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Leonardo da Vinci de Rita Vilela
INFORMAÇÃO AO LEITOR
Numa linguagem clara, dirigida aos espíritos mais curiosos, a coleção «Génios do Mundo» tem como objetivo dar a
conhecer a vida e a obra de figuras ímpares e incontornáveis da História da Humanidade.
Contada de uma forma simples e com alguma fantasia da autora, cada história não pretende fazer uma apresentação
exaustiva da vida de cada génio. A seleção dos acontecimentos foi feita segundo critérios unicamente editoriais, de acordo
com o espírito da coleção, podendo excluir factos reais.
Morada: Rua Castilho, 57 – 1.º direito, 1250-068 Lisboa
Telefone: 213 713 130
Fax: 213 713 139
E-mail: publicacoes@zeroaoito.pt
Edição original PASS Edições
Título: Génios do Mundo – Leonardo da Vinci
Texto: Rita Vilela
Revisão de texto: Rute Mota
Ilustrações: Vasco Gargalo
Design: Zero a Oito
2.ª edição: abril 2016
ISBN: 978-989-8054-97-5
Depósito Legal: 408741/16
Impressão e acabamento: Publito – Estúdios de Artes Gráficas, Lda.
O conteúdo desta obra não pode ser reproduzido nem transmitido, no todo ou em parte,
por processo eletrónico ou mecânico, fotocópia, gravação ou qualquer outro meio
sem prévia autorização por escrito da Zero a Oito.
Uma chancela da Zero a Oito – Edição e Conteúdos, Lda.
Texto:
Rita
Vilela Ilustrações: Vasco
Ga
rgalo
Génios
doMundo
Leonardo
da
Vinci
5
A
inda não está pronto, Leonor?
– Só mais um bocadinho, mãe.
– Não percebo, como podes demo-
rar tanto para fazer uma coisa que
se faz num instante – começou a mãe, abrindo a porta do
quarto da filha, onde a roupa se amontoava sobre a cama.
– Eu estou a arrumar…
– Meu Deus! – exclamou, subindo o tom de voz.
– Chamas a isto arrumar? Não tens vergonha? Estás aqui
há imenso tempo, e isto está pior do que quando come-
çaste. Não sais do teu quarto enquanto não estiver tudo
de novo organizado dentro do armário. Compreendido?
– Mas…
– Não há mas nem meio mas, Leonor! O que
eu te pedi não foi nada de especial. Com o teu pai
Capítulo 1
–
76
– A mãe não me compreende. Ninguém me com-
preende, avô. Eu não sou preguiçosa, eu esforço-me… O
problema é que eu não consigo fazer as coisas mal feitas,
e fazer bem demora tempo.
– O que se passou exatamente? Queres con-
tar-me?
– É a mãe. Pediu-me para arrumar a minha
roupa, que ela tinha passado, e foi o que eu fiz. Só que,
quando olhei para o armário, achei que ficava melhor se
arrumasse tudo por cores, assim é mais fácil escolher de
manhã. Para organizar, tive de tirar a roupa que estava
no armário, e, quando ela chegou, viu tudo em cima da
cama. E zangou-se. A mãe está sempre a queixar-se de
que eu demoro uma eternidade para fazer as coisas.
– Queres dar uma volta, para conversarmos um
pouco?
– Não posso! Estou de castigo enquanto não aca-
bar de arrumar o quarto.
– Eu ajudo-te. Vais ver que entre os dois fica
pronto num instante.
– Eu tenho razão, não achas, avô? É que fazer as
coisas bem feitas demora o seu tempo… – disse a Leonor,
num tom suplicante. O avô era o único adulto com
quem conseguia falar abertamente, o único que a com-
preendia.
sempre fora, eu sozinha não consigo tratar de tudo, per-
cebes? Só estou a pedir que colabores. Pedir que arru-
mes a tua roupa, será pedir muito? Só uma preguiçosa é
que não consegue acabar isso numa hora. Francamente,
filha!
– Mas eu…
– Tu és uma miúda inteligente. Se não conse-
gues, é porque não te esforças. – E vendo a Leonor virar-
-lhe as costas, acrescentou ainda. – A conversa ainda não
terminou! Olha para mim quando estou a falar contigo!
– Estou só a fazer o que tu pediste! – exclamou a
filha, pegando em cinco pares de meias e colocando-os na
gaveta, sem se virar para que não se notasse que os seus
olhos começavam a ficar húmidos.
Assim que a mãe saiu, a Leonor atirou-se para
cima da cama, derrubando, sem querer, parte da roupa do
monte, que se espalhou no chão.
– Não é justo! Não é justo! – repetiu.
***
– Posso entrar? – perguntou o avô, batendo à
porta do quarto da sua neta mais nova.
– Entra, avô – disse a Leonor, correndo a abra-
çá-lo.
– O que se passa, querida? Que cara é essa? Ra-
lharam contigo?
98
célebre de todos os tempos, o Mona Lisa, e estão outros
trabalhos verdadeiramente notáveis.
– Porque é que são tão poucos?
– Há quem diga que muitos dos seus trabalhos
se podem ter perdido, mas a explicação mais natural
tem a ver com o facto de a maior parte das suas obras
ter demorado vários anos a executar. Entre o momento
em que foram iniciadas e o momento em que foram
concluídas passava muito tempo, por vezes, mesmo
muitos anos.
– A sério?
– E sabes que, na sua época, isso nem sempre
era bem compreendido. Conta-se que as pessoas comen-
tavam a imensa lentidão dele em acabar os trabalhos: a
visão geral era que, se houvesse uma competição para o
pintor mais lento, Da Vinci teria facilmente ganhado o
primeiro prémio. Parece até que o Papa Leão X o consi-
derou «um original que nunca fará coisa alguma, porque
pensa no fim antes de ter começado».
– Que injustiça! Coitado do Da Vinci! – excla-
mou a Leonor, indignada.
– Estou aqui a pensar, com os meus botões, que
se calhar o Papa não gostava dele por ser «leão». Os leões
sempre consideraram os carneiros animais inferiores.
– Não gozes, avô. Conta mais!
– Vou-te contar a história de um homem, muito
conhecido, que tinha o mesmo problema que tu, apesar
de já ser adulto, apesar de ter um enorme talento, apesar
de ser um génio. O seu nome era Leonardo, Leonardo da
Vinci.
– Já ouvi falar dele. Era um pintor italiano, não era?
– Era mais do que isso. Mas sim, ele era italiano,
nascido na pequena cidade de Vinci, ou numa aldeola lá
perto, a 15 de abril de 1452, perto da cidade de Florença,
que na época era o centro artístico e intelectual da Penín-
sula Itálica.
– Abril… 15 de abril… então era Carneiro.
– Se ele era esse bicho, isso eu não sei, Leonor!
– Não é o animal, avô, é o signo!
– Eu sei, estava só a brincar contigo, querida, mas
de signos eu, de facto, percebo pouco. Carneiro ou não,
sei é que ele tinha imenso talento para o desenho e para
a pintura e uma inteligência notável. Terá provavelmente
sido o carneiro mais inteligente de todos os tempos.
– Não gozes, avô!
– Mas apesar disso, tanto quanto sabemos, Da
Vinci produziu relativamente poucas obras. Parece que,
até aos nossos dias, chegaram menos de vinte pinturas
e olha que foram mais de quarenta anos ligado à Arte.
Mas, por outro lado, entre essas obras está o quadro mais
1110
A
roupa já estava toda arrumada den-
tro do armário, e agora a Leonor,
sentada sobre a cama, dedicava toda
a sua atenção a ouvir o avô contar a história daquele
génio, que tinha um problema que ela compreendia tão
bem.
– Antes de fazer as versões finais, ele gastava
muito tempo a planear, a fazer esboços, rascunhos do
futuro quadro ou de partes dele. A ideia era perceber
como é que ficava melhor, antes de começar a gastar tin-
ta e tela.
– E quando estamos a pintar é muito mau enga-
narmo-nos, eu sei – disse a Leonor, recordando o último
trabalho para casa de Educação Visual, em que tinha ras-
gado imensas folhas até conseguir o resultado que queria.
Capítulo 2
1312
– Tantos? Mas isso deve ter demorado anos!
– De facto, esta pintura demorou quatro anos,
e ainda por cima houve um problema com os materiais
utilizados, e, pouco tempo depois, começou a estragar-se.
– Que pena.
– O seu quadro A Virgem das Rochas foi bem
pior, demorou catorze anos até ficar pronto.
– Mas isso é a minha idade.
– São conhecidos muitos trabalhos seus de teste
para futuros quadros, por exemplo: desenhos detalhados
de uma flor, do braço de um anjo…
– De um anjo?
– Sim, vários quadros dele tinham temas reli-
giosos. Na altura, a Igreja era o maior empregador dos
artistas.
O avô fez uma pequena pausa a tentar recordar-
-se do que estava a dizer antes da interrupção. A neta per-
cebeu e deu-lhe uma ajuda.
– Estavas a falar dos desenhos detalhados que o
Leonardo deixou.
– Obrigado, querida! Havia desenhos de mãos,
de roupas, de expressões do rosto, etc. Há mesmo casos
em que são esses rascunhos que nos permitem saber que
foi ele o autor dos quadros, pois na altura as obras não
eram assinadas. E, mesmo assim, há várias obras que não
temos a certeza se são dele ou não.
– Que loucura…!
– Da Vinci ligava tanto aos pormenores que,
para fazer o quadro A Última Ceia, uma pintura que re-
presenta Jesus e os seus discípulos, teve necessidade de
encontrar pessoas reais que correspondessem à ideia que
ele tinha sobre cada figura que iria representar, para ser-
virem de modelos. E eles eram treze!
1514
A Leonor aguardou o resto da explicação.
– Como ele gostava das coisas perfeitas e liga-
va muito aos detalhes, a preparação de alguns quadros
implicava muito tempo a estudar, a observar, a ver como
funcionava aquilo que ele queria representar, quer fosse
um braço, um animal, ou uma simples planta. Para ele,
a arte era também uma forma de analisar, de conhecer a
natureza… e o conhecimento leva tempo, muito tempo.
– Quer dizer que se, por exemplo, ele queria pin-
tar um pão ia à padaria?
– É essa a ideia: ir à padaria, ver fazer o pão, per-
ceber porque é que a massa cresce, experimentar… E, na
minha opinião, foi em grande parte devido a esta atitu-
de que muitos dos seus trabalhos se transformaram em
obras-primas.
A Leonor sentiu vontade de comer pão com
manteiga, mas não interrompeu a conversa.
– Assim, faz sentido que ele gastasse tanto tempo…
– Pintar um quadro era um processo lento – con-
tinuou o avô –, e tu sabes bem que, quando um trabalho
demora muito tempo, é difícil não nos distrairmos, espe-
cialmente quando há imensas coisas interessantes à nossa
volta e quando nos vão sendo pedidas outras tarefas.
A Leonor acenou com a cabeça e sorriu, ela sabia
bem como isso era verdade.
– Mas valeu a pena, é uma obra muito bonita com
a imagem de Nossa Senhora, numa gruta, acompanhada
de um anjo e duas crianças. Um dia destes mostro-te uma
fotografia. E sabes que mais?… Foi uma segunda versão.
A primeira, A Madona das Rochas, demorou quatro anos
a fazer, apesar de ser executada a meias com outros artis-
tas. No total, para chegar a essa obra-prima, Da Vinci terá
demorado qualquer coisa como vinte e seis anos.
– Ena! Isso é pouco menos do que a minha idade
e a da Teresa juntas, catorze anos meus e dezassete dela!
– E sabes que os cientistas dos dias de hoje con-
seguiram descobrir que por baixo desse quadro havia
uma outra pintura? Aliás, há mais do que uma obra dele
em que isto acontece.
A Leonor fechou os olhos, imaginando Leonardo
da Vinci a desperdiçar um quadro que não achava sufi-
cientemente bom e a começar de novo por cima.
– A Virgem com o Menino e Santa Ana – conti-
nuou o avô –, há quem defenda que demorou dez anos,
do primeiro esboço ao quadro final.
– Ele ainda era mais lento do que eu. Eh, eh!
– A questão é que, para ele, o objetivo da pin-
tura era representar as obras da natureza tal como elas
eram, respeitando as suas regras, as causas e os efeitos
naturais.
1716
– Interrompo alguma coisa? – perguntou. – O
jantar está na mesa.
– Claro que não filha, nós por hoje já tínhamos
terminado. Não é, Leonor?
– Sim avô, mas depois eu quero saber o resto da
história.
Desceram juntos até à sala de jantar, onde a co-
mida já fumegava nos pratos.
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– O «A»? – questionou o avô.
– Sim, o «A» de «adiar», de deixar para «amanhã».
Foi a vez de o avô confirmar com a cabeça, antes
de continuar.
– Quando ele era ainda um aprendiz colabo-
rou numa pintura do seu mestre, que representava O
Batismo de Cristo. No quadro, além das personagens
principais, havia dois anjos, e foi ele que pintou um
desses anjos. E sabes? O anjo dele ficou tão bonito,
tão mais bonito do que as outras figuras pintadas pelo
mestre que consta, embora não se tenha a certeza, que
o mestre nunca mais usou cores nas suas pinturas, en-
vergonhado pelo facto de o rapaz as usar melhor do
que ele.
– Mas…
– Agora imagina que a tua mãe percebia que tu,
a arrumar roupas, eras muito melhor do que ela e decidia
nunca mais arrumar um armário que fosse. Já imaginaste
o trabalho que ias ter?
– És o máximo, avô! – disse a Leonor, abraçan-
do-o. – Tens razão, o melhor é ela não saber o quanto eu
sou boa. Será o nosso segredo!
A porta entreabriu-se, e a cabeça da mãe tornou-
-se visível.

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Leonardo da Vinci de Rita Vilela

  • 2. INFORMAÇÃO AO LEITOR Numa linguagem clara, dirigida aos espíritos mais curiosos, a coleção «Génios do Mundo» tem como objetivo dar a conhecer a vida e a obra de figuras ímpares e incontornáveis da História da Humanidade. Contada de uma forma simples e com alguma fantasia da autora, cada história não pretende fazer uma apresentação exaustiva da vida de cada génio. A seleção dos acontecimentos foi feita segundo critérios unicamente editoriais, de acordo com o espírito da coleção, podendo excluir factos reais. Morada: Rua Castilho, 57 – 1.º direito, 1250-068 Lisboa Telefone: 213 713 130 Fax: 213 713 139 E-mail: publicacoes@zeroaoito.pt Edição original PASS Edições Título: Génios do Mundo – Leonardo da Vinci Texto: Rita Vilela Revisão de texto: Rute Mota Ilustrações: Vasco Gargalo Design: Zero a Oito 2.ª edição: abril 2016 ISBN: 978-989-8054-97-5 Depósito Legal: 408741/16 Impressão e acabamento: Publito – Estúdios de Artes Gráficas, Lda. O conteúdo desta obra não pode ser reproduzido nem transmitido, no todo ou em parte, por processo eletrónico ou mecânico, fotocópia, gravação ou qualquer outro meio sem prévia autorização por escrito da Zero a Oito. Uma chancela da Zero a Oito – Edição e Conteúdos, Lda. Texto: Rita Vilela Ilustrações: Vasco Ga rgalo Génios doMundo Leonardo da Vinci
  • 3. 5 A inda não está pronto, Leonor? – Só mais um bocadinho, mãe. – Não percebo, como podes demo- rar tanto para fazer uma coisa que se faz num instante – começou a mãe, abrindo a porta do quarto da filha, onde a roupa se amontoava sobre a cama. – Eu estou a arrumar… – Meu Deus! – exclamou, subindo o tom de voz. – Chamas a isto arrumar? Não tens vergonha? Estás aqui há imenso tempo, e isto está pior do que quando come- çaste. Não sais do teu quarto enquanto não estiver tudo de novo organizado dentro do armário. Compreendido? – Mas… – Não há mas nem meio mas, Leonor! O que eu te pedi não foi nada de especial. Com o teu pai Capítulo 1 –
  • 4. 76 – A mãe não me compreende. Ninguém me com- preende, avô. Eu não sou preguiçosa, eu esforço-me… O problema é que eu não consigo fazer as coisas mal feitas, e fazer bem demora tempo. – O que se passou exatamente? Queres con- tar-me? – É a mãe. Pediu-me para arrumar a minha roupa, que ela tinha passado, e foi o que eu fiz. Só que, quando olhei para o armário, achei que ficava melhor se arrumasse tudo por cores, assim é mais fácil escolher de manhã. Para organizar, tive de tirar a roupa que estava no armário, e, quando ela chegou, viu tudo em cima da cama. E zangou-se. A mãe está sempre a queixar-se de que eu demoro uma eternidade para fazer as coisas. – Queres dar uma volta, para conversarmos um pouco? – Não posso! Estou de castigo enquanto não aca- bar de arrumar o quarto. – Eu ajudo-te. Vais ver que entre os dois fica pronto num instante. – Eu tenho razão, não achas, avô? É que fazer as coisas bem feitas demora o seu tempo… – disse a Leonor, num tom suplicante. O avô era o único adulto com quem conseguia falar abertamente, o único que a com- preendia. sempre fora, eu sozinha não consigo tratar de tudo, per- cebes? Só estou a pedir que colabores. Pedir que arru- mes a tua roupa, será pedir muito? Só uma preguiçosa é que não consegue acabar isso numa hora. Francamente, filha! – Mas eu… – Tu és uma miúda inteligente. Se não conse- gues, é porque não te esforças. – E vendo a Leonor virar- -lhe as costas, acrescentou ainda. – A conversa ainda não terminou! Olha para mim quando estou a falar contigo! – Estou só a fazer o que tu pediste! – exclamou a filha, pegando em cinco pares de meias e colocando-os na gaveta, sem se virar para que não se notasse que os seus olhos começavam a ficar húmidos. Assim que a mãe saiu, a Leonor atirou-se para cima da cama, derrubando, sem querer, parte da roupa do monte, que se espalhou no chão. – Não é justo! Não é justo! – repetiu. *** – Posso entrar? – perguntou o avô, batendo à porta do quarto da sua neta mais nova. – Entra, avô – disse a Leonor, correndo a abra- çá-lo. – O que se passa, querida? Que cara é essa? Ra- lharam contigo?
  • 5. 98 célebre de todos os tempos, o Mona Lisa, e estão outros trabalhos verdadeiramente notáveis. – Porque é que são tão poucos? – Há quem diga que muitos dos seus trabalhos se podem ter perdido, mas a explicação mais natural tem a ver com o facto de a maior parte das suas obras ter demorado vários anos a executar. Entre o momento em que foram iniciadas e o momento em que foram concluídas passava muito tempo, por vezes, mesmo muitos anos. – A sério? – E sabes que, na sua época, isso nem sempre era bem compreendido. Conta-se que as pessoas comen- tavam a imensa lentidão dele em acabar os trabalhos: a visão geral era que, se houvesse uma competição para o pintor mais lento, Da Vinci teria facilmente ganhado o primeiro prémio. Parece até que o Papa Leão X o consi- derou «um original que nunca fará coisa alguma, porque pensa no fim antes de ter começado». – Que injustiça! Coitado do Da Vinci! – excla- mou a Leonor, indignada. – Estou aqui a pensar, com os meus botões, que se calhar o Papa não gostava dele por ser «leão». Os leões sempre consideraram os carneiros animais inferiores. – Não gozes, avô. Conta mais! – Vou-te contar a história de um homem, muito conhecido, que tinha o mesmo problema que tu, apesar de já ser adulto, apesar de ter um enorme talento, apesar de ser um génio. O seu nome era Leonardo, Leonardo da Vinci. – Já ouvi falar dele. Era um pintor italiano, não era? – Era mais do que isso. Mas sim, ele era italiano, nascido na pequena cidade de Vinci, ou numa aldeola lá perto, a 15 de abril de 1452, perto da cidade de Florença, que na época era o centro artístico e intelectual da Penín- sula Itálica. – Abril… 15 de abril… então era Carneiro. – Se ele era esse bicho, isso eu não sei, Leonor! – Não é o animal, avô, é o signo! – Eu sei, estava só a brincar contigo, querida, mas de signos eu, de facto, percebo pouco. Carneiro ou não, sei é que ele tinha imenso talento para o desenho e para a pintura e uma inteligência notável. Terá provavelmente sido o carneiro mais inteligente de todos os tempos. – Não gozes, avô! – Mas apesar disso, tanto quanto sabemos, Da Vinci produziu relativamente poucas obras. Parece que, até aos nossos dias, chegaram menos de vinte pinturas e olha que foram mais de quarenta anos ligado à Arte. Mas, por outro lado, entre essas obras está o quadro mais
  • 6. 1110 A roupa já estava toda arrumada den- tro do armário, e agora a Leonor, sentada sobre a cama, dedicava toda a sua atenção a ouvir o avô contar a história daquele génio, que tinha um problema que ela compreendia tão bem. – Antes de fazer as versões finais, ele gastava muito tempo a planear, a fazer esboços, rascunhos do futuro quadro ou de partes dele. A ideia era perceber como é que ficava melhor, antes de começar a gastar tin- ta e tela. – E quando estamos a pintar é muito mau enga- narmo-nos, eu sei – disse a Leonor, recordando o último trabalho para casa de Educação Visual, em que tinha ras- gado imensas folhas até conseguir o resultado que queria. Capítulo 2
  • 7. 1312 – Tantos? Mas isso deve ter demorado anos! – De facto, esta pintura demorou quatro anos, e ainda por cima houve um problema com os materiais utilizados, e, pouco tempo depois, começou a estragar-se. – Que pena. – O seu quadro A Virgem das Rochas foi bem pior, demorou catorze anos até ficar pronto. – Mas isso é a minha idade. – São conhecidos muitos trabalhos seus de teste para futuros quadros, por exemplo: desenhos detalhados de uma flor, do braço de um anjo… – De um anjo? – Sim, vários quadros dele tinham temas reli- giosos. Na altura, a Igreja era o maior empregador dos artistas. O avô fez uma pequena pausa a tentar recordar- -se do que estava a dizer antes da interrupção. A neta per- cebeu e deu-lhe uma ajuda. – Estavas a falar dos desenhos detalhados que o Leonardo deixou. – Obrigado, querida! Havia desenhos de mãos, de roupas, de expressões do rosto, etc. Há mesmo casos em que são esses rascunhos que nos permitem saber que foi ele o autor dos quadros, pois na altura as obras não eram assinadas. E, mesmo assim, há várias obras que não temos a certeza se são dele ou não. – Que loucura…! – Da Vinci ligava tanto aos pormenores que, para fazer o quadro A Última Ceia, uma pintura que re- presenta Jesus e os seus discípulos, teve necessidade de encontrar pessoas reais que correspondessem à ideia que ele tinha sobre cada figura que iria representar, para ser- virem de modelos. E eles eram treze!
  • 8. 1514 A Leonor aguardou o resto da explicação. – Como ele gostava das coisas perfeitas e liga- va muito aos detalhes, a preparação de alguns quadros implicava muito tempo a estudar, a observar, a ver como funcionava aquilo que ele queria representar, quer fosse um braço, um animal, ou uma simples planta. Para ele, a arte era também uma forma de analisar, de conhecer a natureza… e o conhecimento leva tempo, muito tempo. – Quer dizer que se, por exemplo, ele queria pin- tar um pão ia à padaria? – É essa a ideia: ir à padaria, ver fazer o pão, per- ceber porque é que a massa cresce, experimentar… E, na minha opinião, foi em grande parte devido a esta atitu- de que muitos dos seus trabalhos se transformaram em obras-primas. A Leonor sentiu vontade de comer pão com manteiga, mas não interrompeu a conversa. – Assim, faz sentido que ele gastasse tanto tempo… – Pintar um quadro era um processo lento – con- tinuou o avô –, e tu sabes bem que, quando um trabalho demora muito tempo, é difícil não nos distrairmos, espe- cialmente quando há imensas coisas interessantes à nossa volta e quando nos vão sendo pedidas outras tarefas. A Leonor acenou com a cabeça e sorriu, ela sabia bem como isso era verdade. – Mas valeu a pena, é uma obra muito bonita com a imagem de Nossa Senhora, numa gruta, acompanhada de um anjo e duas crianças. Um dia destes mostro-te uma fotografia. E sabes que mais?… Foi uma segunda versão. A primeira, A Madona das Rochas, demorou quatro anos a fazer, apesar de ser executada a meias com outros artis- tas. No total, para chegar a essa obra-prima, Da Vinci terá demorado qualquer coisa como vinte e seis anos. – Ena! Isso é pouco menos do que a minha idade e a da Teresa juntas, catorze anos meus e dezassete dela! – E sabes que os cientistas dos dias de hoje con- seguiram descobrir que por baixo desse quadro havia uma outra pintura? Aliás, há mais do que uma obra dele em que isto acontece. A Leonor fechou os olhos, imaginando Leonardo da Vinci a desperdiçar um quadro que não achava sufi- cientemente bom e a começar de novo por cima. – A Virgem com o Menino e Santa Ana – conti- nuou o avô –, há quem defenda que demorou dez anos, do primeiro esboço ao quadro final. – Ele ainda era mais lento do que eu. Eh, eh! – A questão é que, para ele, o objetivo da pin- tura era representar as obras da natureza tal como elas eram, respeitando as suas regras, as causas e os efeitos naturais.
  • 9. 1716 – Interrompo alguma coisa? – perguntou. – O jantar está na mesa. – Claro que não filha, nós por hoje já tínhamos terminado. Não é, Leonor? – Sim avô, mas depois eu quero saber o resto da história. Desceram juntos até à sala de jantar, onde a co- mida já fumegava nos pratos. – E depois o «A» ataca, não é?. – O «A»? – questionou o avô. – Sim, o «A» de «adiar», de deixar para «amanhã». Foi a vez de o avô confirmar com a cabeça, antes de continuar. – Quando ele era ainda um aprendiz colabo- rou numa pintura do seu mestre, que representava O Batismo de Cristo. No quadro, além das personagens principais, havia dois anjos, e foi ele que pintou um desses anjos. E sabes? O anjo dele ficou tão bonito, tão mais bonito do que as outras figuras pintadas pelo mestre que consta, embora não se tenha a certeza, que o mestre nunca mais usou cores nas suas pinturas, en- vergonhado pelo facto de o rapaz as usar melhor do que ele. – Mas… – Agora imagina que a tua mãe percebia que tu, a arrumar roupas, eras muito melhor do que ela e decidia nunca mais arrumar um armário que fosse. Já imaginaste o trabalho que ias ter? – És o máximo, avô! – disse a Leonor, abraçan- do-o. – Tens razão, o melhor é ela não saber o quanto eu sou boa. Será o nosso segredo! A porta entreabriu-se, e a cabeça da mãe tornou- -se visível.