1. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO UTILIZADO EM CAMADAS
DE COBERTURA NO ATERRO SANITÁRIO DE CAUCAIA-CEARÁ
Francisco Thiago RODRIGUES(1)
; Israel Alves Mendes de ARAÚJO(2)
; Arthur Abreu
Costa FACUNDO(3)
; Roberto Antônio Cordeiro da SILVA(4)
; Gemmelle Oliveira
SANTOS(5)
(1) Graduando em Engenharia Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Ceará (IFCE), Campus Maracanaú, thiagobioo@hotmail.com
(2) Graduando em Engenharia Ambiental pelo IFCE, Campus Maracanaú, e Bolsista de Iniciação
Científica pelo CNPq, isr_mendes@hotmail.com
(3) Graduando em Tecnologia em Saneamento Ambiental pelo IFCE, Campus Fortaleza, e Bolsista de
Iniciação Científica pelo CNPq, arthurabreu815@hotmail.com
(4) roberto@det.ufc.br
(5) Professor Ms. do IFCE e Doutorando em Saneamento Ambiental pela UFC, gemmelle@ifce.edu.br
RESUMO
O presente trabalho consiste na avaliação e caracterização do solo da camada de cobertura
do Aterro Sanitário Metropolitano Oeste no município de Caucaia ASMOC, na região
metropolitana de Fortaleza – Ceará. Foram coletadas seis amostras de solo indeformadas e
seis amostras deformadas. Nessas amostras foram analisadas características físicas como
análise granulométrica, limites de consistência, peso especifico dos grãos, compactação
Proctor Normal, porosidade e permeabilidade. Observa-se, com base nesse estudo, que o
tipo de solo, areia siltoso, não apresenta características físicas ideais para evitar um possível
impacto ambiental no solo ou nos sistemas hídricos da região, onde o aterro sanitário está
instalado.
Palavras-chave: Estratigrafia do solo, Sondagens SPT, Aterro Sanitário.
2. INTRODUÇÃO
A problemática da geração e destino final dos resíduos sólidos, na grande maioria dos
Estados e capitais brasileiras, vem se agravando por conta do acelerado crescimento
populacional, mudanças de hábitos sociais e escassez de tecnologias de gestão e
gerenciamento de baixo custo.
De acordo com Franceschet et al. (2005), a atual destinação mais adequada para a
disposição final dos resíduos sólidos é a técnica do aterro sanitário, pois visa a minimização
dos impactos ambientais e dos problemas de saúde pública. Porém, a produção de líquidos
(chorume, lixiviado ou percolado) e gases pode ser um problema nesse tipo de
empreendimento.
Segundo Franceschet et al. (2005), as fontes de produção dos líquidos percolados são
a própria umidade inicial dos resíduos sólidos, a água gerada no processo de decomposição
biológica e a água da chuva que percola pela camada de cobertura. Assim, as propriedades
do solo usado como material de cobertura dos resíduos sólidos são importantes, visto que a
infiltração e a percolação dos líquidos dependem do tipo desses materiais.
A camada de cobertura tem a função de dificultar a infiltração das águas precipitadas
sobre as células do aterro, de evitar a proliferação de vetores de doenças, de evitar a
catação, de impedir o arraste de materiais pela ação dos ventos e facilitar a movimentação
das máquinas e veículos sobre o aterro (IPT, 2000). Além disso, a camada de cobertura
influencia diretamente na eficiência da decomposição bioquímica dos resíduos, a geração e
características físico-químicas do lixiviado e o controle de migração gás para atmosfera
(Ferreira e Mahler, 2006).
Neste intuito, o objetivo deste trabalho consiste em caracterizar e avaliar as
propriedades do solo utilizado como camada de cobertura no Aterro Sanitário
Metropolitano Oeste no município de Caucaia (ASMOC), na região metropolitana de
Fortaleza – Ceará.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Franceschet et al. (2005), a fim de avaliar a qualidade dos materiais que são
utilizados para impermeabilizar as camadas de base e cobertura em aterros sanitários de
3. Santa Catarina, foram realizados ensaios de caracterização, compactação e permeabilidade
para os quatro tipos de solos utilizados em camadas de base e de cobertura. Foram
encontrados quatro tipos diferentes de solo: silte arenoso, areia siltosa, silte argiloso e argila
siltosa. Através deste estudo, foi possível verificar que a maioria dos solos utilizados em
camadas de base e de cobertura nos aterros sanitários de Santa Catarina apresenta um baixo
coeficiente de permeabilidade (em torno de 10-7
cm/s). Apesar da baixa permeabilidade dos
solos, é considerada importante a utilização da geomembrana sintética na
impermeabilização da camada de base do aterro sanitário.
Segundo Ferreira e Mahler (2006), com o objetivo de avaliar a qualidade do material
de cobertura utilizado nas camadas intermediárias e finais da Central de Tratamento de
Resíduos de Nova Iguaçu (CTR) - RJ, foram coletadas amostras de solo da jazida, onde se
retira o material de cobertura da CTR. Realizaram-se ensaios de permeabilidade e
caracterização dos solos no ano de 2003 e de 2005. A maioria das amostras apresentou uma
percentagem de argila acima de 50%, indicando que os solos possuem baixa
permeabilidade. Além disso, as amostras apresentaram percentagens de limite de liquidez
acima de 50%. Os solos utilizados para a cobertura dos resíduos na CTR são argilas e siltes
de boa qualidade, o que garante a viabilização dos custos de construção do sistema de
cobertura do aterro.
Segundo Bernades et al. (1999), a fim de avaliar e caracterizar os comportamentos
mecânicos e hidráulicos do solo da área de disposição final de resíduos sólidos de Brasília,
foram realizados ensaios geotécnicos em campo e em laboratório. Em campo, amostras do
solo superficial argiloso vermelho, predominante da área, foram coletadas com a finalidade
de caracterização e determinação das propriedades mecânicas e hidráulicas nos estados
naturais e compactadas. Os estudos no laboratório consistiram em ensaios de caracterização
(granulometria, Limite de Liquidez e Limite de Plasticidade), ensaios de compactação e
ensaios de permeabilidade em amostras naturais e compactadas. O uso combinado de
estudos geológico-geotécnicos e estudos de impacto ambiental se constitui em elementos
importantes na avaliação das características de uma área em termos de risco de
contaminação devido a efluentes superficiais.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Foram coletadas 06 amostras de solo indeformadas e 06 deformadas. No primeiro
caso, utilizou-se três equipamentos feitos com ferro galvanizado (um amostrador cilíndrico
de 20cm de altura e 13cm de diâmetro, uma barra de 1,0m de comprimento e 2,5cm de
diâmetro, um peso de 5cm de altura e 13cm de diâmetro com um furo no centro de 3cm. No
segundo caso, coletou-se as amostras com uma ‘pá’ e alguns sacos de nylon de 60Kg. A
Figura 1 mostra os equipamentos e a coleta das amostras.
Figura 1 - Coleta das amostras do solo da camada da célula estudada
Amostras indeformadas
Amostras deformadas
5. Sob orientação das metodologias da ABNT foram realizados os seguintes ensaios no
Laboratório de Mecânica dos Solos da Universidade Federal do Ceará: análise
granulométrica, compactação Proctor Normal, peso específico dos grãos, limites de
consistência (liquidez, plasticidade), porosidade e permeabilidade à água.
RESULTADOS
Gráfico 1 - Curva granulométrica do solo de cobertura da célula do ASMOC
A partir dos dados apresentados no gráfico 1 e utilizando o triângulo de Feret, pode-
se inferir que o solo da camada de cobertura do ASMOC é areia siltosa, o qual não é muito
adequado para evitar a percolação do lixiviado devido ao seu baixo teor de argila.
Os limites de Atterberg (Gráfico 2) determinados para este solo são (média das 06
amostras): LL = 26% e LP de 16%. O índice de plasticidade (IP) é de 10%. Estes valores
mostram que o solo da camada de cobertura é medianamente plástico, o que não é muito
ideal para um solo de cobertura que deveria possuir um índice de plasticidade maior ou
igual a 15%.
Argila(17%) Silte(29%) Areia Fina(23%)
Areia
Grossa(10%) Pedregulho(3%)
Areia
Média(18%)
6. Gráfico 2 - Curva do Limite de Liquidez do solo de cobertura da célula do ASMOC
O ensaio de compactação Proctor Normal das 06 amostras, em média, teve os
resultados mostrados na Figura 29, que indica uma massa específica seca máxima em torno
de 1,93g/cm3
e uma umidade ótima de 12,4%.
Figura 29 - Curva de compactação do solo de cobertura da célula do ASMOC
A1
A2
A3
A4
A5 A6
7. CONCLUSÃO
Este estudo do solo da camada de cobertura do ASMOC mostrou que ele não
apresenta características físicas ideais para ter uma eficiência adequada em evitar a
infiltração das águas de precipitação, o que é de grande preocupação devido à possibilidade
de haver uma intensa produção de percolado. Sendo assim, mostra-se necessário que haja
uma avaliação econômica e ambiental para que ocorra a substituição da atual camada de
cobertura por outra que possua propriedades mais adequadas para essa finalidade, com o
objetivo de se evitar qualquer tipo de impacto ambiental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6459: Solo:
Determinação do limite de liquidez. Rio de Janeiro, 1984.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6508: Grãos de solo que
passam na peneira de 4,8 mm: Determinação da massa específica. Rio de Janeiro, 1984.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7180: Solo:
Determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro, 1984.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7181: Solo: Análise
Granulométrica. Rio de Janeiro, 1984.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7162: Solo: Ensaio de
compactação. Rio de Janeiro, 1985.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6457: Amostras de
Solo: Preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização. Rio de Janeiro,
1986.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13896: Aterros de
resíduos não perigosos: Critérios para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro,
1997.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14545: Solo:
Determinação do coeficiente de permeabilidade de solos argilosos a carga variável. Rio de
Janeiro, 2000.