelho) e assento (a amarelo); (adaptado COENE, 2008) Organização do trabalho de fabrico Feita a análise das anteriores tentativas para investigação de problemas e simulação numérica, procedeu-se à primeira impressão da moldação com base na geometria anteriormente utilizada (com ligeiras alterações). Este primeiro teste foi feito para estudar o novo material para moldações (suas propriedades e comportamento) e calibração da simulação numérica com base na peça obtida. Paralelamente, foi efectuado o redesenho da cabeça de motor de modo a solucionar todos os problemas encontrados. Deste modo, com a calibração feita e novo desenho foi possível tirar resultados mais fidedignos a partir da simulação para o segundo teste de fundição. Como foram detectados alguns defeitos no segundo teste de fundição, um terceiro teste foi efectuado com base num redesenho da peça com pequenas alterações. Análise da tecnologia e tentativas anteriores As tentativas anteriores de fabrico da cabeça de motor foram estudadas de modo a reconhecer potenciais melhorias necessárias para a obtenção de uma peça nas condições desejadas. Os problemas encontrados foram:  Precisão geométrica Dificuldade de enchimento completo Remoção do macho interior da câmara de água  Zonas de difícil acesso para maquinagem Precisão geométrica  A precisão geométrica, no nosso caso, é de grande importância devido ao elevado detalhe da geometria de swirl na conduta de admissão Fig. 3.5 b) e c). Esta deve ser obtida directamente da fundição, sem necessidade de maquinagem correctiva. Embora a precisão apresentada pelo fabricante da impressora SLS utilizada no Centro de Formação Profissional da Indústria de Fundição (CINFU, Porto) seja muito boa, o resultado após o processo de impressão, limpeza, cura e finalmente fundição não apresentou o nível de detalhe desejado para a geometria de swirl (Fig. 3.5).  Fig. 3.5 − Comparação entre o resultado de 2008 a), e o desenho de CAD b) e c) Dificuldade de enchimento completo A posição em que se tentou fundir a peça (câmara de combustão voltada para cima) revelou-se um erro nas tentativas do ano anterior, visto que as finas paredes em torno da cavidade para a árvore de cames permitiram uma excessiva transferência de calor, impossibilitando o enchimento total (Fig. 3.6). Fig. 3.6 − Primeira tentativa de 2008 Foi então tentado o aumento de espessura destas paredes para possibilitar (sem sucesso) o total enchimento da peça. Com o aumento de espessura destas paredes resultou o aumento de massa da peça, factor importante num veículo de baixo consumo onde a massa desempenha um papel crucial (Fig. 3.7). A peça apresentou defeitos graves em redor da câmara de combustão, impossibilitando o seu uso (Fig. 3.8).  Fig. 3.7 − Pesagem do segundo teste de fundição de 2008, 527,84 g Fig. 3.8 − Defeitos de fundição assinalados: Rechupes (com paredes muito finas nas imediações) Remoção do macho interior da câmara de água Com a geometria das tentativas anteriores, todo o macho interior da câmara de água tinha de ser retirado através de dois pequenos orifícios em cantos opostos da mesma. Esta constrição geométrica, associada com a elevada dureza do macho após fundição apenas removível por maquinagem (Fig. 3.9) ou temperaturas superiores a 400ºC, tornam a remoção deste macho numa operação de grande dificuldade. Embora possível, foi rejeitada a remoção da areia através da temperatura elevada por ser potencial fonte de distorção geométrica inaceitável, dada a grande disparidade de coeficientes de expansão térmica entre a liga de alumínio e a areia. Fig. 3.9 − Remoção do macho superior (adaptado LOPES, 2008) Zonas de difícil maquinagem Com a anterior geometria parcialmente representada na Fig. 3.10, podemos ver que, do lado da admissão, a zona de maquinagem da guia de válvula é de difícil acesso. Fig. 3.10 − Representação típica do curso efectuado por broca Optimização da geometria através de simulação numérica Foram simuladas diversas condições de fundição para obter um resultado optimizado em software a fim de se ter um bom ponto de partida teórico para a obtenção da peça na prática. Foi usado o programa Nova Flow & Solid® para o efeito. Os parâmetros variados na simulação foram: Temperatura de vazamento Temperatura da moldação Alterações geométricas na peça A optimização começou com a introdução das alterações sugeridas no ano anterior: inversão da posição de vazamento (câmara de combustão voltada para baixo) e criação de um orifício na parede superior da câmara de água para extracção de gases e melhor apoio entre os machos interiores (Fig. 3.11). Posteriormente foram testadas pequenas alterações no desenho de CAD de modo a obter uma simulação que não apresentasse defeitos significativos. Assim foi possível apreciar e discutir os defeitos obtidos no fundido, comparar com a simulação numérica e calibrar o software. Fig. 3.11 − Peças em corte: posição original de fundição (2008, esquerda); posição sugerida com orifício a azul (2009, direita) Sistema de enchimento e sobreespessuras de fundição  O sistema de enchimento usado no primeiro teste teve por base o sistema de 2008. Para minimizar a turbulência do metal líquido, o canal de descida passou de secção redonda para quadrada, mantendo-se a mesma área de secção. O escalonamento deste sistema foi 1 ; 1 ; 1 (Fig. 3.12 à direita). Não é possível, usando esta tecnologia, garantir o acabamento superficial necessário para os diversos planos de apartação, garantindo a estanquicidade e precisão de posicionamento dos componentes adjacentes à cabeça de motor. É então necessária a introdução de sobreespessuras nestas superfícies, para posterior maquinagem, de modo a ter a precisão desejada.  Fig. 3.12 − Sistema de enchimento e sobreespessuras para maquinagem do primeiro teste Na  REF _Ref245124598  Fig. 3.12 estão representadas as zonas com sobreespessura e sistema de enchimento e alimentação onde se podem ver: Furos para apartação dos colectores e conjunto cabeça-bloco (vermelho) Furos para admissão de água (azul claro) Rectificação para a obtenção da superfície de apartação entre cabeça e bloco (azul escuro) Rectificação para a obtenção dos apoios da árvore de cames (verde claro) Furos para as guias das válvulas (verde escuro) Furos para as velas (amarelo) Furos para tampa da câmara superior e apoios dos balanceiros (laranja) Sistema de enchimento e alimentação (cinza) Simulação numérica – Primeiro teste Deste primeiro conjunto de simulações, obtiveram-se os resultados representados na Fig. 3.13.  Nesta previsão de rechupes é possível observar a quase total ausência destes. Contudo a previsão do tempo de solidificação alertou para o facto de que existia uma grande quantidade de pontos quentes em torno da câmara de água, juntos às massividades dos apoios de parafusos e às ligações dos colectores (toda a região azul escura). Quanto à previsão de retenção de ar na moldação, todos sítios apontados pela simulação tinham sobreespessura para maquinagem, não levantando problemas. Fig. 3.13 − Previsões de: rechupes (acima esquerda); tempo de solidificação (acima direita); retenção de ar na moldação (baixo) Cacho em CAD – Primeiro teste A  REF _Ref241171464  Fig. 3.14 representa o cacho usado para o primeiro teste. É este o resultado final da simulação numérica. Fig. 3.14 – Cacho virtual para o primeiro teste Impressão de moldações A tecnologia utilizada pela impressora Z Corporation 301 Plus® assemelha-se a um sistema de impressão por jacto de tinta utilizado como periférico de um computador do dia-a-dia. A própria máquina utiliza peças de uma impressora comum na sua construção só que, em vez jactos de tinta, as cabeças de impressão expelem um aglutinante composto de uma solução aquosa e uma cola. Esta técnica é muito parecida com a técnica de SLS, mas em vez de um laser, a aglutinação do pó é feita por uma cabeça de impressão de jactos de aglutinante. A máquina é normalmente constituída por um reservatório de pó, pó este que pode ser de vários materiais (como foi referido acima); uma plataforma que suporta as várias camadas de pó e que se movimenta no sentido descendente; um rolo para deposição e regulação da camada de pó na plataforma; e a(s) cabeça(s) de jacto de aglutinante que provém de um recipiente também existente na máquina (Fig. 3.15).  Fig. 3.15 − Esquema de funcionamento de uma impressora 3D A moldação foi impressa a partir do modelo de CAD, após a conversão dos ficheiros para STL e depois para SLI.  Sabendo que haveria pó não-aglomerado nos espaços entre as carapaças e machos após a impressão, optou-se por imprimir a moldação em partes. Só deste modo foi possível garantir necessária limpeza total anterior à fundição. Novo material para moldações Dadas as limitações encontradas no processo anterior para a obtenção da cabeça para o motor, optou-se por um novo material de moldação, o zp131® da ZCorp®. Face à tecnologia anteriormente utilizada, este material (em conjunto com a impressora Z Corporation 301 Plus®) apresenta as seguintes vantagens para a obtenção desta peça em questão: Maior precisão geométrica dos fundidos Melhor acabamento superficial Maior dureza das moldações antes da fundição Boa colapsibilidade dos machos interiores após fundição Como desvantagens temos: Maior formação de gases (resultantes da combustão e libertação de humidade) Impermeabilidade à saída de gases. Primeiro teste de fundição Primeira impressão Tendo em conta em geometria do cacho, a moldação e separação da mesma é representada na Fig. 3.16. Podemos ver no Anexo B a moldação em detalhe. Fig. 3.16 − Vista explodida do conjunto – primeiro teste As figuras Fig. 3.17 até Fig. 3.19 mostram as peças impressas e alguns passos da montagem da moldação. Fig. 3.17 − Macho da câmara de combustão (note-se o excepcional detalhe da impressão) Fig. 3.18 − Parte da moldação com carapaça e dois meios-machos (esquerda); igual ao anterior mas com macho da câmara de combustão (direita) A escolha dos planos de apartação também foi alvo de estudo. Dada a antecipação de elevada produção de gases e a impermeabilidade do material de moldação, estes planos permitiram que os gases tivessem saídas eficazes da cavidade moldante.   Fig. 3.19 − Machos montados (esquerda); Moldação montada (direita) Liga de alumínio A413.0 A liga utilizada nos testes foi a A413.0 (primeira fusão). A sua composição química encontra-se na  REF _Ref241562607  Tabela 3.1. Tabela 3.1 − Composição química típica da liga A413.0 (adaptado DAVIS, 2003) ElementosSilícioFerroCobreManganêsMagnésioNíquelZincoChumboOutrosAlumínioPercentagem11,0 a 13,01,31,00,350,100,500,500,150,25Restante Esta liga é recomendada para peças com elevado detalhe e parede finas. Também é caracterizada por ter boa resistência à corrosão, excelente fluidez e boa retenção de pressão das peças. Todas estas características são necessárias para a obtenção desta peça. Afinador de grão A liga mãe Al-5%Ti-1%B foi utilizada como afinador de grão. É vulgarmente utilizada esta liga mãe em ligas de alumínio-silício para melhoria das propriedades mecânicas do produto final. Usou-se 0,2% desta liga por massa da liga A413.0. Modificador de grão A liga mãe Al-5%Sr foi utilizada como modificador de grão. Ao adicionar esta liga dá-se a transformação do silício eutectóide de lamelar para fibroso, resultando na melhoria das propriedades mecânicas. Usou-se 0,3% desta liga por massa da liga A413.0. Preparação da liga e fusão (primeira tentativa de fundição) A liga foi fundida num forno de indução com um cadinho de SiC com diâmetro de 170 mm e uma altura de 180mm à temperatura de 730±10ºC. Trinta minutos após a completa fusão, foi desgaseificado por introdução de árgon no banho, durante 10 minutos, a 3,0 bar de pressão relativa. Foi então introduzido o afinador e modificador de grão. Após cinco minutos, foi retirada a escória, o banho agitado e vazou-se. Vazamento A moldação foi coberta a toda a volta com areia grossa e pequenas pedras soltas de modo a proteger quem efectuou o vazamento. O macho superior também cheio da mesma matéria para que, em caso de fuga ou ruptura deste, não entrasse metal na cavidade superior inviabilizando toda a peça (Fig. 3.20). Fig. 3.20 − Moldação pronta a receber metal líquido A combustão do zp131® e consequente libertação de gases de combustão, logo após o final do vazamento, foi muito intensa (Fig. 3.21). Fig. 3.21 − Instante seguinte ao primeiro vazamento Resultado do primeiro vazamento Trinta minutos após o vazamento o cacho foi desmoldado sem grande dificuldade (Fig. 3.22). Fig. 3.22 − Cacho obtido no primeiro teste Defeitos encontrados  A partir da Fig. 3.23 pode-se concluir que os defeitos revelados provêm de: Fig. 3.23 − Defeitos de fundição no primeiro teste A: A massividade local permitiu que o metal continuasse líquido, ao contrário das finas paredes circundantes, dando origem ao rechupe. A posição do ataque contribuiu para o agravamento deste rechupe, aumentando a temperatura local, por passagem continuada de metal quente durante o enchimento; B, E: A contracção deve-se à proximidade da massividade para apartação do colector; C: Macho partido durante a montagem da moldação; D: Retenção de gases e elevada proximidade entre machos; F1, F2: Libertação de gases produzidos pelo macho da câmara de água; G: Enchimento incompleto devido a um sistema de enchimento mal dimensionado; H: Enchimento incompleto devido a retenção de gases, por saída mal dimensionada. Calibração da simulação numérica A simulação numérica foi calibrada de modo a reflectir, com proximidade aceitável, o resultado obtido da fundição. Após a calibração, os resultados numéricos aproximam-se muito do resultado prático (Fig. 3.24). Fig. 3.24 − Calibração da simulação numérica Na Fig. 3.24 a) pode-se ver que o tempo de solidificação, a azul-escuro, é muito extenso (cerca de 11s) quando comparado ao tempo da zona branca adjacente (quase instantânea). Na Fig. 3.24 b) pode-se ver a retenção de gases, a laranja, que representa o enchimento incompleto naquela zona. Repare-se ainda que os alimentadores os pontos com maior tempo de solidificação. Segundo teste de fundição Segundo desenho da cabeça de motor Com o conhecimento adquirido nas tentativas anteriores, conceitos teóricos e simulações, foi alterado o desenho de CAD com o intuito de eliminar todos os problemas encontrados e, simultaneamente, melhorar a peça. O risco de fuga de gases de dentro do cilindro é sempre um parâmetro importante a considerar no projecto de uma cabeça de motor. Dadas as elevadas pressões de combustão antecipadas, foi diminuída a distância dos parafusos (para aperto da cabeça ao cilindro) à câmara de combustão (de 23 x10-3m para 4,5 x10-3m - Fig. 3.25 assinalado a azul) de modo a garantir boa estanquicidade. Foi diminuído o diâmetro dos parafusos da tampa das válvulas (de M6 para M4) visto não ser uma união de grande responsabilidade. Conseguiu-se assim uma redução de massa na cabeça e parafusos (Fig. 3.25 assinalado a verde). Fig. 3.25 − Vista de baixo comparativa entre primeiro e segundo teste Ao aproximar os parafusos da cabeça da câmara de combustão foi possível eliminar as massividades que causam os problemas de fundição anteriormente descritos (Fig. 3.26 assinalado a vermelho). As restantes massividades, no plano de apartação dos colectores, foram diminuídas para apenas uma parede de 3 x10-3m em redor das condutas e parafusos (Fig. 3.26 assinalado a azul). Fig. 3.26 − Redução de massividades – primeiro teste à direita O volume da câmara de água foi quase eliminado ao aproximar os parafusos da cabeça da câmara de combustão. Este volume foi então aumentado para maior homogeneidade e inércia térmica (Fig. 3.27 a azul). Ao aumentar as dimensões desta tornou-se evidente que se poderiam criar aberturas de ambos os lados (Fig. 3.25 assinalado a vermelho) com as seguintes vantagens: diminuição da massa da cabeça; maior saída de gases do macho interior durante a fundição; circulação de líquido refrigerante da cabeça para o cilindro facilitada. O aumento de volume desta foi de 103% (de 4,86 x10-5m3 para 9,99 x10-5m3).  Fig. 3.27 – Vistas em corte da câmara de água – segundo teste (cima-esquerda e baixo); primeiro teste (cima-direita) Fig. 3.28 − Modificação de raio dos cantos − primeiro teste à esquerda Quanto maior o volume da peça, maior é a quantidade de metal quente que passa pelos ataques, o que aumenta a temperatura local destes. Isto pode originar defeitos na peça. Aumentou-se o raio exterior nos cantos da peça, de modo a manter a espessura constante em toda a parede, diminuindo o volume de alumínio necessário e a massa da peça (Fig. 3.28 assinalado a vermelho). Ao testar as válvulas na cabeça, foi revelado um erro de projecto - a distância entre a ponta da válvula e o assento da mola era insuficiente para o curso da válvula. Aumentou-se esta distância em 3x10-3m (Fig. 3.29 a azul). Fig. 3.29 − Abaixamento dos assentos de molas − segundo teste a azul Simulação numérica Os resultados obtidos na simulação numérica do segundo teste de fundição indicaram uma peça sem defeitos logo na primeira simulação (com o alumínio líquido a 730ºC). Foram então testadas temperaturas sucessivamente mais baixas até 680ºC.  Embora, possivelmente, qualquer das temperaturas de vazamento simuladas desse origem ao resultado pretendido, foi escolhida a temperatura de 700ºC por ser aquela que apresentou menor disparidade de tempo de solidificação entre as várias zonas da peça ( REF _Ref245316559  Fig. 3.30). Fig. 3.30 − Previsões de: rechupes (cima); tempo de solidificação (baixo) – vazamento a 700 ºC Sistema de enchimento e sobreespessuras de fundição  Dados os problemas encontrados no primeiro teste e os resultados da simulação numérica, o sistema de enchimento para o segundo teste foi modificado. As modificações foram: secção mínima do canal de descida duplicada; canal de descida convergente; maior bacia de vazamento; duplicação de número de ataques. Para manter a pressão metalostática no sistema de enchimento, a soma da área de secção dos ataques foi igualada à área de secção dos canais de distribuição. O escalonamento deste sistema foi 4; 2; 1 (Fig. 3.31). Fig. 3.31 − Sistema de enchimento e sobreespessuras para maquinagem do segundo teste Cacho em CAD – segundo teste A geometria final do segundo cacho é representada na Fig. 3.32. Fig. 3.32 – Cacho virtual para o segundo teste Impressão da segunda moldação Tendo em consideração a geometria do cacho, a moldação e separação da mesma é representada na Fig. 3.33. Fig. 3.33 − Vista explodida de conjunto – segundo teste Para bem aproveitar as novas aberturas da câmara de água ( REF _Ref240973517  Fig. 3.25), foram introduzidos orifícios no macho da câmara de água (Fig. 3.34 a vermelho) de modo a ser facilitada a extracção de gases. Note-se, na Fig. 3.34, os canais ao longo das condutas de admissão e escape para fácil remoção de gases. Fig. 3.34 − Vistas de corte mostrando respiros de gases Segundo teste de fundição A liga utilizada para este teste foi a mesma que para o anterior. A preparação da liga para a segunda tentativa de fundição apenas difere da primeira nos seguintes parâmetros: Forno de resistências Temperatura: 700±10ºC O material usado para a moldação provou ser resistente o suficiente para dispensar a areia em seu redor e também na cavidade do macho superior. Queria-se ter a maior facilidade possível para extracção de gases para o exterior. Utilizaram-se grampos para abraçar as partes constituintes da cavidade moldante ( REF _Ref245382112  Fig. 3.35). Fig. 3.35 − Segunda moldação com grampos Resultados do segundo vazamento Graças ao novo (e muito eficaz) sistema de enchimento, a velocidade do metal líquido aumentou fazendo com que este se elevasse cerca de 5 cm acima da moldação (Fig. 3.36 a vermelho) e preenchesse a cavidade do macho superior com cerca de 2 cm de alumínio (Fig. 3.37). Fig. 3.36 − Instante seguinte ao segundo vazamento Fig. 3.37 − Vistas de cima do enchimento indevido da cavidade do macho superior Trinta minutos após o vazamento, o cacho foi desmoldado e limpo ( REF _Ref241056353  Fig. 3.38).  Fig. 3.38 − Cacho obtido do segundo vazamento A geometria de swirl apresentou excelente detalhe, como se pode apreciar na Fig. 3.39. Pode-se considerar uma importante (e necessária) evolução no fabrico da cabeça de motor. Fig. 3.39 − Comparação entre o resultado de 2008 b), 2009 a) e c) e o desenho de CAD d) e e) Defeitos encontrados  Os defeitos encontrados no segundo vazamento são mostrados nas Fig. 3.40 e  REF _Ref245481560  Fig. 3.42. Fig. 3.40 – Geometria a obter (cima); Defeitos no segundo vazamento (baixo) A porção de alumínio que preencheu indevidamente a cavidade (Fig. 3.37 e Fig. 3.41) foi a principal origem dos defeitos encontrados.  A parede superior da câmara de água, durante a solidificação da peça, manteve-se quente devido a essa porção de alumínio. Isto levou a que as paredes adjacentes solidificassem primeiro, dando origem aos rechupes encontrados o que se agravou pela produção de gases que não tiveram uma saída eficaz. Ainda devido ao mesmo problema as paredes verticais, que incluem os apoios da árvore de cames, foram gravemente afectadas (redução de espessura e fissuração) também pela grande produção de gases. Fig. 3.41 − Porção de alumínio responsável pelos defeitos encontrados A câmara de combustão e condutas de admissão e escape sofreram distorção devido ao plano de apartação das moldações. Na  REF _Ref245481560  Fig. 3.42 são mostradas as medições A, B, C e D. A diferença de comprimento entre A-B e C-D é de 1x10-3m. Fig. 3.42 − Distorção da câmara de combustão e condutas Houve também um desalinhamento do mesmo plano de apartação, dando origem ao defeito mostrado na  REF _Ref245549425  Fig. 3.43. Fig. 3.43 − Defeito na conduta de admissão Terceiro teste de fundição Terceiro desenho da cabeça de motor Pelos problemas encontrados no segundo teste de fundição, surgiu a necessidade de fazer alterações ao desenho do cacho e moldações. As alterações efectuadas no desenho do cacho estão representadas na  REF _Ref245493875  Fig. 3.44. Assinaladas a negro, estão as nervuras criadas com o intuito de não permitirem a saída do alumínio líquido a grande velocidade como aconteceu no segundo vazamento. Criou-se um orifício (assinalado a verde) para mais fácil remoção do macho após o vazamento e escoamento de gases. Aumentaram-se os apoios dos balanceiros (a azul). Inclinou-se a parede superior da câmara de água (declive a vermelho; A = 5x10-3m) para guiar os gases produzidos até ao plano de apartação entre o macho da câmara de água e o superior ( REF _Ref245495767  Fig. 3.45 assinalado a verde).  Fig. 3.44 − Modificações a cabeça – terceiro teste; vista de corte A moldação foi modificada como mostra a  REF _Ref245495767  Fig. 3.45. Foi criado um deflector para o alumínio líquido ser escoado para fora da moldação e não encher a cavidade do macho superior (assinalado a vermelho). Foram também criados novos furos dentro do macho da câmara de água para permitirem o escoamento de gases do interior deste para fora (a azul). Fig. 3.45 − Moldação em corte − terceiro teste de fundição Por ter havido uma deformação da câmara de combustão e das condutas de admissão e escape no segundo vazamento, modificou-se uma das partes da moldação de modo a ter uma peça inteiriça ( REF _Ref245496471  Fig. 3.46). Embora dificulte a limpeza do pó não-aglomerado, consideramos ser uma medida essencial para o aumento de qualidade do fundido. Fig. 3.46 − Parte da moldação − terceiro teste de fundição O sistema de enchimento e as sobreespessuras foram iguais às do segundo teste. A preparação da liga e moldação foram iguais às do segundo teste. Terceiro vazamento O cacho obtido no terceiro vazamento é mostrado na  REF _Ref245538427  Fig. 3.47. Fig. 3.47 − Cacho obtido no terceiro vazamento Os defeitos encontrados nos apoios da árvore de cames do segundo vazamento não foram encontrados no terceiro, como mostra a  REF _Ref245549558  Fig. 3.48.     Fig. 3.48 − Comparação entre o segundo (esquerda) e o terceiro vazamento (direita) Defeitos encontrados  Os defeitos encontrados, no terceiro vazamento, são mostrados na  REF _Ref245548776  Fig. 3.49. A parede superior foi novamente afectada, com maior intensidade neste vazamento. Embora apresente menos furos, a espessura final desta parede é muito pequena (tornando-a frágil).  Fig. 3.49 − Geometria a obter (cima); Defeitos no terceiro vazamento (baixo) MOTOR ACTUAL Cronologia desta parte do trabalho 01/01/2009 → 07/05/2009 Após desmontar e avaliar a degradação sofrida pelo motor durante as provas e testes no ano anterior, foram aplicados filmes finos a fim de restaurar as peças desgastadas até à sua especificação original. Paralelamente, o novo pistão foi maquinado de modo a elevar a taxa de compressão e optimizar a câmara de combustão. As correcções para a temperatura de motor e do ar admitido foram efectuadas. O trabalho desenvolvido até aqui deu origem à especificação do motor denominada “Miller 21”. Durante a prova alemã foram danificados o pistão, a cabeça de motor e o escape. O escape foi restaurado sem perda de função. Foram maquinados um segundo pistão e uma cabeça de motor, de modo grosseiro, a fim de se poder fazer a única tentativa válida. 15/06/2009 → 29/07/2009 A cambota foi maquinada para reduzir a sua inércia e as molas das válvulas testadas e seleccionadas. O trabalho desenvolvido até aqui deu origem à especificação do motor denominada “UMSpeed”. O motor foi então rodado, testado e optimizado.  No decorrer da prova inglesa foram testadas afinações de motor, embraiagem e estratégias de pilotagem.  Foi feita a caracterização do dinamómetro de inércia e dos principais componentes em movimento no motor e procedemos a novos testes. Daqui tiraram-se os valores de consumo específico apresentados. Descrição do motor antes da modificação Esta parte do trabalho tem como objectivo o aumento de eficiência energética do motor presente no EconomicUM. O motor actual, originalmente de uma scooter Honda®, tem sofrido constantes modificações desde o dia que foi adquirido. Todos os seus componentes foram modificados para lhes reduzir a massa, o atrito e ao aumentar a eficiência do motor no global. Tal como no ano anterior, o motor foi desmontado para averiguar a condição dos componentes. Após completa desmontagem e limpeza, todas peças foram inspeccionadas e medidas para certificarmos de que ainda se encontravam dentro das especificações de funcionamento. O pistão encontrava-se gravemente danificado, com a saia muito riscada, fissurada e diâmetro fora da especificação ( REF _Ref241642943  Fig. 4.1). Fig. 4.1 − Pistão 2008 danificado; fissura assinalada a azul O cilindro apresentou desgaste, principalmente na área de contacto com a saia do pistão e riscos profundos. O seu diâmetro interno não se encontrava de acordo com a especificação ( REF _Ref241644386  Fig. 4.2). Fig. 4.2 − Cilindro 2008 danificado As válvulas também apresentaram desgaste, embora ainda dentro da especificação de fábrica ( REF _Ref241648633  Fig. 4.3). Contudo, a folga entre as válvulas e respectivas guias já não se encontraram dentro do intervalo previsto devido ao desgaste das guias. Fig. 4.3 − Válvulas 2008 As restantes peças do motor encontraram-se dentro das especificações de fábrica. Restauro do motor Preparação de peças para revestimento com filmes finos Foi decidido que se poderia recuperar o cilindro e válvulas com recurso a filmes finos. Estes filmes de baixo coeficiente de atrito são adequados para o efeito. A boa adesão destes filmes às peças e a sua durabilidade depende muito da rugosidade superficial (deve ser tão baixa quanto possível). Todas as peças foram então polidas antes de serem revestidas como é mostrado nas  REF _Ref241649233  Fig. 4.4 e  REF _Ref241649234  Fig. 4.5.     Fig. 4.4 − Preparação do cilindro para revestimento (esquerda); cilindro polido (direita) Apesar de não se terem conseguido retirar completamente todos os riscos (principalmente os mais profundos), o resultado do polimento do cilindro foi considerado aceitável. Fig. 4.5 − Válvulas polidas Usou-se um novo pistão, visto que não foi possível recuperar o anterior dado o seu mau estado. Tal como os componentes anteriores, este foi meticulosamente polido. Note-se, na  REF _Ref241649729  Fig. 4.6, o reflexo das letras na saia do pistão.     Fig. 4.6 − Comparação do acabamento da saia de fábrica (esquerda) e polida (direita) O segmento de óleo, cavilhão e segmento de compressão também foram seleccionados para revestimento ( REF _Ref241649939  Fig. 4.7).      Fig. 4.7 − Componentes novos prontos para revestir Resultados dos revestimentos com filmes finos Todos os componentes ferrosos foram revestidos com DLC e o pistão (de liga de alumínio-silício) foi revestido com Ni-PTFE®. As peças na  REF _Ref242618536  Fig. 4.8 foram revestidas com sucesso, apresentando bom acabamento superficial e dimensões dentro das especificações do motor.         Fig. 4.8 − Peças novas revestidas Como o cilindro apresentava dimensões fora da especificação, os filmes foram depositados com elevada espessura de modo a restaurar as folgas originais ( REF _Ref242619101  Fig. 4.9). Sabendo que a espessura destes filmes é limitada (não se conseguiria diminuir o diâmetro interno do cilindro até ao pretendido), optou-se em aumentar o diâmetro do pistão, também através de filmes finos, para compensar. Foi obtida, com sucesso, a folga desejada entre os dois componentes.     Fig. 4.9 − Pistão e cilindro revestidos Como o cilindro ainda apresentava alguns dos riscos resultantes do desgaste anterior, o revestimento do pistão foi rapidamente desgastado ( REF _Ref245498852  Fig. 4.10). Fig. 4.10 − Riscos na saia do pistão Optimização do motor actual Câmara de combustão de 2008 A geometria da câmara de combustão de 2008 foi estudada de modo a descobrir áreas a melhorar. Para medir com precisão a distância do pistão à cabeça e a espessura da área de squish utilizou-se plasticina. Encheu-se a câmara de combustão deste material, montou-se a cabeça de motor (com a junta respectiva e sem vela) e rodou-se a cambota em ambos os sentidos junto ao PMS. Conseguiu-se assim moldar a plasticina com a forma da câmara de combustão. Com um bisturi, cortou-se a plasticina e efectuaram-se as medições ( REF _Ref242362340  Fig. 4.11).    Fig. 4.11 − Estudo da câmara de combustão de 2008 A principal área de squish é assinalada a vermelho na  REF _Ref242362340  Fig. 4.11. A espessura medida variava entre 0,75 x10-3m e 1,25 x10-3m. Assinalada a branco na mesma figura está a distância entre o pistão e a válvula de escape (cerca de 3 x10-3m). Maquinagem de componentes para obter nova taxa de compressão Para aumentar a taxa de compressão de 17:1 para 21:1 e optimizar a câmara de combustão maquinou-se um pistão, duas válvulas, uma cabeça de motor e um cilindro.    Fig. 4.12 – Comparação entre pistão novo e de 2008 (esquerda); maquinagem do pistão (direita) Com base no pistão de 2008 ( REF _Ref242368098  Fig. 4.12), modificou-se um pistão original a fim de obter uma geometria similar ( REF _Ref242355024  Fig. 4.13 − direita). Seguidamente maquinou-se a superfície inferior do cilindro, por etapas, até obtermos um baixo volume da fenda do primeiro segmento, ao mesmo tempo que se diminuiu o volume da câmara de combustão até ao valor desejado.  O resultado das modificações descritas é o aumento da compacidade, da área de squish e a diminuição do volume de fendas.       Fig. 4.13 − Comparação entre áreas da câmara de combustão no pistão (coloridas) e maior distância da propagação de chama (linhas brancas) O aumento de compacidade foi conseguido através da redução da área de transferência de calor da câmara de combustão em 34,9% (diferença entre a área a vermelho e a verde). A maior distância a percorrer pela frente de chama foi reduzida 2,7% ( REF _Ref242355024  Fig. 4.13 – linhas brancas).  Aumentou-se a área de squish em 99,6% ( REF _Ref242355024  Fig. 4.13 – diferença entre áreas não coloridas). A espessura da área de squish foi modificada (e controlada) durante este processo de modo a obter uma espessura uniforme de 0,3 x10-3m ( REF _Ref242618209  Fig. 4.14).  Fig. 4.14 – Espessura da área de squish final Foi diminuído o volume da fenda do pistão até ao primeiro segmento em 50%, por se ter diminuído a altura dessa fenda (de 1,5x10-3m para 0,75x10-3m;  REF _Ref242618053  Fig. 4.15). Fig. 4.15 − Espessura do volume da fenda até ao primeiro segmento (A) As arestas das válvulas de admissão e escape foram arredondadas de modo a minimizar o volume da fenda nestas zonas ( REF _Ref242365293  Fig. 4.16). Fig. 4.16 − Redução do volume da fenda da válvula; Antes (direita) e depois (esquerda) A distância entre o pistão e a vela foi modificada para 1,5 x10-3m ( REF _Ref245498818  Fig. 4.17). Esta dimensão foi pensada para garantir que o pistão não tocaria na vela e que não iria haver faísca para o pistão. Fig. 4.17 − Distância da vela ao pistão no PMS No decorrer desta maquinagem, percebeu-se que não seria possível aumentar a taxa de compressão para o valor pretendido sem destruir parcialmente a ranhura do primeiro segmento junto à vela. Para contornar esta situação maquinou-se a cabeça de motor para acomodar o pistão nesta zona, conseguindo com sucesso, o incremento de taxa de compressão sem prejudicar a optimização da câmara de combustão pretendida. Cambota e roda dentada de arranque A cambota foi maquinada para obter menor inércia de rotação. Retirou-se material principalmente na zona exterior, visto que o momento de inércia depende do raio de giração.  Fig. 4.18 − Cambota original (esquerda); cambota modificada (direita) A maquinagem foi efectuada num torno de modo a retirar material uniformemente mantendo o equilíbrio original. A roda dentada de arranque também foi muito modificada com o intuito de reduzir a inércia de rotação. Equilibragem de motor O motor foi equilibrado posteriormente às modificações. Por ser um motor monocilíndrico, a equilibragem foi feita com pistão, cavilhão e biela montados. Utilizaram-se duas réguas fio-de-cabelo para o efeito.  Isolamento térmico do motor Durante as tentativas em pista em 2008, o isolamento térmico existente de Rockwool® provou ser insuficiente e pouco prático ( REF _Ref243914602  Fig. 4.19). Este obrigava a iniciar as tentativas a uma temperatura bastante elevada para compensar o facto de o motor arrefecer rapidamente. Também obrigava a uma grande perda de tempo quando era necessário desmontar o motor, tendo ainda o inconveniente de que não podia ser totalmente reaproveitado.   Fig. 4.19 − Isolamento térmico do motor em 2008 Foi então desenvolvido um novo isolamento térmico. Pretendia-se que tivesse as seguintes características: Desmontável Duradouro Bom desempenho térmico Leve Rígido para tapar partes móveis (roda dentada de arranque e embraiagem) Foi escolhido o poliestireno extrudido de alta densidade por apresentar todas as características especificadas. Este material foi cortado, esculpido e colado para formar quatro grandes peças. Visto que a gasolina dissolve este material com relativa facilidade, optou-se por revestir exteriormente o isolamento com folha de alumínio para impermeabilizar contra possíveis derrames ( REF _Ref245921433  Fig. 4.20).     Fig. 4.20 − Aspecto final do novo isolamento térmico Tendo o cuidado de tapar todos os orifícios e planos de apartação das quatro peças do isolamento, foi possível aquecer o motor mais rapidamente que em 2008 e manter o motor numa gama de temperatura constante. Dinamómetro de inércia e sua caracterização Um dinamómetro de inércia consiste simplesmente num conjunto de massas que são obrigadas a rodar pelo motor. O motor pode ser ligado directamente ao dinamómetro ou a(s) roda(s) motriz(es) do veículo pode(m) ser colocada(s) sobre o dinamómetro. Visto que o motor do EconomicUM apenas funciona em regime de aceleração faz todo o sentido usar este tipo de dinamómetro (adaptado MARTINS, 2006). Por razões de ordem prática, coloca-se o EconomicUM sobre o dinamómetro. Sabendo a inércia das massas em movimento, é possível calcular a quantidade de energia que tem de se fornecer a essas massas para fazer variar a sua velocidade. Comparando esta energia com o consumo de combustível, podemos calcular a eficiência do motor. Até ao presente trabalho, todos os cálculos de rendimento haviam utilizado um valor aproximado da inércia de rotação do dinamómetro e não havia sido contabilizada a inércia das peças em movimento no motor. Existia, então, a necessidade de quantificar com maior rigor estas inércias de modo a obter resultados de consumo mais fidedignos. As perdas mecânicas descritas não também haviam sido caracterizadas. Então, para obter valores reais de eficiência e de consumo específico (em dinamómetro de inércia) foi necessário saber: Inércia dos principais componentes: Cambota e biela (rotação); Roda dentada de arranque; Embraiagem Pistão, biela, cavilhão e segmentos (translação) Roda traseira do carro (jante, pneu e cremalheira) Roda do dinamómetro Perdas mecânicas desde o motor até ao dinamómetro: Transmissão (corrente de rolos) Atrito de rolamento e dos rolamentos Perdas mecânicas associadas ao dinamómetro Para as perdas de rendimento pela transmissão (corrente de rolos), considerou-se a equação teórica (HATHAWAY, 2000):  (4.1) em que:  − rendimento total da transmissão  − rendimento máximo de uma corrente de rolos R – relação de transmissão  Inércia das principais peças Cambotas, biela, rodas dentadas de arranque, embraiagem, roda traseira e roda do dinamómetro de inércia foram desenhadas em CAD para determinar o seu peso equivalente ( REF _Ref245566769  Fig. 4.21 e  REF _Ref245463927  Fig. 4.22). As peças reais foram medidas e pesadas de modo a maximizar a precisão do desenho virtual e os resultados daí obtidos. Fig. 4.21 − Cambotas com roda dentada de arranque e embraiagem: 2008 (esquerda); 2009 (direita); 2010 (baixo)  Fig. 4.22 – Da esquerda para direita: biela; roda traseira com cremalheira de transmissão; roda do dinamómetro de inércia em CAD Os resultados de peso equivalente das principais peças em movimento da investigação teórico-prática estão representados na  REF _Ref245580635  Tabela 4.1. Com o recurso a operações de torneamento e fresagem no presente ano, foi possível diminuir o peso e inércia de rotação da cambota e roda dentada de arranque. Retirou-se, no conjunto destes dois componentes, 287,1 g. Como se tratam de peças em rotação, o seu peso equivalente diminuiu 1023,2 g ( REF _Ref245580635  Tabela 4.1). Durante as acelerações, isto equivale a retirar 1310,3 g ao EconomicUM. Tabela 4.1 − Peso equivalente de peças em movimento para testes em dinamómetro de inércia 200820092010Peças (rotação)Inércia (g.m2)Peso equivalente (g)Peças (rotação)Inércia (g.m2)Peso equivalente (g)Peças (rotação)Inércia (g.m2)Peso equivalente (g)Cambota + roda dentada de arranque1,553377,92Cambota + roda dentada de arranque1,082354,70Cambota + roda dentada de arranque0,861871,52Embraiagem0,511104,11Embraiagem0,511104,11Embraiagem0,511104,11Biela (rotação)0,0369,54Biela (rotação)0,0369,54Biela (rotação)0,0369,54Pneu + Jante + Cremalheira transmissão40,20648,36Pneu + Jante + Cremalheira transmissão40,20648,36Pneu + Jante + Cremalheira transmissão40,20648,36Roda de inércia7349,0060509,38Roda de inércia7349,0060509,38Roda de inércia7349,0060509,38Peças (translação)Inércia (g) Peças (translação)Inércia (g) Peças (translação)Inércia (g) Biela + Pistão + Segmentos + Cavilhão (translação)72,7931,22Biela + Pistão + Segmentos + Cavilhão (translação)72,7931,22Biela + Pistão + Segmentos + Cavilhão (translação)72,7931,22 Total65740,53 Total64717,31 Total64234,13 Para as próximas competições, é apresentada uma possível redução de massa da cambota na  REF _Ref245583678  Fig. 4.23. Poderá ser retirado 203 g de massa à cambota e 483,2 g ao peso equivalente ( REF _Ref245580635  Tabela 4.1), dando um total de 686,2 g durante as acelerações.  Esta redução de peso apresenta assimetria (lado embraiagem – lado cremalheira) porque se quis manter intacta a zona de introdução de óleo do lado da embraiagem. Contudo, mantém-se a simetria em torno do eixo de rotação e a equilibragem da peça.   F
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Dissertação de Mestrado - Fabrico de Motor

  • 1. Fabrico de motorPorRodrigo Névoa de Melo Nº 42144Dissertação de Mestrado em Engenharia MecânicaUniversidade do MinhoGuimarães, Novembro de 2009 Fabrico de motor Por Rodrigo Névoa de Melo Nº 42144 Orientador: Professor Doutor Jorge José Gomes Martins Co-orientador: Professor Doutor António Alberto Caetano Monteiro Dissertação de Mestrado em Engenharia Mecânica Universidade do Minho Guimarães, Novembro de 2009 DECLARAÇÃO Nome: Rodrigo Névoa de Melo Endereço electrónico: rodrigonevoademelo@gmail.com Telefone: 919818085 Número do Bilhete de Identidade: 11705280 Título dissertação FABRICO DE MOTOR Orientador(es): Jorge José Gomes Martins António Alberto Caetano Monteiro Ano de conclusão: 2009 Designação do Mestrado ou do Ramo de Conhecimento do Doutoramento: Dissertação de Mestrado em Energia e Fluidos / Tecnologias de Fabrico Declaro que concedo à Universidade do Minho e aos seus agentes uma licença não-exclusiva para arquivar e tornar acessível, nomeadamente através do seu repositório institucional, nas condições abaixo indicadas, a minha dissertação, no todo ou em parte, em suporte digital. Declaro que autorizo a Universidade do Minho a arquivar mais de uma cópia da dissertação e a, sem alterar o seu conteúdo, converter a dissertação entregue, para qualquer formato de ficheiro, meio ou suporte, para efeitos de preservação e acesso. Retenho todos os direitos de autor relativos à dissertação, e o direito de a usar em trabalhos futuros (como artigos ou livros). Concordo que a minha dissertação seja colocada no repositório da Universidade do Minho com o seguinte estatuto: -- Disponibilização imediata do conjunto do trabalho para acesso mundial; Universidade do Minho, 11/12/2009 Assinatura: ________________________________________________ É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE. Universidade do Minho, 11/12/2009 Assinatura: ____________________________________________________ Aos meus pais e ao meu amigo António Vasconcelos Tavares. AGRADECIMENTOS Não poderia deixar de agradecer a todos os que me ajudaram nesta jornada de aprendizagem. Agradeço e dedico esta dissertação, com especial ênfase, às seguintes pessoas: Prof. Doutor Jorge Martins Prof. Doutor António Caetano Monteiro Eng. Hélder Puga Júlio Caldas Pedro Miranda Eng. Eduardo Pereira Prof. Doutor Joaquim Barbosa Vítor Neto Hélder Carneiro Joana Gouveia Agradeço também à empresa J.M.Troféus pela oferta da primeira moldação e apoio nas seguintes. RESUMO Na presente dissertação de mestrado é apresentado o trabalho desenvolvido no fabrico da cabeça de um motor inovador. Após um extenso redesenho da cabeça de motor, utilizaram-se as tecnologias de simulação de fundição, de prototipagem rápida (através de um material para moldações inovador) e de fundição para a obtenção desta peça. Conseguiram-se duas cabeças de motor passíveis de se tornarem funcionais. Um artigo científico com o título “Miniaturized Cylinder Head Production By Rapid Prototyping” foi escrito e publicado num congresso internacional. Também é apresentada a optimização de um motor comercialmente disponível, presente no EconomicUM. Investigou-se o melhoramento da sua câmara de combustão, a redução de atrito e de inércia dos componentes em movimento, e a correcta afinação do tempo de injecção de gasolina e avanço de ignição através da ECU. Investigaram-se ainda outros componentes como a bateria, o isolamento térmico do motor, o comportamento dinâmico das válvulas e a caracterização detalhada do dinamómetro de inércia. Obteve-se uma melhoria da prestação do EconomicUM em competição e um novo recorde para a Universidade do Minho. ABSTRACT Presented in this masters dissertation is the work developed in the production of a cylinder head of an innovative engine. After extensive redesign of the cylinder head, the technologies of casting simulation, rapid prototyping (via an innovative material for 3D printed molds) and casting were used to obtain the part. Two cylinder heads were obtained. A scientific paper entitled “Miniaturized Cylinder Head Production By Rapid Prototyping” was written and published in the proceedings of a international congress. Also presented is the optimization of a commercially available engine present in the EconomicUM. Through the improvement of its combustion chamber, reducing friction and inertia of moving parts, and proper tuning of the gasoline injection pulse and ignition advance. Also investigated were other components such as battery, thermal isolation of the engine, dynamic behavior of the valves and detailed characterization of the inertia dynamometer. Results showed an improvement in the fuel consumption of the EconomicUM in competition, and a new record for the University of Minho. PALAVRAS-CHAVE Projecto de motor Projecto de fundição Prototipagem rápida Impressão tridimensional Simulação numérica de fundição Filmes finos Motor de combustão interna Controlo de motor Ciclo de Miller Eco-maratona Shell KEYWORDS Engine design Casting design Rapid Prototyping 3D printing Casting simulation Thin film Internal combustion engine Engine management Miller cycle Shell Eco-Marathon ÍNDICE TOC 1-3 AGRADECIMENTOS PAGEREF _Toc248555829 vRESUMO PAGEREF _Toc248555830 viABSTRACT PAGEREF _Toc248555831 viiPALAVRAS-CHAVE PAGEREF _Toc248555832 viiiKEYWORDS PAGEREF _Toc248555833 viiiÍNDICE PAGEREF _Toc248555834 ixÍNDICE DE FIGURAS PAGEREF _Toc248555835 xiiiÍNDICE DE TABELAS PAGEREF _Toc248555836 xviiGLOSSÁRIO DE SÍMBOLOS E TERMOS PAGEREF _Toc248555837 xviii1INTRODUÇÃO PAGEREF _Toc248555838 11.1Fabrico de cabeça de motor PAGEREF _Toc248555839 21.1.1Desenvolvimento PAGEREF _Toc248555840 21.1.2Fundição PAGEREF _Toc248555841 31.2Motor actual PAGEREF _Toc248555842 31.3Objectivos PAGEREF _Toc248555843 42FUNDAMENTOS TEÓRICOS PAGEREF _Toc248555844 52.1Tecnologia de fundição PAGEREF _Toc248555845 52.1.1Sistema de enchimento PAGEREF _Toc248555846 52.1.2Solidificação PAGEREF _Toc248555847 62.2Motores de combustão interna PAGEREF _Toc248555848 72.2.1Rendimento de ciclos termodinâmicos PAGEREF _Toc248555849 72.2.2Avanço de ignição PAGEREF _Toc248555850 122.2.3Taxa de compressão PAGEREF _Toc248555851 132.2.4Rácio ar/combustível (RAC) PAGEREF _Toc248555852 142.2.5Turbulência PAGEREF _Toc248555853 162.3Filmes finos PAGEREF _Toc248555854 172.3.1Técnica de Physical Vapor Deposition (PVD) PAGEREF _Toc248555855 172.3.2Revestimentos Diamond-Like Carbon (DLC) PAGEREF _Toc248555856 182.3.3Conjunto pistão, segmentos e camisa PAGEREF _Toc248555857 182.4Análise ao motor em dinamómetro de inércia PAGEREF _Toc248555858 193FABRICO DE CABEÇA DE MOTOR PAGEREF _Toc248555859 213.1Objectivo e contextualização PAGEREF _Toc248555860 213.1.1Organização do trabalho de fabrico PAGEREF _Toc248555861 223.2Análise da tecnologia e tentativas anteriores PAGEREF _Toc248555862 233.2.1Precisão geométrica PAGEREF _Toc248555863 233.2.2Dificuldade de enchimento completo PAGEREF _Toc248555864 243.2.3Remoção do macho interior da câmara de água PAGEREF _Toc248555865 253.2.4Zonas de difícil maquinagem PAGEREF _Toc248555866 263.3Optimização da geometria através de simulação numérica PAGEREF _Toc248555867 263.3.1Sistema de enchimento e sobreespessuras de fundição PAGEREF _Toc248555868 273.3.2Simulação numérica – Primeiro teste PAGEREF _Toc248555869 293.3.3Cacho em CAD – Primeiro teste PAGEREF _Toc248555870 303.4Impressão de moldações PAGEREF _Toc248555871 313.4.1Novo material para moldações PAGEREF _Toc248555872 323.5Primeiro teste de fundição PAGEREF _Toc248555873 323.5.1Primeira impressão PAGEREF _Toc248555874 323.5.2Liga de alumínio A413.0 PAGEREF _Toc248555875 343.5.3Vazamento PAGEREF _Toc248555876 353.5.4Resultado do primeiro vazamento PAGEREF _Toc248555877 363.6Calibração da simulação numérica PAGEREF _Toc248555878 383.7Segundo teste de fundição PAGEREF _Toc248555879 393.7.1Segundo desenho da cabeça de motor PAGEREF _Toc248555880 393.7.2Simulação numérica PAGEREF _Toc248555881 423.7.3Sistema de enchimento e sobreespessuras de fundição PAGEREF _Toc248555882 433.7.4Cacho em CAD – segundo teste PAGEREF _Toc248555883 443.7.5Impressão da segunda moldação PAGEREF _Toc248555884 453.7.6Segundo teste de fundição PAGEREF _Toc248555885 463.7.7Resultados do segundo vazamento PAGEREF _Toc248555886 473.8Terceiro teste de fundição PAGEREF _Toc248555887 513.8.1Terceiro desenho da cabeça de motor PAGEREF _Toc248555888 513.8.2Terceiro vazamento PAGEREF _Toc248555889 534MOTOR ACTUAL PAGEREF _Toc248555890 554.1Cronologia desta parte do trabalho PAGEREF _Toc248555891 554.2Descrição do motor antes da modificação PAGEREF _Toc248555892 564.3Restauro do motor PAGEREF _Toc248555893 574.3.1Preparação de peças para revestimento com filmes finos PAGEREF _Toc248555894 574.3.2Resultados dos revestimentos com filmes finos PAGEREF _Toc248555895 594.4Optimização do motor actual PAGEREF _Toc248555896 604.4.1Câmara de combustão de 2008 PAGEREF _Toc248555897 604.4.2Maquinagem de componentes para obter nova taxa de compressão PAGEREF _Toc248555898 614.4.3Cambota e roda dentada de arranque PAGEREF _Toc248555899 634.4.4Isolamento térmico do motor PAGEREF _Toc248555900 644.5Dinamómetro de inércia e sua caracterização PAGEREF _Toc248555901 654.5.1Inércia das principais peças PAGEREF _Toc248555902 664.5.2Velocidade de rotação do motor PAGEREF _Toc248555903 694.5.3Perdas mecânicas associadas ao dinamómetro PAGEREF _Toc248555904 704.5.4Preparação para testes do motor PAGEREF _Toc248555905 714.6Afinação do motor em dinamómetro de inércia PAGEREF _Toc248555906 734.6.1Correcção do tempo de injecção com a tensão de bateria PAGEREF _Toc248555907 744.6.2Correcção do tempo de injecção com a temperatura do ar admitido PAGEREF _Toc248555908 744.6.3Correcção do tempo de injecção com a temperatura do motor PAGEREF _Toc248555909 754.6.4Ignição PAGEREF _Toc248555910 774.6.5Rácio ar/combustível PAGEREF _Toc248555911 784.6.6Leitura da temperatura do motor PAGEREF _Toc248555912 794.6.7Testes de consumo de combustível em dinamómetro de inércia PAGEREF _Toc248555913 794.6.8Comparação de consumo entre 2008 e 2009 em laboratório PAGEREF _Toc248555914 824.6.9Comparação de consumo entre 2008 e 2009 em pista PAGEREF _Toc248555915 824.7Testes à bateria do EconomicUM PAGEREF _Toc248555916 834.7.1Medição e cálculo energético eléctrico PAGEREF _Toc248555917 835CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO PAGEREF _Toc248555918 875.1Fabrico de Motor PAGEREF _Toc248555919 875.2Motor actual PAGEREF _Toc248555920 875.2.1Em competição PAGEREF _Toc248555921 875.2.2Em laboratório PAGEREF _Toc248555922 875.3Sugestões para trabalho futuro PAGEREF _Toc248555923 886REFERÊNCIAS PAGEREF _Toc248555924 917BIBLIOGRAFIA PAGEREF _Toc248555925 93ANEXO A − HALTECH E6A SPECIFICATIONS PAGEREF _Toc248555926 95ANEXO B – PRIMEIRA MOLDAÇÃO PAGEREF _Toc248555927 99ANEXO C – TERCEIRA MOLDAÇÃO PAGEREF _Toc248555928 105ANEXO D – RESULTADOS DE TESTES PAGEREF _Toc248555929 111ANEXO E – ARTIGO CIENTÍFICO PARA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL PAGEREF _Toc248555930 113ANEXO F – ESPECIFICAÇÕES DO MOTOR ORIGINAL PAGEREF _Toc248555931 125 ÍNDICE DE FIGURAS TOC Fig. Fig. 1.1 − Protótipo para Shell Eco-marathon da Universidade do Minho − EconomicUM PAGEREF _Toc248555932 1 Fig. 1.2 − Modelo em poliestireno expandido obtido por colagem de várias peças maquinadas por CNC (adaptado MONTEIRO et al., 2007) PAGEREF _Toc248555933 2 Fig. 1.3 – Modelo obtido por técnica de prototipagem rápida por camadas (adaptado MONTEIRO et al., 2007) PAGEREF _Toc248555934 3 Fig. 1.4 − Excerto da patente do motor Atkinson PAGEREF _Toc248555935 4 Fig. 2.1 – Exemplo de sistema de enchimento e alimentação (adaptado BARBOSA, 2003) PAGEREF _Toc248555936 5 Fig. 2.2 − Ciclo teórico de Miller PAGEREF _Toc248555937 7 Fig. 2.3 − Diagrama p-V de ciclo de Miller com perdas por bombagem; pressão em escala exponencial PAGEREF _Toc248555938 8 Fig. 2.4 − Diagrama p-V Miller com perdas de carga; admissão a azul PAGEREF _Toc248555939 10 Fig. 2.5 − Diagrama p-Vcc/V comparativo entre ciclos PAGEREF _Toc248555940 11 Fig. 2.6 − Diagrama p-V comparativo entre ciclos PAGEREF _Toc248555941 11 Fig. 2.7 − Pressão vs ângulo de cambota (p-θ) para diferentes avanços de ignição (esquerda); efeito do avanço de ignição no binário (direita). (adaptado HEYWOOD, 1988) PAGEREF _Toc248555942 12 Fig. 2.8 − Diagrama p-θ mostrando as diferentes fases de queima (Stage I, II, III) (adaptado HEYWOOD, 1988) PAGEREF _Toc248555943 13 Fig. 2.9 − Influência do RAC no consumo específico (adaptado MARTYR, 2007) PAGEREF _Toc248555944 14 Fig. 2.10 − Atraso do início de queima em função de percentagem de estequiometria (adaptado MARTYR, 2007) PAGEREF _Toc248555945 15 Fig. 2.11 − Variação da velocidade de chama com a riqueza da mistura (adaptado MARTINS, 2005) PAGEREF _Toc248555946 15 Fig. 2.12 − Diagrama p-θ mostrando dispersão ciclíca para (a) mistura estequiométrica e (b) mistura pobre; (adaptado MARTYR, 2007) PAGEREF _Toc248555947 15 Fig. 2.13 − Influência da velocidade de chama no diagrama p-θ; note-se o começo da combustão (adaptado HEYWOOD, 1988) PAGEREF _Toc248555948 16 Fig. 2.14 − Consumo específico em função de λ; (adaptado MARTINS, 2005) PAGEREF _Toc248555949 16 Fig. 2.15 − Exemplo do fluxo criado pela squish, indicado pela setas; (adaptado HEYWOOD, 1988) PAGEREF _Toc248555950 17 Fig. 2.16 − Resultados laboratoriais de teste pino-no-prato para simulação de mecanismo de desgaste em segmento/camisa. Parâmetros de teste: carga de 8 MPa, temperatura 80 ºC, 6 horas de duração, frequência de 6 Hz e óleo com 1% de fuligem; DLC = Me-C:H (adaptado KYLEFORS, 1998) PAGEREF _Toc248555951 19 Fig. 2.17 − Efeito da rugosidade superficial do substrato na carga crítica (adaptado LARSSON et al., 1996) PAGEREF _Toc248555952 19 Fig. 2.18 - Esquema de biela (adaptado CARVILL, 2003) PAGEREF _Toc248555953 20 Fig. 3.1 − Cabeça de motor com área de squish (a azul) PAGEREF _Toc248555954 21 Fig. 3.2 − Primeiro desenho da cabeça de motor (adaptado KRENOVSKY, 2002) PAGEREF _Toc248555955 22 Fig. 3.3 − Resultado de swirl em FLUENT (adaptado COENE, 2008) PAGEREF _Toc248555956 22 Fig. 3.4 − Geometria de swirl (a cinza), válvula (a vermelho) e assento (a amarelo); (adaptado COENE, 2008) PAGEREF _Toc248555957 22 Fig. 3.5 − Comparação entre o resultado de 2008 a), e o desenho de CAD b) e c) PAGEREF _Toc248555958 24 Fig. 3.6 − Primeira tentativa de 2008 PAGEREF _Toc248555959 24 Fig. 3.7 − Pesagem do segundo teste de fundição de 2008, 527,84 g PAGEREF _Toc248555960 25 Fig. 3.8 − Defeitos de fundição assinalados: Rechupes (com paredes muito finas nas imediações) PAGEREF _Toc248555961 25 Fig. 3.9 − Remoção do macho superior (adaptado LOPES, 2008) PAGEREF _Toc248555962 26 Fig. 3.10 − Representação típica do curso efectuado por broca PAGEREF _Toc248555963 26 Fig. 3.11 − Peças em corte: posição original de fundição (2008, esquerda); posição sugerida com orifício a azul (2009, direita) PAGEREF _Toc248555964 27 Fig. 3.12 − Sistema de enchimento e sobreespessuras para maquinagem do primeiro teste PAGEREF _Toc248555965 28 Fig. 3.13 − Previsões de: rechupes (acima esquerda); tempo de solidificação (acima direita); retenção de ar na moldação (baixo) PAGEREF _Toc248555966 29 Fig. 3.14 – Cacho virtual para o primeiro teste PAGEREF _Toc248555967 30 Fig. 3.15 − Esquema de funcionamento de uma impressora 3D PAGEREF _Toc248555968 31 Fig. 3.16 − Vista explodida do conjunto – primeiro teste PAGEREF _Toc248555969 32 Fig. 3.17 − Macho da câmara de combustão (note-se o excepcional detalhe da impressão) PAGEREF _Toc248555970 33 Fig. 3.18 − Parte da moldação com carapaça e dois meios-machos (esquerda); igual ao anterior mas com macho da câmara de combustão (direita) PAGEREF _Toc248555971 33 Fig. 3.19 − Machos montados (esquerda); Moldação montada (direita) PAGEREF _Toc248555972 33 Fig. 3.20 − Moldação pronta a receber metal líquido PAGEREF _Toc248555973 35 Fig. 3.21 − Instante seguinte ao primeiro vazamento PAGEREF _Toc248555974 35 Fig. 3.22 − Cacho obtido no primeiro teste PAGEREF _Toc248555975 36 Fig. 3.23 − Defeitos de fundição no primeiro teste PAGEREF _Toc248555976 37 Fig. 3.24 − Calibração da simulação numérica PAGEREF _Toc248555977 38 Fig. 3.25 − Vista de baixo comparativa entre primeiro e segundo teste PAGEREF _Toc248555978 39 Fig. 3.26 − Redução de massividades – primeiro teste à direita PAGEREF _Toc248555979 40 Fig. 3.27 – Vistas em corte da câmara de água – segundo teste (cima-esquerda e baixo); primeiro teste (cima-direita) PAGEREF _Toc248555980 40 Fig. 3.28 − Modificação de raio dos cantos − primeiro teste à esquerda PAGEREF _Toc248555981 41 Fig. 3.29 − Abaixamento dos assentos de molas − segundo teste a azul PAGEREF _Toc248555982 41 Fig. 3.30 − Previsões de: rechupes (cima); tempo de solidificação (baixo) – vazamento a 700 ºC PAGEREF _Toc248555983 42 Fig. 3.31 − Sistema de enchimento e sobreespessuras para maquinagem do segundo teste PAGEREF _Toc248555984 43 Fig. 3.32 – Cacho virtual para o segundo teste PAGEREF _Toc248555985 44 Fig. 3.33 − Vista explodida de conjunto – segundo teste PAGEREF _Toc248555986 45 Fig. 3.34 − Vistas de corte mostrando respiros de gases PAGEREF _Toc248555987 45 Fig. 3.35 − Segunda moldação com grampos PAGEREF _Toc248555988 46 Fig. 3.36 − Instante seguinte ao segundo vazamento PAGEREF _Toc248555989 47 Fig. 3.37 − Vistas de cima do enchimento indevido da cavidade do macho superior PAGEREF _Toc248555990 47 Fig. 3.38 − Cacho obtido do segundo vazamento PAGEREF _Toc248555991 48 Fig. 3.39 − Comparação entre o resultado de 2008 b), 2009 a) e c) e o desenho de CAD d) e e) PAGEREF _Toc248555992 48 Fig. 3.40 – Geometria a obter (cima); Defeitos no segundo vazamento (baixo) PAGEREF _Toc248555993 49 Fig. 3.41 − Porção de alumínio responsável pelos defeitos encontrados PAGEREF _Toc248555994 50 Fig. 3.42 − Distorção da câmara de combustão e condutas PAGEREF _Toc248555995 50 Fig. 3.43 − Defeito na conduta de admissão PAGEREF _Toc248555996 50 Fig. 3.44 − Modificações a cabeça – terceiro teste; vista de corte PAGEREF _Toc248555997 51 Fig. 3.45 − Moldação em corte − terceiro teste de fundição PAGEREF _Toc248555998 52 Fig. 3.46 − Parte da moldação − terceiro teste de fundição PAGEREF _Toc248555999 52 Fig. 3.47 − Cacho obtido no terceiro vazamento PAGEREF _Toc248556000 53 Fig. 3.48 − Comparação entre o segundo (esquerda) e o terceiro vazamento (direita) PAGEREF _Toc248556001 53 Fig. 3.49 − Geometria a obter (cima); Defeitos no terceiro vazamento (baixo) PAGEREF _Toc248556002 54 Fig. 4.1 − Pistão 2008 danificado; fissura assinalada a azul PAGEREF _Toc248556003 56 Fig. 4.2 − Cilindro 2008 danificado PAGEREF _Toc248556004 56 Fig. 4.3 − Válvulas 2008 PAGEREF _Toc248556005 57 Fig. 4.4 − Preparação do cilindro para revestimento (esquerda); cilindro polido (direita) PAGEREF _Toc248556006 57 Fig. 4.5 − Válvulas polidas PAGEREF _Toc248556007 58 Fig. 4.6 − Comparação do acabamento da saia de fábrica (esquerda) e polida (direita) PAGEREF _Toc248556008 58 Fig. 4.7 − Componentes novos prontos para revestir PAGEREF _Toc248556009 58 Fig. 4.8 − Peças novas revestidas PAGEREF _Toc248556010 59 Fig. 4.9 − Pistão e cilindro revestidos PAGEREF _Toc248556011 59 Fig. 4.10 − Riscos na saia do pistão PAGEREF _Toc248556012 60 Fig. 4.11 − Estudo da câmara de combustão de 2008 PAGEREF _Toc248556013 60 Fig. 4.12 – Comparação entre pistão novo e de 2008 (esquerda); maquinagem do pistão (direita) PAGEREF _Toc248556014 61 Fig. 4.13 − Comparação entre áreas da câmara de combustão no pistão (coloridas) e maior distância da propagação de chama (linhas brancas) PAGEREF _Toc248556015 61 Fig. 4.14 – Espessura da área de squish final PAGEREF _Toc248556016 62 Fig. 4.15 − Espessura do volume da fenda até ao primeiro segmento (A) PAGEREF _Toc248556017 62 Fig. 4.16 − Redução do volume da fenda da válvula; Antes (direita) e depois (esquerda) PAGEREF _Toc248556018 62 Fig. 4.17 − Distância da vela ao pistão no PMS PAGEREF _Toc248556019 63 Fig. 4.18 − Cambota original (esquerda); cambota modificada (direita) PAGEREF _Toc248556020 63 Fig. 4.19 − Isolamento térmico do motor em 2008 PAGEREF _Toc248556021 64 Fig. 4.20 − Aspecto final do novo isolamento térmico PAGEREF _Toc248556022 65 Fig. 4.21 − Cambotas com roda dentada de arranque e embraiagem: 2008 (esquerda); 2009 (direita); 2010 (baixo) PAGEREF _Toc248556023 67 Fig. 4.22 – Da esquerda para direita: biela; roda traseira com cremalheira de transmissão; roda do dinamómetro de inércia em CAD PAGEREF _Toc248556024 67 Fig. 4.23 – Proposta de redução de massa para cambota 2010 PAGEREF _Toc248556025 69 Fig. 4.24 − Conta-rotações no dinamómetro de inércia PAGEREF _Toc248556026 69 Fig. 4.25 − Potência perdida no dinamómetro de inércia vs velocidade de rotação do motor PAGEREF _Toc248556027 70 Fig. 4.26 − Rodagem com auxilio de motor eléctrico PAGEREF _Toc248556028 71 Fig. 4.27 − Pistão Miller 21 danificado PAGEREF _Toc248556029 72 Fig. 4.28 − Esquema de filmagem de alta velocidade PAGEREF _Toc248556030 72 Fig. 4.29 − Comparação experimental de ângulo de abertura de válvulas com diferentes molas PAGEREF _Toc248556031 73 Fig. 4.30 − Mapa original da correcção do tempo de injecção com a temperatura do ar admitido PAGEREF _Toc248556032 75 Fig. 4.31 − Mapa final de correcção do tempo de injecção com a temperatura do ar admitido PAGEREF _Toc248556033 75 Fig. 4.32 − Mapa original de correcção do tempo de injecção com a temperatura de motor PAGEREF _Toc248556034 76 Fig. 4.33 − Mapa final de correção do tempo de injecção com a temperatura de motor PAGEREF _Toc248556035 76 Fig. 4.34 − Variação do coeficiente de excesso de ar com a temperatura do motor (linha de tendência a preto de 85 a 108 ºC) PAGEREF _Toc248556036 77 Fig. 4.35 – Mapa final do avanço da ignição PAGEREF _Toc248556037 77 Fig. 4.36 − Mapa do tempo de injecção a carga total PAGEREF _Toc248556038 78 Fig. 4.37 − λ em função do regime do motor PAGEREF _Toc248556039 78 Fig. 4.38 − Diferença entre os valores de temperatura do motor lidos pela ECU e visor no volante PAGEREF _Toc248556040 79 Fig. 4.39 − Tempo de injecção em função da velocidade de rotação PAGEREF _Toc248556041 80 Fig. 4.40 – Eficiência volumétrica em função da velocidade de rotação do motor PAGEREF _Toc248556042 81 Fig. 4.41 − Consumo específico em função da velocidade de rotação do motor PAGEREF _Toc248556043 81 Fig. 4.42 − Fluke 43B (esquerda); LEM LA-55P (direita) PAGEREF _Toc248556044 84 Fig. 4.43 − Leitura INRUSH − Pico de intensidade de corrente, 42,1 A PAGEREF _Toc248556045 85 Fig. 4.44 − Leitura SCOPE − Consumo médio de 11,25 A PAGEREF _Toc248556046 85 ÍNDICE DE TABELAS TOC Tabela Tabela 2.1 − Comparação de valores entre os três ciclos PAGEREF _Toc248556047 12 Tabela 3.1 − Composição química típica da liga A413.0 (adaptado DAVIS, 2003) PAGEREF _Toc248556048 34 Tabela 4.1 − Peso equivalente de peças em movimento para testes em dinamómetro de inércia PAGEREF _Toc248556049 68 Tabela 4.2 − Relações de velocidade PAGEREF _Toc248556050 70 Tabela 4.3 − Comparação de consumo de combustível entre 2008 e 2009 (laboratório: 20 km/h → 5915 rpm) PAGEREF _Toc248556051 82 Tabela 4.4 − Comparação de consumo de combustível entre 2008 e 2009 em pista PAGEREF _Toc248556052 83 Tabela 4.5 − Consumo energético eléctrico de componentes na prova inglesa PAGEREF _Toc248556053 86 GLOSSÁRIO DE SÍMBOLOS E TERMOS Aglomerante Material utilizado para manter junto qualquer material que se utilize como material de moldação, bem como para dar e manter a consistência da moldação. AlAlumínio (elemento químico) Alimentador Massa de metal vazado ao mesmo tempo que a peça, com a função de fornecer metal líquido ao fundido durante a solidificação, para eliminar os defeitos provocados pela contracção volumétrica do metal, durante o arrefecimento. APMSAntes do Ponto Morto Superior. Areia Material granular, resultante da desintegração natural ou artificial de rochas ou depósitos minerais. Apresenta-se em partículas com diâmetros normalmente compreendidos entre 0,06 e 2 mm. A/FRácio ar/combustível BBoro (elemento químico) CAD Desenho Assistido por Computador (Computer Aided Design) CachoConjunto formado pelas peças, sistema de gitagem e sistema de enchimento, após vazamento, obtido de uma moldação Consumo específico Quantidade de combustível consumido em grama por kWh de combustível Cacho Conjunto formado pelas peças, sistema de gitagem e sistema de enchimento, após vazamento, obtido de uma moldação. Carapaça Moldação sem caixa, de pequena espessura, para fundição. Colapsibilidade Tendência para o material da moldação se desagregar, por efeito de solicitações mecânicas ou térmicas Compacidade Rácio entre volume e área de superfície DEMUMDepartamento de Engenharia Mecânica da Universidade do Minho Dispersão cíclicaVariação da velocidade de queima entre ciclos de combustão num motor de combustão interna, provocada pela propagação de chama turbulenta Distorção Desvio de forma relativamente à prevista ou pretendida DLCRevestimento à base de carbono com características similares às do diamante, muito duro, resistente ao desgaste e de baixo atrito (Diamond-like Carbon) EconomicUMNome actual do protótipo da Universidade do Minho ECUUnidade de controlo electrónico do motor (Electronic Control Unit) EstequiométricaReacção química onde todos os reagentes são transformados em produto ou produtos finais FundidoPeça obtida por fundição Fluidez (do metal) Aptidão do metal para percorrer os canais de uma moldação e encher a respectiva cavidade. Knock Combustão anormal que produz um ruído característico Liga mãeUma liga, rica em um ou mais elementos de liga, que é adicionada à liga principal a fim de aumentar a concentração de um ou mais elementos de liga. mMassa (g) Macho Elemento colocado no molde para definir uma cavidade ou espaço vazio no fundido final. MBTBinário máximo (Maximum Brake Torque) Moldação Conjunto de elementos, fabricado num material refractário ou numa liga metálica, que, entre outros, contém a cavidade destinada a receber o metal líquido, que após solidificação dá origem a uma peça com a configuração que se pretende. Ni-PTFE®Filme fino de politetrafluoretileno em matriz de níquel (nome comercial) pxPressão (Pa) PPotência (W) PermeabilidadeAptidão de um material de moldação ou de machos, para se deixar atravessar pelos gases e vapores produzidos na operação de vazamento. PVDDeposição física de um revestimento por evaporação (Physical vapor deposition) QPoder calorífico de um combustível (J/kg) RConstante específica de um gás (J/(kg.K)) RACRácio ar/combustível Rockwool®Manta para isolamento térmico composta por lã-de-rocha, papel reforçado com fibras e película de alumínio rpmRotações por minuto SLIFormato de ficheiro CAD para divisão por camadas, de um ficheiro STL SLS Sinterização Selectiva por Laser (Selective Laser Sintering) SiCCarboneto de silício (composto químico) Squish Área em que o pistão se aproxima muito da cabeça de motor, empurrando a mistura para junto da vela com o intuito de criar turbulência e aumentar a compacidade da câmara de combustão. SrEstrôncio (elemento químico) STL Formato de ficheiro CAD para estereolitografia SubstratoPeça a revestir com filme fino Swirl Rotacionalidade da mistura induzida pela conduta de admissão no eixo do cilindro. TDCPonto morto superior (Top Dead Center) TxTemperatura (K) VxVolume (m3) Letras gregas εgRelação de compressão geométrica εretRelação de compressão retida π3,14159 θÂngulo de cambota (º) ηRendimento ρMassa volúmica (kg/m3) ΔDiferença λCoeficiente de excesso de ar () γQuociente entre capacidades caloríficas ou índice adiabático σRelação de expansão () INTRODUÇÃO Com a instabilidade económica mundial e as emissões de gases de efeito de estufa associadas ao consumo de petróleo torna-se necessária uma rápida e radical mudança do modo como se encara o desenho e projecto de automóveis. É, então, preciso investir em tecnologia que permita a construção de automóveis de baixa massa e redução de perdas mecânicas. Estes veículos também deverão ter motores muito eficientes e produzir baixas emissões de gases tóxicos e de efeito de estufa. Sabendo que o petróleo provem essencialmente de fontes não-renováveis, foi criada em 1939 a “Shell Mileage Marathon” depois de uma discussão entre funcionários do laboratório de investigação da Shell Oil Company, sobre qual o veículo poderia percorrer a maior distância com a menor quantidade de combustível. Esta prova deu origem à prova que conhecemos hoje, a Shell Eco-Marathon®. Na Europa, existem actualmente duas competições onde pequenos veículos tentam minimizar o consumo de combustível durante uma certa distância. Estas decorrem em pistas de automobilismo e a velocidade média mínima é de 30 km/h, na prova Shell Eco-marathon Europe, e de 15 milhas/h, na prova Shell Eco-marathon Youth Challenge UK. A Universidade do Minho participa nestas competições desde 2006. O EconomicUM ( REF _Ref245821741 Fig. 1.1) tem tido uma contínua evolução até hoje, fruto do trabalho de alunos e professores. Fig. 1.1 − Protótipo para Shell Eco-marathon da Universidade do Minho − EconomicUM Fabrico de cabeça de motor Na presente dissertação é descrito o processo de evolução e fabrico de uma cabeça de motor para um motor inovador. A cabeça do motor é o seu componente mais importante, na perspectiva da eficiência deste. Desenvolvimento O processo de obtenção da cabeça de motor teve início em trabalhos anteriores efectuados por alunos e professores do DEMUM, através do desenvolvimento de um modelo virtual em CAD a partir do qual foi obtido um protótipo físico, usando processos e equipamentos de manufactura que permitiram a fabricação de sólidos de geometria livre, uma vez que a cabeça de motor tem formas tridimensionais complexas. Tendo a precisão como objectivo, o processo de maquinagem não pode deixar de ser considerado. A maquinagem CNC além de permitir também o uso directo dos dados dos modelos virtuais CAD, permite ainda a utilização no fabrico de uma diversidade elevada de materiais. Dar forma a um componente através de remoção de material impõe limitações à complexidade da geometria a ser produzida ( REF _Ref243994789 Fig. 1.2). Fig. 1.2 − Modelo em poliestireno expandido obtido por colagem de várias peças maquinadas por CNC (adaptado MONTEIRO et al., 2007) As técnicas de prototipagem rápida por camadas apresentaram como vantagem principal a possibilidade de dar forma a componentes geometricamente intrincados por adição de camadas sucessivas de material até que a geometria desejada seja produzida ( REF _Ref243995042 Fig. 1.3). No entanto o desempenho dos materiais utilizados não cumpria os requisitos de funcionamento das peças finais. Fig. 1.3 – Modelo obtido por técnica de prototipagem rápida por camadas (adaptado MONTEIRO et al., 2007) Fundição Peças complexas e intrincadas podem ser obtidas por fundição, ou seja vazando metal fundido numa cavidade com forma negativa do componente a ser produzido. Embora na fundição a precisão obtida em bruto não seja suficiente para a maioria das aplicações técnicas, a maquinagem correctiva subsequente para acabamento das superfícies funcionais permite conferir aos componentes as características geométricas necessárias e tornar a tecnologia adequada. Faltará então produzir as moldações e os machos necessários para materializar a cavidade moldante através de prototipagem rápida. Com a integração das técnicas acima referidas, dois alunos tentaram a conversão do modelo CAD em componente fundido. Embora sem sucesso, o conhecimento adquirido com estas tentativas de fundição mostrou-se essencial para a obtenção da peça sem defeitos. Motor actual O motor, de combustão interna a gasolina, que propulsiona o EconomicUM (de 50 cm3 e que originalmente equipava uma scooter a 4 tempos) tem vindo a ser adaptado e melhorado no DEMUM de modo a ter o máximo de rendimento (mínimo consumo). Este motor funciona segundo o ciclo de Miller, um tipo de ciclo que tem vindo a ser desenvolvido no Laboratório de Motores do DEMUM. O ciclo de Miller é uma adaptação moderna do ciclo de Atkinson e tem um rácio de expansão maior que o rácio de compressão. O que difere os dois ciclos é a forma como se obtém o ciclo num motor. Para um motor a operar no ciclo de Atkinson, é necessário um sistema complexo (em vez do vulgar mecanismo biela-manivela) que permita a diferença entre os rácios referidos ( REF _Ref246062651 Fig. 1.4). Num motor a operar no ciclo de Miller, impede-se que parte da mistura seja retida dentro do motor (através do fecho de válvula de admissão atrasado ou adiantado) para obter a mesma diferença entre os rácios, utilizando o comum mecanismo biela-manivela (adaptado RAJPUT, 2005). Fig. 1.4 − Excerto da patente do motor Atkinson Ao longo dos trabalhos anteriores os vários componentes do motor actual sofreram reduções de peso, tendo mesmo alguns destes sido trocados por outros e refeitos à medida, como por exemplo: caso do tensor da corrente de distribuição, balanceiros, cambota, pistão entre outros. Nenhum componente deste motor está como o original. O controlo do motor é feito electronicamente, transmitindo a sua potência à roda traseira (a única roda motriz), através de uma corrente de rolos de baixo atrito. Objectivos Esta dissertação de mestrado teve como principais objectivos: Fabrico de cabeça de motor original Através de técnicas de prototipagem rápida e posterior fundição. Aumento do desempenho do EconomicUM em competição Através do aumento de eficiência do motor presente recorrendo ao aumento da taxa de compressão, da optimização geométrica da câmara de combustão, diminuição da inércia e do controlo electrónico do motor. FUNDAMENTOS TEÓRICOS Tecnologia de fundição Sistema de enchimento O desenho do sistema de enchimento ( REF _Ref245820407 Fig. 2.1) é habitualmente feito por analogia com sistemas já aplicados a peças de geometria idêntica. O seu dimensionamento é efectuado a partir de um conjunto de regras que é necessário respeitar, de modo a que o sistema cumpra os requisitos que lhe são exigidos, ou seja: Garantir o total enchimento da cavidade moldante antes da liga metálica começar a solidificar; Garantir um escoamento não turbulento do metal líquido, de forma a evitar a incorporação de ar no metal e a sua oxidação; Promover uma distribuição uniforme de temperatura por todas as zonas da cavidade, para que o arrefecimento se processe o mais uniformemente possível; Diminuir a probabilidade de ocorrência de fenómenos de erosão nas paredes da moldação; Funcionar como sistema de retenção de partículas não metálicas disseminadas no banho líquido. Fig. 2.1 – Exemplo de sistema de enchimento e alimentação (adaptado BARBOSA, 2003) Solidificação O arrefecimento de um metal, da temperatura de fusão até à temperatura ambiente é habitualmente acompanhado por uma significativa redução de volume, designada por contracção. Esta contracção ocorre em três estágios diferentes: contracção no estado líquido, contracção de solidificação e contracção no estado sólido. A contracção de solidificação (contracção que se verifica na mudança do estado líquido para o estado sólido) é a mais difícil de controlar e a de maior amplitude, sendo considerada por isso de maior relevância. As principais consequências da contracção volumétrica durante a solidificação e o arrefecimento são: o fundido ficar com dimensões inferiores às da cavidade da moldação; o aparecimento de cavidades (e/ou fissuras) internas, ou com ligação ao exterior, de dimensões variáveis, agrupadas ou disseminadas pelo fundido. Estas consequências dependem do tipo de metal ou liga metálica, das condições de arrefecimento e do tipo de moldação. Os defeitos referidos têm origem em diferentes fases do processo de solidificação. A contracção no estado sólido é responsável pelas dimensões finais das peças, podendo ainda ser responsável por possíveis fissuras que surjam nas mesmas. A contracção verificada na mudança de estado é responsável por defeitos de solidificação, como cavidades internas ou cavidades com ligação ao exterior, de dimensões consideráveis e que habitualmente se designam por rechupes. Saliente-se que estas cavidades não devem ser confundidas com porosidades (que habitualmente são de muito pequena dimensão, ainda que visíveis a olho nu) normalmente causadas por gases dissolvidos no metal, ou apenas por inclusões não metálicas, como grãos de areia, escória ou partículas de material refractário. No caso concreto da liga de alumínio-silício utilizada neste trabalho (liga A413.0), a solidificação deverá avançar desde a periferia para o centro da peça, em camadas bem definidas, paralelas às paredes da moldação, existindo em qualquer momento uma fronteira líquido/sólido bem definida. Este tipo de solidificação designa-se por solidificação em camada fina. Motores de combustão interna Rendimento de ciclos termodinâmicos O ciclo de Miller proporciona um maior rendimento do motor (quando comparado ao ciclo de Otto) por aproveitar uma maior parte da entalpia dos gases presentes no cilindro. O trabalho extra que é aproveitado está representado na REF _Ref245908269 Fig. 2.2 pela zona a cinzento. O ciclo de Otto é representado por 1-2-3-4’-1 (adaptado MARTINS, 2006). Fig. 2.2 − Ciclo teórico de Miller Pela primeira lei da termodinâmica temos: Wciclo + Qciclo = ΔU = 0 (2.1) A segunda lei da termodinâmica diz que para se produzir trabalho tem de haver troca de calor entre duas fontes térmicas, não sendo possível transformar todo o calor da fonte quente em trabalho. O rendimento de uma máquina térmica que funciona reversivelmente entre uma fonte quente (Tf) e outra fria (Tq) será: ( STYLEREF 1 2. SEQ Equação ARABIC 1 2) Rendimento do ciclo Otto: (2.3) Rendimento do ciclo de Miller com εg fixa (MARTINS, 2006): ( STYLEREF 1 2. SEQ Equação ARABIC 1 4) Considerando: (2.5) (B é constante supondo que a mistura é estequiométrica) Para podermos desprezar as perdas de bombagem na admissão, o volume de mistura terá que entrar no cilindro ao mesmo tempo que a sua capacidade aumenta (mantendo a pressão atmosférica). Quando isto não acontece, temos que considerar estas perdas. Fig. 2.3 − Diagrama p-V de ciclo de Miller com perdas por bombagem; pressão em escala exponencial Consideremos que: Trabalho positivo: 9-2-3-4-9 Trabalho negativo (bombagem): 5-6-7-0-9-5 Como a área 9-1-5-9 pertence ao trabalho negativo e positivo, anula-se, pelo que não é considerada. Temos então: ( STYLEREF 1 2. SEQ Equação ARABIC 1 6) ( STYLEREF 1 2. SEQ Equação ARABIC 1 7) ( STYLEREF 1 2. SEQ Equação ARABIC 1 8) ( STYLEREF 1 2. SEQ Equação ARABIC 1 9) ( STYLEREF 1 2. SEQ Equação ARABIC 1 10) A taxa de compressão máxima num motor de combustão interna, de ignição comandada, ronda os 12:1 (sendo gasolina o combustível). Esta limitação deve-se ao facto de que, a partir desta taxa de compressão, a ocorrência de knock é muito provável (MARTINS, 2006). Considerando uma eficiência volumétrica de 100% (desprezam-se as perdas de carga no ciclo de Otto), tem-se uma relação de compressão retida de 12:1. Neste trabalho, considera-se que o knock resulta apenas da temperatura e da pressão no final da compressão. Pretendeu-se obter, para o ciclo de Miller, a mesma temperatura e pressão do ciclo de Otto. A taxa de compressão do motor, em 2008, era de 17:1. Dos testes efectuados ao motor em 2007 e 2008, obteve-se uma eficiência volumétrica máxima de 57%. Utilizou-se este valor para ser conservador no cálculo de taxa de compressão a atingir na nova especificação. Na análise teórica de ciclos termodinâmicos, podemos desprezar as perdas de bombagem na admissão se o volume de mistura entrar no cilindro ao mesmo tempo que o volume deste aumenta (mantendo a pressão atmosférica). No caso do motor actual isso corresponderia à válvula de admissão fechar aos 97,75º APMS ( REF _Ref245918979 Fig. 2.4). Sabendo que, neste motor, a válvula de admissão fecha aos 120º APMS, não se podem desprezar as perdas de carga. Então considera-se que toda a admissão é feita a pressão inferior à atmosférica ( REF _Ref245918979 Fig. 2.4). Fig. 2.4 − Diagrama p-V Miller com perdas de carga; admissão a azul Calculou-se a relação de compressão geométrica a obter para a mesma relação de compressão retida no ciclo do presente motor, a partir da relação de compressão retida do ciclo de Otto: (2.11) em que: − relação de compressão geométrica a obter para ciclo de Miller pretendido − relação de compressão retida do ciclo de Otto − eficiência volumétrica Comparação entre os três ciclos Nas REF _Ref245929508 Fig. 2.5 e REF _Ref245929517 Fig. 2.6 estão representados diagramas para comparação dos ciclos. Utilizou-se o valor de 1,3 para o índice adiabático em todos os cálculos e diagramas apresentado porque se considerou o calor absorvido pela vaporização do combustível e as perdas de calor para a cabeça e as paredes do cilindro (adaptado HEYWOOD, 1988). Fig. 2.5 − Diagrama p-Vcc/V comparativo entre ciclos Fig. 2.6 − Diagrama p-V comparativo entre ciclos Usando as equações 2.3 a 2.5 (desprezando perdas de carga) obtemos: Considerando as perdas de carga e utilizando as equações 2.6 a 2.10 para os ciclos de Miller temos: Tabela 2.1 − Comparação de valores entre os três ciclos OttoMiller 2008Miller 21Taxa de compressão121721,053Eficiência volumétrica100%57%57%Volume da câmara de combustão 4,49 x10-6m33,09 x10-6m32,46 x10-6m3Relação de compressão retida129,6912Rendimento teórico52,55%56,57%59,22%Rendimento teórico com perdas de bombagem52,55%53,13%55,71% Avanço de ignição A combustão começa antes do final da compressão (após a ignição) e acaba pouco depois do pico de pressão no cilindro ocorrer ( REF _Ref241398106 Fig. 2.7). Fig. 2.7 − Pressão vs ângulo de cambota (p-θ) para diferentes avanços de ignição (esquerda); efeito do avanço de ignição no binário (direita). (adaptado HEYWOOD, 1988) Existe, para as condições de funcionamento do motor em dado momento, um avanço óptimo para o binário máximo, dando a mais rápida aceleração. Este avanço é o mesmo para a máxima eficiência. Se a combustão começar cedo demais a pressão dentro do cilindro fará com que o trabalho de compressão realizado pelo pistão seja demasiadamente grande, fazendo baixar o rendimento. Se a combustão começar tarde demais o pico de pressão no cilindro será diminuído assim como o trabalho de expansão. Também serão maiores as perdas de calor para as paredes devido à maior temperatura dos gases durante a expansão. Como o avanço de ignição é estabelecido para o ciclo médio, o aumento da dispersão cíclica faz aumentar as perdas de pressão média nos ciclos mais afastados da média devido ao avanço não optimizado para esses ciclos. Taxa de compressão A taxa de compressão influência directamente no rendimento de um motor, como se pode constatar nas equações 2.3 e 2.4 (maior taxa de compressão → maior rendimento). O aumento da taxa de compressão produz outros efeitos benéficos, na busca do máximo rendimento, descritos seguidamente. Quanto maior for a taxa de compressão maior será a pressão e a temperatura no momento de ignição, o que facilita as reacções químicas entre ar e combustível. Em consequência disso diminui-se a duração da primeira fase de queima ( REF _Ref241323840 Fig. 2.8 − Stage I). Fig. 2.8 − Diagrama p-θ mostrando as diferentes fases de queima (Stage I, II, III) (adaptado HEYWOOD, 1988) Ao diminuir o volume da câmara de combustão (para aumentar a taxa de compressão) também se diminui o volume dos gases residuais do ciclo anterior na câmara de combustão. O aumento de taxa de compressão diminui a dispersão cíclica, porque aumenta a densidade de mistura, o que é importante principalmente junto da vela para aumentar a probabilidade de boa ignição. Rácio ar/combustível (RAC) A base teórica para entender a influência do RAC no consumo específico está representada na REF _Ref241398606 Fig. 2.9. Fig. 2.9 − Influência do RAC no consumo específico (adaptado MARTYR, 2007) Misturas ligeramente ricas Devido à dissociação a temperatura elevada seguida da combustão, existe oxigénio nos gases queimados (considerando mistura estequiómetrica). Isto permite que combustível extra seja adicionado à mistura e parcialmente queimado. Consequentemente existe um aumento de temperatura e número de moles de gases queimados no cilindro. Estes efeitos conjugados dão origem a um aumento de pressão, o que leva a um aumento de potência. Contudo a eficiência do ciclo diminui. Isto porque o combustivel adicional é apenas queimado parcialmente e toda a expansão é feita a maior temperatura (aumentando as perdas por calor e pelo escape). Misturas pobres Teoricamente a eficiência aumenta linearmente com o aumento do RAC. Misturas pobres queimam a menor temperatura (menores perdas por calor) e menor dissociação das moléculas de CO2 e H2O. Assim, a fracção de energia libertada perto do PMS é maior. Consequentemente, uma maior quantidade de energia será aproveitada para trabalho e a porção de energia rejeitada no escape será menor (devido à menor pressão no final da expansão). Na prática, a dispersão cíclica e o tempo de combustão aumentam com o aumento do RAC, fazendo com que a eficiência diminua em misturas muito pobres. Mesmo na ausência de dispersão cíclica, a diminuição da eficiência é directamente proporcional ao aumento do tempo de combustão (quanto maior o rácio, maior o tempo de combustão; REF _Ref246106207 Fig. 2.10 e REF _Ref245128317 Fig. 2.11). Fig. 2.10 − Atraso do início de queima em função de percentagem de estequiometria (adaptado MARTYR, 2007)Fig. 2.11 − Variação da velocidade de chama com a riqueza da mistura (adaptado MARTINS, 2005) A dispersão cíclica também aumenta com o aumento do RAC devido à menor probabilidade de boa ignição originada por pontos excessivamente pobres junto aos eléctrodos da(s) vela(s) ( REF _Ref241400737 Fig. 2.12). Fig. 2.12 − Diagrama p-θ mostrando dispersão ciclíca para (a) mistura estequiométrica e (b) mistura pobre; (adaptado MARTYR, 2007) Turbulência A velocidade de chama de uma mistura ar-combustível estacionária é muito baixa, o que provoca grandes perdas por calor e a redução pico de pressão máximo (afastando do ciclo teórico de maior rendimento). Existe grande interesse em elevar consideravelmente a turbulência dentro da câmara de combustão para obter uma combustão quase instantânea e aumentar o rendimento ( REF _Ref241740602 Fig. 2.13). Fig. 2.13 − Influência da velocidade de chama no diagrama p-θ; note-se o começo da combustão (adaptado HEYWOOD, 1988) A velocidade de chama em misturas pobres é relativamente baixa. Contudo, com turbulência e taxa de compressão elevadas, é possível obter uma velocidade de chama maior do que a que é obtida num motor convencional. O aumento de compacidade (quando acompanhada de elevada taxa de compressão) dá origem a uma diminuição do consumo específico (Fig. 2.14) Fig. 2.14 − Consumo específico em função de λ; (adaptado MARTINS, 2005) Uma maneira de aumentar eficazmente a turbulência, num motor de combustão interna, é a utilização de uma zona de squish. Squish Squish é a área em que o pistão se aproxima muito da cabeça de motor, empurrando a mistura para junto da vela com o intuito de criar turbulência e aumentar a compacidade da câmara de combustão ( REF _Ref241740619 Fig. 2.15). A velocidade dos gases empurrados para fora desta área (consequentemente turbulência criada) depende da carga, velocidade do pistão, distância do pistão à cabeça, taxa de compressão, largura da área de squish e distância do pistão à cabeça no final da admissão (adaptado HEYWOOD, 1988). Fig. 2.15 − Exemplo do fluxo criado pela squish, indicado pela setas; (adaptado HEYWOOD, 1988) Filmes finos Técnica de Physical Vapor Deposition (PVD) O processo de PVD pode ser hoje executado a temperaturas bem abaixo dos 250 ºC. Tal facto permite revestir a maior parte dos substratos de aço, sem influir na microestrutura ou nas propriedades mecânicas (HEDENQVIST et al., 1994). A maior parte dos componentes dos motores são em aço tratado termicamente e, assim, muito sensíveis à temperatura. Um processo acima dos 200ºC pode levar a uma redução significativa da dureza e também a modificações dimensionais. O grande potencial dos componentes revestidos, principalmente na indústria automóvel, levou ao desenvolvimento de revestimentos PVD de baixo atrito para motores. Tipicamente, estas aplicações necessitam de um revestimento resistente ao desgaste, mas não necessariamente de um revestimento muito duro. Num motor, o nível de desgaste tem de ser baixo, entre quaisquer duas peças em contacto, para conservar as tolerâncias. Um revestimento por PVD que provou ser próspero é o DLC. Revestimentos Diamond-Like Carbon (DLC) Os revestimentos de DLC consistem basicamente numa mistura de diamante com grafite. As quantidades relativas destes dois componentes determinarão a maior parte das propriedades do revestimento. As propriedades mecânicas e tribológicas dos revestimentos DLC têm vindo a ser estudadas durante aproximadamente 30 anos. Os revestimentos DLC têm várias propriedades interessantes, como por exemplo: excelente adesão ao aço; inércia química elevada e baixo atrito em combinação com alta resistência ao desgaste. Estas características fazem do DLC uma escolha muito interessante para inúmeras aplicações em engenharia mecânica. Além do mais, a dureza do revestimento pode ser escolhida (varia desde aproximadamente de 500 a 2500 HV) para produzir um revestimento de uma única combinação para uma rodagem excelente e um baixo coeficiente de atrito, aplicável na maior parte dos materiais de engenharia. Estas propriedades deste tipo de revestimentos são especialmente ajustadas para diferentes aplicações em motores. Conjunto pistão, segmentos e camisa O conjunto formado por pistão, segmentos e camisa desempenha um papel central no trabalho de redução das perdas de compressão, o que resulta directamente na manutenção dos níveis de eficiência e emissões. Os problemas levantados pelo desgaste levaram várias companhias automóveis a testar novos conceitos de camisa/segmento. Aplicando um revestimento PVD resistente e de baixo atrito, os problemas acima mencionados podem ser solucionados. Testes de laboratório mostraram que revestimentos PVD nos segmentos superam todas as soluções existentes, especialmente no desgaste na camisa (Fig. 2.16). Também se concluiu que a repetibilidade do desempenho do revestimento PVD é excelente (KYLEFORS et al., 1998). Fig. 2.16 − Resultados laboratoriais de teste pino-no-prato para simulação de mecanismo de desgaste em segmento/camisa. Parâmetros de teste: carga de 8 MPa, temperatura 80 ºC, 6 horas de duração, frequência de 6 Hz e óleo com 1% de fuligem; DLC = Me-C:H (adaptado KYLEFORS, 1998) Para obter um bom revestimento, a peça terá que sofrer um pré-tratamento de redução de rugosidade superficial para melhorar a adesão do filme ( REF _Ref243999912 Fig. 2.17). Fig. 2.17 − Efeito da rugosidade superficial do substrato na carga crítica (adaptado LARSSON et al., 1996) Uma combinação optimizada de substrato, a sua preparação superficial, o seu revestimento e a lubrificação podem, na maior parte de aplicações, melhorar dramaticamente o desempenho de um sistema tribológico. Análise ao motor em dinamómetro de inércia Para calcular com rigor a eficiência do motor, é necessário averiguar as perdas energéticas por parte do dinamómetro de inércia. Para isso foram usadas as seguintes equações: (2.12) (Potência dada ao dinamómetro de inércia) (2.13) (Potência perdida no dinamómetro de inércia) (2.14) (2.15) Fig. 2.18 - Esquema de biela (adaptado CARVILL, 2003) Peso equivalente da biela: (Parte em translação) (2.16) (Parte em rotação) (2.17) (2.18) Peso equivalente do conjunto roda traseira: (2.19) Peso equivalente do conjunto cambota: (2.20) em que: − Peso equivalente do conjunto ou componente x I – momento de inércia de rotação R – relação de transmissão S – curso da cambota r – raio da roda traseira mc – massa da biela m1 – massa efectiva da biela em translação m2 – massa efectiva da biela em rotação FABRICO DE CABEÇA DE MOTOR Objectivo e contextualização Esta parte da dissertação tem como objectivo o fabrico de uma cabeça de motor. Esta cabeça de motor deverá ter algumas características específicas distintivas tais como: duas velas de ignição (numa câmara de combustão); indução de escoamento rotacional turbulento pela conduta de admissão (swirl); câmara de combustão hemisférica; área de squish ( REF _Ref246073159 Fig. 3.1) e uma câmara de água. A câmara de água (no interior da cabeça de motor) tem uma razão para existir diferente da habitual: como durante a competição o motor será desligado por longos períodos (15 segundos de funcionamento para 2 a 5 minutos desligado), é muito importante que a temperatura permaneça sem grandes alterações durante esse período. Obviamente, o exterior da cabeça será convenientemente isolado. Adicionalmente, durante o ensaio em dinamómetro, haverá circulação de água na mesma câmara de modo a manter-se constante a temperatura da cabeça (arrefecimento) durante o funcionamento contínuo, necessário para os testes de desenvolvimento. Fig. 3.1 − Cabeça de motor com área de squish (a azul) Como já referido, o desenvolvimento da cabeça de motor teve início em trabalhos anteriores efectuados por alunos e professores do DEMUM, através do aperfeiçoamento do modelo virtual (CAD). Gostaríamos de destacar David Krenovsky, que desenhou a primeira versão do modelo virtual em 2002 ( REF _Ref245926881 Fig. 3.2). Em 2003, Benjamin Tiercelin introduziu a câmara de água (entre outras modificações). Em 2007, Stijn Coene fez um estudo aprofundado em CFD sobre o efeito de swirl do canal de admissão ( REF _Ref245926865 Fig. 3.3 e 3.4). Em 2008, Pedro Lopes fez as tentativas de fundição descritas no subcapítulo 3.2. Fig. 3.2 − Primeiro desenho da cabeça de motor (adaptado KRENOVSKY, 2002)Fig. 3.3 − Resultado de swirl em FLUENT (adaptado COENE, 2008) Fig. 3.4 − Geometria de swirl (a cinza), válvula (a vermelho) e assento (a amarelo); (adaptado COENE, 2008) Organização do trabalho de fabrico Feita a análise das anteriores tentativas para investigação de problemas e simulação numérica, procedeu-se à primeira impressão da moldação com base na geometria anteriormente utilizada (com ligeiras alterações). Este primeiro teste foi feito para estudar o novo material para moldações (suas propriedades e comportamento) e calibração da simulação numérica com base na peça obtida. Paralelamente, foi efectuado o redesenho da cabeça de motor de modo a solucionar todos os problemas encontrados. Deste modo, com a calibração feita e novo desenho foi possível tirar resultados mais fidedignos a partir da simulação para o segundo teste de fundição. Como foram detectados alguns defeitos no segundo teste de fundição, um terceiro teste foi efectuado com base num redesenho da peça com pequenas alterações. Análise da tecnologia e tentativas anteriores As tentativas anteriores de fabrico da cabeça de motor foram estudadas de modo a reconhecer potenciais melhorias necessárias para a obtenção de uma peça nas condições desejadas. Os problemas encontrados foram: Precisão geométrica Dificuldade de enchimento completo Remoção do macho interior da câmara de água Zonas de difícil acesso para maquinagem Precisão geométrica A precisão geométrica, no nosso caso, é de grande importância devido ao elevado detalhe da geometria de swirl na conduta de admissão Fig. 3.5 b) e c). Esta deve ser obtida directamente da fundição, sem necessidade de maquinagem correctiva. Embora a precisão apresentada pelo fabricante da impressora SLS utilizada no Centro de Formação Profissional da Indústria de Fundição (CINFU, Porto) seja muito boa, o resultado após o processo de impressão, limpeza, cura e finalmente fundição não apresentou o nível de detalhe desejado para a geometria de swirl (Fig. 3.5). Fig. 3.5 − Comparação entre o resultado de 2008 a), e o desenho de CAD b) e c) Dificuldade de enchimento completo A posição em que se tentou fundir a peça (câmara de combustão voltada para cima) revelou-se um erro nas tentativas do ano anterior, visto que as finas paredes em torno da cavidade para a árvore de cames permitiram uma excessiva transferência de calor, impossibilitando o enchimento total (Fig. 3.6). Fig. 3.6 − Primeira tentativa de 2008 Foi então tentado o aumento de espessura destas paredes para possibilitar (sem sucesso) o total enchimento da peça. Com o aumento de espessura destas paredes resultou o aumento de massa da peça, factor importante num veículo de baixo consumo onde a massa desempenha um papel crucial (Fig. 3.7). A peça apresentou defeitos graves em redor da câmara de combustão, impossibilitando o seu uso (Fig. 3.8). Fig. 3.7 − Pesagem do segundo teste de fundição de 2008, 527,84 g Fig. 3.8 − Defeitos de fundição assinalados: Rechupes (com paredes muito finas nas imediações) Remoção do macho interior da câmara de água Com a geometria das tentativas anteriores, todo o macho interior da câmara de água tinha de ser retirado através de dois pequenos orifícios em cantos opostos da mesma. Esta constrição geométrica, associada com a elevada dureza do macho após fundição apenas removível por maquinagem (Fig. 3.9) ou temperaturas superiores a 400ºC, tornam a remoção deste macho numa operação de grande dificuldade. Embora possível, foi rejeitada a remoção da areia através da temperatura elevada por ser potencial fonte de distorção geométrica inaceitável, dada a grande disparidade de coeficientes de expansão térmica entre a liga de alumínio e a areia. Fig. 3.9 − Remoção do macho superior (adaptado LOPES, 2008) Zonas de difícil maquinagem Com a anterior geometria parcialmente representada na Fig. 3.10, podemos ver que, do lado da admissão, a zona de maquinagem da guia de válvula é de difícil acesso. Fig. 3.10 − Representação típica do curso efectuado por broca Optimização da geometria através de simulação numérica Foram simuladas diversas condições de fundição para obter um resultado optimizado em software a fim de se ter um bom ponto de partida teórico para a obtenção da peça na prática. Foi usado o programa Nova Flow & Solid® para o efeito. Os parâmetros variados na simulação foram: Temperatura de vazamento Temperatura da moldação Alterações geométricas na peça A optimização começou com a introdução das alterações sugeridas no ano anterior: inversão da posição de vazamento (câmara de combustão voltada para baixo) e criação de um orifício na parede superior da câmara de água para extracção de gases e melhor apoio entre os machos interiores (Fig. 3.11). Posteriormente foram testadas pequenas alterações no desenho de CAD de modo a obter uma simulação que não apresentasse defeitos significativos. Assim foi possível apreciar e discutir os defeitos obtidos no fundido, comparar com a simulação numérica e calibrar o software. Fig. 3.11 − Peças em corte: posição original de fundição (2008, esquerda); posição sugerida com orifício a azul (2009, direita) Sistema de enchimento e sobreespessuras de fundição O sistema de enchimento usado no primeiro teste teve por base o sistema de 2008. Para minimizar a turbulência do metal líquido, o canal de descida passou de secção redonda para quadrada, mantendo-se a mesma área de secção. O escalonamento deste sistema foi 1 ; 1 ; 1 (Fig. 3.12 à direita). Não é possível, usando esta tecnologia, garantir o acabamento superficial necessário para os diversos planos de apartação, garantindo a estanquicidade e precisão de posicionamento dos componentes adjacentes à cabeça de motor. É então necessária a introdução de sobreespessuras nestas superfícies, para posterior maquinagem, de modo a ter a precisão desejada. Fig. 3.12 − Sistema de enchimento e sobreespessuras para maquinagem do primeiro teste Na REF _Ref245124598 Fig. 3.12 estão representadas as zonas com sobreespessura e sistema de enchimento e alimentação onde se podem ver: Furos para apartação dos colectores e conjunto cabeça-bloco (vermelho) Furos para admissão de água (azul claro) Rectificação para a obtenção da superfície de apartação entre cabeça e bloco (azul escuro) Rectificação para a obtenção dos apoios da árvore de cames (verde claro) Furos para as guias das válvulas (verde escuro) Furos para as velas (amarelo) Furos para tampa da câmara superior e apoios dos balanceiros (laranja) Sistema de enchimento e alimentação (cinza) Simulação numérica – Primeiro teste Deste primeiro conjunto de simulações, obtiveram-se os resultados representados na Fig. 3.13. Nesta previsão de rechupes é possível observar a quase total ausência destes. Contudo a previsão do tempo de solidificação alertou para o facto de que existia uma grande quantidade de pontos quentes em torno da câmara de água, juntos às massividades dos apoios de parafusos e às ligações dos colectores (toda a região azul escura). Quanto à previsão de retenção de ar na moldação, todos sítios apontados pela simulação tinham sobreespessura para maquinagem, não levantando problemas. Fig. 3.13 − Previsões de: rechupes (acima esquerda); tempo de solidificação (acima direita); retenção de ar na moldação (baixo) Cacho em CAD – Primeiro teste A REF _Ref241171464 Fig. 3.14 representa o cacho usado para o primeiro teste. É este o resultado final da simulação numérica. Fig. 3.14 – Cacho virtual para o primeiro teste Impressão de moldações A tecnologia utilizada pela impressora Z Corporation 301 Plus® assemelha-se a um sistema de impressão por jacto de tinta utilizado como periférico de um computador do dia-a-dia. A própria máquina utiliza peças de uma impressora comum na sua construção só que, em vez jactos de tinta, as cabeças de impressão expelem um aglutinante composto de uma solução aquosa e uma cola. Esta técnica é muito parecida com a técnica de SLS, mas em vez de um laser, a aglutinação do pó é feita por uma cabeça de impressão de jactos de aglutinante. A máquina é normalmente constituída por um reservatório de pó, pó este que pode ser de vários materiais (como foi referido acima); uma plataforma que suporta as várias camadas de pó e que se movimenta no sentido descendente; um rolo para deposição e regulação da camada de pó na plataforma; e a(s) cabeça(s) de jacto de aglutinante que provém de um recipiente também existente na máquina (Fig. 3.15). Fig. 3.15 − Esquema de funcionamento de uma impressora 3D A moldação foi impressa a partir do modelo de CAD, após a conversão dos ficheiros para STL e depois para SLI. Sabendo que haveria pó não-aglomerado nos espaços entre as carapaças e machos após a impressão, optou-se por imprimir a moldação em partes. Só deste modo foi possível garantir necessária limpeza total anterior à fundição. Novo material para moldações Dadas as limitações encontradas no processo anterior para a obtenção da cabeça para o motor, optou-se por um novo material de moldação, o zp131® da ZCorp®. Face à tecnologia anteriormente utilizada, este material (em conjunto com a impressora Z Corporation 301 Plus®) apresenta as seguintes vantagens para a obtenção desta peça em questão: Maior precisão geométrica dos fundidos Melhor acabamento superficial Maior dureza das moldações antes da fundição Boa colapsibilidade dos machos interiores após fundição Como desvantagens temos: Maior formação de gases (resultantes da combustão e libertação de humidade) Impermeabilidade à saída de gases. Primeiro teste de fundição Primeira impressão Tendo em conta em geometria do cacho, a moldação e separação da mesma é representada na Fig. 3.16. Podemos ver no Anexo B a moldação em detalhe. Fig. 3.16 − Vista explodida do conjunto – primeiro teste As figuras Fig. 3.17 até Fig. 3.19 mostram as peças impressas e alguns passos da montagem da moldação. Fig. 3.17 − Macho da câmara de combustão (note-se o excepcional detalhe da impressão) Fig. 3.18 − Parte da moldação com carapaça e dois meios-machos (esquerda); igual ao anterior mas com macho da câmara de combustão (direita) A escolha dos planos de apartação também foi alvo de estudo. Dada a antecipação de elevada produção de gases e a impermeabilidade do material de moldação, estes planos permitiram que os gases tivessem saídas eficazes da cavidade moldante. Fig. 3.19 − Machos montados (esquerda); Moldação montada (direita) Liga de alumínio A413.0 A liga utilizada nos testes foi a A413.0 (primeira fusão). A sua composição química encontra-se na REF _Ref241562607 Tabela 3.1. Tabela 3.1 − Composição química típica da liga A413.0 (adaptado DAVIS, 2003) ElementosSilícioFerroCobreManganêsMagnésioNíquelZincoChumboOutrosAlumínioPercentagem11,0 a 13,01,31,00,350,100,500,500,150,25Restante Esta liga é recomendada para peças com elevado detalhe e parede finas. Também é caracterizada por ter boa resistência à corrosão, excelente fluidez e boa retenção de pressão das peças. Todas estas características são necessárias para a obtenção desta peça. Afinador de grão A liga mãe Al-5%Ti-1%B foi utilizada como afinador de grão. É vulgarmente utilizada esta liga mãe em ligas de alumínio-silício para melhoria das propriedades mecânicas do produto final. Usou-se 0,2% desta liga por massa da liga A413.0. Modificador de grão A liga mãe Al-5%Sr foi utilizada como modificador de grão. Ao adicionar esta liga dá-se a transformação do silício eutectóide de lamelar para fibroso, resultando na melhoria das propriedades mecânicas. Usou-se 0,3% desta liga por massa da liga A413.0. Preparação da liga e fusão (primeira tentativa de fundição) A liga foi fundida num forno de indução com um cadinho de SiC com diâmetro de 170 mm e uma altura de 180mm à temperatura de 730±10ºC. Trinta minutos após a completa fusão, foi desgaseificado por introdução de árgon no banho, durante 10 minutos, a 3,0 bar de pressão relativa. Foi então introduzido o afinador e modificador de grão. Após cinco minutos, foi retirada a escória, o banho agitado e vazou-se. Vazamento A moldação foi coberta a toda a volta com areia grossa e pequenas pedras soltas de modo a proteger quem efectuou o vazamento. O macho superior também cheio da mesma matéria para que, em caso de fuga ou ruptura deste, não entrasse metal na cavidade superior inviabilizando toda a peça (Fig. 3.20). Fig. 3.20 − Moldação pronta a receber metal líquido A combustão do zp131® e consequente libertação de gases de combustão, logo após o final do vazamento, foi muito intensa (Fig. 3.21). Fig. 3.21 − Instante seguinte ao primeiro vazamento Resultado do primeiro vazamento Trinta minutos após o vazamento o cacho foi desmoldado sem grande dificuldade (Fig. 3.22). Fig. 3.22 − Cacho obtido no primeiro teste Defeitos encontrados A partir da Fig. 3.23 pode-se concluir que os defeitos revelados provêm de: Fig. 3.23 − Defeitos de fundição no primeiro teste A: A massividade local permitiu que o metal continuasse líquido, ao contrário das finas paredes circundantes, dando origem ao rechupe. A posição do ataque contribuiu para o agravamento deste rechupe, aumentando a temperatura local, por passagem continuada de metal quente durante o enchimento; B, E: A contracção deve-se à proximidade da massividade para apartação do colector; C: Macho partido durante a montagem da moldação; D: Retenção de gases e elevada proximidade entre machos; F1, F2: Libertação de gases produzidos pelo macho da câmara de água; G: Enchimento incompleto devido a um sistema de enchimento mal dimensionado; H: Enchimento incompleto devido a retenção de gases, por saída mal dimensionada. Calibração da simulação numérica A simulação numérica foi calibrada de modo a reflectir, com proximidade aceitável, o resultado obtido da fundição. Após a calibração, os resultados numéricos aproximam-se muito do resultado prático (Fig. 3.24). Fig. 3.24 − Calibração da simulação numérica Na Fig. 3.24 a) pode-se ver que o tempo de solidificação, a azul-escuro, é muito extenso (cerca de 11s) quando comparado ao tempo da zona branca adjacente (quase instantânea). Na Fig. 3.24 b) pode-se ver a retenção de gases, a laranja, que representa o enchimento incompleto naquela zona. Repare-se ainda que os alimentadores os pontos com maior tempo de solidificação. Segundo teste de fundição Segundo desenho da cabeça de motor Com o conhecimento adquirido nas tentativas anteriores, conceitos teóricos e simulações, foi alterado o desenho de CAD com o intuito de eliminar todos os problemas encontrados e, simultaneamente, melhorar a peça. O risco de fuga de gases de dentro do cilindro é sempre um parâmetro importante a considerar no projecto de uma cabeça de motor. Dadas as elevadas pressões de combustão antecipadas, foi diminuída a distância dos parafusos (para aperto da cabeça ao cilindro) à câmara de combustão (de 23 x10-3m para 4,5 x10-3m - Fig. 3.25 assinalado a azul) de modo a garantir boa estanquicidade. Foi diminuído o diâmetro dos parafusos da tampa das válvulas (de M6 para M4) visto não ser uma união de grande responsabilidade. Conseguiu-se assim uma redução de massa na cabeça e parafusos (Fig. 3.25 assinalado a verde). Fig. 3.25 − Vista de baixo comparativa entre primeiro e segundo teste Ao aproximar os parafusos da cabeça da câmara de combustão foi possível eliminar as massividades que causam os problemas de fundição anteriormente descritos (Fig. 3.26 assinalado a vermelho). As restantes massividades, no plano de apartação dos colectores, foram diminuídas para apenas uma parede de 3 x10-3m em redor das condutas e parafusos (Fig. 3.26 assinalado a azul). Fig. 3.26 − Redução de massividades – primeiro teste à direita O volume da câmara de água foi quase eliminado ao aproximar os parafusos da cabeça da câmara de combustão. Este volume foi então aumentado para maior homogeneidade e inércia térmica (Fig. 3.27 a azul). Ao aumentar as dimensões desta tornou-se evidente que se poderiam criar aberturas de ambos os lados (Fig. 3.25 assinalado a vermelho) com as seguintes vantagens: diminuição da massa da cabeça; maior saída de gases do macho interior durante a fundição; circulação de líquido refrigerante da cabeça para o cilindro facilitada. O aumento de volume desta foi de 103% (de 4,86 x10-5m3 para 9,99 x10-5m3). Fig. 3.27 – Vistas em corte da câmara de água – segundo teste (cima-esquerda e baixo); primeiro teste (cima-direita) Fig. 3.28 − Modificação de raio dos cantos − primeiro teste à esquerda Quanto maior o volume da peça, maior é a quantidade de metal quente que passa pelos ataques, o que aumenta a temperatura local destes. Isto pode originar defeitos na peça. Aumentou-se o raio exterior nos cantos da peça, de modo a manter a espessura constante em toda a parede, diminuindo o volume de alumínio necessário e a massa da peça (Fig. 3.28 assinalado a vermelho). Ao testar as válvulas na cabeça, foi revelado um erro de projecto - a distância entre a ponta da válvula e o assento da mola era insuficiente para o curso da válvula. Aumentou-se esta distância em 3x10-3m (Fig. 3.29 a azul). Fig. 3.29 − Abaixamento dos assentos de molas − segundo teste a azul Simulação numérica Os resultados obtidos na simulação numérica do segundo teste de fundição indicaram uma peça sem defeitos logo na primeira simulação (com o alumínio líquido a 730ºC). Foram então testadas temperaturas sucessivamente mais baixas até 680ºC. Embora, possivelmente, qualquer das temperaturas de vazamento simuladas desse origem ao resultado pretendido, foi escolhida a temperatura de 700ºC por ser aquela que apresentou menor disparidade de tempo de solidificação entre as várias zonas da peça ( REF _Ref245316559 Fig. 3.30). Fig. 3.30 − Previsões de: rechupes (cima); tempo de solidificação (baixo) – vazamento a 700 ºC Sistema de enchimento e sobreespessuras de fundição Dados os problemas encontrados no primeiro teste e os resultados da simulação numérica, o sistema de enchimento para o segundo teste foi modificado. As modificações foram: secção mínima do canal de descida duplicada; canal de descida convergente; maior bacia de vazamento; duplicação de número de ataques. Para manter a pressão metalostática no sistema de enchimento, a soma da área de secção dos ataques foi igualada à área de secção dos canais de distribuição. O escalonamento deste sistema foi 4; 2; 1 (Fig. 3.31). Fig. 3.31 − Sistema de enchimento e sobreespessuras para maquinagem do segundo teste Cacho em CAD – segundo teste A geometria final do segundo cacho é representada na Fig. 3.32. Fig. 3.32 – Cacho virtual para o segundo teste Impressão da segunda moldação Tendo em consideração a geometria do cacho, a moldação e separação da mesma é representada na Fig. 3.33. Fig. 3.33 − Vista explodida de conjunto – segundo teste Para bem aproveitar as novas aberturas da câmara de água ( REF _Ref240973517 Fig. 3.25), foram introduzidos orifícios no macho da câmara de água (Fig. 3.34 a vermelho) de modo a ser facilitada a extracção de gases. Note-se, na Fig. 3.34, os canais ao longo das condutas de admissão e escape para fácil remoção de gases. Fig. 3.34 − Vistas de corte mostrando respiros de gases Segundo teste de fundição A liga utilizada para este teste foi a mesma que para o anterior. A preparação da liga para a segunda tentativa de fundição apenas difere da primeira nos seguintes parâmetros: Forno de resistências Temperatura: 700±10ºC O material usado para a moldação provou ser resistente o suficiente para dispensar a areia em seu redor e também na cavidade do macho superior. Queria-se ter a maior facilidade possível para extracção de gases para o exterior. Utilizaram-se grampos para abraçar as partes constituintes da cavidade moldante ( REF _Ref245382112 Fig. 3.35). Fig. 3.35 − Segunda moldação com grampos Resultados do segundo vazamento Graças ao novo (e muito eficaz) sistema de enchimento, a velocidade do metal líquido aumentou fazendo com que este se elevasse cerca de 5 cm acima da moldação (Fig. 3.36 a vermelho) e preenchesse a cavidade do macho superior com cerca de 2 cm de alumínio (Fig. 3.37). Fig. 3.36 − Instante seguinte ao segundo vazamento Fig. 3.37 − Vistas de cima do enchimento indevido da cavidade do macho superior Trinta minutos após o vazamento, o cacho foi desmoldado e limpo ( REF _Ref241056353 Fig. 3.38). Fig. 3.38 − Cacho obtido do segundo vazamento A geometria de swirl apresentou excelente detalhe, como se pode apreciar na Fig. 3.39. Pode-se considerar uma importante (e necessária) evolução no fabrico da cabeça de motor. Fig. 3.39 − Comparação entre o resultado de 2008 b), 2009 a) e c) e o desenho de CAD d) e e) Defeitos encontrados Os defeitos encontrados no segundo vazamento são mostrados nas Fig. 3.40 e REF _Ref245481560 Fig. 3.42. Fig. 3.40 – Geometria a obter (cima); Defeitos no segundo vazamento (baixo) A porção de alumínio que preencheu indevidamente a cavidade (Fig. 3.37 e Fig. 3.41) foi a principal origem dos defeitos encontrados. A parede superior da câmara de água, durante a solidificação da peça, manteve-se quente devido a essa porção de alumínio. Isto levou a que as paredes adjacentes solidificassem primeiro, dando origem aos rechupes encontrados o que se agravou pela produção de gases que não tiveram uma saída eficaz. Ainda devido ao mesmo problema as paredes verticais, que incluem os apoios da árvore de cames, foram gravemente afectadas (redução de espessura e fissuração) também pela grande produção de gases. Fig. 3.41 − Porção de alumínio responsável pelos defeitos encontrados A câmara de combustão e condutas de admissão e escape sofreram distorção devido ao plano de apartação das moldações. Na REF _Ref245481560 Fig. 3.42 são mostradas as medições A, B, C e D. A diferença de comprimento entre A-B e C-D é de 1x10-3m. Fig. 3.42 − Distorção da câmara de combustão e condutas Houve também um desalinhamento do mesmo plano de apartação, dando origem ao defeito mostrado na REF _Ref245549425 Fig. 3.43. Fig. 3.43 − Defeito na conduta de admissão Terceiro teste de fundição Terceiro desenho da cabeça de motor Pelos problemas encontrados no segundo teste de fundição, surgiu a necessidade de fazer alterações ao desenho do cacho e moldações. As alterações efectuadas no desenho do cacho estão representadas na REF _Ref245493875 Fig. 3.44. Assinaladas a negro, estão as nervuras criadas com o intuito de não permitirem a saída do alumínio líquido a grande velocidade como aconteceu no segundo vazamento. Criou-se um orifício (assinalado a verde) para mais fácil remoção do macho após o vazamento e escoamento de gases. Aumentaram-se os apoios dos balanceiros (a azul). Inclinou-se a parede superior da câmara de água (declive a vermelho; A = 5x10-3m) para guiar os gases produzidos até ao plano de apartação entre o macho da câmara de água e o superior ( REF _Ref245495767 Fig. 3.45 assinalado a verde). Fig. 3.44 − Modificações a cabeça – terceiro teste; vista de corte A moldação foi modificada como mostra a REF _Ref245495767 Fig. 3.45. Foi criado um deflector para o alumínio líquido ser escoado para fora da moldação e não encher a cavidade do macho superior (assinalado a vermelho). Foram também criados novos furos dentro do macho da câmara de água para permitirem o escoamento de gases do interior deste para fora (a azul). Fig. 3.45 − Moldação em corte − terceiro teste de fundição Por ter havido uma deformação da câmara de combustão e das condutas de admissão e escape no segundo vazamento, modificou-se uma das partes da moldação de modo a ter uma peça inteiriça ( REF _Ref245496471 Fig. 3.46). Embora dificulte a limpeza do pó não-aglomerado, consideramos ser uma medida essencial para o aumento de qualidade do fundido. Fig. 3.46 − Parte da moldação − terceiro teste de fundição O sistema de enchimento e as sobreespessuras foram iguais às do segundo teste. A preparação da liga e moldação foram iguais às do segundo teste. Terceiro vazamento O cacho obtido no terceiro vazamento é mostrado na REF _Ref245538427 Fig. 3.47. Fig. 3.47 − Cacho obtido no terceiro vazamento Os defeitos encontrados nos apoios da árvore de cames do segundo vazamento não foram encontrados no terceiro, como mostra a REF _Ref245549558 Fig. 3.48. Fig. 3.48 − Comparação entre o segundo (esquerda) e o terceiro vazamento (direita) Defeitos encontrados Os defeitos encontrados, no terceiro vazamento, são mostrados na REF _Ref245548776 Fig. 3.49. A parede superior foi novamente afectada, com maior intensidade neste vazamento. Embora apresente menos furos, a espessura final desta parede é muito pequena (tornando-a frágil). Fig. 3.49 − Geometria a obter (cima); Defeitos no terceiro vazamento (baixo) MOTOR ACTUAL Cronologia desta parte do trabalho 01/01/2009 → 07/05/2009 Após desmontar e avaliar a degradação sofrida pelo motor durante as provas e testes no ano anterior, foram aplicados filmes finos a fim de restaurar as peças desgastadas até à sua especificação original. Paralelamente, o novo pistão foi maquinado de modo a elevar a taxa de compressão e optimizar a câmara de combustão. As correcções para a temperatura de motor e do ar admitido foram efectuadas. O trabalho desenvolvido até aqui deu origem à especificação do motor denominada “Miller 21”. Durante a prova alemã foram danificados o pistão, a cabeça de motor e o escape. O escape foi restaurado sem perda de função. Foram maquinados um segundo pistão e uma cabeça de motor, de modo grosseiro, a fim de se poder fazer a única tentativa válida. 15/06/2009 → 29/07/2009 A cambota foi maquinada para reduzir a sua inércia e as molas das válvulas testadas e seleccionadas. O trabalho desenvolvido até aqui deu origem à especificação do motor denominada “UMSpeed”. O motor foi então rodado, testado e optimizado. No decorrer da prova inglesa foram testadas afinações de motor, embraiagem e estratégias de pilotagem. Foi feita a caracterização do dinamómetro de inércia e dos principais componentes em movimento no motor e procedemos a novos testes. Daqui tiraram-se os valores de consumo específico apresentados. Descrição do motor antes da modificação Esta parte do trabalho tem como objectivo o aumento de eficiência energética do motor presente no EconomicUM. O motor actual, originalmente de uma scooter Honda®, tem sofrido constantes modificações desde o dia que foi adquirido. Todos os seus componentes foram modificados para lhes reduzir a massa, o atrito e ao aumentar a eficiência do motor no global. Tal como no ano anterior, o motor foi desmontado para averiguar a condição dos componentes. Após completa desmontagem e limpeza, todas peças foram inspeccionadas e medidas para certificarmos de que ainda se encontravam dentro das especificações de funcionamento. O pistão encontrava-se gravemente danificado, com a saia muito riscada, fissurada e diâmetro fora da especificação ( REF _Ref241642943 Fig. 4.1). Fig. 4.1 − Pistão 2008 danificado; fissura assinalada a azul O cilindro apresentou desgaste, principalmente na área de contacto com a saia do pistão e riscos profundos. O seu diâmetro interno não se encontrava de acordo com a especificação ( REF _Ref241644386 Fig. 4.2). Fig. 4.2 − Cilindro 2008 danificado As válvulas também apresentaram desgaste, embora ainda dentro da especificação de fábrica ( REF _Ref241648633 Fig. 4.3). Contudo, a folga entre as válvulas e respectivas guias já não se encontraram dentro do intervalo previsto devido ao desgaste das guias. Fig. 4.3 − Válvulas 2008 As restantes peças do motor encontraram-se dentro das especificações de fábrica. Restauro do motor Preparação de peças para revestimento com filmes finos Foi decidido que se poderia recuperar o cilindro e válvulas com recurso a filmes finos. Estes filmes de baixo coeficiente de atrito são adequados para o efeito. A boa adesão destes filmes às peças e a sua durabilidade depende muito da rugosidade superficial (deve ser tão baixa quanto possível). Todas as peças foram então polidas antes de serem revestidas como é mostrado nas REF _Ref241649233 Fig. 4.4 e REF _Ref241649234 Fig. 4.5. Fig. 4.4 − Preparação do cilindro para revestimento (esquerda); cilindro polido (direita) Apesar de não se terem conseguido retirar completamente todos os riscos (principalmente os mais profundos), o resultado do polimento do cilindro foi considerado aceitável. Fig. 4.5 − Válvulas polidas Usou-se um novo pistão, visto que não foi possível recuperar o anterior dado o seu mau estado. Tal como os componentes anteriores, este foi meticulosamente polido. Note-se, na REF _Ref241649729 Fig. 4.6, o reflexo das letras na saia do pistão. Fig. 4.6 − Comparação do acabamento da saia de fábrica (esquerda) e polida (direita) O segmento de óleo, cavilhão e segmento de compressão também foram seleccionados para revestimento ( REF _Ref241649939 Fig. 4.7). Fig. 4.7 − Componentes novos prontos para revestir Resultados dos revestimentos com filmes finos Todos os componentes ferrosos foram revestidos com DLC e o pistão (de liga de alumínio-silício) foi revestido com Ni-PTFE®. As peças na REF _Ref242618536 Fig. 4.8 foram revestidas com sucesso, apresentando bom acabamento superficial e dimensões dentro das especificações do motor. Fig. 4.8 − Peças novas revestidas Como o cilindro apresentava dimensões fora da especificação, os filmes foram depositados com elevada espessura de modo a restaurar as folgas originais ( REF _Ref242619101 Fig. 4.9). Sabendo que a espessura destes filmes é limitada (não se conseguiria diminuir o diâmetro interno do cilindro até ao pretendido), optou-se em aumentar o diâmetro do pistão, também através de filmes finos, para compensar. Foi obtida, com sucesso, a folga desejada entre os dois componentes. Fig. 4.9 − Pistão e cilindro revestidos Como o cilindro ainda apresentava alguns dos riscos resultantes do desgaste anterior, o revestimento do pistão foi rapidamente desgastado ( REF _Ref245498852 Fig. 4.10). Fig. 4.10 − Riscos na saia do pistão Optimização do motor actual Câmara de combustão de 2008 A geometria da câmara de combustão de 2008 foi estudada de modo a descobrir áreas a melhorar. Para medir com precisão a distância do pistão à cabeça e a espessura da área de squish utilizou-se plasticina. Encheu-se a câmara de combustão deste material, montou-se a cabeça de motor (com a junta respectiva e sem vela) e rodou-se a cambota em ambos os sentidos junto ao PMS. Conseguiu-se assim moldar a plasticina com a forma da câmara de combustão. Com um bisturi, cortou-se a plasticina e efectuaram-se as medições ( REF _Ref242362340 Fig. 4.11). Fig. 4.11 − Estudo da câmara de combustão de 2008 A principal área de squish é assinalada a vermelho na REF _Ref242362340 Fig. 4.11. A espessura medida variava entre 0,75 x10-3m e 1,25 x10-3m. Assinalada a branco na mesma figura está a distância entre o pistão e a válvula de escape (cerca de 3 x10-3m). Maquinagem de componentes para obter nova taxa de compressão Para aumentar a taxa de compressão de 17:1 para 21:1 e optimizar a câmara de combustão maquinou-se um pistão, duas válvulas, uma cabeça de motor e um cilindro. Fig. 4.12 – Comparação entre pistão novo e de 2008 (esquerda); maquinagem do pistão (direita) Com base no pistão de 2008 ( REF _Ref242368098 Fig. 4.12), modificou-se um pistão original a fim de obter uma geometria similar ( REF _Ref242355024 Fig. 4.13 − direita). Seguidamente maquinou-se a superfície inferior do cilindro, por etapas, até obtermos um baixo volume da fenda do primeiro segmento, ao mesmo tempo que se diminuiu o volume da câmara de combustão até ao valor desejado. O resultado das modificações descritas é o aumento da compacidade, da área de squish e a diminuição do volume de fendas. Fig. 4.13 − Comparação entre áreas da câmara de combustão no pistão (coloridas) e maior distância da propagação de chama (linhas brancas) O aumento de compacidade foi conseguido através da redução da área de transferência de calor da câmara de combustão em 34,9% (diferença entre a área a vermelho e a verde). A maior distância a percorrer pela frente de chama foi reduzida 2,7% ( REF _Ref242355024 Fig. 4.13 – linhas brancas). Aumentou-se a área de squish em 99,6% ( REF _Ref242355024 Fig. 4.13 – diferença entre áreas não coloridas). A espessura da área de squish foi modificada (e controlada) durante este processo de modo a obter uma espessura uniforme de 0,3 x10-3m ( REF _Ref242618209 Fig. 4.14). Fig. 4.14 – Espessura da área de squish final Foi diminuído o volume da fenda do pistão até ao primeiro segmento em 50%, por se ter diminuído a altura dessa fenda (de 1,5x10-3m para 0,75x10-3m; REF _Ref242618053 Fig. 4.15). Fig. 4.15 − Espessura do volume da fenda até ao primeiro segmento (A) As arestas das válvulas de admissão e escape foram arredondadas de modo a minimizar o volume da fenda nestas zonas ( REF _Ref242365293 Fig. 4.16). Fig. 4.16 − Redução do volume da fenda da válvula; Antes (direita) e depois (esquerda) A distância entre o pistão e a vela foi modificada para 1,5 x10-3m ( REF _Ref245498818 Fig. 4.17). Esta dimensão foi pensada para garantir que o pistão não tocaria na vela e que não iria haver faísca para o pistão. Fig. 4.17 − Distância da vela ao pistão no PMS No decorrer desta maquinagem, percebeu-se que não seria possível aumentar a taxa de compressão para o valor pretendido sem destruir parcialmente a ranhura do primeiro segmento junto à vela. Para contornar esta situação maquinou-se a cabeça de motor para acomodar o pistão nesta zona, conseguindo com sucesso, o incremento de taxa de compressão sem prejudicar a optimização da câmara de combustão pretendida. Cambota e roda dentada de arranque A cambota foi maquinada para obter menor inércia de rotação. Retirou-se material principalmente na zona exterior, visto que o momento de inércia depende do raio de giração. Fig. 4.18 − Cambota original (esquerda); cambota modificada (direita) A maquinagem foi efectuada num torno de modo a retirar material uniformemente mantendo o equilíbrio original. A roda dentada de arranque também foi muito modificada com o intuito de reduzir a inércia de rotação. Equilibragem de motor O motor foi equilibrado posteriormente às modificações. Por ser um motor monocilíndrico, a equilibragem foi feita com pistão, cavilhão e biela montados. Utilizaram-se duas réguas fio-de-cabelo para o efeito. Isolamento térmico do motor Durante as tentativas em pista em 2008, o isolamento térmico existente de Rockwool® provou ser insuficiente e pouco prático ( REF _Ref243914602 Fig. 4.19). Este obrigava a iniciar as tentativas a uma temperatura bastante elevada para compensar o facto de o motor arrefecer rapidamente. Também obrigava a uma grande perda de tempo quando era necessário desmontar o motor, tendo ainda o inconveniente de que não podia ser totalmente reaproveitado. Fig. 4.19 − Isolamento térmico do motor em 2008 Foi então desenvolvido um novo isolamento térmico. Pretendia-se que tivesse as seguintes características: Desmontável Duradouro Bom desempenho térmico Leve Rígido para tapar partes móveis (roda dentada de arranque e embraiagem) Foi escolhido o poliestireno extrudido de alta densidade por apresentar todas as características especificadas. Este material foi cortado, esculpido e colado para formar quatro grandes peças. Visto que a gasolina dissolve este material com relativa facilidade, optou-se por revestir exteriormente o isolamento com folha de alumínio para impermeabilizar contra possíveis derrames ( REF _Ref245921433 Fig. 4.20). Fig. 4.20 − Aspecto final do novo isolamento térmico Tendo o cuidado de tapar todos os orifícios e planos de apartação das quatro peças do isolamento, foi possível aquecer o motor mais rapidamente que em 2008 e manter o motor numa gama de temperatura constante. Dinamómetro de inércia e sua caracterização Um dinamómetro de inércia consiste simplesmente num conjunto de massas que são obrigadas a rodar pelo motor. O motor pode ser ligado directamente ao dinamómetro ou a(s) roda(s) motriz(es) do veículo pode(m) ser colocada(s) sobre o dinamómetro. Visto que o motor do EconomicUM apenas funciona em regime de aceleração faz todo o sentido usar este tipo de dinamómetro (adaptado MARTINS, 2006). Por razões de ordem prática, coloca-se o EconomicUM sobre o dinamómetro. Sabendo a inércia das massas em movimento, é possível calcular a quantidade de energia que tem de se fornecer a essas massas para fazer variar a sua velocidade. Comparando esta energia com o consumo de combustível, podemos calcular a eficiência do motor. Até ao presente trabalho, todos os cálculos de rendimento haviam utilizado um valor aproximado da inércia de rotação do dinamómetro e não havia sido contabilizada a inércia das peças em movimento no motor. Existia, então, a necessidade de quantificar com maior rigor estas inércias de modo a obter resultados de consumo mais fidedignos. As perdas mecânicas descritas não também haviam sido caracterizadas. Então, para obter valores reais de eficiência e de consumo específico (em dinamómetro de inércia) foi necessário saber: Inércia dos principais componentes: Cambota e biela (rotação); Roda dentada de arranque; Embraiagem Pistão, biela, cavilhão e segmentos (translação) Roda traseira do carro (jante, pneu e cremalheira) Roda do dinamómetro Perdas mecânicas desde o motor até ao dinamómetro: Transmissão (corrente de rolos) Atrito de rolamento e dos rolamentos Perdas mecânicas associadas ao dinamómetro Para as perdas de rendimento pela transmissão (corrente de rolos), considerou-se a equação teórica (HATHAWAY, 2000): (4.1) em que: − rendimento total da transmissão − rendimento máximo de uma corrente de rolos R – relação de transmissão Inércia das principais peças Cambotas, biela, rodas dentadas de arranque, embraiagem, roda traseira e roda do dinamómetro de inércia foram desenhadas em CAD para determinar o seu peso equivalente ( REF _Ref245566769 Fig. 4.21 e REF _Ref245463927 Fig. 4.22). As peças reais foram medidas e pesadas de modo a maximizar a precisão do desenho virtual e os resultados daí obtidos. Fig. 4.21 − Cambotas com roda dentada de arranque e embraiagem: 2008 (esquerda); 2009 (direita); 2010 (baixo) Fig. 4.22 – Da esquerda para direita: biela; roda traseira com cremalheira de transmissão; roda do dinamómetro de inércia em CAD Os resultados de peso equivalente das principais peças em movimento da investigação teórico-prática estão representados na REF _Ref245580635 Tabela 4.1. Com o recurso a operações de torneamento e fresagem no presente ano, foi possível diminuir o peso e inércia de rotação da cambota e roda dentada de arranque. Retirou-se, no conjunto destes dois componentes, 287,1 g. Como se tratam de peças em rotação, o seu peso equivalente diminuiu 1023,2 g ( REF _Ref245580635 Tabela 4.1). Durante as acelerações, isto equivale a retirar 1310,3 g ao EconomicUM. Tabela 4.1 − Peso equivalente de peças em movimento para testes em dinamómetro de inércia 200820092010Peças (rotação)Inércia (g.m2)Peso equivalente (g)Peças (rotação)Inércia (g.m2)Peso equivalente (g)Peças (rotação)Inércia (g.m2)Peso equivalente (g)Cambota + roda dentada de arranque1,553377,92Cambota + roda dentada de arranque1,082354,70Cambota + roda dentada de arranque0,861871,52Embraiagem0,511104,11Embraiagem0,511104,11Embraiagem0,511104,11Biela (rotação)0,0369,54Biela (rotação)0,0369,54Biela (rotação)0,0369,54Pneu + Jante + Cremalheira transmissão40,20648,36Pneu + Jante + Cremalheira transmissão40,20648,36Pneu + Jante + Cremalheira transmissão40,20648,36Roda de inércia7349,0060509,38Roda de inércia7349,0060509,38Roda de inércia7349,0060509,38Peças (translação)Inércia (g) Peças (translação)Inércia (g) Peças (translação)Inércia (g) Biela + Pistão + Segmentos + Cavilhão (translação)72,7931,22Biela + Pistão + Segmentos + Cavilhão (translação)72,7931,22Biela + Pistão + Segmentos + Cavilhão (translação)72,7931,22 Total65740,53 Total64717,31 Total64234,13 Para as próximas competições, é apresentada uma possível redução de massa da cambota na REF _Ref245583678 Fig. 4.23. Poderá ser retirado 203 g de massa à cambota e 483,2 g ao peso equivalente ( REF _Ref245580635 Tabela 4.1), dando um total de 686,2 g durante as acelerações. Esta redução de peso apresenta assimetria (lado embraiagem – lado cremalheira) porque se quis manter intacta a zona de introdução de óleo do lado da embraiagem. Contudo, mantém-se a simetria em torno do eixo de rotação e a equilibragem da peça. F