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Gestão das 
organizações contábeis 
Análise dos resultados da pesquisa 
Dezembro/2014 
por Roberto Dias Duarte
Sobre a pesquisa 
O Sistema Público de Escrituração Digital e seus vários subprojetos têm sido 
expressivos agentes de mudanças nas empresas dos mais diversos 
segmentos. E não apenas visando as conformidades trabalhista e tributária, 
mas também a busca permanente por uma maior eficiência operacional, 
sendo as organizações contábeis importantes aliadas nesse processo. 
A grande transformação pela qual vem passando o segmento de negócios 
contábeis nos deixa, muitas vezes, sem referências sobre as melhores 
opções a serem adotadas. Os resultados dessa pesquisa permitirão às 
empresas comparar sua realidade com a média do mercado e, desta forma, 
nortear de maneira mais precisa suas decisões estratégicas. 
Assim, este trabalho pretende diagnosticar o presente e o futuro das 
organizações contábeis brasileiras, ao identificar suas principais 
oportunidades, ameaças e tendências, diante das muitas mudanças pelas 
quais têm passado. 
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Metodologia 
• Pesquisa Survey descritiva, que busca identificar o comportamento 
gerencial do empreendedor contábil brasileiro. 
• O período para coleta de dados foi de 10/10/2014 a 30/11/2014. 
• Foram coletadas 388 respostas ao questionário, registradas por meio 
da ferramenta SurveyMonkey. 
• A divulgação da coleta de dados da pesquisa foi feita pelas redes 
sociais (Facebook, Twitter, LinkedIn), blogs e portais de notícias 
relacionados à área contábil. 
• O erro amostral é de 5%, com nível de confiança de 95%. 
• Foram obtidas respostas oriundas de todas as Unidades da 
Federação, exceto Acre e Roraima.
Atividade profissional 
• 58% dos profissionais que 
responderam à pesquisa se 
identificaram como sócios de 
organizações contábeis. 
• 20% afirmaram ter posição 
gerencial (gerente, supervisor 
ou coordenador). 
• 19% declararam atuar em 
funções técnicas (técnico/ 
consultor/analista). 
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Quantidade de profissionais 
• 59% das organizações 
contábeis pesquisadas têm 
entre 2 e 10 funcionários. 
• 74% das organizações 
contábeis pesquisadas têm 
entre 2 e 20 funcionários. 
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• Menos de 20% das 
organizações 
contábeis 
pesquisadas têm 
mais de 20 
funcionários.
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Receita anual 
• 73% das organizações 
contábeis pesquisadas têm a 
receita anual menor que R$ 
500mil. 
• 12% têm receitas anuais 
acima de R$ 1 milhão.
Quantidade de clientes 
• 39% das organizações 
contábeis pesquisadas 
atendem entre 51 e 150 
clientes. 
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• 67% das organizações 
contábeis pesquisadas 
atendem menos de 100 
clientes.
Missão, Visão e valores 
• 52% das organizações 
contábeis pesquisadas já 
definiram sua identidade 
corporativa. 
• 25% não definiram sua 
identidade organizacional, 
nem têm planos para isso. 
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Planos estratégicos 
• Para 19% das 
organizações contábeis 
pesquisadas, o plano de 
ações estratégicas é 
definido e o cumprimento 
das ações é monitorado 
periodicamente. 
• Em 31% não há 
expectativa para 
definição do plano de 
ações estratégicas. 
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Indicadores de resultados 
• Para 22% das 
organizações contábeis 
pesquisadas, os 
indicadores de 
resultados são 
definidos e monitorados 
periodicamente. 
• Em 40% não há 
expectativa para 
definição de 
indicadores de 
resultados 
organizacionais. 
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Metas de desempenho dos 
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colaboradores 
• 44% das 
organizações 
contábeis 
pesquisadas não 
estabelecem 
metas de 
desempenho 
para seus 
colaboradores. 
• 20% 
estabelecem 
metas e 
premiações.
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Público-alvo 
• 59% das organizações 
contábeis pesquisadas 
atendem a qualquer perfil de 
cliente. 
• 13% atendem a qualquer perfil 
de cliente, mas as ações de 
captação e marketing são 
focadas em um perfil 
específico. 
• 17% atendem a qualquer perfil 
de cliente, mas estão 
trabalhando para atender a 
apenas um perfil específico. 
• 11% atendem apenas a um 
perfil específico de cliente.
Valores dos serviços em 
relação à média do mercado 
• 65% das organizações 
contábeis praticam preços 
dentro da média de mercado, 
conforme a percepção dos 
pesquisados. 
• 18% das organizações 
contábeis pesquisadas 
praticam preços abaixo da 
média de mercado. 
• 17% praticam preços acima 
da média de mercado. 
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Serviços ofertados 
• Praticamente todas as 
organizações contábeis oferecem 
serviços de escrituração contábil, 
fiscal e processamento de folha 
de pagamentos. 
• Mais da metade realiza 
consultorias (fiscal, contábil e 
tributaria). 
• Cerca de 10% oferecem auditoria 
contábil e auditoria em arquivos 
fiscais eletrônicos. 
• Apenas 5% atuam com 
outsoursing. 
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Ações de marketing 
• As organizações contábeis 
pesquisadas declararam que 
suas ações de marketing mais 
frequentes são: envio de 
informativos por e-mail (38%), 
publicações no Facebook 
(33%), produção de material 
impresso sobre os serviços 
(28%), distribuição de 
informativos impressos aos 
clientes (27%) e parcerias 
com entidades de classe, 
associações empresariais 
(24%). 
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Principais diferenciais 
• Quase 70% das organizações contábeis 
pesquisadas declararam que um de seus 
principais diferenciais é o cumprimento 
rigoroso das obrigações acessórias. 
• 63% também acreditam que o cálculo 
correto dos tributos é um de seus principais 
diferenciais. 
• 75% veem no relacionamento com seus 
clientes um grande diferencial. 
• Apenas 56% acreditam que a excelência no 
atendimento é um fator de diferenciação. 
• Serviços personalizados, variedade de 
serviços e atuação especializada no 
mercado dos clientes foram apontados, 
respectivamente, por 33%, 26% e 17% das 
organizações contábeis. 
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Uso de sistemas 
• Quase todas as organizações contábeis 
pesquisadas declararam que usam 
sistemas (ou módulos funcionais) de 
controle fiscal, contábil e 
processamento de folha de 
pagamentos. 
• Cerca de um terço delas utiliza sistemas 
de controle financeiro e faturamento. 
• Apenas 19% têm portais para 
atendimento aos clientes e 11%, 
sistemas de gerenciamento de 
relacionamento com clientes (CRM). 
• Apenas 26% utilizam sistemas para 
auditar arquivos fiscais digitais, como 
os do SPED e da NF-e . 
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Modelo tecnológico 
• 42% das organizações contábeis 
pesquisadas utilizam sistemas (folha/ 
contábil/fiscal) no escritório e digitam a maior 
parte dos dados dos seus clientes. 
• 54% utilizam sistemas (folha/contábil/fiscal) 
no escritório e importam eletronicamente a 
maior parte dos dados dos seus clientes. 
• 2% fornecem os sistemas (financeiro/ 
faturamento/estoque) via internet para seus 
clientes e os dados já são integrados aos 
módulos contábeis/fiscal/folha. 
• 1% utiliza (por meio da internet) o sistema 
dos clientes para o processamento fiscal/ 
contábil/folha. 
• 1% utiliza, nas instalações dos clientes, o 
sistema para o processamento fiscal/ 
contábil/folha. 
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Principais dificuldades 
• A maior dificuldade apontada 
pelas organizações contábeis 
pesquisadas foi receber 
informações dos clientes com 
qualidade e prazo. 
• Apenas 16% delas indicaram 
problemas com a aderência de 
sistemas de informação e 5% 
com o cálculo de tributos. 
• Cerca de 40% informaram que 
suas principais dificuldades são: 
baixo crescimento de receitas, 
contratação, capacitação e 
controle da produtividade de RH. 
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Custos de penalidades 
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legais 
• 33% das organizações 
contábeis informaram que, 
nos últimos 12 meses, não 
arcaram com custos de 
penalidades fiscais, tributárias 
ou trabalhistas de seus 
clientes. 
• 49% delas arcaram com 
custos de até R$ 5mil. 
• 10% das organizações 
contábeis pesquisadas 
arcaram com custos acima de 
R$ 10mil.
Evolução da carteira de 
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clientes 
• 17% das organizações 
contábeis informaram não ter 
havido aumento nem redução 
de sua carteira de clientes 
nos últimos 3 anos. 
• 13% delas tiveram redução da 
quantidade de clientes 
atendidos. 
• 44% tiveram aumentos 
superiores a 10% em suas 
carteiras.
Evolução da receita 
• 12% das organizações 
contábeis informaram não ter 
havido aumento nem redução 
em sua receita nos últimos 3 
anos. 
• 12% delas tiveram redução de 
receitas. 
• 50% tiveram aumentos 
superiores a 10% em suas 
receitas. 
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Evolução dos custos 
• 8% das organizações 
contábeis informaram não ter 
havido aumento nem redução 
de custos nos últimos 3 anos. 
• 4% delas tiveram redução de 
custos. 
• 62% tiveram aumentos 
superiores a 10% em seus 
custos. 
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Aplicação da força de 
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trabalho 
• Em média, as organizações contábeis informaram que 
65% do tempo total das horas trabalhadas são dedicados 
ao cálculo de tributos, obrigações acessórias, 
processamento da folha de pagamentos, procedimentos 
trabalhistas, processos burocráticos, atendimento à 
demanda de órgãos governamentais e atendimento às 
demandas de clientes relacionadas com tributos ou 
processos burocráticos. 
• 12% do tempo total da equipe, em média, são 
empregados na produção de relatórios gerenciais e 
outras informações para apoio à gestão de seus clientes, 
bem como em reuniões para a apresentação desses 
dados. 
• 9% do tempo, em média, são dedicados a cursos, 
treinamentos, palestras e participação em outras 
atividades dedicadas ao desenvolvimento técnico ou 
profissional dos colaboradores e sócios. 
• 11% do tempo são utilizados nas atividades 
administrativas, financeiras e manutenção da tecnologia 
do escritório. 
• Apenas 5% são empregados em atividades comerciais, 
marketing, parcerias estratégicas, planejamento 
estratégico e gerenciamento dos resultados do escritório.
Análise dos resultados 
I. RESULTADOS OBTIDOS 
Segundo dados do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), em 31/12/2013 havia, no 
Brasil, 33.970 sociedades empresárias registradas como organizações contábeis. 
Atuavam ainda na área 6.926 empresários individuais e 41.747 escritórios 
individuais (organizações unipessoais não personificadas). 
O foco dessa pesquisa foi a análise do comportamento empreendedor das sociedades 
empresárias constituídas para prestar serviços contábeis. 
Mesmo partindo de uma amostragem não probabilística (por conveniência), os 
resultados obtidos representam, de forma significativa, o comportamento global do 
público pesquisado. Após realizar diversos cortes (receita bruta, quantidade 
de clientes, quantidade de funcionários, região), o comportamento manteve-se o 
mesmo do resultado global (sem cortes), guardados os desvios estatísticos. 
Portanto, pode-se afirmar que os dados obtidos representam com bastante 
fidedignidade o comportamento geral das organizações contábeis constituídas no Brasil 
como sociedades empresárias. 
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Análise dos resultados 
II. CULTURA ESTRATÉGICA 
Cinquenta e dois por cento das organizações contábeis têm a 
identidade corporativa definida formalmente, por meio da 
declaração de missão, visão e valores. 
Contudo, apenas 19% estabelecem plano de ações estratégicas 
e realizam seu monitoramento periódico, enquanto 22% têm 
indicadores de resultados definidos e controlados . Já o o índice 
das que determinam metas para seus colaboradores e realizam 
premiações pelo seu cumprimento se limita a 20%. 
Assim, constata-se que apenas 1 em cada 5 escritórios 
contábeis pratica os conceitos básicos de gestão estratégica 
na administração de seus negócios. 
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Análise dos resultados 
III. DIFERENCIAÇÃO E OFERTA DE VALOR 
Onze por cento das organizações contábeis praticam efetivamente a segmentação de 
mercado para captação e atendimento de clientes. 
Quase 70% declararam que um de seus principais diferenciais é o cumprimento 
rigoroso das obrigações acessórias, ao passo que 63% consideram o cálculo correto 
dos tributos um fator de diferenciação relevante. 
Entretanto, apenas 56% acreditam que a excelência no atendimento represente um 
importante aspecto de diferenciação. Além disso, serviços personalizados e variados, e 
atuação especializada no mercado de clientes foram apontados como diferenciais 
por, respectivamente, 33%, 26% e 17% das organizações contábeis. 
Por outro lado, 75% veem no relacionamento com seus clientes um grande diferencial. 
Assim, ainda prevalece a crença de que a eficácia operacional e o relacionamento 
sejam suficientes para mostrar valor ao cliente. Fatores fundamentais de percepção de 
valor como atendimento, personalização, variedade de serviços e especialização 
são considerados secundários por grande parte dos empreendedores contábeis. 
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Análise dos resultados 
III. DIFERENCIAÇÃO E OFERTA DE VALOR 
Ainda sobre a oferta de valor, constata-se que praticamente todas as organizações 
contábeis oferecem serviços básicos de escrituração (contábil, fiscal e 
processamento de folha). 
Contudo, as consultorias compõem o mix de serviços de pouco mais da metade 
dos escritórios (62% fiscal, 56% contábil e 54% tributária). Pouco menos da metade 
oferta planejamento tributário (46%) e contabilidade gerencial (41%). 
Apenas 10% oferecem auditoria em arquivos fiscais eletrônicos e 5% atuam com 
outsourcing. 
Enfim, apesar de o perfil “contador consultor" ser bastante divulgado, ainda há um 
longo caminho a ser percorrido até que essa realidade seja uma prática efetiva do 
mercado. Enquanto isso, a atuação permanece, para a maioria, comoditizada. Isto 
é, baseada em ofertas de serviços básicos e, consequentemente, em diferenciação 
por preço. 
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Análise dos resultados 
IV. MARKETING 
As ações de marketing mais frequentes verificadas são: envio de informativos por 
e-mail (38%), publicações no Facebook (33%), produção de material impresso 
sobre os serviços (28%), distribuição de informativos impressos aos clientes (27%) 
e parcerias com entidades de classe e associações empresariais (24%). 
Mais importante que a análise das principais ações é a constatação de que menos 
de 40% das organizações têm algum tipo de ação de marketing. 
As prováveis causas desse baixo nível de amadurecimento do setor quanto aos 
conceitos e práticas de "marketing de serviços” são a atuação comoditizada e uma 
percepção de valor, por parte dos empreendedores, fortemente baseada na 
eficácia operacional e no relacionamento pessoal. 
A não compreensão do marketing como área estratégica para captação, 
atendimento e manutenção de clientes na prestação de serviços acaba reforçando 
a competição por preço no setor. 
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Análise dos resultados 
V. TECNOLOGIA 
Quase todas as organizações contábeis usam sistemas de controle operacional básico (fiscal, 
contábil e de folha de pagamentos). 
Apenas 26% utilizam sistemas para auditar arquivos fiscais digitais, como os do SPED e da NF-e. 
Apenas 19% têm portais para atendimento aos clientes e 11%, sistemas de gerenciamento de 
relacionamento (CRM). 
Cerca de um terço delas utiliza sistemas de controle financeiro e faturamento. 
A percepção do empreendedor contábil quanto à eficácia operacional e o relacionamento 
pessoal é contrastada pela baixa utilização de tecnologias para garantir a qualidade dos 
serviços básicos de escrituração. O mesmo ocorre com os sistemas de CRM, que têm como 
premissa potencializar o relacionamento com a clientela. 
Por fim, a pouca cultura de administração estratégica é constatada pela ínfima utilização de 
sistemas para controle financeiro do próprio negócio. 
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Análise dos resultados 
V. TECNOLOGIA 
Quarenta e dois por cento das organizações contábeis utilizam sistemas de 
controle operacional no escritório e digitam a maior parte dos dados dos seus clientes. A 
maioria (54%), no entanto, já utiliza sistemas no escritório e importa eletronicamente a maior 
parte dos dados. 
Empreendedores contábeis mais inovadores, por sua vez, já fornecem os sistemas via internet 
para seus clientes (2%). Mas apenas a metade desse contingente utiliza os dados recebidos 
no caminho inverso para o processamento operacional. Por fim, 1% também é o total dos que 
adotam o uso desses recursos nas próprias instalações dos seus contratantes. 
Note-se que o modelo tecnológico baseado na digitação dos dados contrasta flagrantemente 
com a crença de que a eficácia operacional seja um grande fator de diferenciação para 
clientes, uma vez que essa estrutura é frágil e fortemente suscetível a falhas. 
Os demais modelos são operacionalmente eficazes, porém sua adoção depende de análise 
estratégica e mercadológica por parte das organizações contábeis. 
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Análise dos resultados 
VI. DESAFIOS 
Sessenta e quatro por cento das organizações contábeis percebem como uma grande dificuldade o 
recebimento de informações dos clientes com qualidade e prazo. 
Cerca de 40% informaram que suas principais dificuldades são: baixo crescimento de receitas, 
contratação, capacitação e controle da produtividade de RH. 
Aproximadamente um terço apontou como principais desafios: atualização legal, cumprimento de 
obrigações acessórias e entendimento da legislação. 
Apenas 5% indicaram problemas com o cálculo de tributos. 
Enfim, o principal desafio apontado reflete o contexto de uso de um modelo tecnológico obsoleto, baseado 
em digitação de dados, bem como a falta de cultura de marketing de serviços, em especial no fundamento 
de relacionamento com clientes para aproximação e melhoria do atendimento. Reforçando todo este 
quadro há ainda uma baixa utilização de portais de serviços e atendimento (apenas 19% têm esse tipo de 
sistema). 
Por outro lado, a minoria entende como problema as questões legais que impactam no processo 
operacional. Isso contrasta com a crença de que o cálculo correto de tributos e o cumprimento de 
obrigações acessórias sejam fatores de diferenciação dos serviços. Ou seja, reforçam o contexto 
comoditizado do mercado. 
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Análise dos resultados 
VII. EVOLUÇÃO NOS ÚLTIMOS 3 ANOS 
Setenta por cento das organizações contábeis tiveram aumento em sua base de clientes , com 76% também 
reconhecendo expansão de receitas neste período. 
Em contrapartida, 89% apresentaram elevação em seus custos. 
Um fator importante a ser considerando é que a inflação nos últimos 3 anos (IPCA - 10/2011 a 10/2014) foi de 19,47%. 
Além disso, o salário mínimo passou de R$ 545,00 para R$ 724,00, apresentando uma variação de 32,8%. 
Assim, apenas 1 em cada 4 escritórios contábeis conseguiu aumento de receita superior a 25% neste mesmo 
período . 
Por outro lado, apenas 1 em cada 4 informou ter apresentado aumento de custos superior a 25%. Portanto, há duas 
hipóteses: ou de fato o setor trabalhou com uma estrutura de custos com evolução abaixo da inflação ou os 
acréscimos não foram percebidos pelos empreendedores. 
É importante ressaltar que 37% dos escritórios que declararam ter entre seus principais diferenciais a atuação 
especializada, ou a prestação de serviços personalizados para cada cliente, conseguiram aumento de receitas acima 
de 25% nos últimos 3 anos. Contudo, apenas 15% dos que consideram preços baixos como diferencial obtiveram 
resultados desta ordem. 
Por fim, cabe destacar que o perfil de escritórios que se diferenciam por preço apresentam fragilidades em outros 
indicadores: 72% não têm planos estratégicos, 70% não definiram indicadores de resultados, 60% não estabelecem 
metas para colaboradores, 58% digitam a maior parte dos dados de seus clientes. 
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Análise dos resultados 
VIII. APLICAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO 
Em média, as organizações contábeis informaram que 65% das horas trabalhadas 
se dedicam ao atendimento às demandas governamentais; 12% à produção 
e apresentação de informações para apoio à gestão dos clientes; 11% às rotinas 
administrativas e 9% à capacitação dos recursos humanos. 
Para as atividades comerciais, de marketing, parcerias 
estratégicas, planejamento estratégico e gerenciamento dos resultados 
do escritório, restam apenas 5% do tempo total . 
Tal cenário mais uma vez reflete a comoditização vivida pelo setor, bem como a 
pouca percepção de valor, por parte dos seus clientes, com relação aos quesitos 
atendimento, personalização e oferta de serviços. 
Reforça ainda a pouca cultura de administração estratégica colocada em prática 
por uma parcela significativa dos empreendedores deste segmento. 
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Análise dos resultados 
XIX. CONCLUSÃO 
Ainda são poucas as organizações contábeis que apresentam amadurecimento gerencial e dão atenção às 
questões estratégicas de seus negócios. Aproximadamente 20% delas têm esse perfil. 
É igualmente reduzido o número das que consideram diferenciais competitivos os serviços personalizados 
(33%) e especializados (17%). 
Em contrapartida, há uma quantidade significativa já encarando a excelência no atendimento como fator 
importante de diferenciação (56%). 
Quase quarenta por cento já realizam ações estruturadas de marketing, seja para captação, atendimento 
ou fidelização de clientes. 
Cinquenta e cinco por cento, por sua vez, estão preocupadas com o aumento dos custos ou o baixo 
crescimento de receitas. 
Este cenário evidencia dificuldades na transformação de um perfil exclusivamente técnico do profissional 
da contabilidade para um mais empreendedor. Contudo, está claro tratar-se de um processo já em 
andamento e que a sustentabilidade dos negócios contábeis depende desta transição. 
Por fim, os empreendedores que utilizam as ferramentas de gestão estratégica, aliadas à inovação em 
processos, atendimento e serviços já estabelecem um novo patamar de organização contábil, mais 
competitiva e bem preparada para superar desafios e aproveitar oportunidades. 
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Pesquisa: Gestão das organizações contábeis

  • 1. www.robertodiasduarte.com.br Gestão das organizações contábeis Análise dos resultados da pesquisa Dezembro/2014 por Roberto Dias Duarte
  • 2. Sobre a pesquisa O Sistema Público de Escrituração Digital e seus vários subprojetos têm sido expressivos agentes de mudanças nas empresas dos mais diversos segmentos. E não apenas visando as conformidades trabalhista e tributária, mas também a busca permanente por uma maior eficiência operacional, sendo as organizações contábeis importantes aliadas nesse processo. A grande transformação pela qual vem passando o segmento de negócios contábeis nos deixa, muitas vezes, sem referências sobre as melhores opções a serem adotadas. Os resultados dessa pesquisa permitirão às empresas comparar sua realidade com a média do mercado e, desta forma, nortear de maneira mais precisa suas decisões estratégicas. Assim, este trabalho pretende diagnosticar o presente e o futuro das organizações contábeis brasileiras, ao identificar suas principais oportunidades, ameaças e tendências, diante das muitas mudanças pelas quais têm passado. www.robertodiasduarte.com.br
  • 3. www.robertodiasduarte.com.br Metodologia • Pesquisa Survey descritiva, que busca identificar o comportamento gerencial do empreendedor contábil brasileiro. • O período para coleta de dados foi de 10/10/2014 a 30/11/2014. • Foram coletadas 388 respostas ao questionário, registradas por meio da ferramenta SurveyMonkey. • A divulgação da coleta de dados da pesquisa foi feita pelas redes sociais (Facebook, Twitter, LinkedIn), blogs e portais de notícias relacionados à área contábil. • O erro amostral é de 5%, com nível de confiança de 95%. • Foram obtidas respostas oriundas de todas as Unidades da Federação, exceto Acre e Roraima.
  • 4. Atividade profissional • 58% dos profissionais que responderam à pesquisa se identificaram como sócios de organizações contábeis. • 20% afirmaram ter posição gerencial (gerente, supervisor ou coordenador). • 19% declararam atuar em funções técnicas (técnico/ consultor/analista). www.robertodiasduarte.com.br www.robertodiasduarte.com.br
  • 5. Quantidade de profissionais • 59% das organizações contábeis pesquisadas têm entre 2 e 10 funcionários. • 74% das organizações contábeis pesquisadas têm entre 2 e 20 funcionários. www.robertodiasduarte.com.br • Menos de 20% das organizações contábeis pesquisadas têm mais de 20 funcionários.
  • 6. www.robertodiasduarte.com.br Receita anual • 73% das organizações contábeis pesquisadas têm a receita anual menor que R$ 500mil. • 12% têm receitas anuais acima de R$ 1 milhão.
  • 7. Quantidade de clientes • 39% das organizações contábeis pesquisadas atendem entre 51 e 150 clientes. www.robertodiasduarte.com.br • 67% das organizações contábeis pesquisadas atendem menos de 100 clientes.
  • 8. Missão, Visão e valores • 52% das organizações contábeis pesquisadas já definiram sua identidade corporativa. • 25% não definiram sua identidade organizacional, nem têm planos para isso. www.robertodiasduarte.com.br
  • 9. Planos estratégicos • Para 19% das organizações contábeis pesquisadas, o plano de ações estratégicas é definido e o cumprimento das ações é monitorado periodicamente. • Em 31% não há expectativa para definição do plano de ações estratégicas. www.robertodiasduarte.com.br
  • 10. Indicadores de resultados • Para 22% das organizações contábeis pesquisadas, os indicadores de resultados são definidos e monitorados periodicamente. • Em 40% não há expectativa para definição de indicadores de resultados organizacionais. www.robertodiasduarte.com.br
  • 11. Metas de desempenho dos www.robertodiasduarte.com.br colaboradores • 44% das organizações contábeis pesquisadas não estabelecem metas de desempenho para seus colaboradores. • 20% estabelecem metas e premiações.
  • 12. www.robertodiasduarte.com.br Público-alvo • 59% das organizações contábeis pesquisadas atendem a qualquer perfil de cliente. • 13% atendem a qualquer perfil de cliente, mas as ações de captação e marketing são focadas em um perfil específico. • 17% atendem a qualquer perfil de cliente, mas estão trabalhando para atender a apenas um perfil específico. • 11% atendem apenas a um perfil específico de cliente.
  • 13. Valores dos serviços em relação à média do mercado • 65% das organizações contábeis praticam preços dentro da média de mercado, conforme a percepção dos pesquisados. • 18% das organizações contábeis pesquisadas praticam preços abaixo da média de mercado. • 17% praticam preços acima da média de mercado. www.robertodiasduarte.com.br
  • 14. Serviços ofertados • Praticamente todas as organizações contábeis oferecem serviços de escrituração contábil, fiscal e processamento de folha de pagamentos. • Mais da metade realiza consultorias (fiscal, contábil e tributaria). • Cerca de 10% oferecem auditoria contábil e auditoria em arquivos fiscais eletrônicos. • Apenas 5% atuam com outsoursing. www.robertodiasduarte.com.br
  • 15. Ações de marketing • As organizações contábeis pesquisadas declararam que suas ações de marketing mais frequentes são: envio de informativos por e-mail (38%), publicações no Facebook (33%), produção de material impresso sobre os serviços (28%), distribuição de informativos impressos aos clientes (27%) e parcerias com entidades de classe, associações empresariais (24%). www.robertodiasduarte.com.br
  • 16. Principais diferenciais • Quase 70% das organizações contábeis pesquisadas declararam que um de seus principais diferenciais é o cumprimento rigoroso das obrigações acessórias. • 63% também acreditam que o cálculo correto dos tributos é um de seus principais diferenciais. • 75% veem no relacionamento com seus clientes um grande diferencial. • Apenas 56% acreditam que a excelência no atendimento é um fator de diferenciação. • Serviços personalizados, variedade de serviços e atuação especializada no mercado dos clientes foram apontados, respectivamente, por 33%, 26% e 17% das organizações contábeis. www.robertodiasduarte.com.br
  • 17. Uso de sistemas • Quase todas as organizações contábeis pesquisadas declararam que usam sistemas (ou módulos funcionais) de controle fiscal, contábil e processamento de folha de pagamentos. • Cerca de um terço delas utiliza sistemas de controle financeiro e faturamento. • Apenas 19% têm portais para atendimento aos clientes e 11%, sistemas de gerenciamento de relacionamento com clientes (CRM). • Apenas 26% utilizam sistemas para auditar arquivos fiscais digitais, como os do SPED e da NF-e . www.robertodiasduarte.com.br
  • 18. Modelo tecnológico • 42% das organizações contábeis pesquisadas utilizam sistemas (folha/ contábil/fiscal) no escritório e digitam a maior parte dos dados dos seus clientes. • 54% utilizam sistemas (folha/contábil/fiscal) no escritório e importam eletronicamente a maior parte dos dados dos seus clientes. • 2% fornecem os sistemas (financeiro/ faturamento/estoque) via internet para seus clientes e os dados já são integrados aos módulos contábeis/fiscal/folha. • 1% utiliza (por meio da internet) o sistema dos clientes para o processamento fiscal/ contábil/folha. • 1% utiliza, nas instalações dos clientes, o sistema para o processamento fiscal/ contábil/folha. www.robertodiasduarte.com.br
  • 19. Principais dificuldades • A maior dificuldade apontada pelas organizações contábeis pesquisadas foi receber informações dos clientes com qualidade e prazo. • Apenas 16% delas indicaram problemas com a aderência de sistemas de informação e 5% com o cálculo de tributos. • Cerca de 40% informaram que suas principais dificuldades são: baixo crescimento de receitas, contratação, capacitação e controle da produtividade de RH. www.robertodiasduarte.com.br
  • 20. Custos de penalidades www.robertodiasduarte.com.br legais • 33% das organizações contábeis informaram que, nos últimos 12 meses, não arcaram com custos de penalidades fiscais, tributárias ou trabalhistas de seus clientes. • 49% delas arcaram com custos de até R$ 5mil. • 10% das organizações contábeis pesquisadas arcaram com custos acima de R$ 10mil.
  • 21. Evolução da carteira de www.robertodiasduarte.com.br clientes • 17% das organizações contábeis informaram não ter havido aumento nem redução de sua carteira de clientes nos últimos 3 anos. • 13% delas tiveram redução da quantidade de clientes atendidos. • 44% tiveram aumentos superiores a 10% em suas carteiras.
  • 22. Evolução da receita • 12% das organizações contábeis informaram não ter havido aumento nem redução em sua receita nos últimos 3 anos. • 12% delas tiveram redução de receitas. • 50% tiveram aumentos superiores a 10% em suas receitas. www.robertodiasduarte.com.br
  • 23. Evolução dos custos • 8% das organizações contábeis informaram não ter havido aumento nem redução de custos nos últimos 3 anos. • 4% delas tiveram redução de custos. • 62% tiveram aumentos superiores a 10% em seus custos. www.robertodiasduarte.com.br
  • 24. Aplicação da força de www.robertodiasduarte.com.br trabalho • Em média, as organizações contábeis informaram que 65% do tempo total das horas trabalhadas são dedicados ao cálculo de tributos, obrigações acessórias, processamento da folha de pagamentos, procedimentos trabalhistas, processos burocráticos, atendimento à demanda de órgãos governamentais e atendimento às demandas de clientes relacionadas com tributos ou processos burocráticos. • 12% do tempo total da equipe, em média, são empregados na produção de relatórios gerenciais e outras informações para apoio à gestão de seus clientes, bem como em reuniões para a apresentação desses dados. • 9% do tempo, em média, são dedicados a cursos, treinamentos, palestras e participação em outras atividades dedicadas ao desenvolvimento técnico ou profissional dos colaboradores e sócios. • 11% do tempo são utilizados nas atividades administrativas, financeiras e manutenção da tecnologia do escritório. • Apenas 5% são empregados em atividades comerciais, marketing, parcerias estratégicas, planejamento estratégico e gerenciamento dos resultados do escritório.
  • 25. Análise dos resultados I. RESULTADOS OBTIDOS Segundo dados do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), em 31/12/2013 havia, no Brasil, 33.970 sociedades empresárias registradas como organizações contábeis. Atuavam ainda na área 6.926 empresários individuais e 41.747 escritórios individuais (organizações unipessoais não personificadas). O foco dessa pesquisa foi a análise do comportamento empreendedor das sociedades empresárias constituídas para prestar serviços contábeis. Mesmo partindo de uma amostragem não probabilística (por conveniência), os resultados obtidos representam, de forma significativa, o comportamento global do público pesquisado. Após realizar diversos cortes (receita bruta, quantidade de clientes, quantidade de funcionários, região), o comportamento manteve-se o mesmo do resultado global (sem cortes), guardados os desvios estatísticos. Portanto, pode-se afirmar que os dados obtidos representam com bastante fidedignidade o comportamento geral das organizações contábeis constituídas no Brasil como sociedades empresárias. www.robertodiasduarte.com.br
  • 26. Análise dos resultados II. CULTURA ESTRATÉGICA Cinquenta e dois por cento das organizações contábeis têm a identidade corporativa definida formalmente, por meio da declaração de missão, visão e valores. Contudo, apenas 19% estabelecem plano de ações estratégicas e realizam seu monitoramento periódico, enquanto 22% têm indicadores de resultados definidos e controlados . Já o o índice das que determinam metas para seus colaboradores e realizam premiações pelo seu cumprimento se limita a 20%. Assim, constata-se que apenas 1 em cada 5 escritórios contábeis pratica os conceitos básicos de gestão estratégica na administração de seus negócios. www.robertodiasduarte.com.br
  • 27. Análise dos resultados III. DIFERENCIAÇÃO E OFERTA DE VALOR Onze por cento das organizações contábeis praticam efetivamente a segmentação de mercado para captação e atendimento de clientes. Quase 70% declararam que um de seus principais diferenciais é o cumprimento rigoroso das obrigações acessórias, ao passo que 63% consideram o cálculo correto dos tributos um fator de diferenciação relevante. Entretanto, apenas 56% acreditam que a excelência no atendimento represente um importante aspecto de diferenciação. Além disso, serviços personalizados e variados, e atuação especializada no mercado de clientes foram apontados como diferenciais por, respectivamente, 33%, 26% e 17% das organizações contábeis. Por outro lado, 75% veem no relacionamento com seus clientes um grande diferencial. Assim, ainda prevalece a crença de que a eficácia operacional e o relacionamento sejam suficientes para mostrar valor ao cliente. Fatores fundamentais de percepção de valor como atendimento, personalização, variedade de serviços e especialização são considerados secundários por grande parte dos empreendedores contábeis. www.robertodiasduarte.com.br
  • 28. Análise dos resultados III. DIFERENCIAÇÃO E OFERTA DE VALOR Ainda sobre a oferta de valor, constata-se que praticamente todas as organizações contábeis oferecem serviços básicos de escrituração (contábil, fiscal e processamento de folha). Contudo, as consultorias compõem o mix de serviços de pouco mais da metade dos escritórios (62% fiscal, 56% contábil e 54% tributária). Pouco menos da metade oferta planejamento tributário (46%) e contabilidade gerencial (41%). Apenas 10% oferecem auditoria em arquivos fiscais eletrônicos e 5% atuam com outsourcing. Enfim, apesar de o perfil “contador consultor" ser bastante divulgado, ainda há um longo caminho a ser percorrido até que essa realidade seja uma prática efetiva do mercado. Enquanto isso, a atuação permanece, para a maioria, comoditizada. Isto é, baseada em ofertas de serviços básicos e, consequentemente, em diferenciação por preço. www.robertodiasduarte.com.br
  • 29. Análise dos resultados IV. MARKETING As ações de marketing mais frequentes verificadas são: envio de informativos por e-mail (38%), publicações no Facebook (33%), produção de material impresso sobre os serviços (28%), distribuição de informativos impressos aos clientes (27%) e parcerias com entidades de classe e associações empresariais (24%). Mais importante que a análise das principais ações é a constatação de que menos de 40% das organizações têm algum tipo de ação de marketing. As prováveis causas desse baixo nível de amadurecimento do setor quanto aos conceitos e práticas de "marketing de serviços” são a atuação comoditizada e uma percepção de valor, por parte dos empreendedores, fortemente baseada na eficácia operacional e no relacionamento pessoal. A não compreensão do marketing como área estratégica para captação, atendimento e manutenção de clientes na prestação de serviços acaba reforçando a competição por preço no setor. www.robertodiasduarte.com.br
  • 30. Análise dos resultados V. TECNOLOGIA Quase todas as organizações contábeis usam sistemas de controle operacional básico (fiscal, contábil e de folha de pagamentos). Apenas 26% utilizam sistemas para auditar arquivos fiscais digitais, como os do SPED e da NF-e. Apenas 19% têm portais para atendimento aos clientes e 11%, sistemas de gerenciamento de relacionamento (CRM). Cerca de um terço delas utiliza sistemas de controle financeiro e faturamento. A percepção do empreendedor contábil quanto à eficácia operacional e o relacionamento pessoal é contrastada pela baixa utilização de tecnologias para garantir a qualidade dos serviços básicos de escrituração. O mesmo ocorre com os sistemas de CRM, que têm como premissa potencializar o relacionamento com a clientela. Por fim, a pouca cultura de administração estratégica é constatada pela ínfima utilização de sistemas para controle financeiro do próprio negócio. www.robertodiasduarte.com.br
  • 31. Análise dos resultados V. TECNOLOGIA Quarenta e dois por cento das organizações contábeis utilizam sistemas de controle operacional no escritório e digitam a maior parte dos dados dos seus clientes. A maioria (54%), no entanto, já utiliza sistemas no escritório e importa eletronicamente a maior parte dos dados. Empreendedores contábeis mais inovadores, por sua vez, já fornecem os sistemas via internet para seus clientes (2%). Mas apenas a metade desse contingente utiliza os dados recebidos no caminho inverso para o processamento operacional. Por fim, 1% também é o total dos que adotam o uso desses recursos nas próprias instalações dos seus contratantes. Note-se que o modelo tecnológico baseado na digitação dos dados contrasta flagrantemente com a crença de que a eficácia operacional seja um grande fator de diferenciação para clientes, uma vez que essa estrutura é frágil e fortemente suscetível a falhas. Os demais modelos são operacionalmente eficazes, porém sua adoção depende de análise estratégica e mercadológica por parte das organizações contábeis. www.robertodiasduarte.com.br
  • 32. Análise dos resultados VI. DESAFIOS Sessenta e quatro por cento das organizações contábeis percebem como uma grande dificuldade o recebimento de informações dos clientes com qualidade e prazo. Cerca de 40% informaram que suas principais dificuldades são: baixo crescimento de receitas, contratação, capacitação e controle da produtividade de RH. Aproximadamente um terço apontou como principais desafios: atualização legal, cumprimento de obrigações acessórias e entendimento da legislação. Apenas 5% indicaram problemas com o cálculo de tributos. Enfim, o principal desafio apontado reflete o contexto de uso de um modelo tecnológico obsoleto, baseado em digitação de dados, bem como a falta de cultura de marketing de serviços, em especial no fundamento de relacionamento com clientes para aproximação e melhoria do atendimento. Reforçando todo este quadro há ainda uma baixa utilização de portais de serviços e atendimento (apenas 19% têm esse tipo de sistema). Por outro lado, a minoria entende como problema as questões legais que impactam no processo operacional. Isso contrasta com a crença de que o cálculo correto de tributos e o cumprimento de obrigações acessórias sejam fatores de diferenciação dos serviços. Ou seja, reforçam o contexto comoditizado do mercado. www.robertodiasduarte.com.br
  • 33. Análise dos resultados VII. EVOLUÇÃO NOS ÚLTIMOS 3 ANOS Setenta por cento das organizações contábeis tiveram aumento em sua base de clientes , com 76% também reconhecendo expansão de receitas neste período. Em contrapartida, 89% apresentaram elevação em seus custos. Um fator importante a ser considerando é que a inflação nos últimos 3 anos (IPCA - 10/2011 a 10/2014) foi de 19,47%. Além disso, o salário mínimo passou de R$ 545,00 para R$ 724,00, apresentando uma variação de 32,8%. Assim, apenas 1 em cada 4 escritórios contábeis conseguiu aumento de receita superior a 25% neste mesmo período . Por outro lado, apenas 1 em cada 4 informou ter apresentado aumento de custos superior a 25%. Portanto, há duas hipóteses: ou de fato o setor trabalhou com uma estrutura de custos com evolução abaixo da inflação ou os acréscimos não foram percebidos pelos empreendedores. É importante ressaltar que 37% dos escritórios que declararam ter entre seus principais diferenciais a atuação especializada, ou a prestação de serviços personalizados para cada cliente, conseguiram aumento de receitas acima de 25% nos últimos 3 anos. Contudo, apenas 15% dos que consideram preços baixos como diferencial obtiveram resultados desta ordem. Por fim, cabe destacar que o perfil de escritórios que se diferenciam por preço apresentam fragilidades em outros indicadores: 72% não têm planos estratégicos, 70% não definiram indicadores de resultados, 60% não estabelecem metas para colaboradores, 58% digitam a maior parte dos dados de seus clientes. www.robertodiasduarte.com.br
  • 34. Análise dos resultados VIII. APLICAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO Em média, as organizações contábeis informaram que 65% das horas trabalhadas se dedicam ao atendimento às demandas governamentais; 12% à produção e apresentação de informações para apoio à gestão dos clientes; 11% às rotinas administrativas e 9% à capacitação dos recursos humanos. Para as atividades comerciais, de marketing, parcerias estratégicas, planejamento estratégico e gerenciamento dos resultados do escritório, restam apenas 5% do tempo total . Tal cenário mais uma vez reflete a comoditização vivida pelo setor, bem como a pouca percepção de valor, por parte dos seus clientes, com relação aos quesitos atendimento, personalização e oferta de serviços. Reforça ainda a pouca cultura de administração estratégica colocada em prática por uma parcela significativa dos empreendedores deste segmento. www.robertodiasduarte.com.br
  • 35. Análise dos resultados XIX. CONCLUSÃO Ainda são poucas as organizações contábeis que apresentam amadurecimento gerencial e dão atenção às questões estratégicas de seus negócios. Aproximadamente 20% delas têm esse perfil. É igualmente reduzido o número das que consideram diferenciais competitivos os serviços personalizados (33%) e especializados (17%). Em contrapartida, há uma quantidade significativa já encarando a excelência no atendimento como fator importante de diferenciação (56%). Quase quarenta por cento já realizam ações estruturadas de marketing, seja para captação, atendimento ou fidelização de clientes. Cinquenta e cinco por cento, por sua vez, estão preocupadas com o aumento dos custos ou o baixo crescimento de receitas. Este cenário evidencia dificuldades na transformação de um perfil exclusivamente técnico do profissional da contabilidade para um mais empreendedor. Contudo, está claro tratar-se de um processo já em andamento e que a sustentabilidade dos negócios contábeis depende desta transição. Por fim, os empreendedores que utilizam as ferramentas de gestão estratégica, aliadas à inovação em processos, atendimento e serviços já estabelecem um novo patamar de organização contábil, mais competitiva e bem preparada para superar desafios e aproveitar oportunidades. www.robertodiasduarte.com.br